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Edição integral - Adusp

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Revista <strong>Adusp</strong>Agosto 19968 foram para o Hospital das Clínicas,6 para o Jabaquara e apenasum veio para cá, e foi internado.Outros 6 foram atendidos e dispensados,pois não necessitavam internação.Não houve recusa do HUem atender ou internar ninguém.”Tolosa explica também que oHU normalmente não atende acidentados.“A organização de umhospital de traumas é diferente danossa”, diz ele. “Nosso alunos têmque ver doenças comuns. Só atendemostraumas ocorridos com opessoal da USP.”Dinizete Aparecida Xavier, diretorado Sindicato dos Trabalhadoresda USP (Sintusp), informaque, segundo relato feito atravésde carta ao sindicato, os funcionáriosdo HU revoltaram-se com aatitude tomada pela direção dohospital no episódio do atendimentoàs vítimas do shopping deOsasco. Segundo esse relato, aoserem informados da tragédia pelaDefesa Civil, eles se prepararam,como é de praxe nos hospitais, paraatender às vítimas. Havia setesalas do centro cirúrgico desocupadase 14 macas disponíveis. Mas otempo passava e as vítimas nãochegavam. Nenhuma das ambulânciasque as transportavam se dirigiramao HU.Na carta dirigida ao Sintusp osfuncionários dizem que, enquantoos hospitais particulares abriramleitos e mandaram helicópteros, asambulâncias do HU ficaram nasgaragens. Que a equipe de voluntáriosdo HU foi solidária por contaprópria. E que o HU internouum único paciente, levado pela famíliae depois de muita insistênciadesta, apenas para parecer solidárioàs vítimas de Osasco.No dia 19 de julho, o promotorde justiça Gilberto Martins Lopes,da Primeira Vara Criminal do fororegional de Pinheiros, em São Paulo,requisitou ao delegado da 93ªDP a instalação de inquérito policialpara apurar omissão de socorropor parte do Superintendentedo HU/USP, Erasmo Tolosa, duranteo resgate das vítimas da explosãodo Osasco Plaza Shopping.Omissão de socorro é crime previstono Código Penal, cuja pena é deaté seis meses de detenção.Com uma fratura exposta de tíbia,Josué Gonçalves Pádua, vítimada explosão do shopping de Osasco,foi levado por familiares para oHU/USP logo no começo da tardedo dia 11 de junho. Sua cunhada,Maria de Lurdes Santos, que oacompanhou durante todo o tem-Recordo-me das visitas ao HU durante a sua construção.Asexpectativas eram grandes frente às possibilidadesque se propunham: espaço, infra-estrutura física,quantidade de equipamentos e oportunidade de trabalhomultidisciplinar.O que temos atualmente? Um hospital praticamente convencional,no qual a opção foi e continua sendo pela prestaçãode serviços. Para torná-lo mais “ágil” e “harmônico” optou-sepor um corpo de funcionários independente da estruturade ensino. Assim, os alunos em nível de graduação, namaioria dos cursos afins, não passam pelo hospital. E a pesquisa?Nas áreas em que trabalhamos é muito pouca, não éinovadora e parece ser esse o panorama geral. O que aconteceao nível do ensino e da pesquisa depende praticamente dafilosofia do chefe do serviço e dos funcionários interessados.Não é uma política incentivada (embora não seja, explicitamente,impedida) pela superintendência. Sonhamos e queremosum hospital escola produzindo conhecimento, desenvolvendonovas tecnologias e procedimentos que tragam efetivodesenvolvimento e autonomia científica ao país. Isto é utopiapara o HU/USP? No nosso entender há recursos financeiros,espaço físico e profissionais interessados e dispostos a isso;basta que a reitoria e a superintendência revejam a opçãoadotada que, no momento, não nos leva a lugar algum.Os HUs não podem e não devem ser substitutos da redehospitalar. Explicitamente o HU/USP não deve e nãoprecisa sê-lo. O governo de São Paulo, se quiser, tem recursospara investir na área de saúde. Estamos sob o riscode ter um local no qual o ensino e a pesquisa sejam sufocadospela necessidade do atendimento aos pacientes,que, logicamente, não devem ser relegados. O risco, aliás,já é real no HU/USP. Novamente, se formos compará-locom outros hospitais, as condições são melhores. Mas porque são melhores, se há falta de pessoal, especialmentenas áreas médicas e paramédicas? Se existem aparelhos eequipamentos sobrecarregados por serem em número reduzido?Se existem aparelhos e equipamentos subutilizadospor não existirem técnicos para operá-lo? As condiçõessão melhores porque o corpo de funcionários, de todasas categorias, se supera.É urgente, portanto, que se repense a filosofia de ensino,de pesquisa e de atendimento à comunidade propostapara o HU. Caso contrário, ele até poderá estarbem financeiramente, porém o ensino e a pesquisa nãosairão da UTI.Professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidadede São Paulo e diretora da <strong>Adusp</strong>.9

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