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Caminhos para a inovação em segurança pública no Brasil - DHnet

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os gover<strong>no</strong>s raramente recorreram às universidades<strong>para</strong> projetos integrados à <strong>segurança</strong> <strong>pública</strong>,e as possibilidades de mobilizar a pesquisaacadêmica <strong>para</strong> conhecer os t<strong>em</strong>as da criminalidadee da violência, ou <strong>para</strong> avaliar a própriaatividade policial, foram e segu<strong>em</strong> sendo subestimadaspelos gestores. As instituições policiais,por seu tur<strong>no</strong>, tend<strong>em</strong> a ver a aproximação comas universidades como uma desvalorização dascompetências e saberes profissionais de seusm<strong>em</strong>bros. Intu<strong>em</strong>, também, que uma formaçãoteórica mais sólida e o recurso às pesquisas <strong>em</strong><strong>segurança</strong> são capitais específicos, que pod<strong>em</strong>provocar deslocamentos nas relações de poder,o que costuma ser interpretado como uma ameaçaaos interesses estabelecidos nas corporações.<strong>para</strong> o mapeamento do crime e da violência queidentificam os “hot spots” 8 , o programa ComputerizedStatistics (COMPSTAT), a abordag<strong>em</strong>colaborativa entre policiais e agências de serviçosocial (como nas táticas de “pulling levers policing”),o policiamento baseado <strong>em</strong> evidências, asabordagens de prevenção do crime por meio deprojetos ambientais (Crime Prevention ThroughEnvironmental Design – CPTED) etc. Tudo issos<strong>em</strong> contar os recursos tec<strong>no</strong>lógicos, que permitiramuma revolução nas técnicas de controle, investigaçãoe perícia, tais como o uso de câmeras<strong>em</strong> espaços públicos, os softwares de reconhecimentovisual e voz, as armas não letais, o <strong>em</strong>pregode satélites <strong>no</strong> rastreamento ou o uso do DNAna produção da prova, entre outros.Artigos<strong>Caminhos</strong> <strong>para</strong> a <strong>i<strong>no</strong>vação</strong><strong>em</strong> <strong>segurança</strong> <strong>pública</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>Marcos RolimI<strong>no</strong>vação na <strong>segurança</strong> e sua difusãoMuitos são os autores e especialistas <strong>em</strong> policiamentoque chamam a atenção <strong>para</strong> o fatode que as últimas três décadas se caracterizaram,quanto ao t<strong>em</strong>a da <strong>segurança</strong> <strong>pública</strong>, pela construçãode uma conjuntura internacional marcadapor <strong>no</strong>táveis i<strong>no</strong>vações e por reformas consideráveisdas próprias instituições policiais. 6 Emum período relativamente curto, a maior partedas polícias européias, e mesmo <strong>no</strong>rte-americanas,repensaram radicalmente suas atribuições,formação, estratégias e relacionamentos com ascomunidades a que dev<strong>em</strong> prestar seus serviços.Nesse processo — influenciado, primeiramente,pelo fracasso dos modelos “reativos” depoliciamento 7 , mas também pelas descobertascientíficas e pelo acúmulo de evidências colhidas— foram introduzidas i<strong>no</strong>vações centrais <strong>em</strong><strong>segurança</strong>. Entre essas estão o modelo de políciacomunitária e de policiamento orientado <strong>para</strong> asolução de probl<strong>em</strong>as (GOLDSTEIN, 1990), ogeo-referenciamento e o conjunto de tec<strong>no</strong>logiasNo <strong>Brasil</strong>, <strong>em</strong> que pese alguns desses recursose técnicas já ser<strong>em</strong> parcialmente <strong>em</strong>pregadospelas polícias, o fato inconteste é que as i<strong>no</strong>vaçõesobservadas <strong>em</strong> grande parte dos paísesocidentais — inclusive <strong>em</strong> alguns da AméricaLatina, como o d<strong>em</strong>onstra a experiência colombiana— não se difundiram <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Entrenós, <strong>em</strong> quase todas as situações <strong>em</strong> que aquelasi<strong>no</strong>vações são aplicadas pelas polícias, percebe-seclaramente que elas se encontram <strong>em</strong> posiçõessecundárias, quando não isoladas do modelotradicional de policiamento, que segue sendoamplamente heg<strong>em</strong>ônico.Para se compreender isso, seria interessantel<strong>em</strong>brar que a implantação de uma <strong>i<strong>no</strong>vação</strong> n<strong>em</strong>s<strong>em</strong>pre se impõe pelos seus efeitos benéficos, pormais comprovados que eles sejam. Everett M. Rogers,<strong>em</strong> uma obra clássica, lançada há mais de 40a<strong>no</strong>s, Diffusion of In<strong>no</strong>vations, já havia chamadoa atenção <strong>para</strong> esse fenôme<strong>no</strong>, sustentando quea difusão de uma <strong>i<strong>no</strong>vação</strong> requer a configura-A<strong>no</strong> 1 Edição 1 2007 | Revista <strong>Brasil</strong>eira de Segurança Pública39

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