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156 Ninhos e ovos <strong>de</strong> Emberizoi<strong>de</strong>s herbicola, Emberizoi<strong>de</strong>s ypiranganus e Embernagra longicauda(Passeriformes: Emberizidae) no Parque Nacional da Serra do Cipó, Minas Gerais, BrasilMarcos Rodrigues, Lílian Mariana Costa, Guilherme Henrique Silva Freitas, Marina Cavalcanti e Daniel Filipe Diasinclusive formando bandos mistos em alguns pontos daCa<strong>de</strong>ia do Espinhaço, como por exemplo, na Serra doCipó (Vasconcelos 2000, Costa et al. 2008).O ninho <strong>de</strong> Embernagra longicauda ainda não foi<strong>de</strong>scrito, e há poucos registros e <strong>de</strong>scrições <strong>de</strong> ninhos <strong>de</strong>Emberizoi<strong>de</strong>s herbicola e Emberizoi<strong>de</strong>s ypiranganus (DiGiacomo 2005). A falta <strong>de</strong> conhecimento sobre a nidificação<strong>de</strong>ssas espécies <strong>de</strong>ve-se provavelmente à dificulda<strong>de</strong><strong>de</strong> localização <strong>de</strong>ssas construções. A única referênciaa ninhos e ovos <strong>de</strong> Embernagra longicauda é encontradaem Mattos e Sick (1985), na qual os autores relatam que“Embernagra longicauda faz o ninho em meia tigela e criadois filhotes”.A <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> ninhos tem gran<strong>de</strong> importância nãosó no estudo da biologia reprodutiva das espécies, mastambém na avaliação das relações <strong>de</strong> parentesco entre asmesmas (Sheldon e Winkler 1999, Zyskowski e Prum1999).Neste trabalho <strong>de</strong>screvem-se ninhos e ovos <strong>de</strong> Emberizoi<strong>de</strong>sherbicola, Emberizoi<strong>de</strong>s ypiranganus e Embernagralongicauda, encontrados no Parque Nacional da Serra doCipó, porção sul da Ca<strong>de</strong>ia do Espinhaço, Minas Gerais.As observações foram feitas na localida<strong>de</strong> conhecidacomo “Alto do Palácio” (19°15’S, 43°31’W), uma região<strong>de</strong> cabeceira do Rio Preto, bacia do Rio Doce. Localizadana vertente leste da Serra do Cipó, a área apresenta altaumida<strong>de</strong> relativa do ar ao longo <strong>de</strong> todo ano, inclusivedurante a estação seca, sendo comum a ocorrência <strong>de</strong>neblina pela manhã, po<strong>de</strong>ndo permanecer ao longo <strong>de</strong>todo o dia. A altitu<strong>de</strong> da área está em torno <strong>de</strong> 1.350 m,on<strong>de</strong> predominam várias tipologias vegetais associadas aoComplexo Rupestre <strong>de</strong> Altitu<strong>de</strong> (Benites et al. 2003), quepo<strong>de</strong>m ser classificadas (segundo a terminologia <strong>de</strong> Meguroet al. 1996, Ribeiro e Walter 1998 e Benites et al.2003) em: campo rupestre (empregado aqui como a vegetaçãoassociada aos afloramentos rochosos), campo limpo,campo limpo úmido, campo sujo, campo sujo úmidoe matas ripárias. A tipologia <strong>de</strong> ‘campo limpo’, on<strong>de</strong> foramencontrados os ninhos <strong>de</strong>scritos neste trabalho, apresentauma fina camada arenosa misturada com matériaorgânica sobre a rocha quartizítica, on<strong>de</strong> há predominância<strong>de</strong> Lagenocarpus tenuifolius (Cyperaceae) e <strong>de</strong> Panicumloreum (Poaceae), com alguns poucos arbustos, semprevivas(Eriocaulaceae) e, raramente, can<strong>de</strong>ias Eremanthussp. (Asteraceae).Os ninhos foram encontrados ao acaso, durante diversasexcursões à área para realização <strong>de</strong> outras pesquisas(e.g. Costa et al. 2008, Freitas et al. 2008). Os ninhos eovos foram medidos com paquímetro (precisão 0,05 mm)e os ovos pesados com dinamômetros (precisão 0,1 g). Osninhos foram classificados <strong>de</strong> acordo com a nomenclaturaproposta por Simon e Pacheco (2005) e os ovos conforme<strong>de</strong> la Peña (1987).Os ninhos foram encontrados entre os anos <strong>de</strong> 2007e 2009, e encontram-se <strong>de</strong>scritos a seguir:Emberizoi<strong>de</strong>s herbicolaDois ninhos foram encontrados, um no dia 4 e outrono dia 16 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2007 (Tabela 1; ninhos 1e 2, respectivamente). Estavam próximos ao solo, na base<strong>de</strong> touceiras, em área <strong>de</strong> campo limpo. O primeiro ninhofoi construído na base <strong>de</strong> uma touceira <strong>de</strong> Lagenocarpustenuifolius (Cyperaceae). O material usado na câmara <strong>de</strong>incubação foi principalmente pedúnculos <strong>de</strong> Leiothrix cf.spiralis (Eriocaulaceae) com muitas inflorescências presentes(Figura 1a). O ninho continha dois ovos em estágio<strong>de</strong> incubação <strong>de</strong>sconhecido, <strong>de</strong> forma ovói<strong>de</strong> (Tabela 2),cor branca e apresentando pintas e manchas <strong>de</strong> diferentesformas e tonalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> marrom dispersas por toda asuperfície, porém mais concentradas no pólo rombo. Emum dos ovos essa pigmentação era bem menos intensa doque no outro(Figura 2a). O segundo ninho foi construídocom material vegetal semelhante ao do primeiro e foiencontrado com dois ninhegos <strong>de</strong> aproximadamente umasemana <strong>de</strong> vida, a julgar pelo grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sua plumagem.Teixeira (2008) publicou uma fotografia do ninho<strong>de</strong> Emberizoi<strong>de</strong>s herbicola, porém este registro não permitemuitas comparações porque, além <strong>de</strong> não apresentar <strong>de</strong>scriçõesou medidas, o autor informa que o ninho continhatambém ovos da ave parasita “peixe frito pavonino” (supostamenteDromococcyx pavoninus), sem indicar quais doscinco ovos (sendo dois brancos e três pintados) pertenciama cada espécie. Sick (1997) relata que o ovo das espécies <strong>de</strong>ssegênero <strong>de</strong> aves parasitas é “branco, finamente salpicado<strong>de</strong> marrom”, assim como os ovos <strong>de</strong> E. herbicola relatadosno presente trabalho. A ampla variação intra-específica dacoloração dos ovos, principalmente nas espécies parasitas(Gill 1994), dificulta a i<strong>de</strong>ntificação segura dos mesmos. A<strong>de</strong>scrição dos ninhos encontrados na província <strong>de</strong> Formosa,Argentina, é muito semelhante à apresentada aqui, poréma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comparação é restrita, uma vez que nãoforam informadas as dimensões daqueles ninhos, apenassua altura em relação ao solo (150 mm a 550 mm, n = 30;Di Giacomo 2005). Quanto aos ovos, também foi relatadauma concentração das manchas no pólo rombo, além doregistro <strong>de</strong> um ovo sem pigmentação (Di Giacomo 2005),sendo menores que os encontrados na Serra do Cipó. Essavariação do tamanho <strong>de</strong> ovos <strong>de</strong> acordo com latitu<strong>de</strong>, longitu<strong>de</strong>e altitu<strong>de</strong>, po<strong>de</strong> ser o reflexo <strong>de</strong> padrões biogeográficos(Bennet e Owens 2002), ou simples variação individual.Emberizoi<strong>de</strong>s ypiranganusUm ninho <strong>de</strong>sta espécie foi encontrado em 10 <strong>de</strong>novembro <strong>de</strong> 2008, em área <strong>de</strong> campo limpo, próximoa uma área <strong>de</strong> campo limpo úmido (brejoso). O ninhoapoiava-se na base <strong>de</strong> uma touceira <strong>de</strong> Lagenocarpus tenuifolius.Algumas folhas secas <strong>de</strong> Panicum loreum (Poaceae)foram usadas para dar sustentação ao ninho. O materialRevista <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Ornitologia</strong>, 17(2), 2009

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