17.05.2016 Views

Carne de canhão

Carne de Canhão é a primeira novela do escritor argentino Agustín Arosteguy. A obra já foi editada na Espanha e no Chile. A tradução para o português é fruto de uma premiação do programa “Sur” de apoio a traduções do governo argentino. A novela retrata a vida do jovem Miguel, nascido na pequena cidade de Balcarce e alçado à fama na capital Buenos Aires. A cultura do espetáculo e as questões da vida em uma metrópole global vão desafiar Miguel e envolver o leitor na sua busca pelo sentido dessa jornada. Agustín Arosteguy é argentino. Escritor, produtor cultural e mestre em Gestão de projetos de ócio pela Universidade de Deusto, escreve, desde maio do 2013, uma coluna quinzenal para o jornal La Capital da Argentina. Seu livro de contos “¿Estás contenta con tu Rocambole, amor mío inaccesible?” foi finalista do II Prêmio de Literatura Experimental, organizado pelo Sporting Club Russafa (Espanha). Atualmente está trabalhando num de romance gráfico, que vai ser uma trilogia, chamado “La gran Peucelle”.

Carne de Canhão é a primeira novela do escritor argentino Agustín Arosteguy. A obra já foi editada na Espanha e no Chile. A tradução para o português é fruto de uma premiação do programa “Sur” de apoio a traduções do governo argentino.

A novela retrata a vida do jovem Miguel, nascido na pequena cidade de Balcarce e alçado à fama na capital Buenos Aires. A cultura do espetáculo e as questões da vida em uma metrópole global vão desafiar Miguel e envolver o leitor na sua busca pelo sentido dessa jornada.

Agustín Arosteguy é argentino. Escritor, produtor cultural e mestre em Gestão de projetos de ócio pela Universidade de Deusto, escreve, desde maio do 2013, uma coluna quinzenal para o jornal La Capital da Argentina. Seu livro de contos “¿Estás contenta con tu Rocambole, amor mío inaccesible?” foi finalista do II Prêmio de Literatura Experimental, organizado pelo Sporting Club Russafa (Espanha).

Atualmente está trabalhando num de romance gráfico, que vai ser uma trilogia, chamado “La gran Peucelle”.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

feito rir <strong>de</strong> algo absolutamente inesperado, mas que nunca<br />

chegava a ser explícito. Nisso, justamente, apoiava-se a<br />

magia. No entanto, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> tê-lo escutado pela décima<br />

vez, o bordão provocava uma espécie <strong>de</strong> sossego misturado<br />

com estranhamento, uma sauda<strong>de</strong> até. Nesse sentido,<br />

era um anacronismo com todas as letras, razão pela qual<br />

Miguel o guardou como um tesouro por toda sua adolescência.<br />

Miguel gostava <strong>de</strong> se lembrar <strong>de</strong> quando seu avô<br />

o dizia, porque, se não lhe falhava a memória, esse havia<br />

sido o primeiro anacronismo metafórico, ou a primeira<br />

metáfora anacrônica, que ele escutara em toda sua vida.<br />

As frases, ao longo dos anos, adquirem um peso consi<strong>de</strong>rável<br />

ao passarem <strong>de</strong> geração em geração. Algumas se<br />

per<strong>de</strong>m pelo caminho. Por isso, os membros das famílias<br />

que conseguem conservá-las po<strong>de</strong>m ser i<strong>de</strong>ntificados entre<br />

terceiros pelas frases, pelos refrãos e pelos bordões que<br />

utilizam. Assim, a frase <strong>de</strong> Eugenio passou a fazer parte<br />

do acervo familiar e tornou-se conhecida no bairro e por<br />

toda parte em Balcarce. Como toda boa frase, essa guardava<br />

um gran<strong>de</strong> mistério, já que nunca se chegaria a saber<br />

exatamente <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vinha, como surgira, quando foi que<br />

Eugenio a escutou pela primeira vez ou se era ele mesmo<br />

seu inventor. Miguel contraiu tal <strong>de</strong>pendência emocional<br />

em relação a essa frase que, ao pronunciá-la, vinhalhe<br />

à mente uma sequência <strong>de</strong> imagens <strong>de</strong> sua infância<br />

e adolescência, <strong>de</strong> sua cida<strong>de</strong>, das serras, dos almoços familiares<br />

<strong>de</strong> domingo na casa dos avós... Desfilavam, <strong>de</strong>ssa<br />

maneira, a serra La Barrosa, o autódromo Juan Manuel<br />

Fangio, os alfajores Comoantes, a pizzaria Los Cachorros,<br />

a Praça da Cruz, as tílias nas pérgulas que ro<strong>de</strong>avam a<br />

8

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!