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Via das pentoses-fosfato

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<strong>Via</strong> <strong>das</strong> <strong>pentoses</strong>-<strong>fosfato</strong>; Rui Fontes<strong>Via</strong> <strong>das</strong> <strong>pentoses</strong>-<strong>fosfato</strong>1- Pelo menos algumas <strong>das</strong> enzimas da via <strong>das</strong> <strong>pentoses</strong>-<strong>fosfato</strong> existem em to<strong>das</strong> as células do organismoe, em certos tecidos e células como o fígado, o tecido adiposo, a glândula mamária activa, o cortexsupra renal e os eritrócitos uma parte significativa da glicose é oxidada nesta via metabólica. Na via <strong>das</strong><strong>pentoses</strong>-<strong>fosfato</strong> (via do fosfogliconato ou desvio (shunt) <strong>das</strong> hexose-mono<strong>fosfato</strong>) o agente oxidantenão é o NAD + (como na glicólise) mas o NADP + pelo que, neste caso, se forma NADPH.2- A acção sequenciada de 3 enzimas que catalisam reacções fisiologicamente irreversíveis[desidrogénase da glicose-6-<strong>fosfato</strong> (ver equação 1), hidrólase da 6-fosfogliconolactona (ver equação2) e desidrogénase do 6-fosfogliconato (ver equação 3)] permite a formação da ribulose-5-<strong>fosfato</strong>(uma cetopentose-<strong>fosfato</strong>) que, numa reacção fisiologicamente reversível catalisada pela isomérase <strong>das</strong><strong>pentoses</strong>-<strong>fosfato</strong>, pode ser convertida em ribose-5-<strong>fosfato</strong> (uma aldopentose-<strong>fosfato</strong>; ver equação 4). Aequação 5 é o somatório <strong>das</strong> reacções referi<strong>das</strong> acima e descreve a acção sequenciada da chamada “faseirreversível da via <strong>das</strong> <strong>pentoses</strong>-<strong>fosfato</strong>” (reacções 1-3) e da reacção catalisada pela isomérase <strong>das</strong><strong>pentoses</strong>-<strong>fosfato</strong> (reacção 4):glicose-6-P + NADP + 6-fosfogliconolactona + NADPH (1)6-fosfogliconolactona + H 2 O 6-fosfogliconato (2)6-fosfogliconato + NADP + ribulose-5-P + NADPH + CO 2 (3)ribulose-5-P ribose-5-P (4)glicose-6-P + 2 NADP + + H 2 O ribose-5-P + 2 NADPH + CO 2 (5)3- Os produtos do processo descrito pela equação 5 são a ribose-5-<strong>fosfato</strong> e o CO 2 (que resultaram daoxidação da glicose-6-<strong>fosfato</strong>) e o NADPH (que resultou da redução do NADP + ). A ribose-5-<strong>fosfato</strong> éum substrato de vias metabólicas que levam à formação de nucleotídeos e de ácidos nucleicos. ONADPH é o agente redutor (i) em reacções de vias anabólicas como as de síntese de ácidos gordos,colesterol e hormonas esteróides, (ii) na manutenção do glutatião no estado reduzido (GSH), (iii) emreacções de hidroxilação quer de compostos endógenos quer de xenobióticos (medicamentos e drogas)e (iv), nas células macrofágicas, em processos reactivos que levam à morte de bactérias infectantes. Aocontrário do que acontece no caso do NAD + /NADH em que a concentração estacionária da formaoxidada é cerca de 1000 vezes superior à do NADH, no caso do NADPH/NADP + a concentraçãoestacionária da forma reduzida é cerca de 100 vezes superior à do NADP + . Uma razão[NADPH]/[NADP + ] elevada ajuda a compreender que as reacções em que o NADPH actua comoredutor sejam termodinamicamente favoreci<strong>das</strong>.4- Nas situações em que a glicemia é elevada (como acontece normalmente durante o período absortivo) asíntese e a libertação de insulina nas células dos ilhéus de Langerhans pancreáticos estão activa<strong>das</strong> aomesmo tempo que a síntese e a libertação de glicagina nas células dos mesmos ilhéus está inibida.Estas duas hormonas têm no fígado efeitos antagónicos: a insulina estimula todos os processos em quese consome glicose e alguns dos processos anabólicos em que se consome (oxida) NADPH enquanto aglicagina estimula todos os processos metabólicos que levam à formação de glicose. A insulinaestimula a oxidação da glicose aumentando a formação de acetil-CoA e, ao mesmo tempo, a actividade<strong>das</strong> enzimas “marca-passo” da via da síntese de ácidos gordos em que o substrato é a acetil-CoA e oNADPH é o agente redutor. A oxidação da acetil-CoA a CO 2 no ciclo de Krebs é um processo cujavelocidade está dependente do consumo de ATP: quando a insulina está elevada e a formação de acetil-CoA é mais rápida que a sua oxidação uma parte da acetil-CoA formada pode ser desviada para aformação de ácidos gordos e, em última análise, para a formação de gordura. Neste processo de síntese,o ATP sofre hidrólise mas também se oxida o NADPH formado na via <strong>das</strong> <strong>pentoses</strong>-<strong>fosfato</strong>. Aconcentração de NADPH é demasiado pequena para poder sustentar os processos de síntese se, a umavelocidade semelhante, não ocorresse a redução do NADP + formado. A insulina estimula a via <strong>das</strong><strong>pentoses</strong>-<strong>fosfato</strong> induzindo a síntese (transcrição dos genes) <strong>das</strong> desidrogénases da glicose-6-<strong>fosfato</strong> edo 6-fosfogliconato.Um outro factor que controla o fluxo na via <strong>das</strong> <strong>pentoses</strong>-<strong>fosfato</strong> é a velocidade de consumo (oxidação)do NADPH. A desidrogénase da glicose-6-<strong>fosfato</strong> é inibida pelo NADPH e, se a concentração deNADPH baixar na célula, esta desidrogénase fica activada estimulando-se a via <strong>das</strong> <strong>pentoses</strong>-<strong>fosfato</strong>.Página 1 de 4


Página 2 de 4<strong>Via</strong> <strong>das</strong> <strong>pentoses</strong>-<strong>fosfato</strong>; Rui FontesNalgumas células não sensíveis à insulina (como os eritrócitos) pode ser este o único mecanismocontrolador do fluxo na via <strong>das</strong> <strong>pentoses</strong>-<strong>fosfato</strong>.5- Quando, numa determinada situação metabólica, a síntese de ribose-5-<strong>fosfato</strong> excede o seu consumo nasíntese de nucleotídeos uma série de reacções fisiologicamente reversíveis catalisa<strong>das</strong> por duasisomérases e duas transférases permite a transformação da ribose-5-<strong>fosfato</strong> em frutose-6-<strong>fosfato</strong> egliceraldeído-3-<strong>fosfato</strong>. Para melhor compreender o processo de conversão da ribose-5-<strong>fosfato</strong> emfrutose-6-<strong>fosfato</strong> e gliceraldeído-3-<strong>fosfato</strong> é útil admitir-se que partimos de 3 moléculas de ribose-5-<strong>fosfato</strong> (35C=15C) e que se formam duas moléculas de frutose-6-<strong>fosfato</strong> e uma de gliceraldeído-3-<strong>fosfato</strong> (26C + 3C = 15C). As isomérases envolvi<strong>das</strong> no processo são a isomérase <strong>das</strong> <strong>pentoses</strong><strong>fosfato</strong>(ver equação 4) e a epimérase <strong>das</strong> <strong>pentoses</strong>-<strong>fosfato</strong> (ver equação 6). A isomérase <strong>das</strong> <strong>pentoses</strong><strong>fosfato</strong>é a enzima que catalisou a formação da ribose-5-<strong>fosfato</strong> (a partir de ribulose-5-<strong>fosfato</strong>) mastambém pode converter 2 <strong>das</strong> 3 moléculas de ribose-5-<strong>fosfato</strong> de que partimos em ribulose-5-<strong>fosfato</strong>.Por sua vez a epimérase pode converter as duas moléculas de ribulose-5-<strong>fosfato</strong> em xilulose-5-<strong>fosfato</strong>(uma cetopentose-<strong>fosfato</strong>). Nesta fase teríamos uma molécula de ribose-5-<strong>fosfato</strong> e duas de xilulose-5-<strong>fosfato</strong>. Por acção da transcetólase (ver equação 7) uma molécula de ribose-5-<strong>fosfato</strong> reage com umamolécula de xilulose-5-<strong>fosfato</strong>; a transferência de uma unidade de 2 carbonos em que a xilulose-5-<strong>fosfato</strong> funciona como substrato dador leva à formação de uma molécula de sedoheptulose-7-<strong>fosfato</strong>(uma cetoheptose-<strong>fosfato</strong>) e outra de gliceraldeído-3-<strong>fosfato</strong> (aldotriose-<strong>fosfato</strong>). A transaldólase (verequação 8) vai fazer reagir entre si os produtos da reacção anterior; neste caso é a sedoheptulose-7-<strong>fosfato</strong> que funciona como dador de uma unidade de 3 carbonos formando-se eritrose-4-<strong>fosfato</strong> (umaaldotetrose-<strong>fosfato</strong>) e frutose-6-<strong>fosfato</strong>. Nesta fase, tendo partido de 3 moléculas de ribose-5-<strong>fosfato</strong>,temos uma molécula de frutose-6-<strong>fosfato</strong>, uma de eritrose-4-<strong>fosfato</strong> e uma outra de xilulose-5-<strong>fosfato</strong>que ainda não reagiu. A reacção entre a xilulose-5-<strong>fosfato</strong> e a eritrose-4-<strong>fosfato</strong> também é catalisadapela transcetólase (ver equação 9) permitindo a formação de mais uma molécula de frutose-6-<strong>fosfato</strong> eoutra de gliceraldeído-3-<strong>fosfato</strong>. To<strong>das</strong> estas reacções são fisiologicamente reversíveis e asconcentrações estacionárias de to<strong>das</strong> estas oses-<strong>fosfato</strong> mantêm-se próximas <strong>das</strong> concentrações deequilíbrio. A equação 10 descreve o somatório <strong>das</strong> transformações referi<strong>das</strong> acima (equações 4 e 6-9partindo de 3 moléculas de ribose-5-<strong>fosfato</strong>):ribulose-5-P xilulose-5-P (6)xilulose-5-P + ribose-5-P sedoheptulose-7-P + gliceraldeído-3-P (7)sedoheptulose-7-P + gliceraldeído-3-P eritrose-4-P + frutose-6-P (8)xilulose-5-P + eritrose-4-P frutose-6-P + gliceraldeído-3-P (9)3 ribose-5-P 2 frutose-6-P + gliceraldeído-3-P (10)A frutose-6-<strong>fosfato</strong> e o gliceraldeído-3-<strong>fosfato</strong> forma<strong>das</strong> na “fase reversível da via <strong>das</strong> <strong>pentoses</strong>-<strong>fosfato</strong>”são intermediários da glicólise que, nas condições metabólicas em que a via <strong>das</strong> <strong>pentoses</strong>-<strong>fosfato</strong> estámais activa no fígado (glicemia elevada, insulina elevada e glicagina baixa), também está activadalevando à formação de acetil-CoA, o substrato na síntese de ácidos gordos.6- A acção sequenciada <strong>das</strong> enzimas <strong>das</strong> fases irreversível (equação 11) e reversível (equação 10 ou 12) davia <strong>das</strong> <strong>pentoses</strong>-<strong>fosfato</strong> e de “enzimas da gliconeogénese” [isomérase <strong>das</strong> trioses-<strong>fosfato</strong> (equação13), aldólase (equação 14), frutose-1,6-bisfosfátase (equação 15) e isomérase <strong>das</strong> fosfohexoses(equação 16)] pode permitir a oxidação completa da glicose-6-<strong>fosfato</strong> pelo NADP + (equação 17):6 glicose-6-P +12 NADP + + 6 H 2 O 6 ribulose-5-P +12 NADPH + 6 CO 2 (11)6 ribulose-5-P 4 frutose-6-P + 2 gliceraldeído-3-P (12)1 gliceraldeído-3-P 1 di-hidroxiacetona-P (13)1 gliceraldeído-3-P + 1 di-hidroxiacetona-P frutose-1,6-bis<strong>fosfato</strong> (14)frutose-1,6-bis<strong>fosfato</strong> + H 2 O frutose-6-P + Pi (15)5 frutose-6-P 5 glicose-6-P (16)somatório: glicose-6-P +12 NADP + +7 H 2 O 6 CO 2 +12 NADPH + Pi (17)É de notar, contudo, que as condições metabólicas em que a via <strong>das</strong> <strong>pentoses</strong>-<strong>fosfato</strong> está mais activa(glicemia elevada, insulina elevada e glicagina baixa) levam, no fígado, à inibição da enzimaresponsável pela reacção 15 (a fosfátase da frutose-1,6-bis<strong>fosfato</strong> hepática). O conjunto de reacções cujo


<strong>Via</strong> <strong>das</strong> <strong>pentoses</strong>-<strong>fosfato</strong>; Rui Fontessomatório é a equação 17 é um exercício teórico que serve apenas para mostrar que as enzimas da via<strong>das</strong> <strong>pentoses</strong>-<strong>fosfato</strong> (em conjunto com outras enzimas) podem levar à oxidação completa da glicosesem o contributo do ciclo de Krebs e da fosforilação oxidativa.Quando, 3 moléculas de glicose são oxida<strong>das</strong> na via <strong>das</strong> <strong>pentoses</strong>-<strong>fosfato</strong> podem formar 3 CO 2 + 2frutose-6-<strong>fosfato</strong> e 1 gliceraldeído-3-<strong>fosfato</strong>. Se as 2 frutose-6-<strong>fosfato</strong> (6C*2) e o gliceraldeído-3-<strong>fosfato</strong>(3C) formados forem oxidados na sequência glicólise-desidrogénase do piruvato-ciclo de Krebssignifica que 3 dos 18 CO 2 libertados a partir <strong>das</strong> 3 moléculas de glicose (6C*3) foram daresponsabilidade da desidrogénase do 6-fosfogliconato (1/6 dos carbonos).7- Em órgãos (como o músculo) em que as desidrogénases da glicose-6-<strong>fosfato</strong> e do 6-fosfogliconato sãopouco activas a síntese de ribose-5-<strong>fosfato</strong>, um precursor na síntese dos nucleotídeos, pode ocorrer poracção exclusiva <strong>das</strong> enzimas da “fase reversível” da via <strong>das</strong> <strong>pentoses</strong>-<strong>fosfato</strong> actuando na frutose-6-<strong>fosfato</strong> e no gliceraldeído-3-<strong>fosfato</strong> (ver equação 10).8- Um dos papéis metabólicos do NADPH é o de manter o glutatião (tripeptídeo contendo resíduos deglutamato, cisteína e glicina) na sua forma reduzida (GSH; contém um grupo tiol). O glutatião intervémcomo redutor em processos reactivos que serão descritos abaixo, e nessas reacções, converte-se emdissulfureto de glutatião (GSSG). O NADPH é o agente redutor (do dissulfureto do glutatião) numareacção catalisada pela redútase do glutatião onde o GSH é regenerado:NADPH + GSSG 2 GSH + NADP + (18)9- O GSH existe em altas concentrações nas células sendo o agente redutor em reacções em que o H 2 O 2 ,peróxidos lipídicos (LOOH) e o desidroascorbato (forma oxidada da vitamina C) são reduzidos a H 2 O,lipídeos hidroxilados (LOH) e ascorbato, respectivamente. A enzima que catalisa a redução dosperóxidos é a peroxí<strong>das</strong>e do glutatião (equação 19); a que catalisa a redução do desidroascorbato é aredútase do desidroascorbato (equação 20).LOOH (ou H 2 O 2 ) + 2 GSH LOH (ou H 2 O) + GSSG + H 2 O (19)Desidroascorbato + 2 GSH ascorbato + GSSG (20)Nas situações de stress oxidativo, os grupos tiol (R-SH) dos resíduos de cisteína de proteínas sofremoxidação não enzímica formando-se ligações dissulfureto intra e inter-proteínas (proteína-S-S-proteína).Na redução destas ligações, o GSH é o agente redutor: a reacção descrita pela equação 21 é catalisadapor uma oxiredútase (por tradição, frequentemente designada por tioltransférase) que repõe a situaçãooriginal.proteína-S-S-proteína + 2 GSH 2 proteína-SH + GSSG (21)Para além de intervir como redutor nas reacções catalisa<strong>das</strong> pela peroxí<strong>das</strong>e do glutatião, pela redútasedo desidroascorbato e pela tioltransférase, o glutatião também é redutor em reacções não enzímicaspodendo reduzir o ião superóxido (a H 2 O 2 ) e radicais orgânicos.10- Como se mostra nas equações 19, 20 e 21, sempre que o glutatião intervém como redutor forma-seGSSG que é, de imediato, reduzido por acção catalítica da redútase do glutatião (ver equação 18). Osomatório <strong>das</strong> equações 18 e 19 permite compreender que o NADPH é o redutor último nos processosde redução dos peróxidos lipídicos e do H 2 O 2 (equação 22). Uma situação semelhante ocorre tambémnos casos do desidroascorbato e dos grupos dissulfureto <strong>das</strong> proteínas (ver equações 23 e 24).NADPH + LOOH (ou H 2 O 2 ) NADP + + LOH (ou H 2 O) (22)NADPH + desidroascorbato NADP + + ascorbato (23)NADPH + proteína-S-S-proteína NADP + + 2 proteína-SH (24)O ascorbato (forma reduzida da vitamina C) reduz o radical tocoferil (forma oxidada da vitamina E) atocoferol que, por sua vez, reagindo com intermediários dos processos de formação de peróxidoslipídicos <strong>das</strong> membranas <strong>das</strong> células, limita a extensão destes processos. Os processos de oxidação decomponentes lipídicos <strong>das</strong> membranas e de outras estruturas celulares como proteínas ou ácidosnucleicos pode lesar as células.Página 3 de 4


<strong>Via</strong> <strong>das</strong> <strong>pentoses</strong>-<strong>fosfato</strong>; Rui FontesOs eritrócitos não têm núcleo e, ao contrário do que acontece nas outras células, as proteínas e os lipídeosque se alteram não podem ser re-sintetizados. Nos eritrócitos o papel principal do NADPH é o demanter o glutatião no estado reduzido (GSH) limitando os danos causados às estruturas molecularescelulares pelas chama<strong>das</strong> espécies reactivas de oxigénio (ROS). São exemplos de espécies reactivas deoxigénio o superóxido (O 2 - ), o H 2 O 2 e o radical hidroxilo (HO ). De to<strong>das</strong> estas substâncias a que sesupõe ter um efeito directo mais agressivo é o radical hidroxilo mas na sua origem está quer o H 2 O 2quer o superóxido. Em situações de stress oxidativo – aumento da velocidade de síntese de ROS – asROS levam à peroxidação de lipídeos <strong>das</strong> membranas e oxidação de proteínas. Mutações no gene(presente no cromossoma X) codificador da desidrogénase da glicose-6-<strong>fosfato</strong> (ver equação 1) sãoresponsáveis por uma doença genética muito frequente (400 milhões de afectados no mundo)denominada favismo. O deficit de NADPH que está associado a esta doença torna o eritrócitovulnerável a situações de stress oxidativo ocorrendo hemólise aquando da ingestão de favas ou dedeterminados medicamentos. Esta doença genética é mais frequente nos descendentes de indivíduos queviveram em zonas com alta incidência de malária. A razão desta associação é a protecção que o deficitda enzima desidrogénase da glicose-6-<strong>fosfato</strong> (mesmo relativo no caso <strong>das</strong> mulheres heterozigóticas)confere relativamente ao agente da malária. Este agente (Plasmodium falciparum) vive dentro doseritrócitos dos indivíduos afectados de malária mas a sua capacidade de sobrevivência fica reduzidaquando o stress oxidativo dos eritrócitos (que ocorre no favismo) faz com que os ciclos de formaçãomedular /fagocitose nos macrófagos sejam mais curtos.11- Em células macrofágicas como os polimorfonucleares neutrófilos, o NADPH tem um papeldeterminante na destruição <strong>das</strong> estruturas moleculares <strong>das</strong> bactérias infectantes. No decorrer do processofagocítico, por acção da oxí<strong>das</strong>e do NADPH o NADPH reduz o oxigénio molecular a superóxido(equação 25) que, por sua vez, está na origem de outras ROS que se supõe participarem no processo dedestruição <strong>das</strong> bactérias.NADPH + 2 O 2 NADP + + 2 O 2 - + H + (25)O superóxido pode sofrer dismutação enzímica (dismútase do superóxido) ou não enzímica e levar àformação de H 2 O 2 (equação 26) e também pode reduzir e cindir o H 2 O 2 com formação do radicalhidroxilo (reacção de Haber-Weiss catalisada por iões de ferro ou de cobre; equação 27). O radicalhidroxilo é dificilmente detectável porque é muito reactivo iniciando cadeias de reacções de oxidação (eperoxidação).O - 2 + O - 2 + 2 H + H 2 O 2 + O 2 (26)O - 2 + H 2 O 2 O 2 + HO - + HO (27)Página 4 de 4

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