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FOLHA DE JACARANDÁ - ANO XX - N.20 - 2016

Jornal elaborado por uma comissão formada por membros da escola, mães e pais voluntários. Publicado bimestralmente, tem distribuição interna e gratuita.

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<strong>ANO</strong> <strong>XX</strong> | NÚMERO 20 | JUNHO <strong>DE</strong> <strong>2016</strong><br />

RUA ITAGUABA, 154, PACAEMBU | SÃO PAULO - SP<br />

WWW.ESCOLAJACARANDA.COM.BR<br />

“É PRECISO UMA AL<strong>DE</strong>IA INTEIRA PARA<br />

CRIAR UMA CRIANÇA”DITADO AFRIC<strong>ANO</strong><br />

Há muito mais entre família e criação<br />

de filhos do que sonha nossa vã<br />

onipotência.<br />

As crianças estão sujeitas, além<br />

de nosso arsenal voluntário investido<br />

em sua criação, às referências<br />

evidentes como a escola, a cultura<br />

estampada nos livros, no cinema, no<br />

teatro e na televisão, mas também às<br />

nem tão evidentes, como os retalhos<br />

de conversas, as imagens furtivas e<br />

todo o resto que os pequenos captam<br />

por conta própria, consciente ou inconscientemente.<br />

E todo esse resto,<br />

involuntário no que nos diz respeito,<br />

tem peso igual ou maior na formação<br />

de nossos filhos.<br />

Uma cena antológica que imediatamente<br />

emerge é do filme “A História<br />

de Nós Dois”. Casal em crise conversa<br />

na cama e, aos poucos, a câmera<br />

se abre revelando, ao lado da mulher,<br />

seu pai e sua mãe e, ao lado do homem,<br />

seu pai e sua mãe. Um cuidador<br />

nunca está sozinho na criação de<br />

seus filhos, pois na mesma cama simbólica<br />

deita toda uma ancestralidade,<br />

e, do lado de fora da janela simbólica<br />

age toda uma comunidade.<br />

Afinal, conforme o documentário<br />

O Começo da Vida, indicado na<br />

seção “Curta” deste jornal, é preciso<br />

uma comunidade para criar uma<br />

criança - e cada criança pertence à<br />

comunidade inteira.<br />

A infância cada vez mais é valorizada,<br />

a ponto de se ter dedicado a<br />

ela a Lei n. 13.257/<strong>2016</strong> (Marco Regulatório<br />

da Primeira Infância), que<br />

estende a licença-paternidade, além<br />

de outros direitos. Políticas públicas e<br />

instituições têm, sim, o dever de assegurar<br />

que crianças e também seus<br />

cuidadores possam se estruturar e se<br />

desenvolver.<br />

LEIA MAIS NAS PÁGINAS 4 E 5<br />

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EDITORIAL<br />

PALAVRA<br />

DA DIREÇÃO<br />

Festa!<br />

NOTÍCIAS<br />

DOS GRUPOS<br />

É com festa que nos reunimos para<br />

celebrar momentos importantes, como<br />

um aniversário. Com festa marcamos<br />

a passagem do tempo, em eventos de<br />

tradição cultural, como as festas juninas.<br />

Na escola, além disso, as festas propiciam<br />

um encontro que gera os nossos laços de<br />

comunidade.<br />

Todos levarem um prato para a mesa<br />

comum, cada um contribuir com seu<br />

conhecimento ou um enfeite, uma prenda:<br />

há várias formas de se engajar nas festas.<br />

Uma das coisas mais gostosas é estar<br />

perto dos colegas do filho, começar um<br />

papo enquanto toma um café e conhecer<br />

outros pais e mães com quem podem<br />

trocar experiências.<br />

As reuniões de pais e as exposições<br />

também visam aproximar os pais do<br />

universo escolar dos filhos e uns dos<br />

outros. Este jornal, desde seu processo de<br />

elaboração até sua leitura, também ajuda<br />

na formação da nossa comunidade. Uma<br />

comunidade pode ainda se fortalecer<br />

com ações solidárias, como propomos<br />

aqui: leia mais em “Trocando ideias”, nas<br />

páginas 4 e 5.<br />

Esperamos que a escola seja um espaço<br />

coletivo promotor de cooperação e<br />

convivência, pois crianças e adultos, todos<br />

afinal, precisamos aprender dia a dia a<br />

viver em grupo – com respeito, civilidade<br />

e – por que não? – com amor.<br />

Um grande abraço e boas férias!<br />

Tânia Rezende<br />

G4e5M Brincadeira livre com coisas de casa<br />

Às quintas-feiras, a brincadeira se transforma, com objetos trazidos de casa com<br />

base em um tema sugerido: cozinha, hora de dormir, lavanderia. As crianças compartilham<br />

o que trazem, utilizando também os materiais da escola para criar novos<br />

enredos. A brincadeira livre se enriquece, a fantasia se amplia... Outro dia, por<br />

exemplo, estavam todos no pátio brincando de restaurante..<br />

BM Olá para mim e para você<br />

Uma canção em espanhol está fazendo sucesso no Berçário! Hola, hola cumprimenta<br />

a todos, acenando para mi e para vos, e fala de pôr e tirar um sombrero,<br />

bem devagar e bem depressa. Com gestos simples, que os bebês já imitam,<br />

brincamos com o espaço, o ritmo, o corpo e com uma relação fundamental: eu e<br />

você!<br />

BT A turma do embolado<br />

Essa turma do Berçário gosta de contato físico. Os bebês se tocam, puxam o cabelo<br />

ou a roupa dos outros, se aproximam do colega que está comendo ou mamando.<br />

Às vezes, um engatinha por cima do outro, com a gente sempre por perto para que<br />

ninguém se machuque. Eles chegam a brincar “embolados”!<br />

G1M Ei, ei, ei, Vanderlei<br />

A macacada está à solta no G1! A música do Vanderlei (Grupo Triii) fez o maior sucesso<br />

nas rodas de música. “Era uma vez o macaco Vanderlei / ele gostava muito<br />

de banana”... Uma penca de bananas de verdade virou decoração e brinquedo por<br />

muito tempo, “alimentando” nossos macaquinhos sapecas.<br />

2<br />

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G1aT Faz de conta com panelinhas<br />

NOTÍCIAS DOS GRUPOS<br />

O primeiro brinquedo que as crianças pegam ao chegar na sala<br />

são as panelinhas: “Papá”! Com as colheres, dão comidinha para<br />

os amigos ou bonecas, que levam para passear no colo ou deitam<br />

para dormir sobre as almofadas. É a imitação do que eles vivem e<br />

vêem no dia a dia, e o início de um faz de conta cheio de encanto.<br />

G1bT Acorda, Dorminhoco!<br />

“Vou te contar uma história, agora atenção...” – é com essa música<br />

que começa nossa roda de história. O grupo se diverte com as estripulias<br />

dos animais para acordar o tal cachorro Dorminhoco, que,<br />

com seu ronco, impede uma noite tranquila para todos. As crianças<br />

já imitam o espirro da vaca, o susto do carneiro, o miado do gato e<br />

a barulheira que Dona Porca faz com seus porquinhos.<br />

G2M Agora eu sou um pirata<br />

Carrinhos, bonecas e Lego são brinquedos “clássicos” e muito<br />

queridos, mas o grupo tem utilizado também objetos diversos para<br />

enriquecer seu faz de conta, que já voa alto! Os banquinhos da sala<br />

(velhas listas telefônicas encapadas) viram estradas, pontes e casinhas.<br />

No pátio, as forminhas de areia se transformam em tesouro<br />

G3M Abracadabra!<br />

Toda semana tem dia de circo no G3, junto com os colegas do<br />

Agrupa. Algumas crianças já foram a um circo de verdade, mas<br />

todos puderam imaginar números de equilibrista, bailarina, malabarista<br />

e outros, com base em histórias, figuras e brincadeiras. O<br />

personagem preferido foi o mágico: de dentro de uma cartola, as<br />

crianças tiram animais e objetos incríveis!<br />

de pirata e todos escavam a areia à procura de preciosidades... G3T Explosão de cores<br />

Não é só com pinceis que se pode pintar: o grupo pintou com mãos,<br />

pés, esponjas, bolinha de tênis, até com palha de milho... Em um<br />

semestre de muita exploração dos materiais e do próprio corpo,<br />

fizeram pintura sobre a mesa e o chão, no papel e na parede de<br />

azulejos. As mais divertidas são aquelas de arremessar a tinta com<br />

pincel ou bolinha, de longe. Uma verdadeira “explosão” de cores!<br />

G4T Pescaria com dado<br />

Pescar é muito difícil, mas com persistência... “A gente aprende que<br />

tem um jeito certo de segurar a varinha para conseguir pescar”, dizem.<br />

As crianças estão adorando e enfrentando os desafios desse<br />

novo jogo: contar no dado quantos peixes serão apanhados, pescar<br />

um a um e depois contar quantos peixes o grupo todo pescou!<br />

G5T Aventuras no pátio<br />

O tempo é curto para tantas brincadeiras, que se renovam a cada<br />

dia: pessoas com seus cachorros de estimação, Pokemón, o mistério<br />

das setas (que as próprias crianças desenhavam com giz no<br />

chão e nas paredes) e as aventuras dos piratas. Meninos e meninas,<br />

juntos, constroem um navio pirata com engradados e cadeiras,<br />

decidem quem será o piloto e para onde vão. Com uma luneta imaginária,<br />

avistam as terras distantes que vão conquistar...<br />

G2T Rolar e rodar<br />

Com bolinhas, tubos e caixas de papelão, o grupo faz uma festa!<br />

As crianças experimentam mil e uma possibilidades de jogar as bolas,<br />

que rolam pela rampinha da entrada, dentro e fora do tubo ou<br />

pulam em diferentes alturas e velocidades. As caixas de papelão<br />

viram carrinhos, em que as crianças gostam de empurrar os passageiros<br />

pelo pátio – taí uma brincadeira que só dá certo em parceria<br />

com um amigo: “Vem comigo?”<br />

AGRUPAMENTO Animação da perua à piscina<br />

A chegada da perua que nos leva à natação é uma festa! A preguiça<br />

logo vai embora quando entramos, pois todos querem pôr seus<br />

cintos de segurança sozinhos. No trajeto, cantamos e observamos<br />

os grafites coloridos dos muros. A independência também aparece<br />

na piscina: a novidade de maio foi aprender a boiar e a mergulhar,<br />

passando por dentro de bambolês ou buscando algum objeto lá no<br />

fundo!<br />

3<br />

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TROCANDO I<strong>DE</strong>IAS<br />

CONTINUAÇÃO DA PÁGINA 1<br />

Investir na criança é investir na<br />

comunidade e a comunidade, portanto,<br />

é fundamental para esse cuidado.<br />

A interação comunitária educa,<br />

na medida em que expõe a criança<br />

a outros pontos de vista e costumes<br />

diversos. O que pode ser aflitivo para<br />

nossa neurose-parental-obsessivo-<br />

-controladora é salutar para os pequenos,<br />

ajudando a constituí-los em<br />

seres mais empáticos.<br />

E é por isso que a seção “Trocando<br />

Ideias” deste número mergulha<br />

no delicioso tema da comunidade.<br />

Como podemos contar com ela, participar,<br />

colaborar, nos nutrir dela?<br />

Como usar, abusar e nos lambuzar<br />

da comunidade na criação de nossos<br />

pequenos?<br />

Exemplos não faltam: há um grupo<br />

de famílias da Jacarandá que se<br />

encontra toda sexta-feira na Praça do<br />

Coco, tem o Carona a Pé do Colégio<br />

Equipe, tem uma campanha nacional<br />

para doação de coisas, tempo ou talento<br />

em prol de mulheres, que culminou<br />

no #MaisAmorEntreNós. Vale<br />

tudo, desde que solidário e gratuito.<br />

Vai de “cuido do mais velho pra você<br />

amamentar o pequeno” a “te faço cafuné<br />

no puerpério” (http://www.maisamorentrenosbrasil.com.br).<br />

A Jacarandá endossa a ideia de<br />

uma vivência coletiva mais participativa,<br />

então conversamos com a Daniela<br />

(mãe da Alice, G3), fundadora<br />

do Aldeia Coworking, com os pais da<br />

Praça do Coco.<br />

Paula Mandel<br />

UMA AL<strong>DE</strong>IA EM SÃO PAULO.<br />

DANIELA, MÃE DA ALICE G3T<br />

POR VALÉRIA LIMA<br />

A Aldeia 445 é um espaço de encontro, como define Daniela,<br />

uma das sócias do espaço que fica em Pinheiros. A luz do sol<br />

entra por algumas nesgas e Daniela me conduz pelo prédio<br />

mostrando os diferentes espaços. No térreo, também chamado<br />

de galeria. acontecem os eventos. Logo descemos e conhecemos<br />

o andar de baixo, reservado aos artistas e a seus ateliês Depois<br />

subimos e conhecemos o primeiro e o segundo andares, ambos<br />

com mesas ocupadas com pessoas trabalhando em pequenos<br />

grupos. O prédio é agradável e apresenta certa neutralidade. A<br />

impressão que se tem de imediato é que muitas coisas podem<br />

acontecer ali: a abertura ao diverso é evidente, assim como a<br />

pulsação criativa do ambiente e a mobilidade na disposição dos<br />

pertences dos que estão ali naquele dia.<br />

Durante a conversa, Daniela me conta que a ideia surgiu<br />

quando ela e mais seis sócios resolveram, com capital para<br />

apenas os primeiros três meses e muita coragem, investir na<br />

proposta de manter um espaço que pensasse nas relações para<br />

um novo mundo, um mundo mais coerente, mais sustentável.<br />

Os sete sócios são ativistas, engajados e sobretudo entusiastas<br />

que têm uma rede forte, o que ajuda a trazer projetos para o<br />

local. O espaço vive bastante da cultura da abundância, na qual<br />

as pessoas que estão ali muitas vezes trocam serviços em vez<br />

de dinheiro. É claro que há também entrada de capital, uma vez<br />

que o aluguel do prédio, por exemplo, é pago com moeda e não<br />

permutas, mas há muitos grupos ali dentro que trocam serviços e<br />

dessa forma viabilizam a manutenção da estrutura. Para Daniela<br />

um dos espaços mais valiosos é ver na Aldeia um espaço que<br />

inspira nas pessoas outras formas de se relacionar no mundo.<br />

Quando lhe pergunto sobre a dor e a delícia de empreender<br />

esse projeto, ela responde que é dificil viver em comunidade,<br />

todos arcarem com as responsabilidades ou até mesmo<br />

dividir tarefas, como lavar o próprio copo, mas acredita que<br />

esses problemas fazem parte do processo, que estão todos<br />

ali juntamente com suas sombras também. Por outro lado,<br />

ela diz que há um ganho imenso na experiência de estar ali,<br />

comunitariamente. Afirma que se, a experiência acabasse agora,<br />

todos os sócios já teriam ganhado muito com isso. Que é uma<br />

forma de abrir a cabeça, perceber outros jeitos de pensar, de se<br />

organizar, de se colocar no mundo. “Aqui eu tenho uma janela<br />

privilegiada para ver quantos projetos bárbaros estão rolando”,<br />

diz.<br />

O coletivo soma mais de cem pessoas sem contar com<br />

os eventos. Para Daniela, que é administradora e também<br />

coordena todas as atividades no espaço, há muitas - e ela segue<br />

sonhando! Os próximos projetos incluem um trabalho de oficinas<br />

com crianças no turno inverso da escola e uma horta comunitária<br />

no topo do prédio. Daniela aposta muito na concretização desse<br />

sonho e acredita que ali há o maior potencial para desenvolver<br />

o senso comunitário da Aldeia, que já é uma bela experiência<br />

comunitária sustentada na entrega e na troca de todos. Vida<br />

longa à Aldeia!<br />

O local disponibiliza espaços para serem alugados por<br />

profissionais de várias áreas para realizar seus trabalhos Quem<br />

quiser saber mais, fale com Daniela 99528-9911, emailaldeia@<br />

gmail.com<br />

4<br />

FolhaJacaranda_ed16_20.indd 4 10/06/<strong>2016</strong> 10:17:45


Dos acasos surgem os melhores<br />

programas<br />

A Alexandra e seu filho Martim sempre preferiram voltar<br />

andando da Jacarandá para casa, e ao longo dessas caminhadas<br />

encontravam outros pais e por que não pararmos todos para<br />

um coco no caminho? O encontro casual transformou-se em<br />

tradição, já que toda sexta feira é dia de happy hour* na Praça<br />

do Coco!<br />

Martin, Guillermo e Tiemi têm cadeira cativa no evento e<br />

sempre convidam os amigos e a professora para se juntar a<br />

eles. Depois da aula, crianças e pais se encontram na Jacarandá<br />

e vão todos juntos para o happy hour. A diversão começa no<br />

caminho: as crianças que a tudo observam, a paradinha para o<br />

lanche e a expectativa de chegar ao ponto de encontro.<br />

Na Praça do Coco, a diversão continua, com direito a<br />

brincadeiras, jogos, pega-pega e tudo mais que a imaginação<br />

permitir. Certa vez, as crianças encontraram uma gatinha na<br />

NA FESTA DAS MÃES,<br />

TODOS IRMÃOS<br />

No dia 14 de maio, tivemos a festa das mães na Jacarandá.<br />

A comemoração acompanhou o eixo do semestre, dedicado à<br />

América Latina. Tivemos salas dedicadas aos vários tipos de milho,<br />

à lã das ovelhas e lhamas, aos vulcões e piñatas, a roupas, fotos e<br />

relatos de diversos países.<br />

Em dia de festa, a escola toda se colore. O empenho e<br />

a energia na preparação da decoração são verdadeiramente<br />

comoventes.<br />

Para nós, pais, é legal que a escola seja festeira, porque<br />

festa é uma festa! Mas nem sempre fica claro que as comemorações<br />

têm também um caráter formativo e pedagógico, não apenas ligado<br />

ao conhecimento, mas como ferramenta de aprendizado para a<br />

comunidade, tema desta edição da Folha de Jacarandá.<br />

Estar em grupo significa conviver em sala de aula, mas<br />

também nos eventos, o que pressupõe investimento de todos:<br />

dos que decoram a escola, dos que imaginam as brincadeiras ou<br />

músicas e interações, dos que deixam seus afazeres de lado para<br />

estar em comunidade. Por incrível que pareça, a festa também é<br />

Praça e brincaram com ela – lembrança que até hoje todos<br />

compartilham.<br />

Quanto aos pais… nada melhor que ver os filhos felizes,<br />

não é? Eles combinam tudo pelo grupo da “Turma do Coco” no<br />

WhatsApp e, quando alguém tem um imprevisto, sem problema!<br />

Basta avisar a Suelen quem da turma ficará responsável por<br />

levar o filho até a Praça. Assim, os problemas podem ser<br />

resolvidos com calma enquanto o filho está sendo cuidado e se<br />

diverte com os amigos.<br />

Como tudo que é bom sempre pode melhorar, toda sexta<br />

tem água de coco, no verão sempre tem picolé e, às vezes, até<br />

uma esticadinha na casa de um amigo que mora perto, para<br />

brincar mais um pouco.<br />

* Happy hour, segundo o Martin, “é o nome de quando todos os amigos se encontram”. Ele<br />

está absolutamente certo!<br />

uma prática a ser desenvolvida e apropriada, para virar patrimônio<br />

de todo mundo.<br />

No G1, nós, pais, vamos às festas pedindo licença e ficando<br />

meio espremidos num cantinho. Mesmo porque os filhos precisam<br />

intensamente de “marcação homem a homem” e ninguém conhece<br />

ninguém. Lá pelo G3, começamos a rezar para os filhos largarem<br />

um pouquinho a barra da saia e a gente aproveitar a festa e bater<br />

papo com os outros (normalmente, sobre eles). No G4, a festa inclui<br />

a família toda: ficamos quase tão ansiosos quanto as crianças para<br />

estar lá. Colocamos trancinhas juninas, pintamos bigode, botamos<br />

sombreiro. Já no G5, a gente vira dono da festa também: contribui<br />

de algum jeito, chega como se fosse da casa, dando oi pra todo<br />

mundo com aquela liberdade de quem é do lugar. E, na formatura<br />

das crianças, isso fica ainda mais claro: são os pais que decidem<br />

a festa toda! Um percurso de apropriação, de pertencimento e de<br />

aprendizado das crianças e dos pais em relação à comunidade<br />

escolar.<br />

As festas cumprem um papel importante de educação para<br />

a comunidade, para o viver junto, para a troca de experiências, para<br />

o “tornar-se disponível”, e isso também faz parte da educação – das<br />

crianças e da nossa.<br />

Então, até a próxima festa! A junina já está aí...<br />

Tatiana Cymbalista<br />

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SESSÃO LITERÁRIA<br />

FESTA NO CÉU<br />

ADAPTAÇÃO <strong>DE</strong> LUCAS VALADARES PARA FÁBULA <strong>DE</strong> LUIS DA CÂMARA CASCUDO<br />

Estavam numa manhã ensolarada todos os bichos na<br />

floresta, quando surgiu um boato de que haveria no dia seguinte<br />

uma festa no céu, em que todos aqueles que sabiam<br />

voar estariam convidados. As garças esbranquiçadas, os<br />

flamingos avermelhados, os pássaros dourados, os tucanos<br />

verde-amarelos, todos ficaram muito felizes, e logo pediram<br />

ao urubu que ele levasse a sua viola para cantarolar e animar<br />

a festa! Mas outros animais da floresta, como a Dona Tartaruga,<br />

o Sapo Sapolhão, o Dr. Elefante, a Dona Zebra e – o<br />

mais destemido e maior de todos – o Rei da floresta, o Rei<br />

Leão, ficaram tristes, pois não podiam voar. Eram diferentes<br />

das aves, que tinham lindas penas e asas e podiam ganhar o<br />

céu e fazer a festa!<br />

O urubu, vendo toda aquela situação, garantiu:<br />

– Na minha viola tem espaço para dois amigos...<br />

Como a viola era pequena, Dona Tartaruga e Sapolhão<br />

reservaram lugar em coro:<br />

– Opa, somos magrinhos! E se apertando, tudo dá...<br />

Mas o Rei Leão, vendo tudo aquilo, pensou, e logo disse:<br />

– E se construíssemos uma arca para que todos os animais<br />

daqui pudessem aproveitar a festa e voltar em segurança?<br />

O Dr. Elefante vai adorar encher a sua pança!!<br />

Todos se puseram a rir e logo se animaram com a ideia!<br />

Cobra, girafa, coelho e até o bicho-preguiça...todo mundo<br />

topou! E no dia seguinte, lá estava a arca cercada por todos<br />

os pássaros da floresta e voando com o bater das suas asas.<br />

A festa foi só alegria e todos se divertiram, com muita dança e<br />

comida, muita conversa e cantoria.<br />

Na volta para casa, faltando cinco nuvens para chegar ao<br />

chão, a Dona Tartaruga se desequilibrou e caiu da arca. Sapo<br />

Sapolhão, com um pulo só, deu um mergulho no ar tentando<br />

salvá-la do perigo. Então ambos, vendo que iam em direção a<br />

uma pedra, gritavam em coro, como fizeram para garantir um<br />

lugar na viola do urubu:<br />

– Arreda pedra que estamos caindo, arreda pedra que estamos<br />

caindo... e se apertando tudo dá?!<br />

Abraçados, eles se espatifaram. E os dois, de costas, se<br />

salvaram! A arca chegou com segurança. Hoje, o casco da<br />

Dona Tartaruga é todo remendado e o Sapolhão tem uns desenhos<br />

estranhos nas costas e em um lado do corpo.<br />

A sessão literária se apropria de uma história clássica e a transforma em um texto da literatura atual, com elementos do<br />

nosso dia a dia, do tipo: conte do seu jeito! Se você tem alguma história que mudou para contar para seus filhos, que seus pais<br />

transformaram para contar a você ou que as próprias modificaram, mande para o e-mail: alessandra@escolajacaranda.com.br.<br />

Será uma alegria compartilhá-la com a nossa comunidade.<br />

CURTA!<br />

O documentário O começo da vida dedica-<br />

-se à complexa tarefa de estudar os primeiros<br />

anos das crianças e sua importância<br />

fundamental para uma sociedade mais justa.<br />

Ele vem numa onda muito feliz de filmes<br />

transformadores, como Tarja Branca, Território<br />

do Brincar, Muito Além do Peso e outros.<br />

Construído por meio de entrevistas e filmado<br />

em vários países, é um filme pra rir, chorar,<br />

se identificar e, principalmente, aprender<br />

muito. Corre pra ver.<br />

http://ocomecodavida.com.br | https://www.netflix.com<br />

6<br />

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1<br />

2<br />

3<br />

FAÇA UMA BOLA GRAN<strong>DE</strong> <strong>DE</strong> JORNAL | CUBRA COM DUAS <strong>FOLHA</strong>S <strong>DE</strong> JORNAL | AMARRE<br />

COM BARBANTE | SE QUISER PINTE, USE FITA COLORIDA E ENFEITE SUA PETECA!<br />

(fernando - professor educação corporal)<br />

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NOSSA GENTE<br />

NINGUÉM VIVE SÓ<br />

Leandro Castilho<br />

Bom-dia. Boa-tarde. Bom final de semana. Até amanhã.<br />

Essa é Suelen, nos recebendo ou se despedindo todos os dias<br />

na escola. Normalmente é ela quem abre o portão para nossas<br />

crianças. E, junto com o portão, abre o sorriso.<br />

Suelen tem 28 anos. Nasceu em Franco da Rocha, São Paulo<br />

e sempre morou com a família para Francisco Morato, onde mora<br />

até hoje. Sim, a Su faz uma pequena viagem diária para chegar à<br />

Jacarandá. Isso vai mudar daqui a um ano, quando se casar – no<br />

dia do aniversário. Ela, seu marido e sua nova vida vão viver mais<br />

perto da gente.<br />

Su lembra com carinho da infância. Sempre morou em casa.<br />

Brincava de bolinha de gude e pipa, o que alguns ainda teimam<br />

em chamar de “coisas de menino”. Tem um irmão de 11 anos e<br />

uma vida inteira cercada de crianças por todos os lados: amigos,<br />

vizinhos, família.<br />

Ela fala empolgada sobre o que mais ama e a inspira: cuidar<br />

de pessoas. E exatamente por isso optou pela faculdade de<br />

Serviço Social. Formada, fez estágio durante dois anos em uma<br />

penitenciária em Franco da Rocha. Uma experiência daquelas.<br />

Recebia e entrevistava as mulheres dos presos. A eles, procurava<br />

dar atenção e boas palavras. Dar luz àquele túnel.<br />

Hoje, com sua comunidade religiosa, Suelen auxilia moradores<br />

de rua, distribuindo marmitex. Seu grupo também trabalha com<br />

dependentes químicos e suas famílias. O auxílio, o trabalho social<br />

e a comida são na verdade uma farta distribuição de amor. A cara<br />

da Suelen.<br />

E a Jacarandá na vida dela? Uma amiga, professora da escola,<br />

a indicou para a Tânia. A simpatia, a tranquilidade e a facilidade de<br />

relacionamento lhe deram o emprego. Na escola, é recepcionista.<br />

Atende portão, telefone, a Tânia, a Vitória, os alunos, os pais, todos.<br />

Transpira alegria por cuidar dos outros. Por conta da distância<br />

de casa e dos estudos, deixou a escola por um tempo, mas logo<br />

voltou: a Jacarandá não tinha saído de dentro dela.<br />

Por passar o dia na recepção, Suelen vê e entende como<br />

poucos a escola e as pessoas que passam por ela. Vivencia uma<br />

união bonita entre os pais e os alunos, que ultrapassa o portão da<br />

escola.<br />

“Suelen escolheu acreditar que<br />

ninguém vive só. Por isso, se<br />

preocupa com os dias de hoje, em que<br />

as pessoas estão mais intolerantes”<br />

Suelen escolheu acreditar que ninguém vive só. Por isso, se<br />

preocupa com os dias de hoje, em que as pessoas estão mais<br />

intolerantes, deixando de lado o respeito pela opinião e pelas<br />

escolhas dos outros. Porém, essa preocupação nem de longe<br />

supera a esperança de que as coisas vão melhorar, esperança que<br />

surge quando olha para nossas crianças, com quem convive todos<br />

os dias na Jacarandá. Nelas Suelen vê um olhar coletivo. Um amor<br />

mútuo. Um afeto gigante. Uma amizade transformadora. Um belo<br />

futuro em comunidade.<br />

Quando não está trabalhando, estudando ou cuidando dos<br />

outros, Suelen adora passear, vasculhar lojinhas na 25 de Março<br />

e dormir bastante – quando dá. No meio disso tudo, a temos todos<br />

os dias. Dando-nos bom-dia. Boa-tarde. Bom final de semana. Até<br />

amanhã.<br />

DATAS ESPECIAIS<br />

A festa junina é no próximo sábado, dia 18 de<br />

junho! Não percam essa oportunidade de nos<br />

reunirmos e celebrarmos a entrada do inverno,<br />

com muita comida gostosa, brincadeira, dança e<br />

calor humano!<br />

FÉRIAS ESCOLARES:<br />

de 29 de junho a<br />

29 de julho<br />

CURSO <strong>DE</strong> FÉRIAS OPTATIVO:<br />

de 29 de junho a 22 de julho<br />

VOLTA ÀS AULAS: dia 1º de agosto<br />

expediente<br />

Jacarandá: Alessandra Nogueira, Tânia Rezende e Vitória Sá<br />

Participaram desta edição: Jefferson e Valéria Lima (pais do Guillermo), Leandro Castilho (pai do Vittorio), Lucas Valadares (pai da Maria, do Francisco e<br />

do Joaquim), Maria Leopoldina e Rodrigo Rosenthal (pais do José), Paula Mandel (mãe do Lev e da Nara), Renata Cafardo (mãe do Antônio T. e da Estela),<br />

Soraia Cury (mãe da Lorena e da Lavínia) e Tatiana Cymbalista (mãe do Max e da Clara).<br />

FolhaJacaranda_ed16_20.indd 8 10/06/<strong>2016</strong> 10:17:56

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