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Caminhos para a inovação em segurança pública no Brasil - DHnet

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Artigos<strong>Caminhos</strong> <strong>para</strong> a <strong>i<strong>no</strong>vação</strong><strong>em</strong> <strong>segurança</strong> <strong>pública</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>Marcos Rolimção de uma necessidade de mudança socialmentepercebida ali onde a <strong>i<strong>no</strong>vação</strong> <strong>em</strong>erge (ROGERS,1995, p.11). Segundo o modelo de Rogers, umponto-chave <strong>no</strong> processo de difusão da <strong>i<strong>no</strong>vação</strong>é a “decolag<strong>em</strong>” (take-off). Uma vanguarda deagentes transformadores adota a <strong>i<strong>no</strong>vação</strong> e passaa divulgá-la. Quando os “primeiros adotantes” alcançamuma massa crítica — <strong>em</strong> tor<strong>no</strong> de 5% a15% do total —, o processo será provavelmenteirreversível. Os autores, que se dedicam ao t<strong>em</strong>ada difusão das i<strong>no</strong>vações, identificam cinco característicascruciais que ajudam a entender taismudanças e seus ritmos:• A vantag<strong>em</strong> relativa da <strong>i<strong>no</strong>vação</strong> (as pessoasperceb<strong>em</strong> a mudança como algomelhor <strong>para</strong> elas?);• A compatibilidade (a adoção exigeuma mudança de valores ou de estilosde vida, ou é compatível com os valorese estilos já existentes?);• A complexidade (qual a dificuldade <strong>em</strong>entender e aplicar a <strong>i<strong>no</strong>vação</strong>?);• A possibilidade de experimentação (a<strong>i<strong>no</strong>vação</strong> pode ser testada ou exige umaadesão definitiva?);• A possibilidade de observação (as pessoaspod<strong>em</strong> discernir as diferenças naquelesque adotam a <strong>i<strong>no</strong>vação</strong>?).Tendo presente estas características, pareceevidente o quanto a <strong>i<strong>no</strong>vação</strong> das políticas <strong>pública</strong>sde <strong>segurança</strong> deverá ser lenta e difícil <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.Primeiro, a maioria das pessoas, a começar pelospoliciais, não percebe num projeto alternativode <strong>segurança</strong> uma possibilidade que lhes assegurevantagens; aliás, a grande maioria das pessoasnunca foi informada da existência de projetos alternativos<strong>em</strong> <strong>segurança</strong>. Segundo, uma mudançade <strong>para</strong>digma da <strong>segurança</strong> <strong>pública</strong> não seriacompatível com boa parte dos valores e métodosde trabalho existentes nas corporações policiais.A <strong>i<strong>no</strong>vação</strong> nesta área é, ao mesmo t<strong>em</strong>po, extr<strong>em</strong>amentecomplexa, o que significa dificuldadesna explicação e na aplicação de projetos alternativos.Das cinco características que defin<strong>em</strong>o ritmo da difusão das i<strong>no</strong>vações, apenas as quese refer<strong>em</strong> à possibilidade de experimentação e àpossibilidade de observação são favoráveis quandoo t<strong>em</strong>a é <strong>segurança</strong> <strong>pública</strong>. De fato, um <strong>no</strong>voprojeto não exige o imediato comprometimentode todos, podendo, pelo contrário, ser testadocom programas-piloto. Da mesma forma, as diferençasalcançadas com a implantação de <strong>no</strong>vosprojetos pod<strong>em</strong> ser facilmente identificadas, casoos resultados sejam monitorados e avaliados porinstituições independentes.Duas abordagens prioritárias <strong>para</strong> a<strong>i<strong>no</strong>vação</strong> da <strong>segurança</strong> <strong>pública</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>Considerando a experiência internacionalcom políticas de <strong>segurança</strong> <strong>pública</strong> e as evidênciasencontradas pelas ciências sociais, pode-seafirmar que as i<strong>no</strong>vações mais significativas introduzidasnessa área, nas últimas três décadas,foram aquelas que tornaram possível a reduçãodo crime e da violência a partir de abordagenspreventivas. Tais resultados, que segu<strong>em</strong> sendoobtidos <strong>em</strong> inúmeros projetos e iniciativas eficazesde <strong>segurança</strong> <strong>pública</strong> <strong>em</strong> todo o mundo, permitiramque as visões mais tradicionais — quereduziam os próprios desafios da <strong>segurança</strong> aostermos da “law enforc<strong>em</strong>et” (aplicação da lei)— foss<strong>em</strong> repensadas a partir de um contextode interação crescente entre as atividades dospoliciais, as diferentes agências governamentais,as comunidades e o aporte crítico da pesquisa.Nesse redesenho, restou claro que as tarefas derepressão e manutenção da ord<strong>em</strong> são e conti-40Revista <strong>Brasil</strong>eira de Segurança Pública | A<strong>no</strong> 1 Edição 1 2007

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