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Prefácio ao livro de RÊGA, A.N.M. et alii, Marcas E Propriedade ...

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Prefácio <strong>ao</strong> <strong>livro</strong> <strong>de</strong> RÊGA, A.N.M. <strong>et</strong> <strong>alii</strong>, <strong>Marcas</strong> EProprieda<strong>de</strong> Industrial - Uma visão multidisciplinar,Edições do autor, 2009.Denis Borges BarbosaViviane Nielsen muito me honra com o convite para prefaciar essa obra, que fala <strong>de</strong>muitas coisas, especialmente <strong>de</strong> marcas. Tendo passado os últimos trinta anos <strong>ao</strong>bservar exclusivamente o aspecto jurídico <strong>de</strong>sse fenômeno, não sei se po<strong>de</strong>reicontribuir muito à visão múltipla dos autores aqui reunidos.Porém, dizia um autor americano que se <strong>de</strong>dicou a compilar prefácios alheios: oprefácio é a parte mais íntima <strong>de</strong> uma obra. Assim, tomo o tempo <strong>de</strong> observação parafalar, com a proximida<strong>de</strong> que leva à falta <strong>de</strong> medo, <strong>de</strong> marcas e marcas....................................................Começando com o mais ap<strong>et</strong>itoso, vale comentar o artigo sobre Machado <strong>de</strong> Assis. Omais gordo dos meus <strong>livro</strong>s começa com um prefácio, e ele com uma citação <strong>de</strong>Machado <strong>de</strong> Assis:Satanás suplicou ainda, sem melhor fortuna, até que Deus, cansado echeio <strong>de</strong> misericórdia, consentiu em que a ópera fosse executada, masfora do céu. Criou um teatro especial, este plan<strong>et</strong>a, e inventou umacompanhia inteira, com todas as partes, primárias e comprimárias, corose bailarinos.—Ouvi agora alguns ensaios!—Não, não quero saber <strong>de</strong> ensaios. Basta-me haver composto o libr<strong>et</strong>o;estou pronto a dividir contigo os direitos <strong>de</strong> autor.Machado <strong>de</strong> Assis, Dom Casmurro.Assim, não seria eu a rejeitar um ensaio sobre o papel do velho Machado naProprieda<strong>de</strong> Intelectual. Aliás, essa ligação entre o escritor e a Proprieda<strong>de</strong> Intelectual jáatraiu muito interesse acadêmico, como o <strong>de</strong> Breno Martins Zeferino, em sua tese AInventiva Brasileira: Mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, Saú<strong>de</strong> e Ciência na virada do século XIX para o XX,no Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em História das Ciências e da Saú<strong>de</strong>, e <strong>de</strong> Luciana daSilva Castro, em sua dissertação <strong>de</strong> mestrado na UFV.Que se saiba, Machado não era tão <strong>de</strong>scrente das marcas como- se verá - das patentes.Mesmo assim, Lucas Frazão Silva, em sua tese <strong>de</strong> doutorado na UNICAMP, <strong>de</strong> 2000 (OGosto da Embalagem) consegue trazer o autor para o meio do furacão da economia <strong>de</strong>mercado:O modo <strong>de</strong> produção capitalista tem muito <strong>de</strong> um personagem <strong>de</strong>Machado <strong>de</strong> Assis, a Capitu, que tinha “um olhar oblíquo edissimulado”. Diante da sua própria verda<strong>de</strong> fica sempre algo <strong>de</strong> marotoe disfarçado no ar neste sistema <strong>de</strong> trocas. Uma ponta do mistério sobrea real intenção do processo. Uma contínua <strong>de</strong>sconfiança. Enfim, expõe,


mesmo que se procure negar através <strong>de</strong> revoluções e guerras, afragilida<strong>de</strong> do sistema geral <strong>de</strong> trocas.Não se sabe qual a reação do escritor <strong>ao</strong> se ver nomeado, <strong>de</strong> 1892 a 1898, comofuncionário da Secr<strong>et</strong>aria <strong>de</strong> Estado da Indústria, Viação e Obras Públicas encarregado<strong>de</strong> rever pedidos <strong>de</strong> patentes e <strong>de</strong> expedir as respectivas cartas. Em época anterior, <strong>de</strong>s<strong>de</strong>28 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1880, Machado <strong>de</strong> Assis foi oficial <strong>de</strong> gabin<strong>et</strong>e do Ministro daAgricultura, e nessa condição recebeu os relatórios do Viscon<strong>de</strong> <strong>de</strong> Villeneuve sobre aConvenção <strong>de</strong> Paris <strong>de</strong> 1883.Como examinador <strong>de</strong> patentes, <strong>de</strong>ve ter sido <strong>de</strong>scrente e severo. Seus juízos sobrenovida<strong>de</strong> e ativida<strong>de</strong> inventiva o revelam:O nosso erro é crer que inventamos, quando continuamos, ousimplesmente copiamos. (...) On<strong>de</strong> falta invenção, é natural que aimitação sobre. (...) A novida<strong>de</strong> aqui está na substituição do <strong>de</strong>senhopor algarismos; mas não haverá nisso tão somente af<strong>et</strong>ação <strong>de</strong>originalida<strong>de</strong>, um modo <strong>de</strong> fazer crer que se inventa, quando apenas secopia, pois a idéia fundamental é a mesma? (A semana, vários textos)Mas, acompanhando sua obra, percebe-se que não fazia mesmo muito bom juízo dasinvenções e dos inventores. Falar mesmo <strong>de</strong> patentes, ele só o fez ostensivamente umavez, em Braz Cubas, numa citação famosa:Essa idéia era nada menos que a invenção <strong>de</strong> um medicamento sublime,um emplasto anti-hipocondríaco, <strong>de</strong>stinado a aliviar a nossamelancólica humanida<strong>de</strong>. Na p<strong>et</strong>ição <strong>de</strong> privilégio que então redigi,chamei a atenção do governo para esse resultado, verda<strong>de</strong>iramentecristão. Todavia, não neguei <strong>ao</strong>s amigos as vantagens pecuniárias que<strong>de</strong>viam resultar da distribuição <strong>de</strong> um produto <strong>de</strong> tamanhos e tãoprofundos efeitos. Agora, porém, que estou cá do outro lado da vida,posso confessar tudo: o que me influiu principalmente foi o gosto <strong>de</strong> verimpressas nos jornais, mostradores, folh<strong>et</strong>os, esquinas, e enfim nascaixinhas do remédio, estas três palavras: Emplasto Brás Cubas. Paraque negá-lo? Eu tinha a paixão do arruído, do cartaz, do fogu<strong>et</strong>e <strong>de</strong>lágrimas. Talvez os mo<strong>de</strong>stos me arguam esse <strong>de</strong>feito; fio, porém, queesse talento me hão <strong>de</strong> reconhecer os hábeis; "...e eu era hábil." Assim,a minha idéia trazia duas faces, como as medalhas, uma virada para opúblico, outra para mim. De um lado, filantropia e lucro; <strong>de</strong> outro lado,se<strong>de</strong> <strong>de</strong> nomeada. Digamos: -- amor da glória.Como teoria econômica dos fundamentos da inovação, é tão boa quanto a doutrina <strong>de</strong>Nordhaus, <strong>de</strong> Kitch ou <strong>de</strong> Scotchmer. Tanto os royalties quanto fama seriam incentivosà inovação, pelo menos na atmosfera do Rio <strong>de</strong> Janeiro nos fins do séc. XIX:(...) virá alguém que, por haver inventado um chapéu elástico, umabarbatana espiritual ou finalmente outro jataí que aju<strong>de</strong> a limpar osbrônquios e as algibeiras, - tenha ocasião <strong>de</strong> ver pintado o seu nome naesquina da rua em que mora, e, se morar longe, em outra qualquer. (Asemana)O inventor, para Machado, era um ser um tanto cômico e - muito - empulhador. Notexto O Segredo do Bonzo, constante <strong>de</strong> seus Papéis Avulsos, fala <strong>de</strong> uma invençãobiotecnológica <strong>de</strong>sse gênero:Então ocorreu-lhe uma graciosa invenção. Assim foi que, reunindomuitos físicos, filósofos, bonzos, autorida<strong>de</strong>s e povo, comunicou-lhesque tinha um segredo para eliminar o órgão; e esse segredo era nada


menos que substituir o nariz achacado por um nariz são, mas <strong>de</strong> puranatureza m<strong>et</strong>afísica, isto é, inacessível <strong>ao</strong>s sentidos humanos, e contudotão verda<strong>de</strong>iro ou ainda mais do que o cortado; cura esta praticada porele em várias partes, e muito aceita <strong>ao</strong>s físicos <strong>de</strong> Malabar.E, em nota a esses seus escritos, explica o autor:O bonzo do meu escrito chama-se Pomada, e pomadistas os seussectários. Pomada e pomadista são locuções familiares da nossa terra: éo nome local do charlatão e do charlatanismo.O momento mais acerbo <strong>de</strong> suas críticas é o período em que passou como cronista doRio e do mundo na imprensa carioca:Um <strong>de</strong>stes, creio que americano, trazia um <strong>de</strong> excelente remédio paranão sei que perturbações gástricas; recomendava porém, às senhorasque o não tomassem, em estado <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z, poio risco que corriam <strong>de</strong>abortar... O remédio não tinha outro fim senão justamente este mas apolicia ficava sem haver por on<strong>de</strong> pegar do invento e do inventor. Eraassim, por meios astutos e gran<strong>de</strong> dissimulação, que o remédio seoferecia às senhoras cansadas <strong>de</strong> aturar crianças.Os sentimentos são dúbios. Há boas e más invenções, honestos e enganadores, uns eoutros, porém, tendo que se haver com a natureza e a morte:Com efeito, eu assisti <strong>ao</strong> nascimento do xarope ... Perdão; vamos atrás.Eu ainda mamava, quando apareceu um médico que "restituía a vista aquem a houvesse perdido". Chamava-se o autor Antônio Gomes, que ovendia em sua própria casa, Rua dos Barbonos n.º 26. A Rua dosBarbonos era a que hoje se chama do Evaristo da Veiga. Muitas pessoascolheram o benefício inestimável que o remédio prom<strong>et</strong>ia. Saíram danoite para a luz, para os esp<strong>et</strong>áculos da natureza, dispensaram a mul<strong>et</strong>a<strong>de</strong> terceiro, pu<strong>de</strong>ram ler, escrever, contar. Um dia, Antônio Gomesmorreu. Era natural; morreu como os soldados <strong>de</strong> Xerxes. O inventor dapólvora, quem quer que ele fosse, também morreu. Mas por que nãosobreviveu o colírio <strong>de</strong> Antônio Gomes, como a pólvora? Que razãohouve para acabar com o autor uma invenção tão útil à humanida<strong>de</strong>? (Asemana)Assim passam os trabalhos <strong>de</strong>sse mundo. Sem exagerar o mérito dofinado, força é dizer que, se ele não inventou a pólvora, também nãoinventou a dinamite. Já é alguma cousa neste final <strong>de</strong> século. Requiescatin pace. (A semana)Nos Papéis Avulsos, Machado fala <strong>de</strong> outro inventor, agora cômico em sua loucuramansa:uma viagem à Europa, outra <strong>ao</strong> sertão <strong>de</strong> Minas, outra à lua, em certobalão que inventara (Papéis Avulsos , O Anel <strong>de</strong> Polícrates).Se não expressão <strong>de</strong> loucura, à prova <strong>de</strong> todos alienistas, o ato <strong>de</strong> invenção parecia aMachado um sinal <strong>de</strong> impaciência e açodamento perante o tempo natural das coisas:Quem inventou a pólvora? Quem inventou a imprensa, <strong>de</strong>scontandoGutenberg, porque os chins a conheciam? Quem inventou o bocejo,excluindo naturalmente o Criador, que, em verda<strong>de</strong>, não há <strong>de</strong> ter vistosem algum tédio as impaciências <strong>de</strong> Eva? Como esta espéciecorrespon<strong>de</strong> já à sua índole! diria Deus consigo. Há <strong>de</strong> ser assim


sempre, impaciente, incapaz <strong>de</strong> esperar a hora própria. Nunca osrelógios, que há <strong>de</strong> inventar, andarão todos certos.O homem que assinava as nossas patentes <strong>de</strong> invenção, falando na verda<strong>de</strong> doencilhamento, <strong>de</strong>scria das falsas inovações, engendradas só para captar investimento nomercado:"Quem não viu aquilo não viu nada. Cascatas <strong>de</strong> idéias, <strong>de</strong> invenções,<strong>de</strong> concessões, rolavam todos os dias, sonoras e vistosas para sefazerem contos <strong>de</strong> réis, centenas <strong>de</strong> contos, milhares, milhares <strong>de</strong>milhares, milhares <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> contos <strong>de</strong> réis" (Esaú eJacó).E, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> lado a lei <strong>de</strong> patentes <strong>de</strong> 1882, que teria negado a patente para métodos<strong>de</strong> jogo e aposta:Olhem, não fui eu que i<strong>de</strong>ei esta outra loteria, mais mo<strong>de</strong>sta, do JardimZoológico; mas, se o houvesse feito, não daria a minha idéia por menos<strong>de</strong> cem contos <strong>de</strong> réis; podia fazer algum abate, cinco porcento,digamos <strong>de</strong>z. Relativamente não se po<strong>de</strong> dizer que fosse caro. Háinvenções mais caras. (A semana)Brasileiro, tropicalista avant la l<strong>et</strong>tre, Machado já se apercebia da divisão norte-sul e do<strong>de</strong>scompasso entre países <strong>de</strong>senvolvidos e o Brasil:Sim; não é à toa que estes americanos são ingleses <strong>de</strong> origem. Têm ogosto da antiguida<strong>de</strong>; e, como inventam telefone e outros milagres,po<strong>de</strong>m pagar caro essas relíquias. (A semana)E a tecnologia da informação vai chegando e globalizando o nosso mundinho:O telégrafo é uma invenção econômica, <strong>de</strong>ve ser conciso e até obscuro.(...) Toda Esta Semana foi feita pelo telégrafo. Sem essa invenção, quepõe o nosso século tão longe daqueles em que as notícias tinham <strong>de</strong>correr os riscos das tormentas e vir <strong>de</strong>vagar como o tempo anda para oscuriosos, sem essa invenção esta semana viveria do que lhe <strong>de</strong>sse acida<strong>de</strong>. (A Semana)Globalizar, porém, não seria uma solução, mas a <strong>de</strong> fazer tecnologia local, rica ea<strong>de</strong>quada <strong>ao</strong> modo brasileiro <strong>de</strong> ser:Fora com obras <strong>de</strong> modistas; mandai tecer a simples arazóia, feita <strong>de</strong>finas plumas, atai-a à cintura e vin<strong>de</strong> passear cá fora. Po<strong>de</strong>is trazer umcolar <strong>de</strong> cocos, um cocar <strong>de</strong> penas e mais nada. Escusai leques, luvas,rendas, brincos, chapéus, tafularia inútil e custosíssima. A dúvida únicaé o calçado. Não po<strong>de</strong>is ferir nem macular os pés acostumados à meia eà botina, nem nós po<strong>de</strong>mos calçar-vos, como João <strong>de</strong> Deus queria fazerà <strong>de</strong>scalça dos seus versos:Ah! não ser eu o mármore em que pisas... Calçava-te <strong>de</strong> beijos.Não seria <strong>de</strong>cente nem útil; para essa dificulda<strong>de</strong> creio que o remédioseria inventar uma alpercata nacional, feita <strong>de</strong> alguma casca brasileira,flexível e sólida. E estáveis prontas.Eterno, Machado prof<strong>et</strong>izava a política <strong>de</strong> medicamentos do Ministério da Saú<strong>de</strong>:Dizem que a vida em São Paulo é muito cara. Mas São Paulo, se quiser,terá a saú<strong>de</strong> barata; basta m<strong>et</strong>er-se-lhe na cabeça ir adiante <strong>de</strong> todoscomo tem ido. Inventará novos medicamentos e vendê-los-á por preçocômodo.


...............................................O artigo sobre “O discurso imagético da marca Nike e a <strong>de</strong>sejabilida<strong>de</strong> dos jovens <strong>de</strong>classe média carioca” trata também <strong>de</strong> um assunto que me é muito caro. A funçãoconotativa das marcas, que, <strong>de</strong> há muito, é matéria intrinsecamente <strong>de</strong> direito.O valor da marca se constrói através <strong>de</strong> um efeito comunicativo: ela vale na proporçãodo reconhecimento do significado, seja em razão da espontaneida<strong>de</strong>, seja pela induçãoda publicida<strong>de</strong>. Assim é que, a par do assinalamento e distinção, v<strong>et</strong>ores principais dosistema <strong>de</strong> marcas, há uma terceira função, que se expressa como persuasória, <strong>de</strong>caráter complexo. Necessariamente conotativo, trabalhando com imagens e associações,o símbolo ven<strong>de</strong> através <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> encantamento e poesia, que exce<strong>de</strong> sempree obsessivamente o obj<strong>et</strong>o <strong>de</strong>signado pela marca.Principalmente, a marca não tem função passiva. Ela é usada, em conação, para suscitar<strong>de</strong>sejos <strong>de</strong> compra, como indica a famosa <strong>de</strong>cisão da Suprema Corte Americana <strong>de</strong>1942:"a proteção das marcas registradas é o reconhecimento pelo Direito dafunção psicológica dos símbolos. Se é verda<strong>de</strong> que nós vivemos atravésdos símbolos, não é menos verda<strong>de</strong>iro que compramos bens atravésdos símbolos. Uma marca registrada é um atalho na floresta docomércio que induz o comprador a escolher o que quer, ou o que foiconduzido acreditar que é seu <strong>de</strong>sejo. O propri<strong>et</strong>ário <strong>de</strong> uma marcaexplora este tendência humana fazendo todo esforço possível paraimpregnar a atmosfera do mercado com o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> atração <strong>de</strong> umsímbolo sedutor."Não importa que meios use, o alvo é o mesmo – levar, com auxílio damarca, até a percepção <strong>de</strong> seus clientes potenciais, a sedução doproduto sobre o qual a marca é aposta. Uma vez que isto é conseguido,o propri<strong>et</strong>ário da marca registrada tem algo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valor. Se alguémpilhar esse magn<strong>et</strong>ismo comercial do símbolo que criou, o propri<strong>et</strong>áriopo<strong>de</strong> conseguir o remédio legal” . Felix Frankfurter (Mishawaka Rubber& Woolen Mfg. Co. V. S. S. Kresge Co., 316 U.S. 203 (1942)Nessa função ativa, conativa, da persuasão e sedução, a marca se proj<strong>et</strong>a <strong>ao</strong> público,motivando a construção <strong>de</strong> uma imagem-<strong>de</strong>-marca. É o que nota Beebe 1 : o efeitopersuasivo seria central no direito marcário, o que conduz à uma crítica eficaz à teoriaeconômica da marca como mecanismo <strong>de</strong> escolha racional pelo consumidor.Nesse v<strong>et</strong>or, o processo <strong>de</strong> significação é dinâmico e incessante, e quem sofre continuatransformação é o sistema jurídico. Como nota Samuel Lon<strong>de</strong>sborough 2 :It appears that once a sign is anchored, it is s<strong>et</strong> in stone. On the contrary,the process of attachment and codification is fluid, and signs mayrepeatedly adopt new meaning. This is important if colours are to alignthemselves with certain products and brandsAssim é que a expansão da langue – o sistema que dá valor a uma marca – não énecessariamente controlável. Numa m<strong>et</strong>áfora já mencionada, o conhecimento da marca1 BEEBE, Barton, em “Search and Persuasion in Tra<strong>de</strong>mark Law”, 103 Michigan L. Rev. 2020 (2005):2 LONDESBOROUGH, Samuel. “Should Colours be protected by tra<strong>de</strong> mark law? What problems may arise inprotecting them?”, Dissertação <strong>de</strong> mestrado apresentado à Kent University, encontrada emhttps://www.kent.ac.uk/law/un<strong>de</strong>rgraduate/modules/ip/resources/ip_dissertations/2004-05/Samuel_Lon<strong>de</strong>sborough_IP_Dissertation.doc, visitado em 26/10/2006.


pelo público (a instalação <strong>de</strong> uma imagem-<strong>de</strong>-marca imotivada) é um balão nãodirigível, que, apesar das previsões da m<strong>et</strong>eorologia do mark<strong>et</strong>ing, po<strong>de</strong> ir a lugaresinesperados. A “obra <strong>de</strong> ficção” é assumida pelo público – autor col<strong>et</strong>ivo do enredo – epo<strong>de</strong> ir terminar <strong>de</strong> qualquer jeito.Na verda<strong>de</strong>, a m<strong>et</strong>áfora da construção da marca como uma obra col<strong>et</strong>iva é imprecisa, emesmo enganosa. A obra estética tem uma função <strong>de</strong> relativizar as i<strong>de</strong>ologias, trazendoasà consciência do público como ficção; a construção <strong>de</strong> uma marca opera em sentidodiverso, mesmo contrário, usando os tropos e r<strong>et</strong>óricas das linguagens para tirar daconsciência do consumidor que a ficção marcária não é, necessariamente, real.A construção do conteúdo da marca como um mito é exatamente o que <strong>de</strong>screveLon<strong>de</strong>sborough quanto <strong>ao</strong> tema do artigo <strong>de</strong>sta obra:To use ‘Nike’ as an example, the Nike symbol will, on a basic level,signify Nike products. However, attached to these products is a ‘myth’of quality, sportsmanship and youth culture.This is because Nike trainers are used by professional sportspeople, and,through both the passage of time, and a series of rigorous advertisingcampaigns, have attached themselves to youth culture.The Nike symbol, used in all advertising, represents the brand, and itsconnotations must therefore typify everything the myth purports.Drescher argues that “the myth which obsesses the mark on a symboliclevel insinuates itself into the product <strong>de</strong>noted by the mark at thematerial level”Essa construção do “mito” marcário representa uma sistemática erosão do vinculumjuris entre significante e significado (imagem-<strong>de</strong>-marca) da marca. Essa erosão éexplicável pela incompatibilida<strong>de</strong> entre o sistema mítico e o sistema jurídico:“Tomando como conceito oposto nesta nossa análise, o ritual é aatualização <strong>de</strong> um esquema conceptual, reflexivamente disposto,visando exatamente à revelação da estrutura que lhe dá origem.A lei, esquema consciente, consi<strong>de</strong>ra, simétrica e inversamente, umaação para atribuí-la um significado, isto é, para consi<strong>de</strong>ra-la significanteO rito conscientiza uma estrutura, a lei estrutura uma ação, dotando-a(ou não) <strong>de</strong> pertinência.Em suma, o mito significa uma ação, a priori, a lei o faz a posteriori; omito surge à consciência como significado, a ação subm<strong>et</strong>ida à lei comosignificante” 3 .O que <strong>de</strong>screve o artigo é exatamente a construção do mito marcário. A imagem-<strong>de</strong>marcasendo uma ficção, mais precisamente um mito, que se apresenta como real. Ouseja, aquilo que foi um resultado in<strong>de</strong>sejado da apresentação radiofônica da Guerra dosMundos por Orson Welles em 1938 é exatamente o propósito específico da construção<strong>de</strong>liberada da marca 4 .3 BARBOSA, Denis Borges, “O Obj<strong>et</strong>o da Ciência Jurídica” (Revista <strong>de</strong> Cultura Vozes, Ano 1968 – volume LXVIII– abril 1974 nº 3, p. 19.4 Kentaro Mori, Pânico! É a Guerra dos Mundos!, “Às oito horas da noite <strong>de</strong> dia das bruxas, em 30 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong>1938, Orson Welles começou a transmitir uma dramatização <strong>de</strong> "A Guerra dos Mundos" <strong>de</strong> H.G. Wells pela estação<strong>de</strong> rádio CBS. Por uma hora ingênuos trechos <strong>de</strong> música seriam interrompidos por flashes realísticos <strong>de</strong> radialistascada vez mais <strong>de</strong>sesperados à medida que iam <strong>de</strong>scobrindo e relatando que explosões em Marte e m<strong>et</strong>eoritos caindo


.......................................................O texto sobre A importância da marca para a inovação brasileira po<strong>de</strong> supreen<strong>de</strong>ralgumas pessoas. Consta que um presi<strong>de</strong>nte do INPI, faz algum tempo, ouvindo falar <strong>de</strong>um programa <strong>de</strong> governo que se <strong>de</strong>stinava a gerar alternativas <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong>tecnologia patentada, teria dito: “mas isso não é inovação”.A autora vai buscar na fonte certa o conceito do que é inovação, distinguindo-o <strong>de</strong>invenção. Segundo o escopo do Manual <strong>de</strong> Oslo,146. An innovation is the implementation of a new or significantlyimproved product (good or service), or process, a new mark<strong>et</strong>ingm<strong>et</strong>hod, or a new organisational m<strong>et</strong>hod in business practices,workplace organisation or external relations.29. The Manual is concerned with the collection of innovation data atthe level of the firm. It does not cover industry- or economy-wi<strong>de</strong>changes such as the emergence of a new mark<strong>et</strong>, the <strong>de</strong>velopment of anew source of raw materials or semi-manufactured goods, or thereorganisation of an industry. Manual Oslo ( Paris, OCDE/Eurostat,1997),O estado da técnica da inovação, no sentido do Manual <strong>de</strong> Oslo, não é o obj<strong>et</strong>ivo,global, mas a capacida<strong>de</strong> ef<strong>et</strong>iva <strong>de</strong> UM agente econômico introduzir no mercado umserviço, produto ou método comercial. Apesar <strong>de</strong> já ser conhecido e praticado porcomp<strong>et</strong>idoresO novo na análise <strong>de</strong> inovação, assim, não é só a novida<strong>de</strong> absoluta, nem a novida<strong>de</strong>relativa que certos países po<strong>de</strong>m adotar, como no caso <strong>de</strong> anteriorida<strong>de</strong> por uso nodireito americano. No contexto da análise <strong>de</strong> inovação, é pertinente também o novopara aquele que pe<strong>de</strong> a inovação, para aquele que pratica inovação.Assim, o foco da “inovação”, na perspectiva aqui usada, é inovação no agenteeconômico e não necessariamente na economia.De outro lado, como digo em Proteção das <strong>Marcas</strong>, Lumen Juris, 2008 (2.2.2. Marca eprocesso inovador):A relação entre o registro <strong>de</strong> marcas e o estímulo <strong>ao</strong> processo inovadorpo<strong>de</strong> não parecer tão evi<strong>de</strong>nte <strong>ao</strong> analista econômico, em parte <strong>de</strong>vido<strong>ao</strong> aforismo, geralmente rep<strong>et</strong>ido, <strong>de</strong> que as patentes (e o tra<strong>de</strong> secr<strong>et</strong> ouknow-how) atuam no momento da produção industrial e as marcas seinserem no processo <strong>de</strong> circulação <strong>de</strong> mercadorias.Mas <strong>de</strong>ve-se <strong>de</strong>dicar atenção a tal sistema <strong>de</strong> proteção, porque a marca:a) é um dos mais importantes fatores <strong>de</strong> apropriação dos resultados doprocesso inovador; b) tem sido utilizada como veículo <strong>de</strong> transferênciana Terra eram na verda<strong>de</strong> uma invasão alienígena em pleno curso capaz <strong>de</strong> vaporizar nossas melhores <strong>de</strong>fesas com'raios <strong>de</strong> calor'. S<strong>et</strong>e mil homens marcharam contra uma única máquina <strong>de</strong> guerra marciana, pouco mais <strong>de</strong> umacentena <strong>de</strong> sobreviventes sobraram na trágica batalha em Grovers Mill, Nova Jérsei. O nosso mundo estava sendoaniquilado, e essa era a travessura <strong>de</strong> Halloween <strong>de</strong> Welles. Milhares <strong>de</strong> pessoas que sintonizaram o programa umpouco <strong>de</strong>pois e per<strong>de</strong>ram o aviso inicial <strong>de</strong> que uma dramatização estava prestes a começar teriam que esperarquarenta minutos até que uma breve nota da CBS rep<strong>et</strong>isse que o programa <strong>de</strong> rádio era... um programa <strong>de</strong> rádio.Nesse meio tempo podia-se ouvir dir<strong>et</strong>amente do front <strong>de</strong> batalha o ofegar nervoso dos radialistas, os gritos dapopulação, <strong>de</strong>clarações <strong>de</strong> oficiais do governo americano admitindo uma invasão alienígena mas pedindo por calma eaté os sons aterrorizantes <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição marciana”, encontrado emhttp://www.c<strong>et</strong>icismoaberto.com/c<strong>et</strong>icismo/warworlds.htm, visitado em 2602006


<strong>de</strong> técnicas entre empresas; c) constitui um paradigma <strong>de</strong> direito <strong>de</strong>exclusiva do sistema <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> intelectual.A função da marca, <strong>ao</strong> afirmar a imagem reconhecível da ativida<strong>de</strong>empresarial 5 , tem função relevante na apropriação dos resultados doprocesso inovador. De todas as modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> proteção da proprieda<strong>de</strong>intelectual, a marca tem sido consi<strong>de</strong>rada pelas empresas americanas a<strong>de</strong> maior relevância 6 .É no s<strong>et</strong>or farmacêutico que esta função da marca melhor se revela:mais <strong>de</strong> 40% das marcas estão na classe <strong>de</strong> medicamentos e similares.Nos EUA, para 700 medicamentos registrados, existiam, em 1986, mais<strong>de</strong> 20.000 marcas que <strong>de</strong>sempenhavam importantíssima função <strong>de</strong>diferenciação - muitas vezes artificial - <strong>de</strong> um produto clinicamentehomogêneo. Na promoção <strong>de</strong> tais marcas, a indústria mantém um nível<strong>de</strong> investimento <strong>de</strong> 25% da receita bruta - uma das mais altas <strong>de</strong> todasas indústrias 7 .A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contribuir para a fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> da clientela que se atribuiàs marcas torna-se particularmente importante nas hipóteses em qu<strong>et</strong>oda uma geração <strong>de</strong> patentes <strong>de</strong> fármacos expira sem substituição. Étambém o momento em que surge a indústria <strong>de</strong> produtos genéricos que,livre da barreira patentária, passa a po<strong>de</strong>r oferecer produtos -<strong>de</strong>signados pelo nome científico ou genérico - a preços muito inferiores<strong>ao</strong>s dos concorrentes tradicionais 8 .Tal função é especialmente reconhecida no sistema <strong>de</strong> proteção <strong>de</strong>varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> plantas, no qual cada varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ter, além da marca<strong>de</strong> comércio, <strong>de</strong>nominação específica que servirá <strong>de</strong> <strong>de</strong>signaçãogenérica da nova criação 9 ..........................................................................Em <strong>Marcas</strong> pioneiras: o papel da marca no composto <strong>de</strong> proteção da inovação, <strong>de</strong>Larisssa Clarindo, enfrenta-se uma questão teoricamente difícil. A fi<strong>de</strong>lização da marcacomo um valor concorrencial: ajuda, ou não, à inovação? Nasceria, aí, a tentação <strong>de</strong>enfatizar a fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> da marca, em <strong>de</strong>trimento à racionalida<strong>de</strong>, processo <strong>de</strong> que falamos autores.Sobre isso, nota Antonio Luis Figueira Barbosa:De fato, não têm sido poucos os estudos, inclusive <strong>de</strong> caráter puramenteempírico, que <strong>de</strong>monstram como a lealda<strong>de</strong> do consumidor facilita a5 O processo <strong>de</strong> distinção da marca, tal como ocorre atualmente, tem como obj<strong>et</strong>o a ativida<strong>de</strong> empresarial e nãoexatamente uma mercadoria, produto ou serviço (BARBOSA, Denis Borges. “Expressões e sinais <strong>de</strong> propaganda” InRevista Forense, No 283, p. 92).6 Na pesquisa da USITC (1988), 64% das empresas consi<strong>de</strong>raram as marcas como muito importantes, contra 43%para os tra<strong>de</strong> secr<strong>et</strong>s, 42% para patentes, e 18% para direitos autorais.7 BARBOSA, Denis Borges. op. cit., p. 37.8 "Research-based giants have ma<strong>de</strong> money selling off-patent drugs for years. But to command higher prices, theydid so by offering products un<strong>de</strong>r brand, not generic, names" (Business Week, 5/12/88)9 É curioso notar que o primeiro tipo <strong>de</strong> proteção às varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> plantas surgiu com o sistema <strong>de</strong> marcas (lei tcheca<strong>de</strong> 1921); o novo direito, nos mol<strong>de</strong>s da UPOV, foi introduzido pela Holanda, em 1942. Para uma história <strong>de</strong>stamodalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteção , ver Doc. UPOV AJ-XIII/3, Par. 20


ocorrência <strong>de</strong> imperfeições no mercado, transformando-se em umabarreira à entrada no mercado <strong>de</strong> potenciais comp<strong>et</strong>idores.Alguns autores reconhecem benefícios nas marcas <strong>ao</strong> garantiremqualida<strong>de</strong>, mas também levantam hipóteses da lealda<strong>de</strong> gerarimperfeições.Há, todavia, dois perigos potenciais. Um perigo é esta racional“lealda<strong>de</strong> à marca” conduzir a um <strong>de</strong>sapontamento <strong>de</strong> expectativas se aqualida<strong>de</strong> não é mantida para uma linha específica <strong>de</strong> bens, ou paratodos os produtos que ostentem a marca, e o consumidor não estáinformado das perdas em qualida<strong>de</strong>.O outro é que, se a marca for a única fonte <strong>de</strong> informação sobre aqualida<strong>de</strong>, ela será uma eficaz barreira à entrada, possibilitando lucrosexcessivos 10 .Num caso importantíssimo 11 , a Suprema Corte dos Estados Unidos vergastou afi<strong>de</strong>lização que uma marca traz a longo termo, cancelando total ou parcialmente osbenefícios da expiração da patente. A Nabisco havia inventado uma nova forma <strong>de</strong>cereal, e, após o fim da patente, queria continuar a fi<strong>de</strong>lizar seu público através damarca:Kellogg Company is undoubtedly sharing in the goodwill of the articleknown as 'Shred<strong>de</strong>d Wheat'; and thus is sharing in a mark<strong>et</strong> which wascreated by the skill and judgment of plaintiff's pre<strong>de</strong>cessor and has beenwi<strong>de</strong>ly exten<strong>de</strong>d by vast expenditures in advertising persistently ma<strong>de</strong>.But that is not unfair. Sharing in the goodwill of an article unprotectedby patent or tra<strong>de</strong>-mark is the exercise of a right possessed by all - andin the free exercise of which the consuming public is <strong>de</strong>eply interested.Toda a política <strong>de</strong> genéricos também é voltada para a quebra da fi<strong>de</strong>lização do públicoàs marcas, o que impe<strong>de</strong> que a economia receba os frutos compl<strong>et</strong>os da inovação.Assim, o tema do artigo atrai atenção e reflexão....................................O estudo sobre marcas col<strong>et</strong>ivas, em especial quanto <strong>ao</strong> Polo <strong>de</strong> Moda Íntima <strong>de</strong> NovaFriburgo, empreen<strong>de</strong> análise em campo duplamente relevante: por falar do problemainteressantíssimo dos arranjos produtivos locais e por mencionar marcas col<strong>et</strong>ivas.Quanto a essas últimas, pouco estudadas na literatura universal 12 e quase virgens nabrasileira 13 , pouco se sabe para que servem. Quais são seus limites, em quanto se10 BARBOSA, Antonio Luis Figueira. “<strong>Marcas</strong> e outros signos na realização das mercadorias” In Sobre a proteçãodo trabalho intelectual: uma perspectiva crítica. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Editora UFRJ, 1999, p. 53.11 Kellogg Co. v. National Biscuit Co., 305 U.S. 111 (1938).12 ANGULO, Astrid Coromoto Uzcátegui , Las <strong>Marcas</strong> De Certificación, Universidad Fe<strong>de</strong>ral De Santa Catarina,Programa De Doctorado En Derecho, Florianópolis, 2006; CARVALHO, Maria Miguel <strong>Marcas</strong> Col<strong>et</strong>ivas: BrevesConsi<strong>de</strong>rações, Almedina 2008. LADAS, Stephen P. Patents, Tra<strong>de</strong>marks, and related rights. National andinternational protection. v. II. United States of America: Harvard University Press, 1975. p 1294. BESSAMONTEIRO, César. Marca <strong>de</strong> base y Marca Colectiva. In: Revista <strong>de</strong> Direito Industrial. v. I, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito <strong>de</strong>Lisboa. Coimbra: APDI, 2001. p. 342. PIRES <strong>de</strong> CARVALHO, Nuno. The TRIPS Regime of Tra<strong>de</strong>marks andDesigns. London: Kluwer Law International, 2006. p. 216 -218. MATHELY, Paul. Le droit français <strong>de</strong>s signesdistinctifs. Paris: Librairie du journal <strong>de</strong>s notaires <strong>et</strong> <strong>de</strong>s avocats. 1984. p. 727. Centre Paul Roubier. La Marquecollective. París: Librerías Técnicas, 1979. ROUBIER, Paul Les Marques Collectives Libraires T.13 PORTO, Patricia Carvalho da Rocha, As <strong>Marcas</strong> De Certificação e <strong>Marcas</strong> Col<strong>et</strong>ivas Como Instrumento DeInovação Nas Empresas Nacionais, Trabalho <strong>de</strong> conclusão <strong>de</strong> curso da disciplina Inovação, Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Proprieda<strong>de</strong>Intelectual e Inovação do INPI, 2008.


distinguem das marcas <strong>de</strong> certificação, senão pelo fato <strong>de</strong>, nessa última, o certificador sedistinguir subj<strong>et</strong>ivamente do certificado? Quanto se distinguem das indicaçõesgeográficas, em especial num caso on<strong>de</strong> o referente é uma arranjo produtivo local?Espero que, numa pesquisa <strong>de</strong> mestrado em curso, a qual me cabe orientar, tais questõesse esclareçam. É exatamente <strong>de</strong>ssa pesquisadora que cito um artigo recente 14 :A posição não é obviamente isolada:OS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS – APLSO SEBRAE em parceria com as empresas nacionais e com o governoestá <strong>de</strong>senvolvendo um proj<strong>et</strong>o chamado Arranjos Produtivos Locais –APLs. APLs são aglomerações <strong>de</strong> empresas localizadas em um mesmoterritório, que apresentam especialização produtiva e mantêm algumvínculo <strong>de</strong> articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si ecom outros atores locais tais como governo, associações empresariais,instituições <strong>de</strong> crédito, ensino e pesquisa.O Governo conce<strong>de</strong> incentivos fiscais às médias e gran<strong>de</strong>s empresaspara que elas invistam nas regiões <strong>ao</strong>n<strong>de</strong> se concentram micro epequenas empresas que fabricam os mesmos produtos e <strong>de</strong>sejam se<strong>de</strong>senvolver e se unir para criar um padrão <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> para estesprodutos, visando que as regiões se tornem conhecidas pela qualida<strong>de</strong>na fabricação daqueles produtos para que conseqüentemente asempresas localizadas naquelas regiões cresçam e que com isso essasregiões se <strong>de</strong>senvolvam e se tornem auto-sustentáveis.Com o patrocínio das empresas e com a ajuda e o suporte técnicooferecidos pelo governo, essas regiões irão aperfeiçoar e aumentar aqualida<strong>de</strong> dos produtos por elas fabricados, implantarão técnicasmelhores <strong>de</strong> produção e fabrico <strong>de</strong>stes produtos criando um padrão <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong> e aumentando o valor econômico dos mesmos.O reconhecimento <strong>de</strong>stas regiões como indicações geográficasproporcionará <strong>ao</strong>s produtos dos APLs uma proteção e um controle maisabrangente, estas indicações conferirão <strong>ao</strong>s produtos uma confiabilida<strong>de</strong>e um histórico <strong>de</strong>talhado, com isso os produtos produzidos nos APLsgozarão <strong>de</strong> uma maior confiança dos consumidores, pois estes saberãoexatamente o que estarão consumindo e esta confiança se transformaráem fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong>.Organizados em APLs e utilizando como proteção e mark<strong>et</strong>ing dos seusprodutos as IG os produtores po<strong>de</strong>rão agregar um maior valoreconômico <strong>ao</strong>s produtos, sem que isto signifique em diminuição davenda <strong>de</strong>stes produtos, muito pelo contrário, estes serão cada vez maisprocurados, pois são produtos com alto padrão <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. Estepadrão <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> aumentará também sensivelmente as exportações<strong>de</strong>stes produtos.O resultado <strong>de</strong> todo este trabalho se refl<strong>et</strong>irá no <strong>de</strong>senvolvimento daeconomia local, na maior geração <strong>de</strong> renda e empregos e no aumento daqualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida das pessoas que resi<strong>de</strong>m nestas regiões.Esse tipo marca po<strong>de</strong> ser muito útil em arranjos produtivos locais, umavez que <strong>ao</strong> se usar uma marca col<strong>et</strong>iva po<strong>de</strong>mos conseguir algumas14 PORTO, Patricia Carvalho da Rocha, Indicações Geográficas, Mo<strong>de</strong>lo Brasil, Revista Criação do IBPI, no. 2,Lumen Juris, julho <strong>de</strong> 2009, p. 202.


vantagens. Creio que a principal <strong>de</strong>las é que um conjunto <strong>de</strong> empresaspo<strong>de</strong>ria, uma vez que o investimento é alto, dividir esse investimento.Você po<strong>de</strong> ter uma única marca mais forte em vez <strong>de</strong> ter várias marcasque teriam pouca dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> pen<strong>et</strong>ração no mercado. Então háalguns aspectos importantes na marca col<strong>et</strong>iva que, na minha opinião, éum instrumento pouco explorado em termos <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> industrial.Esse é um instrumento para ser trabalhado no futuro, ou seja, quantomais se trabalhar a questão dos APLs, mais interessante po<strong>de</strong> se tornaresse instrumento que po<strong>de</strong> ser usado em benefício <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminadacol<strong>et</strong>ivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> empresas. 15Mas que algum tipo <strong>de</strong> signo distintivo substantivo <strong>de</strong>va ser utilizado na construção <strong>de</strong>um arranjo produtivo local parece ser certo 16 . Assim a pesquisa <strong>de</strong>ste <strong>livro</strong> vai nocaminho certo.........................................Quanto <strong>ao</strong> Protocolo <strong>de</strong> Madri, muito e talvez <strong>de</strong>masiado se tem escrito sobre o assunto17 . “O Protocolo <strong>de</strong> Madri: funcionamento e consi<strong>de</strong>rações sobre a a<strong>de</strong>são do Brasil”, <strong>de</strong>Silvia Rodrigues <strong>de</strong> Freitas, r<strong>et</strong>oma o tema.Em particular, quanto à noção <strong>de</strong> “Inscrição Internacional”, a que se refere o artigo, notaa OAB-RJ:O INPI tem adotado o entendimento, transmitido em reunião mantidacom representante daquela autarquia fe<strong>de</strong>ral e essa Comissão, que talartigo <strong>de</strong>ve ser interpr<strong>et</strong>ado <strong>de</strong> maneira a conferir <strong>ao</strong>s pedidos <strong>de</strong>extensão en<strong>de</strong>reçados <strong>ao</strong> Brasil dois tipos <strong>de</strong> proteção: (i) uma proteçãotransitória, equivalente àquela conferida <strong>ao</strong>s pedidos <strong>de</strong> registro <strong>de</strong>marca nacionais, isto é, uma simples priorida<strong>de</strong> que gera umaexpectativa <strong>de</strong> direito para o <strong>de</strong>positante do pedido <strong>de</strong> registro nacional;e (ii) uma proteção ef<strong>et</strong>iva, equivalente àquela conferida <strong>ao</strong>s registros<strong>de</strong> marca nacionais a partir da sua concessão, isto é, não mais umasimples expectativa <strong>de</strong> direito, mas sim um direito adquirido. Em vista<strong>de</strong>ssa interpr<strong>et</strong>ação, o INPI tem adotado a expressão “InscriçãoInternacional” como tradução <strong>de</strong> “International Registration”. A“Inscrição Internacional” equivaleria a um simples pedido <strong>de</strong> registro,até que a <strong>de</strong>signação pr<strong>et</strong>endida seja, afinal, concedida no País. Essainterpr<strong>et</strong>ação, segundo o INPI, é a que prevalece nos Estados Unidos eJapão, por exemplo.15 GUIMARÃES, Terezinha <strong>de</strong> Jesus, O Sistema <strong>de</strong> <strong>Marcas</strong>, VIII Encontro <strong>de</strong> Proprieda<strong>de</strong> Intelectual eComercialização <strong>de</strong> Tecnologia, Anais, p. 21.16 BARROS, Ana Flávia Granja & VARELLA, Marcelo Dias. Indicações geográficas e arranjos produtivos locais,São Paulo, 2002. UNCTAD, 2004. SEBRAE. Arranjos produtivos locais. Disponível em:http.www.sebrae.com.br/br/cooperecrescer/arranjosprodutivoslocais.asp. Acesso em 28 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2005.17 Para citar uns poucos, ARANHA, José Graça Protocolo De Madri, Lumen Juris 2004, BARBOSA, Elton Ferreira,Proprieda<strong>de</strong> Intelectual e Interesse Público – O INPI e o Sistema Nacional De <strong>Marcas</strong>, Trabalho para RevistaEl<strong>et</strong>rônica do Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Proprieda<strong>de</strong> Intelectual (<strong>de</strong>senvolvido para disciplina “Proprieda<strong>de</strong> Intelectual eInteresse Público” do Mestrado Profissional do Instituto Nacional da Proprieda<strong>de</strong> Industrial.) Profº. Dr. Denis BorgesBarbosa. NIELSEN,Viviane Mattos, Direito Marcário e o Protocolo <strong>de</strong> Madri: Panorama Evolutivo e as DiscussõesAtuais,in BARBOSA, Denis Borges, Direito Internacional da Proprieda<strong>de</strong> Intelectual, Lumen Juris, 2008.BARRETO, Paula Mena, BESSONE, Daniela, PRADO, Elaine Ribeiro do e SILVEIRA, Vivian <strong>de</strong> Melo, Parecerda OAB-RJ sobre o Protocolo <strong>de</strong> Madri, in BARBOSA, Denis Borges, Direito Internacional da Proprieda<strong>de</strong>Intelectual, Lumen Juris, 2008. COSTA, Aléxia Maria <strong>de</strong> Aragão da, O Protocolo <strong>de</strong> Madri: A Imaturida<strong>de</strong> do BrasilPara A<strong>de</strong>rir, BARBOSA, Denis Borges (Org.); Aspectos Polêmicos da Proprieda<strong>de</strong> Intelectual. Rio <strong>de</strong> Janeiro:Lumen Juris, 2004


...........................................A fim <strong>de</strong> evitar a insegurança jurídica que resultaria da aplicação <strong>de</strong>ssedispositivo (tendo em vista que o entendimento do INPI po<strong>de</strong> serquestionado judicialmente pelos titulares <strong>de</strong> registros internacionais), ea fim <strong>de</strong> garantir o tratamento isonômico entre <strong>de</strong>positantes <strong>de</strong> pedidos<strong>de</strong> registro nacionais e titulares <strong>de</strong> Pedidos <strong>de</strong> Registro Internacionais,sugere-se que no ato <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são do Brasil <strong>ao</strong> Protocolo haja a <strong>de</strong>claraçãoexpressa no sentido da irr<strong>et</strong>roativida<strong>de</strong> da proteção conferida pelaconcessão da extensão do Registro Internacional para o Brasil.Conseqüentemente, a proteção conferida <strong>ao</strong> Registro Internacional noperíodo compreendido entre a data <strong>de</strong> sua inscrição no EscritórioInternacional e a concessão <strong>de</strong> sua extensão para o Brasil seria a mesmaproteção reduzida que é conferida <strong>ao</strong>s pedidos <strong>de</strong> registro nacionais queainda não foram concedidos pelo INPI.Viviane Mattos Nielsen encerra o <strong>livro</strong> que organizou com seu texto sobre DireitoMarcário francês e brasileiro. Todo estudo comparativo po<strong>de</strong> ser interessante,especialmente se atendidos os pressupostos <strong>de</strong> se analisar as funções <strong>de</strong> cada instituto nosistema jurídico, e estabelecer as relações não entre fenômenos, mas entre tais funções.A relação Brasil-França em matéria <strong>de</strong> marcas foi muitas vezes difícil. Aproveitando oestilo pessoal dos prefácios, lembro aqui um momento em que a fricção <strong>de</strong> interessesentre os dois países ficou particularmente difícil:Quem sabe francês? Disseram <strong>ao</strong> Ministro que era eu. E assim, numaquarta feira, no meio do expediente, recebi or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> ir para oaeroporto, sem nem tomar banho. A mala, arrumada pela empregada,foi me encontrar no Galeão.Antes, na sala do Presi<strong>de</strong>nte do INPI, o Ministro chamara os grados daautarquia. “Deixa-me ver a marca da gravata”. Em quase todos, havia amarca cartier. “Cartier não fabrica gravatas”, começou Camilo Penna.Todos sabiam disso. “Só aqui no Brasil alguém teve a ousadia <strong>de</strong>registrar essa marca para gravatas”. Concordância geral. “Não mevenham dizer que isso é legal, porque já sei que é”. Pois era. “Mas oDelfim precisa <strong>de</strong> dinheiro francês, e mandaram dizer que só resolvendoa questão das marcas vêm francos para cá”.E por isso fui embarcado à força e expulsando passageiro já comreserva confirmada, para Paris. Voando no mesmo dia, ia JoãoFigueiredo para lá, <strong>de</strong> banho tomado e em seu próprio avião. Em Visita<strong>de</strong> Estado. Era janeiro <strong>de</strong> 1981 18 .Resultou da viagem um acordo bilateral, sob o qual periodicamente haveria um exameconjunto do INPI francês e brasileiro sobre os casos difíceis <strong>de</strong> lado a lado. Na primeirasessão, discutiu-se o registro <strong>de</strong> “Café du Brésil” concedido na França, e milhares <strong>de</strong>casos como o da marca Cartier.Indicações Geográficas não são marcas, mas primas <strong>de</strong> segundo grau <strong>de</strong>las. Maisrecentemente, a França <strong>de</strong>flagrou outra arrem<strong>et</strong>ida contra o uso da expressão conhaque,e coube-me fazer uma pesquisa sobre a generificação da expressão antes da entrada emvigor do Acordo <strong>de</strong> Madri <strong>de</strong> 1891 (<strong>de</strong> indicações <strong>de</strong> procedência). Saiu isso:A lun<strong>et</strong>a mágica - Joaquim Manoel <strong>de</strong> Macedo - Capítulo VI18 BARBOSA, Denis Borges, Geom<strong>et</strong>ria sem Vértice, 2004.


Esmeralda, impudica e doida, <strong>de</strong>snudava encantos que o recato escon<strong>de</strong> cuidadoso,<strong>de</strong>ixando-os apenas adivinhar nas palpitações do peito que arfa. Ela tinha esvaziado astaças cheias <strong>de</strong> seis vinhos diversos, e pedia ainda champanha e conhaque!Macário - Álvares <strong>de</strong> Azevedo - Primeiro episódioEis ai o resultado das viagens. Um burro frouxo. Uma garrafa vazia. (Tira uma garrafado bolso). Conhaque! És um belo companheiro <strong>de</strong> viagem. És silencioso como umvigário em caminho, mas no silêncio que inspiras, como nas noites <strong>de</strong> luar, ergue-se àsvezes um canto misterioso que enleva! Conhaque! Não te ama quem não te enten<strong>de</strong>!Não te amam essas bocas feminis acostumadas <strong>ao</strong> mel enjoado da vida, que nãoanseiam prazeres <strong>de</strong>sconhecidos, sensações mais fortes! E eis-te aí vazia, minha garrafa!Vazia como mulher bela que morreu! Hei <strong>de</strong> fazer-te uma nênia.O Mulato - Álvares <strong>de</strong> Azevedo - Terceiro CapítuloChegados a casa, on<strong>de</strong> já havia pronto um quarto para o Sr. Dr. Raimundo José daSilva, o cônego e Manuel <strong>de</strong>sfizeram-se em <strong>de</strong>lica<strong>de</strong>zas com o rapaz.- Benedito! Vê cerveja! Ou prefere conhaque, doutor? Olha moleque, prepara guaraná!Doutor, venha antes para este lado que está mais fresco. Não faça cerimônias! Váentrando! Vá entrando para a varanda! O senhor está em sua casa!Lucíola, José <strong>de</strong> Alencar, capítulo VIO Sr. Couto, fresco e repolhudo, bamboleando-se na ca<strong>de</strong>ira, fazia sortes que asmulheres aplaudiam, e consumia o terceiro copo <strong>de</strong> água gelada, para abrandar o fogointerno. O Sr. Rochinha, <strong>de</strong>rreado pelo sofá, erguia às vezes a cabeça pesada <strong>de</strong> sono <strong>et</strong>orpor para absorver um cálice <strong>de</strong> conhaque da garrafa que tinha <strong>ao</strong> lado.O Cortiço, Álvares <strong>de</strong> Azevedo, Capítulo I.(...) E <strong>de</strong>sceram <strong>de</strong> novo a Rua do Ouvidor até <strong>ao</strong> ponto dos bon<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Gonçalves Dias.— O <strong>de</strong> São Clemente não está agora, observou o velho. Vou tomar um copo d’águaenquanto esperamos.Entraram no botequim do lugar e, para conversar assentados, pediram dois cálices <strong>de</strong>conhaque. (...)Viviane, no entanto, não trata <strong>de</strong> conflitos e sim <strong>de</strong> convergências, apontandoconstruções correntes do sistema francês que po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> interesse à aplicação doexame <strong>de</strong> marcas brasileiro....................................Enfim, sempre é precioso um <strong>livro</strong> monográfico mas – palavra que particularmente me<strong>de</strong>sagrada – multidisciplinar. Tento manter em minha biblioteca a totalida<strong>de</strong> dos <strong>livro</strong>s<strong>de</strong> Proprieda<strong>de</strong> Intelectual brasileiros, e não consta <strong>de</strong>la nenhuma obra similar, que trate<strong>de</strong> direito e outras coisas, mirando o instituto da marca.Mas seguramente vão aparecer outros, do qual o presente é inaugural. Os doisimportantíssimos volumes aparecidos em 2008 sobre marcas, organizados pelostitulares <strong>de</strong> Proprieda<strong>de</strong> Intelectual <strong>de</strong> Oxford e <strong>de</strong> Cambridge 19 , seguem tal viés, sebem que enfatizando a questão econômica, semiológica, antropológica e política dotema. Marca não é somente uma questão <strong>de</strong> direito, e vimos perseguindo essa visão nonosso curso no Mestrado do INPI, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2008: Semiologia da Proprieda<strong>de</strong> Intelectual.Numa das obras recentes que entr<strong>et</strong>êm essa visão abrangente do sistema <strong>de</strong> marcas, diz2019 DINWOODIE, Graeme B.; JANIS, Mark D. Tra<strong>de</strong>mark Law And Theory Edward Elgar 2008 e BENTLY, Lionel;DAVIS, Jennifer; GINSBURG, Jane C. Tra<strong>de</strong> Marks And Brands Cambridge University Press 200820 BARBOSA, Cláudio Roberto. Proprieda<strong>de</strong> Intelectual. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Elsevier, 2009


Pois é isso.Denis Borges Barbosa, s<strong>et</strong>embro <strong>de</strong> 2009.O elemento que oferece complicações correspon<strong>de</strong> à quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>informações atribuídas, por intermédio dos sinais distintivos, pelasmaciças campanhas <strong>de</strong> mark<strong>et</strong>ing às marcas e <strong>de</strong>mais sinais distintivos.A somatória do investimento na proteção do sinal distintivo e nomark<strong>et</strong>ing para conhecimento e associação <strong>de</strong>sse sinal pelosconsumidores acaba sendo incorporada <strong>ao</strong> sinal distintivo, que passa ai<strong>de</strong>ntificar mais do que simples serviço ou produto, passa a i<strong>de</strong>ntificarum conceito <strong>de</strong> mark<strong>et</strong>ing.A atuação do mark<strong>et</strong>ing no mercado cria o conceito <strong>de</strong> posicionamentoda marca perante consumidores, potenciais consumidores e terceiros,visando i<strong>de</strong>ntificar corr<strong>et</strong>amente a imagem da marca. Esseposicionamento conceitua da marca no mercado é <strong>de</strong>nominadobranding, e sua conseqüência é a valorização do signo <strong>de</strong> forma<strong>de</strong>stacada da relação concorrencial.Tal segmentação é acarr<strong>et</strong>ada justamente pela atribuição <strong>de</strong>características não obrigatoriamente vinculadas <strong>ao</strong> produto, mas àmarca <strong>de</strong> forma dir<strong>et</strong>a, e apenas indir<strong>et</strong>amente <strong>ao</strong> produto, serviço outitular do sinal distintivo.A conseqüência jurídica do branding é o isolamento do sinal distintivocomo um bem em si, exigindo, portanto, uma série adicional <strong>de</strong>proteção.

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