Folha de Jacarandá - Ano: XIX - n.17 - 2015
- No tags were found...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>Folha</strong>Jacaranda_ed17.indd 1 28/09/15 12:32
EDITORIAL<br />
A <strong>Jacarandá</strong> <strong>de</strong>cidiu <strong>de</strong>dicar a maior<br />
parte das reuniões pedagógicas <strong>de</strong><br />
equipe ao brincar. Afirmamos, há tempo,<br />
que o brincar é a principal ativida<strong>de</strong> da<br />
criança, mas como se dá o brincar na<br />
escola? O filme Tarja Branca – a revolução<br />
que faltava (<strong>de</strong> Cacau Rho<strong>de</strong>n),<br />
que trata do lúdico na infância e na vida<br />
<strong>de</strong> todos, nos emocionou e nos inspirou<br />
para valorizar ainda mais a brinca<strong>de</strong>ira,<br />
além <strong>de</strong> refletir melhor sobre a nossa<br />
prática. Em rotinas marcadas por certos<br />
horários e num local coletivo, com<br />
espaços <strong>de</strong>limitados, como propiciar<br />
mais liberda<strong>de</strong> ao brincar?<br />
Palavra<br />
da direção<br />
Notícias<br />
dos grupos<br />
Vamos almoçar fora?<br />
O Agrupa teve convidados especiais<br />
para o almoço, no início<br />
<strong>de</strong> setembro: mães e pais! Em<br />
mesinhas espalhadas pelo pátio,<br />
todos almoçaram fora. As crianças<br />
mostraram que já sabem<br />
fazer seu prato, comer sozinhas e<br />
<strong>de</strong>pois organizar a louça usada. A<br />
comida do nosso dia a dia estava<br />
<strong>de</strong>liciosa e a nutricionista Mityo,<br />
da Papinhas, também esteve<br />
aqui.<br />
Liberda<strong>de</strong>, liberda<strong>de</strong>, abre as asas<br />
sobre nós...<br />
E nesse sobrevoo, acabamos nos <strong>de</strong>parando<br />
com um questionamento muito<br />
atual: meninos e meninas po<strong>de</strong>m brincar<br />
do que quiser? Há diferença na<br />
brinca<strong>de</strong>ira das crianças <strong>de</strong>rivada dos<br />
gêneros? A comissão do jornal topou<br />
entrar nesse universo e convida vocês,<br />
leitores, a seguirem adiante nessa reflexão,<br />
que também é uma pesquisa: o que<br />
é social, cultural, biológico, familiar ou<br />
pessoal nessa distinção entre os sexos<br />
que intriga a todos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primeiros<br />
anos <strong>de</strong> vida?<br />
Esperamos que vocês se <strong>de</strong>liciem com<br />
a história, a oficina <strong>de</strong> bonecos, as notícias<br />
e dicas <strong>de</strong>ste número tão colorido,<br />
feito para adultos e crianças.<br />
Quem quer brincar <strong>de</strong> faz <strong>de</strong> conta põe<br />
o <strong>de</strong>do aqui...<br />
Abraços<br />
Tânia Rezen<strong>de</strong><br />
B T Já virou brinquedo<br />
B M Garrafas maravilhosas<br />
Diferentes garrafas plásticas transparentes<br />
tornam-se uma maravilha para<br />
a brinca<strong>de</strong>ira dos bebês. Cada uma com<br />
uma coisa <strong>de</strong>ntro, atraem a curiosida<strong>de</strong> e<br />
convidam à exploração: cada uma tem um<br />
peso, produz um som e mostra diferentes<br />
objetos ou materiais coloridos, que se movimentam<br />
também <strong>de</strong> um modo peculiar.<br />
Uma cesta com um pouco <strong>de</strong> tudo é o “brinquedo” preferido dos bebês.<br />
Duas vezes por semana, a cesta é colocada no chão e eles exploram os<br />
materiais por muito tempo: um pote plástico com tampa, uma latinha, uma<br />
escova <strong>de</strong> lavar legumes, uma caixinha <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira. Reencontrar os mesmos<br />
materiais é uma satisfação! Mas, logo logo, a cesta vai receber novida<strong>de</strong>s,<br />
enriquecendo a brinca<strong>de</strong>ira com objetos simples do dia a dia.<br />
G2 M Uma só história com diferentes narrativas<br />
Os Três Porquinhos é o livro escolhido: uma história conhecida <strong>de</strong> todos,<br />
mas que abre espaço para muitas possibilida<strong>de</strong>s. Todos os dias a história<br />
é lida para os alunos e, por vezes, a história dos Três Porquinho é aquela<br />
do livro do amiguinho. As crianças são encorajadas a trazer outras versões<br />
<strong>de</strong>ste mesmo clássico para dividir com os amigos. Não apenas nas vozes<br />
das crianças, mas também nos trabalhos feitos com sucata e material reciclável,<br />
estes personagens ganham vida. E mais uma vez esta história será<br />
escrita e ilustrada <strong>de</strong> forma diferente.<br />
2<br />
tarja branca: trailer e informações<br />
<strong>Folha</strong>Jacaranda_ed17.indd 2 28/09/15 12:33
G5 aT Brincando <strong>de</strong> Yoga<br />
Por meio <strong>de</strong> histórias e brinca<strong>de</strong>iras, as crianças estão apren<strong>de</strong>ndo<br />
algumas posturas <strong>de</strong> yoga: janela aberta, árvore, avião<br />
e balásana (<strong>de</strong>scanso). Ao final <strong>de</strong> cada ativida<strong>de</strong>, nos cumprimentamos<br />
com namastê, com o sentido <strong>de</strong> “tudo <strong>de</strong> bom para<br />
mim, tudo <strong>de</strong> bom para você e tudo <strong>de</strong> bom para nós”.<br />
G1 M Salão <strong>de</strong> beleza ou oficina mecânica?<br />
Para receber e integrar as crianças que estão chegando ao<br />
grupo, vale dar ainda mais espaço para a brinca<strong>de</strong>ira. Po<strong>de</strong> ser<br />
cabana, salão <strong>de</strong> beleza ou oficina mecânica. As crianças brincam<br />
com embalagens vazias <strong>de</strong> xampu, tecidos para se escon<strong>de</strong>r<br />
(e <strong>de</strong>pois achar!) e fazem pistas <strong>de</strong> canos. Po<strong>de</strong> tudo para<br />
<strong>de</strong>ixar a brinca<strong>de</strong>ira mais rica e divertida!<br />
G 3 + 4 M<br />
<strong>Jacarandá</strong><br />
voador<br />
Inspiradora<br />
como a árvore<br />
da nossa escola<br />
é a história escolhida<br />
por esta<br />
turma: “Joãozinho<br />
<strong>Jacarandá</strong>,<br />
a Árvore que<br />
Queria Voar”.<br />
<strong>Jacarandá</strong> queria<br />
voar, mas o<br />
vento convenceu-lhe<br />
<strong>de</strong> ficar.<br />
A primavera, as<br />
suas flores e as<br />
pessoas ao seu<br />
redor são algumas<br />
das alegrias<br />
<strong>de</strong> Joãozinho<br />
<strong>Jacarandá</strong>. A importância <strong>de</strong> criar raízes... A história é contada<br />
<strong>de</strong> diferentes formas e com diferentes objetos—até um<br />
protótipo da árvore já foi criado com tecidos. Ler a história<br />
começa sempre com um ritual: forma-se uma roda, acen<strong>de</strong>-se<br />
uma vela, apagam-se as luzes e todos se concentram no que<br />
está por vir.<br />
G3 T Quem vai ser o ajudante?<br />
Plaquinhas <strong>de</strong> nomes enfileiradas no centro da roda, todos cantam<br />
as parlendas <strong>de</strong> escolha:<br />
Uni duni tê<br />
Salamê mingüê<br />
Um sorvete colorê<br />
O escolhido foi vo...cê!<br />
Ou...<br />
O porquinho foi na escola<br />
De calcinha rasgadinha<br />
De bumbum <strong>de</strong>... fora!<br />
Duas ou três crianças são escolhidas para serem os “ajudantes<br />
do dia”, cumprindo com orgulho pequenas tarefas como distribuir<br />
material ou lanche.<br />
NOTÍCIAS DOS GRUPOS<br />
G5 M Como você está se sentindo hoje?<br />
Como cuidar e reconhecer seus sentimentos <strong>de</strong> forma<br />
lúdica é o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong>ste grupo. Para essa gran<strong>de</strong> aventura<br />
eles escolheram a companhia da Branca <strong>de</strong> Neve e os 7<br />
Anões. Ao ler a história e conversar sobre o Feliz, o Dengoso<br />
ou o Zangado, os alunos participam falando <strong>de</strong>sses<br />
sentimentos e também dividindo outros tantos por eles<br />
conhecidos. A história está sendo dramatizada pelos alunos<br />
através <strong>de</strong> fantoches e recontada por todos. Um tema<br />
especial, abordado <strong>de</strong> uma forma mais especial ainda!<br />
G1 T Me dá um abraço?<br />
Era uma vez um gatinho cheio <strong>de</strong> amor pra dar, que queria<br />
abraçar o mundo! Com a história Hora do Abraço, os pequenos<br />
embarcam numa viagem cheia <strong>de</strong> palavras novas e<br />
algumas bem difíceis. Quando chega a hora do tigre, todos<br />
falam: “Aparece, tigre!” e, para terminar, cantam a música<br />
Sai Piaba, dando uma abraço gostoso no amigo.<br />
G4T Tinha uma pedra no meio do caminho...<br />
...para fazer coisas divertidas! A partir da história da<br />
Sopa Supimpa, em que uma sopa <strong>de</strong> pedras vira uma<br />
<strong>de</strong>lícia, o grupo começou sua coleção: vale pedrinha<br />
encontrada na rua, no prédio, na casa da avó, na praia,<br />
no pátio da escola... Já reuniram mais <strong>de</strong> 100! Contam<br />
juntos as pedras trazidas e registram numa tabela. Na<br />
hora <strong>de</strong> brincar, acrescentam novos temperos na sopa e<br />
cantam as músicas do livro-CD.<br />
G5 bT Ganha quem per<strong>de</strong>!<br />
A “batalha dos dados”, ou guerra, como alguns preferem, é<br />
um jogo com muitas variações possíveis. As crianças começaram<br />
jogando os dados e o vencedor era quem tirava o<br />
número maior. Elas registravam o número numa folha, i<strong>de</strong>ntificando<br />
com alguma marquinha o vencedor e, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />
três rodadas, faziam a contagem geral. Mas, agora, a batalha<br />
se inverteu: ganha quem tirar no dado o menor número!<br />
G2 T Beterraba vira tinta<br />
Tintas naturais foram preparadas à frente das crianças: pó<br />
<strong>de</strong> espinafre, beterraba e cúrcuma, com cola branca e água.<br />
Com pincel, todos pu<strong>de</strong>ram experimentar as novas tintas<br />
num papel poroso e cartolina. “O que tem <strong>de</strong> diferente nessa<br />
tinta?” e a surpreen<strong>de</strong>nte resposta da criança: “É mágica!”<br />
VEJA MAIS EM <br />
3<br />
<strong>Folha</strong>Jacaranda_ed17.indd 3 28/09/15 12:33
TROCANDO IDEIAS<br />
Conversando sobre o brincar na escola, vem à tona<br />
a diferenciação entre brinca<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> menino e <strong>de</strong> menina e<br />
os conflitos que enfrentamos ao buscar uma educação nãosexista,<br />
não-consumista. Ao mesmo tempo, ao refletir sobre<br />
o tema, nos <strong>de</strong>pararmos com nossa própria sexualida<strong>de</strong>.<br />
Atualmente, a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero tem ganhado visibilida<strong>de</strong><br />
em vários âmbitos, inclusive nas discussões sobre o<br />
Plano Municipal <strong>de</strong> Educação, e <strong>de</strong>cidimos abrir espaço na<br />
<strong>Jacarandá</strong> para pensar mais sobre a questão.<br />
Em agosto, promovemos um encontro com Claudia<br />
Mascarenhas, psicanalista, e <strong>de</strong>dicamos uma reunião<br />
pedagógica ao tema. Com o grupo do jornal, resolvemos<br />
socializar e ampliar a conversa aqui.<br />
A sexualida<strong>de</strong> infantil é diferente da sexualida<strong>de</strong><br />
pensada, vivida e falada pelos adultos. A criança está<br />
envolvida com seu próprio corpo e com o que lhe dá prazer,<br />
bem como quer ser o objeto <strong>de</strong> prazer <strong>de</strong> sua mãe (ou <strong>de</strong><br />
seus cuidadores primordiais). Geralmente é só por volta da<br />
adolescência ou da vida adulta que ela vai se voltar à busca<br />
<strong>de</strong> um parceiro sexual, como forma <strong>de</strong> dar prazer a um outro.<br />
Há culturas em que as mulheres andam com os seios<br />
à mostra; outras aceitam os seios parcialmente cobertos<br />
pelo vestuário (biquínis, blusas <strong>de</strong>cotadas); e outras, ainda,<br />
cobrem completamente suas mulheres, exceto rosto e<br />
mãos. Os contextos familiares também são diferentes, numa<br />
mesma cultura. Há famílias em que pais e filhos se beijam na<br />
boca. Em outras isso não é praticado. O social fornece uma<br />
referência ao sujeito sobre seu corpo, sobre os modos <strong>de</strong> ter<br />
prazer e <strong>de</strong> se relacionar com os outros, sobre o gênero e os<br />
papéis sexuais, mas há um processo singular <strong>de</strong> constituição<br />
subjetiva, que po<strong>de</strong> seguir caminhos múltiplos.<br />
O sujeito se constitui a partir do outro, mas não<br />
é uma tábula rasa que recebe diretamente as impressões<br />
externas. É um sujeito ativo. “Quem interpreta é quem lê”: a<br />
criança está exposta às referências que o mundo lhe fornece,<br />
porém é ela quem vai interpretar isso, a seu modo. A criança<br />
busca <strong>de</strong>cifrar o que o outro primordial (geralmente mãe,<br />
pai, cuidadores principais) quer <strong>de</strong>la, para que seja amada.<br />
A mãe po<strong>de</strong> lhe dizer e dar o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> como espera que<br />
ela se comporte, porém a criança interpreta a mensagem <strong>de</strong><br />
vários modos: correspon<strong>de</strong>ndo literalmente, a partir <strong>de</strong> um<br />
<strong>de</strong>talhe, ou agindo <strong>de</strong> modo oposto, por exemplo, pois é isso<br />
que captura o olhar da mãe. As crianças, ainda, são muito<br />
sensíveis a outras mensagens que lhe transmitimos, para<br />
além do que é falado: o olhar arregalado, a testa franzida,<br />
o tom da voz...<br />
Assim, embora em nossa socieda<strong>de</strong>, hoje, a<br />
diversida<strong>de</strong> seja mais bem aceita, o processo <strong>de</strong> construção<br />
da própria i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> não está menos complexo.<br />
As crianças tentam enten<strong>de</strong>r o mundo para se<br />
guiarem, e nesse percurso criam hipóteses – temporárias<br />
- para a diferença entre os sexos. Não há motivos para<br />
preocupação se a criança afirma que é menino e não quer<br />
usar vermelho, que “isso é cor <strong>de</strong> menina” – se ela vive num<br />
ambiente em que isso não é verda<strong>de</strong>, que seus pais e amigos<br />
usam diferentes cores, logo vai perceber que não é isso que<br />
<strong>de</strong>fine um menino. O que não po<strong>de</strong>mos permitir é que ela<br />
agrida um colega que usa vermelho, ou que alguém a impeça<br />
<strong>de</strong> escolher essa cor num outro momento, reforçando sua<br />
hipótese ou cobrando-lhe “coerência”.<br />
Aqui na escola, afirmamos que, na brinca<strong>de</strong>ira, tudo<br />
po<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não machuque ninguém: po<strong>de</strong> ser mamãe,<br />
ser bebê, vovô, cachorro, po<strong>de</strong> ser pirata com chapéu<br />
<strong>de</strong> fada, bailarina com capa <strong>de</strong> Batman, ser herói ou ser<br />
malvado, ser borboleta ou monstro... o que a imaginação<br />
mandar, o que a criança quiser. O faz-<strong>de</strong>-conta não <strong>de</strong>fine<br />
o que a criança será no futuro, mas temos certeza <strong>de</strong> que,<br />
se a criança pu<strong>de</strong>r experimentar diferentes papéis em<br />
sua fantasia, experimentar a doçura e a agressivida<strong>de</strong>, a<br />
submissão, a li<strong>de</strong>rança e a cooperação, o igual e o diferente,<br />
po<strong>de</strong>rá se encontrar no futuro como alguém que se sente<br />
confortável na própria pele.<br />
Tânia e Vitória<br />
A seguir, <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> pais com experiências<br />
interessantes vividas com seus filhos, que lhe fizeram parar<br />
para pensar nesse assunto.<br />
Depoimento <strong>de</strong> Lucas, pai da Maria, G3e4m:<br />
No intuito <strong>de</strong> querer preservar o filho do amigo <strong>de</strong> algum<br />
aci<strong>de</strong>nte, a mãe fala para a própria filha:<br />
- Filha, não brinca <strong>de</strong>sse jeito com esta espada porque<br />
po<strong>de</strong> machucar o seu amigo, e além do mais isto aqui não é<br />
brinquedo para você!<br />
A mãe foi tomando a espada da mão da sua filha sem<br />
hesitar, privando as crianças <strong>de</strong> autonomia para resolver o<br />
conflito e para explorar o universo lúdico.<br />
A meu ver, a fala da mãe ainda enfatizou, entrelinhas, olha,<br />
esta espada é para meninos, para o sexo masculino.<br />
Depoimento <strong>de</strong> Alexandra, mãe <strong>de</strong> Martim, G3t:<br />
Como sabe, estou grávida <strong>de</strong> gêmeos, um casal.<br />
Recentemente fomos ao supermercado, João, Martim e<br />
eu. Tinha um estan<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>gustação <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> uva, que o<br />
Martim adora, e ele quis me levar lá.<br />
Quando a moça viu que estava grávida, perguntou o que<br />
era, e eu disse gêmeos/casal, ela disse para o Martim: que<br />
legal, você vai po<strong>de</strong>r emprestar seus carrinhos para o seu<br />
irmão. E ele prontamente respon<strong>de</strong>u: e para a minha irmã<br />
também!<br />
Depoimento <strong>de</strong> Vanessa, mãe do Vittorio, G3int:<br />
Quando estava grávida, <strong>de</strong>cidimos não saber o sexo do<br />
bebê. Pensamos que era a maneira mais pura <strong>de</strong> curtir o<br />
bebê pelo bebê, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> ser menino ou menina; ou,<br />
ainda, curtir as duas possibilida<strong>de</strong>s por 9 meses e, finalmente,<br />
que o fator surpresa tiraria outras tensões da hora<br />
do parto. Isso <strong>de</strong> <strong>de</strong> fato aconteceu, a mistura <strong>de</strong> sentimentos<br />
daquele momento mágico ficou ainda mais especial<br />
ao saber, somente ali, que aquele choro lindo era <strong>de</strong> um<br />
menino!<br />
Outra surpresa foi <strong>de</strong>scobrir que a primeira coisa que todos<br />
perguntavam quando dizíamos não saber o sexo era “Mas<br />
e o enxoval?!”... Sim, economizamos e foi ótimo, precisávamos<br />
garimpar muito para sair dos padrões do Azul e Rosa e<br />
passamos a perceber que não precisávamos <strong>de</strong> tanta coisa<br />
assim.<br />
4<br />
<strong>Folha</strong>Jacaranda_ed17.indd 4 28/09/15 12:33
Depoimento <strong>de</strong> Fabiana, mãe do Tiago, G3e4m, Matias,<br />
G2m e Igor (EF):<br />
Quando Igor tinha mais ou menos 3 ou 4 anos, mostrou uma<br />
gran<strong>de</strong> curiosida<strong>de</strong> e vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> brincar com bonecas. Em<br />
casa, dizíamos que po<strong>de</strong>ríamos comprar uma boneca caso<br />
ele quisesse, mas ele sempre dizia, permeado por uma vergonha,<br />
que não queria comprar.<br />
Uma vez entrei nesse assunto com a mãe <strong>de</strong> um amigo <strong>de</strong>le,<br />
que também era mãe <strong>de</strong> uma menina, e ela, gentilmente, em<br />
uma tar<strong>de</strong> que o Igor passou na casa <strong>de</strong>les, <strong>de</strong>u uma pequena<br />
boneca para ele, <strong>de</strong>ssas que se po<strong>de</strong> trocar a roupa e o<br />
sapato. Depois <strong>de</strong> um tempo, sugeri várias vezes brincarmos<br />
com a boneca, mas ele sempre dizia não e percebi que<br />
era muito sincero esse não, me parecia que ele não tinha<br />
mais interesse. A partir daí entendi que ele já tinha saciado<br />
a curiosida<strong>de</strong> <strong>de</strong>le e entendido que não havia problema em<br />
brincar com bonecas.<br />
Uma outra vez eu <strong>de</strong>i a ele um mini fogão <strong>de</strong> presente, com<br />
que ele brincou inúmeras vezes e o sucesso foi tanto, que<br />
os irmãos herdaram esse brinquedo!<br />
Depoimento <strong>de</strong> Paula, mãe do Lev, G2m e Nara (EF):<br />
A irmã do Lev, Nara, faz natação. Com a chegada do<br />
friozinho, achamos pru<strong>de</strong>nte comprar um roupão porque a<br />
toalha não estava dando conta. Entrei numa loja e pedi um<br />
roupão infantil, no que fui abordada pela ven<strong>de</strong>dora com a<br />
perguntinha X:<br />
- Pra menino ou pra menina?<br />
- Tanto faz. Tamanho 6.<br />
- Mas é pra menino ou menina? É que eu só tenho roupão<br />
azul ou com personagens masculinos, aviões, carros, Ben10.<br />
Se você pu<strong>de</strong>r aguardar, semana que vem chegam os<br />
roupões rosa choque, rosa bebê, rosa pastel, florido, da Gatinha<br />
Marie, da Cin<strong>de</strong>rela, da Branca <strong>de</strong> Neve, da Malévola,<br />
da Penélope Charmosa, da Bela Adormecida e da Xuxa.<br />
Então aquele casacão atoalhado <strong>de</strong> aquecer criança que<br />
saiu da água é o fator <strong>de</strong>finitivo, é o nexo <strong>de</strong> causalida<strong>de</strong><br />
para a formação <strong>de</strong> gênero? Um roupão <strong>de</strong>terminista!<br />
Em alguns segundos refleti sobre a orelha furada da Nara<br />
(ela escolheu furar a orelha? Ou foi uma projeção minha?)<br />
e sobre a capa do Batman que o Lev insiste em levar pra<br />
escola. E, sim, ele já trocou-a pelo vestido da Elsa e cantou<br />
Let it Go rodopiando pela casa.<br />
- Po<strong>de</strong> embrulhar o roupão azul. Tamanho 6.<br />
Depoimento <strong>de</strong> Roberta, mãe da Olivia, G2int:<br />
Olivia tem várias bonequinhas tipo Polly e também bonecos<br />
homens. As bonecas têm muitas roupas, mas a maioria é<br />
vestido ou saia e ela sempre me pe<strong>de</strong> pra ajudá-la a trocar<br />
as roupas. Ultimamente, tem pedido muito pra colocar esses<br />
vestidos e saias nos bonecos homens, mas não cabe,<br />
pois eles são bem maiores. Quando falo pra ela que essas<br />
roupas são das bonecas, ela questiona bastante.<br />
Ela também troca, frequentemente, as partes <strong>de</strong> baixo e os<br />
cabelos dos bonequinhos <strong>de</strong> Lego: a da menina é uma saia, e<br />
ela coloca no menino; os cabelos na menina são compridos<br />
e, no menino, curtinhos. Ela também já perguntou por que o<br />
papai não tem “saia <strong>de</strong> vestido”, como ela chama :)<br />
Depoimento <strong>de</strong> Rafaela, mãe do Guilherme, G2t:<br />
Eu e Guilherme já estávamos brincando <strong>de</strong> corrida<br />
há algum tempo, quando numa das etapas eu venci.<br />
Um pouco bravo, ele olhou pra mim e disse:<br />
- Mamãe, você não po<strong>de</strong> ganhar!<br />
- Por que Gui? Por que a mamãe não po<strong>de</strong> vencer?<br />
- Porque você é menina e menina é <strong>de</strong>vagar!<br />
Olhei pra ele e disse:<br />
- Gui, a mamãe po<strong>de</strong> vencer sim! E sabe por quê? Porque no<br />
mundo existe menina rápida e menina <strong>de</strong>vagar, assim como<br />
existe menino rápido e menino <strong>de</strong>vagar.<br />
Um pouco contrariado, ainda insistiu que eu não po<strong>de</strong>ria ter<br />
vencido, mas logo pediu pra brincar novamente e lá fomos<br />
nós para mais uma corrida.<br />
Alguns dias <strong>de</strong>pois, todo contente, começou a me contar<br />
seu dia na <strong>Jacarandá</strong> e disse:<br />
- Mamãe, hoje brincamos <strong>de</strong> corrida e a Valentina venceu.<br />
Ela é uma menina muito rápida!<br />
Depoimento das crianças<br />
Cecilia – “Às vezes as meninas têm cabelo curto. É mais legal<br />
ser menina porque brinca <strong>de</strong> boneca. Eu nunca brinquei<br />
<strong>de</strong> super-herói”<br />
Lorenzo – “Você acha que menina é diferente <strong>de</strong> menino?”<br />
“Não! É igual.”<br />
Pedro – “Menino brinca <strong>de</strong> super-herói e menina não.”<br />
Max - “Meninas brincam <strong>de</strong> coisas lindas, mas só algumas<br />
meninas aparecem nos super-heróis. Menina brinca <strong>de</strong> Barbie,<br />
<strong>de</strong> espiã e os meninos só brincam <strong>de</strong> super-heróis, <strong>de</strong><br />
polícia, <strong>de</strong> espião, laboratório e patrulhas alienígenas.”<br />
Felipe Araujo – “Meu boneco é uma menina, é a mamãe. E<br />
eu brinco <strong>de</strong> vingadores. Eu também gosto <strong>de</strong> brincar <strong>de</strong><br />
comidinha e <strong>de</strong> boneca fazendo coisas.”<br />
Antonio – “Vestido, só menina usa. É a diferença, só.”<br />
Benício – “Tem aquela mulher que é muito boa em lutar. A<br />
mulher-gato”<br />
Maria – “Eu gosto <strong>de</strong> diferente”<br />
Clara – “É mais legal ser menina”<br />
Mario – “Cadê meu boneco?”<br />
Caetano – “Não sei (qual a diferença)”<br />
João – “O meu boneco chama João. Ele faz tudo. Ele é menino.<br />
Menino usa calça e bermuda e menina usa saia.”<br />
Tiago – “Eu não sei a diferença entre menino e menina”<br />
Theo – “ É diferente: um é menino e outro é menina. Eu<br />
gosto <strong>de</strong> menino e menina igual.”<br />
DICAS DE LIVROS PARA LER COM AS CRIANÇAS<br />
• O senhor Cavalo-Marinho, <strong>de</strong> Eric Carle, Tradução:Gabriela<br />
Rocha Alves Editora: Kalandraka<br />
• É tudo família!, <strong>de</strong> Alexandra Maxeiner e Anke Kuhl, L&PM<br />
EDITORES<br />
• A Princesa Sabichona, <strong>de</strong> Babette Cole, Martins editora<br />
• Príncipe Cin<strong>de</strong>relo, <strong>de</strong> Babette Cole, Martins editora<br />
• A história <strong>de</strong> Júlia e sua sombra <strong>de</strong> menino, <strong>de</strong> Christian<br />
Bruel e Anne Galland, com ilustrações <strong>de</strong> Anne Bozellec<br />
(Scipione, 2010).<br />
5<br />
<strong>Folha</strong>Jacaranda_ed17.indd 5 28/09/15 12:33
SESSÃO LITERÁRIA<br />
Eloisa e os<br />
bichos<br />
6<br />
<strong>Folha</strong>Jacaranda_ed17.indd 6 28/09/15 12:33
Eloisa e os bichos<br />
7<br />
<strong>Folha</strong>Jacaranda_ed17.indd 7 28/09/15 12:33
8<br />
<strong>Folha</strong>Jacaranda_ed17.indd 8 28/09/15 12:33
A MÃE DO MENINO E A MÃE DA MENINA<br />
NOSSA GENTE<br />
As duas têm um papo <strong>de</strong>licioso.<br />
Daria um jornal inteiro, uma tar<strong>de</strong> toda.<br />
Trabalham juntas.<br />
Têm histórias <strong>de</strong> maternida<strong>de</strong> parecidas. E concordam<br />
com quase tudo quando o assunto é educação infantil,<br />
questões <strong>de</strong> gênero, participação na formação das<br />
crianças.<br />
Bastam poucos minutos para se perceber que as duas<br />
são apaixonadas pelos caminhos da educação e da<br />
pedagogia. O sorriso fácil vira olhar sério. Falam sobre<br />
o que estudam, pesquisam, questionam, acreditam. São<br />
comprometidas com suas crenças em uma educação humanizada,<br />
acolhedora, respeitadora, com olhar individualizado.<br />
Uma educação que promova escolhas, caminhos<br />
particulares, que honre as diferenças, a beleza <strong>de</strong> cada<br />
criança ser como é.<br />
Em resumo: Natália e Fernanda são a cara da <strong>Jacarandá</strong>.<br />
Natália é paulistana da Vila Gumercindo, ali perto do<br />
Ipiranga. É <strong>de</strong> família italiana e espanhola, mas o lado<br />
italiano fala mais alto. Sempre que po<strong>de</strong>, vai passear em<br />
parques, on<strong>de</strong> po<strong>de</strong> manter o contato com a natureza.<br />
Trabalha com educação infantil <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sempre. Cuida<br />
dos Grupos 3 e 4 da manhã e do Grupo 3 da tar<strong>de</strong>. Tem<br />
3 anos <strong>de</strong> escola.<br />
Fernanda é filha <strong>de</strong> pai espanhol e mãe brasileira.<br />
Nasceu em São Paulo também, mas quando pequena<br />
morou na Espanha. Agora está apaixonada pela yoga,<br />
que pratica à noite, em casa. Como Natália, sempre<br />
trabalhou com crianças, muito pela influência da mãe,<br />
professora. Está na escola há 10 anos e cuida também<br />
do G3 e do G4 da manhã, além do G5 da tar<strong>de</strong>.<br />
Natália é mãe da Sophia. Fernanda é mãe do Kaíque.<br />
Os olhos brilham quando falam dos filhos.<br />
Quando surge a pergunta “como é ser mãe <strong>de</strong> um<br />
menino ? como é ser mãe <strong>de</strong> uma menina?”, silêncio.<br />
Pensam. As duas preferem refletir sobre saudáveis<br />
individualida<strong>de</strong>s que vão se formando na infância, sem<br />
rótulos.<br />
Na hora em que as professoras saem <strong>de</strong> cena e entram<br />
as mães, a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> cada um traçar seus caminhos<br />
continua. E pelo olhar amoroso da maternida<strong>de</strong>, tudo se<br />
torna ainda mais poético.<br />
Claro que existem as “coisas <strong>de</strong> menino”, as “coisas<br />
<strong>de</strong> menina”. Mas porque não enten<strong>de</strong>r com leveza que<br />
é a infância o lindo mundo das experimentações, das<br />
<strong>de</strong>scobertas, dos olhares lúdicos com relação à vida e<br />
suas diferenças?<br />
Natália e Fernanda são daquelas pessoas que estão ajudando<br />
a construir uma nova socieda<strong>de</strong>. E se é fato que<br />
antes <strong>de</strong> um mundo melhor para as pessoas precisamos<br />
<strong>de</strong> pessoas melhores para o mundo, já temos aqui bons<br />
exemplos. O exemplo <strong>de</strong> 3 meninas e 1 menino.<br />
9<br />
<strong>Folha</strong>Jacaranda_ed17.indd 9 28/09/15 12:33
CURTA!<br />
Numa praça privada em Perdizes, escon<strong>de</strong>-se um parquinho<br />
infantil mágico: a Adalbertolândia.<br />
O dono do lugar é um publicitário e marceneiro amador chamado<br />
Adalberto, que em 1969 construiu brinquedos em ma<strong>de</strong>ira<br />
e ferro para crianças, no terreno em frente à sua casa. Tem carrossel,<br />
balanço, gangorra, amarelinha e até um escon<strong>de</strong>rijo no<br />
alto <strong>de</strong> uma bela árvore.<br />
O lugar é tranquilo, limpo e aberto ao público. Recomendado<br />
para crianças <strong>de</strong> 2 a 8 anos.<br />
Adalbertolândia: Rua Prof. Paulino Longo,25, esquina com a Rua<br />
Plínio <strong>de</strong> Morais, próximo a Rua Afonso Bovero - Sumaré.<br />
Abre aos sábados, domingos e feriados, das oito da manhã às<br />
seis da tar<strong>de</strong>. Gratuito.<br />
CONVITE: vejam nossa brinca<strong>de</strong>ira na re<strong>de</strong>!<br />
As brinca<strong>de</strong>iras cantadas são parte fundamental <strong>de</strong> nosso cotidiano na escola e optamos por participar<br />
do projeto internacional <strong>de</strong> intercâmbio musical e cultural “CANTANDO PELO MUNDO - CANTIGAS<br />
E BRINCADEIRAS”, a convite do Beto, professor <strong>de</strong> música.<br />
Esse projeto está aberto a participações <strong>de</strong> educadores e alunos do ciclo da Educação Infantil e Fundamental 1 <strong>de</strong><br />
todas escolas do Brasil. A “plataforma colaborativa” (site do projeto) é vinculada ao PEA- UNESCO BRASIL (Programa<br />
das Escolas Associadas), porém o projeto é aberto a todos educadores interessados nesse tema.<br />
Uma brinca<strong>de</strong>ira do nosso grupo foi registrada e já está acessível no site http://www.peaunesco.org.br/cantandopelomundo/<br />
É só clicar no Brasil e rolar pelos projetos, até chegar nos da escola <strong>Jacarandá</strong>.<br />
G4 tar<strong>de</strong>: bumba-meu-boi<br />
G5B tar<strong>de</strong>: pandalelê<br />
Visite, divulgue... e aprenda a brincar também!<br />
Datas especiais<br />
Nascimentos:<br />
No dia 24 <strong>de</strong> julho, nasceu o irmão<br />
do João Pedro (G3e4m), Miguel.<br />
No dia 14 <strong>de</strong> setembro, nasceram<br />
os gêmeos Joaquim e Francisco,<br />
irmãos da Maria (G3e4m).<br />
Parabéns e felicida<strong>de</strong>s!<br />
Acampamento na escola é uma tradição<br />
e as crianças adoram a experiência<br />
emocionante <strong>de</strong> dormir fora<br />
<strong>de</strong> casa! Dia 28 e 29 <strong>de</strong> agosto foi<br />
o acampamento dos Grupos 5 e, dia<br />
18 e 19 <strong>de</strong> setembro foi a vez dos<br />
Grupos 3 e 4.<br />
Dia 24 <strong>de</strong> outubro: FESTA DAS<br />
CRIANÇAS! Aguar<strong>de</strong>m notícias <strong>de</strong><br />
nossa gran<strong>de</strong> exposição anual.<br />
Expediente<br />
<strong>Jacarandá</strong>: Alessandra Nogueira, Tânia Rezen<strong>de</strong> e Vitória Sá<br />
Participaram <strong>de</strong>sta edição: Ana Cecília Aranha (mãe da Isabel F. e da Beatriz), Débora Lublinski (mãe da Marina C.), Karine<br />
Simone (mãe da Martina), Leandro Castilho (pai do Vittorio), Lucas Valadares (pai da Maria), Marcio Men<strong>de</strong>s (pai do Luca),<br />
Maria Rosenthal (mãe do José), Paula Man<strong>de</strong>l (mãe da Nara e do Lev), Rafaela Bernar<strong>de</strong>s (mãe do Guilherme P.), Renata<br />
Pereira (mãe do Felipe A.) e Tatiana Cymbalista (mãe da Clara e do Max).<br />
10<br />
<strong>Folha</strong>Jacaranda_ed17.indd 10 28/09/15 12:33