Diarréias nutricionais dos suínos - Suinotec
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prédios. A quantificação exata do que seria "aceitável" é difícil de definir em termos absolutos, números de<br />
casos de diarreia em 3 a 5% <strong>dos</strong> animais em não mais de 10% das baias tem sido usa<strong>dos</strong> por algumas<br />
agroindústrias brasileiras como um parâmetro de análise.<br />
Um outro problema encontrado para quantificar a importância <strong>dos</strong> problemas entéricos nas granjas<br />
tem relação com o tipo de alteração fecal que deve ser considerado como "diarreia". Existem tabelas<br />
descrevendo consistência das fezes como "normais", "pastosas", "cremosas" e "líquidas" (GHELLER et al.,<br />
2008). Nesse modelo, as fezes líquidas certamente caracterizariam diarreia e fezes cremosas e pastosas<br />
poderiam representar diarreia amena ou um desequilíbrio eventual de trânsito intestinal em alguns<br />
indivíduos, sem caracterizar diretamente nenhuma situação patológica. Entretanto, esta é uma análise muito<br />
subjetiva, mesmo entre técnicos experientes pode haver diferenças nos critérios de avaliação da<br />
consistência fecal.<br />
Nos <strong>suínos</strong>, a maioria das diarreias tem origem infecciosa. Assim na maternidade são importantes<br />
agentes como Clostridium sp., Escherichia coli, rotavirus e Isospora suis. Já na creche, os agentes mais<br />
relevantes são a E. coli, rotavirus e PCV2. Na recria e terminação a Lawsonia intracellularis é o agente mais<br />
comum, mas enterites associadas ao PCV2, rotavirus, Brachyspira, E. coli e Salmonella também são<br />
encontradas com frequência no nosso meio. Esses agentes costumam estar presentes na maioria das<br />
nossas granjas e o que vai determinar a ocorrência ou não de um quadro clínico associado a algum entre<br />
eles é a existência de um desequilíbrio de um delicado complexo multifatorial que envolve fatores como<br />
grau de patogenicidade do agente, resistência a antimicrobianos, higiene, ambiente, nutrição, manejo,<br />
imunidade, programas de vacinação e medicação preventivos e stress.<br />
Em dois estu<strong>dos</strong> recentes realiza<strong>dos</strong> no Brasil ficou bastante clara a complexidade da relação<br />
entre a presença <strong>dos</strong> agentes no hospedeiro e a ocorrência de diarreia (CRUZ JUNIOR, 2010, LIPPKE et<br />
al., 2011). Nesses trabalhos foram analisadas simultaneamente fezes e intestinos de leitegadas e de<br />
animais com e sem diarreia na fase de maternidade. Nos mesmos, a taxa de isolamento ou demonstração<br />
por PCR ou técnicas virológicas e histopatológicas para a maioria <strong>dos</strong> patógenos foi muito semelhante entre<br />
animais doentes e sadios. Isto poderia sugerir a presença de alguns animais portadores e outros em que o<br />
nível de infecção superou a capacidade de defesa, precipitando a diarreia. Mas poderia também indicar a<br />
relevância entre nós de causas não infecciosas, como as "diarreias <strong>nutricionais</strong>".<br />
A relação entre as dietas e a nutrição é um conjunto de problemas muito pouco estudado e com muita<br />
dificuldade de ser diagnosticado "in vivo". Um exemplo eloquente dessa afirmação são as situações em que<br />
o produtor atribui o aparecimento de diarreia à troca de uma partida de ração por outra. Essas ocorrências<br />
não foram validadas cientificamente, mas pela frequência com que ocorrem é provável que venham a<br />
representar de fato uma relação entre nutrição e diarreia.<br />
O objetivo da atual revisão será o de analisar através de uma visão clínica os problemas suspeitos<br />
de diarreia nutricional. Para uma visão do nutricionista sobre a relação entre nutrição e diarreia<br />
recomendamos a leitura <strong>dos</strong> trabalhos de LIMA & MORÉS (2007) e LIMA et al., (2009).<br />
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2. As diarreias <strong>nutricionais</strong> na maternidade<br />
As diarréias de origem nutricional na maternidade são pouco estudadas e tem características<br />
pouco definidas. São relacionadas principalmente com alterações na morfologia e�ou fisiologia do trato<br />
gastrintestinal (ALEXANDER, 1981). JONES (1967) fez uma revisão sobre o assunto, indicando que a<br />
diarreia nutricional em geral é leve e tem duração curta, sem sinais de distúrbios sistêmicos. Os animais<br />
afeta<strong>dos</strong> se recuperam sem tratamento e crescem normalmente. Menos frequentemente, a diarreia é<br />
abundante e pode haver anorexia, hipertermia e anemia. Mesmo nas formas mais graves a mortalidade não<br />
tende a ser elevada, mas podem ocorrer prejuízos ao ganho de peso diário (GPD). Leitões necropsia<strong>dos</strong> na<br />
fase mais grave da diarreia não apresentam lesões significativas no intestino e exames laboratoriais são<br />
negativos para os agentes mais comuns de diarreia <strong>dos</strong> <strong>suínos</strong>.