22opiniÃo <strong>correio</strong> <strong>de</strong> <strong>venezuela</strong> • 24 <strong>de</strong> fevereiro a 02 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2011tempo <strong>de</strong> jovens›A Lusofonia no coração dos luso-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntesKarina <strong>de</strong> OliveiraComo luso-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes,herda-se o amor por aquela pátria,por aquela terra que estálonge, mas que não é alheia aocoração. Fazem-se próprios osfados, aquelas danças e cantigas,a gastronomia e tradições...Tudo isso, faz parte da infânciae adolescência <strong>de</strong> um luso-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte,que quando adulto,sempre terá belas lembrançasrelacionadas com a terra dosseus pais. Mas, e o português?Essa bela língua, mágica, cheia<strong>de</strong> <strong>de</strong>talhes que é o português,porque não cresce da mesmamaneira com os luso-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes?A maioria percebe-omuito bem, mas qual é a vergonhaque têm para falá-lo?Timi<strong>de</strong>z talvez. Mas esta é tambémuma reflexão para os pais<strong>de</strong>sses jovens que <strong>de</strong>sconhecema pormenor a sua língua materna.Nunca é <strong>de</strong>mais falar portuguêsem casa, com os pais,primos, tios... Ler essa mágicahistória lusitana cheia <strong>de</strong>reis, viagens, <strong>de</strong>scobrimentos econquistas. Estar em constantecontacto com essa música que"Tem que se pensarsempre em todasas possibilida<strong>de</strong>se oportunida<strong>de</strong>sque existem paraconcretizar osobjectivos e tornar ossonhos realida<strong>de</strong>"faz sentir <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a maior nostalgiae sauda<strong>de</strong>, até fazer enchero coração <strong>de</strong> alegria e vonta<strong>de</strong><strong>de</strong> dançar.Portugal não é só um paísbanhado pelo mar mediterrâneo,Portugal é on<strong>de</strong> os portuguesese luso-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntesestão. E não há melhor coisaque saber e perceber <strong>de</strong> on<strong>de</strong> sevem, conhecer essas raízes culturais,essa língua materna tãoespecial. Sim, porque a línguaportuguesa está cheia <strong>de</strong> sons,cheia <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhes e pormenores,que com cada palavra se po<strong>de</strong>transmitir o orgulho, a felicida<strong>de</strong>e a alegria do que significalevar Portugal no coração.Que não crescer com a fortuna<strong>de</strong> falar português fluidamente,não tire a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong>fazê-lo; porque os jovens luso<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntesconformam umajuventu<strong>de</strong> cheia <strong>de</strong> garra e vonta<strong>de</strong><strong>de</strong> viver, que sabem on<strong>de</strong>vão e aquilo que querem.Tem que se pensar sempreem todas as possibilida<strong>de</strong>s eoportunida<strong>de</strong>s que existempara concretizar os objectivose tornar os sonhos realida<strong>de</strong>.Existem tantas maneiras paraapren<strong>de</strong>r português! Por isso háque aproveitá-las ao máximo!Sem pensar nas “limitações”que existem, como na falta <strong>de</strong>apoio dos pais para o ensino doportuguês, ou que na Venezuelanão há muitos professores ouinstituições <strong>de</strong>dicadas à línguaportuguesa; não interessa sesão muitos ou poucos, o importanteé que há. Como tambémjá não tem importância se ospais tiveram falta <strong>de</strong> interesseou falta <strong>de</strong> tempo para ensinara língua portuguesa, o importanteé que neste país existemcentenas <strong>de</strong> luso-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntese portugueses com quem sepo<strong>de</strong> fazer amiza<strong>de</strong>, compartilhare fortalecer os conhecimentos<strong>de</strong>ste nosso idioma. É sempreimportante lembrar que asoportunida<strong>de</strong>s estão on<strong>de</strong> sãoprocuradas. Conseguir alguémcom essa curiosida<strong>de</strong>, vonta<strong>de</strong>e amor pela língua portuguesaé muito fácil, será só questão<strong>de</strong> apaixonar-se mais <strong>de</strong>la atravésda disciplina e do estudo.Na internet há muito materialque se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>scarregar, comotambém existe o acesso a aulasvirtuais. Mas realmente o quepo<strong>de</strong> fortalecer essas habilida<strong>de</strong>scom a língua portuguesa, éa amiza<strong>de</strong> e a constante partilhacom outros portugueses e luso<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes,porque aí se reforçao que já se sabe <strong>de</strong>sta língua,e ensinará muito mais alémdaquilo que se po<strong>de</strong> apren<strong>de</strong>rnuma sala <strong>de</strong> aula, porque osaber <strong>de</strong> um idioma fortaleceseno dia-a-dia, na rua, com aspessoas.A aprendizagem duma língua,em especial a portuguesa,dá uma visão muito mais amplada cultura, da linguagem <strong>de</strong>rua, da procedência <strong>de</strong> certasexpressões ou ditos, daquiloque se vive. Porque apren<strong>de</strong>ruma língua não é só saber a estruturação<strong>de</strong> frases ou po<strong>de</strong>rfazer uma leitura, é a compreensãoduma cultura expressa,nos livros <strong>de</strong> história, nos textos,nos contos, expressões e ditospopulares, na oralida<strong>de</strong> dodia-a-dia.Que as limitações só sejamuma maneira <strong>de</strong> encontraroutras possibilida<strong>de</strong>s e oportunida<strong>de</strong>s,e se não se encontram,então criam-se, lembrandosempre que tudo o que sefaz com garra e com esforço,tem um sabor <strong>de</strong> vitória muitodoce.CRÓNICA›Como sair disto? Haja alguém que se acuse!... (I)Luís BarreiraTendo em consi<strong>de</strong>raçãoque, no actual momento dasocieda<strong>de</strong> portuguesa e peseembora as diferenças <strong>de</strong> estiloneste curto prazo, o que divi<strong>de</strong>os dois principais partidos políticosportugueses, PS e PSD,são muito menos os motivosi<strong>de</strong>ológicos e muito mais amanutenção ou a conquista dopo<strong>de</strong>r político em Portugal.Reconhecendo que, face aocontinuado comportamentodos mercados financeiros internacionais(que me escuso<strong>de</strong> comentar...) e ao <strong>de</strong>ficit <strong>de</strong>credibilida<strong>de</strong> no comporta-"O Partido Socialistae o Partido SocialDemocrata têm <strong>de</strong> seenten<strong>de</strong>r!"mento do nosso País, por parte<strong>de</strong> alguns dos nossos parceiroseuropeus, na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ultrapassarmosa actual crise emque nos encontramos, aconselhamuma conjugação patriótica<strong>de</strong> esforços entre, pelo menos,as duas maiores formaçõespartidárias.Antes que percamos algumbenefício da dúvida e que nosvenham a consi<strong>de</strong>rar como“não nos governamos, nem<strong>de</strong>ixamos que nos governem”,o Partido Socialista e o PartidoSocial Democrata têm <strong>de</strong> seenten<strong>de</strong>r!Não necessariamente partilhandoo po<strong>de</strong>r, uma vez que,após tantas picardias e acusaçõesmútuas, é preciso queambos passem por uma <strong>de</strong>moradareconversão dos seusrelacionamentos e já não hátempo para saborearem o “chá”necessário.Não essencialmente paradividir os cargos executivos eos lugares <strong>de</strong>terminantes noaparelho do Estado, ou parapremiar qualquer ambiçãopessoal, no seio das respectivasfamílias políticas. Até porqueestamos em tempo <strong>de</strong> “vacasmagras”!Não para reivindicaremo patriotismo exclusivo daatitu<strong>de</strong>, na perspectiva <strong>de</strong> influenciar,a seu favor, a opiniãopública. A nossa opinião públicaestá consciente <strong>de</strong> que,a situação a que chegámos, jánão po<strong>de</strong> ser imputada ao “fascismo”,como há 30 anos atrás,mas aos partidos políticosportugueses que mais tempogovernaram o País após 74, ouseja, o PS e o PSD.Esta é a oportunida<strong>de</strong> paraestes dois partidos assumiremas suas responsabilida<strong>de</strong>s e capacida<strong>de</strong>s,na gestão da coisapública, sob pena <strong>de</strong> se <strong>de</strong>scredibilizarem,aumentando o abstencionismoda socieda<strong>de</strong> civil,a eleição do apartidarismo ou arevolta contra o sistema.
24 <strong>de</strong> fevereiro a 02 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2011 • <strong>correio</strong> <strong>de</strong> <strong>venezuela</strong>opiniÃo 23Cartas›Favor enviar as suas cartas e comentários ao en<strong>de</strong>reço electrónico: <strong>correio</strong>.<strong>venezuela</strong>@gmail.comPreocupação Vivemos na Venezuela… Que as relações cresçam... “Guáramo”Há algumas semanas li no vosso jornal o relato<strong>de</strong> um compatriota sobre um encontro com a<strong>de</strong>linquência. A leitura motivo-me para relatar aminha história, a qual espero não que não se voltea repetir. Um dia estava no meu negócio, situadoa Oeste da capital, justamente a acabar a hora <strong>de</strong> almoço,pelas 2h30 da tar<strong>de</strong>, quando chegaram doisindivíduos muito bem vestidos – um <strong>de</strong>les vinha<strong>de</strong> fato – e pediram para recomendar o que podiamcomer. Até tiverem tempo para contar umaspiadas. Foram atendidos cordialmente, como é habitualtratamos qualquer cliente. Depois pediram aconta e ace<strong>de</strong>ram pagar sem qualquer problema.Foi quando caminhava para a caixa que um <strong>de</strong>sses“clientes” golpeou-me nas costas e apontou-meuma pistola ao nível dos rins. Acto contínuo, apareceramdois motociclistas, que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o exteriorficaram a controlar a situação. Numa questão <strong>de</strong>segundos, e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> receber uma longa lista <strong>de</strong>ofensas, tiraram-nos os nosso telemóveis, relógiose todo o dinheiro que tínhamos feito nesse dia. Apolícia, cujo módulo está apenas a uns metros dolocal, não viu nada.Espero que esta história sirva <strong>de</strong> exemplo paraoutros comerciantes, <strong>de</strong> modo a estarem maisconscientes com a situação que vivemos na Venezuela.José Gabriel da Corteinquérito›Aproveito este espaço que oCorreio da Venezuela conce<strong>de</strong> aosseus leitores para, na condição <strong>de</strong>um <strong>de</strong>les, comentar as várias mudançasque têm sido operadas nestemeio que foi criado para servir acomunida<strong>de</strong> luso-<strong>venezuela</strong>na.Em primeiro lugar, gostava <strong>de</strong> felicitaro gran<strong>de</strong> progresso registadoao nível do <strong>de</strong>senho gráfico e pelogran<strong>de</strong> passo dado há uns meses<strong>de</strong> abrir os conteúdos à Venezuela,permitindo aos portuguesester informação da terra on<strong>de</strong>vivem escrita no nosso idioma.No entanto, nas últimas quatroedições notei uma diminuição aonível <strong>de</strong> notícias sobre a Venezuela,em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> notícias sobrePortugal. Embora estas sejammuito importantes para a nossacomunida<strong>de</strong>, elas não nos afectamdirectamente como os temas <strong>de</strong>interesse da Venezuela. Espero quenão se esqueçam que trabalhampara uma comunida<strong>de</strong> que sofre,sente e pa<strong>de</strong>ce numa Venezuela tãoconsternada como a <strong>de</strong> hoje.João da Silva PestanaSou uma leitora fiel do CORREIO e sinto-meorgulhosa ao ler as notícias sobre acooperação que existe entre a Venezuelae Portugal. Mais além da má governaçãodo Presi<strong>de</strong>nte Chávez, pois entendo quesubmergiu o país numa absoluta pobreza,escassez, atraso e insegurança, creio queestes acordos são <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> relevância. AVenezuela tem muito que dar a Portugale os lusos têm muito para dar aos <strong>venezuela</strong>nos.No entanto, pergunto-me: On<strong>de</strong> estão oscomputadores Canaima? Nos colégioson<strong>de</strong> estudam os meus filhos ainda nãochegaram... On<strong>de</strong> estão a massa, o atum eos <strong>de</strong>mais produtos que Portugal ficou <strong>de</strong>fornecer? Cada vez que vou às compras<strong>de</strong>vo percorrer vários supermercadospara conseguir o que necessito.De igual modo, queria felicitar-vos pelasecção que criaram na última página dosemanário com artistas e personalida<strong>de</strong>sque, ainda que não sejam da comunida<strong>de</strong>,expressam a sua opinião sobre nós.Creio que é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> relevância já quegosto <strong>de</strong> ler todas as semanas as tão bonitasopiniões que os <strong>venezuela</strong>nos emitemsobre a nossa comunida<strong>de</strong>.Fernanda dos Ramos <strong>de</strong> PereiraOs meus pais são naturais doPorto e sinto-me orgulhosa dasminhas raízes lusas e tambémpor ser <strong>venezuela</strong>na. Apesar<strong>de</strong> todos os problemas que onosso país enfrenta, <strong>de</strong>i-meconta que os <strong>venezuela</strong>nossão uns lutadores incansáveis.Prova disso é greve <strong>de</strong> fomeempreendida por um grupo <strong>de</strong>estudantes no exterior da se<strong>de</strong>da OEA, em Caracas, em sinal<strong>de</strong> protesto pelo <strong>de</strong>srespeitopelos direitos <strong>de</strong> 27 presos políticos.Creio que estes jovenssão dignos <strong>de</strong> ser aplaudidos etodos os <strong>venezuela</strong>nos <strong>de</strong>viamtomar esta atitu<strong>de</strong> como umexemplo para conseguir umaverda<strong>de</strong>ira mudança.Somos um país feito <strong>de</strong>mestiçagem, <strong>de</strong> diferentesopiniões, <strong>de</strong> carácter humil<strong>de</strong>e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> coração. Devemosunir-nos a favor do que todosnecessitamos: A liberda<strong>de</strong> e osdireitos humanos. Tenhamos“Guáramo!”Ana María Soares OliveiraVai disfarçar-se nesteCarnaval?E, caso faça, qualserá o seu disfarce eporquê tal escolha?Laydy Liendo, Advogada“Não gosto <strong>de</strong> disfarçar-me. Mascaso o fizesse, escolheria umdisfarce <strong>de</strong> princesa porque todaa gente diz que sou uma e assimme sinto.”Sofía Moreno, Engenheira“Disfarçar-me-ia <strong>de</strong> Lady Gaga.Primeiro, porque impõe umamoda; e, segundo, porque não seimporta acerca do que dizem <strong>de</strong>la.Assim como não me importa oCarnaval que está vivendo o mundo<strong>de</strong>vido a tantas coisas loucasque se escapa da realida<strong>de</strong>.”Alejandro Rosal, Empresário“Disfarçar-me-ia <strong>de</strong> Boeing 747,para po<strong>de</strong>r fugir do país a qualquermomento.”Anabella Ce<strong>de</strong>ño, Administradora“Disfarçar-me-ia <strong>de</strong> hospe<strong>de</strong>irapara embarcar num Boeing 747 econhecer outras terras on<strong>de</strong> existamais tranquilida<strong>de</strong>.”