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Ninhos e ovos <strong>de</strong> Emberizoi<strong>de</strong>s herbicola, Emberizoi<strong>de</strong>s ypiranganus e Embernagra longicauda(Passeriformes: Emberizidae) no Parque Nacional da Serra do Cipó, Minas Gerais, BrasilMarcos Rodrigues, Lílian Mariana Costa, Guilherme Henrique Silva Freitas, Marina Cavalcanti e Daniel Filipe Dias159continha dois ovos em estágio <strong>de</strong> pré-eclosão, <strong>de</strong> formaovói<strong>de</strong>, cor branca e com muitas pintas e manchas <strong>de</strong>diferentes formas e tonalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> marrom dispersas portoda a superfície, formando uma coroa no pólo rombo(Figura 2c, Tabela 2). Um dos ovos apresentava coloraçãolevemente rosada. Após o término do período <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong><strong>de</strong>ste ninho, o mesmo foi coletado e está <strong>de</strong>positadona Coleção Ornitológica do Departamento <strong>de</strong> Zoologia,Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais (DZUFMG), BeloHorizonte.Os ninhos e ovos da espécie congênere, Embernagraplatensis, já foram mais amplamente documentados (<strong>de</strong>la Peña 1987, Buzzetti e Silva 2005, Di Giacomo 2005).Esta espécie também constrói seu ninho no interior <strong>de</strong>uma moita <strong>de</strong> capim e utiliza o mesmo tipo <strong>de</strong> material,formando uma estrutura semelhante à <strong>de</strong>scrita aqui paraE. longicauda. Os valores médios das medidas do ninho<strong>de</strong> E. platensis apresentados por <strong>de</strong> la Peña (1987) diferemdos <strong>de</strong> E. longicauda em relação ao maior tamanhoexterno (diâmetro e altura externa) e ao menor espaçointerno (diâmetro e altura interna, ou profundida<strong>de</strong>; Tabela1), evi<strong>de</strong>nciando um revestimento mais espesso (vejafotos em Buzzetti e Silva 2005). A respeito da altura doninho em relação ao solo, em <strong>de</strong> la Peña (1987) o valormédio <strong>de</strong> E. platensis é quase duas vezes maior do queo encontrado para E. longicauda. Isso é <strong>de</strong>vido, porém,a um ninho excepcionalmente mais alto (1500 mm) doque os <strong>de</strong>mais (600 mm, 450 mm e 350 mm). Esse ninhomais alto também foi o único construído em arbusto.Em Di Giacomo (2005), a altura dos ninhos encontradosvariou entre 150 mm e 800 mm do solo, númerosque englobam a média <strong>de</strong>scrita por <strong>de</strong> la Peña (1987) eo encontrado para E. longicauda. Os ovos <strong>de</strong>ssas espéciescongêneres são <strong>de</strong> tamanhos bem próximos, entretantoa comparação fica prejudicada uma vez que a média docomprimento dos ovos é maior do que o valor máximoapresentado para E. platensis por Di Giacomo (2005),provavelmente <strong>de</strong>vido a um erro tipográfico. Em relaçãoà pigmentação, os ovos <strong>de</strong> E. platensis parecem menospigmentados (fotos em Buzzetti e Silva 2005, e Di Giacomo2005). Sobre o tamanho da ninhada, relata-se <strong>de</strong>dois a três ovos (<strong>de</strong> la Peña 1987, Di Giacomo 2005) paraE. platensis e dois filhotes para E. longicauda (Mattos eSick 1985).Os ninhos <strong>de</strong> Emberizoi<strong>de</strong>s herbicola, Embernagralongicauda e um dos ninhos <strong>de</strong> Emberizoi<strong>de</strong>s ypiranganussão do tipo “cesto baixo/base” (Simon e Pacheco 2005),ou seja, uma construção com a forma <strong>de</strong> um cesto baixocuja altura total é menor do que seu diâmetro externoe que se encontra apoiado pela base. O outro ninho <strong>de</strong>Emberizoi<strong>de</strong>s ypiranganus é igualmente apoiado pela base,mas apresenta altura total maior do que seu diâmetro externo.Seria classificado, portanto como “cesto alto/base”,embora essa combinação <strong>de</strong> atributos não esteja incluídano estudo <strong>de</strong> Simon e Pacheco (2005).Concluímos que os ninhos e ovos <strong>de</strong>ssas três espécies(Emberizoi<strong>de</strong>s herbicola, Emberizoi<strong>de</strong>s ypiranganuse Embernagra longicauda) são bastante similares, sendoos ninhos das espécies <strong>de</strong> Emberizoi<strong>de</strong>s aparentementemenores do que os das espécies <strong>de</strong> Embernagra. Apontaram-seneste trabalho particularida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada espécie,como por exemplo, a associação do ninho <strong>de</strong> Embernagralongicauda com o habitat <strong>de</strong> campo rupestre, e ado ninho <strong>de</strong> Emberizoi<strong>de</strong>s ypiranganus com o habitat <strong>de</strong>campo limpo úmido, refletindo as diferentes preferências<strong>de</strong> habitats <strong>de</strong>ssas espécies aparentadas que ocorremem simpatria no Alto Palácio da Serra do Cipó (Costaet al. 2008).Dados como esses, embora ainda incipientes, contribuempara o conhecimento da história natural <strong>de</strong> emberizí<strong>de</strong>osdas montanhas do su<strong>de</strong>ste brasileiro e para o estabelecimento<strong>de</strong> comparações entre as espécies do gêneroEmbernagra e seus supostos parentes próximos, as espécies<strong>de</strong> Emberizoi<strong>de</strong>s. Comparações com ninhos <strong>de</strong>scritosem outras áreas geográficas, sujeitas a pressões evolutivasdiferentes, são essenciais para que hipóteses mais geraispossam ser testadas. Embora os ninhos e ovos <strong>de</strong>scritosaqui sejam muito semelhantes aos <strong>de</strong>scritos na Argentina(Di Giacomo 2005), po<strong>de</strong>-se perceber algumas diferenças,como por exemplo, no tamanho dos ovos. Análisesmais completas só po<strong>de</strong>rão ser <strong>de</strong>senvolvidas quando umnúmero maior <strong>de</strong> observações forem publicadas.AGRADECiMENtosAgra<strong>de</strong>cemos a R. Milagres, que encontrou um dos ninhosdo canário-do-campo, e a T.B. Jorge, I.M. Vasconcelos, C.E.D.Braga, M. Lobato, R. Rocha e L.C. Rodrigues pela ajuda em campo.Ao CNPq (processo 473428/2004‐0). M.R. é bolsista do CNPq(processo 300731/2006‐0) e recebe apoio da Fapemig (PPM CRAAPQ‐0434‐5.03/07). ICMBio/Ibama emitiram autorizações paratrabalho, anilhamento e coleta na área <strong>de</strong> estudo. A Fundação OBoticário <strong>de</strong> Proteção à Natureza apóia vários projetos do Laboratório<strong>de</strong> <strong>Ornitologia</strong> da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais realizados naSerra do Cipó. L.F. Silveira, L.P. Gonzaga, J.E. Simon e um revisoranônimo pelas sugestões ao manuscrito.REFERêNCiASBennet, P.M. e Owens, I.P.F. (2002). Evolutionary ecology of birds:life-history, mating systems and extinction. Oxford: OxfordUniversity Press.Benites, V.M., Caiafa, A.N., Sá Mendonça, E., Schaefer, C.E. e Ker,J.C. (2003). Solos e vegetação nos complexos rupestres <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>da Mantiqueira e do Espinhaço. Floresta e Ambiente, 10:76‐85.Buzzetti, D. e Silva, S. (2005). Berços da vida, ninhos <strong>de</strong> aves brasileiras.São Paulo: Terceiro Nome.Costa, L.M., Freitas, G.H.S., Rodrigues, M. e Vasconcelos,M.F. (2008). New records of Lesser Grass Finch Emberizoi<strong>de</strong>sypiranganus in Minas Gerais, Brazil. Cotinga, 29:182‐183.<strong>de</strong> la Peña, M.R. (1987). Nidos y huevos <strong>de</strong> las aves argentinas. SantaFe: Published by the author.Revista <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Ornitologia</strong>, 17(2), 2009

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