Mosteiro <strong>de</strong> <strong>Santo</strong> <strong>Tirso</strong>:CÂMARA PREPARA Candidatura aPatrimónio Mundial da humanida<strong>de</strong>A Câmara Municipal <strong>de</strong> <strong>Santo</strong> <strong>Tirso</strong> vai candidatar, até final <strong>de</strong> setembro, o Mosteiro <strong>de</strong> <strong>Santo</strong> <strong>Tirso</strong> a PatrimónioMundial da Humanida<strong>de</strong>. Castro Fernan<strong>de</strong>s, presi<strong>de</strong>nte da câmara municipal, apresenta com confiança as razões quelevam o município a iniciar o processo <strong>de</strong> candidatura. Para Castro Fernan<strong>de</strong>s “este é um gran<strong>de</strong> momento para <strong>Santo</strong><strong>Tirso</strong> e o resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> muito trabalho. O Mosteiro <strong>de</strong> <strong>Santo</strong> <strong>Tirso</strong> é uma referência nacional que <strong>de</strong>sejamos que passea ser <strong>de</strong> referência mundial”, adiantou.O autarca lembra que o Mosteiro <strong>de</strong> <strong>Santo</strong><strong>Tirso</strong>, <strong>de</strong> características beneditinas, foiclassifica<strong>do</strong>, em 1910, como “MonumentoNacional”, sen<strong>do</strong> a sua antiguida<strong>de</strong> “anteriorà nossa nacionalida<strong>de</strong> com data <strong>de</strong> 978.”Em caso <strong>de</strong> aceitação <strong>de</strong>sta candidatura<strong>Santo</strong> <strong>Tirso</strong> terá um monumento que po<strong>de</strong>ráser incluí<strong>do</strong> em roteiros turísticos importantespara a economia <strong>do</strong> Norte <strong>de</strong> Portugal, dadaa proximida<strong>de</strong> com o Douro Vinhateiro e comos centros históricos <strong>de</strong> Guimarães e Porto,também estes consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s PatrimónioMundial pela UNESCO.A oportunida<strong>de</strong> da candidatura, aponta oautarca, <strong>de</strong>corre <strong>do</strong> facto <strong>de</strong> “<strong>Santo</strong> <strong>Tirso</strong>ter nos últimos anos concretiza<strong>do</strong> importantesprojetos <strong>de</strong> requalificação urbana eambiental”, <strong>de</strong>signadamente a Regeneraçãodas Margens <strong>do</strong> Ave, na qual se inclui oParque Urbano <strong>de</strong> Rabada, o Passeio dasMargens <strong>do</strong> Ave, a Fábrica <strong>de</strong> <strong>Santo</strong> Thyrso,a reabilitação <strong>do</strong>s edifícios da Quinta <strong>de</strong> Forada Escola Agrícola e o Passeio <strong>do</strong>s Fra<strong>de</strong>sque se integra no bem a classificar.Castro Fernan<strong>de</strong>s relembrou, ainda, queneste processo <strong>de</strong> requalificação urbana seintegram ainda “o Museu Internacional <strong>de</strong>Escultura Contemporânea (MIEC) e as obrasfinanciadas pelo POVT (Plano Operacional<strong>de</strong> Valorização <strong>do</strong> Território) <strong>do</strong> ParqueUrbano da Ribeira <strong>do</strong> Mata<strong>do</strong>uro e as obras<strong>de</strong> requalificação urbanística envolventes aoedifício <strong>do</strong> Tribunal”.O presi<strong>de</strong>nte da CM <strong>Santo</strong><strong>Tirso</strong> salientaainda que candidato à ON2 e à espera <strong>de</strong>contratação “está a se<strong>de</strong> <strong>do</strong> MIEC (MuseuInternacional <strong>de</strong> Escultura Contemporânea)que inclui um centro interpretativo a localizarjunto ao Museu Municipal Aba<strong>de</strong> Pedrosa ecujo projeto <strong>de</strong> arquitetura é da autoria <strong>do</strong>s<strong>do</strong>is Pritzeker´s portugueses Álvaro Siza eEduar<strong>do</strong> Souto Moura”.Se questiona<strong>do</strong> <strong>sobre</strong> se a candidatura – quea comissão formada em abril <strong>de</strong> 2012 inicioue preten<strong>de</strong> entregar em setembro <strong>de</strong>ste ano– obrigará a algum esforço económico suplementar,Castro Fernan<strong>de</strong>s garante que “nãoestá prevista qualquer obra”, mas reforçou a
i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que a eventual aceitação por parteda UNESCO po<strong>de</strong>rá trazer “benefícios” a<strong>Santo</strong> <strong>Tirso</strong>, no âmbito <strong>do</strong>s quadros comunitários<strong>de</strong> apoio <strong>de</strong> 2014/2020.“No futuro as vantagens po<strong>de</strong>rão ser muitas.Como a maior abertura a fun<strong>do</strong>s comunitários.Sem esquecermos que a cultura tem umpapel fulcral na economia das cida<strong>de</strong>s”, dizCastro Fernan<strong>de</strong>s. É convicção da autarquiatirsense <strong>de</strong> que o processo <strong>de</strong> aprovação,ou não, <strong>do</strong> Mosteiro <strong>de</strong> <strong>Santo</strong> <strong>Tirso</strong> comoPatrimónio Mundial da Humanida<strong>de</strong>, porparte da UNESCO <strong>de</strong>morará cerca <strong>de</strong> <strong>do</strong>isa cinco anos.O primeiro passo será da<strong>do</strong> com a entrega<strong>de</strong> um <strong>do</strong>ssiê à Comissão Nacional <strong>de</strong>staentida<strong>de</strong>, caben<strong>do</strong> a este organismo apresentarcandidaturas portuguesas. Regrageral, cada país apresenta no máximo duascandidaturas por ano ao Comité Internacionalda UNESCO.“Há várias candidaturas portuguesas emapreciação e em lista <strong>de</strong> espera na ComissãoNacional, mas estamos confiantes. Será oreforço da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> tirsense. Este é umprocesso que <strong>de</strong>ve superar questões partidáriase quezílias sociais e culturais, unin<strong>do</strong>a população. Vamos apostar na afirmação daimagem <strong>de</strong> <strong>Santo</strong> <strong>Tirso</strong> no país e no mun<strong>do</strong>com mais captação <strong>de</strong> turismo e com umagestão integrada e valorizada <strong>do</strong> Mosteiro”,<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> o presi<strong>de</strong>nte da Câmara Municipal.Quanto ao envolvimento <strong>de</strong> outras entida<strong>de</strong>s,<strong>de</strong>staque para os “proprietários e utentes”<strong>do</strong>s cerca <strong>de</strong> 135 hectares <strong>de</strong> terreno alvo<strong>de</strong> candidatura: Câmara Municipal <strong>de</strong><strong>Santo</strong> <strong>Tirso</strong>, Irmanda<strong>de</strong> e Santa Casa daMisericórdia <strong>de</strong> <strong>Santo</strong> <strong>Tirso</strong>, Igreja <strong>de</strong> <strong>Santo</strong><strong>Tirso</strong> e Escola Profissional Agrícola Con<strong>de</strong><strong>de</strong> S. Bento.Está na forja a celebração <strong>de</strong> protocolose acor<strong>do</strong>s <strong>de</strong> colaboração com a DireçãoRegional da Cultura <strong>do</strong> Norte e Faculda<strong>de</strong><strong>de</strong> Arquitetura da Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Porto. Eserão recolhi<strong>do</strong>s <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> historia<strong>do</strong>rese “outras personalida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>científico”.MOSTEIRO DE SANTO TIRSOClassifica<strong>do</strong> como Monumento Nacional <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1910, o Mosteiro <strong>de</strong> <strong>Santo</strong> <strong>Tirso</strong>está implanta<strong>do</strong> na margem esquerda <strong>do</strong> rio Ave, na zona baixa da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Santo</strong><strong>Tirso</strong>, numa área <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valor natural e paisagístico. Foi funda<strong>do</strong> por D. UniscoGodiniz e seu mari<strong>do</strong> Abunazar Lovesen<strong>de</strong>s em 978, sen<strong>do</strong> por isso anterior ànacionalida<strong>de</strong>. Ten<strong>do</strong> a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> a regra beneditina no século XIX, veio a <strong>de</strong>sempenharum importante papel no âmbito da Congregação Beneditina <strong>de</strong> Portugal. O Mosteiro<strong>de</strong> <strong>Santo</strong> <strong>Tirso</strong> foi e é um monumento funda<strong>do</strong>r, agrega<strong>do</strong>r e dinamiza<strong>do</strong>r, comvalores <strong>de</strong> excecionalida<strong>de</strong> e integrida<strong>de</strong> reconheci<strong>do</strong>s por inúmeros historia<strong>do</strong>res,que o estudaram e continuam a estudar.O mosteiro foi funda<strong>do</strong> por Dona UniscoGodiniz no ano 978, e a sua filiaçãoà Or<strong>de</strong>m Beneditina data <strong>de</strong> 1092.Atualmente, pouco resta <strong>do</strong> primitivomosteiro e <strong>do</strong> seu templo <strong>de</strong> traçaromânica. Des<strong>de</strong> os começos que a residênciamonástica tinha as sua ovenças.Os gastos incidiram, a maior parte dasvezes, <strong>sobre</strong> as obras <strong>de</strong> ampliação <strong>do</strong>conjunto edifica<strong>do</strong>. Nos séculos XVI,XVII e XVIII, fizeram-se gran<strong>de</strong>s obrasque foram dilatan<strong>do</strong>, pouco a pouco, aresidência conventual, concentran<strong>do</strong>--a, progressivamente, ao longo <strong>de</strong> trêsclaustros completos e mais um quartoconstruí<strong>do</strong> apenas parcialmente. Assimera, na verda<strong>de</strong>, o convento <strong>de</strong> <strong>Santo</strong><strong>Tirso</strong>, quan<strong>do</strong> os fra<strong>de</strong>s o aban<strong>do</strong>naram,<strong>de</strong>finitivamente, em 26 <strong>de</strong> março <strong>de</strong>1834. Com a vitória <strong>do</strong>s liberais <strong>sobre</strong> osmiguelistas, no rescal<strong>do</strong> da guerra civil<strong>de</strong> 1832-1834, verifica-se a expulsão dasor<strong>de</strong>ns religiosas <strong>do</strong> país. O mosteiro <strong>de</strong>S. Bento é vendi<strong>do</strong> em hasta pública,permanecen<strong>do</strong> afecto ao culto apenasa igreja.A sua atual composição resulta, emgran<strong>de</strong> medida, das amplas obras realizadasno séc. XVII, dirigidas por FreiJoão Turriano. O seu interior, ricamenteornamenta<strong>do</strong> em talha <strong>do</strong>urada, tem orisco <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s mais notáveis entalha<strong>do</strong>resda “escola bracarense” - Frei José<strong>de</strong> <strong>Santo</strong> António Ferreira Vilaça. O seuestilo, on<strong>de</strong> se cruzam influências <strong>do</strong>Barroco Romano e <strong>do</strong> Rococó Francêse Alemão, reflete um espírito inventivoe gracioso que a igreja matriz <strong>de</strong> <strong>Santo</strong><strong>Tirso</strong> transmite em to<strong>do</strong> o seu esplen<strong>do</strong>r.O conjunto <strong>de</strong> edifícios que atualmenteintegram o complexo edifica<strong>do</strong> que compunhao mosteiro compreen<strong>de</strong> a IgrejaMatriz, o 1º claustro <strong>do</strong> séc. XIV, o 2ºclaustro <strong>do</strong> séc. XVII, parte <strong>do</strong> 3º claustro<strong>do</strong> séc. XVII, o edifício <strong>de</strong> <strong>do</strong>is pisosno qual estava instalada a hospedariae a a<strong>de</strong>ga, e um conjunto <strong>de</strong> edifíciosadjacentes como a botica, a fábrica <strong>de</strong>cera e o hospício.O terceiro claustroAs obras <strong>do</strong> terceiro claustro iniciaram-seno triénio <strong>de</strong> 1638 a 1641. A inexistência,no Arquivo Distrital <strong>de</strong> Braga, <strong>do</strong>srelatórios trienais <strong>de</strong>stes três abacia<strong>do</strong>s,tantos quantos vão <strong>de</strong> 1638 a 1647 – oprimeiro <strong>de</strong> D. António Carneiro, e o primeiroe segun<strong>do</strong> <strong>de</strong> D. Manuel <strong>do</strong>s Reis–, não permite fazer uma i<strong>de</strong>ia segura daempreitada e da sua execução. Sabese,apenas, que, acaba<strong>do</strong> o segun<strong>do</strong>claustro no perío<strong>do</strong> que me<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> 1635a 1638, logo se continuaria na edificação<strong>do</strong> terceiro.Nos triénios <strong>de</strong> D. Frei Manuel <strong>do</strong>s Reis(1641-1644 e 1644-1647), houve nomonte <strong>de</strong> Frá<strong>de</strong>gas gran<strong>de</strong>s trabalhosna prospeção <strong>de</strong> água para a casa religiosa.Naturalmente que esta água serviapara alimentar a cozinha, o <strong>do</strong>rmitório eas fontes, particularmente as <strong>do</strong> novoclaustro.Ora, uma <strong>de</strong>las, a ser beneficiada, foia <strong>do</strong> novo claustro, diz-se no relatóriotrienal <strong>de</strong> 1650, on<strong>de</strong> a água jorraria, não