cânone do antigo - Seminário Concórdia
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(1) Lei<br />
Sen<strong>do</strong> o corpo escriturístico <strong>do</strong> Antigo<br />
Testamento um trata<strong>do</strong> da aliança,<br />
a presença das leis é facilmente explicada,<br />
pois as estipulações impostas pelo<br />
Suserano eram um elemento central<br />
nos trata<strong>do</strong>s <strong>antigo</strong>s. Além <strong>do</strong> Decálogo<br />
que contém as estipulações da aliança<br />
funda<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> povo de Deus, as outras<br />
leis contidas no Pentatêuco são elaborações<br />
sobre as estipulações <strong>do</strong> Decálogo,<br />
sen<strong>do</strong> que Deus continuou a falar<br />
ao seu povo através de Moisés, o<br />
media<strong>do</strong>r da aliança.<br />
As leis mencionadas em Ex 20.22<br />
23.33 são especificamente identificadas<br />
como o "livro da aliança" (Ex 24.7; cf.<br />
24.4). O fato que esta coleção de leis<br />
abrange assuntos morais e cerimoniais,<br />
civís e de culto, individuais e de grupo,<br />
é uma indicação de como toda a vida<br />
de Israel caía dentro das regulamentações<br />
da aliança de Deus. Resultante -<br />
disto é a tranformação natural e necesária<br />
da esfera política em cúltica. Assim,<br />
o palácio <strong>do</strong> grande Rei vem a. ser o<br />
próprio santuário, e os ritos da ratificação<br />
da aliança correspondem ao sistema<br />
de sacrifícios (especialmente a oferta<br />
de paz). Entende-se então as três<br />
perigrinações anuais obrigatórias ao santuário,<br />
e a estipulação de que o "livro<br />
da lei" deveria ser li<strong>do</strong> na Festa <strong>do</strong>s<br />
Tabernáculos de sete em sete anos diante<br />
de to<strong>do</strong> o povo (Dt 31.9ss.), Por<br />
outro la<strong>do</strong>, o sistema de sacrifícios <strong>do</strong><br />
culto era também um meio de fazer<br />
compensação por ofensas contra as estipulações<br />
<strong>do</strong> trata<strong>do</strong> da aliança. E, em<br />
geral, era através da par1;icipação no<br />
culto que os israelitas experimentavam<br />
mais diretamente a aliança como um<br />
relacionamento pessoal com o Senhor<br />
Deus.<br />
Mais um aspecto a ser destaca<strong>do</strong> é<br />
o fato que as leis <strong>do</strong> Antigo Testamento<br />
também legislavam a vida coletiva de<br />
Israel. Assim, encontramos, no Pentatêuco,<br />
leis que prescrevem para o povo<br />
de Israel o seu sistema de governo com<br />
sacer<strong>do</strong>tes, juízes, reis e profetas. Outras<br />
dividem o território da terra de<br />
Canaã entre as tribos <strong>do</strong> povo e estipulam<br />
como programa nacional a conquista<br />
desta terra com a finalidade de estabelecer<br />
ali o culto e o <strong>do</strong>mínio de Deus.<br />
Finalmente, deparamo-nos com mais leis<br />
que tratam de ofensas de toda a comunidade<br />
(cf. especialmente Lv 4.13) e<br />
impõem sanções de interesse nacional.<br />
(2) História<br />
As narrativas históricas constituem<br />
uma grande parte <strong>do</strong> <strong>cânone</strong> <strong>do</strong> Antigo<br />
Testamento. A combinação deste material<br />
com legislações, especialmente no<br />
Pentatêuco, é uma indicação da sua natureza,<br />
a saber, de ser parte integrante<br />
da aliança; pois nos Trata<strong>do</strong>s de Suserania<br />
um prólogo histórico introduzia a<br />
secção das estipulações. Tanto no Decálogo<br />
COmo em Deuteronômio as leis<br />
são precedidas por uma revisão histórica<br />
<strong>do</strong> relacionamento gracioso de Deus<br />
para com Israel. Se encararmos o Pentatêuco<br />
como uma unidade cujo núcleo<br />
é a aliança de Deus e a geração de<br />
Israel <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> êxo<strong>do</strong>, então as<br />
narrativas <strong>do</strong> Gênesis e a primeira parte<br />
<strong>do</strong> Êxo<strong>do</strong> assumem o caráter de um<br />
prólogo histórico, em que o relacionamento<br />
fundamenta<strong>do</strong> na aliança é remonta<strong>do</strong><br />
às suas raizes históricas nas<br />
intervenções de Deus no passa<strong>do</strong> em<br />
favor <strong>do</strong> povo escolhi<strong>do</strong> e <strong>do</strong>s seus ancestrais,<br />
os patriarcas. As demais narrativas<br />
históricas <strong>do</strong> Pentatêuco, como<br />
também era comum nos trata<strong>do</strong>s extrabíblicos,<br />
fornecem o cenário para o aparecimento<br />
de certas legislações específicas.<br />
Quanto às narrativas encontradas fora<br />
<strong>do</strong> Pentatêuco, embora não exerçam<br />
a função de prólogo ou cenário para as<br />
leis decorrentes da aliança, tematicamente<br />
elas não são nada mais <strong>do</strong> que<br />
uma elaboração <strong>do</strong>s prólogos históricos<br />
<strong>do</strong>s trata<strong>do</strong>s Mosaicos. Pois o seu tema,<br />
de um mo<strong>do</strong> geral, é o relacionamento<br />
de Deus para com Israel como<br />
o seu Senhor, relacionamento este que<br />
fora estabeleci<strong>do</strong> pela aliança. Assim,<br />
por um la<strong>do</strong>, as narrativas relatam os<br />
contínuos benefícios concedi<strong>do</strong>s por Deus,<br />
o fiel protetor <strong>do</strong> seu reino vassalo, e,<br />
por outro la<strong>do</strong>, a constante quebra da<br />
aliança por parte <strong>do</strong> povo e consequente<br />
inflingimento <strong>do</strong>s males delinea<strong>do</strong>s nas<br />
maldições <strong>do</strong>s trata<strong>do</strong>s Mosaicos, especialmente<br />
Deuteronômio. Em vista disso,<br />
os pontos altos destas narrativas só podiam<br />
ser as renovações e re-afirmações<br />
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