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Modelos de Governação na Sociedade da Informação e do ...

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<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> ConhecimentoResumo ExecutivoO território constitui um elemento central <strong>de</strong> soberania que, no entanto, necessita <strong>de</strong> serrecalibra<strong>do</strong> neste início <strong>de</strong> Séc XXI. Neste contexto, o digital induziu a transformação <strong>de</strong> como ainformação circulava (e era transferi<strong>da</strong>) alteran<strong>do</strong> <strong>de</strong>finitivamente as relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e o valor<strong>do</strong> confi<strong>na</strong>mento físico que era proporcio<strong>na</strong><strong>do</strong> pelas fronteiras. Deste mo<strong>do</strong>, são necessáriasnovas fronteiras que contemplem o digital e garantam novos processos <strong>de</strong> regulação físicos evirtuais.Mecanismos como os associa<strong>do</strong>s com a organização <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s e a participação pública exigemnovos mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> organização, mais distribuí<strong>do</strong>s e, ironia <strong>da</strong>s ironias, menos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>interacções verticais <strong>de</strong> informação – incapazes <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r em tempo útil aos constantes<strong>de</strong>safios coloca<strong>do</strong>s pelo aumento <strong>de</strong> escala e <strong>de</strong> complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> e por uma reali<strong>da</strong><strong>de</strong> muito volátil,<strong>de</strong> geometria variável e <strong>na</strong><strong>da</strong> respeita<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los. A gover<strong>na</strong>ção enquanto conjunto <strong>de</strong>processos associa<strong>do</strong>s com a toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão e sua implementação, envolve um conjunto <strong>de</strong>actores que tem <strong>de</strong> ser estrutura<strong>do</strong>s para se obterem sistemas úteis. O governo po<strong>de</strong> ser entendi<strong>do</strong>como um <strong>de</strong>stes actores. Deste mo<strong>do</strong>, a gover<strong>na</strong>ção po<strong>de</strong> ser toma<strong>da</strong> como um alia<strong>do</strong> <strong>do</strong> governopara li<strong>da</strong>r com esta nova reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento que sematerializa perante nós a uma veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> vertiginosa.As fronteiras digitais constituem uma nova preocupação e impõem-se como um <strong>do</strong>s elementos<strong>de</strong> sobrevivência <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e <strong>da</strong> sua soberania. A resposta que a e-gover<strong>na</strong>ção proporcio<strong>na</strong> étambém um potencial recurso para reestabelecer os equilíbrios entretanto perdi<strong>do</strong>s com a crisefi<strong>na</strong>nceira, <strong>de</strong>pois económica e agora social, inicia<strong>da</strong> em Setembro <strong>de</strong> 2008, mas com raízestemporais mais profun<strong>da</strong>s.Este estu<strong>do</strong>, apresenta uma visão partilha<strong>da</strong> que preten<strong>de</strong> ser diferente e <strong>de</strong>ssa forma contribuirpara a discussão <strong>do</strong>s caminhos que valerá a pe<strong>na</strong> trilhar <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong>Conhecimento neste nosso território. O estu<strong>do</strong> inclui um conjunto <strong>de</strong> recomen<strong>da</strong>ções que seapresentam <strong>de</strong> forma sucinta. Foi objectivo principal criar um <strong>do</strong>cumento que pu<strong>de</strong>sse ser li<strong>do</strong> <strong>de</strong>3 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimentoforma rápi<strong>da</strong> e <strong>do</strong> qual pu<strong>de</strong>ssem ser extraí<strong>da</strong>s (muitas) mensagens Twitter (as mo<strong>de</strong>r<strong>na</strong>s citações<strong>da</strong>s re<strong>de</strong>s sociais).A organização <strong>do</strong> texto é em si, diversa <strong>da</strong> <strong>de</strong> outros estu<strong>do</strong>s <strong>da</strong> APDSI, agregan<strong>do</strong> um conjunto<strong>de</strong> testemunhos assi<strong>na</strong><strong>do</strong>s que contribuem, to<strong>do</strong>s em conjunto, para uma uni<strong>da</strong><strong>de</strong> maior que émúltipla, diversifica<strong>da</strong> e, acredita-se, <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Esta última garanti<strong>da</strong> pelo contributocompetente e disponível <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um <strong>do</strong>s especialistas que se prestaram a colaborar e partilhar oseu conhecimento. Enquanto coor<strong>de</strong><strong>na</strong><strong>do</strong>r <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong>, assumo <strong>na</strong>turalmente as suas falhas e ofacto <strong>de</strong> se tratar <strong>de</strong> um trabalho incompleto e em curso, tal e qual as versões beta <strong>do</strong>s bens quecaracterizam esta admirável e <strong>de</strong>safia<strong>do</strong>ra transição <strong>de</strong> século em que temos a fortu<strong>na</strong> <strong>de</strong> viver.O estu<strong>do</strong> é composto por duas partes, um corpo on<strong>de</strong> são enquadra<strong>do</strong>s os tópicos consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>srelevantes para o tema <strong>da</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento e umvolume que contém as contribuições individuais para o presente estu<strong>do</strong>. No fi<strong>na</strong>l <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong>são apresenta<strong>da</strong>s um conjunto <strong>de</strong> recomen<strong>da</strong>ções, orienta<strong>da</strong>s para a promoção <strong>de</strong> uma reflexãoque é necessário realizar para actuar numa área tão sensível (e ain<strong>da</strong> tão necessita<strong>da</strong> <strong>de</strong> acçãopensa<strong>da</strong>) <strong>do</strong> nosso Esta<strong>do</strong>.4 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> ConhecimentoO DigitalNew media<strong>da</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong> huma<strong>na</strong> é ca<strong>da</strong> vez mais <strong>de</strong> base digital – os custos <strong>de</strong>estar fora <strong>do</strong> circuito digital são ca<strong>da</strong> vez maiores e muitos são ossectores on<strong>de</strong> tal se tor<strong>na</strong> já insuportável.O po<strong>de</strong>r <strong>do</strong> digital <strong>do</strong> digital impõe-se por si. A possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>codificar <strong>da</strong><strong>do</strong>s e informação numa base comum, tor<strong>na</strong> oscomputa<strong>do</strong>res um objecto central <strong>da</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong> huma<strong>na</strong>. Facilita atroca, interacção e representação simbólica. Suporta a activi<strong>da</strong><strong>de</strong>criativa, mas também as necessárias e sempre presentes activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<strong>de</strong> coman<strong>do</strong> e controle. Permite a reutilização <strong>de</strong> esforçosanteriores, a integração <strong>de</strong> sistemas e <strong>de</strong> informação. O suporterelacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s e o cruzamento <strong>de</strong> informação.Em muitos aspectos <strong>da</strong> nossa socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, o uso <strong>do</strong> digital permitiuum aumento <strong>de</strong> escala e <strong>de</strong> complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> no tratamento <strong>do</strong>simbólico. Um exemplo é o conceito <strong>de</strong> new media, que permiteuma nova aveni<strong>da</strong> <strong>de</strong> expressão para o conhecimento humano e serevela, em muitos casos, uma nova linguagem para o interpretar.O recurso ao digital também atingiu escolas, empresas e Esta<strong>do</strong>s. Ouso <strong>de</strong> facili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> e-learning, e-business e e-government sãoexemplos disso.e-businesse-learning,As manifestações <strong>de</strong> <strong>de</strong> e-learning, e-business e e-governmentconstituem também oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nça ou, pelo menos, <strong>de</strong>repensar o uso <strong>de</strong> tecnologias e sistemas <strong>de</strong> informação ao serviço<strong>da</strong>s práticas e <strong>de</strong> <strong>da</strong>r respostas ao merca<strong>do</strong>. Mais óbvio no caso <strong>de</strong>sistemas <strong>de</strong> informação (<strong>na</strong> sua operacio<strong>na</strong>lização <strong>de</strong> tecnologia,organização e recursos humanos), cria novas oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>repensar o uso <strong>de</strong> recursos disponível em prol <strong>de</strong> novos produtos eserviços, <strong>na</strong> inovação ou simplesmente como forma <strong>de</strong> promoverincrementos <strong>de</strong> valor acrescenta<strong>do</strong>, <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, ou <strong>de</strong>produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Mais recentemente, existe ain<strong>da</strong> a consi<strong>de</strong>rar asoportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> luta com o <strong>de</strong>sperdício e <strong>de</strong>ssa forma assegurar asobrevivência <strong>da</strong>s bolsas <strong>de</strong> competência e capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s existentes<strong>na</strong>s organizações.Novas formas <strong>de</strong> fazer negócio são necessárias. Novas formas <strong>de</strong>assegurar a formação e o treino contínuo <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a evitar ausênciae quebra <strong>de</strong> continui<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalho também. No contexto <strong>da</strong>sorganizações, o conceito <strong>de</strong> “em formação contínua” ganha a<strong>de</strong>ptose revela como ocorrência mais comum <strong>da</strong> formação ao longo <strong>da</strong>vi<strong>da</strong> e sua aplicação mais evi<strong>de</strong>nte, o e-learning.6 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimentoe-governmentEm especial, o e-government é um facilita<strong>do</strong>r <strong>de</strong> tempos e umindutor <strong>de</strong> respostas <strong>da</strong>s organizações. Pelo papel <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança eregulação que lhe está associa<strong>do</strong> po<strong>de</strong> induzir práticas <strong>de</strong> basedigital e fomentar o acesso e disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> informaçãoagrega<strong>da</strong> sobre o merca<strong>do</strong> tão correcta e imediata quanto asorganizações envolvi<strong>da</strong>s assim cumpram os requisitos <strong>de</strong> reporte equali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> informação.Nas várias dimensões <strong>do</strong> e-government inclui-se a e-participação,entendi<strong>da</strong> como uma <strong>da</strong>s áreas <strong>de</strong> maior impacto, permitin<strong>do</strong> areinvenção <strong>da</strong> recolha <strong>de</strong> opinião pública e <strong>da</strong> vonta<strong>de</strong> popular, numoutro ciclo <strong>de</strong> tempo que o eleitoral e <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> bem mais flexívelque potencia a responsabilização e o envolvimento <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> diverso<strong>do</strong> estabeleci<strong>do</strong>, mesmo nos nossos dias. A crescente on<strong>da</strong> <strong>de</strong>petições <strong>de</strong> base electrónica que circulam e são promovi<strong>da</strong>s <strong>na</strong>Internet ain<strong>da</strong> não encontram os mecanismos <strong>de</strong> tratamento e <strong>de</strong>reporte associa<strong>do</strong>s com os ritmos <strong>da</strong> sua divulgação e recolha –quem sabe o que aconteceu às petições <strong>de</strong> que foi sig<strong>na</strong>tário ou <strong>da</strong>squais teve conhecimento nos últimos anos?Excesso <strong>de</strong>informaçãoUm <strong>do</strong>s <strong>de</strong>safios centrais <strong>do</strong>s países <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s é o excesso <strong>de</strong>informação. O excesso <strong>de</strong> informação po<strong>de</strong> ser entendi<strong>do</strong> como oresulta<strong>do</strong> combi<strong>na</strong><strong>do</strong> <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> informação, <strong>do</strong> seu débito efrequência; <strong>da</strong> complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> seu tratamento e <strong>da</strong> multiplici<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> ca<strong>na</strong>is, bem como <strong>da</strong> verificação <strong>da</strong> sua veraci<strong>da</strong><strong>de</strong>. Face aoexponencial crescimento <strong>da</strong>s solicitações associa<strong>da</strong>s com ainformação, às pressões para li<strong>da</strong>r com este recurso em tempo equali<strong>da</strong><strong>de</strong>, o fenómeno <strong>do</strong> excesso <strong>de</strong> informação está <strong>na</strong> primeiralinha <strong>de</strong> combate para o bom funcio<strong>na</strong>mento <strong>da</strong>s organizações. Aredução, contenção ou mesmo elimi<strong>na</strong>ção <strong>da</strong> sua ocorrênciacontribui em muito para o aumento <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão e <strong>do</strong>trabalho <strong>do</strong>s indivíduos.As implicações <strong>do</strong> excesso <strong>de</strong> informação para os recursos humanossão várias. Alem <strong>da</strong> <strong>na</strong>tural influência <strong>na</strong>s per<strong>da</strong>s <strong>de</strong> tempo ediminuição <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, tem efeitos ao nível <strong>do</strong> stresse<strong>de</strong> trabalho e é visto em muitos países como um problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>pública. A sobrecarga cognitiva origi<strong>na</strong><strong>da</strong> por este fenómeno é bemevi<strong>de</strong>nte <strong>na</strong> forma como gerimos as nossas tarefas e o tempo,expandin<strong>do</strong> o tempo profissio<strong>na</strong>l não produtivo <strong>de</strong> tal forma, quetem consequências <strong>na</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalho e também <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>.O digital tem servi<strong>do</strong>, pelo uso <strong>de</strong> computa<strong>do</strong>res e re<strong>de</strong>s erespectivos serviços (<strong>de</strong> que a Internet e em especial a World Wi<strong>de</strong>7 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento2. O Contexto ActualA Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação está basea<strong>da</strong> <strong>na</strong>s Tecnologias <strong>de</strong>Informação e Comunicação (TICs) que envolvem a aquisição, oarmaze<strong>na</strong>mento, o processamento e a distribuição <strong>da</strong> informação pormeios electrónicos, como a rádio, a televisão, o telefone e oscomputa<strong>do</strong>res e re<strong>de</strong>s, entre outros.Essas tecnologias não transformam a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> por si só, mas sãoutiliza<strong>da</strong>s pelas pessoas nos seus contextos sociais, económicos epolíticos, crian<strong>do</strong> pela a<strong>do</strong>pção <strong>de</strong> novas práticas, novas reali<strong>da</strong><strong>de</strong>s.A importância <strong>do</strong> conhecimento e <strong>do</strong>s indivíduos como motores <strong>do</strong><strong>de</strong>senvolvimento e produção <strong>de</strong> informação e concretiza<strong>do</strong>res <strong>da</strong>acção, leva a que surjam as <strong>de</strong>sig<strong>na</strong>ções <strong>de</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>conhecimento ou socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> informação e <strong>do</strong> conhecimento.Embora actualmente se utilize com maior frequência estas últimas<strong>de</strong>sig<strong>na</strong>ções, os conceitos associa<strong>do</strong>s e as propostas no plano teóricoapresenta<strong>da</strong>s para a Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação mantêm-se váli<strong>da</strong>s.Origens <strong>do</strong> conceitoSocie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>InformaçãoSocie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>InformaçãoCaracterísticas <strong>da</strong>Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> InformaçãoO conceito <strong>de</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação surgiu <strong>do</strong>s trabalhos <strong>de</strong>Alain Touraine (1971) e Daniel Bell (1973) sobre as influências <strong>do</strong>savanços tecnológicos <strong>na</strong>s relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong> ainformação como ponto central <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> contemporânea.Assim, a Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação enquanto conceito, é utiliza<strong>do</strong>para <strong>de</strong>screver uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e uma economia que faz o melhor usopossível <strong>da</strong>s Tecnologias <strong>de</strong> Informação e Comunicação no senti<strong>do</strong><strong>de</strong> li<strong>da</strong>r com a informação, e que toma esta como elemento central<strong>de</strong> to<strong>da</strong> a activi<strong>da</strong><strong>de</strong> huma<strong>na</strong> (Castells, 2001). Apesar <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, não éa tecnologia o elemento crucial, mas sim o que esta po<strong>de</strong> potenciar<strong>na</strong>s relações entre indivíduos e indivíduos e as organizações.Uma <strong>de</strong>finição mais formal para Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação éavança<strong>da</strong> por Gouveia e Gaio (2004), que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m que se trata <strong>de</strong>uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> que recorre pre<strong>do</strong>mi<strong>na</strong>ntemente às Tecnologias <strong>da</strong>Informação e Comunicação para a troca <strong>de</strong> informação em formatodigital, suportan<strong>do</strong> a interacção entre indivíduos e entre estes einstituições, recorren<strong>do</strong> a práticas e méto<strong>do</strong>s em construçãopermanente – colocan<strong>do</strong> o digital e a mu<strong>da</strong>nça como elementoscentrais, <strong>de</strong>sta transformação.Em consequência, po<strong>de</strong>m ser enumera<strong>da</strong>s as seguintescaracterísticas para a Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação (Gouveia, 2006):9 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento• utilização <strong>da</strong> informação como recurso estratégico;• utilização intensiva <strong>da</strong>s Tecnologias <strong>de</strong> Informação eComunicação;• basea<strong>da</strong> <strong>na</strong> interacção pre<strong>do</strong>mi<strong>na</strong>ntemente digital entreindivíduos e instituições;• recorrer a formas diversas <strong>de</strong> “fazer as (mesmas e novas)coisas”, basea<strong>da</strong>s no digital.ImplicaçõesA componenteTecnologias <strong>de</strong>InformaçãoA Europa e aSocie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>InformaçãoA construção <strong>da</strong>Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>InformaçãoInevitavelmente, existem implicações <strong>de</strong> carácter político. Existemautores, como Ramonet (2002), para quem as Tecnologias <strong>de</strong>Informação e Comunicação jogam um papel i<strong>de</strong>ológico central para<strong>do</strong>mesticar o pensamento. Este autor, <strong>da</strong> mesma forma que advoga ainfluência <strong>da</strong>s TICs <strong>na</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> igualmente que a riqueza<strong>da</strong>s <strong>na</strong>ções é resulta<strong>do</strong>, no século XXI, <strong>da</strong> massa cinzenta, <strong>do</strong> saber,<strong>da</strong> informação, <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> inovação e já não <strong>da</strong> produção e<strong>da</strong>s matérias-primas (Ramonet, 2002).Parece pois existir a tentação <strong>de</strong> tomar as TICs como óptimasoportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s para mol<strong>da</strong>r novos hábitos e influenciarcomportamentos profissio<strong>na</strong>is e mesmo sociais. As políticasassocia<strong>da</strong>s à Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação, nomea<strong>da</strong>mente as iniciativas<strong>na</strong> União Europeia, como é o caso o eEurope e, mais recentemente oi2010 constituem exemplos <strong>de</strong>ssa abor<strong>da</strong>gem.Ao contrário <strong>do</strong> i2010 (único plano i<strong>de</strong>aliza<strong>do</strong> após o 11 <strong>de</strong>Setembro), o plano <strong>de</strong> acção eEurope 2002 era <strong>de</strong> largo espectro,ten<strong>do</strong> consegui<strong>do</strong> o objectivo <strong>de</strong> colocar a Internet no topo <strong>da</strong>agen<strong>da</strong> política europeia. O plano <strong>de</strong> acção eEurope 2005 era maisfoca<strong>do</strong>, incidin<strong>do</strong> no acesso efectivo, <strong>na</strong> utilização e <strong>na</strong>disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Internet. Dessa forma, o eEurope 2005 colocavaos utiliza<strong>do</strong>res no centro, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e utilizaçãogeneraliza<strong>da</strong> <strong>da</strong>s re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ban<strong>da</strong> larga, a segurança <strong>da</strong>s re<strong>de</strong>s e <strong>da</strong>informação, a Administração Pública em linha, o ensino em linha, asaú<strong>de</strong> em linha e os negócios em linha. Por sua vez, o i2010 foca-se<strong>na</strong>s palavras chave <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, <strong>da</strong> convergência <strong>de</strong> serviços, <strong>da</strong>inovação, <strong>da</strong>s pessoas e impacto <strong>na</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>na</strong> gestão <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>(implican<strong>do</strong> uma maior preocupação com a gover<strong>na</strong>ção).A construção <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação é feita ten<strong>do</strong> em atençãoos indivíduos, fomentan<strong>do</strong> as suas competências, nomea<strong>da</strong>menteassocia<strong>da</strong>s à informação, à comunicação e à obtenção <strong>de</strong> umacultura digital. A Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação é vista como umasocie<strong>da</strong><strong>de</strong> on<strong>de</strong> as interacções entre indivíduos e entre indivíduos eorganizações são maioritariamente realiza<strong>da</strong>s com mediação <strong>da</strong>s10 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> ConhecimentoTICs, <strong>de</strong> base digital. Esta perspectiva está <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com ai<strong>de</strong>ologia <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l associa<strong>da</strong> com a Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e queé inicialmente especifica<strong>da</strong> em MSI (1997) e confirma<strong>da</strong> pelaUMIC (2003). Este mesmo plano foi objecto <strong>de</strong> reprogramação pelo<strong>de</strong>sig<strong>na</strong><strong>do</strong> Programa Operacio<strong>na</strong>l Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> Conhecimento2000-2006 (POSC, 2004), on<strong>de</strong> são visíveis nove eixos prioritáriosface aos sete eixos consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s pelo anterior programa operacio<strong>na</strong>lSocie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação (POSI, 2000).Mais recentemente, como resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong>s eleições legislativas <strong>de</strong>Fevereiro <strong>de</strong> 2005 e <strong>de</strong>corrente <strong>do</strong> programa <strong>do</strong> XVI GovernoConstitucio<strong>na</strong>l é proposto o Plano Tecnológico em que se preten<strong>de</strong>uma orientação estratégica em torno <strong>de</strong> quatro gran<strong>de</strong>s eixos: (1)reforço <strong>da</strong> mobilização social para a Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação emPortugal; (2) impulsio<strong>na</strong>r a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> inovação e ofomento <strong>do</strong> esforço priva<strong>do</strong> em I&D empresarial <strong>de</strong> forma aincrementar a cultura cientifica; (3) reforçar a aposta <strong>na</strong> qualificação<strong>de</strong> recursos humanos (Comunicações, 2005).Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>Informação emPortugalEm Portugal, a Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação conta já com uma déca<strong>da</strong><strong>de</strong> investimento público. Segun<strong>do</strong> a opinião <strong>de</strong> diversosespecialistas, apesar <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os investimentos, a literacia digital(entendi<strong>da</strong> como competências <strong>de</strong> manipulação <strong>de</strong> computa<strong>do</strong>res ere<strong>de</strong>s e sua exploração) continua baixa, faltan<strong>do</strong> recursos humanosem quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> suficiente para li<strong>da</strong>r com as tecnologias <strong>de</strong>informação (Ramos, 2008).Ten<strong>do</strong> em conta o estu<strong>do</strong> A Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação em Portugal2008 (UMIC, 2009), existe em Portugal uma <strong>da</strong>s taxas <strong>de</strong> acesso àInternet mais eleva<strong>da</strong> <strong>da</strong> União Europeia para pessoas com níveleducacio<strong>na</strong>l secundário (87%) e superior (91%), ocupan<strong>do</strong> o país,respectivamente, o quinto e décimo lugares, entre os 27 Esta<strong>do</strong>smembros(Ramos, 2008).No entanto, a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> mostra que apesar <strong>de</strong>stes números positivos,ape<strong>na</strong>s 39% <strong>do</strong>s agrega<strong>do</strong>s familiares dispõem <strong>de</strong> ligações <strong>de</strong> ban<strong>da</strong>larga – registe-se que estes <strong>da</strong><strong>do</strong>s estão disponíveis para consulta eutilização em formato MS Excel em http://www.umic.pt.Desafio!Esta assimetria mostra também um <strong>do</strong>s <strong>de</strong>safios essenciais emPortugal que é a qualificação <strong>do</strong>s seus ci<strong>da</strong>dãos – os númerosindicam ain<strong>da</strong> uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> muito marca<strong>da</strong> pela baixa qualificaçãoque se traduz <strong>de</strong> muitas formas tais como a apresenta<strong>da</strong>, provocan<strong>do</strong>assimetrias difíceis <strong>de</strong> combater e que geram, ou pelo menos11 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimentoamplificam, <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>s.Um outro exemplo é o bom número <strong>da</strong>s empresas <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is commais <strong>de</strong> 10 trabalha<strong>do</strong>res com ligação à Internet (90%) e acesso àban<strong>da</strong> larga (76%). No entanto, a maioria <strong>do</strong> teci<strong>do</strong> económico éconstituí<strong>do</strong> por microempresas e para estas os números não sãosatisfatórios: ape<strong>na</strong>s 4 em ca<strong>da</strong> 10 utiliza Internet (e <strong>de</strong>stas, ape<strong>na</strong>sum terço possui ban<strong>da</strong> larga); a interacção com o Esta<strong>do</strong> que possuium grau <strong>de</strong> digitalização óptimo (100% <strong>na</strong> administração públicacentral, com 89% a prover serviços <strong>de</strong>ssa forma), ape<strong>na</strong>s é feita por26% <strong>da</strong>s microempresas (Ramos, 2008).O exemplo Português é um excelente exemplo <strong>do</strong>s esforçosrealiza<strong>do</strong>s para a construção <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong>Conhecimento. Estes tiveram início no Livro Ver<strong>de</strong> para aSocie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação em Portugal (MSI, 1997) e que em <strong>de</strong>zanos contabilizou um investimento apreciável, mobilizou a classepolítica e civil e envolveu o sector económico e as instituições <strong>de</strong>ensino superior <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a permitir uma ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira revolução <strong>de</strong>competências e <strong>de</strong> práticas que, apesar <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o esforço, ain<strong>da</strong>exige mais tempo, esforço e investimento para produzir os efeitos<strong>de</strong>seja<strong>do</strong>s. Uma obra que reflecte sobre a Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informaçãoem Portugal foi recentemente publica<strong>da</strong> (Coelho, 2007) com opatrocínio <strong>da</strong> Associação Portuguesa para o Desenvolvimento <strong>da</strong>Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação (APDSI – http://www.apdsi.pt).Implicações para oindivíduoCNPDA nossa relação huma<strong>na</strong> com o que nos ro<strong>de</strong>ia é (ain<strong>da</strong>...)<strong>de</strong>termi<strong>na</strong><strong>da</strong> pela nossa relação física e as restrições que o a<strong>na</strong>lógicocoloca ao espaço e ao tempo.A análise <strong>da</strong>s implicações <strong>de</strong> agregar, com o digital, o virtual e oreal tem <strong>de</strong> ter em atenção o exercício <strong>de</strong> verificação <strong>de</strong> como oespaço e o tempo são transforma<strong>do</strong>s <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a que garantam osreferenciais <strong>de</strong> equilíbrio e bem estar para ca<strong>da</strong> indivíduo. Mastambém tem <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar os necessários níveis <strong>de</strong> controlo eenquadramento <strong>da</strong> monitorização <strong>da</strong>s suas activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s – um aspecto<strong>de</strong> equilíbrio difícil e que se traduz num elemento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> política (quais os limites <strong>do</strong>s direitos, liber<strong>da</strong><strong>de</strong>s egarantias) – questões sempre complexas, como é possível verificarem aspectos como a i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> digital, o uso <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o vigilância emlocais públicos e o cartão único. Alguns <strong>de</strong>stes aspectos estão, nocontexto <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, sob a guar<strong>da</strong> <strong>da</strong> Comissão Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Protecção<strong>de</strong> Da<strong>do</strong>s (CNPD – http://www.cnpd.pt) – organismo comcapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> efectiva <strong>de</strong> marcar o ritmo <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e12 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> ConhecimentoAnytime, anyplace,anyhow and anythingconstrução <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação em Portugal. No entanto, aubiqui<strong>da</strong><strong>de</strong> associa<strong>da</strong> com o digital permite acrescentar vários graus<strong>de</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong>, influencian<strong>do</strong> o mo<strong>do</strong> como interagimos com os<strong>de</strong>mais.Deste mo<strong>do</strong>, as mu<strong>da</strong>nças <strong>de</strong> relação com o espaço e tempo são asmais óbvias: as tecnologias <strong>de</strong> informação e comunicaçãoproporcio<strong>na</strong>ram a promessa, mais ou menos operacio<strong>na</strong>l <strong>do</strong> célebre“a qualquer tempo, em qualquer lugar” ten<strong>do</strong> reinventa<strong>do</strong> amobili<strong>da</strong><strong>de</strong>.A vulgarização <strong>do</strong> digital e a crescente popularização <strong>de</strong> práticas,serviços e conteú<strong>do</strong>s digitais veio proporcio<strong>na</strong>r um novo lema queesten<strong>de</strong> o primeiro: “<strong>de</strong> qualquer mo<strong>do</strong>, com qualquer coisa”. Àmedi<strong>da</strong> que o primeiro lema se solidifica em práticas, o segun<strong>do</strong>lema vai ganhan<strong>do</strong> contornos mais níti<strong>do</strong>s e mais ocorrências <strong>do</strong>nosso dia a dia o confirmam.Tal tem implicações <strong>na</strong> forma como nos organizamos, quer emempresas, quer no estabelecimento <strong>de</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s e grupos <strong>de</strong>trabalho. Tal exige uma ética digital. Tal terá necessariamente quese repercutir <strong>na</strong> forma como a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> se organiza e é gover<strong>na</strong><strong>da</strong>.13 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento14 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento3. A Economia <strong>do</strong> ConhecimentoEmbora o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> contexto <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento sejaessencialmente o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> recurso a tecnologias <strong>de</strong> informação e comunicação, assuas implicações e o seu impacto no indivíduo, <strong>na</strong>s organizações e <strong>na</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>,não se esgota nestes temas.Crise <strong>do</strong>subprimeUma <strong>da</strong>s suas dimensões essenciais é <strong>de</strong> <strong>na</strong>tureza económica. Em particular, osacontecimentos <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2008, com o eclodir <strong>da</strong> crise <strong>do</strong> subprime, tor<strong>na</strong>main<strong>da</strong> mais sensível esta dimensão, com impacto directo e mesmo imediato <strong>na</strong><strong>de</strong>finição <strong>da</strong>s priori<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> acção. A complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s produtos associa<strong>do</strong>s com aorganização <strong>de</strong> créditos e produtos fi<strong>na</strong>nceiros associa<strong>do</strong>s reforçam ain<strong>da</strong> mais ocarácter <strong>de</strong> transição e ruptura eminente em que práticas tradicio<strong>na</strong>is nãoproporcio<strong>na</strong>m respostas a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s para a resolução <strong>de</strong> <strong>de</strong>safios, mesmo <strong>de</strong> curto emédio prazo.Figura 1: Sucessão <strong>de</strong> acontecimentos que anunciam uma transformaçãoÉ possível verificar, em maior ou menor grau, o recurso a meios digitais, ainfluência <strong>da</strong> globalização e mesmo <strong>da</strong>s preocupações com o ambiente, queintroduziram práticas diferencia<strong>da</strong>s e que contribuíram para uma sucessão <strong>de</strong>acontecimentos associa<strong>do</strong>s com o território e a transformação <strong>de</strong> percepção e uso<strong>do</strong> espaço e <strong>do</strong> tempo. Estas transformações terão <strong>na</strong>turalmente consequências <strong>na</strong>forma como nos organizamos e quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, obrigan<strong>do</strong> a novas formas <strong>de</strong>relacio<strong>na</strong>mento – face a rupturas eminentes, a proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> expectável <strong>de</strong>ssastransformações é bem mais provável.Um outro aspecto é o <strong>da</strong> transformação progressiva <strong>do</strong> papel <strong>do</strong> território comoelemento integra<strong>do</strong>r <strong>de</strong> práticas digitais projecta<strong>da</strong>s globalmente, mas capazes <strong>de</strong>criar e <strong>de</strong>senvolver dinâmicas <strong>de</strong> centralização próprias, basea<strong>da</strong>s em fenómenos <strong>de</strong>re<strong>de</strong>. Este aspecto é muitas vezes i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> com o conceito <strong>de</strong> glocalização, que15 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> ConhecimentoGlocalizaçãoi<strong>de</strong>ntifica a perso<strong>na</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> local (<strong>na</strong>s suas dimensões sociais e culturais) face àprojecção global, imposta pelo fenómeno <strong>da</strong> globalização.Geometriavariável e ovariável comoinvarianteA situação actual, caracteriza<strong>da</strong> por ser muito volátil e mutável, é difícil <strong>de</strong>caracterizar face aos tradicio<strong>na</strong>is mo<strong>de</strong>los económicos e dificulta a opção porperspectivas mais ou menos estáveis. As variáveis mu<strong>da</strong>m a as suas relaçõestambém, sen<strong>do</strong> objecto <strong>de</strong> recombi<strong>na</strong>ção. Deste mo<strong>do</strong>, a geometria variável edinâmica com que se percepcio<strong>na</strong> a reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, permite constatar que o factor <strong>de</strong>mu<strong>da</strong>nça é agora uma constante. Neste contexto, tanto os esforços <strong>de</strong> análise ediagnóstico tem <strong>de</strong> ser rapi<strong>da</strong>mente transporta<strong>do</strong>s para a prática, para seremefectivos, como a sua prática se tem tor<strong>na</strong><strong>do</strong> mais interactiva e basea<strong>da</strong> <strong>na</strong> acção –reflexão, ao invés <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s prelimi<strong>na</strong>res <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, cujo o própriotempo <strong>de</strong> realização os tor<strong>na</strong> obsoletos.GlobalizaçãoO digital e a sua relação com a Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento éóbvia. No entanto, mesmo a sua influência com o fenómeno <strong>da</strong> globalização <strong>de</strong>veser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>. São diversas as suas implicações (Gouveia e al., 2009):• Globalização <strong>da</strong>s fi<strong>na</strong>nças e capitais;• Globalização <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s e estratégias (em particular a concorrência);• Globalização <strong>da</strong> tecnologia e <strong>do</strong> conhecimento;• Globalização <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, <strong>do</strong>s padrões <strong>de</strong> consumo - globalizaçãocultural;• Globalização <strong>da</strong>s capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s regula<strong>do</strong>ras e <strong>de</strong> gover<strong>na</strong>ção.Uma discussão exaustiva <strong>da</strong>s alterações no sistema inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l provoca<strong>da</strong>s pelofenómeno <strong>da</strong> globalização é realiza<strong>da</strong> Gouveia e al. (2009). Neste contexto cabemenormes oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s a que correspon<strong>de</strong>m <strong>de</strong>safios <strong>de</strong> igual dimensão e quepotenciam o efeito <strong>da</strong> guerra <strong>da</strong> informação e <strong>de</strong> diluição <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s face às suasfronteiras físicas.Importa pois, consi<strong>de</strong>rar também o carácter <strong>de</strong> risco associa<strong>do</strong> a estes complexosprocessos <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nça que colocam em causa os mais elementares princípiosassocia<strong>da</strong>s com a <strong>de</strong>fesa e segurança (física, económica, <strong>de</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>pública, <strong>de</strong> ambiente entre outros aspectos).O digital comoelemento <strong>de</strong>mu<strong>da</strong>nçaRetoman<strong>do</strong> o esquema <strong>da</strong> figura 1, as questões <strong>da</strong> segurança e <strong>de</strong>fesa e <strong>da</strong>economia, bem como a questão <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, formam um triângulo <strong>de</strong>factores que po<strong>de</strong>m ser enquadra<strong>do</strong>s com as questões associa<strong>da</strong>s com a Socie<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>da</strong> Informação, com o fenómeno <strong>da</strong> Globalização e com o Desenvolvimento16 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> ConhecimentoSustentável, conforme ilustra<strong>do</strong> <strong>na</strong> figura 2.A figura 2 sugere o digital como uma vaga <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nça que está sucessivamente acobrir aspectos essenciais <strong>da</strong> nossa socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, provocan<strong>do</strong> mu<strong>da</strong>nças <strong>de</strong> paradigma(com os custos, resistências e sal<strong>do</strong>s normais em processos <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nça!).Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informaçãoe <strong>do</strong> Conhecimentodigitalsegurançae <strong>de</strong>fesaquali<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> vi<strong>da</strong>GlobalizaçãodigitaleconomiaDesenvolvimentosustentávelFigura 2: A evolução <strong>do</strong> digital face à globalização e à Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> InformaçãoEconomia <strong>do</strong>ConhecimentoCaracterísticas<strong>da</strong> Economia<strong>do</strong>ConhecimentoO ponto <strong>de</strong> contacto seguinte é a Economia (aju<strong>da</strong>n<strong>do</strong> o digital a <strong>de</strong>senvolver umaeconomia basea<strong>do</strong> no conhecimento). As transformações <strong>da</strong> economia sãoevi<strong>de</strong>ntes. Segun<strong>do</strong> Amaral et al. (2007), a economia <strong>do</strong> conhecimento enquadra aactivi<strong>da</strong><strong>de</strong> on<strong>de</strong> o capital intelectual (associa<strong>do</strong> com a informação e oconhecimento), está a substituir o capital e a energia, como estes tinham substituí<strong>do</strong>a terra e o trabalho há 200 anos. Deste mo<strong>do</strong>, são adicio<strong>na</strong><strong>do</strong>s como factores <strong>de</strong>produção principais, além <strong>do</strong> capital e <strong>do</strong> trabalho, também o conhecimento,entendi<strong>do</strong> como capital intelectual.Deste mo<strong>do</strong>, o conhecimento constitui-se como um activo essencial neste novo tipo<strong>de</strong> economia. Amaral et al. (2007), <strong>de</strong>screve três características que <strong>de</strong>finem oconhecimento, enquanto característica económica: ser um bem não rival; serparcialmente exclusivo; e ser cumulativo.A combi<strong>na</strong>ção <strong>de</strong>stas características po<strong>de</strong> potenciar sinergias <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> intensi<strong>da</strong><strong>de</strong>,só limita<strong>da</strong>s pelo facto <strong>do</strong> conhecimento ser parcialmente localizável e ser17 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimentofragmenta<strong>do</strong> e disperso, isto é, existe a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> mapear fisicamente os locaisfísicos <strong>da</strong> sua ocorrência, revelan<strong>do</strong> assim a importância <strong>do</strong> território.Estes autores acrescentam ain<strong>da</strong> que a produção <strong>de</strong> conhecimento po<strong>de</strong>r ser obti<strong>da</strong>através <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> busca ou coor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção, quer digitais quer presenciais,proporcio<strong>na</strong>n<strong>do</strong> quatro combi<strong>na</strong>ções possíveis (figura 3).<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>da</strong>produção <strong>de</strong>conhecimento<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong>... tradicio<strong>na</strong>l digitalbusca Investigação & Apren<strong>de</strong>r a fazer<strong>de</strong>senvolvimento (mo<strong>de</strong>lo<strong>da</strong> ciência)coor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção Integração formal Integração informalFigura 3: <strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> conhecimento (Amaral et al., 2007).Da<strong>do</strong>s,informação,conhecimentoe sabe<strong>do</strong>riaUm aspecto essencial <strong>da</strong> Economia <strong>do</strong> Conhecimento é a sua relação com ainformação. De facto, nem to<strong>da</strong> a informação é igual e, entre o seu uso corrente euma perspectiva mais rigorosa, é possível distinguir quatro níveis diferentes,possui<strong>do</strong>res <strong>de</strong> características próprias e a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s para diferentes tipos <strong>de</strong>representação, servin<strong>do</strong> igualmente diferentes propósitos. Ao contínuo <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s,informação, conhecimento e sabe<strong>do</strong>ria é possível associar uma elaboraçãocrescente <strong>de</strong> abstracção e estrutura, conforme ilustra<strong>do</strong> <strong>na</strong> figura 4.abstracção &complexi<strong>da</strong><strong>de</strong>simplificação<strong>do</strong> realsuporte à<strong>de</strong>cisãosuporte àacçãoestratégia eprevisão<strong>da</strong><strong>do</strong>sconhecimentoinformaçãosabe<strong>do</strong>riaestrutura& contextoFigura 4: Da<strong>do</strong>s, informação, conhecimento e sabe<strong>do</strong>ria18 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimentoquatro factores <strong>de</strong> valor (Kalakota e Robinson, 2001):Factores <strong>de</strong>valor• veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> serviço ou tempo <strong>de</strong> resposta: proporcio<strong>na</strong>r um serviço maisrápi<strong>do</strong>, um tempo <strong>de</strong> resposta menor, que leva a que seja consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> aalter<strong>na</strong>tiva que o proporcio<strong>na</strong> como mais a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>;• conveniência: assegurar a satisfação <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s num menor númeropossível <strong>de</strong> interacções, levan<strong>do</strong> a que to<strong>do</strong> o ciclo <strong>de</strong> fornecimento esteja omais integra<strong>do</strong> e operacio<strong>na</strong>l possível;• perso<strong>na</strong>lização: ca<strong>da</strong> utiliza<strong>do</strong>r/cliente gosta <strong>de</strong> ser trata<strong>do</strong> como umindivíduo único, esperan<strong>do</strong> que a oferta tenha em atenção as suasnecessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s específicas e que as satisfaça;• preço: este factor clássico continua a ser bastante importante. Preçosatractivos que sejam os a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s para o nível <strong>de</strong> serviço forneci<strong>do</strong> são os<strong>de</strong> maior potencial e, quanto mais baixos forem, mais assegura<strong>do</strong> está o seusucesso (nos preços e não necessariamente no negocio...).Nas organizações, os conceitos <strong>de</strong> valor, <strong>de</strong> eficácia e eficiência foram sempre umapreocupação recorrente. Além <strong>da</strong>s novas oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s que lhe estão associa<strong>da</strong>s, orecurso ao digital também é realiza<strong>do</strong> muitas vezes por questões que se pren<strong>de</strong>mcom ganhos associa<strong>da</strong>s a um ou mais <strong>de</strong> um <strong>de</strong>stes três conceitos (valor, eficácia eeficiência).ARPUOrganizações,sobrevivência eo digitalEm muitos negócios <strong>de</strong> exploração <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> comunicação, o tempo <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong>ser uma medi<strong>da</strong> útil, sen<strong>do</strong> substituí<strong>do</strong> pela forma como se aproveita esse mesmotempo. O rácio ARPU – Average Revenue per Unit, <strong>de</strong>fine o retorno que érealiza<strong>do</strong> por uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tempo. Consi<strong>de</strong>re-se um serviço móvel <strong>de</strong> telefone; neleestão incluí<strong>do</strong>s diversos serviços, sen<strong>do</strong> que num mesmo perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> tempo, umutiliza<strong>do</strong>r/cliente po<strong>de</strong> consumir voz, mensagens e outros serviços <strong>de</strong> valoracrescenta<strong>do</strong>, pelo que o consumo realiza<strong>do</strong> po<strong>de</strong> possuir um custo situa<strong>do</strong> emintervalos <strong>de</strong> valores significativos. A medi<strong>da</strong> ARPU, tem como objectivo fornecerum indica<strong>do</strong>r <strong>da</strong> eficiência <strong>de</strong> utilização <strong>da</strong> infra-estrutura <strong>de</strong> comunicações eserviços, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a comparar qual o potencial extraí<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> por uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>tempo.Valor, eficácia e eficiência traduzem as preocupações operacio<strong>na</strong>is <strong>da</strong>sorganizações no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> obterem os resulta<strong>do</strong>s pretendi<strong>do</strong>s para a sua existência.O que é entendi<strong>do</strong> como sen<strong>do</strong> o objectivo máximo <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> organização varia econdicio<strong>na</strong> a análise que é efectua<strong>da</strong> com os indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> valor, eficácia eeficiência. O próprio objectivo último <strong>da</strong>s organizações que actualmente sãoaceites, também po<strong>de</strong>m ser questio<strong>na</strong><strong>do</strong>s. A transformação <strong>da</strong>s organizações: <strong>do</strong>lucro e <strong>da</strong> distribuição <strong>de</strong> divi<strong>de</strong>n<strong>do</strong>s para o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável(organizações lucrativas versos organizações como comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s) é uma <strong>da</strong>stendências que são discuti<strong>da</strong>s actualmente. De igual forma, o facto <strong>de</strong> a informaçãoestar disponível em formato digital, <strong>de</strong> existir conectivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, tor<strong>na</strong> possível a um20 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento<strong>da</strong><strong>do</strong> instante avaliar <strong>de</strong> forma bem mais fácil o valor, a eficácia e a eficiência <strong>de</strong>uma operação. Essa facili<strong>da</strong><strong>de</strong> tor<strong>na</strong> possível, por sua vez, implementar a mu<strong>da</strong>nça<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> negócio <strong>de</strong> forma mais fácil e controla<strong>da</strong> – o que tor<strong>na</strong> o digital, nãouma opção, mas um requisito.Convergência<strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>s esemânticaNas organizações, <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> preocupação com os sistemas, segui<strong>da</strong>mente com osprocessos e, mais recentemente com os conteú<strong>do</strong>s, surge agora a preocupação coma semântica. A convergência <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>s, tor<strong>na</strong><strong>da</strong> possível por via <strong>da</strong> integração<strong>de</strong> serviços proporcio<strong>na</strong><strong>do</strong>s por computa<strong>do</strong>res e re<strong>de</strong>s, possibilitou o atingir umestádio <strong>de</strong> integração eleva<strong>do</strong>. Actualmente, as preocupações <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong>informação estão centra<strong>da</strong>s <strong>na</strong> interoperabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a permitir que,in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>do</strong>s contextos particulares, seja possível o relacio<strong>na</strong>mento e atroca <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s e informação entre diferentes aplicações e os indivíduos e asorganizações que as exploram. Esta convergência semântica é crucial para o<strong>de</strong>senvolvimento e sofisticação <strong>da</strong>s re<strong>de</strong>s.A importância<strong>do</strong> indivíduoDa discussão <strong>do</strong> digital e <strong>do</strong> seu impacto um aspecto ressalta: a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>consi<strong>de</strong>rar o indivíduo como um <strong>do</strong>s actores a quem <strong>de</strong>ve ser atribuí<strong>do</strong> um papelcentral. De facto, como é coloca<strong>do</strong> num <strong>do</strong>s relatórios <strong>do</strong>s Encontros <strong>da</strong> Arrábi<strong>da</strong>,promovi<strong>do</strong>s pela APDSI, o indivíduo passa a ser o ponto focal, pois é nele que seconcentra a informação e o conhecimento, elementos indispensáveis para ofuncio<strong>na</strong>mento <strong>da</strong>s actuais estruturas económica, política, social ou cultural(APDSI, 2003). Uma excelente discussão <strong>da</strong> componente social e <strong>do</strong><strong>de</strong>senvolvimento económico no contexto <strong>da</strong> Economia <strong>do</strong> Conhecimento érealiza<strong>da</strong> por Ama<strong>do</strong> <strong>da</strong> Silva et al. (2007).A importância<strong>da</strong>s re<strong>de</strong>sNeste contexto, a discussão <strong>de</strong> como se relacio<strong>na</strong>m os indivíduos e as suasorganizações é crucial para o <strong>de</strong>sempenho <strong>da</strong> Economia <strong>do</strong> Conhecimento.Deste mo<strong>do</strong>, fronteiras, conhecimento, território, informação, indivíduos e as re<strong>de</strong>ssão aspectos essenciais para a gover<strong>na</strong>ção. No seu conjunto possibilitam oselementos para a organização em re<strong>de</strong> – uma <strong>da</strong>s características distintivas <strong>da</strong>Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento.21 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento22 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento4. A Transição: a organização em re<strong>de</strong>Desafios <strong>do</strong>sgovernosColocam-se actualmente <strong>de</strong>safios novos aos po<strong>de</strong>res instituí<strong>do</strong>s, tal comose colocaram outrora no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> História. Po<strong>de</strong>-se argumentarque assistimos a uma fase <strong>de</strong> permanente mutação e que esta ocorre comuma aceleração muito gran<strong>de</strong>. A figura <strong>de</strong> retórica <strong>da</strong> “al<strong>de</strong>ia global” éassim extremamente realista: as on<strong>da</strong>s <strong>de</strong> choque <strong>de</strong> um pequeno tremor <strong>de</strong>terra político no Médio Oriente têm hoje um efeito mediático no Oci<strong>de</strong>nteincomparavelmente mais acentua<strong>do</strong> <strong>do</strong> que tinham há ape<strong>na</strong>s duas déca<strong>da</strong>santes (Gouveia e tal., 2009).Estas circunstâncias obrigam a um conhecimento profun<strong>do</strong> <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, auma busca permanente e contínua <strong>de</strong> informação, a uma eleva<strong>da</strong>flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> a<strong>da</strong>ptação/reacção <strong>do</strong>s <strong>de</strong>cisores políticos e aum grau <strong>de</strong> exigência muito eleva<strong>do</strong> para com os governos <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a queas suas <strong>de</strong>cisões sejam fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong>s <strong>de</strong> forma a compatibilizar osdiferentes interesses, não só, <strong>do</strong>s povos que gover<strong>na</strong>m, como também, <strong>do</strong>sseus alia<strong>do</strong>s e em muitos casos, lá está, <strong>da</strong> população mundial. Isto é, estefenómeno trouxe mais uma inovação no processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão: em termoslatos este processo <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ter características <strong>de</strong> unilaterali<strong>da</strong><strong>de</strong> parapassar a ser um processo alarga<strong>do</strong> a um conjunto <strong>de</strong> outros <strong>de</strong>cisores(Gouveia e tal., 2009). Valores como a estabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, a liber<strong>da</strong><strong>de</strong>, asegurança e a prosperi<strong>da</strong><strong>de</strong> só serão consistentes e dura<strong>do</strong>uros se forempartilha<strong>do</strong>s – abrin<strong>do</strong> caminho ao que Manuel Castells (2001) muitas vezesrefere como uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> organiza<strong>da</strong> em re<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> se assiste ao prima<strong>do</strong><strong>da</strong> informação.ConnectedRepublicComuni<strong>da</strong><strong>de</strong>slocaisA Cisco (uma <strong>da</strong>s empresas mais relevantes no contexto <strong>do</strong>s computa<strong>do</strong>rese re<strong>de</strong>s, responsáveis pelo <strong>de</strong>senvolvimento e produção <strong>de</strong> activos <strong>de</strong> re<strong>de</strong>)<strong>de</strong>senvolveu um conceito para enquadrar os esforços e as mu<strong>da</strong>nças que osgovernos tem <strong>de</strong> enfrentar, <strong>de</strong>sig<strong>na</strong><strong>da</strong> por Connected Republic. Esteconceito é basea<strong>do</strong> em quatro valores: colocar os ci<strong>da</strong>dãos no centro; ligaros indivíduos; fortalecer os ci<strong>da</strong>dãos; e proporcio<strong>na</strong>r valor público (Badgeret al. 2004).As re<strong>de</strong>s basea<strong>da</strong>s <strong>na</strong>s comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s locais, consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s como um <strong>do</strong>selementos agrega<strong>do</strong>res <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação, apresentam, segun<strong>do</strong>Castells (2001), três características gerais comuns, embora possuemdiferentes motivações para a sua formação e o seu <strong>de</strong>senvolvimento:• facultam a informação <strong>da</strong>s autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s locais, bem como <strong>de</strong>associações cívicas e assumem-se como sofistica<strong>do</strong>s sistemas <strong>de</strong>informação <strong>do</strong> dia a dia <strong>de</strong> proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>;23 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento• facilitam e organizam a interacção electrónica e a troca <strong>de</strong>informação entre os elementos <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>;• possibilitam a integração <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> base electrónica <strong>de</strong>empresas e pessoas que, noutros contextos, dificilmente po<strong>de</strong>riama<strong>de</strong>rir a sistemas <strong>de</strong>ste tipo.Satisfazer aprocura,ignorarorientaçõespara a ofertaSelf serviceConectivi<strong>da</strong><strong>de</strong>Embora <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação, os recursos sejam a informação e astecnologias associa<strong>da</strong>s à informação e comunicação, os aspectos essenciaisassocia<strong>do</strong>s com este novo paradigma <strong>de</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>vem ser a<strong>na</strong>lisa<strong>do</strong>s emfunção <strong>do</strong>s produtores e consumi<strong>do</strong>res <strong>de</strong> informação – os indivíduos. Opapel <strong>da</strong>s tecnologias é essencialmente o papel <strong>de</strong> media<strong>do</strong>r, o que é ain<strong>da</strong>reforça<strong>do</strong> <strong>na</strong> transição para a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> conhecimento, on<strong>de</strong> a interacçãoentre seres humanos adquire um papel <strong>de</strong> maior relevo. Desta forma,importa tomar uma perspectiva <strong>de</strong> satisfação <strong>da</strong> procura <strong>na</strong> análise <strong>de</strong>impacto <strong>da</strong>s tecnologias e <strong>da</strong>s suas aplicações. Em muitas tecnologiasemergentes, verifica-se que o seu potencial só é conheci<strong>do</strong> após a suaapropriação por parte <strong>da</strong>s pessoas. Essa apropriação nem sempre ocorre <strong>de</strong>acor<strong>do</strong> com o espera<strong>do</strong> ou planea<strong>do</strong>, mas é o resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> práticas, aspectosculturais e conhecimento <strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong>r ou grupos <strong>de</strong> utiliza<strong>do</strong>res. Destaforma, diferentes locais, a diferentes tempos possuem <strong>na</strong>turalmentediferentes e varia<strong>do</strong>s tipos <strong>de</strong> apropriação <strong>de</strong> tecnologia. A lógica associa<strong>da</strong>à apropriação <strong>da</strong> tecnologia é também uma lógica <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>, on<strong>de</strong> aoferta tem necessariamente <strong>de</strong> seguir a procura e on<strong>de</strong> a procura é, emlimite, quase individualiza<strong>da</strong> e resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong> percepção que ca<strong>da</strong> indivíduopossui <strong>de</strong> como po<strong>de</strong> resolver os seus problemas.Ape<strong>na</strong>s em infra-estruturas muito especificas se po<strong>de</strong>rá esperar que uminvestimento orienta<strong>do</strong> à oferta possa ter os resulta<strong>do</strong>s espera<strong>do</strong>s. Sempreque se preten<strong>de</strong> envolver mu<strong>da</strong>nça, novas práticas e comportamentos, aobservação e análise <strong>da</strong> procura e tentativa <strong>de</strong> lhe <strong>da</strong>r resposta sãoessenciais. Desta forma, os mecanismos <strong>de</strong> oferta tem <strong>de</strong> garantir diferentesgraus <strong>de</strong> sofisticação e propor, <strong>de</strong> forma diferencia<strong>da</strong>, propostas <strong>de</strong> valorque são utiliza<strong>da</strong>s numa lógica <strong>de</strong> resolução <strong>de</strong> problemas individuais – oregisto central <strong>da</strong> oferta <strong>de</strong> serviços públicos é o <strong>de</strong> permitir o self servicepor parte <strong>do</strong>s indivíduos <strong>de</strong> forma a reinventar tempos, espaços e locais <strong>de</strong>interacção. Em especial, a oferta pública <strong>de</strong> produtos e serviços associa<strong>do</strong>sà Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento exige uma acção públicadiferencia<strong>da</strong>.Neste contexto, as lojas <strong>do</strong> ci<strong>da</strong>dão po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s como espaçosfísicos <strong>de</strong> soberania on<strong>de</strong> o Esta<strong>do</strong> promove a interacção com os ci<strong>da</strong>dãosem proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>; algo <strong>de</strong> semelhante como as representações e embaixa<strong>da</strong>sno estrangeiro.Outros <strong>do</strong>is exemplos são o uso <strong>da</strong> re<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso ao sistema bancário,24 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> ConhecimentoMultibanco, <strong>da</strong> SIBS e o telemóvel. Estes <strong>do</strong>is exemplos recorrem ao autoserviçocom diferentes aproximações à exploração <strong>da</strong> conectivi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Nocaso <strong>do</strong> Multibanco, a conectivi<strong>da</strong><strong>de</strong> permite relacio<strong>na</strong>r e partilhar recursosentre os clientes <strong>do</strong>s diferente bancos para aumentar o número <strong>de</strong> pontos <strong>de</strong>interacção. No caso <strong>do</strong> telemóvel, a funcio<strong>na</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> e serviços associa<strong>do</strong>stiram parti<strong>do</strong> <strong>da</strong> conectivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong> os indivíduos po<strong>de</strong>rem ser contacta<strong>do</strong>sin<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>da</strong> sua localização física ou enquadramento temporal(quem não recebeu uma chama<strong>da</strong> <strong>do</strong> local <strong>de</strong> trabalho para algo urgente,não planea<strong>do</strong>...). A conectivi<strong>da</strong><strong>de</strong> é uma <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s re<strong>de</strong>s commaior valor económico: quanto maior, mais flexível e forte é o conjunto,isto é, a re<strong>de</strong>.Re<strong>de</strong>Tipos <strong>de</strong> Re<strong>de</strong>sUma re<strong>de</strong> é constituí<strong>da</strong> por um conjunto <strong>de</strong> no<strong>do</strong>s autónomos ein<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes que se relacio<strong>na</strong>m entre si por via <strong>de</strong> ligações. Caso a re<strong>de</strong>esteja organiza<strong>da</strong> em torno <strong>de</strong> ligações com um no<strong>do</strong> central e os restantestenham <strong>de</strong> se relacio<strong>na</strong>r entre si, por via <strong>de</strong>sse no<strong>do</strong> central, <strong>de</strong>sig<strong>na</strong>-se are<strong>de</strong> como uma re<strong>de</strong> centraliza<strong>da</strong>. Este tipo <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s facilitam o coman<strong>do</strong> econtrole, uma vez que o no<strong>do</strong> central me<strong>de</strong>ia to<strong>da</strong> a interacção entre no<strong>do</strong>s.No entanto, limita essa re<strong>de</strong> pelas capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s, tempos <strong>de</strong> resposta erecursos <strong>de</strong>sse no<strong>do</strong>, pois este é muito solicita<strong>do</strong> face às necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s edimensão <strong>da</strong> re<strong>de</strong> (medi<strong>da</strong> pelo número <strong>de</strong> no<strong>do</strong>s e respectivas ligações).Adicio<strong>na</strong>lmente, a carga <strong>da</strong> re<strong>de</strong> é <strong>da</strong><strong>da</strong> pela quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> e complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> asinteracções entre os no<strong>do</strong>s <strong>da</strong> re<strong>de</strong> (po<strong>de</strong> ser avalia<strong>da</strong> também para um <strong>da</strong><strong>do</strong>no<strong>do</strong>).Uma alter<strong>na</strong>tiva <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> re<strong>de</strong> são as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong>scentraliza<strong>da</strong>s em que seestabelece um conjunto <strong>de</strong> no<strong>do</strong>s que se ligam entre si <strong>de</strong> formaprivilegia<strong>da</strong> e asseguram a distribuição por uma hierarquia <strong>de</strong> no<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>to<strong>do</strong>s os respectivos relacio<strong>na</strong>mentos. Neste caso, existe uma distinçãoentre no<strong>do</strong>s que possibilitam ligações <strong>de</strong> maior conectivi<strong>da</strong><strong>de</strong> que outros.Um outro tipo <strong>de</strong> re<strong>de</strong>, <strong>na</strong> qual se inspirou o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Internet que to<strong>do</strong>sconhecemos actualmente, é o <strong>de</strong> re<strong>de</strong> distribuí<strong>da</strong> que permite umapossibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> conectivi<strong>da</strong><strong>de</strong> semelhante entre qualquer no<strong>do</strong> pertencenteà re<strong>de</strong>. Dessa forma, existe uma multiplici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ligações e <strong>de</strong> percursosalter<strong>na</strong>tivos entre <strong>do</strong>is no<strong>do</strong>s cuja conectivi<strong>da</strong><strong>de</strong> o permita. Quantos maisno<strong>do</strong>s existirem <strong>na</strong> re<strong>de</strong>, maior o potencial <strong>de</strong> conectivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e menor acapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma gestão centraliza<strong>da</strong> que permita o coman<strong>do</strong> e controle<strong>da</strong> re<strong>de</strong> enquanto sistema único, aumentan<strong>do</strong> por outro la<strong>do</strong> a suacapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> operação distribuí<strong>da</strong> e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.Surge assim um princípio associa<strong>do</strong> com as re<strong>de</strong>s distribuí<strong>da</strong>s que é o <strong>de</strong>po<strong>de</strong>r assegurar uma eleva<strong>da</strong> conectivi<strong>da</strong><strong>de</strong> com número mínimo <strong>de</strong>ligações. É possível argumentar que este tipo <strong>de</strong> conectivi<strong>da</strong><strong>de</strong> também épossível com mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>scentraliza<strong>do</strong>s como os existentes em re<strong>de</strong>s <strong>de</strong>comunicação tradicio<strong>na</strong>is (como aquelas que suportam a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> telefonefixo). No entanto existe uma diferença essencial: <strong>na</strong> re<strong>de</strong> distribuí<strong>da</strong> a infra-25 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimentoestrutura é assegura<strong>da</strong> pela própria conectivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, alteran<strong>do</strong> <strong>de</strong> formaprofun<strong>da</strong> o custo <strong>da</strong> manutenção <strong>da</strong> re<strong>de</strong> que, tal como a sua organização, étambém bastante mais distribuí<strong>do</strong>. Outro aspecto igualmente relevante é apersistência <strong>da</strong> conecção, que assegura que, numa re<strong>de</strong> distribuí<strong>da</strong>, umno<strong>do</strong> possa estar permanentemente liga<strong>do</strong> e, também, acessível para outrosno<strong>do</strong>s <strong>da</strong> re<strong>de</strong>.O valor <strong>da</strong>stransferências<strong>na</strong> re<strong>de</strong>A falência <strong>da</strong>sfronteirasfísicasO fenómeno <strong>de</strong> transferência numa re<strong>de</strong> distribuí<strong>da</strong> ocorre sempre que,quanto menor o custo <strong>de</strong> chega<strong>da</strong> a um no<strong>do</strong>, maior é o seu tráfego e, emconsequência, maior é a sua centrali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Um no<strong>do</strong> cujo custo associa<strong>do</strong> <strong>de</strong>chega<strong>da</strong> e garantia <strong>de</strong> conectivi<strong>da</strong><strong>de</strong> eleva<strong>da</strong> <strong>de</strong> saí<strong>da</strong>, permite um maiorvalor acrescenta<strong>do</strong> e potencial <strong>de</strong> interacção. Assim, numa re<strong>de</strong> distribuí<strong>da</strong>,importa não só as ligações <strong>de</strong> um <strong>da</strong><strong>do</strong> no<strong>do</strong> (a sua conectivi<strong>da</strong><strong>de</strong>) mas oseu potencial <strong>de</strong> atracção (resulta<strong>do</strong> à conectivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, ao custo associa<strong>do</strong> <strong>de</strong>percurso e capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> li<strong>da</strong>r com o respectivo tráfego).A conectivi<strong>da</strong><strong>de</strong> eleva<strong>da</strong> <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> distribuí<strong>da</strong> leva a uma eleva<strong>da</strong> taxa<strong>de</strong> transformação <strong>da</strong> própria re<strong>de</strong>. Um número eleva<strong>do</strong> <strong>de</strong> no<strong>do</strong>srecombi<strong>na</strong>m e promovem novas ligações, aban<strong>do</strong><strong>na</strong>n<strong>do</strong> ligações antigas, oque alteram e transforma <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> quase contínuo, a própria re<strong>de</strong>.Assim, as centrali<strong>da</strong><strong>de</strong>s e geometria <strong>da</strong> re<strong>de</strong> altera-se muito rapi<strong>da</strong>mente, oque tem implicações com o próprio valor <strong>do</strong> espaço físico, uma vez queafecta a sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> atracção. Uma <strong>da</strong><strong>da</strong> região ou pais, não maispo<strong>de</strong> assegurar as fronteiras físicas, sem cui<strong>da</strong>r <strong>da</strong>s fronteiras digitais,enquanto capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> assegurar a centrali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s no<strong>do</strong>s <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>ntessua soberania. Uma discussão sobre o digital e a sua relação com asfronteiras físicas <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s é apresenta<strong>da</strong> em (Gouveia, 2008).Re<strong>de</strong>s <strong>de</strong>conhecimentoConhecimentoexplícitoDeste mo<strong>do</strong>, o acesso a re<strong>de</strong>s não físicas assume particular importância.Entre estas, as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conhecimento estão entre as <strong>de</strong> maior interesse. OConhecimento po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> como uma mistura flui<strong>da</strong> <strong>de</strong> experiênciasorganiza<strong>da</strong>s, valores, informação contextual e perspectivas <strong>de</strong> especialistasque proporcio<strong>na</strong>r um quadro <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> para avaliar e incorporar novasexperiências e informação. O conhecimento é origi<strong>na</strong><strong>do</strong> e aplica<strong>do</strong> <strong>na</strong>smentes <strong>do</strong>s conhece<strong>do</strong>res. Nas organizações, tor<strong>na</strong>-se frequentementeembebi<strong>do</strong> não ape<strong>na</strong>s em <strong>do</strong>cumentos ou repositórios, mas também emroti<strong>na</strong>s <strong>da</strong> organização, nos seus processos, práticas e normas (Dalkir,2005).Davenport e Prusak (1998) propõe que a informação po<strong>de</strong> ser transforma<strong>da</strong>em conhecimento por meio <strong>da</strong> comparação, <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> <strong>da</strong>s consequências e<strong>do</strong>s relacio<strong>na</strong>mentos, mas também <strong>do</strong> diálogo.Tradicio<strong>na</strong>lmente, são consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is tipos <strong>de</strong> conhecimento:conhecimento explícito, que po<strong>de</strong> ser codifica<strong>do</strong> e representa<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma a26 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimentopo<strong>de</strong>r ser transmiti<strong>do</strong> e ensi<strong>na</strong><strong>do</strong> <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> formal. Po<strong>de</strong> ser igualmentetransferi<strong>do</strong> por via <strong>de</strong> produtos, serviços e processos <strong>do</strong>cumenta<strong>do</strong>s.ConhecimentotácitoA cultura comoum activoRelação com ainovaçãoO segun<strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> conhecimento, Tácito, é mais difícil (senão impossível)<strong>de</strong> codificar e é transmiti<strong>do</strong> por interacção entre indivíduos. Davenport ePrusak (1998) <strong>de</strong>finem o conhecimento tácito como conhecimentocomplexo, <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> e inter<strong>na</strong>liza<strong>do</strong> pelo indivíduo, normalmente numlongo perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> tempo e que é quase impossível <strong>de</strong> reproduzir num<strong>do</strong>cumento ou base <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s. Este conhecimento incorpora aprendizagemindividual <strong>de</strong> tal forma que as suas regras po<strong>de</strong>m ser difíceis <strong>de</strong> separar <strong>da</strong>forma como o indivíduo age.Uma dimensão adicio<strong>na</strong>l <strong>do</strong> conhecimento é a própria cultura, que impõeuma marca territorial e física adicio<strong>na</strong>l. No contexto <strong>da</strong> globalização, a<strong>de</strong>fesa <strong>da</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> cultural própria, assume particular importância econstitui um activo <strong>na</strong> Economia <strong>do</strong> Conhecimento.A relação entre conhecimento e inovação é directa. As inovações implicammu<strong>da</strong>nça, mas nem to<strong>da</strong>s as mu<strong>da</strong>nças envolvem necessariamente novasi<strong>de</strong>ias ou levam a melhorias significativas. No entanto, para inovar, énecessário uma saturação <strong>de</strong> conhecimento <strong>na</strong> área a inovar. Assim,organizações que inovam são aquelas que possuem maior capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>concentrar conhecimento e atrair os recursos humanos mais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s.CapitalintelectualCapitalhumanoO Capital intelectual é geralmente tor<strong>na</strong><strong>do</strong> visível pela diferença entre ovalor contabilístico e o valor <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma organização (referi<strong>do</strong>como goodwill). O Capital Intelectual tem como manifestações ascompetências <strong>do</strong>s indivíduos (que permitem atingir <strong>de</strong>termi<strong>na</strong><strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong><strong>de</strong>sempenho); a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> organização (que possibilita a integração eaplicação <strong>da</strong>s competências); e as tecnologias que proporcio<strong>na</strong>m asferramentas e os méto<strong>do</strong>s para produzir resulta<strong>do</strong>s (Dalkir 2005). Osactivos intelectuais são representa<strong>do</strong>s pelo somatório <strong>do</strong> total que ostrabalha<strong>do</strong>res <strong>de</strong> uma organização sabem e <strong>da</strong>quilo que sabem fazer; ovalor <strong>de</strong>stes activos <strong>de</strong> conhecimento é pelo menos igual ao custo <strong>de</strong> recriaresse conhecimento.Por sua vez, o capital humano, está associa<strong>do</strong> com ca<strong>da</strong> indivíduo, as suasqualificações, as suas competências e a sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ser produtivo.No entanto, muitos autores <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m que o sucesso individual está tambémassocia<strong>do</strong> à sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se relacio<strong>na</strong>r com re<strong>de</strong>s que geram confiançae sinergias. Os relacio<strong>na</strong>mentos estabeleci<strong>do</strong>s, influenciam ocomportamento individual e, em última análise, o sucesso <strong>da</strong>s organizações(Granovetter e Swedberg, 2001).27 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> ConhecimentoO valor <strong>do</strong>conhecimentoGestão <strong>do</strong>ConhecimentoO papel <strong>da</strong>s re<strong>de</strong>s no conhecimento é estimular a produção e difusão <strong>de</strong> umactivo que é central à Economia <strong>do</strong> Conhecimento. De facto, No<strong>na</strong>ka eTakeuchi (1995) estiveram entre os primeiros a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r que, numaeconomia on<strong>de</strong> a única certeza é a incerteza, a única fonte <strong>de</strong> vantagemcompetitiva dura<strong>do</strong>ura é o conhecimento.Em consequência a gestão <strong>do</strong> conhecimento é ca<strong>da</strong> vez mais central <strong>na</strong>sorganizações. Dalkir (2005) <strong>de</strong>fine a gestão <strong>do</strong> conhecimento como acoor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção <strong>de</strong>libera<strong>da</strong> e sistemática <strong>do</strong>s recursos humanos, processos,tecnologia e estrutura, numa organização, para acrescentar valor por via <strong>da</strong>reutilização e <strong>da</strong> inovação. Segun<strong>do</strong> o mesmo autor, a coor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção éalcança<strong>da</strong> pela criação, partilha e aplicação <strong>do</strong> conhecimento, mas tambémpelo alimentar <strong>de</strong> boas práticas e lições <strong>na</strong> memória organizacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong>mo<strong>do</strong> a fomentar a contínua aprendizagem organizacio<strong>na</strong>l.O estu<strong>do</strong> <strong>da</strong> Cisco, Connected Republic 2.0 (Johnston e Stewart-Weeks2007), <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> três princípios para um mun<strong>do</strong> conecta<strong>do</strong>, em especial, paraum sector público que respon<strong>da</strong> com sucesso a um contexto em que to<strong>do</strong>sos indivíduos estejam liga<strong>do</strong>s:• utilizar a re<strong>de</strong> como plataforma para a colaboração e criativi<strong>da</strong><strong>de</strong>;• fazer o melhor uso possível <strong>da</strong> experiência e competênciasexistentes (capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong>s indivíduos), promoven<strong>do</strong> a excelência;• fortalecer o “po<strong>de</strong>r <strong>do</strong> conjunto” para criar conhecimento, resolverproblemas e proporcio<strong>na</strong>r melhores serviçosAlbert-Lászlo Barbási (2002) apresenta um trabalho semi<strong>na</strong>l sobre re<strong>de</strong>s ecomo pensar as re<strong>de</strong>s. Segun<strong>do</strong> este autor, as re<strong>de</strong>s estão presentes no nossoquotidiano e constituem-se como importantes amplifica<strong>do</strong>res <strong>da</strong> acçãohuma<strong>na</strong> e, em consequência, <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> conhecimento.Lei <strong>de</strong> Paretoversus Cau<strong>da</strong>LongaUm exemplo <strong>do</strong> impacte <strong>da</strong>s re<strong>de</strong>s <strong>na</strong>s práticas tradicio<strong>na</strong>is é a discussão<strong>da</strong>s implicações <strong>do</strong> digital <strong>na</strong> aplicação <strong>da</strong> lei <strong>de</strong> Pareto (mais conheci<strong>da</strong>por regra <strong>do</strong>s 80/20). Este regra está associa<strong>da</strong> com a curva normal eaplica-se <strong>na</strong> perfeição ao nosso mun<strong>do</strong> a<strong>na</strong>lógico (tal como a uma loja, emque 20% <strong>do</strong>s artigos concentram 80% <strong>da</strong>s compras). O uso <strong>do</strong> digitalpermite a quebra <strong>de</strong>scrita, permitin<strong>do</strong> uma curva <strong>de</strong> potencia, em que umpequeno número <strong>de</strong> ocorrências são responsáveis por gran<strong>de</strong>s ven<strong>da</strong>s, maso remanescente <strong>de</strong> ocorrências constituem um ain<strong>da</strong> maior número <strong>de</strong>ven<strong>da</strong>s (este é o princípio associa<strong>do</strong> com o uso <strong>do</strong> digital que permite adisponibilização <strong>de</strong> um número ilimita<strong>do</strong> <strong>de</strong> produtos ao invés <strong>da</strong>srestrições <strong>de</strong> uma loja física) – este conceito é a base <strong>da</strong> Cau<strong>da</strong> Longa <strong>de</strong>Chris An<strong>de</strong>rson (2006). No contexto <strong>da</strong>s re<strong>de</strong>s, uma distribuição normalocorre, quan<strong>do</strong> a maioria <strong>do</strong>s no<strong>do</strong>s possuem um número aproxima<strong>do</strong> <strong>de</strong>ligações (representa<strong>do</strong> os no<strong>do</strong>s margi<strong>na</strong>is baixa conectivi<strong>da</strong><strong>de</strong>) e uma28 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimentodistribuição em cau<strong>da</strong> longa, quan<strong>do</strong> existem muitos no<strong>do</strong>s com poucasligações e um número eleva<strong>do</strong> <strong>de</strong> ligações concentra<strong>da</strong>s em poucos no<strong>do</strong>s(Barbási, 2002).Um <strong>do</strong>s aspectos essenciais quan<strong>do</strong> se visa a sofisticação <strong>de</strong> meios parali<strong>da</strong>r com a Economia <strong>do</strong> Conhecimento, é crucial a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>sindivíduos em conseguirem enten<strong>de</strong>r e explorar a oferta <strong>de</strong> meios existente,origi<strong>na</strong><strong>da</strong> pela diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s.Seis graus <strong>de</strong>separaçãoUm outro conceito relacio<strong>na</strong><strong>do</strong> com as re<strong>de</strong>s e potencia<strong>do</strong> pelo digital é o<strong>do</strong>s seis graus <strong>de</strong> separação. Segun<strong>do</strong> esta teoria, qualquer indivíduo noplaneta po<strong>de</strong> ser liga<strong>do</strong> a um outro qualquer indivíduo através <strong>de</strong> umaca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> relacio<strong>na</strong>mentos que não tem mais <strong>do</strong> que cinco intermediários.O conceito proposto origi<strong>na</strong>lmente em 1929, por Karinthy, foi testa<strong>do</strong> epublica<strong>do</strong> por Milgram (1967). Com as ferramentas actuais <strong>da</strong> Internet e<strong>da</strong>s re<strong>de</strong>s sociais, o potencial <strong>de</strong>ste conceito é enorme e abre perspectivasrevolucionárias para a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> conectivi<strong>da</strong><strong>de</strong> entre indivíduos àescala global.DasqualificaçõesàscompetênciasAssim, um <strong>do</strong>s aspectos essenciais para o sucesso <strong>de</strong> um Esta<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>rno éassegurar a a<strong>de</strong>quação <strong>do</strong> seu potencial humano a perfis que permitamrespon<strong>de</strong>r às exigências <strong>da</strong> economia <strong>do</strong> conhecimento. A figura 5 lista umconjunto <strong>de</strong> competências associa<strong>da</strong>s com o indivíduo <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>Informação, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> o aumento <strong>de</strong> exigência <strong>de</strong> qualificação eformação <strong>de</strong> indivíduos numa socie<strong>da</strong><strong>de</strong> que valoriza o conhecimento e acapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> o criar.Desig<strong>na</strong>çãoCompetênciasLiteracia básica Saber lerSaber escreverLiteracia funcio<strong>na</strong>l Saber interpretarSaber compreen<strong>de</strong>rCompetênciasLiteraciacomunicacio<strong>na</strong>lLiteraciatecnológicaSaberSaber colaborarnegociarSaber utilizar (computa<strong>do</strong>res e re<strong>de</strong>s)Saber fazer (com computa<strong>do</strong>res e re<strong>de</strong>s)ProcessarinformaçãoaSaber reconhecer (<strong>da</strong><strong>do</strong>s e informação)Saber classificar (<strong>da</strong><strong>do</strong>s e informação)I<strong>de</strong>ntificarinformação críticaSaber escolher (<strong>da</strong><strong>do</strong>s e informação)Saber seleccio<strong>na</strong>r (<strong>da</strong><strong>do</strong>s e informação)29 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> ConhecimentoFigura 5: Competências <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação (Gouveia, 2006)No entanto, mesmo possuin<strong>do</strong> as competências necessárias, não é condiçãosuficiente, embora necessária, para tirar parti<strong>do</strong> <strong>do</strong> novo contexto que seestá a materializar com a confluência <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong>Conhecimento, a Globalização e o Desenvolvimento Sustentável.Conectivi<strong>da</strong><strong>de</strong>revisita<strong>da</strong>O conceito <strong>de</strong> conectivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>fine o grau <strong>de</strong> relacio<strong>na</strong>mento directo que épossível estabelecer entre indivíduos. Por exemplo, o uso <strong>de</strong> telemóveis foiem parte um gran<strong>de</strong> sucesso, também porque <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo foi possível terconectivi<strong>da</strong><strong>de</strong> com os telefones <strong>da</strong> re<strong>de</strong> fixa e <strong>de</strong>ssa forma, permitir aconectivi<strong>da</strong><strong>de</strong> com uma base alarga<strong>da</strong> <strong>de</strong> utiliza<strong>do</strong>res (oferecen<strong>do</strong> novasfuncio<strong>na</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s a um grupo <strong>de</strong> utiliza<strong>do</strong>res já existente). Assim, os serviços<strong>de</strong> re<strong>de</strong> que permitam maior conectivi<strong>da</strong><strong>de</strong> tem vantagem sobre aqueles queexijam a criação <strong>de</strong> novas comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s (e que tem ain<strong>da</strong> <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar otempo e esforço para as <strong>de</strong>senvolver), origi<strong>na</strong>n<strong>do</strong> o princípio <strong>da</strong> integração<strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>s.Assim, o recurso a comportamentos que sejam prática usual e que possamser recupera<strong>do</strong>s para a economia <strong>do</strong> conhecimento, mesmo que beneficiem<strong>de</strong> novas competências ou contextos <strong>de</strong> utilização, permitem uma maiorfacili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> garantia <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> as vantagens <strong>de</strong> fazerevoluir em continui<strong>da</strong><strong>de</strong> serviços e facili<strong>da</strong><strong>de</strong>s para a sua rápi<strong>da</strong> a<strong>do</strong>pção.A procura <strong>de</strong>novas zo<strong>na</strong>s <strong>de</strong>conforto para oindivíduoNo contexto <strong>do</strong> indivíduo, uma <strong>da</strong>s maiores motivações para a a<strong>do</strong>pção <strong>de</strong>práticas <strong>da</strong> economia <strong>do</strong> conhecimento está relacio<strong>na</strong><strong>da</strong> com a pressãocoloca<strong>da</strong> <strong>na</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong> profissio<strong>na</strong>l. É sobejamente conheci<strong>da</strong> a <strong>na</strong>turalresistência à mu<strong>da</strong>nça por parte <strong>do</strong>s indivíduos. A mu<strong>da</strong>nça está associa<strong>da</strong> àpassagem <strong>do</strong> conforto <strong>de</strong> práticas mais ou menos <strong>do</strong>mi<strong>na</strong><strong>da</strong>s e assimila<strong>da</strong>spara o <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong> (apesar <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os discursos, a mu<strong>da</strong>nça provocaresistência...). Desta forma, estas resistências <strong>de</strong>vem ser toma<strong>da</strong>s em linha<strong>de</strong> conta, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> ser cria<strong>da</strong>s as condições para a realização <strong>de</strong> processos<strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nça confortáveis e que permitam aos indivíduos reconhecerminimamente linhas <strong>de</strong> continui<strong>da</strong><strong>de</strong>, que possam i<strong>de</strong>ntificar,possibilitan<strong>do</strong> as transformações rápi<strong>da</strong>s e eficazes.De forma a satisfazer a máxima: mais rápi<strong>do</strong>, com mais quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e amenor custo, existe uma pressão constante <strong>de</strong> meios <strong>de</strong> suporte à activi<strong>da</strong><strong>de</strong>profissio<strong>na</strong>l para tor<strong>na</strong>r possível manter níveis <strong>de</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong>competitivos. Num futuro próximo, esta procura <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> estaráfortemente centra<strong>da</strong> nos indivíduos, no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> relações quepotenciem as suas competências, os seus comportamentos e o uso <strong>de</strong> meiose informação ao seu dispor. Nas activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong> dia a dia, ca<strong>da</strong> indivíduoterá <strong>de</strong> seleccio<strong>na</strong>r os meios que lhe permitem ser o mais possívelprodutivos, quer no plano profissio<strong>na</strong>l, quer no plano <strong>da</strong> aprendizagem, oumesmo no aproveitamento <strong>de</strong> tempo e <strong>de</strong> relacio<strong>na</strong>mentos <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong>pessoal. Estas são as promessas <strong>do</strong> digital e a crescente importância <strong>do</strong>30 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimentoestabelecimento <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s cujo valor está em crescimento. Quan<strong>do</strong>associa<strong>da</strong>s com as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> interesse estabeleci<strong>da</strong>s entre indivíduos ouorganizações e indivíduos, Fukuyama (1999) atribui a <strong>de</strong>sig<strong>na</strong>ção <strong>de</strong> capitalsocial ao seu potencial – este potencial é, em gran<strong>de</strong> medi<strong>da</strong>, aproveita<strong>do</strong>pelas re<strong>de</strong>s sociais.Por sua vez, Nahapiet e Ghoshal (1998) <strong>de</strong>finem Capital Social como asoma <strong>do</strong>s recursos actuais e potenciais, quer <strong>de</strong>riva<strong>do</strong>s, quer embebi<strong>do</strong>s ouacessíveis através <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> relacio<strong>na</strong>mentos possuí<strong>do</strong>s por uma uni<strong>da</strong><strong>de</strong>social ou indivíduo. São incluí<strong>do</strong>s tanto as re<strong>de</strong>s envolvi<strong>da</strong>s como osactivos que po<strong>de</strong>m ser mobiliza<strong>do</strong>s através <strong>da</strong> re<strong>de</strong>.Capital SocialO conceito <strong>de</strong> Capital Social está associa<strong>do</strong> com instituições,relacio<strong>na</strong>mentos e normas que mol<strong>da</strong>m a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> e quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>interacções sociais <strong>de</strong> uma organização. De algum mo<strong>do</strong>, o capital socialnão é ape<strong>na</strong>s a soma <strong>de</strong> indivíduos que estão associa<strong>do</strong>s com umaorganização; é também a força que os une e mantêm em conjunto.O capital social facilita a criação <strong>de</strong> capital intelectual, o que leva a que ouso <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s seja potencialmente um factor relevante para o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong>s organizações.31 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento32 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento5. Da gover<strong>na</strong>ção à e-gover<strong>na</strong>çãoContributos para agover<strong>na</strong>ção digitalbenchmarkingO aproveitamento <strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novasiniciativas e serviços associa<strong>do</strong>s ao digital são difíceis <strong>de</strong> prever,constituin<strong>do</strong> um <strong>de</strong>safio, até mesmo a avaliação <strong>do</strong> seu impacte,resultante <strong>do</strong> seu uso. Ou um <strong>de</strong>safio ain<strong>da</strong> maior, quanto se trata <strong>da</strong>avaliação <strong>de</strong> potencial e aplicações futuras.No entanto, será sempre possível estabelecer uma associação com o queestá disponível e com o realiza<strong>do</strong> noutros contextos – <strong>da</strong>í a importânciacrescente <strong>da</strong> comparabili<strong>da</strong><strong>de</strong> (benchmarking) ao permitir tor<strong>na</strong>r a ca<strong>da</strong>momento, mais fácil a avaliação por recurso a normas e à a<strong>de</strong>são aprincípios que sejam amplamente partilha<strong>do</strong>s e permitam a existência <strong>de</strong>verossimilhança que permita estabelecer comparações credíveis e atransferência <strong>de</strong> boas práticas nos casos em que tal seja possível.Com o digital e com o recurso a tecnologias <strong>de</strong> informação ecomunicação e os indivíduos, exploran<strong>do</strong> o território e a activi<strong>da</strong><strong>de</strong>huma<strong>na</strong> nele realiza<strong>da</strong>, existe um eleva<strong>do</strong> potencial para o<strong>de</strong>senvolvimento humano, <strong>da</strong>s regiões e <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s que assumam umapostura que invista no digital e no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novas práticas aele associa<strong>da</strong>s (Gouveia, 2006).accountabilityO digital está associa<strong>do</strong> a práticas como o negócio electrónico, que porsua vez, inclui preocupações como o e-learning e o e-government cujosprincípios enuncia<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> forma mais ou menos estrita po<strong>de</strong>m seraplica<strong>do</strong>s a diferentes níveis; quer individuais ou colectivos; quer emfavor <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> ou a favor <strong>de</strong> interesses priva<strong>do</strong>s. Também nesteaspecto, as fronteiras são difusas e necessitam <strong>de</strong> ser reinventa<strong>da</strong>s. É queface aos <strong>de</strong>safios coloca<strong>do</strong>s pela Globalização, pelo <strong>de</strong>senvolvimentosustentável e pela Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento, temmesmo que se repensar a forma como se usam os impostos pagos porto<strong>do</strong>s – accountability (um longo e esforça<strong>do</strong> caminho ain<strong>da</strong> apercorrer!). Por sua vez, os impostos estão a tor<strong>na</strong>r-se um recurso ca<strong>da</strong>vez mais escasso e, num futuro próximo, bem menos sustentável <strong>do</strong> queera previsível ain<strong>da</strong> há poucos anos.Por sua vez, também a redistribuição <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s e a relaçãoentre o gover<strong>na</strong>r, gerir e o assegurar a sua aferição, exige repensar agover<strong>na</strong>ção. O conceito <strong>de</strong> gover<strong>na</strong>ção po<strong>de</strong> ser entendi<strong>do</strong> como oconjunto <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão e <strong>da</strong> sua implementação.Enquanto conceito e uma vez que está relacio<strong>na</strong><strong>do</strong> com a realizaçãohuma<strong>na</strong>, po<strong>de</strong> ser utiliza<strong>do</strong> em diversos contextos, nomea<strong>da</strong>mente <strong>na</strong>gover<strong>na</strong>ção empresarial, inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, ou <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l (Kaufmann e Kraay,33 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento2007).A gover<strong>na</strong>ção po<strong>de</strong> <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> como um conjunto <strong>de</strong> processos associa<strong>do</strong>scom a toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão e sua implementação, que envolve diversosactores que têm <strong>de</strong> estar estrutura<strong>do</strong>s <strong>de</strong> forma a se obterem sistemasúteis. Um governo <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l ou <strong>de</strong> um Esta<strong>do</strong>, po<strong>de</strong> ser entendi<strong>do</strong> comoum <strong>do</strong>s actores <strong>da</strong> gover<strong>na</strong>ção. Os outros actores variam em função <strong>do</strong>contexto toma<strong>do</strong> e <strong>do</strong> nível <strong>de</strong> governo em discussão. De igual forma,tanto as estruturas formais como as informais constituem-se comoelementos relevantes para a gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> medi<strong>da</strong> em que afectam aforma como os actores influenciam tanto o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão como asua implementação (Kaufmann e Kraay, 2007).Características <strong>da</strong>boa gover<strong>na</strong>çãoCorporategover<strong>na</strong>nceGover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong>socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>informaçãoAo nível <strong>de</strong> uma <strong>na</strong>ção, estes actores incluem o governo, as forçasarma<strong>da</strong>s, as Organizações não Gover<strong>na</strong>mentais (ONG), o po<strong>de</strong>r local; oEsta<strong>do</strong>; os parceiros económicos; os sindicatos; os media, etc. É ain<strong>da</strong>necessário consi<strong>de</strong>rar as multi<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is, os organismos inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is,os países amigos; as alianças, entre outros actores que se relacio<strong>na</strong>m noquadro <strong>do</strong> sistema inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e numa reali<strong>da</strong><strong>de</strong> ca<strong>da</strong> vez maisinterliga<strong>da</strong> por via <strong>da</strong> globalização (Gouveia et al., 2009). Segun<strong>do</strong> aUNESCO (s/d), a boa gover<strong>na</strong>ção possui oito características principais,enquanto processo: (1) orienta<strong>do</strong> ao consenso; (2) participa<strong>do</strong>; (3) quesegue as regras <strong>da</strong> lei; (4) efectivo e eficiente; (5) equitativo e inclusivo;(6) capaz <strong>de</strong> <strong>da</strong>r resposta a estímulos e situações exteriores; (7)transparente; e (8) imputável. Um estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> Banco Mundial <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>que a boa gover<strong>na</strong>ção é uma <strong>da</strong>s condições necessárias para o<strong>de</strong>senvolvimento (Gouveia et al., 2009).No que concerne aos Sistemas <strong>de</strong> Governo <strong>da</strong>s Socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s (CorporateGover<strong>na</strong>nce), o Instituto Português <strong>de</strong> Corporate Gover<strong>na</strong>nce publicouum livro branco sobre o tema (Silva et al., 2006), essencialmenteorienta<strong>do</strong> para a gover<strong>na</strong>ção <strong>de</strong> empresas cota<strong>da</strong>s, com socie<strong>da</strong><strong>de</strong>scomerciais com fins lucrativos e com capital accionista aberto aoinvestimento público. É no entanto possível argumentar que, emespecial, estas empresas estão <strong>na</strong> primeira linha <strong>de</strong> confrontação nocontexto <strong>da</strong> actual crise económica, por serem <strong>do</strong>s maioresrepresentantes <strong>da</strong> economia que se encontra em transição para aEconomia <strong>do</strong> Conhecimento, tor<strong>na</strong>n<strong>do</strong> a reflexão <strong>do</strong> tema e o contributocita<strong>do</strong> ain<strong>da</strong> <strong>de</strong> maior pertinência.Por sua vez, a APDSI propõe num <strong>do</strong>cumento <strong>de</strong> toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> posição <strong>do</strong>seu Grupo <strong>de</strong> alto Nível, a clarificação <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> gover<strong>na</strong>ção <strong>da</strong>Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação propon<strong>do</strong> <strong>do</strong>is níveis <strong>de</strong> intervenção (APDSI,2006):• Ao nível <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e <strong>da</strong> sua Administração (a administração34 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimentocentral <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>): o que se faz para gover<strong>na</strong>r a evolução <strong>da</strong>Administração Central <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a mo<strong>de</strong>rnizaçãotecnológica como indutora <strong>de</strong> serviços práticas <strong>de</strong> governoelectrónico (e-government);• Ao nível <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> (a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil em geral): o que se fazpara gover<strong>na</strong>r a evolução <strong>do</strong>s ci<strong>da</strong>dãos, <strong>da</strong>s empresas e outrasorganizações <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil, utilizan<strong>do</strong> os mecanismoslegais, os incentivos fi<strong>na</strong>nceiros e outras intervenções <strong>na</strong>socie<strong>da</strong><strong>de</strong> para promover a construção <strong>de</strong> uma Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>Informação.A gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong>componentetecnológicaEsta perspectiva toma as tecnologias <strong>de</strong> informação e comunicaçãocomo cataliza<strong>do</strong>res e indutoras <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> comportamentos e opróprio Esta<strong>do</strong> como o agente <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nça principal, intervin<strong>do</strong>,promoven<strong>do</strong> e mol<strong>da</strong>n<strong>do</strong> a própria socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil, isto é, a práticarealiza<strong>da</strong> pelos indivíduos no contexto <strong>da</strong>s suas activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s profissio<strong>na</strong>ise extraprofissio<strong>na</strong>is.A gover<strong>na</strong>ção <strong>da</strong>s Tecnologias e Sistemas <strong>de</strong> Informação é objecto <strong>de</strong>intensa activi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> normalização, tal como é reporta<strong>do</strong> <strong>na</strong>scontribuições individuais <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> e <strong>de</strong>scrito em (Vidigal, 2007).Os limites <strong>da</strong>regulaçãoUma outra perspectiva com interesse para análise <strong>do</strong> papel e limites <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> é <strong>da</strong><strong>da</strong> por Rid<strong>de</strong>rstrale e Nordstrom (2006) que alertam para operigo <strong>da</strong> regulação <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>s como forma <strong>de</strong> os tor<strong>na</strong>r menoseficazes e <strong>de</strong>ssa forma reduzir a riqueza exce<strong>de</strong>nte a distribuir. Estesautores propõe um esquema que cruza a empatia (relacio<strong>na</strong>mentohumano) com a eficácia (enten<strong>da</strong>-se, <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s). À posição anteriorcita<strong>da</strong>, i<strong>de</strong>ntificam por estrangulação pela regulação e suportam a via <strong>do</strong>relacio<strong>na</strong>mento e <strong>do</strong> estabelecimento <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s individuais como mo<strong>de</strong>lo<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento mais saudável.Figura 6: Alter<strong>na</strong>tivas face à evolução <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s35 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> ConhecimentoDe algum mo<strong>do</strong>, mesmo no contexto económico actual, o quadro <strong>da</strong>figura 6 com os caminhos alter<strong>na</strong>tivos indica<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>ve promover umareflexão sobre os limites e implicações <strong>da</strong> acção <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. No contexto<strong>do</strong> e-government, aspectos como a participação po<strong>de</strong>m constituir apalavra chave <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a permitir manter a eficácia economia. Nestecontexto, a partilha <strong>de</strong> informação, a sua integração e interoperabili<strong>da</strong><strong>de</strong>,bem como os mecanismos <strong>de</strong> participação <strong>do</strong>s ci<strong>da</strong>dãos, constituempriori<strong>da</strong><strong>de</strong>s no aprofun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>Informação e <strong>do</strong> Conhecimento (Dawes, 2009).No seu trabalho clássico sobre a <strong>na</strong>tureza <strong>da</strong> burocracia, Weber (1947)explora as implicações politicas e sociológicas <strong>da</strong> gover<strong>na</strong>ção e <strong>da</strong>administração <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong><strong>de</strong> complexas. De acor<strong>do</strong> com este autor, aburocracia li<strong>da</strong> com a complexi<strong>da</strong><strong>de</strong>, enfatizan<strong>do</strong> a especializaçãotécnica, as roti<strong>na</strong>s e o legítimo exercício <strong>da</strong> autori<strong>da</strong><strong>de</strong>, alertan<strong>do</strong> para aexcessiva especialização e para a inércia causa<strong>da</strong> pelo uso <strong>de</strong>procedimentos e processos fixos e rígi<strong>do</strong>s (Weber, 1947).Novos equilíbrios e ae-participaçãoe-gover<strong>na</strong>çãoMais recentemente e como resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong>s gran<strong>de</strong>s mu<strong>da</strong>nças em curso <strong>da</strong>socie<strong>da</strong><strong>de</strong> industrial para a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> informação, Fukuyama (1999)<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> basea<strong>da</strong> em informação, ten<strong>de</strong> a produzirem maior quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>is <strong>do</strong>s factores que os indivíduos mais valorizamnuma <strong>de</strong>mocracia mo<strong>de</strong>r<strong>na</strong>: liber<strong>da</strong><strong>de</strong> e igual<strong>da</strong><strong>de</strong>; mas tal à custa <strong>de</strong> <strong>do</strong>enfraquecimento <strong>da</strong> or<strong>de</strong>m social e ao <strong>de</strong>clínio <strong>da</strong> confiança cívica quenecessita <strong>de</strong> ser reinventa<strong>da</strong> à luz <strong>de</strong> uma nova reali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Do mesmomo<strong>do</strong>, Castells (2001) argumenta que uma nova forma <strong>de</strong> capitalismobasea<strong>do</strong> <strong>na</strong>s re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> comunicações e no digital se opõe ao <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong>auto-<strong>de</strong>termi<strong>na</strong>ção, <strong>do</strong> social e <strong>da</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> indivíduo, crian<strong>do</strong> ascondições para reconfigurar a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> – estes autores parecemanunciar o clima i<strong>de</strong>al para transformações, mais radicais, <strong>de</strong> <strong>de</strong>struiçãocriativa (Schumpeter, 1982).Em consequência e <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com Okot-Uma (2001) existem condiçõespara a boa gover<strong>na</strong>ção tiran<strong>do</strong> parti<strong>do</strong> <strong>da</strong> gover<strong>na</strong>ção electrónica (egover<strong>na</strong>nce).De facto, este autor salienta a existência <strong>de</strong> um novoparadigma associa<strong>do</strong> com a Administração Pública que dá ênfase aopapel <strong>do</strong>s administra<strong>do</strong>res públicos <strong>na</strong> criação e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>serviços <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>; que advoga uma crescente autonomia <strong>de</strong> gestão; ereconhece a importância <strong>de</strong> proporcio<strong>na</strong>r aos gestores os recursoshumanos e tecnológicos para conseguir aumentar os níveis <strong>de</strong><strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong>s respectivos serviços. Por último, é referi<strong>da</strong> anecessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> assumir uma postura mais aberta para o papel que <strong>de</strong>veser <strong>de</strong>sempenha<strong>do</strong> pela administração pública, mesmo em contrapontocom o sector priva<strong>do</strong>.Um conceito central é o <strong>da</strong> boa gover<strong>na</strong>ção que <strong>de</strong>ve ser participa<strong>da</strong>,36 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> ConhecimentoBoa gover<strong>na</strong>çãotransparente e auditável <strong>na</strong>s suas características (Okot-Uma, 2001).Desta forma, tanto numa perspectiva <strong>de</strong>mocratica, como mesmo <strong>de</strong>negócio, ou ain<strong>da</strong> <strong>de</strong> serviço a boa gover<strong>na</strong>ção assenta noestabelecimento <strong>de</strong> processos e estruturas que <strong>de</strong>finem e enquadram orelacio<strong>na</strong>mento entre governo, os ci<strong>da</strong>dãos e, em alguns aspectos,também o merca<strong>do</strong>, o terceiro sector e <strong>de</strong>mais Esta<strong>do</strong>s, num contextoglobal.Em conclusão, a boa gover<strong>na</strong>ção tem implicações com as questões <strong>da</strong>igual<strong>da</strong><strong>de</strong> e distribuição <strong>de</strong> riqueza; a pobreza; e a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> epo<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> como os processos e as estruturas que orientam osrelacio<strong>na</strong>mentos políticos e socio- económicos, em particularcomprometi<strong>do</strong>s com valores <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracia, <strong>de</strong> normas e práticasaceites, <strong>de</strong> justiça e <strong>de</strong> serviços confiáveis, num quadro transparente <strong>de</strong>relações económicas (Okot-Uma, 2001).As dimensões <strong>da</strong> e-gover<strong>na</strong>çãoPor sua vez, a gover<strong>na</strong>ção electrónica permite aos Esta<strong>do</strong>s o forjar <strong>de</strong>novos relacio<strong>na</strong>mentos <strong>de</strong> proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> com os ci<strong>da</strong>dãos, bem como oestabelecimento <strong>de</strong> parcerias e alianças com comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> interesse,<strong>de</strong> prática, <strong>de</strong> competência, <strong>de</strong> pressão e <strong>de</strong> apoio para com as agen<strong>da</strong>s<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, necessariamente estabeleci<strong>da</strong>s emparceria. Por si, po<strong>de</strong> constituir uma arma para a i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, <strong>de</strong>coesão <strong>de</strong> território e <strong>de</strong> atenuação <strong>de</strong> alguns <strong>do</strong>s efeitos mais perversos<strong>da</strong> globalização.37 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> ConhecimentoFigura 7: Níveis, aspectos e perspectivas <strong>da</strong> e-gover<strong>na</strong>ção, a<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> <strong>de</strong> (Okot-Uma,2001)Esta infra-estrutura potencia, com o uso <strong>da</strong>s tecnologias <strong>de</strong> informação ecomunicação, os meios para que os vários níveis <strong>de</strong> governo e o sectorpúblico possa implementar e <strong>de</strong>senvolver uma boa gover<strong>na</strong>ção. A figura7 ilustra os diversos componentes <strong>de</strong> actuação <strong>da</strong> e-gover<strong>na</strong>ção,relacio<strong>na</strong>n<strong>do</strong> os aspectos <strong>da</strong> e-<strong>de</strong>mocracia, e-governo e e-negócio; comos níveis <strong>de</strong> proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o indivíduo até uma escala global,cruzan<strong>do</strong> estes, com os recursos para tor<strong>na</strong>r processos e estruturas maiseficientes e eficazes, <strong>da</strong><strong>do</strong>s por diferentes perspectivas. Entre asperspectivas mais comuns estão as aplicações; as comunicações; atecnologia e os recursos humanos, para análise e operacio<strong>na</strong>lização(Okot-Uma, 2001).Existem ain<strong>da</strong> outras perspectivas que po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s taiscomo os aspectos culturais ou as questões ca<strong>da</strong> vez mais actuais <strong>do</strong><strong>de</strong>senvolvimento sustentável, <strong>da</strong> água ou <strong>da</strong> eficiência energética.A complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> espaço ilustra<strong>do</strong> <strong>na</strong> figura 7 <strong>de</strong>ve ter obviamente umconjunto <strong>de</strong> requisitos a consi<strong>de</strong>rar tais como os valores <strong>de</strong>mocráticosque incluem a liber<strong>da</strong><strong>de</strong>, a equi<strong>da</strong><strong>de</strong>, o senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, o <strong>de</strong>ver<strong>de</strong> eficiência, o acesso participa<strong>do</strong> e o acesso universal (Okot-Uma,2001) e que <strong>de</strong>vem estar subjacentes ao estabelecimento <strong>de</strong> qualquerserviço ou aplicação concebi<strong>da</strong> no quadro <strong>da</strong> e-gover<strong>na</strong>ção.Princípios para aGestão <strong>da</strong>InformaçãoNeste contexto, a gestão <strong>da</strong> informação assume renova<strong>da</strong> importância,nomea<strong>da</strong>mente permitin<strong>do</strong> uma maior abertura <strong>do</strong>s governos aosci<strong>da</strong>dãos, com base <strong>na</strong> garantia <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> princípios que sigamum referencial como o <strong>de</strong>scrito <strong>na</strong> figura 8.PrincípiosObservaçõesAcesso Tor<strong>na</strong>r a informação disponível para os ci<strong>da</strong>dãos,consumi<strong>do</strong>res <strong>de</strong> serviços, voluntários e sector priva<strong>do</strong>, bemcomo para as diversas comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>sProcessoConsciencializaçãoProvi<strong>de</strong>nciar informação sobre como ace<strong>de</strong>r a sistemas <strong>de</strong>informação públicos e acesso participa<strong>do</strong> ao processo políticoe à boa gover<strong>na</strong>çãoProvi<strong>de</strong>nciar informação sobre o processo politico, sobreserviços e escolhas disponíveis, os horizontes temporais <strong>do</strong>processo <strong>de</strong> toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão e enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s envolvi<strong>da</strong>s38 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> ConhecimentoComunicaçãoDesenvolver os meios para a troca <strong>de</strong> experiências <strong>de</strong>aprendizagem, pontos <strong>de</strong> vista, informação e conhecimento <strong>de</strong>interesse comumEnvolvimento Facilitar as oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> envolvimento para o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> intervenção directa <strong>na</strong>boa gover<strong>na</strong>çãoFigura 8: Princípios para a gestão <strong>da</strong> informação, a<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> <strong>de</strong> (Okot-Uma, 2001)Acesso à informaçãoe-<strong>de</strong>mocraciaO acesso à informação é, no entanto, dificulta<strong>do</strong> por inúmeras barreirascomo a dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> no estabelecimento <strong>de</strong> acesso universal, tor<strong>na</strong>n<strong>do</strong> ainformação facilmente disponível ao ci<strong>da</strong>dão; conseguir explorar <strong>de</strong>forma eficaz os meios <strong>de</strong> difusão <strong>de</strong> informação; assegurar asalvaguar<strong>da</strong>, segurança, privaci<strong>da</strong><strong>de</strong> e confi<strong>de</strong>nciali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s einformação; dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> capturar informação, <strong>de</strong> a codificar eposteriormente classificar <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> eficiente e eficaz, bem como <strong>de</strong> apartilhar; assegurar o esforço <strong>de</strong> manter a informação com custoscontrola<strong>do</strong>s e com quali<strong>da</strong><strong>de</strong>; assegurar um acesso equitativo àinformação e li<strong>da</strong>r com as questões <strong>de</strong> soberania <strong>na</strong> partilha e troca <strong>de</strong>informação entre Esta<strong>do</strong>s (Okot-Uma, 2001).Desta forma, a e-gover<strong>na</strong>ção po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> como a aplicação <strong>de</strong>meios electrónicos que permitem a interacção entre o governo e osci<strong>da</strong>dãos, o governo e os negócios; e inclui as operações inter<strong>na</strong>s aopróprio governo, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a simplificar e melhorar o governo e osaspectos <strong>de</strong> negócios associa<strong>do</strong>s com a própria gover<strong>na</strong>ção (Backus,2001). Esta nova <strong>de</strong>finição introduz um aspecto circular <strong>na</strong> medi<strong>da</strong> emque a e-gover<strong>na</strong>ção se alimenta a ela própria, influencian<strong>do</strong> <strong>de</strong>sse mo<strong>do</strong>a sua prestação efectiva e aceleran<strong>do</strong> o impacto <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s (os taisprocessos e estruturas) que são implementa<strong>do</strong>s para a sua prática. Poroutro la<strong>do</strong>, o próprio governo <strong>na</strong> sua ligação com os ci<strong>da</strong>dãos estabeleceum relacio<strong>na</strong>mento basea<strong>do</strong> em processos e estruturas <strong>de</strong> baseelectrónica que englobam diversas formas <strong>de</strong> interacção, precisamenteentre governo (eleitos) e ci<strong>da</strong>dãos (eleitores) a que po<strong>de</strong>remos <strong>de</strong>sig<strong>na</strong>rpor e-<strong>de</strong>mocracia (Backus, 2001). Os processos que garanteminter<strong>na</strong>mente o próprio funcio<strong>na</strong>mento (<strong>de</strong>sig<strong>na</strong><strong>do</strong>s por operações) sãocomplementares e <strong>de</strong>vem servir os processos que se relacio<strong>na</strong>m com oexterior <strong>da</strong> própria organização (<strong>de</strong>sig<strong>na</strong><strong>do</strong>s por serviços).Um <strong>do</strong>s objectivos <strong>da</strong> e-<strong>de</strong>mocracia é o <strong>de</strong> permitir o acesso ainformação e conhecimento sobre o processo político, os serviçosdisponíveis e as escolhas possíveis. Adicio<strong>na</strong>lmente, com a e-<strong>de</strong>mocracia temos também a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> permitir a transição <strong>de</strong> umestádio <strong>de</strong> acesso passivo <strong>de</strong> informação, para um acesso activo eparticipa<strong>do</strong> em que o ci<strong>da</strong>dão é informa<strong>do</strong>, representa<strong>do</strong>, encoraja<strong>do</strong> avotar (exprimir a sua opinião), consulta<strong>do</strong> e envolvi<strong>do</strong> – aumentan<strong>do</strong> o39 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimentoseu grau <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> (Backus, 2001).Uma discussão aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>do</strong> tema <strong>da</strong> e-<strong>de</strong>mocracia e <strong>da</strong>s suasimplicações, num contexto <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, é <strong>da</strong><strong>do</strong> por (Alves e Moreira,2004). Em Gouveia (2004) são apresenta<strong>do</strong>s os conceitos essenciais ediscuti<strong>da</strong>s <strong>de</strong> forma alarga<strong>da</strong> as implicações <strong>da</strong> a<strong>do</strong>pção <strong>do</strong> e-governono contexto <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l.e-participaçãoDesig<strong>na</strong>-se por e-participação a área <strong>de</strong> intervenção <strong>do</strong> e-governo com aqual se preten<strong>de</strong> promover a toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão participativa, inclusiva econsciente, por parte <strong>do</strong>s ci<strong>da</strong>dãos (Gouveia, 2004).Conforme <strong>de</strong>fendi<strong>do</strong> em (Constantino e Gouveia, 2009), a participaçãopolítica reflecte o empenhamento <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> (ci<strong>da</strong>dãos, associaçõescívicas, etc) <strong>na</strong> formação, aplicação e controlo <strong>da</strong>s políticas públicas, oque se consubstancia em qualquer iniciativa que vise influenciar, <strong>de</strong>forma directa ou indirecta, essas políticas (actos eleitorais ereferendários; pedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> informação e discussões públicas;apresentação <strong>de</strong> propostas; reclamações; contactos com a classe política;entre outros). A importância <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> participação é realça<strong>do</strong> pelaOCDE quan<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>ra o reforço <strong>da</strong> relação com os ci<strong>da</strong>dãos uminvestimento numa melhor forma <strong>de</strong> fazer política e um elementofun<strong>da</strong>mental <strong>da</strong> boa gover<strong>na</strong>ção, que permite explorar novas fontes <strong>de</strong>i<strong>de</strong>ias e <strong>de</strong> informações politicamente relevantes, aumentar a confiança<strong>do</strong>s ci<strong>da</strong>dãos <strong>na</strong> administração, promover a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> <strong>de</strong>mocracia ereforçar as capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s cívicas (OCDE, 2001).Interacções <strong>na</strong>relação governoci<strong>da</strong>dãoA participação<strong>de</strong>mocrática emPortugalAin<strong>da</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a OCDE, o reforço <strong>da</strong> relação governo-ci<strong>da</strong>dãosenvolve um largo espectro <strong>de</strong> interacções, dividi<strong>da</strong>s em três gran<strong>de</strong>sgrupos: informação (produzi<strong>da</strong> pelo governo para consulta <strong>do</strong>sci<strong>da</strong>dãos), auscultação (<strong>do</strong>s ci<strong>da</strong>dãos sobre aspectos concretos <strong>da</strong>gover<strong>na</strong>ção) e participação activa (<strong>do</strong>s ci<strong>da</strong>dãos nos processos <strong>de</strong><strong>de</strong>cisão, mas <strong>na</strong> qual esta cabe à administração). Estes gruposcorrespon<strong>de</strong>m a patamares ca<strong>da</strong> vez mais exigentes <strong>do</strong> exercício <strong>da</strong>participação cívica.No caso português, assegurar e incentivar a participação <strong>de</strong>mocrática<strong>do</strong>s ci<strong>da</strong>dãos, <strong>na</strong> resolução <strong>do</strong>s problemas <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is, é, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com aConstituição <strong>da</strong> República Portuguesa (AR, 2005) uma <strong>da</strong>s tarefasfun<strong>da</strong>mentais <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> (cf. art. 9º, alínea c). Este objectivo geral éregulamenta<strong>do</strong> em diversas vertentes, numa lógica compatível com atrilogia informação/auscultação/participação activa, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o simplesacesso à informação até à participação <strong>na</strong> toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, passan<strong>do</strong>pelos aspectos relacio<strong>na</strong><strong>do</strong>s com a igual<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s ci<strong>da</strong>dãos no exercício<strong>do</strong>s seus direitos <strong>de</strong> participação cívica. Constituem exemplo(Constantino e Gouveia, 2009):40 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento• Os direitos e <strong>de</strong>veres económicos, sociais e culturais. Em váriassituações concretas, é conferi<strong>da</strong> à participação <strong>do</strong>s ci<strong>da</strong>dãos adigni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> direito reconheci<strong>do</strong>. Com impacto <strong>na</strong> gestão <strong>do</strong>território, refira-se: o caso <strong>da</strong> habitação e <strong>do</strong> urbanismo, em que“é garanti<strong>da</strong> a participação <strong>do</strong>s interessa<strong>do</strong>s <strong>na</strong> elaboração <strong>do</strong>sinstrumentos <strong>de</strong> planeamento urbanístico e <strong>de</strong> qualquer outrosinstrumentos <strong>de</strong> planeamento físico <strong>do</strong> território” (cf. art. 65º, nº5); e o caso <strong>do</strong> ambiente e <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, em que incumbeao Esta<strong>do</strong> realizar um conjunto <strong>de</strong> iniciativas “… com oenvolvimento e a participação <strong>do</strong>s ci<strong>da</strong>dãos” (cf. art. 66º, nº 2).• A organização <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r político. A participação política <strong>do</strong>sci<strong>da</strong>dãos é consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> uma condição e um instrumentofun<strong>da</strong>mental <strong>de</strong> consoli<strong>da</strong>ção <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong>mocrático, “<strong>de</strong>ven<strong>do</strong>a lei promover a igual<strong>da</strong><strong>de</strong> no exercício <strong>do</strong>s direitos cívicos epolíticos” (cf. art. 109º). E no que concerne à Estrutura <strong>da</strong>Administração Pública, é estabeleci<strong>do</strong> que, no processamento <strong>da</strong>activi<strong>da</strong><strong>de</strong> administrativa, se <strong>de</strong>ve assegurar “a participação <strong>do</strong>sci<strong>da</strong>dãos <strong>na</strong> formação <strong>da</strong>s <strong>de</strong>cisões … que lhes disseremrespeito” (cf. art. 267º, nº 5), sen<strong>do</strong>-lhes ain<strong>da</strong> garanti<strong>do</strong> o direito<strong>de</strong> acesso aos arquivos e registos administrativos (cf. art. 268º, nº2).Impacto <strong>da</strong>s TICsNo contexto <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento, o fulcro<strong>da</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> governo e <strong>da</strong> administração pública será afecta<strong>da</strong> pelastecnologias <strong>de</strong> informação e comunicação. Estas modificaram to<strong>do</strong>s osrelacio<strong>na</strong>mentos <strong>de</strong> informação e comunicação entre políticos,funcionários públicos e ci<strong>da</strong>dãos. De forma a tomar uma perspectivamais sistematiza<strong>da</strong> é possível pensar este impacto <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com asfunções realiza<strong>da</strong>s <strong>na</strong> condução <strong>de</strong> politicas <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>: 1) produção e<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> políticas, 2) implementação <strong>de</strong> políticas, e 3)avaliação e revisão <strong>de</strong> políticas. As tecnologias e o digital estão a tomarum papel relevante <strong>na</strong>s modificações <strong>da</strong>s práticas associa<strong>da</strong>s com estasactivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s como ilustra a figura 9 (Snellen e Donk, 2002).Pré-implementação Implementação Pós implementaçãoProdução interactiva <strong>de</strong>políticasProdução proactiva <strong>de</strong>políticasVerificação no localToma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisãoautomáticaReclamaçõesadministrativasProcessos cíveis41 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> ConhecimentoCo-produção <strong>de</strong> políticas Teleserviço Comparabili<strong>da</strong><strong>de</strong>Balcão únicoLiber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> informaçãoFigura 9: Suporte TICs a politicas <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>, a<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> <strong>de</strong> (Snellen e Donk, 2002)Orientação para aimplementação <strong>da</strong> e-gover<strong>na</strong>çãoPara o <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> enquadramento <strong>da</strong> componente tecnológica é importante a<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> uma orientação que sirva como filosofia <strong>de</strong> ataque para aintegração <strong>de</strong> informação necessária para o processo <strong>de</strong> e-gover<strong>na</strong>ção.De acor<strong>do</strong> com Finger e Pécoud (2003) são sumaria<strong>da</strong>s trêsconceptualizações alter<strong>na</strong>tivas para a e-gover<strong>na</strong>ção: como satisfação <strong>do</strong>cliente; como processos e interacções; como ferramentas, cujascaracterísticas estão compara<strong>da</strong>s <strong>na</strong> figura 10.e-gover<strong>na</strong>çãocomosatisfação <strong>do</strong>clienteprocessos einteracçõesferramentasNíveis <strong>de</strong> políticasNacio<strong>na</strong>l e porvezes localNacio<strong>na</strong>l e localNacio<strong>na</strong>l e porvezes localActoresConsumi<strong>do</strong>res,administraçãoPúblico e priva<strong>do</strong>Esta<strong>do</strong>Funções <strong>de</strong>políticasOperações,prestação <strong>de</strong>serviçosOperações eprodução <strong>de</strong>políticasEm geral,prestação <strong>de</strong>serviçosUso <strong>de</strong> TICsSubstituição ecomunicaçãoInteracçãoBasea<strong>do</strong> <strong>na</strong>tecnologiaFigura 10: Alter<strong>na</strong>tivas <strong>de</strong> conceptualização <strong>da</strong> e-gover<strong>na</strong>ção, a<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> <strong>de</strong> (Finger ePécout, 2003)Deste mo<strong>do</strong>, quer através <strong>de</strong> uma orientação ao ci<strong>da</strong>dão (satisfação <strong>do</strong>cliente), quer seja uma orientação à re<strong>de</strong> (processos e interacções), ouain<strong>da</strong> uma orientação à tecnologia (ferramentas), o objectivo é o <strong>de</strong>garantir o melhor aproveitamento possível <strong>do</strong> digital e <strong>de</strong> umaoportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nça que se adivinha ser ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iramente, <strong>de</strong>paradigma.42 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento6. <strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>çãoComo já discuti<strong>do</strong>, a gover<strong>na</strong>ção po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> como acoor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção efectiva num ambiente on<strong>de</strong> tanto o conhecimento comoo po<strong>de</strong>r são distribuí<strong>do</strong>s. Qualquer organização é basea<strong>da</strong> <strong>na</strong> suacapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> gover<strong>na</strong>ção, quer esta seja formal ou informal, ineficazou <strong>de</strong> sucesso (Lane e Roy, 2002).O aparecimento <strong>da</strong> e-gover<strong>na</strong>ção está associa<strong>do</strong> com um novoprocesso <strong>de</strong> coor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção, tor<strong>na</strong><strong>do</strong> possível e até mesmo necessáriopelas tecnologias <strong>de</strong> informação e comunicação e a vulgarização <strong>da</strong>sactivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> base digital em re<strong>de</strong>. Neste contexto, o e-governo numsenti<strong>do</strong> amplo, refere uma reconfiguração <strong>da</strong> gover<strong>na</strong>ção <strong>do</strong> sectorpúblico com base <strong>na</strong>s tecnologias <strong>de</strong> informação e comunicação e <strong>na</strong>forma como o conhecimento, po<strong>de</strong>r e objectivos são redistribuí<strong>do</strong>s nocontexto <strong>de</strong> novas reali<strong>da</strong><strong>de</strong>s tecnológicas (Lane e Roy, 2002).Po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s três gran<strong>de</strong>s conjuntos <strong>de</strong> forças interrelacio<strong>na</strong><strong>da</strong>sque conduzem à emergência <strong>da</strong> e-gover<strong>na</strong>ção e a procura<strong>de</strong> novos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> organização (Lane e Roy, 2002):Forças associa<strong>da</strong>s coma e-gover<strong>na</strong>ção• Forças espaciais, associa<strong>da</strong>s com a geografia e o espaço. Aglobalização influencia a percepção <strong>do</strong> espaço, levan<strong>do</strong> anovas noções <strong>de</strong> lugar, por via <strong>de</strong> forças económicas, sociais epolíticas que criam assim novas inter<strong>de</strong>pendências para além<strong>da</strong>s fronteiras <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s. Como resulta<strong>do</strong>, a i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> e ascomuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s são menos limita<strong>da</strong>s pela geografia, com novos ebem mais complexos padrões <strong>de</strong> re<strong>de</strong> a emergirem;• Forças digitais, associa<strong>da</strong>s com as comunicações e o tempo,permitin<strong>do</strong> mais comunicação instantânea e modifican<strong>do</strong> apercepção <strong>do</strong> tempo. Esta nova noção <strong>de</strong> tempo re<strong>de</strong>finemuitas activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s organizacio<strong>na</strong>is, implican<strong>do</strong> tempos <strong>de</strong><strong>de</strong>cisão e acesso bastante mais rápi<strong>do</strong>s. A veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> e acapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> resposta imediata tor<strong>na</strong>m-se, em consequência,factores <strong>de</strong> medi<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho;• Forças cognitivas, associa<strong>da</strong>s com a educação e expectativas.Como resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> rápi<strong>do</strong> aumento <strong>da</strong> informação e <strong>da</strong>educação formal <strong>da</strong>s populações, os indivíduos tor<strong>na</strong>m-semenos passivos e mais educa<strong>do</strong>s. Por sua vez, as organizaçõeslutam por <strong>de</strong>finir e reter a combi<strong>na</strong>ção certa <strong>de</strong> competênciasnuma força <strong>de</strong> trabalho que é ca<strong>da</strong> vez mais caracteriza<strong>da</strong> (ou<strong>de</strong>veria ser!) pela mobili<strong>da</strong><strong>de</strong>, diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> e assertivi<strong>da</strong><strong>de</strong>.43 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> ConhecimentoSegun<strong>do</strong> Lane e Roy (2002), uma <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> e-gover<strong>na</strong>ção quecontenha <strong>de</strong> forma sistemática, uma agen<strong>da</strong> maior <strong>de</strong> renovação emu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> mais <strong>do</strong> que a tecnologia, po<strong>de</strong> mostrar-se mais váli<strong>da</strong>. Oe-governo constitui um esforço <strong>de</strong> melhorar o sector público,fortalecen<strong>do</strong> as tecnologias <strong>de</strong> comunicação e as ferramentas sociaisao seu serviço e melhoran<strong>do</strong> a informação e o serviço público. Umamu<strong>da</strong>nça efectiva é basea<strong>da</strong> <strong>na</strong> li<strong>de</strong>rança <strong>de</strong> recursos humanos e <strong>na</strong>inteligência colectiva <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os agentes envolvi<strong>do</strong>s aproveitan<strong>do</strong> opotencial prometi<strong>do</strong> por uma visão interliga<strong>da</strong> e inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong>mun<strong>do</strong> (Lane e Roy, 2002).No entanto, a não criação <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo para a gover<strong>na</strong>ção é, segun<strong>do</strong>Badger et al. (2004) uma receita segura para o seu falhanço. Osmesmo autores propõe um conjunto <strong>de</strong> requisitos que é necessárioacautelar num mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gover<strong>na</strong>ção:• Veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>: garantin<strong>do</strong> um percurso rápi<strong>do</strong> <strong>da</strong> execução aosresulta<strong>do</strong>s;• Escala e tamanho: garantin<strong>do</strong> flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e o cumprimento <strong>de</strong>orçamentos ca<strong>da</strong> vez mais pressio<strong>na</strong><strong>do</strong>s pelo contextoeconómico e global;Requisitos para ummo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gover<strong>na</strong>ção• Quem man<strong>da</strong> e quem é <strong>do</strong>no: garantin<strong>do</strong> o estabelecimentoclaro <strong>do</strong> cliente e <strong>da</strong>s ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> coman<strong>do</strong> e controleassocia<strong>da</strong>s;• Risco: assegurar o equilíbrio entre inovação e regularfuncio<strong>na</strong>mento administrativo;• Fi<strong>na</strong>nciamento: associa<strong>do</strong> com a sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, quanto maisdirecto e transparente, mais fácil e dura<strong>do</strong>uro se tor<strong>na</strong>;• Normas: assegurar o cumprimento <strong>de</strong> normas <strong>de</strong> forma agarantir a comparabili<strong>da</strong><strong>de</strong> com sistemas equivalentes,aumentan<strong>do</strong> a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> avaliação e evolução <strong>do</strong> sistema;• Processos integra<strong>do</strong>s: garantin<strong>do</strong> a execução operacio<strong>na</strong>l,quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e gestão <strong>da</strong> informação necessária às práticas <strong>de</strong>gover<strong>na</strong>ção.Nova gestão públicaO conceito <strong>de</strong> nova gestão púbica (new public ma<strong>na</strong>gement – NPM),<strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos 70 <strong>do</strong> século passa<strong>do</strong> foi central às reformas em muitospaíses <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> oci<strong>de</strong>ntal (Navarra e Cornford, 2004). Estas reformaspo<strong>de</strong>m ser resumi<strong>da</strong>s com base em quatro vectores: comunicação;44 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento<strong>de</strong>scentralização; transparência; e eficiência, <strong>de</strong>scritos como os quatropólos <strong>da</strong> nova administração pública, conforme ilustra<strong>do</strong>s <strong>na</strong> figura11. É precisamente no seu centro, interligan<strong>do</strong> a informação que ocontexto <strong>de</strong> e-governo mais se po<strong>de</strong>rá justificar.DESCENTRALIZAÇÃOPassagemresponsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s locaisProximi<strong>da</strong><strong>de</strong>Devolução<strong>de</strong>paraCOMUNICAÇÃOMarketing e boaspráticasMonitorização <strong>de</strong>contratosPartilha <strong>de</strong> riscosDimensão partilha<strong>da</strong>E-GOVERNOMedir o <strong>de</strong>sempenhoGestão por objectivosReinventar o governoOrientação ao cliente eparticipaçãoTRANSPARÊNCIAGestão <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenhoOrçamentação programa<strong>da</strong>Foco no ci<strong>da</strong>dãoEFICIÊNCIAPráticas <strong>de</strong> gestãoGestão <strong>de</strong> processos <strong>de</strong>negocioFigura 11: Os 4 pólos <strong>da</strong> nova administração pública, a<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> <strong>de</strong> (Navarra eCornford, 2004)Basea<strong>do</strong> nos esforços iniciais <strong>da</strong> nova administração pública, Navarrae Cornford (2004) propõe uma evolução <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> gover<strong>na</strong>ção,apresentan<strong>do</strong> a sua comparação consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> os actores e interesses; ofoco <strong>na</strong>s políticas; e o foco <strong>na</strong> prestação <strong>de</strong> serviços (figura 12).Navarra e Cornford (2004) apresentam quatro mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> gover<strong>na</strong>çãoque respon<strong>de</strong>m aos esforços <strong>da</strong> nova administração pública:<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong>gover<strong>na</strong>ção• Gestão (ma<strong>na</strong>gerial): associa<strong>do</strong> com a regulação e com aresposta à Economia <strong>do</strong> Conhecimento. Orienta<strong>do</strong> à eficiênciae à prestação rápi<strong>da</strong> <strong>de</strong> serviços <strong>do</strong> governo e àdisponibilização <strong>de</strong> informação aos utiliza<strong>do</strong>res. Promove umaumento <strong>de</strong> transparência;45 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento• Consultivo (consultive): associa<strong>do</strong> com a regulação. Orienta<strong>do</strong>para a resposta aos interesses <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, expressos <strong>de</strong> formaelectrónica. Orienta<strong>do</strong> para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> melhorespolíticas para os ci<strong>da</strong>dãos enquanto utiliza<strong>do</strong>res;• Participa<strong>do</strong> (participatory): associa<strong>do</strong> com a promoção <strong>do</strong>sdireitos <strong>de</strong> livre expressão. Orienta<strong>do</strong> para a mediaçãoelectrónica <strong>de</strong> ci<strong>da</strong>dãos e para o envolvimento <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>civil;• Discipli<strong>na</strong>r (discipli<strong>na</strong>r): associa<strong>do</strong> com o reforço <strong>da</strong>s políticas<strong>de</strong> enquadramento e regulação social. Orienta<strong>do</strong> para amelhoria <strong>da</strong>s políticas para e ao serviço <strong>do</strong> ci<strong>da</strong>dão.GestãoConsultivoParticipa<strong>do</strong>Discipli<strong>na</strong>rma<strong>na</strong>gerialconsultiveparticipatorydiscipli<strong>na</strong>ryActores einteressesGoverno,clientes,negócios,mediaGoverno,clientes, negócio,grupos <strong>de</strong>interesseAssociaçõesvoluntárias,grupos <strong>de</strong>interesses,gruposautónomosGoverno,negócio,NGOsFoco <strong>na</strong>spolíticasMarketing,eficiência,accountabilityDescentralização,transparência,teste <strong>de</strong> politicase inovaçãoLegitimi<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>,<strong>de</strong>mocracia,participação,envolvimento<strong>do</strong> ci<strong>da</strong>dão<strong>na</strong>s politicas e<strong>na</strong> <strong>de</strong>finição<strong>de</strong> priori<strong>da</strong><strong>de</strong>sBem público,vigilância,accountability,cumprimento<strong>da</strong> leiFoco nosserviçosImpostos emlinha,solicitação <strong>de</strong>benefícios,balcão único,pesquisa <strong>de</strong><strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>de</strong>marketing,informação<strong>do</strong> governo aopúblicoe-votação,recolha <strong>de</strong>opiniõesinstantânea,petições,reuniões virtuaislocais, recolha <strong>de</strong>opinião esugestões <strong>de</strong>eleitores e grupos<strong>de</strong> interesseMecanismosautónomos <strong>na</strong>fronteira <strong>do</strong>sEsta<strong>do</strong>s, listas<strong>de</strong> discussão,tecnologiasponto a ponto,e-participaçãorepresentação,a<strong>de</strong>são <strong>do</strong>ci<strong>da</strong>dão ereactivi<strong>da</strong><strong>de</strong> apoliticasInfraestruturas<strong>de</strong>informaçãoaplicáveis aserviçosespecíficos(aplicaçõesverticais)Figura 12: comparação <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> gover<strong>na</strong>ção apresenta<strong>do</strong>s (Navarra eCornford, 2004)46 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> genéricos <strong>de</strong>e-gover<strong>na</strong>ção parainformaçãoUm conjunto conheci<strong>do</strong> <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los genéricos não exclusivos,associa<strong>do</strong>s com a e-gover<strong>na</strong>ção é <strong>da</strong><strong>do</strong> por Vikas Nath no site Webque criou para o efeito (http://digitalgover<strong>na</strong>nce.org). Nath consi<strong>de</strong>raa existência <strong>de</strong> cinco mo<strong>de</strong>los (com eventuais variações, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes<strong>do</strong> respectivo contexto <strong>de</strong> utilização), com base <strong>na</strong> forma como li<strong>da</strong>mcom o recurso informação e com o uso particular que é realiza<strong>do</strong> <strong>da</strong>stecnologias <strong>de</strong> informação e comunicação:• mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> difusão e dissemi<strong>na</strong>ção alarga<strong>da</strong>(broadcasting/wi<strong>de</strong>r-dissemi<strong>na</strong>tion): basea<strong>do</strong> <strong>na</strong> distribuição<strong>de</strong> informação já existente e que aproveita novas oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s<strong>de</strong> alargar a esfera <strong>de</strong> influência por via <strong>da</strong>s tecnologias <strong>de</strong>informação e comunicação;• mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> fluxo critico (critical flow): basea<strong>do</strong> <strong>na</strong>disponibilização <strong>de</strong> informação critica, útil para uma audiênciaespecífica, normalmente num contexto bem <strong>de</strong>termi<strong>na</strong><strong>do</strong>;Desafios a respon<strong>de</strong>rpara um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>gover<strong>na</strong>ção• mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> análise comparativa (comparative a<strong>na</strong>lysis):orienta<strong>do</strong> à comparação e confrontação <strong>de</strong> informação <strong>de</strong> livreacesso, sobre assuntos específicos que <strong>de</strong>monstrem bons emaus casos <strong>de</strong> recursos, por via <strong>da</strong> comparação <strong>de</strong> casospráticos. Por vezes implicam a comparação com <strong>da</strong><strong>do</strong>sestatísticos como indica<strong>do</strong>res ou métricas mais simples comomédias e <strong>de</strong>svios padrão;• mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> mobilização e <strong>de</strong>fesa (e-advocacy & mobilization):segun<strong>do</strong> o autor, um <strong>do</strong>s mais frequentes, associa<strong>do</strong> com aparticipação <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil. Basea<strong>do</strong> <strong>na</strong> criação <strong>de</strong>comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s virtuais que permitam o envolvimento <strong>de</strong>indivíduos em re<strong>de</strong>s, promoven<strong>do</strong> grupos <strong>de</strong> interesse ecomuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s com objectivos <strong>de</strong> mobilização para problemas<strong>de</strong> proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>;• mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> serviço interactivos (interactive services): orienta<strong>do</strong>para a manipulação directa <strong>de</strong> informação pelo indivíduo porrecursos a serviços interactivos <strong>de</strong> base electrónica. Ainteractivi<strong>da</strong><strong>de</strong> é entendi<strong>da</strong> como a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> estabelecerfluxos <strong>de</strong> informação, nos <strong>do</strong>is senti<strong>do</strong>s <strong>da</strong> relação governo –ci<strong>da</strong>dãos.Por sua vez, Finger e Pécoud (2003) alertam para a importância <strong>de</strong>consi<strong>de</strong>rar abor<strong>da</strong>gens, cujos mo<strong>de</strong>los tenham em linha <strong>de</strong> conta os47 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento<strong>de</strong>safios fi<strong>na</strong>nceiros, os <strong>de</strong>safios <strong>de</strong> legitimação e a competiçãoresultante <strong>da</strong> tensão entre uma globalização on<strong>de</strong> existe uma forteapetência pela mobili<strong>da</strong><strong>de</strong> e pelo lucro e o local, on<strong>de</strong> as tendênciascontrariam precisamente a mobili<strong>da</strong><strong>de</strong> e o lucro. Os mesmos autorespropõem um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> e-gover<strong>na</strong>ção ilustra<strong>do</strong> <strong>na</strong> figura 13.Mo<strong>de</strong>lo geral <strong>da</strong> e-gover<strong>na</strong>çãoSector priva<strong>do</strong>GovernoTerceiro sectorPolíticaRegulaçãoOperaçõesGlobalNacio<strong>na</strong>lLocale-gover<strong>na</strong>çãoExploração contínua <strong>da</strong>s TICsFigura 13: esquema <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> e-gover<strong>na</strong>ção proposto por Finger e Pécoud(2003)No caso <strong>da</strong> figura 13, é possível verificar uma preocupação em cruzaras preocupações geográficas, envolven<strong>do</strong> os mais diversos sectores <strong>da</strong>socie<strong>da</strong><strong>de</strong> (e não ape<strong>na</strong>s o governo) <strong>na</strong> construção e <strong>de</strong>senvolvimento<strong>da</strong> acção política, <strong>da</strong> regulação e <strong>da</strong>s operações (os processos internosà administração pública) para garantir a mobilização e equilíbrio entreto<strong>da</strong>s as partes. A tecnologia é neste caso, percepcio<strong>na</strong><strong>da</strong> como novasoportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> exploração, numa perspectiva <strong>de</strong> melhoria contínua<strong>do</strong> equilíbrio já referi<strong>do</strong>.As iniciativas <strong>de</strong> e-gover<strong>na</strong>ção são agora comuns em muitos países,tanto mais que prometem um governo mais orienta<strong>do</strong> ao ci<strong>da</strong>dão e aredução <strong>de</strong> custos operacio<strong>na</strong>is. No entanto, como <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> Saxe<strong>na</strong>(2005) em muitos casos não são alcança<strong>do</strong>s os objectivos pretendi<strong>do</strong>se tor<strong>na</strong>-se comum a razão <strong>de</strong> falha ser associa<strong>da</strong> com um excessivofoco <strong>na</strong> tecnologia em vez <strong>da</strong> própria gover<strong>na</strong>ção.e2-gover<strong>na</strong>çãoSaxe<strong>na</strong> (2005) distingue entre duas aproximações à e-gover<strong>na</strong>ção:uma centra<strong>da</strong> <strong>na</strong> tecnologia e, outra, centra<strong>da</strong> <strong>na</strong> própria gover<strong>na</strong>ção.O mesmo autor introduz a noção <strong>de</strong> excelência <strong>na</strong> e-gover<strong>na</strong>ção (e2-gover<strong>na</strong>ção), em que orienta a iniciativa <strong>de</strong> e-gover<strong>na</strong>ção, não ape<strong>na</strong>spara ganhos <strong>de</strong> eficiência, mas também para o cumprimento <strong>do</strong> grau48 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento<strong>de</strong> eficácia proposto (Saxe<strong>na</strong>, 2005). Deste mo<strong>do</strong>, é possível afirmarque uma iniciativa orienta<strong>da</strong> pela boa gover<strong>na</strong>ção, tem também <strong>de</strong> oser, também, em relação à avaliação <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s que se preten<strong>de</strong>matingir.Análise SWOT <strong>da</strong>spráticas <strong>de</strong> e-gover<strong>na</strong>çãoBackus (2001) discute numa análise SWOT os <strong>de</strong>safios que secolocam à introdução <strong>de</strong> práticas <strong>de</strong> e-gover<strong>na</strong>ção para países em<strong>de</strong>senvolvimento, dividin<strong>do</strong> o respectivo estu<strong>do</strong> em aspectos políticos,aspectos sociais, aspectos económicos e aspectos tecnológicos. Aquestão <strong>da</strong> promoção <strong>do</strong> emprego é vista como uma <strong>da</strong>s oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s<strong>do</strong>s aspectos sociais, bem como um aumento <strong>de</strong> eficiência <strong>do</strong>s custos(aspectos económicos) e um aumento <strong>de</strong> transparência (aspectospolíticos). Por outro la<strong>do</strong>, os malefícios <strong>da</strong> corrupção são lista<strong>do</strong>scomo ameaças para aspectos políticos e económicos. Outras ameaçasrelevantes são a <strong>de</strong>pendência <strong>da</strong> tecnologia (aspectos tecnológicos) e aresistência <strong>do</strong>s indivíduos à mu<strong>da</strong>nça (aspectos sociais). Emcontraparti<strong>da</strong>, as forças e fraquezas no nosso contexto são diferentes<strong>da</strong>s <strong>de</strong> um país em <strong>de</strong>senvolvimento, pois não po<strong>de</strong>m ser espera<strong>do</strong>sgran<strong>de</strong>s choques resultantes <strong>de</strong> evolução <strong>de</strong> comportamentos eintrodução <strong>de</strong> tecnologias (face à actual e positiva, evolução <strong>de</strong>ste tipo<strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res em Portugal).DesafioUrge <strong>de</strong>sta forma, a realização <strong>de</strong> um exercício semelhante, a<strong>da</strong>pta<strong>do</strong>ao contexto <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l que avalie a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> e o risco associa<strong>do</strong>com a a<strong>do</strong>pção <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> e-gover<strong>na</strong>ção.49 <strong>de</strong> 104


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<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento7. Recomen<strong>da</strong>çõesObservaçõesprelimi<strong>na</strong>resA conclusão <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> remete para um conjunto <strong>de</strong> recomen<strong>da</strong>çõescujo maior objectivo é o <strong>de</strong> contribuir para uma reflexão que seexige profun<strong>da</strong> e séria por via <strong>da</strong>s profun<strong>da</strong>s consequências queresultam <strong>da</strong>s acções realiza<strong>da</strong>s em consequência <strong>da</strong> mo<strong>de</strong>lação <strong>da</strong>gover<strong>na</strong>ção. Des<strong>de</strong> logo, pelos efeitos <strong>na</strong> competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>na</strong>capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> resposta, no potencial <strong>de</strong> inovação e <strong>na</strong> motivação,aspectos que são elementos essenciais e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> complexi<strong>da</strong><strong>de</strong>compatibilização entre si.Gerir tais equilíbrios e ain<strong>da</strong> o tempo e a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> estabelecerpriori<strong>da</strong><strong>de</strong>s ao tomar linhas <strong>de</strong> orientação específicas e alocar osrecursos existentes são essencialmente áreas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão política e,como tal, cabem aos seus responsáveis que, para o tema, <strong>de</strong>vempossuir i<strong>de</strong>ias bem concretas e fáceis <strong>de</strong> comunicar e enten<strong>de</strong>r, <strong>de</strong>mo<strong>do</strong> a potenciar a mobilização <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong>s.Deste mo<strong>do</strong>, propõem-se um conjunto <strong>de</strong> recomen<strong>da</strong>ções que seconsi<strong>de</strong>ra serem pertinentes para potenciar mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> gover<strong>na</strong>çãoa<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s numa perspectiva <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com os princípios<strong>do</strong> digital e <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Informação e Conhecimento.Seguin<strong>do</strong> uma estrutura <strong>de</strong> recomen<strong>da</strong>ções <strong>de</strong> alto nível(estratégicas), médio nível (tácticas) e <strong>de</strong> baixo nível (operacio<strong>na</strong>is),são apresenta<strong>da</strong>s quase duas <strong>de</strong>ze<strong>na</strong>s <strong>de</strong> recomen<strong>da</strong>ções. Asrecomen<strong>da</strong>ções <strong>de</strong> alto e médio nível enunciam condiçõesnecessárias para o sucesso e para o <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> enquadramento <strong>da</strong>smedi<strong>da</strong>s mais operacio<strong>na</strong>is.As óbvias, mascríticasAssim, as recomen<strong>da</strong>ções óbvias, mas críticas, constituem osmotores essenciais para a promoção e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>território:• educação: orienta<strong>da</strong> para o reforço <strong>de</strong> valores ecompetências, promotor <strong>de</strong> comportamentos e <strong>de</strong>diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pensamento, mas essencialmente <strong>de</strong>afirmação <strong>de</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> individual e consciência social, <strong>do</strong>multiculturalismo, <strong>do</strong> próprio lega<strong>do</strong> cultural e <strong>do</strong>empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>rismo;51 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento• mobili<strong>da</strong><strong>de</strong>: garantin<strong>do</strong> a máxima extensão digital possível eo complemento ao físico <strong>de</strong> forma a maximizar ainter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lização <strong>de</strong> indivíduos e grupos e a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>mobilização, relacio<strong>na</strong>mento e <strong>de</strong> capital social.Promoven<strong>do</strong> a visita e a <strong>de</strong>slocação física <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> aproporcio<strong>na</strong>r experiências <strong>de</strong> visão e sentimentos diferentese potencia<strong>do</strong>res;• infra-estrutura digital: garantin<strong>do</strong> o rebatimento necessárioque assegure o uso <strong>de</strong> meios digitais quan<strong>do</strong> e on<strong>de</strong> foremnecessários. Per<strong>da</strong>s, falhas e negações <strong>de</strong> serviço ao nível <strong>de</strong>infra-estrutura mi<strong>na</strong>m a confiança e adiam a aquisição <strong>de</strong>novas práticas e a modificação <strong>de</strong> comportamentos. O baixocusto e alta disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> meios <strong>de</strong> comunicaçãodigital, promovem o seu uso e a<strong>do</strong>pção <strong>de</strong> práticasassocia<strong>da</strong>s com o “sempre liga<strong>do</strong>, sempre em acesso eacessível”.As essenciais, masdifíceisAdicio<strong>na</strong>lmente, sugere-se um conjunto <strong>de</strong> recomen<strong>da</strong>çõesessenciais, mas <strong>de</strong> difícil concretização. Estas são as recomen<strong>da</strong>çõesmais críticas, também porque po<strong>de</strong>m produzir efeitos <strong>na</strong> gover<strong>na</strong>ção(difíceis <strong>de</strong> controlar) e que mais exigentes são para assegurar queos parâmetros <strong>de</strong> utilização e comportamento gera<strong>do</strong> se situam emzo<strong>na</strong> <strong>de</strong> contribuição para a socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Indivíduos e uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong>mais educa<strong>da</strong>, com maior mobili<strong>da</strong><strong>de</strong> e suporta<strong>da</strong> por uma infraestruturadigital a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> é, com bastante grau <strong>de</strong> certeza, umasocie<strong>da</strong><strong>de</strong> que gera e exige solicitações <strong>de</strong> <strong>na</strong>tureza radicalmentediferente <strong>da</strong>quela que conhecemos actualmente (com ocorrespon<strong>de</strong>nte la<strong>do</strong> negro a exigir planeamento e capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s,nomea<strong>da</strong>mente <strong>na</strong>s componentes <strong>de</strong> segurança e <strong>de</strong>fesa para li<strong>da</strong>rcom, por exemplo, o roubo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> e a guerra <strong>da</strong> informação).Estes são os promotores <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nças <strong>de</strong> comportamento e umenquadramento maior que por si só, justifica precisamente aurgência <strong>de</strong> novos esforços <strong>de</strong> organização em torno <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>gover<strong>na</strong>ção mais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s. Não obstante é importante enunciarestes difíceis <strong>de</strong>safios:• a regulação: essencial <strong>na</strong>s questões <strong>de</strong> coman<strong>do</strong> e controle e<strong>na</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> intervenção e conciliação <strong>de</strong> interesses, <strong>na</strong>maior parte <strong>da</strong>s vezes, em conflito <strong>na</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Umaregulação em tempo real e capaz <strong>de</strong> ser consequente é tãoessencial como a liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> execução e a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ofazer com quali<strong>da</strong><strong>de</strong>;• a segurança: proven<strong>do</strong> mecanismos <strong>de</strong> segurança e52 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimentofomentan<strong>do</strong> uma cultura em que a questão <strong>de</strong> segurança éum requisito primário. As questões <strong>de</strong> segurança ultrapassamem muito o digital. Mas mesmo no âmbito <strong>do</strong> digital, querpor razões históricas, quer por razões culturais, muito tem <strong>de</strong>ser realiza<strong>do</strong> neste <strong>do</strong>mínio (por exemplo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as cópias <strong>de</strong>segurança até à criptagem <strong>de</strong> informação sensível emcomputa<strong>do</strong>res pessoais, quanto é actualmente realiza<strong>do</strong> porindivíduos e organizações?);• a transparência: consegui<strong>da</strong> pela simplificação <strong>de</strong> processos,diminuição radical <strong>de</strong> tempos <strong>de</strong> realização e resposta eaumento significativo <strong>de</strong> reporte <strong>de</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Acentralização <strong>de</strong> repositórios <strong>de</strong> informação pública,integra<strong>do</strong>s com as obrigações sociais, legais e fiscais parececonstituir a melhor forma <strong>de</strong> promover a gestão <strong>da</strong>informação.As <strong>de</strong> vector <strong>de</strong>convergência (para agover<strong>na</strong>ção digital)As recomen<strong>da</strong>ções <strong>de</strong> vector <strong>de</strong> convergência para a gover<strong>na</strong>ção,agregam as recomen<strong>da</strong>ções que, pela sua <strong>na</strong>tureza, permitem umaoperacio<strong>na</strong>lização possível e directa (mesmo assim, nãonecessariamente fácil). Em alguns casos, exige uma mobilização eu<strong>na</strong>nimi<strong>da</strong><strong>de</strong> complexa <strong>de</strong> obter para garantir a sua viabili<strong>da</strong><strong>de</strong>:• primeiro, mu<strong>da</strong>r a nossa relação com o tempo: <strong>de</strong> tempopolítico (ciclos eleitorais) para tempo cultural (gerações esua carga <strong>de</strong> competência);• <strong>de</strong>sígnio, estratégia e priori<strong>da</strong><strong>de</strong>s em ciclos <strong>de</strong> 10 anos,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> e a partir <strong>do</strong> primeiro nível <strong>de</strong> soberania;• formar, promover e estabelecer um perfil <strong>de</strong> profissio<strong>na</strong>is <strong>de</strong>carreira <strong>na</strong> administração pública central e local que zelempelos circuitos <strong>de</strong> gover<strong>na</strong>ção e promovam uma ética <strong>de</strong>comportamento público;• criar e cui<strong>da</strong>r <strong>de</strong> um merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> tecnologias <strong>de</strong> informação<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l pelo incremento <strong>de</strong> competências e suporte,nomea<strong>da</strong>mente no uso <strong>de</strong> opensource e posteriormente noaparecimento <strong>de</strong> propostas inova<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> novos produtos eserviços <strong>de</strong> base digital;• <strong>de</strong>senvolver e disponibilizar infra-estruturas <strong>de</strong> partilha ecomunicação <strong>de</strong> informação a muito baixo custo (ainformação é suporte no contexto actual mas <strong>de</strong>fine, pelo53 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimentoesforço associa<strong>do</strong> em a obter, o custo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> bens);• fomentar o aparecimento <strong>de</strong> núcleos locais <strong>de</strong> produção <strong>de</strong>conhecimento em temas relacio<strong>na</strong><strong>do</strong>s com as tecnologias <strong>de</strong>informação e comunicação, interpretan<strong>do</strong> e produzin<strong>do</strong> acultura <strong>de</strong> proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>;• cui<strong>da</strong>r a mobili<strong>da</strong><strong>de</strong>, o ambiente, o território, a segurança, olega<strong>do</strong> cultural, a preservação <strong>da</strong> memória histórica, apartilha <strong>de</strong> conhecimento num contexto <strong>de</strong> proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>(to<strong>do</strong> o casco antigo <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is <strong>de</strong>ve reinventarseneste contexto);• valorizar a intervenção huma<strong>na</strong>, a organização <strong>do</strong> espaçosocial, a manutenção e controlo <strong>de</strong> custos <strong>de</strong> energia,comunicações e transportes (mas sempre numa lógica <strong>de</strong>valor para indivíduo e para o espaço social – valor público);• assegurar estabili<strong>da</strong><strong>de</strong> social e garantir a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>permanência <strong>da</strong>s populações no território, em especialpromoven<strong>do</strong> sal<strong>do</strong>s <strong>de</strong>mográficos e etários competitivos emtermos globais;• reinventar as instituições <strong>de</strong> ensino superior (em especial, asUniversi<strong>da</strong><strong>de</strong>s) como locais <strong>de</strong> confrontação e produção <strong>de</strong>conhecimento (tal exige coragem mas cria centrali<strong>da</strong><strong>de</strong>súnicas ao território, pelas oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s que cria);• reorganização e promoção <strong>da</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> territorial para ointerface ci<strong>da</strong>dão-Esta<strong>do</strong>: agrupamentos <strong>de</strong> escolas; médicos<strong>de</strong> família; mapeamento territorial <strong>de</strong> proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> emorganismos como centros <strong>de</strong> emprego, centros <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,repartições <strong>de</strong> impostos, entre outros, aju<strong>da</strong> a uma melhorarquitectura <strong>de</strong> informação, facilitan<strong>do</strong> o entendimento, acomparabili<strong>da</strong><strong>de</strong> a obtenção <strong>de</strong> informação, quer estatística,quer operacio<strong>na</strong>l. Produzir uma matriz <strong>de</strong> relacio<strong>na</strong>mento<strong>de</strong>stes factores que tenha a coragem <strong>de</strong> questio<strong>na</strong>r (e alterar!)a actual divisão político-administrativa <strong>do</strong> território.54 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento8. A e-gover<strong>na</strong>ção como um sistema sócio-tecnológico aberto edinâmicoA complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> tema <strong>da</strong> e-gover<strong>na</strong>ção e a sua associação com as preocupações <strong>do</strong> governo<strong>de</strong> um Esta<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>scritas em seis gran<strong>de</strong>s grupos <strong>de</strong> preocupações. Nestes grupos estãoincluí<strong>do</strong>s aspectos associa<strong>do</strong>s com o indivíduo e o social; com a tecnologia; com o recursoinformação; com as questões associa<strong>da</strong>s com a organização em re<strong>de</strong> e, obviamente, com oprópriogoverno.Valor públicoMissãoVigilância e guar<strong>da</strong> <strong>de</strong> informaçãoPapel <strong>do</strong> sector priva<strong>do</strong>Papel <strong>do</strong> sector civil & ONGImputabili<strong>da</strong><strong>de</strong>SubcontrataçãoDiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> governoNatureza e abrangência <strong>de</strong> serviçospúblicosCapaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong> serviço públicoJustiça e equi<strong>da</strong><strong>de</strong>Concepção <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> negócio eintegraçãoTransparênciaEnquadramento legalLei inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lRelacio<strong>na</strong>mentos intergover<strong>na</strong>mentaisRetorno <strong>de</strong> investimentosCiberinfraestruturaInteligência ambienteInterfaces inteligentesVisualizaçãoAutentizaçãoRecolha automática <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s emonitorizaçãoSensoresSoftware socialAgentes inteligentesVirtualizaçãoTecnologias móveis e sem fiosAuditoria e avaliação forenseSegurançaServiços partilha<strong>do</strong>sArquitecturasComponentes, blocos e <strong>de</strong>senvolvimentoArquivos digitais<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> referênciaOntologiasActivi<strong>da</strong><strong>de</strong> forense <strong>na</strong> informaçãoMeta<strong>da</strong><strong>do</strong>sGestão <strong>do</strong> conhecimentoQuali<strong>da</strong><strong>de</strong> e integri<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> informaçãoPesquisa e recuperação <strong>de</strong> informaçãoBibliotecas digitaisPreservação digitalArquitectura <strong>da</strong> informaçãoVisualização <strong>de</strong> informaçãoInteligência <strong>de</strong> negóciosQuestões <strong>de</strong> governoEvolução tecnológicaGestão <strong>da</strong> InformaçãoSistemaSocio-tecnológicoAberto & Dinâmico09-04-2009 - v11Tendências sociaisFactores humanosInteracção e complexi<strong>da</strong><strong>de</strong>DemografiaDistribuição <strong>de</strong> riqueza entregrupos sociais e geraçõesDivisão digitalTensões sociaisMu<strong>da</strong>nça institucio<strong>na</strong>lParticipação políticaMulticulturalismoGlobalizaçãoPrivatizaçãoConflitos sectoriaisEmigração e imigraçãoEconomia <strong>da</strong> informaçãoDesenvolvimento económicoMobili<strong>da</strong><strong>de</strong>I<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>Privaci<strong>da</strong><strong>de</strong>EscolhaIntegri<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> indivíduoConfiançaAutonomiaAcessoExcesso <strong>de</strong> informaçãoPapel <strong>do</strong>s utiliza<strong>do</strong>resAceitação <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nçaAjustamento e aprendizagemInteresses <strong>de</strong> parceirosColaboraçãoCooperação e competiçãoGestão <strong>do</strong> riscoInteroperabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sistemasMecanismos <strong>de</strong> gover<strong>na</strong>çãoAcesso e entrega multica<strong>na</strong>lInteracção entre fronteirasDinâmica entre sistemasSistemas auto organiza<strong>do</strong>sSistemas distribui<strong>do</strong>s e multiagenteFigura 14: Mapa mental <strong>do</strong>s factores <strong>da</strong> e-gover<strong>na</strong>ção, a<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Dawes (2009)55 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento56 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento9. Contribuições individuais9.1. “Gover<strong>na</strong>nce” e o Direito <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> ConhecimentoCarlos Carvalho9.2. Gover<strong>na</strong>ção e a Gestão <strong>da</strong> InformaçãoFeliz Ribeiro Gouveia9.3. Para uma outra forma <strong>de</strong> olhar para a “coisa pública”José Manuel Moreira9.4. A Maturi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>na</strong> Gestão <strong>da</strong>s Tecnologias <strong>de</strong> InformaçãoJosé Ruivo9.5. O Emprego <strong>de</strong> Sistemas <strong>de</strong> Informação <strong>na</strong> Gestão <strong>de</strong> Recursos Humanos <strong>do</strong> ExércitoNuno Neves9.6. A importância <strong>da</strong>s certificações <strong>na</strong>s tecnologias <strong>de</strong> informaçãoPedro Gomes57 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento9.1. “Gover<strong>na</strong>nce” e o Direito <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong>ConhecimentoCarlos CarvalhoA instauração e vivência num regime <strong>de</strong>mocrático significa não ape<strong>na</strong>s o fim <strong>da</strong> arbitrarie<strong>da</strong><strong>de</strong> e<strong>da</strong> violação sistemática <strong>do</strong>s direitos humanos mas também a firme esperança num futuro <strong>de</strong>justiça e <strong>de</strong> prosperi<strong>da</strong><strong>de</strong>, propósitos esses que a ca<strong>da</strong> momento são confronta<strong>do</strong>s com o risco <strong>de</strong>se voltar ao passa<strong>do</strong> por efeito <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>ficiente governância.Nas socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s actuais em que vivemos ca<strong>da</strong> vez mais a promoção <strong>da</strong> governância terá <strong>de</strong> passarmuito mais pelo incremento <strong>da</strong> legitimi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> que pelo reforço <strong>da</strong> autori<strong>da</strong><strong>de</strong>, porquanto dumalegitimi<strong>da</strong><strong>de</strong> acresci<strong>da</strong> resultará, i<strong>de</strong>almente, a aceitação voluntária por parte <strong>do</strong>s ci<strong>da</strong>dãos <strong>da</strong>sdirectrizes provenientes <strong>da</strong> enti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>cisora, dispensan<strong>do</strong>-se, assim, ca<strong>da</strong> vez mais o recurso ameios <strong>de</strong> implementação coactiva <strong>da</strong>s <strong>de</strong>cisões.Victor Hugo afirmou que “… saber exactamente qual a parte <strong>do</strong> futuro que po<strong>de</strong> ser introduzi<strong>da</strong>no presente é o segre<strong>do</strong> <strong>de</strong> um bom governo …” e que “… a primeira igual<strong>da</strong><strong>de</strong> é a justiça …”.Esta sábia e já temporalmente distante afirmação permanece hoje ple<strong>na</strong>mente váli<strong>da</strong> <strong>na</strong> medi<strong>da</strong>em que as tarefas e <strong>de</strong>safios que se nos colocam, em tempos difíceis e <strong>de</strong> crise a vários níveis,exigem que saibamos preparar o futuro no presente, encontran<strong>do</strong> as soluções a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s e certaspara a manutenção e melhoria <strong>da</strong> vivência <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os seres humanos.Numa socie<strong>da</strong><strong>de</strong> em que a tecnologia e os meios comunicacio<strong>na</strong>is assumiram e <strong>de</strong>sempenhamum papel quotidiano relevante <strong>na</strong> vivência <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s e <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um importa que a ca<strong>da</strong> ser humanosejam assegura<strong>da</strong>s garantias e salvaguar<strong>da</strong><strong>do</strong> o respeito <strong>da</strong> sua integri<strong>da</strong><strong>de</strong> e intimi<strong>da</strong><strong>de</strong> pessoal epriva<strong>da</strong>, bem como <strong>da</strong>s suas <strong>de</strong>mais liber<strong>da</strong><strong>de</strong>s individuais.Vimos sen<strong>do</strong> confronta<strong>do</strong>s com um processo <strong>de</strong> transformação gradual sistemático, com oaparecimento duma cultura digital que une e irma<strong>na</strong> tematicamente pessoas <strong>de</strong> locais diferentes.Socorren<strong>do</strong>-nos <strong>da</strong>s palavras <strong>de</strong> A. Marques Gue<strong>de</strong>s "… Hoje em dia, com as tecnologias <strong>de</strong>informação, as coisas estão a mu<strong>da</strong>r e as inovações tecnológicas que acompanham a revoluçãodigital ten<strong>de</strong>m a favorecer ca<strong>da</strong> vez mais os <strong>de</strong>scentraliza<strong>do</strong>res. Com telemóveis, a Internet, astelevisões, a subi<strong>da</strong> vertiginosa <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> literacia e um módico <strong>de</strong> bem-estar económico58 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimentoliga<strong>do</strong> ao crescimento <strong>de</strong> uma economia <strong>de</strong> serviços ca<strong>da</strong> vez mais eficiente, tem vin<strong>do</strong> a fazersubir o empowerment <strong>do</strong>s níveis locais relativamente aos centros …" 1 .A Internet como re<strong>de</strong> permanente e global que tornou possível a comunicação, a difusão ecirculação <strong>de</strong> informação, em tempo real, entre termi<strong>na</strong>is situa<strong>do</strong>s fisicamente em qualquer ponto<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, constituiu e representa, sem dúvi<strong>da</strong> alguma, uma ‘revolução’ <strong>na</strong>s tecnologias <strong>da</strong>informação e <strong>da</strong> comunicação, ten<strong>do</strong> cria<strong>do</strong> novas oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s para os negócios, para asactivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s intelectuais e criativas, para o acesso à informação e ao convívio entre indivíduos,para a participação política <strong>do</strong>s ci<strong>da</strong>dãos.Contu<strong>do</strong>, como “não existe bela sem senão” a mesma foi já qualifica<strong>da</strong> como o ‘paraíso <strong>do</strong>shackers’. É que a sua <strong>na</strong>tureza trans<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, difusa e, nessa medi<strong>da</strong>, dificilmente controlável,facilita ou potencia o seu uso para fins ilícitos, engendran<strong>do</strong> mesmo formas novas <strong>de</strong>crimi<strong>na</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>, constituin<strong>do</strong>, sob o prisma <strong>do</strong>s interesses <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> indivíduo, um factor <strong>de</strong> riscosacresci<strong>do</strong>s <strong>de</strong> invasão e <strong>de</strong>vassa <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong> priva<strong>da</strong>.As características imateriais e fugidias <strong>da</strong> Internet fazem <strong>de</strong>la um meio adverso e avesso ao papeltradicio<strong>na</strong>l e à missão <strong>de</strong> um Direito que foi sen<strong>do</strong> tradicio<strong>na</strong>lmente concebi<strong>do</strong> e estrutura<strong>do</strong> parauma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> assente em bens tangíveis, exigin<strong>do</strong>-se <strong>de</strong>ste uma necessária e urgenteactualização quanto às novas reali<strong>da</strong><strong>de</strong>s, conceitos, bens e interesses, actualização essa que emmuitos aspectos constitui uma ‘revolução’.As alterações e mu<strong>da</strong>nças produzi<strong>da</strong>s no mun<strong>do</strong> em resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> impacto cria<strong>do</strong> pelos meiostecnológicos <strong>da</strong> informação e <strong>da</strong> comunicação, e pela própria globalização, reflectin<strong>do</strong> edi<strong>na</strong>mizan<strong>do</strong> as mais recentes mutações históricas e sociais, exigem <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> direito e <strong>da</strong>vi<strong>da</strong> que o caracteriza também a sua participação e implicação nessa reali<strong>da</strong><strong>de</strong> assimtransforma<strong>da</strong>.Daí que a turbulência, a incerteza e relativi<strong>da</strong><strong>de</strong> que atinge os vários sistemas, nomea<strong>da</strong>mente, osistema social, não po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ter reflexo <strong>na</strong> encruzilha<strong>da</strong> em que confluem múltiplosargumentos e análises sobre as mutações em curso nos próprios fun<strong>da</strong>mentos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>Direito, com novos <strong>de</strong>safios não ape<strong>na</strong>s para o pensamento jurídico, mas também para ospráticos <strong>do</strong> direito, para a activi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s seus aplica<strong>do</strong>res que carecem <strong>de</strong> ser revolucio<strong>na</strong><strong>da</strong>s,1 Marques Gue<strong>de</strong>s, Arman<strong>do</strong> (2007). «A "linha <strong>da</strong> Frente"? Do Su<strong>do</strong>este <strong>do</strong>s Balcãs à Ásia Central» Geopolítica, n.º1, Setembro, pp. 35-36.59 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimentoembora com os <strong>na</strong>turais e normais fenómenos <strong>de</strong> resistência e <strong>de</strong> conservação, pelos novoscontextos <strong>de</strong> aceleração, <strong>de</strong> mutabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> acréscimo <strong>de</strong> complexi<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> plurali<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong>incerteza que marcam a vivência <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> actual.Temos, assim, que urge a<strong>de</strong>quar e acertar o mais possível os “tempos” tecnológico, económico efi<strong>na</strong>nceiro ao “tempo” jurídico e judiciário, encontran<strong>do</strong> novas formas, meios e mecanismos quepermitam que este prossiga a sua missão essencial <strong>de</strong> pacifica<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s conflitos e <strong>de</strong> garante <strong>do</strong>existir em socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.Trata-se, to<strong>da</strong>via, <strong>de</strong> <strong>de</strong>safio difícil porquanto atravessamos uma ambiência marca<strong>da</strong> por uma<strong>na</strong>rrativa e compreensão próprias que, no dizer <strong>de</strong> António Manuel Hespanha, marcam acontemporanei<strong>da</strong><strong>de</strong> mais recente com a inevitabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> leitura não racio<strong>na</strong>liza<strong>da</strong> e instantânea<strong>da</strong>s imagens, a propensão para o pensamento associativo <strong>na</strong> correspondência com a <strong>na</strong>turezamulti-temática e paralela <strong>da</strong> difusão informativa e uma percepção fragmenta<strong>da</strong> e ecléctica <strong>da</strong>reali<strong>da</strong><strong>de</strong> que recusa o estabelecimento <strong>de</strong> normas fixas com a secun<strong>da</strong>rização <strong>do</strong> direito <strong>na</strong> suafunção regulativa.A globali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Internet contraria, além disso, o alcance territorial <strong>do</strong> direito <strong>de</strong> base estadual,levantan<strong>do</strong> o problema <strong>da</strong> aplicabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ste a um campo sem fronteiras, agrava<strong>do</strong> peladificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vigiar e controlar efectivamente o que nela se passa, reali<strong>da</strong><strong>de</strong>s estas quereclamam respostas integra<strong>da</strong>s, consensualiza<strong>da</strong>s a vários níveis («multileval gover<strong>na</strong>nce»),mormente, ao nível supra<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, pese embora a competição comummente aceite entreglobalização e soberania, com a emergência <strong>de</strong> zo<strong>na</strong>s <strong>de</strong> conflito entre os Esta<strong>do</strong>s e os diversosnovos actores <strong>na</strong> ce<strong>na</strong> inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l.Se é certo que houve quem encarasse a Internet como um espaço sem lei e quem questio<strong>na</strong>sse anecessi<strong>da</strong><strong>de</strong> e a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> sua regulação por enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s exter<strong>na</strong>s, temos, to<strong>da</strong>via, que, no<strong>de</strong>bate que se gerou, não <strong>de</strong>morou a afirmar-se a convicção <strong>da</strong> vali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s princípios e regrasgerais <strong>do</strong> Direito, bem como <strong>da</strong> indispensabili<strong>da</strong><strong>de</strong> dum controlo e regulação/discipli<strong>na</strong> <strong>da</strong>mesma.A teoria e a prática <strong>da</strong> regulação <strong>da</strong> re<strong>de</strong> ten<strong>de</strong>m, to<strong>da</strong>via, a ser pensa<strong>da</strong>s por vezes à luz <strong>do</strong>conceito <strong>de</strong> “gover<strong>na</strong>nce” envolven<strong>do</strong> um misto <strong>de</strong> tutela estatal, <strong>de</strong> cooperação inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e<strong>de</strong> auto-regulação.60 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> ConhecimentoSerá presumivelmente esse o caminho certo para conciliar o respeito pelos valores e princípiosconsoli<strong>da</strong><strong>do</strong>s e firma<strong>do</strong>s ao nível <strong>do</strong>s nossos or<strong>de</strong><strong>na</strong>mentos jurídicos e as complica<strong>da</strong>s e<strong>de</strong>safia<strong>do</strong>ras exigências <strong>de</strong> regulação <strong>da</strong>quele «espaço virtual» sem «uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> código nem <strong>de</strong>jurisdição».Como afirma Manuel Lopes Rocha este “novo direito” começou por ser um Direito <strong>de</strong> “objectosespecíficos” (<strong>da</strong><strong>do</strong>s, bases <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s, programas <strong>de</strong> computa<strong>do</strong>r, etc.,), para <strong>de</strong>pois se converternum direito que preten<strong>de</strong> reger “… uma reali<strong>da</strong><strong>de</strong> absorvente (e) multímo<strong>da</strong> …” 2 , transitan<strong>do</strong>-se<strong>da</strong> “era <strong>da</strong> informática” para a “era <strong>da</strong> Internet”.Atente-se que a activi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>lituosa se aproveitou e aproveita <strong>da</strong>s tensões e fraquezas <strong>da</strong>regulação jurídica nos vários or<strong>de</strong><strong>na</strong>mentos jurídicos, quer ao nível substantivo quer adjectivo(procedimentos <strong>de</strong> investigação, <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> provas, etc.,), impon<strong>do</strong>-se o assegurar e amanutenção efectiva <strong>da</strong> legali<strong>da</strong><strong>de</strong>, para o que se mostra essencial a obtenção e implementação<strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong> investigação relativas à crimi<strong>na</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> organiza<strong>da</strong> e transfronteiras numespaço ca<strong>da</strong> vez mais global e globaliza<strong>do</strong>, que não sejam entrava<strong>do</strong>s por procedimentos pesa<strong>do</strong>s<strong>de</strong> intercâmbio <strong>de</strong> informações.Tal exige uma activi<strong>da</strong><strong>de</strong> te<strong>na</strong>z, atenta e vigilante e <strong>na</strong> qual, face aos <strong>de</strong>mais valores <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> emsocie<strong>da</strong><strong>de</strong>, como por exemplo, os <strong>da</strong>s liber<strong>da</strong><strong>de</strong>s individuais e <strong>da</strong> segurança, importa encontrara<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s e sãos equilíbrios.Temos, por outro la<strong>do</strong>, que uma pensa<strong>da</strong>, reflecti<strong>da</strong>, a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> e correcta informatização <strong>do</strong>sTribu<strong>na</strong>is será uma <strong>da</strong>s condições que permitirá contribuir não só para o aumento <strong>da</strong>produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s seus profissio<strong>na</strong>is e para uma melhor gestão <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> justiça, mastambém po<strong>de</strong>rá constituir um «instrumento <strong>de</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia <strong>na</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> informação»,potencian<strong>do</strong> e facilitan<strong>do</strong> a aproximação entre a administração <strong>da</strong> justiça e o ci<strong>da</strong>dão 3 , bem comocombaten<strong>do</strong> a imagem <strong>de</strong> opaci<strong>da</strong><strong>de</strong> com que a Justiça é ain<strong>da</strong> hoje frequentemente encara<strong>da</strong>.Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, o uso no contexto <strong>do</strong> sistema judicial <strong>do</strong>s novos instrumentos digitais e <strong>da</strong>s novasferramentas electrónicas disponibiliza<strong>da</strong>s pela tecnologia <strong>de</strong>vem motivar e merecer uma ampla,aberta e <strong>de</strong>sapaixo<strong>na</strong><strong>da</strong> reflexão, não só <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> quem se preocupa com a celeri<strong>da</strong><strong>de</strong>,2 Lopes <strong>da</strong> Rocha, Manuel. Revista “Sub Judice”, n.º 35 - “Internet, Direito e Tribu<strong>na</strong>is” (Abril 2007).3 Vi<strong>de</strong>, com muito interesse, o recente Plano <strong>de</strong> Acção Plurianual 2009-2013 sobre a “Justiça Electrónica Europeia”(2009/C 75/01) publica<strong>do</strong> no Jor<strong>na</strong>l Oficial <strong>da</strong> União Europeia, C 75/1, <strong>de</strong> 31.03.2009.61 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimentocom os custos, com as garantias ou com a certeza <strong>da</strong> resolução <strong>do</strong>s casos judiciais, mas também<strong>de</strong> quem articula as teorias organizacio<strong>na</strong>is <strong>do</strong>s procedimentos.Assistimos no nosso tempo a um aumento exponencial <strong>da</strong> judicialização <strong>da</strong>s relaçõesinter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is, mercê <strong>da</strong> tendência para o aumento <strong>da</strong> <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> normativa, não ape<strong>na</strong>s nocrescen<strong>do</strong> <strong>da</strong>s áreas sujeitas a regulação jurídica inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l ("Império <strong>do</strong> Direito") e <strong>na</strong>smatérias <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa e tutela <strong>do</strong>s direitos humanos e <strong>da</strong>s relações comerciais e económicas, masigualmente <strong>na</strong> substituição <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo tradicio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> resolução <strong>de</strong> disputas por um mo<strong>de</strong>lobasea<strong>do</strong> em órgãos <strong>de</strong> tipo judicial (v.g., ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> Tribu<strong>na</strong>l Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Justiça surgiramPainéis <strong>de</strong> Inspecção, Comissões <strong>de</strong> Conciliação, Tribu<strong>na</strong>is Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is Administrativos,Tribu<strong>na</strong>is Pe<strong>na</strong>is Especiais, Tribu<strong>na</strong>l Pe<strong>na</strong>l Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l - abrevia<strong>da</strong>mente TPI, etc.), e tu<strong>do</strong> istopese embora as dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>na</strong> execução <strong>da</strong>s <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong>sfavoráveis face a Esta<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>rosos(problemas com a efectivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> Direito Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e <strong>do</strong> acesso ao mesmo).Note-se que <strong>na</strong> espécie <strong>de</strong> a<strong>na</strong>rquia em que se transformou a “gover<strong>na</strong>nça” mundial alguns <strong>do</strong>sprimeiros si<strong>na</strong>is <strong>de</strong> alguma reorganização <strong>de</strong>ssa “gover<strong>na</strong>nça” pren<strong>de</strong>m-se com a emergênciadum po<strong>de</strong>r judicial supra<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l (v.g., a criação <strong>do</strong> TPI).Tal reali<strong>da</strong><strong>de</strong> marca a criação <strong>da</strong>quilo que foi <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong><strong>do</strong> <strong>de</strong> “comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> global judiciária”composta por re<strong>de</strong>s (formais e informais), por diálogos inter-judiciais com a participação dumaplurali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> actores que faz uso <strong>de</strong>sses mecanismos e meios contenciosos ten<strong>de</strong>ntes ao reforçoe afirmação <strong>da</strong> sua voz nos processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is e trans<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is.Tal reali<strong>da</strong><strong>de</strong> vivencia<strong>da</strong> e potencia<strong>da</strong> pelas novas tecnologias numa socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> informação e<strong>de</strong> conhecimento reclama a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> repensar politicamente a forma trans<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> participação <strong>de</strong>mocrática <strong>do</strong>s ci<strong>da</strong>dãos, com a alteração <strong>do</strong> próprio conceito <strong>de</strong>ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia o qual não po<strong>de</strong> ser exclu<strong>de</strong>nte mas antes <strong>de</strong>ve ser inclusivo.Daí que e concluin<strong>do</strong> se nos revele pertinente a emergência <strong>da</strong> afirmação e implementação aosvários níveis e mo<strong>de</strong>los organizativos <strong>da</strong>s instituições <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is e supra<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is <strong>do</strong>s princípioselenca<strong>do</strong>s <strong>na</strong> “Gover<strong>na</strong>nça Europeia - Um Livro Branco” 4 , mormente, o princípio <strong>da</strong>transparência (procedimental, <strong>do</strong>cumental e revela<strong>do</strong> <strong>na</strong> fun<strong>da</strong>mentação <strong>do</strong>s actos/<strong>de</strong>cisões), o4 Cfr. Comunicação <strong>da</strong> Comissão, <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2001, «Gover<strong>na</strong>nça Europeia - Um Livro Branco» [COM(2001) 428 fi<strong>na</strong>l - Jor<strong>na</strong>l Oficial <strong>da</strong> União Europeia, C 287, <strong>de</strong> 12.10.2001].62 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimentoprincípio <strong>da</strong> coerência (substancial e formal), o princípio <strong>da</strong> abertura, o princípio <strong>da</strong> eficácia(avaliação e eficácia <strong>do</strong>s meios e cultura <strong>de</strong> avaliação) e o princípio <strong>da</strong> <strong>de</strong>mocracia participativa(liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão qualifica<strong>da</strong>, <strong>de</strong>ver institucio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> diálogo, <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> consulta e po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>iniciativa pública), e aos quais se <strong>de</strong>vem aliar os princípios <strong>da</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> (“accountability”- imputação), <strong>da</strong> partilha, <strong>da</strong> in<strong>de</strong>pendência e <strong>da</strong> boa administração.Quan<strong>do</strong> concluímos neste senti<strong>do</strong> aí incluímos a instituição judicial e os vários sistemas judiciais<strong>na</strong> certeza <strong>de</strong> que também aqui e com as necessárias a<strong>da</strong>ptações e a<strong>de</strong>quações importa prosseguire trilhar novos caminhos.Tal constitui, aliás, um <strong>do</strong>s <strong>de</strong>safios e emergências <strong>do</strong>s nossos tempos <strong>de</strong> mol<strong>de</strong> a que o clima <strong>de</strong><strong>de</strong>sconfiança e <strong>de</strong> suspeição mútua que tem cria<strong>do</strong> uma “espiral <strong>de</strong> afastamento” seja trava<strong>do</strong> einverti<strong>do</strong>.Carlos Carvalho, Juiz Desembarga<strong>do</strong>r63 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento9.2. Gover<strong>na</strong>ção e a Gestão <strong>da</strong> InformaçãoFeliz Ribeiro GouveiaIntroduçãoA Gestão <strong>da</strong> Informação pren<strong>de</strong>-se com os esforços organizacio<strong>na</strong>is relacio<strong>na</strong><strong>do</strong>s com o valor, ocusto, a quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, a utilização, a origem, a segurança, a proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>, a distribuição, afiabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, a a<strong>de</strong>quação, e a pertinência <strong>da</strong> Informação como suporte <strong>da</strong> missão e <strong>do</strong>s objectivos<strong>da</strong>s organizações (Marchand et al, 2002). Numa perspectiva <strong>de</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Informação eGoverno Digital (eGov), a Gestão <strong>da</strong> Informação é <strong>da</strong> maior importância para integrar esforçosque geralmente são pensa<strong>do</strong>s isola<strong>da</strong>mente, sem o enquadramento que lhes permita coor<strong>de</strong><strong>na</strong>r,gerir e antecipar a complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> relacio<strong>na</strong>mento entre as diversas enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s envolvi<strong>da</strong>s,sejam elas individuais ou colectivas. Enquanto num contexto <strong>de</strong> informação e processos emsuporte material, geralmente papel, existe espaço para compensar a ausência ou as <strong>de</strong>ficiências<strong>de</strong> Gestão <strong>da</strong> Informação com dilatações <strong>de</strong> prazos, correcções <strong>de</strong> erros à posteriori, mu<strong>da</strong>nças<strong>de</strong> procedimentos, e aumento <strong>da</strong> complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> tramitação administrativa, num contextodigital tal abor<strong>da</strong>gem dificilmente é compatível com a lógica digital: informação disponível emlinha, tempos <strong>de</strong> transacção próximos <strong>do</strong> instantâneo, e informação partilhável entre to<strong>do</strong>s.Sen<strong>do</strong> a Informação o recurso central <strong>da</strong> nossa Socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>no essencial <strong>da</strong> gestão que for feita <strong>de</strong>ste recurso. Des<strong>de</strong> o fi<strong>na</strong>l <strong>do</strong>s anos 90 que os Governos <strong>do</strong>spaíses mais <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s traçaram as linhas gerais <strong>da</strong>s suas estratégias <strong>de</strong> Gestão <strong>da</strong>Informação, ver por exemplo McDo<strong>na</strong>ld (2000), encontran<strong>do</strong>-se alguns nessa altura já em fase<strong>de</strong> reformulação (GAO, 1996).64 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> ConhecimentoImpacto <strong>na</strong> Gover<strong>na</strong>çãoA nível <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção, o esforço precursor iniciou-se nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>vase“Gestão <strong>de</strong> Recursos <strong>de</strong> Informação 5 ”, em que os recursos <strong>de</strong> informação englobavam<strong>da</strong><strong>do</strong>s, computa<strong>do</strong>res, re<strong>de</strong>s, e outros suportes tecnológicos <strong>de</strong> armaze<strong>na</strong>mento,transmissão, tratamento e conversão <strong>de</strong> formato <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s. Esta <strong>de</strong>sig<strong>na</strong>ção apareceu nofi<strong>na</strong>l <strong>do</strong>s anos 70 por iniciativa <strong>do</strong> Governo como resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong> preocupação pela gestãocriteriosa, eficiente e eficaz <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a Informação Fe<strong>de</strong>ral e <strong>da</strong> tecnologia <strong>de</strong> suportecorrespon<strong>de</strong>nte. Foi inclusive proposto que a Gestão <strong>de</strong> Recursos <strong>de</strong> Informação fosse osuporte técnico e operacio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> Gestão <strong>da</strong> informação, então <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> como a gestão <strong>da</strong>proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong>, e <strong>do</strong> uso <strong>da</strong> Informação. É ain<strong>da</strong> neste contextoque a Gover<strong>na</strong>ção tem que actuar, propon<strong>do</strong>, <strong>de</strong>finin<strong>do</strong>, aplican<strong>do</strong> e controlan<strong>do</strong> osdiferentes aspectos <strong>da</strong> Gestão <strong>da</strong> Informação, com especial atenção ao seu Ciclo <strong>de</strong> Vi<strong>da</strong>.Alguns <strong>de</strong>stes aspectos são:• aspectos éticos liga<strong>do</strong>s à aquisição, à colecção ou à divulgação <strong>de</strong> Informação <strong>de</strong>carácter priva<strong>do</strong> tor<strong>na</strong>ram-se uma questão central <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, e que não po<strong>de</strong>mser ignora<strong>do</strong>s 6 ; embora a Informação seja encara<strong>da</strong> como um recurso, a suaparticulari<strong>da</strong><strong>de</strong> impe<strong>de</strong> que seja transaccio<strong>na</strong><strong>da</strong> como tal: por exemplo, as empresasnão po<strong>de</strong>m ven<strong>de</strong>r, mesmo em questão <strong>de</strong> falência, as suas bases <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>de</strong>clientes;• aspectos sociais, muitas vezes liga<strong>do</strong>s a cultura e i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l 7 , religiosa,racial, étnica, ou <strong>de</strong> grupos sociais são relevantes em cenários inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is emque as organizações e os próprios Governos se movem;• aspectos legais, que além <strong>da</strong>s questões <strong>de</strong> direito <strong>de</strong> autor e proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> intelectual,incluem agora privaci<strong>da</strong><strong>de</strong>, espio<strong>na</strong>gem comercial, e <strong>da</strong><strong>do</strong>s pessoais; estes aspectospo<strong>de</strong>m incluir noções <strong>de</strong> imputabili<strong>da</strong><strong>de</strong> difíceis <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar; <strong>de</strong> uma forma geral,5Information Resources Ma<strong>na</strong>gement, promovi<strong>da</strong> pela Natio<strong>na</strong>l Commission on Fe<strong>de</strong>ral Paperwork,cria<strong>da</strong> em 1974, com o objectivo <strong>de</strong> reduzir os custos <strong>da</strong>s empresas, <strong>do</strong> ci<strong>da</strong>dão e <strong>do</strong> Governo <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s àburocracia crescente nos EUA.6Com especial relevância para a <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong><strong>da</strong> informação sensível, ou seja informação priva<strong>da</strong>, e <strong>do</strong>foro médico.7Como exemplo a diferente legislação em diferentes países sobre a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> informação priva<strong>da</strong>ou <strong>da</strong> possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso a informação <strong>de</strong>ti<strong>da</strong> pelos governos.65 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimentoa Gestão <strong>da</strong> informação <strong>de</strong>ve ser a ponte entre os aspectos legais e as organizações,que <strong>de</strong>vem proce<strong>de</strong>r <strong>de</strong> forma a evitar que a lei seja infringi<strong>da</strong>; são inúmeros oscasos <strong>de</strong> empresas que violam legislação sobre privaci<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>na</strong> maioria <strong>do</strong>s casospor <strong>de</strong>sconhecimento <strong>do</strong> enquadramento legal, ou por falhas inter<strong>na</strong>s em processos<strong>de</strong> manipulação <strong>de</strong> Informação.Algumas <strong>da</strong>s questões que acabam <strong>de</strong> ser enumera<strong>da</strong>s são <strong>de</strong> primordial importância norelacio<strong>na</strong>mento digital num contexto <strong>de</strong> Governo Digital, e têm esta<strong>do</strong> no centro <strong>da</strong>satenções <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong>, por vezes, a fragili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>smecanismos que existem para proteger o ci<strong>da</strong>dão e as organizações.Informação e Privaci<strong>da</strong><strong>de</strong>Na Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> actual, assistimos a uma proliferação constante <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> informação,sen<strong>do</strong> esta gera<strong>da</strong> por praticamente qualquer acto que as pessoas ou as organizaçõespratiquem. Des<strong>de</strong> os registos ví<strong>de</strong>o, passan<strong>do</strong> por transacções com cartões, i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>res<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os tipos, telemóveis com GPS, Re<strong>de</strong>s Sociais, até inúmeros sistemas que <strong>de</strong>ixamum rasto <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s atrás <strong>de</strong> si. Esta tendência foi antecipa<strong>da</strong> há uns anos por ScottMcNeally, fun<strong>da</strong><strong>do</strong>r <strong>da</strong> Sun Microsystems, <strong>na</strong> sua famosa frase “"Privacy is <strong>de</strong>ad, get overit". As implicações <strong>de</strong>ste facto são imensas, começan<strong>do</strong> pela reformulação <strong>da</strong> noção <strong>de</strong>“privaci<strong>da</strong><strong>de</strong>” (Shneier, 2009). São frequentes os casos em que existe uma completasobreposição entre interacções formais e informais, tal como a confrontação <strong>de</strong> alguémcom palavras proferi<strong>da</strong>s ou texto escrito num contexto em que suponha privaci<strong>da</strong><strong>de</strong>. Alegislação está prepara<strong>da</strong>? O ci<strong>da</strong>dão tem que justificar tu<strong>do</strong> o que diz, mesmo em contextopriva<strong>do</strong>? este é um <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>safios <strong>da</strong> Gover<strong>na</strong>ção e <strong>da</strong> legislação que vier a ter queser produzi<strong>da</strong>.Sen<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> grava<strong>do</strong> e po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser reproduzi<strong>do</strong>, a Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação produz semparar terabytes <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s não contextualiza<strong>do</strong>s; a sua interpretação futura po<strong>de</strong>rá nãoutilizar os mesmos pressupostos <strong>da</strong> altura <strong>de</strong> criação, e po<strong>de</strong>rá não existir forma, pordiversas razões, <strong>de</strong> os vali<strong>da</strong>r. Da mesma forma que hoje as gran<strong>de</strong>s preocupações <strong>da</strong>Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> são o Ambiente e como tor<strong>na</strong>r eficiente o consumo energético, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>66 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimentoalgumas déca<strong>da</strong>s a nossa preocupação será o “lixo informação”, e o que fazer com ele.Nunca saben<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> po<strong>de</strong>rão ser necessários, ninguém quererá classificar os <strong>da</strong><strong>do</strong>scomo obsoletos, e portanto <strong>de</strong>scartáveis. Por outro la<strong>do</strong>, reciclar esses <strong>da</strong><strong>do</strong>s, e integrá-losentre aplicações e serviços, apresenta-se como um <strong>do</strong>s <strong>de</strong>safios a vir (Bernestein & Haas,2008). A Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação tem pois uma memória infinita, no espaço e no tempo,e o ciclo <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> Informação po<strong>de</strong>rá ser também infinito, com custos <strong>de</strong>manutenção e <strong>de</strong> espaço que po<strong>de</strong>rão não ser negligenciáveis o que Davenport & Cohen(2005) chamam o “puzzle <strong>da</strong> Gestão <strong>da</strong> Informação”.A base <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação é a “Confiança”. Essa confiança é basea<strong>da</strong> numaanálise <strong>de</strong> risco à qual a maioria <strong>do</strong>s ci<strong>da</strong>dãos está alheia. Os factores <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>ntes <strong>do</strong>risco são por vezes tecnicamente complexos, ou então baseiam-se numa mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong>atitu<strong>de</strong> que o ci<strong>da</strong>dão comum não interiorizou. Assim, a “engenharia social” continua a seruma forma comum <strong>de</strong>, ao usurpar <strong>de</strong> forma simples a i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> outrem, ter acesso ainformação priva<strong>da</strong> e sensível. Inci<strong>de</strong>ntes recentes envolven<strong>do</strong> a per<strong>da</strong> <strong>de</strong> informação <strong>de</strong>contribuintes no Reino Uni<strong>do</strong> e nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, mostram-nos que o aumento <strong>de</strong>responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s funcionários que li<strong>da</strong>m com informação priva<strong>da</strong> e sensível não foiacompanha<strong>do</strong> <strong>de</strong> um aumento <strong>da</strong> sua sensibilização para as questões centrais <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>da</strong> Informação (MSNBC, 2007).Essa confiança po<strong>de</strong>rá ser obti<strong>da</strong> por meios formais, como por exemplo a eleva<strong>da</strong> garantia<strong>de</strong> segurança <strong>de</strong> um protocolo criptográfico, ou por meios informais, basea<strong>do</strong>s em aspectossociais. É comum a utilização <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> pessoas obti<strong>do</strong>s em serviços públicos<strong>de</strong> correio electrónico, como a Google ou a Yahoo. Na era <strong>do</strong> Dinheiro Digital, era comumafirmar-se que a “moe<strong>da</strong>” emiti<strong>da</strong> por gran<strong>de</strong>s empresas multi<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is po<strong>de</strong>ria ser maisconfiável que a moe<strong>da</strong> <strong>de</strong> muitos países. Este é outro aspecto <strong>da</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>da</strong> Informação, a aceitação <strong>da</strong> base <strong>de</strong> Confiança com base em critérios <strong>de</strong> re<strong>de</strong>, <strong>de</strong>familiari<strong>da</strong><strong>de</strong>, ou <strong>de</strong> reconhecimento <strong>de</strong> marcas, organizações ou produtos, critérios essesmais acessíveis ao ci<strong>da</strong>dão comum <strong>do</strong> que os conjuntos <strong>de</strong> especificações ou <strong>de</strong>procedimentos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m técnica.67 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> ConhecimentoAs pessoas: auscultação e métricasO mais recente estu<strong>do</strong> sobre a satisfação <strong>do</strong> utente <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> eGov <strong>na</strong> Europa (vanGompel, 2008) i<strong>de</strong>ntifica a Confiança como sen<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s quatro factores quedirectamente influenciam a satisfação <strong>do</strong> utente. A Confiança assentan<strong>do</strong> <strong>na</strong> tecnologia (<strong>de</strong>base internet) e nos Serviços Públicos, o estu<strong>do</strong> recomen<strong>da</strong> que a Gover<strong>na</strong>ção <strong>de</strong>vereforçar as iniciativas <strong>de</strong> Segurança Informática, Privaci<strong>da</strong><strong>de</strong>, e I<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> Digital. Outro<strong>do</strong>s factores importantes pren<strong>de</strong>-se com o Acesso Fácil, com 44% <strong>da</strong>s respostas a indicarque os serviços não são usa<strong>do</strong>s porque os utiliza<strong>do</strong>res “não conseguem encontrar ainformação ou serviço”. A falta <strong>de</strong> sensibilização para a existência <strong>do</strong>s serviços é aponta<strong>da</strong>em 49,1% <strong>da</strong>s respostas <strong>da</strong>s pessoas que não utilizam os serviços. Um <strong>do</strong>s aspectosessenciais aponta<strong>do</strong>s neste estu<strong>do</strong> tem a ver com a colocação <strong>do</strong> utente no plano central,<strong>de</strong>ven<strong>do</strong> qualquer iniciativa ser motiva<strong>da</strong> não pela tecnologia e pelos processos, mas simpelas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong>s utentes. Esta motivação é aliás aponta<strong>da</strong> em várias iniciativas <strong>de</strong>eGov, nomea<strong>da</strong>mente (TBCS, 1999).A medição <strong>da</strong> tecnologia, e não <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s, é um <strong>do</strong>s erros frequentescometi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção, não só por ser mais fácil e directo, mas porque medir osresulta<strong>do</strong>s implica auscultar os utentes, e i<strong>de</strong>ntificar as suas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, anseios, epercepções <strong>do</strong>s serviços. O estu<strong>do</strong> cita<strong>do</strong> trabalha sobre “eventos <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> <strong>do</strong> ci<strong>da</strong>dão”,como correspon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> às motivações mais facilmente i<strong>de</strong>ntificáveis para interagir <strong>na</strong>Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação. Os eventos mais frequentemente cita<strong>do</strong>s <strong>na</strong>s respostas obti<strong>da</strong>ssão: pagamento <strong>de</strong> impostos (40,2%), procura <strong>de</strong> trabalho (27,1%) e acesso a bibliotecaspúblicas (24,8%). É interessante constatar que as diversas iniciativas europeias em cursooptaram por disponibilizar primeiro estes serviços, uma vez que estão associa<strong>do</strong>s aobrigações ou a fortes motivações. Outros serviços, como a participação em grupos <strong>de</strong><strong>de</strong>bate, ou a interacção com eleitos e órgãos <strong>de</strong> soberania tem uma expressão muitoreduzi<strong>da</strong> se compara<strong>da</strong> com as utilizações referi<strong>da</strong>s.A Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação tem vários <strong>de</strong>safios simultâneos, e a forma <strong>de</strong> gover<strong>na</strong>ção éum <strong>de</strong>les. Numa análise <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>da</strong> Direcção-Geral Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>Informação e Media (DG InfoSoc), chama<strong>do</strong> <strong>de</strong> “soft gover<strong>na</strong>nce” pela forma indirectacomo o papel <strong>de</strong> regulação e <strong>de</strong> legislação é assumi<strong>do</strong>, Harcourt (2008) i<strong>de</strong>ntifica vários68 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimentofactores negativos. A DG que é responsável por 20% <strong>do</strong> orçamento anual <strong>da</strong> Comissão,a<strong>do</strong>pta um estilo <strong>de</strong> gover<strong>na</strong>ção caracteriza<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> a autora, por falta <strong>de</strong> transparência,legitimi<strong>da</strong><strong>de</strong>, e ausência <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate <strong>de</strong>mocrático. Sen<strong>do</strong> a “soft gover<strong>na</strong>nce” promovi<strong>da</strong> emresposta à postura <strong>de</strong> legisla<strong>do</strong>r <strong>da</strong> Comissão, são necessários mais estu<strong>do</strong>s e análises sobreeste estilo <strong>de</strong> gover<strong>na</strong>ção numa Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação, e sobre o seu impactoeconómico, social, e <strong>na</strong>s pessoas.Nota fi<strong>na</strong>lA informação assumiu um papel crescente <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, que foi sen<strong>do</strong> acompanha<strong>do</strong> <strong>de</strong>preocupações <strong>do</strong>s Governos em assumir a sua correcta gestão e integração nos seusmo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção. Des<strong>de</strong> os anos 90 que a maioria <strong>do</strong>s países mais industrializa<strong>do</strong>s<strong>de</strong>senvolveu políticas e práticas <strong>de</strong> Gestão <strong>da</strong> Informação que lhes permitiram fazer umatransição suave para a Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação. Devi<strong>do</strong> ao eleva<strong>do</strong> nível <strong>de</strong> confiança <strong>do</strong>ci<strong>da</strong>dão e <strong>da</strong>s empresas <strong>na</strong> sua Administração Pública, <strong>na</strong> sua forma tradicio<strong>na</strong>l, autilização <strong>de</strong> novos ca<strong>na</strong>is e <strong>de</strong> novas formas <strong>de</strong> relacio<strong>na</strong>mento foi acolhi<strong>da</strong>favoravelmente. A complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> gestão <strong>da</strong> informação, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infra-estrutura,passan<strong>do</strong> pelas aplicações, pela interoperação <strong>de</strong> serviços, pelas pessoas, até ànormalização, aos formatos e à legislação, tem si<strong>do</strong> essencialmente amorteci<strong>da</strong> pelosesforços <strong>de</strong> cooperação e <strong>de</strong> normalização a nível inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, caben<strong>do</strong> aos países<strong>de</strong>finirem trajectos <strong>de</strong> compatibili<strong>da</strong><strong>de</strong> a nível <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l.No entanto, a falta <strong>de</strong> cooperação entre serviços, a repetição <strong>de</strong> informação e consequenteesforço por parte <strong>do</strong> ci<strong>da</strong>dão, e a falta <strong>de</strong> retorno e <strong>de</strong> informação sobre o esta<strong>do</strong> <strong>da</strong>sinteracções entre o ci<strong>da</strong>dão e os serviços continuam a ser os principais motivos <strong>de</strong>insatisfação <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação. A falta <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate e <strong>de</strong> participação <strong>de</strong>mocráticasão outros <strong>do</strong>s motivos <strong>de</strong> insatisfação aponta<strong>do</strong>s, e são poucas as iniciativas quecontrariam esta percepção.ReferênciasBernestein, P., Haas, L., “Information Integration in the Enterprise”, Communications of69 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimentothe ACM, vol. 51, nº 9, Setembro 2008.Davenport, T., Cohen, D., “Solving the Information Ma<strong>na</strong>gement Puzzle: A Life CycleApproach”, Babson, Working Knowledge Research Center, Maio 2005.GAO, “Information Ma<strong>na</strong>gement Reform. Effective Implementation Is Essential forImproving Fe<strong>de</strong>ral Performance”, United States General Accounting Office, GAO/T-AIMD-96-132, 1996.Harcourt, A., “Institutio<strong>na</strong>lising Soft Gover<strong>na</strong>nce in the European Information Society”, inDavid Ward (ed), the European Union & the Culture Industries: Regulation and the PublicInterest, Londres, Ashgate Law Series, 2008.Marchand, D. and Davenport, H. and Dickson, T. (eds), Mastering InformationMa<strong>na</strong>gement, Prentice-Hall, 2002.McDo<strong>na</strong>ld, J., “Information Ma<strong>na</strong>gement in the Government of Ca<strong>na</strong><strong>da</strong>. A SituationA<strong>na</strong>lysis”, Natio<strong>na</strong>l Archives of Ca<strong>na</strong><strong>da</strong>, 2000.MSNBC, “Computer security problems found at IRS”, MSNBC Online. Disponível em. [Consulta<strong>do</strong> em 14 Abril 2009].Shneier, B., “Privacy and the Fourth Amendment”, Crypto-gram Newsletter, Abril 2009.Disponível em . [Consulta<strong>do</strong> em 14Abril 2009].TBCS, “Strategic Directions for Information Ma<strong>na</strong>gement and Information Technology”,Treasury Board of Ca<strong>na</strong><strong>da</strong> Secretariat, Publicação BT53-10/1999, 1999.van Gompel, R., Kerschot, H., Steyaert, J., Wauters, P., van <strong>de</strong>r Peijl, S., Co<strong>da</strong>gone, C.,“Study on the Measurement of eGovernment User Satisfaction and Impact”, EuropeanCommission, Information Scoiety and Media Directorate-General, Bruxelas, 2008.70 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento9.3. Para uma outra forma <strong>de</strong> olhar para a “coisa pública”José Manuel MoreiraQual será o papel <strong>do</strong> governo numa economia mais digital e numa <strong>de</strong>mocracia maiselectrónica? Em que medi<strong>da</strong> um bom entendimento <strong>da</strong> gover<strong>na</strong>ção po<strong>de</strong> favorecer umaci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia digital?Durante quase <strong>do</strong>is séculos as questões <strong>da</strong> organização <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> foram vistas emtermos <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> versus Merca<strong>do</strong>, serviços públicos versus serviços priva<strong>do</strong>s, cooperaçãoversus concorrência.Hoje sabemos que esse mun<strong>do</strong> era <strong>de</strong>masia<strong>do</strong> maniqueísta, e tanto mais quanto não setinha <strong>de</strong>scoberto que o Esta<strong>do</strong> e o Merca<strong>do</strong> <strong>de</strong>vem ser vistos em função <strong>do</strong> reforço <strong>de</strong> umterceiro vértice <strong>do</strong> triângulo: a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil. Fala-se, por isso, agora em regresso <strong>da</strong>socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil e em re<strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> um terceiro sector intermédio (entre o comercial e ogover<strong>na</strong>mental). Daí a importância <strong>de</strong> uma nova cultura capaz <strong>de</strong> fazer frutificar umasocie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil livre e forte, mais dinâmica e vertebra<strong>da</strong>. 8A economia digital – por estranho que pareça – mais que o entendimento (neo) clássico <strong>da</strong>economia, vem reforçar a iniciativa e a criativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s indivíduos, mas também a suacapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> inovação e <strong>de</strong> associação. O que, no melhor <strong>da</strong> tradição austríaca <strong>de</strong>economia, Hayek consi<strong>de</strong>rou como “or<strong>de</strong>m alarga<strong>da</strong> <strong>da</strong> interacção (ou <strong>da</strong> cooperação)huma<strong>na</strong>”.De igual mo<strong>do</strong>, o novo paradigma <strong>da</strong> gover<strong>na</strong>ção, mais que fortalecer a velha política, estáa incentivar e a facilitar a participação e vigilância cívicas por parte <strong>do</strong>s ci<strong>da</strong>dãos,limitan<strong>do</strong> os abusos <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r político <strong>na</strong> medi<strong>da</strong> em que permite mais transparência <strong>na</strong>forma <strong>de</strong> atingir os resulta<strong>do</strong>s e mais accountability <strong>na</strong> avaliação <strong>do</strong>s eleitos ou <strong>da</strong>spolíticas públicas. 98 José Manuel Moreira, Ética, Democracia e Esta<strong>do</strong>. Para uma nova cultura <strong>da</strong> Administração Pública,Principia, Cascais, 2002.9 Veja-se a este propósito, Gonçalo Paiva Dias e José Manuel Moreira, “Transparency corruption and ICT(Illustrated With Portuguese Cases)”. In Antonino Vaccaro, Hugo Horta, and Peter Madsen (ed),Transparency, Information and Communication Technology: Social Responsability and Accountability inBusiness and Education. Philosophy Documentation Center, Charlottesville (2008), ISBN 978‐1‐889680‐60‐6,pp 151‐160.71 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> ConhecimentoFoi assim que, nesta linha, <strong>na</strong> “Introdução” a Esta<strong>do</strong>, Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> Civil e AdministraçãoPública – Para um Novo Paradigma <strong>do</strong> Serviço Público, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>mos uma reforma <strong>do</strong>mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gover<strong>na</strong>ção que fosse no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> novas oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s e <strong>de</strong> novos e maisactivos papéis para os ci<strong>da</strong>dãos.Um mo<strong>de</strong>lo que implica a substituição <strong>do</strong> chama<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> bem-estar por umaSocie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> bem-estar.Uma substituição que nunca acontecerá se não formos capazes <strong>de</strong> ter em <strong>de</strong>vi<strong>da</strong> conta osmúltiplos <strong>de</strong>safios que hoje os governos/APs enfrentam. Desafios que não só obrigam arepensar velhos paradigmas, como incentivam novas formas <strong>de</strong> li<strong>da</strong>r com os problemas <strong>de</strong>transição <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> governo para uma lógica <strong>de</strong> gover<strong>na</strong>ção.Daí que se possa perguntar: que razões motivam essa transição e quais as condições paraefectivar essa transformação? Uma transição que obriga a:Clarificar as funções <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>/Governo/A.P.?Perceber que essas funções-papéis, embora essenciais, ca<strong>da</strong> vez mais têm que convivercom outros actores <strong>na</strong> <strong>de</strong>finição e prossecução <strong>do</strong> interesse geral?A<strong>da</strong>ptar o quadro institucio<strong>na</strong>l a novos mo<strong>de</strong>los facilita<strong>do</strong>res <strong>da</strong> gover<strong>na</strong>ção participa<strong>da</strong>,colocan<strong>do</strong> as pessoas no centro <strong>da</strong> acção política e <strong>de</strong>volven<strong>do</strong> à socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil (e aomerca<strong>do</strong>) a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> participar nos assuntos colectivos?Questões que estão em certa medi<strong>da</strong> implícitas numa citação <strong>do</strong> insuspeito AnthonyGid<strong>de</strong>ns que abre a tal “Introdução” ao livro <strong>da</strong> Conferência sobre “Esta<strong>do</strong>, Socie<strong>da</strong><strong>de</strong>Civil e Administração Pública – Para um Novo Paradigma <strong>do</strong> Serviço Público”:“O Esta<strong>do</strong> é essencialmente anti-<strong>de</strong>mocrático, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> como <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> umadistribuição top-<strong>do</strong>wn <strong>do</strong>s benefícios. A sua força impulsio<strong>na</strong><strong>do</strong>ra é a protecção, mas elenão dá espaço suficiente à liber<strong>da</strong><strong>de</strong> pessoal. Algumas formas institucio<strong>na</strong>is <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>bem-estar são burocráticas, alie<strong>na</strong>ntes e ineficientes e as prestações sociais po<strong>de</strong>m até ter72 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimentoconsequências perversas pon<strong>do</strong> em causa os objectivos para que foram cria<strong>da</strong>s”. 10Dai a nossa insistência <strong>na</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> encontrar mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> gover<strong>na</strong>ção capazes <strong>de</strong>colocar o problema, não como <strong>de</strong> primazia <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> ou <strong>do</strong> Merca<strong>do</strong>, mas mais em termos<strong>de</strong> melhor equilíbrio entre Esta<strong>do</strong>/Governo, Merca<strong>do</strong> e Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> Civil.Um equilíbrio assente, não no conflito, mas <strong>na</strong> cooperação entre parceiros, e que, por isso,se me<strong>de</strong> mais em termos <strong>de</strong> serviço à socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil e <strong>de</strong> melhoria <strong>do</strong> seu bem-estar: emtermos materiais, mas também <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong> nós enquanto pessoas.Compreen<strong>de</strong>-se assim que a ênfase <strong>na</strong> busca <strong>de</strong> um novo relacio<strong>na</strong>mento entre “O Esta<strong>do</strong>,a Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> Civil e a Administração Pública” que aponte <strong>na</strong> direcção a um novoparadigma <strong>do</strong> serviço público, <strong>do</strong> papel <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e <strong>da</strong>s políticas públicas”.Um novo paradigma que não só pressupõe um novo relacio<strong>na</strong>mento <strong>da</strong> AdministraçãoPública com o ci<strong>da</strong>dão como obriga a um novo enquadramento teórico <strong>de</strong>sta problemática.Um enfoque que nos habilite a superar a habitual abor<strong>da</strong>gem com base <strong>na</strong> dicotomiaEsta<strong>do</strong>/Merca<strong>do</strong>, introduzin<strong>do</strong> o papel essencial <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> Civil.Após várias déca<strong>da</strong>s <strong>de</strong> tentativa <strong>de</strong> reforma <strong>da</strong> Administração Pública em Portugal, comoé que se continua a caracterizar o relacio<strong>na</strong>mento com o ci<strong>da</strong>dão, pese embora o discursosobre as novas tecnologias e os serviços públicos?Talvez não seja exagero dizer-se que, no fun<strong>do</strong>, praticamente to<strong>do</strong>s os parti<strong>do</strong>s políticostêm uma abor<strong>da</strong>gem comum em relação a tal relacio<strong>na</strong>mento, o que é revela<strong>do</strong>r <strong>da</strong>dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> criar alter<strong>na</strong>tivas a um discurso político ain<strong>da</strong> muito centra<strong>do</strong> <strong>na</strong> oposiçãoentre a Gestão pública e a Administração Pública.A nossa preocupação aqui é pois foi fazer o levantamento <strong>de</strong> uma outra forma <strong>de</strong> olharpara a “coisa pública”, que é essencial para a reforma <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e <strong>da</strong> AdministraçãoPública, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> incrementar o valor público e uma maior autonomia e liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>escolha por parte <strong>do</strong>s ci<strong>da</strong>dãos.10 Ver “Introdução” em José Manuel Moreira, Carlos Jalali e André Azeve<strong>do</strong> Alves (org.), Esta<strong>do</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong>Civil e Administração Pública. Para um novo paradigma <strong>do</strong> Serviço Público, Almedi<strong>na</strong>, Coimbra, 2008, pp.5-10.73 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> ConhecimentoOs problemas públicos não se <strong>de</strong>vem limitar a questões <strong>de</strong> contratações e <strong>de</strong>spedimentos,<strong>de</strong> mais ou menos pessoal ou a processos <strong>de</strong> organização. To<strong>da</strong>s essas questões sãoimportantes, mas mais ain<strong>da</strong> é <strong>de</strong>scobrir que vai ser necessário um novo papel para ofuncionário público. 11 O que implica saber fazer bom uso <strong>de</strong> novas ferramentas intelectuaisnecessárias para bem enquadrar as pessoas nos hábitos <strong>de</strong> gover<strong>na</strong>ção: um conceito maisamplo que Governo (ou mesmo administração ou gestão públicas), <strong>na</strong> medi<strong>da</strong> em queapela à socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil e à participação <strong>do</strong>s ci<strong>da</strong>dãos.É tempo <strong>de</strong> se enten<strong>de</strong>r que sem essas ferramentas teóricas, nunca seremos capazes <strong>de</strong>abertura a novos comportamentos mais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s a um mun<strong>do</strong> mais livre e<strong>de</strong>scentraliza<strong>do</strong> nem a novos relacio<strong>na</strong>mentos entre o po<strong>de</strong>r político e os ci<strong>da</strong>dãos.É preciso compreen<strong>de</strong>r que, mais <strong>do</strong> que dirigente, o Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>ve ser agora cria<strong>do</strong>r <strong>de</strong>condições favoráveis ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> mais livre e responsável. Mais<strong>do</strong> que man<strong>da</strong>r o po<strong>de</strong>r (mesmo executivo) só <strong>de</strong>ve gover<strong>na</strong>r. 12No essencial, é preciso substituir o conceito <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> bem-estar por socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> bemestar.Enquanto no primeiro as pessoas acabam por ser postas ao serviço <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, umasocie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> bem-estar caracteriza-se por garantir que sejam os governos a ficar ao serviço<strong>da</strong>s pessoas. Só assim se consegue realizar um <strong>do</strong>s lemas associa<strong>do</strong>s à reforma <strong>da</strong>Administração Pública: colocar as pessoas em primeiro lugar. Um lema que não <strong>de</strong>ve valersó em âmbitos priva<strong>do</strong>s ou sociais, mas também a nível gover<strong>na</strong>mental. 13Daí que o novo espírito <strong>de</strong> missão que <strong>de</strong>ve presidir ao serviço público seja o <strong>de</strong> colocar oEsta<strong>do</strong> ao serviço <strong>da</strong>s pessoas. Nesse contexto é preciso consciencializar gover<strong>na</strong>ntes,burocratas e os próprios funcionários públicos, mas também os ci<strong>da</strong>dãos e os empresários,para que o papel <strong>de</strong> qualquer governo, mais que <strong>de</strong> intervenção, <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> protecção e<strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> uma vi<strong>da</strong> económica e social ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iramente livre, que favoreça a iniciativa e acriativi<strong>da</strong><strong>de</strong>.11 Julian Le Grand, Motivation Agency, and Public Policy: Of Knights & K<strong>na</strong>ves, Pawns & Queens (2.ª ed.),Oxford University Press, Oxford, 2006 (1.ª ed. <strong>de</strong> 2003).12 Ver “Man<strong>da</strong>r e Gover<strong>na</strong>r” em José Manuel Moreira, Leais, Imparciais & Liberais, Bnomics, Lisboa, 2009,pp.164-165.13 André Azeve<strong>do</strong> Alves e José Manuel Moreira, Key issues for the training of senior civil servants in thecontext of public administration reform in Portugal, INA, Oeiras, 2007. Ca<strong>de</strong>rno nº 34: Instituto Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong>Administração, 42 pági<strong>na</strong>s74 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> ConhecimentoUrge <strong>de</strong>scobrir que numa socie<strong>da</strong><strong>de</strong> bem organiza<strong>da</strong> os indivíduos não <strong>de</strong>vem serinstrumentos <strong>do</strong> governo, o governo é que <strong>de</strong>ve ser instrumento <strong>da</strong>s pessoas, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong>estar encarregue <strong>da</strong> boa or<strong>de</strong>m <strong>da</strong>s instituições que permite que as pessoas persigam osi<strong>de</strong>ais que elas próprias escolhem. Importa por isso reafirmar o direito a “procurar afelici<strong>da</strong><strong>de</strong>” mas não o “direito a <strong>de</strong>sfrutá-la” à custa <strong>do</strong> erário público.Daí a nossa insistência <strong>na</strong> urgente necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> substituir o conceito <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> bemestar,que acaba por colocar as pessoas ao serviço <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, pelo <strong>de</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> bemestar,que obriga os governos a colocar-se ao serviço <strong>da</strong>s pessoas. Uma exigência que temmúltiplas implicações políticas e institucio<strong>na</strong>is:• Ao obrigar os novos agentes <strong>na</strong> are<strong>na</strong> <strong>da</strong> política/pública a <strong>da</strong>r-se conta <strong>de</strong> queagora terão <strong>de</strong> conquistar a confiança <strong>da</strong>queles para quem eles dizem trabalhar,mais <strong>do</strong> que simplesmente afirmarem legitimi<strong>da</strong><strong>de</strong> com base <strong>de</strong> que eles forameleitos ou são parte <strong>de</strong> uma classe prestigia<strong>da</strong>.• Ao levar-nos a <strong>de</strong>scobrir a cultura como medi<strong>da</strong> <strong>de</strong> confiança (pública) e esta comoinfra-estrutura ética.• Ao criar condições para que as instituições funcionem como mecanismosregula<strong>do</strong>res e incentiva<strong>do</strong>res <strong>de</strong> comportamentos responsáveis.• Ao tor<strong>na</strong>r o sector público mais magro, mais competitivo e a A.P. mais responsávelpara com as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong>s ci<strong>da</strong>dãos ao oferecer “value for money”, flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> escolha e transparência.Ao mesmo tempo estamos hoje em melhores condições para perceber quanto a discussãosobre o chama<strong>do</strong> recuo ou o “hollowing out the state” (esvaziamento <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>) parece tersi<strong>do</strong> mal interpreta<strong>do</strong>.Começamos também a compreen<strong>de</strong>r que a actual discussão sobre gover<strong>na</strong>ção e políticaspúblicas não se <strong>de</strong>ve colocar em termos dilemáticos. Daí que ca<strong>da</strong> vez mais pessoas sesintam <strong>de</strong>spertas para a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>r profun<strong>da</strong>mente os processos <strong>de</strong> gover<strong>na</strong>rcomo condição para garantir a confiança pública e fazer melhor uso <strong>do</strong>s recursos <strong>da</strong>socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Daí que <strong>na</strong> caracterização <strong>da</strong> boa li<strong>de</strong>rança, aos valores antigos –imparciali<strong>da</strong><strong>de</strong>, legali<strong>da</strong><strong>de</strong> e integri<strong>da</strong><strong>de</strong> – se tenha que acrescentar os novos:75 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimentoresponsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, transparência, accountability.Mais importante ain<strong>da</strong>, começa-se a cair <strong>na</strong> conta <strong>de</strong> que o <strong>de</strong>bate é agora é mais acerca <strong>de</strong>quais os (plurais) papéis que o Esta<strong>do</strong> po<strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenhar, e que plurais reformas <strong>de</strong>vea<strong>do</strong>ptar e em que contexto.O mais importante já não é se o Esta<strong>do</strong> permanecerá mais po<strong>de</strong>roso <strong>do</strong> que os outrosagentes, mas qual o conjunto <strong>de</strong> normas, estruturas e processos formais (legais) e informaisque se necessitarão para que o Esta<strong>do</strong>, sector comercial e intermédio, ci<strong>da</strong>dãos e outrosimportantes stakehol<strong>de</strong>rs possam exercer po<strong>de</strong>r sobre as <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> forma a que outrosstakehol<strong>de</strong>rs possam criar situações win-win (soma positiva) para to<strong>da</strong>s as partesinteressa<strong>da</strong>s. E se tal não é possível, que mu<strong>da</strong>nças são necessárias nestas normas,estruturas e processos políticos para assegurar resulta<strong>do</strong>s minimamente aceitáveis (emtermos <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> e quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> gover<strong>na</strong>ção) em especial para osgrupos mais vulneráveis <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. 14 Mas fazer tu<strong>do</strong> isso sem per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vista que ameta não será nunca criar uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> assisti<strong>do</strong>s mas uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoas ca<strong>da</strong>vez mais livres e responsáveis?É preciso dizer que <strong>de</strong> boas intenções está o mun<strong>do</strong> cheio. A “Crise” 15 está a aju<strong>da</strong>r aperceber que não basta apelar a mais intervenção <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Uma intervenção que se está arevelar ca<strong>da</strong> vez mais perversa: o mun<strong>do</strong> é <strong>de</strong>masia<strong>do</strong> complexo para simplesmente secontinuar a opor Merca<strong>do</strong> a Esta<strong>do</strong>, economia à política. Fala-se, por isso hoje, emmerca<strong>do</strong> económico mas também em merca<strong>do</strong> político 16 e <strong>de</strong> igual mo<strong>do</strong> em ci<strong>da</strong>dãosclientese em parcerias público-priva<strong>do</strong>.Há até quem veja o ci<strong>da</strong>dão como accionista <strong>do</strong> governo. O que faz <strong>de</strong>ste nosso mun<strong>do</strong> ummun<strong>do</strong> <strong>de</strong> interacção, entre o global e o local no seio <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m alarga<strong>da</strong> <strong>de</strong> interacçãohuma<strong>na</strong>. Um mun<strong>do</strong> que se ten<strong>de</strong> a afirmar também como uma or<strong>de</strong>m alarga<strong>da</strong> <strong>de</strong>cooperação entre parceiros (sociais, políticos e económicos) em vez <strong>de</strong> um mun<strong>do</strong> <strong>de</strong>conflitos.14Para um mais completo <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sta temática, veja-se Tony Bovaird and Elke Loffler (eds),Public Ma<strong>na</strong>gement and Gover<strong>na</strong>nce, Routledge, Lon<strong>do</strong>n, New York, 2003.15 Veja José Manuel Moreira, “Uma crise <strong>de</strong> respostas ou <strong>de</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iras perguntas?”, em Crise, Bnomics,Lisboa, 2009, pp. 134-137.16Veja-se André Azeve<strong>do</strong> Alves e José Manuel Moreira, O que é a Escolha Pública? Para uma análiseeconómica <strong>da</strong> política, Principia, Cascais, 2004.76 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> ConhecimentoSabemos agora melhor que mesmo no mun<strong>do</strong> <strong>da</strong> economia nem sempre é fácil saberexactamente quem são os fornece<strong>do</strong>res, os clientes e os colabora<strong>do</strong>res. Como tem entreoutros tem <strong>de</strong>fendi<strong>do</strong> Prahalad, um <strong>do</strong>s gurus <strong>da</strong> estratégia empresarial, a Philips e a Sonysão concorrentes mas também colabora<strong>do</strong>ras. A Sony concorre com a Philips mas aomesmo tempo é fornece<strong>do</strong>ra <strong>da</strong> Philips, assim como a Philips é fornece<strong>do</strong>ra <strong>da</strong> Sony. Damesma forma a IBM e a APPLE são concorrentes.Ora se no merca<strong>do</strong> as fronteiras <strong>da</strong> indústria, que se assumiam serem claras, estão ca<strong>da</strong> vezmais nebulosas e sobrepostas, não <strong>de</strong>vemos estranhar que as fronteiras entre o governo e asocie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil sejam agora também mais ténues.Um novo paradigma está assim a emergir com o reforço <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> informação e <strong>do</strong>conhecimento que acompanha o crescimento <strong>da</strong> economia digital. 17Como tu<strong>do</strong> o que é humano, e-ci<strong>da</strong>dãos, e-governo, e-<strong>de</strong>mocracia, e-política. e-europa, sãosi<strong>na</strong>is visíveis <strong>de</strong> um novo mun<strong>do</strong> que se anuncia cheio <strong>de</strong> perigos, mas também <strong>de</strong>oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Um mun<strong>do</strong> em que o Esta<strong>do</strong>/Governo po<strong>de</strong> ser visto como elemento <strong>de</strong>"contami<strong>na</strong>ção" <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> com os seus maus exemplos mas também comoimpulsio<strong>na</strong><strong>do</strong>r <strong>da</strong>s boas práticas. 18Mas a tal capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> funcio<strong>na</strong>r como "contagia<strong>do</strong>r" <strong>de</strong> inovação, <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e<strong>de</strong> melhor ambiente físico e moral, só acontecerá se nos diversos âmbitos <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> as associações civis às associações empresariais, passa<strong>do</strong> pelas associações políticas,as pessoas assumirem comportamentos exemplares. Aliás, hoje ca<strong>da</strong> vez mais se percebe ainter<strong>de</strong>pendência entre estes diversos âmbitos: a confiança no mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s negócios<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, e muito, <strong>da</strong> confiança pública que merecem as instituições políticas. De igualmo<strong>do</strong>, uma concorrência sã necessita tanto um sistema <strong>de</strong> justiça em que se possa confiarcomo <strong>de</strong> melhores sistemas <strong>de</strong> responsabilização <strong>do</strong>s diversos agentes (económicos,políticos e sociais). A própria criação <strong>de</strong> valor característica <strong>da</strong> função empresarial implicainovações técnicas, como sugeriu Schumpeter, mas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> igualmente <strong>de</strong> inovaçõeséticas.18 André Azeve<strong>do</strong> Alves e José Manuel Moreira, Ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia Digital e Democratização Electrónica, SPI-Principia, Cascais, 2005.77 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> ConhecimentoCompara-se muitas vezes os <strong>de</strong>safios <strong>de</strong>ste nosso mun<strong>do</strong> digital ao que se passou porocasião <strong>da</strong> passagem <strong>da</strong> máqui<strong>na</strong> <strong>de</strong> escrever para o mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s computa<strong>do</strong>res, mas <strong>na</strong>reali<strong>da</strong><strong>de</strong> as implicações e a profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças que estamos obriga<strong>do</strong>s a realizarestão mais próximas <strong>da</strong> que se verificou aquan<strong>do</strong> <strong>da</strong> passagem <strong>da</strong> numeração roma<strong>na</strong> paraa numeração árabe. O que ela implicou <strong>de</strong> simplificação e <strong>de</strong> crescimento <strong>do</strong>s diversosâmbitos <strong>da</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong> huma<strong>na</strong> e mesmo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong>s pessoas <strong>do</strong>ta<strong>da</strong>s <strong>de</strong>potencial incrível pe<strong>de</strong> meças ao nosso <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> intangível, em que dia a dia nosrevelamos mais como pessoas <strong>do</strong>ta<strong>da</strong>s <strong>de</strong> inteligências múltipla. É neste mun<strong>do</strong> digital e <strong>da</strong><strong>de</strong>mocracia electrónica que somos incentiva<strong>do</strong>s a novos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> gover<strong>na</strong>ção capazestransformar os avanços técnicos e inovações sociais em bem-estar humano. Um <strong>de</strong>safiofulcral para os e-governos mas também, e principalmente, para os e-ci<strong>da</strong>dãos. 19 Ou ain<strong>da</strong>não se percebeu que a real reinvenção <strong>da</strong> Administração Pública e os mais promissoresmo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> gover<strong>na</strong>ção correm a par <strong>do</strong> reforço <strong>da</strong> discipli<strong>na</strong> <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, mas pe<strong>de</strong>migualmente uma ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira reinvenção <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil?Um <strong>de</strong>safio que para ter êxito necessita <strong>de</strong> ser acompanha<strong>do</strong> pelo sucesso <strong>de</strong> umaver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia virtual e <strong>da</strong> percepção <strong>de</strong> que num mun<strong>do</strong> ca<strong>da</strong> vez mais globaliza<strong>do</strong>entram em competição, não só produtos, mas também mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> organização, <strong>de</strong> gestão,<strong>de</strong> gover<strong>na</strong>ção... e mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> países, regiões e ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s. E que entre as vantagenscompetitivas está ca<strong>da</strong> vez mais a riqueza ética <strong>da</strong>s <strong>na</strong>ções: a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> com que actuam osprofissio<strong>na</strong>is, <strong>na</strong> coerência e consistência <strong>do</strong> seu quadro institucio<strong>na</strong>l, nos valores <strong>de</strong>referência que configuram as relações sociais e a vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s organizações. Numa socie<strong>da</strong><strong>de</strong>aberta não basta mais informação e mais conhecimento, a chave-mestra está ca<strong>da</strong> vez mais<strong>na</strong> sabe<strong>do</strong>ria que brota <strong>da</strong> atenção aos valores dura<strong>do</strong>uros e <strong>do</strong> carácter <strong>da</strong>s nossas atitu<strong>de</strong>s.José Manuel Moreira é Licencia<strong>do</strong> e <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> em Economia e em Filosofia, é ProfessorCatedrático <strong>de</strong> “Ciências Sociais e Políticas”, <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro (SACSJP). Étambém responsável <strong>de</strong>partamental pelos Cursos Pós-Graduação e pelo Grupo <strong>de</strong>Investigação <strong>de</strong> “Políticas Públicas” <strong>da</strong> Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Investigação em Gover<strong>na</strong>nça,Competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e Políticas Públicas.19Ver José Manuel Moreira, “Ética e Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e Conhecimento”, in Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>Informação: o percurso português. Dez Anos <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação: análise e perspectivas, APDSI eEdições Sílabo, Lisboa, 2007, pp.596-608.78 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> ConhecimentoContribuiu para a re<strong>de</strong>scoberta e divulgação em Portugal <strong>de</strong> quatro gran<strong>de</strong>s temáticas: éticaeconómica e empresarial, tradição austríaca <strong>da</strong> economia, análise económica <strong>da</strong> política egover<strong>na</strong>ção e políticas públicas.Tem colabora<strong>do</strong> com enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s tais como o Instituto <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Políticos (<strong>da</strong> UCP), oInstituto Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Administração, a Escola <strong>de</strong> Gestão Empresarial e a Or<strong>de</strong>m <strong>do</strong>sEngenheiros.Membro <strong>do</strong> Research Board <strong>do</strong> “Center for Ethics, Business and Economics” <strong>da</strong>Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Católica Portuguesa e <strong>da</strong> The Mont Pelerin Society.Autor e co-autor <strong>de</strong> 40 livros e <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> uma cente<strong>na</strong> <strong>de</strong> artigos (em revistas <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is eestrangeiras), é também Membro <strong>da</strong> Direcção <strong>da</strong> Associação Portuguesa <strong>de</strong> CiênciaPolítica.79 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento9.4. A Maturi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>na</strong> Gestão <strong>da</strong>s Tecnologias <strong>de</strong> InformaçãoJosé RuivoQualiusa) ResumoA importância <strong>da</strong>s Tecnologias <strong>de</strong> Informação e Sistemas <strong>de</strong> Informação [<strong>do</strong>ravante<strong>de</strong>sig<strong>na</strong><strong>da</strong>s por TI] em to<strong>da</strong>s as áreas <strong>da</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> tem si<strong>do</strong> objecto <strong>de</strong>inúmeros estu<strong>do</strong>s e não é objectivo <strong>de</strong>ste texto contribuir para a <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong>sse facto,hoje evi<strong>de</strong>nte.No entanto, apesar <strong>de</strong>ssa evi<strong>de</strong>nte importância <strong>da</strong>s TI verifica-se <strong>na</strong> generali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>sorganizações que <strong>de</strong>las <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m, ain<strong>da</strong> hoje, uma abor<strong>da</strong>gem à gestão <strong>da</strong>s tecnologias esistemas <strong>de</strong> informação que em gran<strong>de</strong> medi<strong>da</strong> incorpora uma gran<strong>de</strong> <strong>do</strong>se <strong>de</strong>improvisação, ama<strong>do</strong>rismo, faça-você-mesmo.A a<strong>do</strong>pção <strong>da</strong>s melhores práticas <strong>do</strong>cumenta<strong>da</strong>s e disponíveis nos referenciais e stan<strong>da</strong>rdspúblicos hoje disponíveis é um imperativo para um progresso rápi<strong>do</strong> <strong>na</strong> eficiência eeficácia <strong>na</strong> utilização <strong>da</strong>s TI, <strong>do</strong> alinhamento e <strong>da</strong> integração <strong>do</strong>s serviços disponibiliza<strong>do</strong>s<strong>na</strong>s estratégias e processos <strong>de</strong> negócio.Para este fim a a<strong>do</strong>pção <strong>da</strong>s recomen<strong>da</strong>ções e melhores práticas <strong>na</strong> Gestão <strong>de</strong> Serviços <strong>de</strong>Tecnologias conti<strong>da</strong>s no referencial ITIL é um caminho já trilha<strong>do</strong> com sucesso porinúmeras organizações em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, mas cuja concretização no nosso contexto tar<strong>da</strong>em generalizar-se apesar <strong>de</strong> esforços pioneiros.Por outro la<strong>do</strong> é fun<strong>da</strong>mental também que as organizações que envere<strong>de</strong>m pelo caminho <strong>de</strong>transformar os seus processos <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as melhores práticas não se coíbam <strong>de</strong> <strong>da</strong>r opasso subsequente <strong>de</strong> submeter os resulta<strong>do</strong>s ao escrutínio que um processo <strong>de</strong> certificaçãoISO/IEC 20000 implica, colhen<strong>do</strong> o reconhecimento público <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s suas práticas<strong>de</strong> gestão como resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong> obtenção <strong>da</strong> certificação.80 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimentob) Gestão <strong>de</strong> Serviços em TIA importância <strong>da</strong>s TI para as organizações tem vin<strong>do</strong> a assumir proporções ca<strong>da</strong> vezmaiores.A eficácia e eficiência <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> negócio <strong>da</strong>s organizações estão actualmente<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong>s serviços <strong>de</strong> TI que utilizam. De tal forma que a maioria <strong>da</strong>s organizaçõesnem sequer consegue operar se estes serviços falharem, para já não falar <strong>na</strong> importânciaque esses serviços, correctamente concebi<strong>do</strong>s, têm <strong>na</strong> criação, sustentação e<strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong>s suas vantagens competitivas.Estes temas têm si<strong>do</strong> objecto <strong>de</strong> inúmeros estu<strong>do</strong>s, foca<strong>do</strong>s por exemplo <strong>na</strong> importânciaestratégica <strong>da</strong>s TI ou <strong>na</strong> sua influência <strong>na</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s organizações, nomea<strong>da</strong>mente<strong>na</strong>s áreas <strong>do</strong>s Serviços.No entanto, apesar <strong>de</strong>sta indiscutível importância e <strong>de</strong>pendência, muitas <strong>da</strong>s nossasempresas e organizações, continuam a gerir as TI como mais um centro <strong>de</strong> custo, numaóptica <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> tecnologias e raramente com foco <strong>na</strong> i<strong>de</strong>ntificação, <strong>de</strong>senvolvimento efornecimento <strong>do</strong>s serviços <strong>de</strong> raiz tecnológica que o negócio e os respectivos processosnecessitam.A Gestão <strong>de</strong> Serviços <strong>de</strong> TI é hoje uma <strong>da</strong>s activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s mais importantes <strong>da</strong>s organizações.Para servir <strong>de</strong> forma a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> as organizações clientes, os Presta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Serviços <strong>de</strong> TI,sejam <strong>de</strong>partamentos internos <strong>da</strong>s organizações ou empresas que oferecem esses serviçosnum contexto <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>, necessitam <strong>de</strong> abrir os seus horizontes e reconhecer que oesforço <strong>de</strong> “reinventar a ro<strong>da</strong>” não é um bom investimento e que existem actualmentepublicamente disponíveis referenciais sobre as melhores práticas <strong>na</strong> gestão <strong>de</strong> TI.O referencial ITIL é um exemplo <strong>de</strong>ssas práticas, <strong>de</strong>screven<strong>do</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e processos quecomprova<strong>da</strong>mente são utiliza<strong>da</strong>s com sucesso por múltiplas organizações.A vantagem <strong>da</strong> a<strong>do</strong>pção <strong>de</strong> referenciais e stan<strong>da</strong>rds publicamente disponíveis é po<strong>de</strong>rbeneficiar <strong>de</strong>:• práticas vali<strong>da</strong><strong>da</strong>s em múltiplos contextos e ambientes,81 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento• conhecimento ca<strong>da</strong> vez mais dissemi<strong>na</strong><strong>do</strong> entre os profissio<strong>na</strong>is <strong>de</strong> TI,nomea<strong>da</strong>mente a utilização <strong>de</strong> uma linguagem comum,• programas <strong>de</strong> formação e <strong>de</strong> certificação <strong>de</strong> competências reconheci<strong>do</strong>s,• Exemplos <strong>de</strong> referenciais e stan<strong>da</strong>rds com relevância indiscutível ecomplementan<strong>do</strong> o ITIL: COBIT, CMMI, ISO/IEC 27001, PMBOK, entre outros.Deve ser salienta<strong>do</strong> o stan<strong>da</strong>rd ISO/IEC 20000, enquanto referência para acertificação <strong>da</strong>s organizações <strong>na</strong>s práticas <strong>de</strong> Gestão <strong>de</strong> Serviços em TI,recomen<strong>da</strong><strong>da</strong>s pelo ITIL.c) O referencial ITILO referencial ITIL tem como objectivo a <strong>de</strong>scrição <strong>da</strong>s práticas <strong>de</strong> Gestão <strong>de</strong> Serviços <strong>de</strong>TI que garantam:• A disponibilização <strong>de</strong> Serviços <strong>de</strong> TI que sirvam os objectivos <strong>do</strong>s Clientes, comcaracterísticas <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> bem <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>s, nomea<strong>da</strong>mente em termos <strong>de</strong>estabili<strong>da</strong><strong>de</strong> e fiabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.• A criação <strong>de</strong> uma relação <strong>de</strong> confiança entre o Fornece<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Serviços <strong>de</strong> TI e osseus clientes, internos ou externos.• A Gestão <strong>de</strong> Serviços <strong>de</strong> TI visa assegurar que as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> negócio <strong>da</strong>organização Cliente são suporta<strong>da</strong>s por Serviços <strong>de</strong> TI com:• A quali<strong>da</strong><strong>de</strong> necessária – apropria<strong>da</strong> às necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong> negócio e <strong>do</strong>cumenta<strong>da</strong>objectivamente em Acor<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Nível <strong>de</strong> Serviço – SLAs,• Com um custo a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> – negocia<strong>do</strong> e acor<strong>da</strong><strong>do</strong> com o cliente, sustenta<strong>do</strong> porprocessos <strong>de</strong> Gestão Fi<strong>na</strong>nceira <strong>de</strong> TI que permitam a sua contabilização e controlo.• Valor acrescenta<strong>do</strong> – através <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> funcio<strong>na</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s e requisitos emque o Fornece<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Serviços <strong>de</strong> TI procura activamente conhecer o contexto <strong>do</strong>negócio <strong>de</strong> Cliente e encontrar a melhor forma <strong>de</strong> colocar ao serviço <strong>da</strong>snecessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>sse cliente as capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s e recursos <strong>de</strong> que dispõe.Como resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> uma Gestão <strong>de</strong> Serviços <strong>de</strong> TI alinha<strong>da</strong> com o ITIL é espera<strong>da</strong> umamelhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e alinhamento com o negócio <strong>do</strong>s Serviços <strong>de</strong> TI disponibiliza<strong>do</strong>s,82 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> ConhecimentoA caracterização breve <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> uma <strong>de</strong>stas etapas é a seguinte:• Service Strategy• Conceitos base:[Gover<strong>na</strong>nce][Decision-making]• Objectivos:o Projectar, <strong>de</strong>senvolver e implementar a Gestão <strong>de</strong> Serviços , como umactivo estratégico apoian<strong>do</strong> a evolução e crescimento <strong>da</strong> organizaçãoo Definir os objectivos estratégicos <strong>da</strong> organização fornece<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong>Tecnologias <strong>de</strong> Informação.• Processos principaiso Gestão Fi<strong>na</strong>nceira <strong>de</strong> TI.o Gestão <strong>do</strong> Portfolio <strong>de</strong> Serviços.o Gestão <strong>da</strong> Procura.oO conceito <strong>de</strong> Portfólio <strong>de</strong> Serviços é chave <strong>na</strong> estruturação <strong>da</strong> estratégia <strong>da</strong> organização <strong>de</strong>serviços <strong>da</strong> organização. A Figura 3 ilustra a forma como os Serviços <strong>de</strong> TI progri<strong>de</strong>mpelas várias fases <strong>do</strong> ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>.Figura 3: Portfólio <strong>de</strong> Serviços <strong>de</strong> TI85 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> ConhecimentoService Design• Conceitos base:[Building structural service integrity][Design of new or changed service for introduction on the live environment]• Objectivos:o Converter os objectivos estratégicos em activos <strong>de</strong> serviços e portfolios <strong>de</strong>serviços.• Processos principaiso Gestão <strong>de</strong> Nível <strong>de</strong> Serviço.o Gestão <strong>de</strong> Capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>.o Gestão <strong>de</strong> Disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong>.o Gestão <strong>de</strong> Continui<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Serviços <strong>de</strong> TI.o Gestão <strong>de</strong> Segurança <strong>de</strong> Informação.o Gestão <strong>de</strong> Fornece<strong>do</strong>res.o Gestão <strong>do</strong> Catálogo <strong>de</strong> Serviços.• Service Transition• Conceitos base:[Preparing for change]• Objectivos:o Desenvolver e melhorar as capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s para assegurar a passagem paraprodução <strong>de</strong> serviços novos ou serviços modifica<strong>do</strong>s.• Processos principaiso Gestão <strong>do</strong> Conhecimento.o Gestão <strong>de</strong> Activos <strong>de</strong> Serviço e <strong>de</strong> Configuração.o Gestão <strong>de</strong> Alterações.o Gestão <strong>de</strong> Release e Deployment.o Vali<strong>da</strong>ção e Teste.Um outro conceito chave em que se apoiam os processos e activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s ao longo <strong>do</strong> ciclo <strong>de</strong>vi<strong>da</strong> <strong>do</strong>s serviços é o Catálogo <strong>de</strong> Serviço, dividi<strong>do</strong> entre Catálogo <strong>de</strong> Serviço <strong>de</strong> Negócioe Catálogo <strong>de</strong> Serviço Técnico, como se ilustra <strong>na</strong> Figura 4.86 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> ConhecimentoFigura 4: Catálogo <strong>de</strong> Serviços <strong>de</strong> TIService Operation• Conceitos base:[Deliver and support services][Ma<strong>na</strong>gement of infrastructure and operatio<strong>na</strong>l activities]• Objectivos:o Assegurar a disponibilização <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> TI e o respectivo suporte comeficácia e eficiência.• Processos principaiso Gestão <strong>do</strong> Inci<strong>de</strong>ntes.o Gestão <strong>de</strong> Problemas.o Gestão <strong>de</strong> Eventos.o Gestão <strong>de</strong> Pedi<strong>do</strong>s.o Gestão <strong>de</strong> Acessos87 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento• Funções principaiso Service Desk.o Gestão <strong>de</strong> Tecnologia.o Gestão <strong>de</strong> Aplicações.o Gestão <strong>de</strong> Operações <strong>de</strong> TI• Continual Service Improvement• Conceitos base:[Continually align and realign IT services to changing business needs]• Objectivos:o Assegurar a introdução continua<strong>da</strong> <strong>de</strong> melhorias aos processos <strong>de</strong> Gestão e<strong>do</strong>s Serviços <strong>de</strong> TI.• Processos principaiso Gestão <strong>de</strong> Nível <strong>de</strong> Serviço.o Medição <strong>de</strong> Serviço.o Reporte <strong>de</strong> Serviço.o Processo <strong>de</strong> Melhoria Continua<strong>da</strong> <strong>de</strong> Serviço (7-step process)oNa Figura 5 po<strong>de</strong>mos ver a forma como os processos acima indica<strong>do</strong>s são relevantes aolongo <strong>da</strong>s cinco etapas <strong>do</strong> ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>do</strong>s serviços <strong>de</strong> TI e se po<strong>de</strong>m dividir entreGover<strong>na</strong>nce Processes e Operatio<strong>na</strong>l Processes.88 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> ConhecimentoISO/IEC 20000-2:2005• É o Código <strong>de</strong> Prática e <strong>de</strong>screve as melhores práticas para os processos <strong>de</strong> gestão<strong>de</strong> serviço abrangi<strong>do</strong>s pelo âmbito <strong>da</strong> norma ISO/IEC 20000-1.• O Código <strong>de</strong> Prática <strong>de</strong>sti<strong>na</strong>-se a ser utiliza<strong>do</strong> pelas organizações que se queirampreparar para ser audita<strong>da</strong>s para certificação ISO 20000 ou, <strong>de</strong> forma geral,preten<strong>de</strong>m melhorar os seus serviços.Figura 6: Âmbito <strong>da</strong> Especificação ISO/IEC 20000-1:2005O referencial ITIL, concretamente o conteú<strong>do</strong> <strong>do</strong>s seus seis Manuais principais, <strong>de</strong>screvemem <strong>de</strong>talhe a implementação <strong>da</strong>s práticas preconiza<strong>da</strong>s no ISO/IEC 20000-2.Avaliação <strong>da</strong> maturi<strong>da</strong><strong>de</strong>PMMMIT Service CMMISO/IEC 20000ISO/IEC 27001ISO 9000:2000A implementação <strong>da</strong>s recomen<strong>da</strong>ções conti<strong>da</strong>s no ITIL não éobti<strong>da</strong> num único esforço ou programa, uma vez que <strong>na</strong>maioria <strong>da</strong>s organizações existem limitações <strong>de</strong> recursos amobilizar para o esforço <strong>de</strong> transformação e melhoria <strong>da</strong>s formas <strong>de</strong> trabalhar, para alinharactivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e processos com as melhores práticas <strong>do</strong> ITIL. O mesmo se po<strong>de</strong> dizerrelativamente a muitos <strong>do</strong>s corpos <strong>de</strong> conhecimento que complementam o ITIL <strong>na</strong><strong>de</strong>finição <strong>do</strong> espectro completo <strong>da</strong>s activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s necessárias à quali<strong>da</strong><strong>de</strong>90 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimentoe) A formação em Gestão <strong>de</strong> Serviços <strong>de</strong> TI no IST• O Instituto Superior Técnico (IST) tem como missão contribuir para o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, promoven<strong>do</strong> um ensino superior <strong>de</strong> excelência equali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>na</strong>s áreas <strong>de</strong> Engenharia, Ciência e Tecnologia, <strong>na</strong>s vertentes <strong>de</strong>graduação e pós-graduação, e <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> as activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Investigação eDesenvolvimento essenciais para ministrar um ensino ao nível <strong>do</strong>s mais eleva<strong>do</strong>spadrões inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is.• A missão articula-se assim em três funções que caracterizam actualmente oconceito <strong>de</strong> universi<strong>da</strong><strong>de</strong>: Ensino, Investigação e Desenvolvimento e Ligação àSocie<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> forma a estimular a criação, dissemi<strong>na</strong>ção e aplicação <strong>de</strong>conhecimento.• Em 1998 o Departamento <strong>de</strong> Engenharia Informática (DEI) lançou o POSI - Pós-Graduação em Sistemas <strong>de</strong> Informação – dirigi<strong>do</strong> aos profissio<strong>na</strong>is que<strong>de</strong>senvolvem a sua activi<strong>da</strong><strong>de</strong> no mun<strong>do</strong> em constante evolução <strong>da</strong>s Tecnologias <strong>de</strong>Informação e que necessitam <strong>de</strong> actualizar frequentemente e aprofun<strong>da</strong>r a suaformação técnica para a progressão <strong>na</strong>s suas carreiras. Está organiza<strong>do</strong> como umcurso <strong>de</strong> um ano, com aulas às sextas e sába<strong>do</strong>s, durante três trimestres. Procura <strong>da</strong>ruma visão abrangente <strong>da</strong>s tecnologias, méto<strong>do</strong>s e tendências <strong>do</strong>s computa<strong>do</strong>res,software e telecomunicações digitais, e a sua utilização efectiva nos processos <strong>de</strong>negócio <strong>da</strong>s empresas. Está hoje <strong>na</strong> sua 11ª edição.• De forma a complementar o POSI, o DEI oferece também cursos <strong>de</strong> menor duraçãocobrin<strong>do</strong> temas específicos como a Gestão <strong>de</strong> Projectos e o ITIL, dirigi<strong>do</strong>s tambémàs satisfação <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> profissio<strong>na</strong>is e empresas.• A formação ITIL no IST insere-se no Programa <strong>de</strong> Especialização Profissio<strong>na</strong>l emEngenharia Informática tem por objectivo oferecer uma formação séria e sóli<strong>da</strong>num leque diversifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> competência <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio <strong>da</strong> EngenhariaInformática através <strong>do</strong>s seus Cursos <strong>de</strong> Especialização Profissio<strong>na</strong>l em EngenhariaInformática.• Neste contexto tem si<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> no DEI a formação em ITIL, enquantoquadro <strong>de</strong> referência para as melhores práticas <strong>na</strong> gestão <strong>da</strong>s Tecnologias <strong>de</strong>92 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> ConhecimentoInformação, com aceitação global e forman<strong>do</strong> a base para a acreditação <strong>da</strong>sorganizações <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o stan<strong>da</strong>rd ISO/IEC 20000. A formação ITIL ao nívelFoun<strong>da</strong>tion V2 e actualmente V3 está actualmente <strong>na</strong> sua 10ª edição. Estão empreparação cursos <strong>do</strong>s níveis superiores, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o esquema <strong>de</strong> certificaçãoprevisto para o ITIL V2 e V3.José Ruivo obteve a licenciatura (1980) em Engenharia Electrotécnica pela Facul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>Engenharia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> Porto e um MBA - Master in Business Administration(1992) pelo Instituto Superior <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Empresariais (agora Escola <strong>de</strong> Gestão <strong>do</strong> Porto)<strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> Porto. Obteve o ITIL Ma<strong>na</strong>gers Certificate pelo ISEB em Edinburgh<strong>na</strong> Escócia e mais recentemente a certificação máxima em ITIL V3, ITIL Expert, peloEXIN em Londres. É forma<strong>do</strong>r acredita<strong>do</strong> inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lemnte pela EXIN. Exerce a suaactivi<strong>da</strong><strong>de</strong> profissio<strong>na</strong>l há mais <strong>de</strong> 25 anos como gestor <strong>de</strong> Tecnologias e Sistemas <strong>de</strong>Informação em diversas empresas <strong>na</strong>s áreas <strong>da</strong> Banca, Merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Capitais eTelecomunicações. Foi responsável pelas operações e gestor <strong>de</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> negócios <strong>de</strong>uma empresa <strong>de</strong> serviços em Tecnologias <strong>de</strong> Informação, asseguran<strong>do</strong> a gestão <strong>de</strong> sistemascríticos para empresas <strong>da</strong> área <strong>da</strong> Distribuição, Telecomunicações e Indústria. Temleccio<strong>na</strong><strong>do</strong> diversas discipli<strong>na</strong>s <strong>de</strong> licenciatura e pós-graduação em várias universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Étambém Professor Auxiliar Convi<strong>da</strong><strong>do</strong> no DEI-IST, on<strong>de</strong> leccio<strong>na</strong> uma ca<strong>de</strong>ira <strong>na</strong> área <strong>da</strong>IT Gover<strong>na</strong>nce, e Docente no ISLA-Lisboa, on<strong>de</strong> leccio<strong>na</strong> uma ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> pós-graduçãosobre IT e Estratégia <strong>de</strong> Empresa. Criou e gere actualmente a Qualius, empresa <strong>de</strong>consultoria especializa<strong>da</strong> em processos em tecnologias <strong>de</strong> informação. Enquanto consultor,gere programas <strong>de</strong> implementação <strong>de</strong> melhoria <strong>de</strong> processos em empresas. Tem<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> em Luan<strong>da</strong> acções <strong>de</strong> formação para organizações estatais e gran<strong>de</strong>sempresas angola<strong>na</strong>s, actualmente já com 6 edições. É forma<strong>do</strong>r nos cursos <strong>de</strong> Cursos <strong>de</strong>Especialização Profissio<strong>na</strong>l em Engenharia Informática <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> EngenhariaInformática [DEI] <strong>do</strong> Instituto Superior Técnico [IST], on<strong>de</strong> criou o curso <strong>de</strong> «Gestão <strong>de</strong>Serviços <strong>de</strong> Tecnologias <strong>de</strong> Informação (ITIL)» já <strong>na</strong> 10ª edição. Adicio<strong>na</strong>lmente, emparceria com diversas organizações, tem realiza<strong>do</strong> acções <strong>de</strong> formação em ITIL dirigi<strong>da</strong>s aempresas específicas.93 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento9.5. O Emprego <strong>de</strong> Sistemas <strong>de</strong> Informação <strong>na</strong> Gestão <strong>de</strong> RecursosHumanos <strong>do</strong> ExércitoNuno NevesNotas prévias:1. A estrutura Superior <strong>do</strong> Exército comporta quatro Coman<strong>do</strong>s Funcio<strong>na</strong>is quetutelam ás áreas <strong>do</strong> Pessoal, Logística, Operações e Instrução. O presente trabalhoinsere-se <strong>na</strong> área <strong>do</strong> pessoal.2. O Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Pessoal tem quatro Direcções vocacio<strong>na</strong><strong>da</strong>s para as seguintes áreas:Administração <strong>de</strong> Recursos HumanosObtenção <strong>de</strong> Recursos HumanosJustiça e Discipli<strong>na</strong>Serviços <strong>de</strong> Pessoal3. O Tenente-Coronel <strong>de</strong> Infantaria Nuno Correia Neves concluiu a sua licenciatura <strong>na</strong>Aca<strong>de</strong>mia Militar em 1986. Desempenhou funções como Coman<strong>da</strong>nte <strong>de</strong> Companhia eBatalhão, Professor no Instituto Superior Militar e <strong>na</strong> Escola Superior Politécnica <strong>do</strong>Exército e funções <strong>de</strong> esta<strong>do</strong>-maior <strong>na</strong>s áreas <strong>da</strong>s Operações, Logística, Instrução ePessoal.Em 2006, no quadro <strong>da</strong> reestruturação <strong>do</strong> Exército, a área funcio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> administração <strong>de</strong>recursos humanos sofreu uma transformação profun<strong>da</strong> que po<strong>de</strong> ser resumi<strong>da</strong> em trêsaspectos principais:1. Uma reorganização que viu a antiga Direcção <strong>de</strong> Administração e Mobilização <strong>de</strong>Pessoal (DAMP) ser transforma<strong>da</strong> <strong>na</strong> Direcção <strong>de</strong> Administração <strong>de</strong> RecursosHumanos (DARH) continuan<strong>do</strong> inseri<strong>da</strong> no Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Pessoal <strong>do</strong> Exército, eque implicou uma redução <strong>do</strong>s efectivos <strong>da</strong> Direcção <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 30%;94 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento2. Uma <strong>de</strong>slocalização <strong>da</strong>s instalações <strong>na</strong> Praça <strong>do</strong> Comércio, em Lisboa, para oQuartel <strong>de</strong> Santo Ovídio, <strong>na</strong> Praça <strong>da</strong> República, no Porto;3. Uma rotação maciça <strong>de</strong> pessoal, visan<strong>do</strong> garantir a manutenção <strong>de</strong> postos <strong>de</strong>trabalho no Norte <strong>do</strong> país e assim evitan<strong>do</strong> os custos inerentes a <strong>de</strong>slocamentos,que significou que após a mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> instalações, mais <strong>de</strong> 90% <strong>do</strong>s membros <strong>da</strong>nova Direcção não tinham experiência <strong>na</strong> anterior.Apesar <strong>da</strong> magnitu<strong>de</strong> <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças, o processo foi concluí<strong>do</strong> entre Julho e Setembro <strong>de</strong>2006, sem quebra <strong>de</strong> continui<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>na</strong>s activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s em curso, e foi assumi<strong>do</strong> pela novaequipa <strong>de</strong> administração <strong>de</strong> recursos humanos como uma oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> para mo<strong>de</strong>rnizarprocedimentos e introduzir novas meto<strong>do</strong>logias, ten<strong>do</strong> como divisa informal “colocar apessoa certa no lugar certo” e como princípios orienta<strong>do</strong>res a busca <strong>da</strong> total transparência ea utilização <strong>de</strong> tecnologias <strong>de</strong> informação e comunicação.Esta última opção surge como inevitável face ao esforço <strong>de</strong> redução <strong>do</strong> pessoal afecto atarefas administrativas, que se insere numa política <strong>de</strong> atribuir priori<strong>da</strong><strong>de</strong> á componenteoperacio<strong>na</strong>l. Isto acarreta no caso em apreço, por exemplo, que para garantir a totali<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>da</strong>s acções <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> um efectivo que po<strong>de</strong> atingir mais <strong>de</strong> 24000 militares no activo, aRepartição <strong>de</strong> Pessoal Militar ape<strong>na</strong>s dispõe <strong>de</strong> 71 pessoas. Foi uma opção oportu<strong>na</strong> porcoincidir com a maturi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> introdução <strong>da</strong>s TIC no Exército, quecomeçou com a criação <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> Re<strong>de</strong>s Regimentais nos anos 90, e que conduziuá criação <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> alarga<strong>da</strong>, <strong>de</strong>sig<strong>na</strong><strong>da</strong> por Intranet, que une to<strong>do</strong>s os computa<strong>do</strong>res <strong>do</strong>Exército, e que garante comunicações seguras e to<strong>da</strong>s as funcio<strong>na</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s normalmenteassocia<strong>da</strong>s á Internet, permitin<strong>do</strong> por exemplo que to<strong>do</strong>s os militares e civis <strong>do</strong> Exércitotenham um email <strong>de</strong> serviço.A DARH her<strong>do</strong>u assim duas bases <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s conten<strong>do</strong> to<strong>da</strong> a informação necessária ao seutrabalho, uma <strong>de</strong>scentraliza<strong>da</strong> e alimenta<strong>da</strong> ao nível Regimental crian<strong>do</strong> um registo<strong>de</strong>talha<strong>do</strong> <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> militar e substituin<strong>do</strong> a antiga folha <strong>de</strong> matricula, e uma centraliza<strong>da</strong><strong>de</strong>sti<strong>na</strong> a apoiar o sistema <strong>de</strong> avaliação e <strong>de</strong>cisão e alimenta<strong>da</strong> pelas Direcções <strong>do</strong>Coman<strong>do</strong> <strong>de</strong> Pessoal <strong>na</strong>s suas áreas funcio<strong>na</strong>is. Foi inicia<strong>do</strong> um projecto <strong>de</strong> integração <strong>da</strong>sduas bases <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s, que permite já manter as vantagens inerentes ás anteriores e agilizar a95 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimentosua utilização, e foi assumi<strong>da</strong> a utilização <strong>da</strong> pági<strong>na</strong> <strong>da</strong> DARH <strong>na</strong> Intranet como principalinstrumento <strong>de</strong> trabalho <strong>da</strong> Direcção.Assim, foi coloca<strong>da</strong> <strong>na</strong> pági<strong>na</strong> to<strong>da</strong> a informação consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> <strong>de</strong> interesse geral, passarama ser difundi<strong>da</strong>s através <strong>da</strong> intranet to<strong>da</strong>s as acções <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> pessoal e foi cria<strong>do</strong> umserviço <strong>de</strong> atendimento ao exterior, <strong>de</strong>sig<strong>na</strong><strong>do</strong> por “front office” através <strong>do</strong> qual qualquermilitar ou civil <strong>do</strong> exército po<strong>de</strong> colocar perguntas no âmbito <strong>da</strong> gestão <strong>de</strong> pessoal e obterrespostas rápi<strong>da</strong>s, geralmente em menos <strong>de</strong> 24 horas.Para ilustrar rapi<strong>da</strong>mente a meto<strong>do</strong>logia correntemente em vigor, po<strong>de</strong>mos recorrer a <strong>do</strong>isexemplos <strong>na</strong> área <strong>da</strong> gestão <strong>de</strong> carreiras: a avaliação <strong>do</strong> mérito com vista a promoções, e aselecção <strong>de</strong> pessoas para cargos específicos.O Exército tem um Regulamento próprio <strong>de</strong> avaliação <strong>do</strong> Mérito para efeitos <strong>de</strong> promoção,que inclui factores <strong>na</strong>s áreas <strong>da</strong> antigui<strong>da</strong><strong>de</strong>, formação, avaliação <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho e registodiscipli<strong>na</strong>r (por exemplo, louvores). Pela sua sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong>, to<strong>da</strong>s estas informações sãocarrega<strong>da</strong>s <strong>na</strong> base <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s pelo Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Pessoal, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> as vali<strong>da</strong>r. O sistemagera automaticamente a ficha biográfica <strong>do</strong> militar, e para os militares em condições <strong>de</strong>serem promovi<strong>do</strong>s, as suas fichas <strong>de</strong> avaliação individuais e colectivas. To<strong>do</strong>s os militarespo<strong>de</strong>m, através <strong>da</strong> pági<strong>na</strong> <strong>do</strong> Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Pessoal <strong>na</strong> Intranet consultar as suas fichasindividuais, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> vali<strong>da</strong>r os seus <strong>da</strong><strong>do</strong>s ou caso encontrem incorrecções enviar aoComan<strong>do</strong> <strong>do</strong> Pessoal propostas <strong>de</strong> correcções que são aprecia<strong>da</strong>s pelas enti<strong>da</strong><strong>de</strong>scompetentes. Uma vez introduzi<strong>da</strong>s to<strong>da</strong>s as alterações a DARH po<strong>de</strong> a ca<strong>da</strong> momentogerar, a partir <strong>do</strong> sistema, listas or<strong>de</strong><strong>na</strong><strong>da</strong>s por mérito que são o ponto <strong>de</strong> parti<strong>da</strong> para osprocessos <strong>de</strong> promoção, nos casos em que esta se realiza por escolha. A DARH, utilizan<strong>do</strong>uma equipa <strong>de</strong> ape<strong>na</strong>s seis pessoas para processar to<strong>da</strong>s as avaliações, consegue assim aca<strong>da</strong> momento gerar listas or<strong>de</strong><strong>na</strong><strong>da</strong>s integran<strong>do</strong> milhares <strong>de</strong> militares, perfeitamenteactualiza<strong>da</strong>s e respeitan<strong>do</strong> rigorosamente os complexos critérios <strong>do</strong> Regulamento <strong>de</strong>Avaliação <strong>de</strong> Mérito <strong>do</strong>s Militares <strong>do</strong> Exército.No caso <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> selecção para um cargo específico, a Intranet é a ferramenta <strong>de</strong>trabalho fun<strong>da</strong>mental. A<strong>na</strong>lisan<strong>do</strong> o caso mais complexo, que é o <strong>do</strong>s cargos noestrangeiro, o processo inicia-se com a recepção (geralmente por mail) <strong>de</strong> uma indicação96 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento<strong>de</strong> um cargo a preencher com os requisitos <strong>do</strong> mesmo (geralmente expressos num<strong>do</strong>cumento <strong>de</strong>sig<strong>na</strong><strong>do</strong> por Job Description). A DARH transforma esses requisitos numamensagem <strong>de</strong> convite que indica as características essenciais e preferenciais exigi<strong>da</strong>s aoscandi<strong>da</strong>tos e difun<strong>de</strong> esse convite através <strong>da</strong> sua pági<strong>na</strong>, para além <strong>do</strong>s meiosconvencio<strong>na</strong>is. Os interessa<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>m enviar as suas <strong>de</strong>clarações <strong>de</strong> oferecimento e CVpor mail sen<strong>do</strong> os seus <strong>da</strong><strong>do</strong>s confirma<strong>do</strong>s e a<strong>na</strong>lisa<strong>do</strong>s com recurso á base <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s. O<strong>de</strong>senrolar <strong>do</strong> processo po<strong>de</strong> ser acompanha<strong>do</strong> pelos interessa<strong>do</strong>s através <strong>da</strong> intranet,garantin<strong>do</strong>-se assim a máxima rapi<strong>de</strong>z a transparência. Foi já possível, em situações emque compromissos inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is obrigavam a uma selecção rápi<strong>da</strong>, garantir processos <strong>de</strong>selecção completos em três dias, sem abdicar <strong>do</strong> rigor e abrangência <strong>de</strong> um processoconvencio<strong>na</strong>l. Foi já igualmente testa<strong>da</strong> a meto<strong>do</strong>logia inversa, para casos muitoespecíficos com um universo reduzi<strong>do</strong> <strong>de</strong> possíveis candi<strong>da</strong>tos, extrain<strong>do</strong> <strong>da</strong> base <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>sa relação <strong>do</strong>s militares com as qualificações exigi<strong>da</strong>s, que foram convi<strong>da</strong><strong>do</strong>s por email aaceitar o cargo, sen<strong>do</strong> seleccio<strong>na</strong><strong>do</strong>s a partir <strong>da</strong>s respostas positivas.Em conclusão, a DARH assume hoje a utilização intensiva <strong>de</strong> tecnologias <strong>de</strong> informação ecomunicação como a única forma <strong>de</strong> conjugar a eficiência com a transparência.Nuno Correia Neves, Tenente-Coronel <strong>de</strong> Infantaria. Chefe <strong>da</strong> Secção <strong>de</strong> Gestão <strong>de</strong>Carreiras Militares <strong>da</strong> Repartição <strong>de</strong> Pessoal Militar <strong>da</strong> Direcção <strong>de</strong> Administração <strong>de</strong>Recursos Humanos <strong>do</strong> Coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> Pessoal <strong>do</strong> Exército.97 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento9.6. A importância <strong>da</strong>s certificações <strong>na</strong>s tecnologias <strong>de</strong> informaçãoPedro GomesFEUP CIQS Inovação para a Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> SoftwareCaminhos futuros <strong>na</strong> gover<strong>na</strong>ção <strong>da</strong>s tecnologias <strong>de</strong> informaçãoA gover<strong>na</strong>ção <strong>de</strong> tecnologias <strong>de</strong> informação (TI) vem en<strong>de</strong>reçar <strong>de</strong> uma forma global, factorescomo a gestão <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, aquisição, serviço, eficiência, segurança einovação. Nos últimos anos assistiu-se ao dissemi<strong>na</strong>r, a nível mundial, <strong>de</strong> diversas normas <strong>de</strong>gover<strong>na</strong>ção <strong>de</strong> TI, nomea<strong>da</strong>mente o CMMI, TSP/PSP, ITIL, Cobit, ISO 20000, ISO 27001,PRINCE e outras, que <strong>de</strong> uma forma mais ou menos prescritiva preten<strong>de</strong>m respon<strong>de</strong>r aos factoresmencio<strong>na</strong><strong>do</strong>s. Esta resposta é interpreta<strong>da</strong> muitas vezes <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>sa<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> pelos responsáveispelos sistemas <strong>de</strong> informação <strong>da</strong>s instituições, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a não existir uma procura pelo correctoentendimento <strong>do</strong>s objectivos <strong>da</strong>s normas e uma abor<strong>da</strong>gem correcta <strong>na</strong> sua implementação. Estasituação gera muitas vezes <strong>de</strong>sinformação sobre a sua eficácia e consequentemente dúvi<strong>da</strong>s sobreo retorno <strong>de</strong> investimento respectivo.As últimas tendências <strong>de</strong> evolução <strong>da</strong>s normas <strong>de</strong> gover<strong>na</strong>ção <strong>de</strong> TI vêm mostrar uma crescenteconvergência e abrangência <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> conhecimento, que vão permitir uma resposta maiscompleta às instituições mas introduzir uma complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> acresci<strong>da</strong> <strong>na</strong> sua compreensão. No dia24 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 2009, o Software Engineering Institute <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Carnegie Mellon 20lançou oficialmente o Mo<strong>de</strong>lo CMMI for Services 21 , completan<strong>do</strong> uma constelação <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>gover<strong>na</strong>ção <strong>de</strong> TI que <strong>de</strong>screve as melhores práticas para a organização processual <strong>de</strong> umaempresa que <strong>de</strong>senvolve, adquire e presta serviços <strong>de</strong> TI. É interessante verificar que por um la<strong>do</strong>este novo mo<strong>de</strong>lo foi <strong>de</strong> forma explícita buscar conhecimento à norma ITIL existente há jámuitos anos (convergência) e por outro continuar uma evolução <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> conhecimento queabarcam o ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> completo <strong>do</strong>s produtos <strong>de</strong> TI: CMMI for <strong>de</strong>velopment, for acquisitions e20 Software Engineering Institute – http://www.sei.cmu.edu21 CMMI for Services – http://www.sei.cmu.edu/services98 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimentofor services (abrangência). A orgânica <strong>de</strong>stes mo<strong>de</strong>los visa a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong>melhoria contínua, quer pela aprendizagem com a activi<strong>da</strong><strong>de</strong> realiza<strong>da</strong>, quer por mecanismos <strong>de</strong>inovação internos e visa também uma <strong>de</strong>finição processual que permitem uma gestão quantitativae estan<strong>da</strong>rdiza<strong>da</strong>.O merca<strong>do</strong> empresarial e os organismos <strong>de</strong> administração pública têm vin<strong>do</strong> gradualmente aexigir a certificação nestes mo<strong>de</strong>los <strong>na</strong> contratação <strong>de</strong> empresas presta<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> serviços comoforma <strong>de</strong> protecção <strong>do</strong> seu investimento ao nível <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, rapi<strong>de</strong>z e segurança <strong>do</strong>s produtosou serviços entregues. Os mo<strong>de</strong>los são ca<strong>da</strong> vez mais po<strong>de</strong>rosas ferramentas que po<strong>de</strong>m serutiliza<strong>da</strong>s, <strong>de</strong> forma mais ou menos formal, pelas instituições que utilizam tecnologias <strong>de</strong>informação, permitin<strong>do</strong> melhorias <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e um reconhecimento externo <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> queagregam. A sua implementação <strong>de</strong>ve ser informa<strong>da</strong>, <strong>de</strong>sprovi<strong>da</strong> <strong>de</strong> preconceitos ou <strong>de</strong> mo<strong>da</strong>s emotiva<strong>da</strong> por uma vonta<strong>de</strong> clara <strong>de</strong> evolução <strong>da</strong> organização, começan<strong>do</strong> pela gestão <strong>de</strong> topo.Deve ser seleccio<strong>na</strong><strong>do</strong> o mo<strong>de</strong>lo que mais se a<strong>de</strong>qua às necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> instituição, o processo <strong>de</strong>implementação <strong>de</strong>ve partir <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> instituição para o mo<strong>de</strong>lo, <strong>de</strong>ve envolver as pessoas <strong>na</strong>sua implementação e <strong>de</strong>ve representar um mo<strong>de</strong>lo a<strong>da</strong>ptável eficiente suporta<strong>do</strong> por ferramentas.A implementação <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los quan<strong>do</strong> bem efectua<strong>da</strong> representa uma fonte <strong>de</strong> motivação inter<strong>na</strong>e nunca <strong>de</strong> burocratização.Numa era crescentemente colaborativa a evolução <strong>de</strong>stes mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>verá ser focaliza<strong>da</strong> <strong>na</strong>articulação entre instituições, mais <strong>do</strong> que no seu funcio<strong>na</strong>mento interno. Esta articulação que<strong>de</strong>verá ser regula<strong>da</strong> e garantir a segurança necessária <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a informação. A aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong>veráser um agente <strong>de</strong> dissemi<strong>na</strong>ção importante <strong>de</strong>stas práticas através <strong>da</strong> introdução no seucurriculum <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> gover<strong>na</strong>ção <strong>de</strong> TI.99 <strong>de</strong> 104


<strong>Mo<strong>de</strong>los</strong> <strong>de</strong> Gover<strong>na</strong>ção <strong>na</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Informação e <strong>do</strong> Conhecimento100 <strong>de</strong> 104


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