03.12.2015 Views

Folha de Jacarandá | Ano XIX | n. 18 | nov. 2015

  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ANO <strong>XIX</strong><br />

NÚMERO <strong>18</strong><br />

NOVEMBRO DE <strong>2015</strong><br />

RUA ITAGUABA, 154, PACAEMBU - SÃO PAULO - SP<br />

WWW.ESCOLAJACARANDA.COM.BR<br />

OS PEQUENOS FAZEM COISAS GRANDES<br />

Quando pensamos em autonomia, vislumbramos<br />

indivíduos com liberda<strong>de</strong> para pensar, <strong>de</strong>cidir e agir.<br />

No limite, o mais autônomo entre os autônomos,<br />

personagem quase mítico <strong>de</strong> nossa infância – McGyver<br />

– era aquele que transformava um fio <strong>de</strong> cabelo em<br />

submarino com ar condicionado e porta-copos.<br />

Trazendo o conceito para o mundo infantil, pensar,<br />

<strong>de</strong>cidir, agir, bem... é muito verbo para uma criança <strong>de</strong><br />

menos <strong>de</strong> cinco anos.<br />

É mesmo? Será?<br />

<strong>Folha</strong>Jacaranda_ed<strong>18</strong>.indd 1 27/11/15 13:54


EDITORIAL<br />

Palavra<br />

da direção<br />

O ano está chegando ao fim e, como<br />

em todo final <strong>de</strong> ciclo, se anunciam<br />

as <strong>de</strong>spedidas e se avistam <strong>nov</strong>os<br />

horizontes.<br />

Estamos continuamente lidando<br />

com <strong>de</strong>spedidas, não somente os<br />

momentos literais <strong>de</strong> se separar <strong>de</strong><br />

alguém que se vai, mas também<br />

aqueles em que percebemos que algo<br />

ficou para trás.<br />

É assim com o crescimento dos<br />

filhos: quando vemos que já sabem<br />

andar, ou já sabem falar, ou até<br />

escrever o nome, nos damos conta <strong>de</strong><br />

que aquele bebezinho já se foi. São<br />

sucessivos “cortes umbilicais” que<br />

nos enchem <strong>de</strong> medo e orgulho. No<br />

próximo ano, alguns bebês entrarão<br />

no Berçário, outros irão para o G1 e,<br />

além das mudanças anuais <strong>de</strong> grupo,<br />

os alunos do G5 partem para o Ensino<br />

Fundamental em <strong>nov</strong>as escolas. Será<br />

que já estão preparados? Já saberão<br />

se “virar” numa turma maior?<br />

Esse é o tema <strong>de</strong>ste número do<br />

jornal: a autonomia das crianças, que<br />

é construída gradualmente, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />

momento em que nascem. A escola<br />

tem papel fundamental em abrir<br />

espaços para que as crianças possam<br />

exercitar suas capacida<strong>de</strong>s e testar<br />

<strong>nov</strong>as habilida<strong>de</strong>s. Longe do olhar<br />

familiar, <strong>de</strong>scobrem muitas coisas que<br />

já po<strong>de</strong>m fazer, com seus colegas e<br />

com os professores.<br />

Acreditamos que é papel <strong>de</strong> todos os<br />

educadores apoiar as crianças para<br />

que cresçam, encorajando-as para ir<br />

além, ensinando-lhes o que é preciso<br />

para que caminhem <strong>de</strong>pois com as<br />

próprias pernas.<br />

Boa sorte aos que mudam <strong>de</strong> escola e<br />

<strong>de</strong>sejamos a todos boas férias, cheias<br />

<strong>de</strong> ação, brinca<strong>de</strong>ira e crescimento.<br />

Tânia Rezen<strong>de</strong><br />

G3e4 M<br />

Notícias<br />

dos grupos<br />

Quando eu era bebê<br />

Do alto <strong>de</strong> seus 3 ou 4 anos, as crianças pesquisaram com seus pais<br />

a sua história <strong>de</strong> vida. Com visitas aos grupos dos menores, pu<strong>de</strong>ram<br />

verificar quanto coisa já sabem fazer: calçar os sapatos sozinhos, ajudar<br />

a cuidar dos menores durante a brinca<strong>de</strong>ira, escrever o próprio nome e<br />

até mergulhar em uma piscina, enxergando embaixo d’água!<br />

G5 M Toca, Toquinho!<br />

O grupo, que já adorava os poemas <strong>de</strong> Vinícius <strong>de</strong> Moraes, começou<br />

a conhecer as suas obras feitas em parceria com Toquinho. Pesquisamos<br />

com as crianças e seus pais um pouco da vida dos dois e<br />

apren<strong>de</strong>mos as músicas que compuseram juntos. Até fizemos uma<br />

paródia da música “A casa”, que chamamos <strong>de</strong> “A escola”.<br />

G2 T O sapo Tipi lava o pé?<br />

O querido boneco <strong>de</strong> sapo e as tradicionais canções <strong>de</strong>ram inspiração para uma<br />

história rimada exclusiva do G2. O sapo foi batizado <strong>de</strong> Tipi com a ajuda das<br />

crianças, que fizeram uma votação entre Tipi e Siri. Confeccionaram diversas<br />

ilustrações com sucatas e texturas, do Tipi e <strong>de</strong> seus “primos”, e apren<strong>de</strong>ram<br />

algumas coisas, pesquisando sobre os sapos. Vocês sabiam que os sapos nem<br />

sempre são ver<strong>de</strong>s, que eles não têm <strong>de</strong>ntes e comem moscas?<br />

G1 M Um pé <strong>de</strong> feijão<br />

mágico<br />

João e o pé <strong>de</strong> feijão é uma história<br />

que encantou o G1, mesmo<br />

sendo longa. Des<strong>de</strong> o plantio do<br />

feijão, confeccionaram diversos<br />

elementos da história, até o<br />

castelo do gigante. As crianças<br />

imitam o passo pesado do gigante<br />

e o mugido da vaca do João, a<br />

Branquinha.<br />

2<br />

<strong>Folha</strong>Jacaranda_ed<strong>18</strong>.indd 2 27/11/15 13:54


G1 T<br />

Festa <strong>de</strong> bruxa<br />

O livro Bruxa, bruxa, venha a minha festa, <strong>de</strong> Ar<strong>de</strong>n<br />

Druce, traz ilustrações incríveis, <strong>de</strong> meter medo... mas<br />

os pequenos adoram os personagens dos convidados e<br />

se divertem com o boneco da bruxa, cantando “Bruxinha<br />

bonitinha”.<br />

G5a T Receita <strong>de</strong> mentirinha, brinca<strong>de</strong>ira<br />

<strong>de</strong> verda<strong>de</strong><br />

As comidinhas inusitadas criadas pelo G5 foram feitas<br />

com materiais tão diversificados como folhas secas,<br />

algodão, lantejoulas, cascas <strong>de</strong> fruta. Confeccionar os<br />

pratos em dupla e registrar a receita por escrito foram<br />

<strong>de</strong>safios encarados com a maior <strong>de</strong>dicação, com a<br />

serieda<strong>de</strong> típica que as crianças <strong>de</strong>monstram em suas<br />

brinca<strong>de</strong>iras preferidas.<br />

NOTÍCIAS DOS GRUPOS<br />

G2 M Música e cartoon<br />

O repertório musical é uma forma <strong>de</strong> ampliar nossas<br />

referências: uma canção antiga <strong>de</strong>ntre escolas infantis<br />

fala da pantera cor-<strong>de</strong>-rosa. Você conhece? As crianças<br />

pequenas não, mas brincaram com a pantera <strong>de</strong> sua<br />

imaginação, até assistirem juntas o divertido <strong>de</strong>senho<br />

animado <strong>de</strong> Friz Freleng e David DePatie, criado para o<br />

filme <strong>de</strong> Blake Edwards, com a <strong>de</strong>liciosa trilha sonora <strong>de</strong><br />

Henri Mancini.<br />

G3 T Caixa <strong>de</strong> memórias<br />

Hoje, ontem e amanhã são noções complexas, que as crianças<br />

começam a construir <strong>de</strong>s<strong>de</strong> pequenas. O G3 resgatou suas<br />

conquistas do nascimento até agora, por meio <strong>de</strong> pesquisa<br />

com os pais, fotos e objetos <strong>de</strong> quando eram bebês. Com isso,<br />

pensam sobre suas memórias e conversam, trocando i<strong>de</strong>ias:<br />

“Não é que minha mãe nunca era bebê?”; “O adulto é gran<strong>de</strong>.”;<br />

“Mas o adulto já foi bebê!”<br />

G5b T Histórias <strong>de</strong> além-mar e da<br />

floresta daqui<br />

As origens do povo brasileiro estiveram presentes nas<br />

histórias do grupo. De Portugal, vimos uma pequena<br />

história em que se notam algumas diferenças da língua;<br />

da África, contos variados, como A princesa e a ervilha<br />

e As tranças <strong>de</strong> Bintou, e, dos povos indígenas nativos,<br />

histórias da coleção Um dia Na Al<strong>de</strong>ia. O resultado <strong>de</strong>ssa<br />

mistura pu<strong>de</strong>mos ver nas lendas brasileiras. Assim, bem<br />

inspirados, criamos em grupo uma história fantástica: a<br />

Monstra <strong>de</strong> Mil Braços e Mil Cabeças!<br />

G4 T Letra e música<br />

A MPB está na “crista da onda” do G4! Conheceram a<br />

Língua do P, <strong>de</strong> Sérgio Augusto, e fizeram uma sondagem<br />

<strong>de</strong> músicas que apreciam em casa: <strong>de</strong>ntre várias músicas<br />

<strong>de</strong>liciosas, apareceram O pato, <strong>de</strong> João Gilberto, Chocolate,<br />

<strong>de</strong> Tim Maia, e O sol e a lua, do Pequeno Cidadão.<br />

B M<br />

A família do bebê<br />

Agrupamento<br />

Com a chegada da primavera...<br />

... o Agrupa começou a cuidar do jardim da escola! Regam<br />

regularmente a horta, a jabuticabeira e a sapucaia. Criaram<br />

um canteirinho <strong>de</strong> flores <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um pneu e também<br />

plantaram sementes <strong>de</strong> girassol em vasinhos, que foram<br />

levados para casa.<br />

Inspirados pela história Tanto, tanto, fizemos um painel com<br />

fotos dos familiares <strong>de</strong> cada criança e sondamos como cada<br />

um brinca com o bebê. Aqui, estamos brincando <strong>de</strong> “upa,<br />

upa, cavalinho”, “serra-serra-serrador” e “dandá pra ganhar<br />

vintém”.<br />

Au-au, miau<br />

B T<br />

Você tem um bichinho <strong>de</strong> estimação? Os bebês convivem<br />

em casa com cachorros e gatos bem peludos e fofinhos.<br />

Aqui no Berçário, só com fotos e bichinhos <strong>de</strong> brinquedo...<br />

mas temos até um macaco roxo, que é muito querido!.<br />

VEJA MAIS EM <br />

3<br />

<strong>Folha</strong>Jacaranda_ed<strong>18</strong>.indd 3 27/11/15 13:54


TROCANDO IDEIAS<br />

As tabelas (na página 7, em QRco<strong>de</strong>), encontradas nas re<strong>de</strong>s sociais, embora não sejam precisas e<br />

mandatórias, servem <strong>de</strong> referência para abrir horizontes e trocar i<strong>de</strong>ias. E essa é a intenção chave <strong>de</strong>sta<br />

coluna do jornal, fomentar reflexão e discussão. E, principalmente, inspiração.<br />

Os relatos abaixo, tanto dos pais como da escola, mostram que os pequenos também fazem coisas gran<strong>de</strong>s.<br />

Cada criança com suas habilida<strong>de</strong>s e interesses particulares, nossos filhos po<strong>de</strong>m dar conta <strong>de</strong> tarefas mais<br />

complexas do que po<strong>de</strong>ríamos supor.<br />

Claro que nós, como mães e pais, temos uma função importante na conquista <strong>de</strong>sta tão falada autonomia.<br />

Sem espaço, uma plantinha não cresce. Ao confundir amor com excesso <strong>de</strong> zelo, no afã <strong>de</strong> evitar perigos,<br />

arriscamos boicotar as pequenas conquistas diárias dos nossos filhos.<br />

Um outro aspecto interessante a abordar é que o <strong>de</strong>senvolvimento das crianças, apesar <strong>de</strong> progressivo, não<br />

é linear. Num dia o filho arruma a cama. No outro esqueceu como se estica o lençol. Semana passada a filha<br />

amarrou o cadarço, mas ontem não conseguiu. Não existe involução. Talvez eles estejam dando um recado,<br />

pedindo um carinho, recusando o avanço do relógio.<br />

Afinando os ouvidos, quase é possível escutá-los dizendo: Crescer é bom, mas podia ser só <strong>de</strong> vez em<br />

quando.<br />

Com vassourinha e avental,<br />

ajuda em tudo<br />

A Valentina, <strong>de</strong> 3 anos e 2 meses, fala<br />

que não é mais bebê e quer fazer tudo<br />

sozinha. Com ajuda dos pais, escova os<br />

<strong>de</strong>ntes, coloca o sapato e se veste. Come<br />

sozinha e dá até banho nas bonecas.<br />

E, com uma vassourinha e avental <strong>de</strong><br />

coelhinho, está sempre pronta pra ajudar<br />

a mãe na hora <strong>de</strong> arrumar a mesa ou fazer<br />

comida. Mas o difícil é convencê-la a<br />

guardar seus brinquedos sozinha!<br />

Paula e Rodrigo, pais da Valentina, do G2<br />

Fome <strong>de</strong> números<br />

A mãe Karine perguntou a Martina,<br />

<strong>de</strong> 6 anos, o que ela gostaria <strong>de</strong> fazer<br />

sozinha. A resposta foi: o dois. E, das<br />

coisas que já faz, o que mais gosta? O<br />

cinco. Suas respostas e a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

saber escrever os números surpreen<strong>de</strong>ram<br />

a mãe. Isso é autonomia para Martina.<br />

Karine, mãe <strong>de</strong> Martina, do G5<br />

Com a trena, me<strong>de</strong> tudo o que<br />

vê pela frente<br />

O Matias, <strong>de</strong> 2 anos e 6 meses, ainda não<br />

consegue fazer xixi e cocô sozinho, sem<br />

a fralda. Mas é um mestre em preparar<br />

pizzas usando todos os utensílios<br />

domésticos. E ainda sabe medir tudo<br />

com a trena, que o vovô ensinou a usar.<br />

Tem ainda outra habilida<strong>de</strong>: quando um<br />

brinquedo quebra, lá vai ele consertar com<br />

martelo e alicate.<br />

Guilherme Young, pai <strong>de</strong> Matias, do G2<br />

A<br />

pequena autônoma e o<br />

perguntador<br />

A Leila, <strong>de</strong> 1 ano e 10 meses, já<br />

abandonou as fraldas. Abaixa sozinha a<br />

calça e a calcinha, sobe no penico e faz<br />

seu xixi ou cocô. Come sozinha e prefere<br />

o garfo a colher. Também se limpa com<br />

o guardanapo e quer se vestir sozinha...<br />

mas isso, ela ainda não consegue. A Leila<br />

adora dar a escova <strong>de</strong> <strong>de</strong>nte para o irmão,<br />

Antonio, <strong>de</strong> 4 anos, mas não sem antes<br />

dar uma lambidinha na pasta. O mais<br />

velho, sim, já se veste sozinho, passa pano<br />

nos móveis e separa a couve pra colocar<br />

na bacia <strong>de</strong> água. Adora fazer perguntas<br />

e anda interessado na China. “Mãe, não<br />

é que a China fica em baixo <strong>de</strong> on<strong>de</strong> a<br />

gente mora? E quando é dia aqui, é noite<br />

lá? E quando chove aqui, não chove na<br />

China?” Ele dá a volta ao mundo….Mas a<br />

gran<strong>de</strong> frustração ainda é não conseguir<br />

apertar o botão no elevador!<br />

Mariana, mãe da Leila, do G1, e Antonio<br />

Oliveira, do G3<br />

Um super ajudante no mercado<br />

O Lev, <strong>de</strong> 3 anos e 2 meses,<br />

dorme sozinho <strong>de</strong>pois da historinha, mas<br />

misteriosamente acorda na cama dos<br />

pais. Na hora <strong>de</strong> levantar, abre o armário,<br />

arranca o sapato escolhido, bagunçando<br />

todos os outros. Fecha o armário, abre <strong>de</strong><br />

<strong>nov</strong>o, escolhe roupa, arranca meia do pé,<br />

mas ainda se enrola pra calçá-la. A calça<br />

ele tira. E a camiseta? Um atrapalho só.<br />

Vestir-se, então, nem pensar. Quando vai<br />

ao mercado com os pais, ajuda a encher o<br />

carrinho com <strong>de</strong>sentupidor <strong>de</strong> pia, fraldas<br />

(geriátricas), fita isolante, biscoito canino<br />

(apesar da família não ter cachorro). Na<br />

hora do almoço, abre a gaveta e pega o<br />

jogo americano (só pra ele e pra Nara, o<br />

resto que se vire). Abre e fecha a tampa<br />

da pasta <strong>de</strong> <strong>de</strong>nte e do xampu, mas<br />

prefere que os pais escovem seus <strong>de</strong>ntes<br />

e lavem seus cabelos. E, na hora <strong>de</strong> dormir<br />

<strong>nov</strong>amente, o in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte Lev pe<strong>de</strong>:<br />

“<strong>de</strong> fralda, mamãe, porque ainda sou<br />

pequenininho”.<br />

Paula, mãe do Lev, do G2<br />

Look completo<br />

Anita, <strong>de</strong> 4 anos e 4 meses, já<br />

coloca roupa e sapatos sozinha. E tudo<br />

escolhido por ela! Na hora do banho,<br />

também não quer ajuda. E, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

comer, ainda lava a louça <strong>de</strong> materiais que<br />

não quebram.<br />

Vladimir, pai <strong>de</strong> Anita, do G4<br />

4<br />

<strong>Folha</strong>Jacaranda_ed<strong>18</strong>.indd 4 27/11/15 13:54


Refeições sem ajuda<br />

A Maria, <strong>de</strong> 4 anos e 3 meses, já<br />

faz quase tudo sozinha. Principalmente<br />

na hora das refeições. Lava as mãos,<br />

come, escova os <strong>de</strong>ntes, pega um copo<br />

<strong>de</strong> água. Também usa o banheiro sem<br />

muita ajuda, mas ainda com alguma<br />

supervisão dos pais. Quando vai sair<br />

<strong>de</strong> casa, Maria faz questão <strong>de</strong> se vestir<br />

sozinha e carregar a mochila da escola.<br />

Lucas, pai <strong>de</strong> Maria, do G4<br />

Banho supervisionado só por<br />

causa da falta d’ água<br />

Artur, <strong>de</strong> 5 anos e 10 meses, já tomaria o<br />

banho todo sozinho. Mas, por causa da<br />

crise hídrica, a mãe assume a tarefa para<br />

que ele não gaste muita água. Também<br />

consegue se vestir sozinho, mas o difícil é<br />

parar <strong>de</strong> brincar pra fazer isso! Já comer<br />

e escovar os <strong>de</strong>ntes é fácil e os pais hoje<br />

em dia só dão uma checada final. E se a<br />

mãe resolve dormir até mais tar<strong>de</strong>, o Artur<br />

levanta sozinho e esquenta até o leite do<br />

café da manhã no microondas.<br />

Janaina, mãe <strong>de</strong> Artur, do G5<br />

Ajuda até a cuidar da irmã<br />

O Felipe, <strong>de</strong> 5 anos e 6 meses,<br />

está cada vez mais animado com a<br />

escovação dos <strong>de</strong>ntes. Os pais nem<br />

precisam pedir. Ele mesmo avisa que<br />

é hora, pega a escova, a pasta, e quer<br />

fazer tudo sozinho. Pra tomar banho, é<br />

do mesmo jeito. Tira a roupa toda, se<br />

enrosca na camiseta e às vezes quer se<br />

lavar também sem ajuda. A mãe fica só<br />

<strong>de</strong> olho. Felipe também já <strong>de</strong>monstra<br />

autonomia pra ajudar a cuidar da irmã<br />

menor. Fica preocupado se ela está<br />

sozinha em casa, supervisiona, tira<br />

objetos que acha perigosos das mãos<br />

<strong>de</strong>la.<br />

Luciana, mãe do Felipe, do G5<br />

Um italianinho na cozinha<br />

O nome <strong>de</strong> origem italiana já diz<br />

tudo! Luca, <strong>de</strong> 5 anos e 10 meses, adora<br />

amassar e abrir a pizza que o pai prepara.<br />

E também está sempre pronto pra fazer<br />

macarronada! Mexe na massa fresca,<br />

passa no cilindro, corta e coloca pra<br />

secar. Luca também já arruma sua cama<br />

sozinho antes <strong>de</strong> sair <strong>de</strong> casa e dá bronca<br />

se os pais não fazem o mesmo na cama<br />

<strong>de</strong>les. O <strong>de</strong>safio agora é apren<strong>de</strong>r a andar<br />

<strong>de</strong> bicicleta, mas ele está quase lá!<br />

Carol e Márcio, pais do Luca, do G5<br />

Irmã mais velha ajuda o pequeno<br />

a apren<strong>de</strong>r<br />

Na casa do João, <strong>de</strong> 3 anos e 4 meses,<br />

há momentos em que a autonomia vai e<br />

vem. Muitas vezes, ele e a irmã Gabriela,<br />

<strong>de</strong> 8 anos, fazem coisas sozinhos e, dias<br />

<strong>de</strong>pois, pe<strong>de</strong>m ajuda dos pais para as<br />

mesmas situações. Para a mãe, isso<br />

significa um pedido <strong>de</strong> carinho, uma<br />

vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> não crescer ou até preguiça,<br />

às vezes. Mas os movimentos mais<br />

interessantes <strong>de</strong> autonomia do pequeno<br />

acontecem com o incentivo da irmã<br />

mais velha. Certa vez, João se recusava<br />

a apren<strong>de</strong>r a andar <strong>de</strong> chinelos <strong>de</strong> <strong>de</strong>do<br />

quando a mãe mostrava como fazer. Foi<br />

só a Gabriela assumir o papel <strong>de</strong> ensinar<br />

que o danadinho saiu andando com a<br />

maior facilida<strong>de</strong>.<br />

Ligia, mãe do João, do G3<br />

O<br />

rei do quebra-cabeça<br />

O Henrique, <strong>de</strong> 3 anos e 11<br />

meses, já se veste sozinho, apesar <strong>de</strong><br />

muitas vezes colocar a<br />

camiseta do lado errado. Também põe e<br />

tira sapatos e sandálias, mas ainda não<br />

sabe amarrar o cadarço. Mas o que ele<br />

mais adora é montar quebra-cabeça.<br />

Seu gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio é terminar um <strong>de</strong> 500<br />

peças que ganhou no último aniversário!<br />

A mãe tentou guardar pra mais tar<strong>de</strong>,<br />

mas Henrique pediu insistentemente.<br />

Com ajuda dos pais, hoje ele já terminou<br />

várias vezes o super quebra-cabeça e<br />

consegue montar muitas partes sozinho.<br />

Paula, mãe <strong>de</strong> Henrique, do G3<br />

Autonomia até pra reciclar o<br />

lixo<br />

O Guillermo, <strong>de</strong> 3 anos e 10 meses, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

muito pequeno sempre quis participar<br />

<strong>de</strong> todo tipo <strong>de</strong> tarefa. Com 1 ano, já<br />

buscava a pá quando os pais começavam<br />

a varrer a casa! Hoje, ele põe a mesa do<br />

café da manhã, pegando até as coisas<br />

na gela<strong>de</strong>ira, espreme laranjas e sabe<br />

separar o que é lixo reciclável e o que não<br />

é. Nos cuidados pessoais, também faz <strong>de</strong><br />

tudo. Consegue se vestir, se lavar, escovar<br />

os <strong>de</strong>ntes e até já apren<strong>de</strong>u a dar o nó no<br />

cadarço do sapato. Agora, só falta o laço!<br />

Valéria, mãe do Guillermo, do G3<br />

TROCANDO IDEIAS<br />

Cinco filhos, cinco maneiras <strong>de</strong><br />

ter autonomia<br />

A professora Lilian é mãe <strong>de</strong> 5 filhos,<br />

entre 2 e 19 anos. Mas, como toda mãe,<br />

ainda é cheia <strong>de</strong> dúvidas sobre a hora<br />

certa <strong>de</strong> ter autonomia. “Deixar sair<br />

sozinho, para on<strong>de</strong>, com quem. Com<br />

certezas e incertezas, acho que o mais<br />

importante é passarmos segurança e<br />

mostrarmos à criança que ela é capaz”,<br />

diz. O David, <strong>de</strong> 2 anos, já consegue<br />

comer sozinho, até frutas inteiras, e tirar<br />

os sapatos. O irmãos mais velhos são o<br />

gran<strong>de</strong> exemplo, tanto para experimentar<br />

quanto para imitar. No fim das refeições,<br />

o pequeno copia os outros e tira o seu<br />

prato da mesa.<br />

Já o Thomas, <strong>de</strong> 8 anos, gosta muito <strong>de</strong><br />

ajudar David em tudo. Faz também a sua<br />

lição <strong>de</strong> casa sozinho, e lava a louça duas<br />

vezes por semana, uma combinação da<br />

família.<br />

A Luanna, <strong>de</strong> 14 anos, é a “mãezona” dos<br />

meninos. A Lilian, vira e mexe, precisa<br />

lembrá-la: “A mãe aqui sou eu”. Ela já<br />

andou <strong>de</strong> metrô e ônibus sozinha, mas,<br />

claro, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> a mãe fazer o trajeto<br />

junto várias vezes. “Mesmo assim,<br />

confesso que morri <strong>de</strong> medo.” Agora,<br />

a Luanna - e a mãe também - terão<br />

mais um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio. Ela ganhou <strong>de</strong><br />

presente <strong>de</strong> 15 anos<br />

uma viagem para visitar o tio em Londres,<br />

sozinha. “Imaginem meu coração.”<br />

A Ju, <strong>de</strong> 13 anos, não mora com a Lilian,<br />

mas a preocupação é a mesma. Sai<br />

bastante sozinha e faz a mãe sempre se<br />

perguntar o que é ou não a<strong>de</strong>quado para<br />

ela com a ida<strong>de</strong> que tem.<br />

O mais velho, Gabriel, <strong>de</strong> 19 anos, já<br />

está na faculda<strong>de</strong> e namora. Já passou<br />

por todas as fases em que os irmãos<br />

estão, mas a mãe está sempre por perto,<br />

supervisionando. “Para cada faixa etária<br />

vamos soltando a corda e, com muita<br />

conversa, ensinamos o passo a passo <strong>de</strong><br />

cada pequeno avanço”, diz. “Amamos<br />

muito nossos filhos e não queremos<br />

vê-los sofrer, mas precisamos ensinálos<br />

a caminhar. E o primeiro passo<br />

é na primeira infância, quando suas<br />

conquistas<br />

darão força para continuarem dando seus<br />

passos até terem asas para voar.”<br />

Lilian, mãe do David, do G1, e professora<br />

auxiliar do G3 e do G5<br />

<strong>Folha</strong>Jacaranda_ed<strong>18</strong>.indd 5 27/11/15 13:54


TROCANDO IDEIAS COM A ESCOLA<br />

Deixar que as crianças façam sozinhas aquilo que elas já conseguem: esse é o lema da autonomia na escola.<br />

Quando afirmamos “<strong>de</strong>ixar que”, está implícito que ali, junto à criança, está um adulto, que lhe autoriza a ação e<br />

discrimina o que ela já po<strong>de</strong> e o que ainda não po<strong>de</strong> fazer por si. Ou seja, a criança não está inteiramente sozinha,<br />

está sempre (ou <strong>de</strong>ve estar) amparada por um adulto cuidador.<br />

Embora sutil, é fundamental a diferença entre amparada e dirigida: o adulto precisa suportar que a criança faça<br />

algumas coisas sem a sua interferência e, portanto, cometa erros, enfrente dificulda<strong>de</strong>s e frustrações, amparando-a,<br />

consolando-a, encorajando-a, e não a corrigindo o tempo todo. Por isso, o adulto escolher em que a criança já po<strong>de</strong><br />

agir sozinha é tão importante: afinal, não é <strong>de</strong> tudo que a criança pequena po<strong>de</strong> assumir as conseqüências.<br />

Em situações que envolvem riscos à sua segurança, por exemplo (na rua, em piscinas, escadas rolantes, locais altos,<br />

perto <strong>de</strong> fiação elétrica ou objetos cortantes), a criança nunca <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>ixada livre para fazer as coisas “do seu<br />

jeito”, mas sim seguir as orientações dos adultos.<br />

Cada criança adquire autonomia em <strong>de</strong>terminados aspectos a um tempo próprio, <strong>de</strong> acordo com suas capacida<strong>de</strong>s,<br />

seu estilo e as oportunida<strong>de</strong>s que experimenta – assim, achamos ina<strong>de</strong>quado fazer uma tabela, que po<strong>de</strong> parecer<br />

normativa.<br />

Relacionamos abaixo o que incentivamos em cada ida<strong>de</strong> e, portanto, o que as crianças costumam conquistar na<br />

escola, com a prática diária.<br />

1º ano <strong>de</strong> vida<br />

1-Brincar por si só, <strong>de</strong>itado no chão, com objetos seguros<br />

ao alcance<br />

2-Pegar os pedaços <strong>de</strong> comida com a mão do jeito que<br />

quiser<br />

3-Segurar mama<strong>de</strong>ira e copo <strong>de</strong> transição (com bico), para<br />

beber<br />

4-Subir engatinhando rampas ou escadas (com o cuidado<br />

do adulto no local alto)<br />

1 a 2 anos<br />

1-Tirar calçados e meias e colocar no cesto <strong>de</strong> sapatos<br />

2-Comer com as mãos, com uma colher e com garfo (para<br />

espetar frutas)<br />

3-Beber num copo <strong>de</strong> transição e em canecas ou copos<br />

4-Guardar brinquedos na estante, em caixa ou cesto<br />

5-Andar e circular por locais conhecidos<br />

6-Pedir canções ou histórias conhecidas, por meio <strong>de</strong><br />

gestos ou fala<br />

7-Subir escadas engatinhando e <strong>de</strong>scer “<strong>de</strong> bumbum”<br />

2 a 3 anos<br />

1-Tirar calça, saia ou shorts<br />

2-Comer com colher e garfo, beber em copos (com<br />

pequena quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> líquido)<br />

3-Guardar brinquedos <strong>de</strong> modo classificado e organizado<br />

em <strong>de</strong>terminados lugares<br />

4-Jogar lixo na lixeira<br />

5-Jogar resto <strong>de</strong> lanche no cestinho, empilhar copos e<br />

pratos após o lanche<br />

6-Desembrulhar lanches e abrir potes<br />

7-Abrir e fechar torneiras<br />

8-Pular com os dois pés<br />

9-Abrir mochilas com zíper e pegar ou guardar casacos e<br />

ca<strong>de</strong>rnetas<br />

10-Reconhecer os próprios pertences, como colchão com<br />

lençol, escova <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes, chupeta<br />

11-Separar frutas do suco e levá-las à cozinha<br />

12-Distribuir objetos para o grupo (pratos para o lanche,<br />

papel para <strong>de</strong>senho, peças <strong>de</strong> um jogo)<br />

3 a 4 anos<br />

1-Tirar a roupa completa e vestir roupas <strong>de</strong>scomplicadas<br />

2-Calçar meias, sapatos e sandálias simples<br />

3-Guardar seus trabalhos no escaninho, os jogos em suas<br />

caixas<br />

4-Usar o banheiro (limpar o bumbum ainda requer ajuda) e<br />

apertar a <strong>de</strong>scarga<br />

5-Escovar os <strong>de</strong>ntes e lavar as mãos (uma das escovadas<br />

diárias precisa ainda <strong>de</strong> supervisão e ajuda, bem como<br />

lavar as mãos se estiverem muito sujas)<br />

6-Subir e <strong>de</strong>scer escadas usando corrimão<br />

7-Utilizar cola branca e cola bastão<br />

8-Tirar camiseta <strong>de</strong> pintura, colocá-la na caixa e lavar seu<br />

pincel<br />

9-Sentar-se em roda<br />

10-Chutar e arremessar bolas com direção<br />

4 a 5 anos<br />

1-Assoar o nariz<br />

2-Organizar cantos <strong>de</strong> brinquedos, cenários<br />

3-Servir o próprio prato<br />

4-Recortar<br />

5-Reconhecer e escrever o próprio nome em letras <strong>de</strong><br />

imprensa maiúsculas<br />

6-Abrir e fechar o portãozinho <strong>de</strong> acesso à escada<br />

7-Calçar sandálias e sapatos com fivela<br />

8-Dar cambalhotas (o adulto precisa supervisionar o local)<br />

9-Dar recados oralmente<br />

5 a 6 anos<br />

1-Amarrar o cadarço, dar laços<br />

2-Servir-se <strong>de</strong> suco e usar facas (sem ponta)<br />

3-Pegar o estojo, apontar os lápis e recolhê-los após uso<br />

4-Pegar seu ca<strong>de</strong>rno, utilizar as páginas em sequência e<br />

guardá-lo no lugar<br />

5-Usar o banheiro, limpando o bumbum e lavando<br />

corretamente as mãos<br />

6-Resolver os conflitos verbalmente<br />

7-Usar autonomamente regras <strong>de</strong> jogos e brinca<strong>de</strong>iras já<br />

aprendidas coletivamente<br />

8-Pular corda<br />

9-Pedalar sem rodinhas<br />

Equipe <strong>Jacarandá</strong><br />

6<br />

<strong>Folha</strong>Jacaranda_ed<strong>18</strong>.indd 6 27/11/15 13:54


DEPOIMENTOS DAS CRIANÇAS<br />

“Eu monto prédio com os blocos e já sei<br />

fazer bola <strong>de</strong> chiclete. Só que quero<br />

escrever uma coisa bonita para um amigo<br />

que eu gosto, mas ainda não consigo. É<br />

chato!” Antonio F., 5 a 6 m, G5<br />

“O que eu gostaria <strong>de</strong> fazer sozinha, mas<br />

minha mãe não <strong>de</strong>ixa? Ficar sem a minha<br />

irmã no quarto!” Micaella, 6 a 3 m, G5<br />

“Já sei lavar as mãos, escovar os <strong>de</strong>ntes e<br />

fazer xixi sozinha. Mas tomar banho ainda<br />

preciso da ajuda da mamãe. É porque não dá<br />

para lavar as costas!” Isabela, 3a 11m, G3<br />

“O sapato é fácil <strong>de</strong> colocar, mas a meia<br />

não!” Antonio O., 4a, G3<br />

“Danço balé, mas não sei fazer macarrão”.<br />

Pina, 3a 5m, G3<br />

melhores estímulos por faixa etária<br />

tarefas domesticas<br />

7<br />

<strong>Folha</strong>Jacaranda_ed<strong>18</strong>.indd 7 27/11/15 13:54


8<br />

VEJA MAIS NO BLOGJACARANDA.BLOGSPOT.COM<br />

<strong>Folha</strong>Jacaranda_ed<strong>18</strong>.indd 8 27/11/15 13:54


A seção literária traz um conto para pais e filhos lerem juntos - avós, tios, primos e amigos também! Neste nº,<br />

um conto norueguês para vocês embarcarem na fantasia...<br />

A Boneca da Grama<br />

adaptação <strong>de</strong> Asbjornson, por Lucas Valadares<br />

ssa história começa com um rei. Em um belo<br />

dia, olhou para os <strong>de</strong>dos das mãos e lembrou que<br />

já estava na hora <strong>de</strong> dar para cada um dos seus<br />

<strong>de</strong>z filhos, um cavalo branco cor <strong>de</strong> neve, um<br />

casaco e um chapéu com uma pluma, para que eles<br />

cavalgassem em busca <strong>de</strong> uma esposa que soubesse<br />

fiar, tecer e branquear uma camisa num só dia, num<br />

clarear <strong>de</strong> espuma. O rei não queria outra como<br />

nora.<br />

Os <strong>nov</strong>e irmãos conversaram entre si, e chegaram<br />

à conclusão <strong>de</strong> que não levariam o irmão caçula, o<br />

irmão João, o <strong>de</strong>do mindinho daquela situação, pois<br />

não po<strong>de</strong>riam per<strong>de</strong>r tempo cuidando <strong>de</strong>le.<br />

Tristonho ficou João ao vê-los partindo pela relva e<br />

com alguma esperança <strong>de</strong> que seus irmãos pu<strong>de</strong>ssem<br />

nota-lo, ele acenou dizendo tchau. Mas sua voz era<br />

tão baixinha que quase ninguém po<strong>de</strong>ria ouvi-la. A<br />

não ser uma menina serelepe que por ali passava:<br />

- Você não quer vir comigo procurar a boneca da<br />

grama?<br />

João também queria cumprir a tarefa assim<br />

como seus irmãos maiores e <strong>de</strong>cidiu tentar a sorte<br />

aceitando prontamente a ajuda da menina. Acenou<br />

que sim com a cabeça e com o indicador apontando<br />

para o alto, disse:<br />

- Opa, peraê que eu vou!<br />

Lá foram eles com as mãos<br />

entrelaçadas, por estradas que<br />

passavam por campos ver<strong>de</strong>s<br />

e cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sconhecidas, sem<br />

medo. Logo encontraram a<br />

linda boneca da grama, sentada<br />

numa ca<strong>de</strong>irinha, junto a um<br />

lago, num belo parque. João a<br />

olhou, encantado, sem saber<br />

o que dizer, mas a boneca lhe<br />

interrogou:<br />

- Aon<strong>de</strong> você vai, João?!<br />

Ele respon<strong>de</strong>u sem <strong>de</strong>mora,<br />

dobrando o <strong>de</strong>dão direito<br />

para <strong>de</strong>ntro da sua palma e<br />

esten<strong>de</strong>ndo <strong>nov</strong>e <strong>de</strong>dos:<br />

- Estou à procura, assim<br />

como meus <strong>nov</strong>e irmãos, a<br />

pedido do meu pai, <strong>de</strong> uma<br />

moça que saiba fiar, tecer e<br />

branquear uma camisa num só<br />

dia. Sem cavalo e casaco, e sem<br />

Ilustração “The Doll in the Grass” <strong>de</strong> The Fairy Ring editado por Kate Douglas Wiggin<br />

e Nora Archibald Smith - ilustrado por Elizabeth MacKinstry, publicado em 1910.<br />

um chapéu com pluma, cá estou andando em busca<br />

da minha fortuna!<br />

A boneca, apesar <strong>de</strong> pequena e feita <strong>de</strong> grama,<br />

galhos e folhas, tinha muitas habilida<strong>de</strong>s e sem<br />

<strong>de</strong>mora, <strong>de</strong>u um jeito <strong>de</strong> com o mais puro algodão,<br />

fiar e tecer um tecido digno <strong>de</strong> um rei. A boneca <strong>de</strong><br />

grama costurou uma camisa branquinha que, mesmo<br />

sendo pequena como ela, fez com que João voltasse<br />

para casa correndo e falando da <strong>nov</strong>ida<strong>de</strong> aos quatro<br />

ventos. Todos ficaram admirados com a beleza da<br />

camisa! Então, seu pai lhe disse para trazer aquela<br />

moça tão prendada e casar-se com ela, sem saber que<br />

era uma boneca <strong>de</strong> grama.<br />

João voltou para pegar a boneca, <strong>de</strong>sta vez<br />

com o seu cavalo! A boneca lhe disse que só viajaria<br />

numa carruagem <strong>de</strong> prata puxada por dois cavalinhos<br />

brancos. João era muito esperto e, com todo cuidado,<br />

acomodou a bonequinha numa bela colher <strong>de</strong> prata,<br />

atrelada a dois ratinhos brancos, e partiram.<br />

Ao chegaram num riacho, o cavalo do João se<br />

assustou e <strong>de</strong>rrubou a boneca <strong>de</strong> sua colher <strong>de</strong> prata,<br />

direto na água... Toda ensopada, ela saiu do riacho<br />

mais linda do que antes, agora uma moça do tamanho<br />

do João! Ela montou no cavalo e saiu com ele numa<br />

só cavalgada, pois para João era tudo ou nada.<br />

Ao chegar em casa, viu os <strong>nov</strong>e irmãos<br />

acompanhados <strong>de</strong> <strong>nov</strong>e<br />

mulheres, cada uma mais feia<br />

que a outra, sem saber fiar, tecer<br />

e branquear. Elas só queriam<br />

saber do ouro que ganhariam<br />

<strong>de</strong>pois do casamento e faziam<br />

muito barulho, com os <strong>de</strong>dos da<br />

mão estalando em confusão! O<br />

rei expulsou todas elas <strong>de</strong> lá, só<br />

ficando João com a sua noiva. A<br />

menina que o ajudou ficou sua<br />

amiga e foi morar no castelo.<br />

Eles viveram juntos por<br />

muitos anos e tiveram muitos<br />

filhos.<br />

A boneca da grama fez<br />

uma camisa para cada criança<br />

e agora, felizes por todos os<br />

lados, os dois contavam nos<br />

<strong>de</strong>dos para que chegasse o dia<br />

<strong>de</strong> vestir cada um dos seus<br />

filhos.<br />

<strong>Folha</strong>Jacaranda_ed<strong>18</strong>.indd 9 27/11/15 13:54


JANAÍNA E OS PASSINHOS PRA INDEPENDÊNCIA<br />

NOSSA GENTE<br />

Foi com o bairro do Ipiranga, on<strong>de</strong> está o Museu da In<strong>de</strong>pendência, que começamos<br />

o papo com a Janaína exatamente sobre isso, in<strong>de</strong>pendência, autonomia. No Ipiranga<br />

Jana nasceu e é lá on<strong>de</strong> ela mora até hoje.<br />

Lá Janaína teve uma infância cercada <strong>de</strong> boas lembranças, como as incríveis receitas<br />

<strong>de</strong> bolo <strong>de</strong> areia que criava com os primos. A pequena Janaína se divertiu como se<br />

divertem hoje suas duas filhas, Mayra <strong>de</strong> 13 anos e Nayana, <strong>de</strong> 7, com quem gosta <strong>de</strong><br />

assistir filmes e fazer piquenique.<br />

Sempre gostou <strong>de</strong> praia e, sempre que po<strong>de</strong>, vai recarregar suas energias em Trinda<strong>de</strong>.<br />

Estudou muitos anos na Vila Madalena, pois foi lá que sua mãe encontrou uma escola<br />

construtivista que, para ela, era o melhor lugar para a filha apren<strong>de</strong>r, brincar, crescer.<br />

Era daquelas alunas que adorava ler, mas não se dava bem com as matérias <strong>de</strong> exatas.<br />

De lá, partiu para o ensino médio no Colégio Equipe e, em seguida, se formou em<br />

Psicologia.<br />

O encontro com a educação infantil não foi algo planejado. Simplesmente aconteceu,<br />

como as coisas mágicas acontecem na vida. Recém-formada, foi convidada para<br />

substituir uma professora em licença médica e não largou mais essa paixão.<br />

Jana está na <strong>Jacarandá</strong> faz 5 anos e hoje é professora do Grupo 2 da manhã.<br />

Na escola Janaína se encontra, abraça os valores nos quais acredita, principalmente<br />

a relação <strong>de</strong> respeito com cada uma das crianças, esse pensamento individual e<br />

humanizado ligado ao afeto.<br />

A professora Janaína procura exercitar todos os dias a autonomia com seus alunos.<br />

Apesar <strong>de</strong> ainda bem pequenos, e sempre respeitando o tempo <strong>de</strong> cada criança, diariamente são incentivados e apoiados para<br />

tomadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões, para organizarem brinquedos e livros, e levarem as frutas até a cozinha. Pequenas coisas que são imensas<br />

nessa ida<strong>de</strong>.<br />

Com Mayra e Nayana não é diferente: tudo é feito com carinho, amor e respeito aos tempos e momentos certos, mas sempre a<br />

autonomia é colocada nas ações do dia a dia. A mais <strong>nov</strong>a agora já prepara o próprio café-da-manhã e arruma o cabelo e a mais<br />

velha apren<strong>de</strong>u a cozinhar!<br />

Jana foi criada pela mãe, que lhe dava autonomia, força e apoio, numa relação <strong>de</strong> profunda e <strong>de</strong>licada parceria. Essa herança<br />

Janaína traz para sua relação com suas duas meninas, oferecendo liberda<strong>de</strong> e cuidados, limites e confiança.<br />

Apesar <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r a importância <strong>de</strong> criar os filhos para o mundo, <strong>de</strong> prepará-los para uma existência própria, Janaína procura<br />

não esquecer do agora. Prefere viver a relação com suas filhas passo a passo, momento a momento, <strong>de</strong>scoberta por <strong>de</strong>scoberta,<br />

ensinando a importância e a beleza <strong>de</strong> viver o hoje, as coisas da família, as coisas que a vida vai colocando na nossa frente.<br />

Atualmente, mais importante ainda valorizar o tempo que passam juntas, já que Jana se divi<strong>de</strong> entre o trabalho na <strong>Jacarandá</strong>, a<br />

clínica <strong>de</strong> psicologia e a especialização em educação infantil que está concluindo neste ano.<br />

Assim, do jeito <strong>de</strong>la, vai incentivando questionamentos e promovendo naturalmente os movimentos para que todas as crianças<br />

que estão à sua volta, filhas e alunos, sigam em direção a felicida<strong>de</strong> e autonomia.<br />

A PRAÇA É NOSSA<br />

CURTA!<br />

Datas especiais<br />

Nascimentos: no dia 08 <strong>de</strong> outubro,<br />

nasceram os irmãos do Martim (G3t),<br />

Francisco e Madalena. Parabéns e<br />

felicida<strong>de</strong>s!<br />

Vamos passear! Todas as turmas, <strong>de</strong> G2<br />

a G5, fizeram passeios a fazendinhas no<br />

mês <strong>de</strong> <strong>nov</strong>embro, para po<strong>de</strong>r se divertir<br />

com os colegas num ambiente com<br />

A Praça Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Barcelos é um daqueles lugares que a gente quase não acredita que fica na nossa<br />

cida<strong>de</strong>. Bonita, plana, arborizada, bem cuidada e limpa, ela está no meio <strong>de</strong> uma região só <strong>de</strong> casas no Alto<br />

<strong>de</strong> Pinheiros. O parquinho é todo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, com sombra e trilha sonora constante <strong>de</strong> passarinhos. Tem<br />

brinquedão, balanços, gangorras, cavalos, escorregador e ainda um tanque <strong>de</strong> areia em que os moradores<br />

<strong>de</strong>ixam baldinhos e outros brinquedos para quem quiser usar. Tudo cercado, para que as crianças possam<br />

brincar com autonomia, sem se per<strong>de</strong>r dos pais. Uma das gran<strong>de</strong>s responsáveis por essa beleza toda é uma<br />

família que mora por ali e paga um zelador para cuidar diariamente do lugar. Mas, claro, a praça é pública, da<br />

cida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> todo mundo.<br />

Praça Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Barcelos - Rua Bennet - Alto <strong>de</strong> Pinheiros - Mais indicada para crianças pequenas, até 4 anos<br />

animais e mais área ver<strong>de</strong>.<br />

Dia 12 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro – FORMATURA dos<br />

Grupos 5: um encontro exclusivo com<br />

pais dos alunos <strong>de</strong> G5 e equipe pedagógica<br />

para celebrar a conclusão da Educação<br />

Infantil<br />

Dia 17 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro: último dia <strong>de</strong> aula<br />

com ESCOLA ABERTA – reservem a<br />

data na agenda para vir compartilhar<br />

um pouco da escola antes das férias e<br />

se <strong>de</strong>spedir dos amigos e professores<br />

CURSO DE FÉRIAS: <strong>de</strong> 04 a 22/ janeiro<br />

recesso: <strong>de</strong> 25 a 29/jan<br />

Início das aulas em 2016: dia 1º <strong>de</strong><br />

fevereiro<br />

Expediente<br />

<strong>Jacarandá</strong>: Alessandra Nogueira, Tânia Rezen<strong>de</strong> e Vitória Sá<br />

Participaram <strong>de</strong>sta edição: Ana Cecília Aranha (mãe da Isabel F. e da Beatriz), Débora Lublinski (mãe da Marina C.), Karine<br />

Simone (mãe da Martina), Leandro Castilho (pai do Vittorio), Lucas Valadares (pai da Maria), Marcio Men<strong>de</strong>s (pai do Luca), Maria<br />

Rosenthal (mãe do José), Paula Man<strong>de</strong>l (mãe da Nara e do Lev), Rafaela Bernar<strong>de</strong>s (mãe do Guilherme P.), Renata Cafardo (mãe<br />

do Antonio T.), Renata Pereira (mãe do Felipe A.).<br />

<strong>Folha</strong>Jacaranda_ed<strong>18</strong>.indd 10 27/11/15 13:54

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!