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art01 - omena júnior.indd - Sociedade Brasileira de Ornitologia

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90 Comportamento do galo-da-serra Rupicola rupicola (Cotingidae) no município <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte Figueiredo, Amazonas, BrasilReynier <strong>de</strong> Souza Omena JúniorResultadOS e dISCuSSãoForam realizadas 230 visitas <strong>de</strong> campo, totalizando684 h <strong>de</strong> observação. Quatro arenas foram <strong>de</strong>talhadamenteestudadas no período reprodutivo, totalizando 396 h<strong>de</strong> observação (Tabela 1). A distância entre as arenas e osninhais variou entre 40 e 150 m (Tabela 1). As arenas sãoformadas em clareiras, áreas circulares no solo da florestae que são limpas involuntariamente pelas aves duranteas exibições. O diâmetro médio das clareiras na arena I,on<strong>de</strong> se concentraram as observações no período reprodutivo,variou <strong>de</strong> 58,5 a 105 cm (Tabela 2). Cada machodo bando ocupou uma única clareira em cada arena estudada.Na borda <strong>de</strong> algumas <strong>de</strong>las se observou a existência<strong>de</strong> dois ou mais galhos verticais ou inclinados, que sãoutilizados como poleiros <strong>de</strong> aproximação, exposição, ataquee <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> território. Nas clareiras menores, quese suspeita serem <strong>de</strong> machos imaturos, foi observado doispoleiros <strong>de</strong> aproximação apenas na clareira número oito(Figura 1); um poleiro nas clareiras números cinco e seise nenhum na <strong>de</strong> número sete. A percentagem <strong>de</strong> aberturado dossel nas quatro arenas variou entre 16,6 e 22,7%, ea altura da copa entre 15 a 30 m (Tabela 3).Durante o período reprodutivo, a ativida<strong>de</strong> dosgalos-da-serra nas arenas ocorreu à tar<strong>de</strong>, entre as 14:00e 16:00 h, coinci<strong>de</strong>nte com o observado nas Guianas(Gilliard 1960). A visita das fêmeas às arenas se <strong>de</strong>u commaior freqüência à tar<strong>de</strong>, enquanto que, nas Guianas,foi observada também no final da manhã; em algumasTabela 1: Relação <strong>de</strong> arenas, número <strong>de</strong> clareiras e distância dosninhais.tABle 1: Number of leks with the number of clearings and distanceof nests.Proprieda<strong>de</strong> ArenaNº <strong>de</strong> Distância do ninhalclareiras mais próximo (m)Caverna Maroaga I 8 150Caverna Maroaga II 4 130RPPN Bela Vista III 6 40Iracema VI 10 80Tabela 2: Arena I com as medidas das clareiras, sua localização emrelação ao ponto <strong>de</strong> observação e posição <strong>de</strong>las em relação a arena.tABle 2: Measurements of lek 1 and its position relative to the siteof observation and position of the clearings in the lek.Nº da Medida DiâmetroPosiçãoLocalizaçãoclareira (cm) médio (cm)na arena1 107/103 105 Esquerda Periferia2 100/99 99,5 Esquerda Periferia3 100/109 104 Direita Periferia4 96/100 98 Centro Centro5 75/78 76,5 Esquerda Periferia6 84/100 92 Direita Periferia7 81/89 85 Direita Periferia8 58/59 58,5 Direita Periferiaocasiões as fêmeas fizeram aparições relâmpagos, comotambém observou Snow (1971), e a presença <strong>de</strong>las causouexcitação nos machos. O macho que ocupou a clareira númerotrês (Figura 1) foi o que tomou a iniciativa <strong>de</strong> atacaros invasores, e foi também o que iniciou as exibições naarena, sendo também o que permaneceu mais tempo nomesmo poleiro acima <strong>de</strong> sua clareira. Este comportamentosugere que este seja o macho dominante <strong>de</strong>sta arena.Quando em combate, as aves se posicionaram <strong>de</strong>frente ao oponente com as asas semi-abertas (Figura 2),emitindo sons <strong>de</strong> irritação, golpeando violentamente ooponente com o bico, perseguindo-o nos estratos arbóreosaté que ele se retire. Numa das observações, um intrusotentou invadir a clareira ocupada, e as duas aves travaramviolenta luta no solo. Os galos, com as asas semi-abertas,<strong>de</strong>sferiram golpes entre si com o bico, chegando a pren<strong>de</strong>rem-seuma à outra até que, vencido, o invasor partiu.Durante as exibições, as clareiras <strong>de</strong> centro e asmaiores localizadas na periferia foram as mais visitadaspor fêmeas (Figura 1). As clareiras menores à margem daarena não receberam visitas <strong>de</strong> fêmeas, como também foiobservado nas Guianas (Trail 1987), o que po<strong>de</strong> sugerirque estas pertençam a indivíduos imaturos, como sugeriuGilliard (1962), que permanecem nestas áreas para aprimorara sua exibição.Em duas horas <strong>de</strong> observação contínua na arena Iforam observados diferentes comportamentos das aves,que sugerem que a presença da fêmea na arena altera ocomportamento dos machos e orienta as exibições (Tabela4). Foi observado que, na ausência da fêmea, houveum menor número <strong>de</strong> cantos, menos ataque entre os machose maior emissão <strong>de</strong> alarmes, possivelmente porqueTabela 3: Medida <strong>de</strong> abertura do dossel e <strong>de</strong> altura da copa nasquatro arenas.tABle 3: Measurements of the canopy opening and height of thecanopy in the four leks studied.ArenasProporção Altura estimadaAbertura (%) da copa (m)Arena I (Sitio Maroaga) 18,1 30Arena II (Sitio Maroaga) 22,7 25Arena III (RPPN B. Vista) 18,5 15Arena IV (Sitio Iracema) 16,6 15tABela 4: Média do número <strong>de</strong> sinais vocais emitidos por galos-daserranas arenas, na presença e na ausência da fêmea.tABle 4: Mean number of voice signals emitted by Guianan Cockof-the-rockin the leks on the presence and absence of the female.Vocalização Presença daAusência da%dos machos fêmeafêmea%Canto 300 45 260 65Chamados 100 15 0 0Alarmes 40 6 100 15Ataques 140 21 80 20Total 660 100 400 100Revista <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Ornitologia</strong>, 17(2), 2009

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