FOLHA DE JACARANDÁ - ANO XX - N.19 - 2016
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<strong>ANO</strong> <strong>XX</strong> | NÚMERO 19 | MARÇO <strong>DE</strong> <strong>2016</strong><br />
RUA ITAGUABA, 154, PACAEMBU | SÃO PAULO - SP WWW.ESCOLAJACARANDA.COM.BR<br />
PO<strong>DE</strong> OU NÃO PO<strong>DE</strong>?<br />
Suco de fruta, pode ou não pode?<br />
4Alguns pediatras dizem que sim. O<br />
grupo do Facebook diz que não. Avós<br />
afirmam que sempre deram para os<br />
filhos e estão todos vivos. Bisavós,<br />
por outro lado, dizem que tudo isso é<br />
frescura. O que fazer? E QUANDO AS<br />
CRIANÇAS FOREM À CASA DA AVÓ<br />
E NÃO ESTIVERMOS LÁ PARA VI-<br />
GIAR?<br />
Atualmente nós, pais, estamos conectados<br />
o tempo todo e as informações<br />
circulam cada vez mais rápido.<br />
O contato com diferentes dados, vindos<br />
de fontes diversas, por vezes nos<br />
ajuda, mas em outras nos deixa ainda<br />
mais confusos.<br />
São muitas as dúvidas e as decisões<br />
a ser tomadas. Com açúcar ou<br />
sem? A partir de qual idade? Chocolate<br />
pode? Se pode, é só em festas? E a<br />
farinha branca? Não há dúvidas de que<br />
a conquista do século foi a bolacha de<br />
maisena integral!<br />
Uma dieta equilibrada, sobretudo na<br />
idade escolar, é fundamental para que<br />
as crianças formem bons hábitos para<br />
uma vida saudável. Por sabermos de<br />
tudo isso, a alimentação é um assunto<br />
recorrente e uma preocupação constante<br />
da Jacarandá, seja quanto à utilização<br />
de açúcar e farinha, seja quanto<br />
a qualquer outro item da alimentação.<br />
Hoje (difícil saber como será amanhã,<br />
já que são inúmeras informações<br />
e novas descobertas a cada milésimo<br />
de segundo...), açúcar, chocolate, farinha<br />
branca e até leite ou o habitual<br />
e inocente suco de fruta natural são<br />
vistos por alguns médicos como prejudiciais<br />
à saúde nesses primeiros anos<br />
de vida.<br />
Foi colocando todos esses “ingredientes”,<br />
“temperos” e “receitas” dentro<br />
de uma panela bem grande e mexendo<br />
tudo muito bem que a escola repensou<br />
o cardápio de lanche.<br />
(Maria Leopoldina Rosenthal)<br />
Leia mais na página 6 | saúde
EDITORIAL<br />
PALAVRA<br />
DA DIREÇÃO<br />
“Brincar é um direito da criança”; “A importância<br />
do brincar”; “A brincadeira é a principal atividade<br />
da criança”... quantas vezes vocês já depararam<br />
com esse tipo de afirmação, que soa com tanta<br />
“naturalidade” que nem desperta maior reflexão?<br />
Criança e brincadeira são quase sinônimos, mas<br />
se parece óbvio que o universo da infância é o mesmo<br />
do brincar, na vida concreta das famílias e das<br />
escolas isso não acontece com tanta facilidade.<br />
Na escola, somos tentados por nossa formação<br />
pedagógica e pressionados socialmente a ensinar<br />
muitas coisas: figuras geométricas, cores, desenho,<br />
recorte, escrita do nome, contos de fadas, numerais...<br />
e, se não tivermos uma intenção muito clara<br />
em nosso planejamento, acabamos deixando<br />
o brincar somente para o tempo que sobra! Em<br />
casa, pressionados pelo consumismo, por vezes a<br />
criança ganha diversos brinquedos, vai a inúmeros<br />
programas infantis e fica sem tempo para brincar!<br />
Neste semestre, em que escolhemos o tema da<br />
América Latina para o eixo de Ciências Humanas,<br />
vemos até que ponto a curiosidade infantil é alimentada<br />
por novas informações e como qualquer<br />
assunto vira brincadeira. Vejam quanta coisa divertida<br />
nas Notícias dos Grupos! O contato com<br />
elementos naturais é outro fator primordial para<br />
um brincar intenso: lãs, palha de milho, frutas...<br />
qualquer material que se preste à transformação e<br />
à ação infantis.<br />
Neste número, a fala das crianças ilustra bem o<br />
que é preciso para brincar: amigos, tempo e espaço!<br />
Cabe ao adulto cuidar desse espaço e proteger<br />
esse tempo necessário, deixando que a criança explore<br />
o ambiente, crie e invente o que a brincadeira<br />
exigir. O adulto não precisa intervir na brincadeira,<br />
na maior parte das vezes, mas não pode se omitir<br />
ao fornecer os limites sociais e físicos, que protegem<br />
os pequenos de acidentes e os ensinam a conviver.<br />
Aproveitem mais um jornalzinho da escola e<br />
experimentem as dicas de lanche e de artes, diretamente<br />
das crianças para todos os leitores!<br />
Um abraço<br />
Tânia<br />
NOTÍCIAS<br />
DOS GRUPOS<br />
G1aT Cantarolando com chapéus<br />
Brincar com chapéus é uma nova “moda” no nosso grupo e temos muitas cantigas<br />
infantis para os chapéus! Colocar um chapéu na cabeça e ir se olhar no espelho<br />
fica ainda mais gostoso se acompanhado de canção. Com inspiração nos chapéus<br />
utilizados por personagens diversos da América Latina, as crianças estão brincando,<br />
cantando e conhecendo a riqueza da nossa América: sombrero mexicano,<br />
maraca, música e boina gaúcha, batatas e gorro peruano, milho e cocar de palha<br />
indígena e muito mais.<br />
BM Olha o camaleão...<br />
Um camaleão de muitas cores, da história Cor de camaleão, inspirou uma pintura<br />
com cenoura e com outros vegetais coloridos. Foi muito divertido brincar com a<br />
cenoura inteira, com sua tinta e, claro, mordiscar as cenourinhas!<br />
G3M Criações com lã<br />
Da foto de uma criança andina carregando um filhote de lhama nasceu todo um<br />
projeto sobre a lã. Quanta riqueza de tecidos e cores pode ser criada desse material,<br />
que pode vir de diferentes animais! Agora estamos fazendo alguns tapetinhos,<br />
com um pequeno tear, para incrementar e inspirar nossas brincadeiras: “Filhinho,<br />
vamos cuidar da lhama, dar capim pra ela e depois tirar sua lã. Venha!”<br />
G2T Milho de todas as formas<br />
As crianças adoram milho e começaram a fazer diferentes receitas, com milho-verde,<br />
milho de pipoca, farinha... Os grãos viram arte, a palha vira brinquedo e todos<br />
os sentidos são envolvidos, numa verdadeira viagem com músicas e histórias sobre<br />
esse rico cereal que é cultivado há milhares de anos no continente americano.<br />
2
G1M Experiências com beterraba<br />
Beterraba é só para comer? Não! Fizemos uma série de experimentos:<br />
beterraba batida no liquidificador, cozida com goma, crua<br />
cortada em palitos, usada sobre diferentes suportes. As crianças<br />
adoram sentir tudo nas mãos e na boca e fizeram pinturas que<br />
ficaram lindas! As sobras de legumes podem ser usadas de muitas<br />
formas, intensificando o gosto pelos vegetais.<br />
G4e5M Aniversário mexicano<br />
NOTÍCIAS DOS GRUPOS<br />
Histórias, músicas e objetos trazidos de casa foram configurando<br />
um verdadeiro cantinho mexicano na sala. A visita de dois ex-alunos<br />
que moraram dois anos no México trouxe de forma vívida algumas<br />
experiências escolares, a piñata de aniversário e até o “Parabéns<br />
a você” em espanhol. O interesse por aquele país foi crescendo, à<br />
medida que fomos conhecendo mais alguns costumes e fazendo<br />
um paralelo com o jeito que vivemos aqui.<br />
AGRUPAMENTO Construir e criar<br />
Temos uma oficina de construção às segundas-feiras, usando materiais<br />
diversos e sucata. Uma caixa de frutas de papelão virou um<br />
berço para nossas bonecas, numa atividade coletiva com tinta e<br />
tecidos. Partimos de um modelo, mas no meio do caminho vão surgindo<br />
dificuldades de execução, improvisos e novas ideias. Vejam<br />
uma de nossas criações na seção “Mãos à obra”, para vocês fazerem<br />
em casa!<br />
BT Diversão com os índios<br />
G4T Tear chileno<br />
As crianças estão descobrindo muitas curiosidades sobre o Chile.<br />
Uma delas é a tecelagem em tear. Os nossos foram confeccionados<br />
com fôrma de isopor e trama de barbante, mas para ver o trabalho<br />
ganhar forma é preciso muita paciência e concentração no<br />
vaivém das mãos e das lãs coloridas. Está sendo um ótimo desafio.<br />
Criamos um momento indígena para brincar com novos elementos<br />
naturais e culturais: uma esteira, um chocalho de cabaça, uma cortina<br />
de palha, músicas de povos como Krenak e M’byá-guarani...<br />
O mais gostoso é balançar na rede ou ser carregado numa tipoia!<br />
G1bT Abacate que vira tinta<br />
Você gosta de abacate? Como você come essa fruta, que é nativa<br />
das Américas? Nosso grupo está explorando diversas maneiras de<br />
degustar o abacate e também vai conhecer as maravilhas do seu<br />
caroço. Dele, se pode fazer uma tinta e, em contato com a água...<br />
o que vai acontecer?<br />
G2M Músicas latinas<br />
Da minha viola, eu tirei um dó... E de uma ocarina, que som posso<br />
tirar? E de um chocalho de unhas de lhama ou de sementes de<br />
aguaí? As crianças ficam encantadas com os novos instrumentos<br />
musicais que, a cada semana, apresentamos na nossa roda de<br />
música.<br />
G3T Milhos e vizinhos da América<br />
Latina<br />
Milho preto? Até quem não comia o nosso milho amarelo quis experimentá-lo,<br />
feito como pipoca. Conhecemos diversos tipos de milho,<br />
mais utilizados na culinária de países como Bolívia e Peru. Para<br />
ver onde ficam essas nações vizinhas do Brasil, estamos com um<br />
mapa-múndi pendurado na sala, o que suscita muitas perguntas e<br />
conversas: “Esse azul não é o céu, é o mar”; “Esse Peru não é o<br />
nosso amigo animal, né, é o vizinho”!<br />
G5T Ponto a ponto<br />
No final de março, fizemos uma oficina com lã de carneiro, coordenada<br />
pela Ana Gaviolli, mãe das ex-alunas Olívia e Iris. Foi muito<br />
divertido. O maior desafio foi escolher uma cor para usar, pois todas<br />
eram bem atraentes.<br />
Como todos já estavam interessados nas vestimentas, foi significativo<br />
conhecer o processo da lã pessoalmente, comparando as<br />
informações trazidas pela Ana com as adquiridas no vídeo sobre<br />
as artesãs peruanas.<br />
Tudo isso contribui para o encadeamento do nosso projeto, dando<br />
ainda mais sentido aos “bordados” na talagarça, que no final da<br />
produção se transformarão em vestimentas tradicionais peruanas<br />
(saias e coletes).<br />
3
TROCANDO I<strong>DE</strong>IAS<br />
“D<strong>ANO</strong>NINHO VALE POR UM BIFINHO?”<br />
Nossa geração cresceu ao som de inúmeros comerciais que grudavam<br />
mais do que chiclete. Do “não esqueça da minha Caloi” à<br />
Cremogema, da “groselha vitaminada Milani” ao “Danoninho vale<br />
por um bifinho”. Os nossos filhos dificilmente terão essas mesmas<br />
referências coletivas, graças à diversidade de formas e meios<br />
com que eles acessam conteúdo. Mas o fato de não assistirem<br />
ou assistirem pouco à TV aberta ou acessarem desenhos e filmes<br />
sem comerciais está longe de significar que a publicidade infantil<br />
deixou de existir.<br />
Personagens, celebridades e marcas continuam muito presentes<br />
no cotidiano das crianças e de seus pais, associadas a produtos<br />
que consumimos todos os dias.<br />
Esta edição da Folha de Jacarandá se debruça sobre a publicidade<br />
infantil e seus efeitos, notadamente sobre a alimentação.<br />
Chama a atenção para os movimentos que têm buscado a restrição<br />
da publicidade voluntariamente dedicada ao público infantil e<br />
sobre uma recente decisão do Supremo Tribunal de Justiça, que<br />
considerou abusiva uma campanha publicitária da Bauducco que<br />
associava a marca ao Shrek. A decisão não é geral (não tem repercussão<br />
legal sobre outras campanhas), mas aponta para um<br />
limite a esse tipo de propaganda.<br />
Talvez parte importante da educação esteja associada ao nosso<br />
relacionamento com as coisas, com o ato de consumir e com<br />
acompanhar a forma como nossos filhos assistem e interpretam<br />
as mensagens.<br />
O Batman será sempre o Batman. E um biscoito será sempre um<br />
biscoito, esteja o Batman associado a ele ou não. Vale lembrar<br />
que criança brinca com tudo e que um pote de xampu pode virar<br />
nave de um herói, mesmo sem que a imagem dele esteja estampada<br />
ali, não é? Sem demonizar nossos heróis e heroínas, vale<br />
a pena refletir sobre quanto nós e nossos pequenos estamos influenciados<br />
pela publicidade e até que ponto ela presta um serviço<br />
— ou desserviço — àquilo que consideramos melhor.<br />
Para discutir o assunto, conversamos com pais, especialistas e<br />
crianças da Jacarandá. E a Valéria Lima, mãe do Guillermo, do<br />
Grupo 4, escreveu um texto sobre sua percepção do tema.<br />
Tatiana Cymbalista<br />
Se você acha que a criança vai sempre preferir um produto de marca, confira aqui algumas respostas que mostram<br />
que a publicidade nem sempre determina o que os pequenos querem!<br />
O que é necessário para brincar? “Amigos.” Benicio, 5 anos<br />
O que é necessário para brincar? “O Benicio, a Cecília, o Teo.”<br />
Você vai ao supermercado com seus pais? Você costuma pedir<br />
alguma coisa a eles? O quê? “Melancia.” Felipe, 5 anos<br />
Do que você mais gosta de brincar? “Cavar buracos.” O que é<br />
necessário para brincar? “Areia.” Antônio, 4 anos<br />
Você vai ao supermercado com seus pais? Você costuma pedir<br />
alguma coisa a eles? O quê? “Macarrão borboleta.” Caetano, 4 anos<br />
O que é necessário para brincar? “As pernas para correr.”<br />
Fernanda, 5 anos<br />
Do que você mais gosta de brincar? “Pega-pega.” Tem alguma<br />
coisa especial que você queria que tivesse na sua festa de<br />
aniversário? “Cupcake da mamãe.” Ana Rita, 5 anos<br />
O que é necessário para brincar? “Muitas pessoas.” Max, 4 anos<br />
Tem alguma coisa especial que você queria que tivesse na sua<br />
festa de aniversário? “Dinossauros.” Martim, 4 anos<br />
Valéria Lima: O que me leva a pensar sobre<br />
consumismo e infância é a constante<br />
presença da publicidade em todos os lugares.<br />
Onde quer que estejamos há sempre<br />
um anúncio de algum produto, seja ele<br />
qual for. Chega a ser invasivo. Estamos<br />
habituados, crescemos com isso e quase<br />
nos parece natural! Com o nascimento do<br />
meu filho, passei a ter um olhar mais atento<br />
e, junto com ele, compartilhei o estranhamento<br />
do mundo. Assim, muitas coisas<br />
que eu já conhecia passaram a chamar minha<br />
atenção como se fossem novidades.<br />
“O que é isso?”, “Para que serve isso?”,<br />
“Isso é bom?”<br />
Esse olhar renovado, somado ao respeito<br />
por aquela então nova pessoa que<br />
acabara de chegar na família, me fez perceber<br />
de maneira muito mais crítica a forma<br />
como a publicidade dirigida ao público<br />
infantil se relaciona com as crianças e, por<br />
consequência, me fez questionar o porquê<br />
dela se direcionar às crianças e não aos<br />
seus pais.<br />
A publicidade direcionada às crianças<br />
se vale de estratégias que se aproveitam<br />
da ingenuidade de seu público-alvo para<br />
tentar convencê-lo a desejar produtos e<br />
acreditar que eles são uma necessidade.<br />
Aproveita-se do fato de que as crianças<br />
com menos de 12 anos não são capazes<br />
de perceber essa manipulação. Se vale de<br />
recursos que muitas vezes acabam prejudicando<br />
a saúde física e mental dos pequenos<br />
para conseguir vender seus produtos.<br />
Entre os danos graves à infância causados<br />
pela publicidade dirigida às crianças estão<br />
o encurtamento da infância e a obesidade<br />
infantil.<br />
De todas as faces da publicidade dirigida<br />
às crianças, uma das mais preocupantes<br />
é a que atende à indústria de alimentos.<br />
Segundo dados do Instituto Alana, 35% de<br />
todas as crianças do planeta são obesas.<br />
No Brasil, 30% delas estão com sobrepeso<br />
e outros 15% são obesas. Dos anúncios<br />
direcionados às crianças, 50% deles são<br />
de alimentos – 80% deles com alto teor de<br />
gordura e baixíssimo ou nenhum valor nutricional.<br />
Segundo a Associação Dietética<br />
Norte-Americana, a exposição da criança<br />
4
por apenas 30 segundos aos comerciais<br />
de alimentos é capaz de influenciá-las nas<br />
escolhas alimentares.<br />
No Brasil uma criança passa, em média,<br />
quase cinco horas por dia em frente à TV.<br />
A criança acredita naquilo que lhe é dito.<br />
Em muitos países, a publicidade infantil<br />
é proibida. Na Inglaterra, não são permtidos<br />
comerciais de alimentos com alto teor<br />
de gordura, sal e açúcar durante a programação<br />
de TV para o público menor de 16<br />
anos. É proibida antes das 21h publicidade<br />
apresentada por personalidades ou personagens,<br />
exibindo ou endossando produtos<br />
ou serviços de interesse das crianças. Na<br />
Suécia, também há a proibição de crianças<br />
ou personagens em qualquer anúncio que<br />
possa chamar a atenção do público infantil.<br />
A legislação brasileira considera ilegal<br />
e abusiva toda e qualquer publicidade de<br />
“A TV coloca na cabeça deles que tem brincadeira “certa” para menino e<br />
menina, que menino não pode gostar de rosa, que menina tem que querer<br />
ser princesa, que menino não pode querer fazer comidinha nem brincar<br />
de boneca e acho isso um absurdo. Os brinquedos promovem a divisão<br />
de gênero e o machismo o tempo todo. Tento sempre desconstruir com<br />
cuidado e carinho, na prática, no dia a dia, sem conversas pesadas.”<br />
Juliana Ali, mãe da Carmen e do Teodoro<br />
“A publicidade de forma geral hoje é muito perversa, sempre foi, e<br />
hoje é ainda mais, porque é para vender, para consumir dentro de<br />
um mercado capitalista, e atender ao seu público consumidor, a<br />
determinado perfil, com suas características e hábitos culturais...<br />
Particularmente a publicidade infantil explora muito esse público, ainda<br />
mais por ser mais vulnerável.” Lucas Valadares, pai da Maria<br />
produtos ou serviços que seja dirigida à<br />
criança e não aos adultos. Isso é garantido<br />
pela Constituição Federal e pelo Estatuto<br />
da Criança e do Adolescente, mas muitas<br />
empresas não cumprem a lei. A decisão<br />
histórica do STJ, no último dia 10 de março,<br />
sobre a campanha “É Hora de Shrek”,<br />
foi muito importante, mas devemos ficar<br />
atentos a casos semelhantes. A publicidade<br />
é uma atividade comercial e precisa<br />
estar submetida às regras da Constituição<br />
e do Código de Defesa do Consumidor.<br />
Há uma infinidade de produtos licenciados<br />
em todos os setores. É um verdadeiro<br />
esforço encontrar um que não tenha um<br />
personagem estampado. Isso leva a um<br />
padrão geral que massifica e despersonaliza<br />
as crianças, excluindo a diversidade,<br />
ignorando o fato de que cada um é único<br />
e incomparável. A separação de produtos<br />
TROCANDO I<strong>DE</strong>IAS<br />
por gêneros também é muito prejudicial,<br />
pois isola meninos e meninas, impondo<br />
uma divisão por sexos que ainda não está<br />
posta entre as crianças.<br />
Sabemos que nossos filhos não precisam<br />
de produtos licenciados nem de<br />
um brinquedo que brinque sozinho. Eles<br />
precisam de tempo, de espaço, de companhia,<br />
de respeito. Precisam brincar. A<br />
publicidade bombardeia as crianças com a<br />
promessa de produtos supostamente necessários<br />
e de qualidade duvidosa. A nós<br />
cabe remanejar essa manipulação e deixar<br />
claro aquilo que aprovamos ou não. Precisamos,<br />
também, dar os limites aos que<br />
insistem em dirigir-se aos nossos filhos em<br />
vez de se dirigir à nós: pais, mães e responsáveis.<br />
“É responsabilidade dos pais problematizar com os filhos a criação de<br />
necessidades por meio da mídia e a diminuição de nosso poder de<br />
escolha frente a estas mensagens que nos “emburrecem” e limitam<br />
nossa liberdade. Além disso, é importante dizer: ‘Não, você não precisa<br />
disso’.” Mariana Doneaux, mãe do Antônio e da Leila<br />
“Estou absolutamente seguro que isso influencia no comportamento<br />
dele. Ele se deixa levar pelos ‘brinquedos’ que a televisão noticia e, com<br />
alguma frequência, repete as imaginadas brincadeiras vistas na TV,<br />
tornando-se mais agressivo e com vocabulário inapropriado.” Renato<br />
Vieira, pai do Antonio V.<br />
“Pensando a publicidade como área correlata ao marketing, há total<br />
direcionamento de comportamentos desde a infância. A estética<br />
como é tratada pelo marketing é indutora de gostos e valores e isso<br />
está relacionado com os tipos de brinquedos que são previamente<br />
direcionados aos gêneros.” Guilherme Sandler, pai do Eduardo<br />
UNI, DUNI, TÊ, o escolhido foi você!<br />
Para evitar que adultos e crianças sejamos seduzidos ingenuamente pela<br />
propaganda de produtos infantis, alguns princípios orientam as escolhas e<br />
as compras feitas na Jacarandá:<br />
- Evitamos comprar brinquedos associados a personagens de desenhos<br />
animados ou filmes, dando preferência a bonecas, carrinhos, brinquedos<br />
de cozinha ou baldinhos e pás “neutros”. Oferecemos ainda materiais<br />
que não são brinquedos, mas “brincáveis”, como tecidos, cestos, caixas,<br />
latas e toda variedades de resíduos industriais e domésticos limpos que<br />
possam ganhar vida com a imaginação de crianças e professores;<br />
- Algumas marcas de brinquedo têm notadamente mais qualidade e durabilidade,<br />
o que é importante para que as crianças possam continuar<br />
brincando com uma mesma boneca ou baldinho de um ano para o outro;<br />
- Evitamos também comprar lanches (iogurtes, biscoitos, cereais etc.)<br />
cujas embalagens sejam desenhadas para “ganhar” o interesse das<br />
crianças, o que normalmente coincide também com produtos processados<br />
e menos saudáveis. Servimos nosso lanche em potes e travessas,<br />
sem a presença das embalagens de biscoito ou cereal, para que o foco<br />
seja o alimento;<br />
- Decoramos a escola com produções feitas pelas próprias crianças e<br />
também com reproduções de alguns quadros de artistas consagrados,<br />
o que consideramos uma oportunidade de os pequenos ampliarem o<br />
senso estético. Não decoramos a escola com personagens amplamente<br />
divulgados pela cultura de massa;<br />
- O uso obrigatório do uniforme também é uma maneira de evitar que as<br />
crianças fiquem excessivamente ligadas às roupas, que chegam a ser<br />
verdadeiras propagandas de produtos e ideias;<br />
- Como o importante para nós é que as crianças brinquem, procuramos<br />
dar a mesma importância, para quando uma criança traz um boneco<br />
dos Transformers ou quando traz um boneco de madeira, uma boneca<br />
de pano ou uma Barbie.<br />
Nossa ideia não é patrulhar os hábitos de consumo de cada família; só<br />
queremos evitar que, sem nos darmos conta, sejamos nós os incentivadores<br />
do consumismo ingênuo e exagerado.
SAÚ<strong>DE</strong><br />
NA ESCOLA...<br />
Em fevereiro, fizemos um verdadeiro estudo sobre as<br />
necessidades calóricas e nutricionais das crianças entre<br />
12 meses e 5 anos, testamos alguns alimentos e decidimos<br />
introduzir uma novidade para o Lanche. (ver tabela)<br />
As professoras notam que algumas crianças comem<br />
apenas as bolachas, mesmo quando aquelas servidas são<br />
as menos atrativas (cream cracker, maisena, maria, água e<br />
sal). Isso ocorre porque as crianças gastam muita energia<br />
e a bolacha, por exemplo, ajuda saciar mais rapidamente<br />
a fome e a repor a energia consumida.<br />
Para a criança obter as mesmas calorias de uma bolacha<br />
água e sal (32 kcal), é preciso que coma 180gramas<br />
de cenoura o equivalente a 2 pacotinhos da cenoura baby.<br />
Os desafios da mastigação e da digestão, associados ao<br />
alto grau de energia (pela atividade intensa e pelo ritmo de<br />
crescimento), fazem que grande parte das crianças procure<br />
“naturalmente” os alimentos mais doces, como bolacha,<br />
banana ou uva passa.<br />
É inegável que a diminuição do açúcar branco é uma<br />
opção saudável, porém é preciso lembrar que as crianças<br />
estão em crescimento e por isso não podemos transformar<br />
a dieta delas em “light ou diet”.<br />
É por tudo isso que este novo “menu” de lanche, mais<br />
variado e que alterna fontes de carboidrato, trará enorme<br />
ganhos para as crianças.<br />
Nosso Lanche:<br />
suco<br />
fruta<br />
cereais<br />
leite | derivados<br />
+<br />
=<br />
saúde<br />
maior aprendizagem<br />
melhor mastigação<br />
maior repertório alimentar<br />
bons hábitos<br />
Novo Menu:<br />
outra fruta fresca<br />
frutas secas<br />
legumes<br />
cereais<br />
Alimentos de qualidade, saudáveis, atraentes e saborosos<br />
garantem às crianças a energia de que eles precisam<br />
para todo o período escolar. Haja energia! 3<br />
* reunimos as frutas trazidas de casa por quem traz lancheira<br />
Quer ler mais?<br />
Novos caminhos de alimentação – vol. 1 a 4, Gudrun Burkhard, Ed.<br />
Antroposófica | Comida de criança – ajude seu filho a se alimentar bem<br />
sempre, Claudia Lobo, MG Editores | Guia Alimentar para a População<br />
Brasileira – baseado no Guia do Ministério da Saúde, lançado em 2014 –<br />
versão resumida feita por Projeto Mães e Filhos em Ação e CONALCO +<br />
2 | A principal referência para a alimentação escolar brasileira é o Programa<br />
Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) criado em 1955.<br />
Nos links abaixo, será possível encontrar informações sobre o PNAE, além<br />
de manuais com orientações sobre, por exemplo, a alimentação escolar para<br />
alunos com necessidades especiais ou a alimentação escolar nas diferentes<br />
etapas de ensino.<br />
http://www.fnde.gov.br/programas/alimentacao-escolar/alimentacao-escolarapresentacao<br />
http://www.fnde.gov.br/programas/alimentacao-escolar/alimentacao-escolarmaterial-de-divulgacao/alimentacao-manuais<br />
CAIXA <strong>DE</strong> TEMPEROS - G4e5M<br />
6
1<br />
2 3<br />
AGORA É HORA <strong>DE</strong> USAR E ABUSAR DA CRIATIVIDA<strong>DE</strong>! É POSSÍVEL FAZER UM PORTA-<br />
-RETRATO COM UMA FOTO DA CRIANÇA, OU UM QUADRINHO COM UM <strong>DE</strong>SENHO DO<br />
PEQUENO.<br />
PRONTO! VOCÊ JÁ PO<strong>DE</strong> <strong>DE</strong>CORAR SUA CASA COM SEU QUADRINHO! (Agrupamento)
NOSSA GENTE<br />
A MOÇA QUE SE ALIMENTA <strong>DE</strong> VIDA<br />
Leandro Castilho<br />
O sorriso tranquilo e quase tímido<br />
entrega o jeito da Marilene.<br />
E mostra como essa baiana de Itororó<br />
se alimenta da vida: com tranquilidade,<br />
calma e suavidade.<br />
Marilene viveu no interior da Bahia<br />
até os 17 anos, com os pais e os nove<br />
irmãos. Lá se alimentava do que o pai<br />
plantava e a mãe, cozinheira de mão<br />
cheia e coração enorme, preparava: uma<br />
deliciosa mesa com arroz, feijão, vatapá,<br />
caruru e melancia, que é sua fruta<br />
favorita.<br />
Comida natural, indo do plantio para<br />
o prato da família unida e amorosa.<br />
A infância de Marilene era recheada<br />
de sabores, cores e texturas. Ela<br />
não aprendeu a gostar de cozinhar, mas<br />
aprendeu a gostar de comida e de suas<br />
mágicas possibilidades.<br />
Aos 17 anos foi para Salvador e lá,<br />
durante os anos seguintes, trabalhou<br />
como cuidadora da filha de uma prima.<br />
Crianças sempre foram ingredientes<br />
afetuosos e fundamentais na vida de Marilene.<br />
Aos 28 anos, veio para São Paulo<br />
— ela, os irmãos e uma enorme fome de<br />
viver e recomeçar a vida.<br />
Uma vida cheia de sonhos,<br />
como as belas vidas são.<br />
Ao chegar aqui, já encontrou um porto<br />
seguro, porque fez Marilene se conectar<br />
com a vida em Itororó. Porque era um<br />
lugar com crianças. Porque era um lugar<br />
que respeitava a alimentação mais natural,<br />
equilibrada, variada, divertida e saudável.<br />
Ao chegar em São Paulo, Marilene<br />
encontrou a Jacarandá.<br />
Há 19 anos trabalha na escola. É a<br />
segunda funcionária mais antiga.<br />
Começou como auxiliar de limpeza<br />
e em seguida foi trabalhar na cozinha.<br />
E depois foi para o lugar onde ela se<br />
sente completa: o berçário.<br />
Marilene é fascinada por acompanhar<br />
o desenvolvimento das crianças.<br />
É com elas que aprende todos os dias a<br />
importância de brincar, de amar e de se<br />
alimentar bem.<br />
Quando não está na escola, gosta<br />
de cuidar da casa, passear, estar perto<br />
dos cinco filhos, dois netos, marido e<br />
irmãos.<br />
Porém, se tivesse de escolher um<br />
lugar no mundo para estar nesses dias<br />
sossegados, Marilene responde rápido<br />
com os olhos brilhantes de uma menina:<br />
a praia.<br />
Filhos, família, crianças, comida<br />
equilibrada, praia, a escola, lembranças.<br />
É o que alimenta a alma de Marilene.<br />
É o que faz dela essa pessoa de sorriso<br />
tranquilo quase tímido, levando a vida<br />
com tranquilidade, calma e suavidade.<br />
BOLO <strong>DE</strong> BANANA COM AVEIA – DA KARIN, MÃE DO FELIPE<br />
2 bananas nanicas grandes e bem maduras<br />
2 ovos<br />
½ xícara de uva passa (branca ou preta ou misturada)<br />
¼ xícara de óleo (pode ser óleo de coco)<br />
1 xícara de aveia (em flocos ou farelo)<br />
1 colher de sopa de fermento em pó<br />
1 colher de sobremesa de canela (opcional)<br />
No liquidificador, bata os ovos e o óleo. Depois, acrescente as<br />
bananas, até ficar homogêneo.<br />
Em seguida, acrescente a aveia e bata mais um pouco. Por<br />
último, coloque as uvas e o fermento. Apenas pulse.<br />
O bolo pode ser colocado para assar em forminhas de cupcake<br />
ou de bolo inglês com papel manteiga (nessa forma ele fica<br />
bem baixinho). O forno deve estar com temperatura de 180º C<br />
e massa deve ser assada durante 25 a 30 minutos. Com o teste<br />
do palito, dá pra saber se o bolo já está prontinho pra comer!<br />
DATAS ESPECIAIS<br />
Dia 15 de dezembro nasceu a Estela, irmã do<br />
Antonio Takahashi (G4T). No dia 31, antes da<br />
virada do ano, nasceu a irmã da Liz (G2M), chamada<br />
Beatriz.<br />
Desejamos muita saúde e felicidade aos bebês,<br />
seus pais e irmãos!<br />
Em <strong>2016</strong>, no dia 20 de janeiro, nasceu a Lívia,<br />
filha da professora Silvana: parabéns, Sil e<br />
Nando!<br />
No dia 15 de abril foi realizado o “acampamento”<br />
dos Grupos 4 e 5: todos passaram a noite na<br />
escola, com direito a brincadeiras, pizza e sorvete!<br />
Tivemos dessa vez oficina de história e de<br />
ioga. As camas foram arrumadas nos colchonetes<br />
e a “dormida” aconteceu nas salas de aula.<br />
No dia seguinte, receberam saudosos os pais<br />
para o café da manhã. No segundo semestre,<br />
será a vez dos Grupos 3.<br />
Nossas festas vêm aí! Anotem na agenda e aguardem<br />
a programação:<br />
14 de maio – sábado – Festa das Mães<br />
18 de junho – sábado – Festa Junina<br />
expediente<br />
Jacarandá: Alessandra Nogueira, Tânia Rezende e Vitória Sá<br />
Participaram desta edição: Jefferson e Valéria Lima (pais do Guillermo), Leandro Castilho (pai do Vittorio), Maria Leopoldina e Rodrigo Rosenthal<br />
(pais do José), Renata Cafardo (mãe do Antonio T. e da Estela), Soraia Cury (mãe da Lorena e da Lavínia) e Tatiana Cymbalista (mãe do Max e da Clara).