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Fatores envolvidos na preparação das matrizes para o ... - Suinotec

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<strong>Fatores</strong> <strong>envolvidos</strong> <strong>na</strong> <strong>pre<strong>para</strong>ção</strong> <strong>das</strong> <strong>matrizes</strong> <strong>para</strong> o parto<br />

Diogo Mag<strong>na</strong>bosco, Re<strong>na</strong>to Rosa Ribeiro, Thomas Bierhals, Fer<strong>na</strong>ndo Pandolfo Bortolozzo, Ivo<br />

Wentz<br />

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Veterinária, Departamento de<br />

Medici<strong>na</strong> Animal. Avenida Bento Gonçalves, 9090, CEP 91540-000, Porto Alegre-RS.<br />

1. Introdução<br />

Nas criações confi<strong>na</strong><strong>das</strong> e intensivas de suínos, a eficiência da matriz, pode ser<br />

avaliada através de índices como quilogramas de leitão/desmamado/porca, o qual é<br />

dependente, dentre outros, do número de leitões <strong>na</strong>scidos por fêmea/ano. Devido a isso, devese<br />

ter uma preocupação com a matriz por todo o período de gestação e parto, com o objetivo<br />

de maximizar a produção de leitões não somente no ciclo atual, mas sim, em toda a sua vida<br />

reprodutiva dentro do plantel, diminuindo assim o custo de produção.<br />

Dois terços da vida útil de uma fêmea suí<strong>na</strong> são passados em períodos de gestação,<br />

dessa forma, ela é uma <strong>das</strong> fases de maior importância <strong>para</strong> a melhoria da eficiência<br />

reprodutiva e um fator decisivo no desempenho econômico da atividade. É nessa fase que<br />

ocorre a <strong>pre<strong>para</strong>ção</strong> da fêmea <strong>para</strong> o parto e fase lactacio<strong>na</strong>l, que por sua vez, pode ter<br />

influências significativas no desempenho reprodutivo subsequente do plantel de <strong>matrizes</strong>.<br />

Com as mudanças ocorri<strong>das</strong> nos últimos 20 a 30 anos <strong>na</strong> suinocultura, a necessidade<br />

de produzir mais e com qualidade, os cuidados com as nossas <strong>matrizes</strong> se tor<strong>na</strong>ram mais<br />

exigentes.<br />

As mudanças ocorri<strong>das</strong> podem ser resumi<strong>das</strong> em:<br />

� genéticas e nutricio<strong>na</strong>is (déca<strong>das</strong> de seleção/ fêmeas mais prolíferas<br />

e com menos reservas) - durante os últimos 20 a 30 anos foram observa<strong>das</strong><br />

grandes mudanças <strong>na</strong> prolificidade e <strong>na</strong> capacidade de reservas energéticas <strong>das</strong><br />

<strong>matrizes</strong>. Essas mudanças se devem muito a intensa seleção genética.<br />

Acompanha<strong>das</strong> dessas mudanças também vieram novas necessidades<br />

nutricio<strong>na</strong>is desses animais e formas diferentes de administrar os alimentos, isto é,<br />

manejos diferentes de arraçoamento;<br />

� no ambiente (déca<strong>das</strong> de alteração <strong>na</strong> forma de criar/ mudanças de<br />

manejo) - as granjas passaram a ser construí<strong>das</strong> respeitando as necessidades de<br />

conforto térmico e com desenhos que facilitam os novos manejos des<strong>envolvidos</strong>,<br />

atendendo os recentes conhecimentos da fisiologia incorporados a forma de criar;<br />

� <strong>na</strong> sanidade (alta concentração de animais, doenças recorrentes e<br />

novas, maior necessidade de prevenção) - a sanidade sofreu grandes mudanças<br />

com a elimi<strong>na</strong>ção de algumas enfermidades e com o controle externo muito rígido,<br />

regulado por normas de biosseguridade. Entretanto, devido a grande concentração<br />

de animais, tanto as enfermidades conheci<strong>das</strong>, bem como as novas , levaram a<br />

necessidade de ações preventivas como um ponto importante <strong>na</strong> manutenção da<br />

saúde, e,<br />

� mão de obra - a mão de obra, como conseqüência, deveria ser de alta<br />

qualidade, com bom trei<strong>na</strong>mento e experiente. Porém, este ainda é um dos pontos<br />

de estrangulamento <strong>na</strong> suinocultura moder<strong>na</strong>, pois com o incremento da<br />

produtividade, animais cada vez mais exigentes e limitações <strong>na</strong> lucratividade, a<br />

mão de obra disponibilizada nem sempre atende a demanda de um serviço de<br />

atendimento aos animais e a granja de qualidade. Assim, há cada vez mais a<br />

necessidade de trei<strong>na</strong>r pessoas novas <strong>na</strong> atividade, <strong>para</strong> que consigam


compreender as suas responsabilidades e funções, e, no mesmo sentido, capacitar<br />

os mais experientes, com trabalhos de aperfeiçoamento.<br />

O objetivo da apresentação é colocar em discussão alguns fatores que podem influenciar<br />

<strong>na</strong> produção de leitões, durante a gestação e do parto.<br />

2. Alguns aspectos <strong>na</strong> <strong>pre<strong>para</strong>ção</strong> da fêmea <strong>para</strong> a insemi<strong>na</strong>ção artificial<br />

Uma <strong>das</strong> principais perguntas <strong>para</strong> serem respondi<strong>das</strong> referentes à produtividade <strong>das</strong><br />

<strong>matrizes</strong> é:<br />

O que é esperado de uma fêmea ao parto? Que ela produza um grande número de leitões<br />

vivos e de boa qualidade.<br />

Para que isso ocorra é necessário que os primeiros passos <strong>para</strong> atingir essa produtividade<br />

sejam observados, como por exemplo:<br />

- Seleção de fêmeas <strong>para</strong> o grupo de cobertura: nesta seleção parte-se do princípio que<br />

serão selecio<strong>na</strong><strong>das</strong> as melhores fêmeas, livres de lesões, bom estado corporal, complexo<br />

mamário íntegro e com o número de tetas capazes de amamentar uma grande leitegada.<br />

- Diagnóstico de estro seja executado por funcionários experientes e atentos, <strong>para</strong> evitar<br />

falsos negativos e positivos. Dessa forma a insemi<strong>na</strong>ção artificial (IA), deve ser realizada com<br />

máximo cuidado por funcionários que tenham pleno conhecimento dos protocolos utilizados no<br />

sistema de produção. Embora os protocolos adotados <strong>na</strong>s granjas sejam diferentes, o objetivo<br />

é não insemi<strong>na</strong>r fêmeas após o término do estro.<br />

- Para a IA, a dose insemi<strong>na</strong>nte deve ser de ótima qualidade e conservada de acordo com<br />

a recomendação técnica, numa temperatura de 15 a 18 o C, por um período máximo de 72<br />

horas. Hoje, esta situação em geral é atendida, pois a maioria <strong>das</strong> granjas são abasteci<strong>das</strong> por<br />

Centrais de IA que mantém controle de qualidade de doses.<br />

- Quanto ao alojamento, devem ser observados a utilização de instalações que não<br />

produzam lesões e que atendam as necessidades de conforto térmico, isto é, que não sejam<br />

muito quentes no verão e muito frias no inverno.<br />

- Da mesma forma, a nutrição oferecida deverá atender a demanda de mantença e<br />

crescimento da fêmea, dos conceptos e <strong>das</strong> glândulas mamárias. Além disso, <strong>na</strong> fase inicial da<br />

lactação, proporcio<strong>na</strong>r qualidade e quantidade de colostro e leite aos leitões.<br />

3. Desenvolvimento embrionário e fetal<br />

O desenvolvimento do concepto no suíno, da fecundação ao parto, pode ser dividido em<br />

fase embrionária, que se estende até os 35 dias de gestação, e fase fetal, que inicia<br />

aproximadamente aos 35 dias, com o inicio da deposição de minerais no esqueleto, até o<br />

parto.<br />

A fase embrionária ainda é dividida em fase embrionária precoce, que vai da fecundação<br />

até o 12 o dia, quando é dado o primeiro si<strong>na</strong>l de gestação. Nesta fase ocorre um intenso<br />

desenvolvimento celular no concepto, sendo que, aproximadamente no 7 o dia após a<br />

fecundação, ocorre a chamada eclosão, isto é, quando a massa celular abando<strong>na</strong> a zo<strong>na</strong><br />

pelúcida e inicia a migração ao longo dos cornos uterinos. Esta migração é concluída até mais<br />

ou menos o 12 o dia, quando iniciam os contatos embrio-mater<strong>na</strong>is. Durante este processo o<br />

embrião apresenta a forma ovóide, depois se alonga até apresentar uma forma filamentosa, e,<br />

nestas últimas formas, inicia a produção de estrógenos pelos embriões, os quais são<br />

responsáveis pelo primeiro si<strong>na</strong>l de gestação. Para a manutenção da gestação são<br />

necessários um número mínimo de 4 a 5 embriões bem distribuídos no útero (Hughes e Varley,<br />

1980). Embriões que morrem <strong>na</strong> fase embrionária são reabsorvidos.<br />

Na continuidade do desenvolvimento embrionário, aos 17 dias, através de imagens<br />

ultrassonográficas, já podem ser visualizados os embriões e uma peque<strong>na</strong> quantidade de


líquido alantoidiano, enquanto que, <strong>na</strong> fase de 28 a 32 dias, o embrião apresenta de 2,8 a 3,2<br />

cm de comprimento e o volume de líquido alantoidiano já é da ordem de 170 a 320 ml em cada<br />

placenta (Para revisão: Panzardi et al., 2007; Suinocultura em Ação n.04, capítulo, 03, A<br />

Fêmea Suí<strong>na</strong> Gestante, Editores: Bortolozzo, F.P. & Wentz, Ivo).<br />

O conhecimento desses eventos pode, em muitas situações, explicar eventos clínicos<br />

reprodutivos importantes. Por exemplo, os casos de retornos ao estro regulares, podem ser<br />

explicados como falhas <strong>na</strong> fecundação ou falhas no reconhecimento da gestação, enquanto<br />

nos retornos irregulares, houve si<strong>na</strong>l de gestação aos 12 dias, isto é, a fêmea estava prenhe,<br />

mas houve perda embrionária total posterior.<br />

Aproximadamente a partir do 35° dia gestacio<strong>na</strong>l a organogênese estará completa, com<br />

deposição de minerais nos ossos, iniciando assim o período fetal (Panzardi et al., 20007). Os<br />

fetos que morrerem a partir desse momento e até os 90 dias de gestação serão classificados<br />

como mumificados e após 90 dias como <strong>na</strong>timortos (pré-parto ou intra-parto), podendo assim<br />

serem contabilizados ao parto (Amaral Filha, Wentz, Bortolozzo, 2007).<br />

O conceito clássico de gestação é definido como o intervalo de tempo entre a fecundação<br />

e o parto (Toniollo, Vincent, 2003), que <strong>na</strong> fêmea suí<strong>na</strong> dura em média 114 dias (três meses,<br />

três sema<strong>na</strong>s e três dias), podendo variar <strong>para</strong> mais ou menos, quatro dias, dependo da<br />

genética, linhagem, ambiente e manejo.<br />

Na fase gestacio<strong>na</strong>l inicial, ou seja, fase embrionária (intensa divisão celular e formação<br />

<strong>das</strong> placentas e fluídos) há menor necessidade de ganho de peso e de formação de reservas<br />

energéticas por parte da fêmea. Porém, no terço fi<strong>na</strong>l da gestação, <strong>na</strong> qual os fetos<br />

apresentam maior crescimento, as necessidades se tor<strong>na</strong>m muito maiores (Panzardi et al.,<br />

2007).<br />

Os corpos lúteos (CL) são os principais produtores de progestero<strong>na</strong> que por sua vez são<br />

responsáveis pela manutenção da gestação (Sherwood, 1982). Quando ocorre a lise dos CLs<br />

ocorre a interrupção da gestão em 36 a 48 horas (Day, 1980; Dziuk, 1980; First, Lohse, Nara,<br />

1982). Um mínimo de 6 ng/ml de progestero<strong>na</strong> é o suficiente <strong>para</strong> manter a gestação<br />

(Ptaszynska, 2001), o que representaria a produção de 4 a 6 CL (First, Lohse, Nara, 1982) [10].<br />

Outros hormônios de origem hipofisária como o LH e prolacti<strong>na</strong> também são necessários <strong>para</strong><br />

a manutenção da gestação (Ber<strong>na</strong>rdi, 2007). A prolacti<strong>na</strong>, embora não seja bem esclarecida, é<br />

importante principalmente no fi<strong>na</strong>l da gestação, pois exerce função luteotrófica (First, Lohse,<br />

Nara, 1982). (Para revisão: Mellagi et al., 2007; Suinocultura em Ação n.04, capítulo, 02, A<br />

Fêmea Suí<strong>na</strong> Gestante, Editores: Bortolozzo, F.P.& Wentz, Ivo.)<br />

O que mais acontece no período gestacio<strong>na</strong>l?<br />

Aproximadamente aos 70 dias de gestação os conceptos iniciam a sua capacidade<br />

imunogênica, isto é, podem produzir anticorpos frente a ação de alguns antígenos. Um<br />

exemplo bem típico dessa capacidade é frente a infecção ao Parvovírus. Quando a fêmea é<br />

infectada neste período gestacio<strong>na</strong>l, os fetos não morrem mais, pois são capazes de produzir<br />

anticorpos contra esse antígeno.<br />

Outro aspecto a considerar, é o maior desenvolvimento do concepto e o início do maior<br />

desenvolvimento do tecido mamário, portanto, os cuidados nutricio<strong>na</strong>is também deverão<br />

atentar <strong>para</strong> este fato.<br />

Dentro do desenvolvimento do concepto deve ser levado em consideração ainda o<br />

desenvolvimento <strong>das</strong> fibras musculares. Sabe-se que as fibras musculares primárias são<br />

geneticamente dependentes e forma<strong>das</strong> até os 55 dias de gestação, enquanto as fibras<br />

secundárias, nutricio<strong>na</strong>lmente dependentes, são forma<strong>das</strong> até os 90 a 95 dias de gestação.<br />

Assim, até esta fase o total de fibras musculares dos fetos estará estabelecido, sofrendo após<br />

a maturação e a hipertrofia (Foxcroft; Town, 2004).


4. Cuidados durante a gestação<br />

4.1 Ganhos de peso de fêmeas, concepto e complexo mamário<br />

A idéia que se tem é que, uma vez coberta, a matriz está gestante e espera-se ape<strong>na</strong>s o<br />

parto. Cuidados especiais ou manejo adequado de acordo com a sua fisiologia e necessidades<br />

são negligenciados! Assim, o conhecimento fisiológico <strong>na</strong> maioria <strong>das</strong> vezes é desconhecido<br />

daqueles que atuam <strong>na</strong>s granjas, pois a maioria <strong>das</strong> fêmeas sofre adversidades, mas, <strong>na</strong><br />

média, produzem bem! O fornecimento de alimento <strong>para</strong> cada fêmea deveria ser<br />

individualizado de acordo com a sua categoria (leitoas, primí<strong>para</strong>s ou plurí<strong>para</strong>s), de acordo<br />

com o escore corporal (ECV), de acordo com o potencial de leitões a ser produzido e <strong>das</strong><br />

necessidades <strong>para</strong> cada fase ou período de gestação. Deve-se entender que, <strong>na</strong> prática, isto<br />

seja realmente muito difícil, mas não impossível de ser praticado.<br />

Outro aspecto que deve ser considerado <strong>na</strong>s diferentes fases da gestação, é que em cada<br />

uma delas existem algumas características do desenvolvimento fetal e da glândula mamária<br />

que dependem da nutrição oferecida. Por exemplo: <strong>na</strong> fase inicial, considerando do 0 até os 21<br />

dias, acontece a fecundação, a fixação do embrião ou a ligação embrio-mater<strong>na</strong>l, o<br />

reconhecimento da gestação, o início da formação da placenta e representa a fase em que<br />

fêmeas emagreci<strong>das</strong> <strong>na</strong> lactação anterior, deveriam ser recupera<strong>das</strong>. O manejo nutricio<strong>na</strong>l<br />

deverá ser direcio<strong>na</strong>do <strong>para</strong> a obtenção de um escore de condição corporal desejável, ou seja,<br />

entre 2,5 e 3,0 (em uma escala de 0 a 5) (Boyd, Gonzalo, Cabrera, 2002). Fêmeas que estão<br />

em estado corporal muito elevado, devem sofrer restrição alimentar, com a diminuição da<br />

quantidade de ração fornecida, até atingir a condição ideal. Da mesma forma, fêmeas com<br />

escore baixo devem ter um aumento de quantidade consumida, ate atingir a condição ideal. É<br />

uma fase de menor necessidade energética, mas variável dependendo da ordem de parto (OP)<br />

e do ECV. Quanto a restrição alimentar, ela deveria ser realizada ape<strong>na</strong>s nos primeiros três<br />

dias após a IA. Após, é recomendada a alimentação de acordo com as necessidades de cada<br />

fêmea (Boyd, Gonzalo, Cabrera, 2002). Na fase seguinte, dos 22 aos 75 dias, ocorrem a<br />

formação <strong>das</strong> fibras musculares, a mineralização do esqueleto, inicia o maior desenvolvimento<br />

dos conceptos, da glândula mamária e a capacidade imunogênica dos fetos, e ainda continua a<br />

recuperação do ECV de fêmeas que não tenham se recuperado <strong>na</strong> primeira fase. Na terceira<br />

fase, isto é dos 75 dias de gestação até o parto, devido ao maior crescimento fetal e do<br />

complexo mamário, a necessidade de nutrientes aumenta exponencialmente. Há estimativas<br />

de que a retenção de nitrogênio aumenta de 9 a 10 g/dia <strong>para</strong> 17 a 18 g/dia, do segundo<br />

estágio <strong>para</strong> o terceiro estágio. Além disto, a taxa de deposição protéica nos fetos dobra e no<br />

tecido mamário triplica (Boyd, Gonzalo, Cabrera, 2002) . De acordo com os mesmos autores<br />

nesta fase deve haver um consumo diário mínimo de ED (7,5 Mcal ED/dia) <strong>para</strong> evitar perda de<br />

reservas corporais. Cuidado especial deve ser dado às fêmeas de primeira e de segunda<br />

ordem de parição, pois seu desenvolvimento corporal ainda não foi completado, e suas<br />

necessidades são diferentes. Desti<strong>na</strong>r uma ração específica a estas categorias de fêmeas,<br />

sendo estruturalmente possível, pode produzir um efeito benéfico <strong>na</strong> conformação e<br />

composição corporal <strong>das</strong> fêmeas e uniformidade do grupo. Nesta fase continua a formação de<br />

fibras musculares secundárias e inicia-se a hipertrofia (Foxcroft & Town, 2004). Além disso,<br />

protocolos de alimentação levam em conta a formação de reservas energéticas <strong>para</strong> o<br />

atendimento <strong>das</strong> necessidades de produção de colostro e de leite, visando prevenir o<br />

catabolismo lactacio<strong>na</strong>l. Assim, cuidados durante esta fase são importantes no sentido de não<br />

oferecer alimento em demasia, evitando assim a obesidade, ou restrita, evitando o início do<br />

catabolismo já no fi<strong>na</strong>l da gestação.<br />

Para entender melhor alguns aspectos <strong>das</strong> necessidades energéticas <strong>das</strong> fêmeas durante<br />

a gestação, são apresenta<strong>das</strong> abaixo duas Figuras com<strong>para</strong>tivas entre o ganho de peso <strong>das</strong><br />

<strong>matrizes</strong> de diferentes ordens de parto (OP) e desenvolvimento do concepto e da glândula<br />

mamária durante a gestação, adaptado de Close & Cole (2001).


Na Figura 1A pode ser observado o comportamento do ganho de peso de fêmeas OP1 e<br />

OP4 e o ganho de peso do concepto, incrementado a partir de 70 dias de gestação. Na Figura<br />

1B, da mesma forma como a anterior, é adicio<strong>na</strong>do o ganho de peso da glândula mamária. Isto<br />

pode significar um diferencial de necessidades de nutrientes somente <strong>para</strong> estas<br />

características, conforme apresentado <strong>na</strong> Tabela 1.<br />

Peso fêmea (kg)<br />

Peso fêmea (kg)<br />

Figura 1 - Aumento de peso <strong>das</strong> fêmeas OP1 e OP4, dos conceptos (A) e<br />

glândula mamária (B) durante a gestação.<br />

300,0<br />

250,0<br />

200,0<br />

150,0<br />

100,0<br />

300,0<br />

250,0<br />

200,0<br />

150,0<br />

100,0<br />

A<br />

B<br />

OP 4<br />

OP 1<br />

0 28 56 70 84 112<br />

OP 4<br />

OP 1<br />

Dias de gestação<br />

0 28 56 70 84 112<br />

Dias de gestação<br />

As necessidades de mantença, de ganho mater<strong>na</strong>l e do concepto são apresenta<strong>das</strong> <strong>na</strong><br />

Figura 2, considerando a ordem de parto 1 e 2, e <strong>na</strong> Tabela 1. Pode ser observado que <strong>para</strong> a<br />

OP1 as necessidades de mantença aumentam linearmente (de 4000 a 5500 Mcal EM/d) ao<br />

longo da gestação, enquanto as necessidades de ganho mater<strong>na</strong>l decrescem a medida que<br />

avança a gestação, mas são relativamente altas.<br />

Para as fêmeas OP4, as necessidades de mantença são muito altas, variando de 6800<br />

Mcal EM/d no início da gestação <strong>para</strong> em torno 7600 Mcal EM/d, no fi<strong>na</strong>l da gestação, mas<br />

este aumento é ape<strong>na</strong>s discreto com<strong>para</strong>do as OP1. Da mesma forma em relação às<br />

necessidades de ganho mater<strong>na</strong>l, estas são muito menores em com<strong>para</strong>ção as OP1 (Close e<br />

Cole, 2001). Em relação as necessidades do concepto, elas são considera<strong>das</strong> iguais tanto <strong>para</strong><br />

as fêmeas OP1 quanto <strong>para</strong> as OP4.<br />

1400<br />

1200<br />

1000<br />

800<br />

600<br />

400<br />

200<br />

0<br />

120<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

Peso concepto (g)<br />

Peso Gland. mamária<br />

(g)


Mcal EM/d<br />

Figura 2 - Necessidades de mantença, de ganho mater<strong>na</strong>l e do<br />

concepto durante a gestação de fêmeas OP1 e OP4 (adaptado de<br />

Close e Cole, 2001) .<br />

8,0<br />

Mantença Ganho mater<strong>na</strong>l ganho concepto<br />

Mcal EM/d<br />

6,0<br />

4,0<br />

2,0<br />

0,0<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

Estágio da<br />

gestação<br />

(dias)<br />

OP 1<br />

0 28 56 84 112<br />

Mantença<br />

OP 4<br />

Dias gestação<br />

Ganho mater<strong>na</strong>l ganho concepto<br />

0 28 56 84 112<br />

Dias gestação<br />

Tabela 1 - Variações calcula<strong>das</strong> <strong>na</strong>s necessidades energéticas da fêmea durante<br />

a gestação<br />

Mantença<br />

(Kcal ED/d)<br />

Ganho<br />

Mater<strong>na</strong>l<br />

(Kcal ED/d)<br />

Ganho do<br />

concepto<br />

(Kcal ED/d)<br />

Total de<br />

exigências<br />

(Kcal ED/d)<br />

Ordem de Parição 1 (120 kg à cobertura; 70 kg de ganho total durante a gestação)<br />

0 3950 2546 0 6497<br />

28 4379 2284 166 6830<br />

56 4783 2046 309 7140<br />

84 5188 1785 618 7592<br />

112 5569 1523 1190 8282<br />

Ordem de Parição 4 (250 kg à cobertura; 40 kg de ganho total durante a gestação)<br />

0 6806 856 0 7663<br />

28 7021 785 166 7973<br />

56 7211 690 309 8211<br />

84 7401 595 618 8615<br />

112 7616 499 1190 9305<br />

(Fonte: Close & Cole, 2001)<br />

Dessa forma, os fatores relacio<strong>na</strong>dos ao crescimento <strong>das</strong> <strong>matrizes</strong>, dos conceptos e seus<br />

anexos, e do complexo mamário, também indicam necessidades energéticas diferentes <strong>na</strong>s<br />

diferentes fases da gestação.<br />

22


4.2. Tipos de alojamento e distribuição do alimento<br />

As formas de alojamento da fêmea suí<strong>na</strong> <strong>na</strong> gestação podem implicar em condições<br />

diferencia<strong>das</strong> à chegada ao parto. No preparo ideal de uma fêmea <strong>para</strong> o parto, estão<br />

<strong>envolvidos</strong> muitos manejos e interações nutricio<strong>na</strong>is. O sistema de alojamento pode trazer<br />

efeitos positivos ou negativos, dependendo da escolha da forma de alojamento, baia ou gaiola<br />

individual, e também dos cuidados criteriosos dos funcionários responsáveis pelos manejos.<br />

As formas de distribuir o alimento são as mais diferentes, isto é, desde a utilização do<br />

fornecimento individualizado, alimentadores automáticos, semi-automáticos ou mesmo jogando<br />

a ração sobre o piso, sem nenhum controle individual, principalmente no alojamento em grupo.<br />

Mais recentemente devido a legislação implantada <strong>na</strong> Comunidade Européia respectivo ao<br />

bem estar animal, o alojamento em grupos irá prevalecer desde que, no momento do<br />

arraçoamento, o acesso ao alimento, seja individualizado. Em nosso meio prevalece o<br />

alojamento individual em gaiolas por toda a gestação e em algumas granjas o alojamento em<br />

grupos pode ser encontrado a partir de metade ou 2/3 fi<strong>na</strong>is da gestação. No alojamento em<br />

gaiolas o arraçoamento individualizado automatizado é predomi<strong>na</strong>nte, permitindo que to<strong>das</strong> as<br />

fêmeas recebam o alimento ao mesmo tempo. Em granjas menores, o sistema semi automático<br />

também é encontrado, mas ele permite que as fêmeas também recebam o alimento ao mesmo<br />

tempo. Este fornecimento simultâneo reduz o período de estresse pré arraçoamento, e deve<br />

ser entendido como importante <strong>na</strong> suinocultura tecnificada.<br />

Nestes diferentes sistemas de alojamento e de fornecimento de ração, serão encontrados<br />

pontos favoráveis e desfavoráveis quanto a resposta de desempenho, principalmente em<br />

relação ao ganho de peso e consumo adequado de ração pelas fêmeas gestantes. O<br />

fornecimento de quantidades adequa<strong>das</strong> e de forma individual <strong>na</strong>s gaiolas é um ponto bastante<br />

desejado, mantendo a uniformidade do rebanho <strong>na</strong> chegada ao parto, de acordo com o<br />

programa nutricio<strong>na</strong>l desenvolvido. Nas instalações coletivas, quando não existem instalações<br />

mais tecnifica<strong>das</strong> de alimentação computadorizada e automatiza<strong>das</strong>, aumenta a variabilidade<br />

de peso <strong>das</strong> fêmeas, com fêmeas com escore corporal além ou aquém do desejado, muito em<br />

função do exercício da dominância demonstrado por algumas fêmeas no momento de<br />

fornecimento do alimento.<br />

Diante de to<strong>das</strong> as exigências nutricio<strong>na</strong>is, que variam conforme a linhagem genética e<br />

idade produtiva <strong>das</strong> fêmeas, a <strong>pre<strong>para</strong>ção</strong> da fêmea <strong>para</strong> o momento do parto é dependente de<br />

ações de alimentação <strong>na</strong> proximidade do dia do parto. Algumas são as atitudes que podem ser<br />

toma<strong>das</strong> neste momento. A transição de uma ração gestação (fornecida até o momento de<br />

transferência da fêmea <strong>para</strong> a maternidade) <strong>para</strong> uma ração lactação, pode refletir em menor<br />

volume de bolo fecal no trato digestório no momento do parto e, também, no reflexo do<br />

consumo de alimento e produção lactacio<strong>na</strong>l posterior ao parto. Alguns trabalhos demonstram<br />

que a utilização de uma dieta com alto teor de fibra durante a gestação, acarreta em um pós<br />

parto com menores problemas, além de demonstrarem que existe uma maior procura voluntária<br />

pela ração lactação nos primeiros dias de lactação (Guillemet et al., 2010). A recomendação<br />

prática <strong>para</strong> um sistema de alimentação de fêmeas próximas ao parto considera uma<br />

diminuição gradativa da quantidade de ração, seja ela com alto teor de fibra ou não, até o dia<br />

do parto, quando há privação total de alimento. Toda essa pratica visa dar maior conforto à<br />

fêmea no momento do parto, facilitando a passagem dos conceptos pelo ca<strong>na</strong>l vagi<strong>na</strong>l, que<br />

estará menos comprimido pelo bolo fecal.<br />

5. Fisiologia do parto<br />

A <strong>pre<strong>para</strong>ção</strong> fi<strong>na</strong>l <strong>para</strong> o parto inicia 10-14 dias antes da data prevista, com maior<br />

desenvolvimento da glândula mamária, edema vulvar e mudanças comportamentais como<br />

si<strong>na</strong>is evidentes nesta fase (Ber<strong>na</strong>rdi, 2007). O parto propriamente dito é definido como o<br />

conjunto de eventos fisiológicos que conduzem o útero a expulsar o feto a termo e seus anexos<br />

(Toniollo, Vicent, 2003), sendo uma <strong>das</strong> etapas mais críticas <strong>para</strong> se otimizar a eficiência


eprodutiva do rebanho. O maior número de leitões vivos pode ser obtido nesse momento<br />

quando a fêmea é bem pre<strong>para</strong>da e, quando no momento do parto, tenha pessoal <strong>para</strong><br />

acompanhar e dar assistência à fêmea (Knox, 2010).<br />

O parto <strong>na</strong>tural, fisiológico ou eutócico no suíno é desencadeado pelos fetos. Inicia-se com<br />

contrações uteri<strong>na</strong>s peristálticas regulares acompanha<strong>das</strong> pela progressiva dilatação cervical e<br />

pode ser dividido didaticamente em três fases: pre<strong>para</strong>tória, expulsão do(s) feto(s) e expulsão<br />

placentária (Tabela 2) (Anderson, 1993; Mellagi, 2003; Toniollo, Vicent, 2003; Toniollo, Silva,<br />

2010).<br />

Tabela 2: Fases e eventos relacio<strong>na</strong>dos ao trabalho de parto em animais de interesse<br />

zootécnico.<br />

Fase Forças Mecânicas Período Eventos<br />

Dilatação Cervical<br />

(fase pre<strong>para</strong>tória)<br />

Expulsão<br />

dos Fetos*<br />

Expulsão da<br />

Placenta<br />

Contrações uteri<strong>na</strong>s<br />

e regulares<br />

Fortes contrações<br />

uteri<strong>na</strong>s e abdomi<strong>na</strong>is<br />

Contrações uteri<strong>na</strong>s e<br />

menor amplitude<br />

*Na espécie suí<strong>na</strong>, esta fase não pode ser completamente se<strong>para</strong>da da terceira fase, pois<br />

algumas placentas podem ser libera<strong>das</strong> juntamente com a expulsão dos fetos. (Fonte: ANDERSON,<br />

1993)<br />

6. Pre<strong>para</strong>ção da fêmea <strong>para</strong> o parto<br />

Do início <strong>das</strong> contrações<br />

uteri<strong>na</strong>s até completa<br />

dilatação cervical<br />

Da completa dilatação<br />

cervical até o fi<strong>na</strong>l da<br />

expulsão dos fetos<br />

Do fi<strong>na</strong>l da expulsão dos<br />

fetos até a expulsão de to<strong>das</strong><br />

as placentas<br />

- Agitação de fêmea<br />

- Aumento dos batimentos<br />

cardíacos e movimentos<br />

respiratórios<br />

- A fêmea se deita e faz esforços<br />

Ruptura do alanto-côrion e<br />

elimi<strong>na</strong>ção de fluido pela vulva<br />

- Exposição da bolsa amniótica <strong>na</strong><br />

vulva, sua ruptura e liberação do feto<br />

- Termino dos esforços (contrações<br />

abdomi<strong>na</strong>is)<br />

- Se<strong>para</strong>ção <strong>das</strong> membra<strong>na</strong>s fetais<br />

da superfície uteri<strong>na</strong> e sua expulsão<br />

A <strong>pre<strong>para</strong>ção</strong> da fêmea suí<strong>na</strong> <strong>para</strong> uma vida reprodutiva eficiente e duradoura passa por<br />

to<strong>das</strong> as etapas de desenvolvimento corporal e sanitário. Todos os eventos e manejos que<br />

acarretam em um desempenho reprodutivo e produtivo dentro do esperado, são<br />

interdependentes e devem ter atenção especial. O evento do parto é fundamental no processo<br />

produtivo, pois pode determi<strong>na</strong>r de forma positiva ou negativa a quantidade de leitões<br />

produzidos pela fêmea por parto e ao longo da sua vida, e sendo dependente de manejos<br />

apropriados nos seus cuidados. Da mesma forma, a vida reprodutiva subsequente pode<br />

também ser influenciada nestes eventos ocorridos no parto, pois qualquer anormalidade<br />

ocorrida pode representar problemas futuros.


Muitos são os manejos e cuidados despendidos à fêmea no decorrer de sua gestação<br />

até o momento do parto, desde cuidados no alojamento <strong>na</strong> gestação, no momento da<br />

transferência <strong>para</strong> a maternidade, nutricio<strong>na</strong>is, até cuidados pré-parto propriamente ditos.<br />

6.1. Transferência <strong>para</strong> maternidade<br />

Alguns cuidados devem ser tomados no momento da transferência <strong>das</strong> fêmeas da<br />

gestação <strong>para</strong> a maternidade apresenta<strong>das</strong> no quadro abaixo:<br />

Manejo Execução Motivo<br />

Transporte Evitar grandes distâncias entre<br />

as instalações de gestação e<br />

maternidade<br />

Formação de grupos Formar e transferir grupos de 3 a<br />

5 fêmeas<br />

Higienização da fêmea<br />

Lavar as fêmeas com água e<br />

sabão, principalmente as regiões<br />

perineal, aparelho mamário e<br />

orelhas.<br />

Período de gestação Transferir de 3 a 7 dias antes da<br />

data do parto<br />

Período do dia Transferência <strong>na</strong>s horas mais<br />

frescas do dia<br />

Amenizar o estresse e<br />

cansaço <strong>das</strong> fêmeas que<br />

podem causar per<strong>das</strong> fetais.<br />

Diminuir brigas e<br />

eventualidades que possam<br />

causar per<strong>das</strong> fetais<br />

Diminuir pressão de infecção<br />

<strong>das</strong> celas parideiras.<br />

Adaptação ao novo ambiente<br />

e nova nutrição<br />

Altas temperaturas aumentam<br />

o esgotamento físico <strong>das</strong><br />

<strong>matrizes</strong> o que pode<br />

comprometer a sobrevivência<br />

dos fetos.<br />

A transferência deva ser feita <strong>na</strong>s horas mais frescas do dia, <strong>para</strong> não estressar as<br />

fêmeas, o que poderia, comprometer a viabilidade dos leitões e interferir no decurso do parto.<br />

Outro fator que deve ser levado em consideração <strong>para</strong> a transferência é o período antes da<br />

data prevista do parto. O período médio de gestação da granja deve ser mensurado e a<br />

transferência deve ser realizada pelo menos quatro dias antes dessa média, sendo o ideal,<br />

sete dias. Mesmo assim, podem ocorrer partos nos barracões de alojamento de fêmeas<br />

gestantes, pois o período médio de gestação varia de 110 a 120 dias.<br />

6.2 Alojamento <strong>na</strong> maternidade<br />

Alguns aspectos devem ser levados em consideração no momento do alojamento <strong>das</strong><br />

fêmeas <strong>na</strong> maternidade. Não se pode negligenciar que será nesse local que a fêmea<br />

permanecerá durante o período pré-parto e lactação. Além disso, uma correta organização de<br />

fêmeas através de um bom planejamento, confere um melhor atendimento ao parto pelos<br />

funcionários, diminuindo as per<strong>das</strong> nesse processo.<br />

- Pre<strong>para</strong>ção da Sala:<br />

É imprescindível que, no momento do alojamento, as instalações e equipamentos da<br />

maternidade tenham sido corretamente lavados, desinfetados e passados por um período de<br />

vazio sanitário de no mínimo 72 horas.<br />

- Organização e distribuição <strong>das</strong> fêmeas <strong>na</strong> sala de maternidade<br />

O objetivo do planejamento da distribuição <strong>das</strong> fêmeas dentro da cada sala de<br />

maternidade é:


1. Otimizar o manejo e a atenção ao parto à fêmeas que representam um risco <strong>para</strong><br />

distocias e <strong>na</strong>timortos;<br />

2. Possibilitar maior atenção durante toda lactação às fêmeas predispostas a catabolismo<br />

lactacio<strong>na</strong>l.<br />

Segundo Borges et al (2005), os principais fatores de risco <strong>para</strong> <strong>na</strong>timortos são: leitega<strong>das</strong><br />

grandes, fêmeas velhas e com maior duração de parto. Nesse trabalho, fêmeas que pariram<br />

mais de 12 leitões tiveram 3,6 vezes mais chance de terem <strong>na</strong>timortos com<strong>para</strong><strong>das</strong> àquelas<br />

que pariram menos de 10. Da mesma forma, aquelas com OP >5 tiveram 1,7 vezes mais<br />

chance do que as com OP entre 2 e 5. Quanto à duração de parto, quando este foi maior de 3h<br />

a chance aumentou 2 vezes com<strong>para</strong>do a partos mais rápidos (34 horas) com<strong>para</strong>do aos<br />

demais (8% VS 25-41%, respectivamente). No entanto, não houve diferença entre os grupos


no percentual de fêmeas que pariram antes de 24 horas após a indução (Tabela 1,<br />

experimento 1).<br />

Em outro trabalho, Peixoto (2002) comparou dois análogos de PGF2α (dinoprost e<br />

cloprostenol) em diferentes doses (0,06 ou 0,12 mg e 2,5 ou 5,0 mg, respectivamente) pela via<br />

SMV e não observou diferenças entre os tratamentos <strong>na</strong> percentagem de fêmeas que pariram<br />

no horário desejado (44-56%), mas ocorreu em relação aos grupos controles (10-13%). Da<br />

mesma forma, não houve diferenças entre os grupos induzidos quanto ao percentual de<br />

fêmeas que adiantaram (34h), mas foram diferentes se<br />

com<strong>para</strong>dos aos grupos controles (Tabela 3, experimento 2). Já Gheller (2009) observou<br />

concentração de 87,3 e 56,3% de fêmeas parindo 30 horas após o tratamento <strong>para</strong> grupo<br />

induzido e controle, respectivamente.<br />

Tabela 3. Percentagem de partos segundo os diferentes protocolos de indução de parto<br />

através de análogos da PGF2α (dinoprost e cloprostenol) por via intra muscular (IM) ou submucosa<br />

vulvar (SMV) em diferentes dosagens<br />

Publicação Análogo Via Dose 8-24h 24-<br />

34h<br />

Peixoto (2002)<br />

(experimento1)<br />

(experimento2<br />

)<br />

Dinoprost<br />

Cloprostenol<br />

Placebo<br />

IM<br />

IM<br />

SMV<br />

SMV<br />

SMV<br />

SMV<br />

SMV<br />

SMV<br />

10mg<br />

10 + 10mg<br />

2,5mg<br />

2,5 + 2,5mg<br />

0,06mg<br />

0,06 + 0,06mg<br />

0,5ml<br />

0,5 + 0,5ml<br />

18,7 a<br />

28,2 a<br />

38,3 a<br />

18,6 a<br />

40,0 m<br />

44,3 m<br />

23,2 n<br />

15,9 n<br />

48,7 ac<br />

64,1 b<br />

56,2 a<br />

52,4 c<br />

43,7 m<br />

51,9 m<br />

13,0 n<br />

10,1 n<br />

>34h 8-34h<br />

32,5 ac<br />

7,7 b<br />

41,3 a<br />

25,1 c<br />

16,2 m<br />

3,8 m<br />

63,8 n<br />

73,9 n<br />

Cloprostenol SMV 0,175mg 38,0<br />

Gheller (2009)<br />

x* 49,7 x** - 87,7 ***<br />

Placebo SMV - 28,2 y* 28,1 y** - 56,3 ***<br />

* ** ***<br />

=Intervalo entre 0-24 horas após a indução; = Intervalo entre 24-30 horas após a indução; =<br />

Intervalo entre 0-30h após a indução<br />

a, b, c <strong>na</strong> colu<strong>na</strong> (Experimento 1), P


6.4 Auxílio ao parto<br />

O atendimento ao parto visa a obtenção de um maior número de leitões <strong>na</strong>scidos vivos e<br />

continuidade da vida reprodutiva da matriz. O atendimento ou auxílio ao parto deve ser<br />

realizado por pessoas com trei<strong>na</strong>mento e experiência com o objetivo de realizar intervenções<br />

dirigi<strong>das</strong> àquelas fêmeas que realmente apresentam necessidade de auxílio. Uma sequência<br />

de atendimento ao parto foi descrita por Wentz et al (2009), onde é chamada a atenção sobre<br />

os tipos de distocias e os sintomas apresentados. Da mesma forma, é sugerida a identificação<br />

correta dos sintomas <strong>na</strong>s diferentes distocias, <strong>para</strong> se poderem aplicar de forma correta os<br />

tratamentos ou os auxílios. Deve-se considerar que as intervenções obstétricas durante o<br />

parto, quando mal conduzi<strong>das</strong>, podem trazer grandes prejuízos a saúde genital da fêmea com<br />

conseqüências danosas <strong>para</strong> a produção de leite e o desempenho dos leitões, e pode afetar o<br />

desempenho reprodutivo subseqüente da matriz.<br />

Assim, cada granja junto com os funcionários que atuam <strong>na</strong> maternidade, deveriam<br />

elaborar em conjunto um protocolo de auxílio ao parto, <strong>para</strong> evitar erros grosseiros no<br />

acompanhamento dos partos e atendimento às fêmeas com partos distócicos e mesmo aos<br />

leitões recém <strong>na</strong>scidos. (Para revisão: Gava et al., 2010; Suinocultura em Ação n.05, capítulo,<br />

04, A Fêmea Suí<strong>na</strong> em Lactação. Editores: Bortolozzo, F.P.; Wentz, Ivo)<br />

7. Conclusão<br />

A <strong>pre<strong>para</strong>ção</strong> da matriz <strong>para</strong> o parto inicia com a cobertura e tem continuidade ao longo<br />

de todo o período de gestação. Muitas vezes fatores importantes ao longo desse período são<br />

negligenciados pelo simples fato de estar gestante. <strong>Fatores</strong> como alojamento e ambiência,<br />

nutrição <strong>na</strong>s diferentes fases de gestação, aplicação de medicamentos e vaci<strong>na</strong>s, a<br />

transferência e a alocação <strong>das</strong> <strong>matrizes</strong> <strong>na</strong> maternidade considerando as diferentes ordens de<br />

parto bem como fatores de risco <strong>para</strong> patologias, a indução do parto e o auxílio ao parto,<br />

quando absolutamente necessário, são muito importantes <strong>para</strong> a produção de uma leitegada<br />

com saúde e a continuidade da vida reprodutiva da fêmea.


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