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Conduta atual nas síndromes compressivas do membro superior ...

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CONDUTA ARTIGO ESPECIAL ATUAL NAS SÍNDROMES... Silva et al.ARTIGO ESPECIAL<strong>Conduta</strong> <strong>atual</strong> <strong>nas</strong> síndromes<strong>compressivas</strong> <strong>do</strong> <strong>membro</strong> <strong>superior</strong>Current approach to upper extremitiesentrapment neuropathiesRESUMOAs síndromes <strong>compressivas</strong> estão entre as causas mais comuns de queixas nos ambulatórios<strong>do</strong>s cirurgiões plásticos e ortopedistas. Os sintomas podem ser evidentes, masmuitas vezes passam despercebi<strong>do</strong>s ao médico generalista. Facilmente são confundi<strong>do</strong>scom sintomas vasculares, da “idade” ou somatização. O entendimento da fisiopatogeniadestas lesões auxiliará no diagnóstico precoce e no tratamento mais adequa<strong>do</strong> de cadacaso. Neste artigo abordaremos de forma simplificada o manejo clínico, diagnóstico e aconduta <strong>nas</strong> principais síndromes <strong>compressivas</strong> <strong>do</strong> <strong>membro</strong> <strong>superior</strong>.UNITERMOS: Síndrome Compressiva, Nervo Periférico, Membro Superior.JEFFERSON LUIZ BRAGA DA SILVA –Professor Livre-Docente. Especialista emCirurgia da Mão e Microcirurgia Reconstrutiva.Professor <strong>do</strong> Departamento de Cirurgiada Faculdade de Medicina – PUCRS.ANAJARA GAZZALLE – Cirurgião Geral.Especialização em Ciências Médicas.Cirurgia da mão – PUCRS.CÁSSIO TEIXEIRA – Cirurgião Geral.Especialização em Cirurgia da Mão e MicrocirurgiaReconstrutiva <strong>do</strong> Serviço de CirurgiaPlástica – PUCRS.Serviço de Cirurgia da Mão e Cirurgia Reconstrutiva<strong>do</strong> Hospital São Lucas da PUCRS. Endereço para correspondência:Jefferson Braga SilvaAv. Ipiranga 6690, Centro Clínico PUCRS,Sala 21690610-000 – Porto Alegre, RS – Brasil☎ (51) 3320-5040 jeffmao@terra.com.brABSTRACTCompressive syndromes are among the most commons causes of complaint in theoffices of plastic surgeons and orthopedists. Although the symptoms may be evident, theyoften go unnoticed to the primary-care physician. They are easily mistaken for vascularsymptoms, “aging”, or somatization. An understanding of the physiopathogeny of suchlesions will be helpful in the early diagnosis and to select the most appropriate treatmentfor each case. In this article we briefly address the clinical management, diagnosis, andthe approach to the main compressive syndromes of the upper limbs.KEYWORDS: Compressive Syndrome, Peripheral Nerve, Upper Limb.I NTRODUÇÃOA frequência com que as patologias<strong>compressivas</strong> <strong>do</strong> sistema nervoso afetama população traz desafios ao cirurgião,tanto para o diagnóstico precocequanto para o seu tratamento.Seguidamente são de difícil diagnósticoou passam despercebidas, causan<strong>do</strong>invariavelmente sequelas na sensibilidadee motricidade. Os sintomasmuitas vezes são vagos e confundi<strong>do</strong>scom problemas circulatórios ou de idade.Sinais de alerta, como “formigamento”e “queimação”, que respeitamum território anatômico devem ser investiga<strong>do</strong>s,pois atrofia e perda de forçasão manifestações tardias da histórianatural destas patologias. Como ograu de lesão nervosa não é conheci<strong>do</strong>O plexo braquial é uma trama complexade nervos que se originam nacoluna, entre as vértebras C5 a T1, resantesou até mesmo durante a cirurgia,o prognóstico é incerto até que se observea evolução de cada paciente. Osméto<strong>do</strong>s mais comuns de diagnósticosão o exame físico minucioso e a demonstraçãode déficit de condução <strong>do</strong>nervo por exame complementar.O melhor conhecimento da etiopatogeniae seu manejo proporcionaramum maior número de casos diagnostica<strong>do</strong>se trata<strong>do</strong>s, entretanto a definiçãodas causas destas síndromes aindanão está bem compreendida.Na população em geral não há da<strong>do</strong>sepidemiológicos sobre a prevalênciadas compressões nervosas. Contribuitambém para esta prevalência aumentadaa notificação de acidentes detrabalho. Neste caso, a repetição contínua<strong>do</strong>s movimentos <strong>do</strong> <strong>membro</strong>,como em trabalha<strong>do</strong>res braçais, podeser implicada como causa<strong>do</strong>ra de compressãonervosa. Uma predisposiçãoanatômica que comprime o nervo associadaaos esforços repeti<strong>do</strong>s aumentariaa sintomatologia (1, 2).O conhecimento adequa<strong>do</strong> da anatomiae função é, portanto, condiçãofundamental para o manejo específicoe tratamento desta afecção. Neste relato,aspectos básicos da anatomia efisiologia serão revisa<strong>do</strong>s. Os efeitosda compressão <strong>do</strong>s principais nervos<strong>do</strong> <strong>membro</strong> <strong>superior</strong> serão sumariza<strong>do</strong>s,incluin<strong>do</strong> as síndromes clínicas esuas opções de tratamento.O propósito deste trabalho é proporcionaruma revisão prática e didáticaao médico generalista sobre a abordageminicial, o diagnóstico e a condutadas principais síndromes <strong>compressivas</strong>que afetam o <strong>membro</strong> <strong>superior</strong>.R EVISÃO DA LITERATURAAnatomiaRecebi<strong>do</strong>: 2/3/2009 – Aprova<strong>do</strong>: 4/3/2009Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 53 (2): 169-174, abr.-jun. 2009 16919-361_conduta_<strong>atual</strong>_<strong>nas</strong>_sindromes.pmd 1693/7/2009, 11:02


CONDUTA ATUAL NAS SÍNDROMES... Silva et al.ARTIGO ESPECIALponsáveis pela inervação <strong>do</strong> ombro e<strong>membro</strong> <strong>superior</strong>. De acor<strong>do</strong> com onível da compressão ocorrerão as diversassíndromes que trataremos a seguir.O neurônio é a unidade funcional<strong>do</strong> nervo periférico. O corpo neuronalemite prolongamentos denomina<strong>do</strong>sdendritos que se estendem até a placamotora ou complexo sensitivo. A interrupçãodestas estruturas acarreta aparada e desorganização da condução<strong>do</strong>s impulsos nervosos. Em geral, oaxônio e a bainha são lesa<strong>do</strong>s, permanecen<strong>do</strong>o corpo neuronal viável.As células de Schwann formam abainha de mielina que envolve os axônios.Cada axônio é individualmentecircunda<strong>do</strong> pelo en<strong>do</strong>neuro; um feixede axônios forma um fascículo nervoso,ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> qual está o perineuro.Por fim, um grupo de fascículos envoltospelo epineuro configura um nervoque possui seu próprio sistema vascular– vasa nervorum – e nervoso, osnervi nervorum (2-4).Degeneração e regeneraçãonos nervos periféricosApós a descontinuação <strong>do</strong> nervoperiférico o coto distal sofre degeneração,com destruição completa damembrana basal, situação que se perpetuapor até quatro sema<strong>nas</strong>. No cotoproximal ocorre degeneração ape<strong>nas</strong>na superfície junto à lesão (centrípeta),varian<strong>do</strong> sua extensão de acor<strong>do</strong>com a gravidade da lesão (3, 5, 6). Aregeneração é a restauração <strong>do</strong> transporteaxonal. Diversos fatores influenciamesta atividade, ressaltan<strong>do</strong>-se onúmero residual de neurônios viáveisapós o trauma, a intensidade da sínteseproteica, o crescimento <strong>do</strong> axônio, o sucessoda conexão fibra-célula, e, em especial,o alinhamento <strong>do</strong>s fascículos (7).FisiopatologiaApós compressão, irritação mecânicaou trauma ocorre edema no perineuro,mas pela proteção exercida pelabainha, o edema não atinge o fascículo.Acredita-se que os sintomas dacompressão devam-se, portanto, à isquemia.Os sintomas desta compressãovariam desde parestesia até atrofiamuscular, com perda permanente dasensibilidade.O tempo de isquemia é fator fundamentalno grau de lesão, por tal motivo,a causa da compressão (tumor,saliências ósseas, torniquetes) deve serprecocemente identificada.Sed<strong>do</strong>n, em 1943, classificou as lesõesnervosas em três graus:Neuropraxia: há preservação daestrutura <strong>do</strong> nervo com lesão da bainhade mielina. Pode haver paralisiacom preservação da sensibilidade; perdatemporária da função motora, propriocepção,estímulo vibratório, tato,<strong>do</strong>r e su<strong>do</strong>rese. Não ocorre degeneraçãowalleriana.Axonotmese: lesão maior, com degeneraçãowalleriana. Há ruptura axonalcom preservação da bainha de mielinae tubo en<strong>do</strong>neural. Pode haver recuperaçãosem necessidade de cirurgia,conforme o nível da lesão.Neurotmese: lesão de to<strong>do</strong> nervo esuas estruturas, de perineuro e en<strong>do</strong>neuro.Requerem tratamento cirúrgico.Teci<strong>do</strong>s como pele, músculos e vasostambém sofrem alterações anatomofisiológicas,dependen<strong>do</strong> <strong>do</strong> grau de lesãonervosa (2-4).Síndromes <strong>compressivas</strong>Compressão <strong>do</strong> nervotorácico longoO nervo torácico longo inerva omúsculo serrátil anterior. Quan<strong>do</strong> sofrecompressão nervosa, o músculoperde sua capacidade de posicionar aescápula, ocorren<strong>do</strong> sua mobilizaçãopóstero-lateralmente, sinal conheci<strong>do</strong>como “escápula alada” (Figura 1).Soma-se a isso a dificuldade de abdução<strong>do</strong> braço acima de 90 o , e em longoprazo <strong>do</strong>r e instabilidade <strong>do</strong> ombro. Odiagnóstico é por exame clínico e eletroneuromiografia(ENMG). O tratamentoé inicialmente conserva<strong>do</strong>r (repouso,alteração da atividade física efortalecimento da musculatura). Descompressão,neurólise, transferênciade músculo e artrodese são reservadaspara casos irresponsivos.Síndrome <strong>do</strong> desfiladeirotorácicoA compressão de elementos anatômicos(plexo braquial, artéria ou veiasubclávia) causa sintomas conheci<strong>do</strong>scomo síndrome de compressão <strong>do</strong> desfiladeirotorácico (SCDT). Acometemais mulheres, em uma relação de 4:1,entre 30 e 40 anos, com ocupação queenvolva posição <strong>do</strong> braço ao nível ouacima <strong>do</strong> ombro (digita<strong>do</strong>res, pintores).Os sintomas geralmente são vagose inconsistentes, mas podem serprovoca<strong>do</strong>s por movimentos específicos,como estender a cabeça ou colocaras mãos atrás da cabeça.A classificação de Wilbourn divide-seem arterial, venosa, neurogênicaverdadeira e neurogênica “discutível”,cada qual geran<strong>do</strong> sintomas relaciona<strong>do</strong>scom a causa da compressão: palidez,resfriamento, <strong>do</strong>r, claudicação <strong>do</strong><strong>membro</strong>, alterações tróficas, isquemia,represamento sanguíneo no <strong>membro</strong>,edema, cianose, parestesias. O esforçofísico pode causar trombose súbitadas veias subclávia ou axilar conhecidacomo síndrome de Pagget-Schroetter.Casos subagu<strong>do</strong>s de compressãovenosa podem desenvolver colateraiscalibrosas. Utilizam-se diversos testesprovocativos (Adson, Halstead,Wright, Roos). Exames complementaresincluem raio-X de tórax e colunacervical, eco<strong>do</strong>ppler, injeção diagnósticade li<strong>do</strong>caína nos escalenos, angiografiae flebografia. A ENMG pode serutilizada nos casos “discutíveis”. ARMN e TC são úteis no diagnósticodiferencial. Deve-se identificar e trataros pontos desencadeantes, ofereceralongamento e relaxamento muscular,reeducação postural, fortalecimentomuscular e analgésicos. A excisão ouliberação da estrutura anatômica responsávelpelos sintomas é reservadapara os casos de insucesso (p.e. res-170 Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 53 (2): 169-174, abr.-jun. 200919-361_conduta_<strong>atual</strong>_<strong>nas</strong>_sindromes.pmd 1703/7/2009, 11:02


CONDUTA ATUAL NAS SÍNDROMES... Silva et al.ARTIGO ESPECIALO nervo mediano tem função essencialno <strong>membro</strong> <strong>superior</strong>, propician<strong>do</strong>pronação, flexão e sensibilidade nosde<strong>do</strong>s. Processos ósseos e fibromusculares,trauma e tumores também sãofatores causais em diversos pontos anatômicosao longo <strong>do</strong> seu curso. Dor <strong>nas</strong>uperfície volar proximal <strong>do</strong> braço eantebraço, parestesias e até hiperestesiasna distribuição cutânea <strong>do</strong> nervosão sintomas comuns e que devem serdiferencia<strong>do</strong>s da síndrome <strong>do</strong> túnel <strong>do</strong>carpo. O diagnóstico é clínico; os tessecçãoda primeira costela), déficitvascular importante ou naqueles decausa anatômica anômala (1, 8).Síndrome <strong>do</strong> túnel radialO nervo radial ao longo <strong>do</strong> seu cursopode sofrer efeitos de compressãoem diversos pontos (Figura 2). É umasíndrome <strong>do</strong>lorosa, poden<strong>do</strong> exacerbar-seà noite. Ocorre <strong>do</strong>r na face lateral<strong>do</strong> cotovelo durante a extensão, associadaà pronação <strong>do</strong> antebraço e flexão<strong>do</strong> punho. O exame clínico fechao diagnóstico. A ENMG pode ser inútil.Trata-se com repouso, órtese e antiinflamatórios;a descompressão comFigura 1 – Compressão<strong>do</strong> nervotorácico longo,resultan<strong>do</strong> emescápula alada.exploração <strong>do</strong> nervo ao longo <strong>do</strong> seucurso é reservada para casos refratários(1, 8).Compressão extrínseca <strong>do</strong> nervoulnar no cotovelo – síndrome <strong>do</strong>túnel cubitalÉ a síndrome compressiva maiscomum <strong>do</strong> <strong>membro</strong> <strong>superior</strong> depois dasíndrome <strong>do</strong> túnel <strong>do</strong> carpo (STC).Fatores intrínsecos, como osteófitos,gânglios, compressão pela cabeça medial<strong>do</strong> tríceps, e extrínsecos, comocompressão pós-operatória, são causasdefinidas. O quadro é de <strong>do</strong>r e parestesiana face medial <strong>do</strong> antebraço irradiadapara quarto e quinto de<strong>do</strong>s, poden<strong>do</strong>levar à paralisia e nos casos mais gravesà atrofia ao nível da primeira comissura,<strong>do</strong>s espaços interósseos <strong>do</strong>rsaise da região hipotenar, com perda da abduçãoe adução <strong>do</strong>s de<strong>do</strong>s (Figura 3).O sinal de Froment (flexão <strong>do</strong> polegarpara compensar ausência <strong>do</strong> adutor<strong>do</strong> polegar) será positivo, além de<strong>do</strong>r na palpação da porção medial <strong>do</strong>cotovelo (Figura 4).Realiza-se exame clínico, ENMG,raio-X e, se necessária, RMN. Pode sertenta<strong>do</strong> tratamento conserva<strong>do</strong>r, sen<strong>do</strong>a cirurgia reservada para casos refratários.Opções incluem descompressãoin situ, transposição anterior subcutânea,submuscular ou intramusculare epicondilectomia medial (Figuras5 e 6) (1, 2, 8).Síndrome <strong>do</strong> prona<strong>do</strong>rFigura 2 – Lesão <strong>do</strong> nervo radial por maus-tratos em recém-<strong>nas</strong>ci<strong>do</strong> com fratura de úmero. Recuperação total em seis meses.Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 53 (2): 169-174, abr.-jun. 2009 17119-361_conduta_<strong>atual</strong>_<strong>nas</strong>_sindromes.pmd 1713/7/2009, 11:02


CONDUTA ATUAL NAS SÍNDROMES... Silva et al.ARTIGO ESPECIALABtes funcionais devem confirmar o diagnóstico,localizan<strong>do</strong> o nível da compressãoe o grau de lesão. Imobilizaçãoe repouso são medidas iniciais. Acirurgia para casos de lesões expansivasconstitui-se na liberação acima eabaixo <strong>do</strong> cotovelo (1, 8).Síndrome <strong>do</strong> nervo interósseoanteriorCFigura 3 – A) Atrofia da primeira comissura. B) Comprometimento motor comdéficit da adução <strong>do</strong> de<strong>do</strong> mínimo. C e D) Lesões por déficit de sensibilidade <strong>do</strong>nervo ulnar.DSíndrome rara, caracterizada pelafraqueza <strong>do</strong> flexor longo <strong>do</strong> polegar,flexor profun<strong>do</strong> <strong>do</strong> 2 o e 3 o de<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>músculo prona<strong>do</strong>r quadra<strong>do</strong>, to<strong>do</strong>sinerva<strong>do</strong>s pelo nervo interósseo anterior(Figura 7). Não há sinais ou sintomassensoriais. Ocorre <strong>do</strong>r vaga noantebraço proximal. As causas incluemcompressão vascular e tumores, sempreatingin<strong>do</strong> o ramo na região proximal<strong>do</strong> antebraço. O sinal de Fromenté positivo. Exame clínico e ENMG fazemo diagnóstico. Após observação deaté 90 dias, não haven<strong>do</strong> melhora clínicaou à ENMG, há necessidade deneurólise na face volar <strong>do</strong> cotovelo(1, 8).Síndrome <strong>do</strong> nervo interósseoposteriorFigura 4 – Sinalde Froment.Figura 5 – Compressão<strong>do</strong> nervoulnar antes daneurólise.Ramo profun<strong>do</strong> <strong>do</strong> nervo ulnar, onervo interósseo posterior atua sobreos músculos extensores <strong>do</strong>s de<strong>do</strong>s. É asíndrome compressiva mais comum <strong>do</strong>nervo radial. A causa mais frequente éa compressão exercida pela borda fibrosa<strong>do</strong> músculo supina<strong>do</strong>r sobre onervo. Ocorre <strong>do</strong>r na musculatura extensora<strong>do</strong> antebraço e déficit de extensão<strong>do</strong> polegar e <strong>nas</strong> articulaçõesmetacarpofalangea<strong>nas</strong> (Figura 8), alémde disestesias e parestesias na distribuição<strong>do</strong> nervo. Outras causas comofraturas, tumores e compressão vasculartambém podem contribuir. Raios-X, ENMG e RMN auxiliam no diagnósticoclínico. Iniciar tratamento comfisioterapia, órtese e corticoide tópicopor até três meses. A cirurgia é indicadapara casos refratários, e nos casosavança<strong>do</strong>s, considerar transferência detendões (1, 2, 8).172 Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 53 (2): 169-174, abr.-jun. 200919-361_conduta_<strong>atual</strong>_<strong>nas</strong>_sindromes.pmd 1723/7/2009, 11:02


CONDUTA ATUAL NAS SÍNDROMES... Silva et al.ARTIGO ESPECIALSíndrome <strong>do</strong> túnel <strong>do</strong> carpoFigura 6 – Nervoulnar após neurólise;nota-sesangramento nonervo, demonstran<strong>do</strong>liberaçãopela secção <strong>do</strong>epineuro.Figura 7 – Sinalde compressão<strong>do</strong> nervo interósseoanterior –mão direita.A mais comum das síndromes <strong>compressivas</strong>.Acomete principalmentemulheres, em <strong>do</strong>is picos de incidência:entre 25 e 30 anos e <strong>nas</strong> 5 a e 6 a décadasde vida. Atividade laboral repetitivaresponde pela maioria <strong>do</strong>s casos noprimeiro grupo, enquanto fatores hormonaisgeralmente são a causa nospacientes mais i<strong>do</strong>sos. Mais da metade<strong>do</strong>s casos é bilateral. O canal carpianoé um túnel localiza<strong>do</strong> no punho poronde passam nove tendões flexores:quatro flexores superficiais e quatroflexores profun<strong>do</strong>s para os de<strong>do</strong>s longos,além <strong>do</strong> flexor longo <strong>do</strong> polegar.A síndrome surge após a redução <strong>do</strong>espaço dentro <strong>do</strong> túnel, causan<strong>do</strong> compressão<strong>do</strong> nervo mediano. As causaspodem ser intrínsecas ou extrínsecas,incluin<strong>do</strong> diabetes, gravidez, trauma,alcoolismo, obesidade, amiloi<strong>do</strong>se,<strong>do</strong>enças reumatológicas e tireoidia<strong>nas</strong>,compressão externa, dentre inúmerasjá descritas (Figura 9).Os pacientes apresentam <strong>do</strong>r, parestesia,perda de força e irradiação parao ombro. Dor no ombro e terço proximal<strong>do</strong> braço não são incomuns. Ocorreagravamento <strong>do</strong>s sintomas com oABCDFigura 8 – Compressão <strong>do</strong> nervo interósseoposterior.Figura 9 – Possíveis causas de compressão no canal carpiano. A) Músculo intracanalicular(ectópico). B) Artéria mediana persistente (seta). C) Lipoma. D) panículosinovial abundante, possivelmente devi<strong>do</strong> a artrite reumatoide.Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 53 (2): 169-174, abr.-jun. 2009 17319-361_conduta_<strong>atual</strong>_<strong>nas</strong>_sindromes.pmd 1733/7/2009, 11:02


CONDUTA ATUAL NAS SÍNDROMES... Silva et al.ARTIGO ESPECIALuso da mão e seguidamente os pacientesacordam no meio da noite com parestesiasnos de<strong>do</strong>s, <strong>do</strong>r no punho eantebraço distal. Em casos avança<strong>do</strong>spode ocorrer atrofia da musculaturatenariana (Figura 10) e diminuição dasensibilidade na distribuição <strong>do</strong> nervomediano.A maioria <strong>do</strong>s pacientes apresentatestes provocativos positivos (Tinel ePhalen). A ENMG é o melhor méto<strong>do</strong>para confirmação e eventualmente serãonecessários ultrassom ou RMN.Sintomas leves a modera<strong>do</strong>s, com evoluçãomenor que um ano podem ter tratamentoconserva<strong>do</strong>r. É importante tentaridentificar a causa <strong>do</strong>s sintomas.Analgesia, fisioterapia, órteses e corticoidetópico completam o manejo. Acirurgia consiste na abertura <strong>do</strong> ligamentotransverso carpal (retinaculumflexor) para liberação <strong>do</strong> nervo e é utilizadaem casos de falha no tratamentoconserva<strong>do</strong>r ou que apresentem atrofiatenar (1, 2, 8). A liberação <strong>do</strong> túnelpode ser realizada por diferentes técnicas:aberta clássica, ligamentoplastiae en<strong>do</strong>scópica. A en<strong>do</strong>scópica apresenta,inicialmente, melhor recuperaçãoda força, mas iguala-se à técnicaclássica após 90 dias (9). A recidiva éinfrequente e sua reexploração cirúrgicadifícil. O uso de retalho adiposovasculariza<strong>do</strong> da região hipotenar podeser utiliza<strong>do</strong> com resulta<strong>do</strong>s satisfatórios(10).Síndrome <strong>do</strong> canal de Guyon(síndrome <strong>do</strong> túnel ulnar)É a compressão no nervo ulnar nopunho, sen<strong>do</strong> a sua causa mais frequenteo cisto sinovial, segui<strong>do</strong> de traumatismose LER. Trombose da artéria ulnar,malformações ósseas e muscularestambém são causas identificadas.As possíveis apresentações clínicas sãocompressão dentro <strong>do</strong> canal com déficitmotor e sensorial (Figura 11), compressãoape<strong>nas</strong> <strong>do</strong> ramo profun<strong>do</strong> comperda motora e formação de garra ulnare compressão ape<strong>nas</strong> <strong>do</strong> ramo superficial,com comprometimento dasensibilidade cutânea (rara). O sinal deTinel é positivo. Avaliação clínica eENMG compõem o diagnóstico. O tratamentoé cirúrgico, com liberação <strong>do</strong>Canal de Guyon. Persistência <strong>do</strong>s sintomasestá associada com a falha naliberação <strong>do</strong> canal durante a cirurgia.Neuroma <strong>do</strong> ramo cutâneo palmarcomo complicação pós-operatória jáfoi descrito (1, 2, 8).D ISCUSSÃOA observação <strong>do</strong> grande volume depacientes que apresentam uma síndromecompressiva leva à conclusão daimportância epidemiológica desta patologia,<strong>do</strong> seu diagnóstico precoce eencaminhamento adequa<strong>do</strong>. Os sintomasvagos, mas frequentes devem semprevir à mente <strong>do</strong> médico generalistacomo possível resulta<strong>do</strong> de uma compressãonervosa. O exame clínico minuciosoassocia<strong>do</strong> à ENMG diagnosticaa maioria das síndromes, que emgeral respondem satisfatoriamente aomanejo conserva<strong>do</strong>r. Infelizmentemuitos casos chegam em estágiosavança<strong>do</strong>s ao consultório, restan<strong>do</strong>para o atendimento ape<strong>nas</strong> condutaspaliativas.C ONCLUSÃOAcreditamos que a compreensãodas causas laborais, anatômicas, hereditáriase idiopáticas podem nos levarao melhor diagnóstico, o tratamentomais adequa<strong>do</strong> e o resulta<strong>do</strong> mais satisfatóriodas síndromes <strong>compressivas</strong>,devolven<strong>do</strong> ao nosso paciente um retornomais precoce as suas atividades<strong>do</strong>mésticas e laborais.R EFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS1. Eversmann WW Jr. Entrapmetn andCompression Neuropathies. In: Green, D.P. Operative Hand Surgery. Vol. 2. ThirdEdition. New York: Churchill Livingstone;1993.2. Cortez M, Ferreira R. Síndromes Compressivas<strong>do</strong>s Nervos Periféricos. In:Mélega J.M. Mélega – Cirurgia PlásticaFundamentos e Arte: Cirurgia Repara<strong>do</strong>rade Troncos e Membros. Rio de Janeiro:Guanabara-Koogan; 2004, 651-659.3. Braga Silva J, Foucher G, Calcagnotto G.Lesões <strong>do</strong>s Nervos Periféricos. In: BragaSilva J. Cirurgia da Mão – Trauma.Rio de Janeiro: Revinter; 2003, 165-169.4. Mattar Jr. R. Lesões <strong>do</strong>s Nervos Periféricos.In: Mélega J.M. Mélega – CirurgiaPlástica Fundamentos e Arte: CirurgiaRepara<strong>do</strong>ra de Troncos e Membros.Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan;2004, 509-525.5. Cajal SRY. Mechanism de la degenerationy regeneration de nervos. Trab LabInvest Biol Madrid. 1905; 4:119.6. Crutcher KA. The role of growth factorsin neuronal development and plasticity.CRC Crit Rev Clin Neurobiol 1986;2:297.7. Mackinnon SE. New directions in peripheralnerve surgery. Ann Plastic Surg1989; 22:257.8. Brown DL, Borschel GH. Manual de CirurgiaPlástica de Michigan. Rio de Janeiro:Di Livros Editora. 2004.9. Braga-Silva J, Fontes Neto P, Foucher Get AL. Estu<strong>do</strong> prospectivo ran<strong>do</strong>miza<strong>do</strong>da força pós-operatória após diferentes técnicasde liberação <strong>do</strong> túnel <strong>do</strong> carpo. RevBras Ortop, 1996, v. 31, n. 4, 355-357.10. Braga-Silva J, Fontes Neto P, Juan TorresDel Rio, et al. Retalho hipotenariano-adiposona recidiva da síndrome <strong>do</strong>túnel <strong>do</strong> carpo. Rev Bras Ortop, 1996,v. 31, n. 12; 1019-1022.174 Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 53 (2): 169-174, abr.-jun. 200919-361_conduta_<strong>atual</strong>_<strong>nas</strong>_sindromes.pmd 1743/7/2009, 11:02

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