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Carne de canhão

Carne de Canhão é a primeira novela do escritor argentino Agustín Arosteguy. A obra já foi editada na Espanha e no Chile. A tradução para o português é fruto de uma premiação do programa “Sur” de apoio a traduções do governo argentino. A novela retrata a vida do jovem Miguel, nascido na pequena cidade de Balcarce e alçado à fama na capital Buenos Aires. A cultura do espetáculo e as questões da vida em uma metrópole global vão desafiar Miguel e envolver o leitor na sua busca pelo sentido dessa jornada. Agustín Arosteguy é argentino. Escritor, produtor cultural e mestre em Gestão de projetos de ócio pela Universidade de Deusto, escreve, desde maio do 2013, uma coluna quinzenal para o jornal La Capital da Argentina. Seu livro de contos “¿Estás contenta con tu Rocambole, amor mío inaccesible?” foi finalista do II Prêmio de Literatura Experimental, organizado pelo Sporting Club Russafa (Espanha). Atualmente está trabalhando num de romance gráfico, que vai ser uma trilogia, chamado “La gran Peucelle”.

Carne de Canhão é a primeira novela do escritor argentino Agustín Arosteguy. A obra já foi editada na Espanha e no Chile. A tradução para o português é fruto de uma premiação do programa “Sur” de apoio a traduções do governo argentino.

A novela retrata a vida do jovem Miguel, nascido na pequena cidade de Balcarce e alçado à fama na capital Buenos Aires. A cultura do espetáculo e as questões da vida em uma metrópole global vão desafiar Miguel e envolver o leitor na sua busca pelo sentido dessa jornada.

Agustín Arosteguy é argentino. Escritor, produtor cultural e mestre em Gestão de projetos de ócio pela Universidade de Deusto, escreve, desde maio do 2013, uma coluna quinzenal para o jornal La Capital da Argentina. Seu livro de contos “¿Estás contenta con tu Rocambole, amor mío inaccesible?” foi finalista do II Prêmio de Literatura Experimental, organizado pelo Sporting Club Russafa (Espanha).

Atualmente está trabalhando num de romance gráfico, que vai ser uma trilogia, chamado “La gran Peucelle”.

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Praça Liberda<strong>de</strong>, os cardos ver<strong>de</strong>s com suas flores violetas,<br />

e a tar<strong>de</strong>zinha em que ele <strong>de</strong>scobriu que as esquinas não<br />

terminavam em ponta, mas obliquamente. Mais tar<strong>de</strong> averiguaria<br />

que esse corte oblíquo chama-se oitava. Esse momento<br />

foi muito revelador; uma gran<strong>de</strong> invenção para que<br />

a visão se amplie antes <strong>de</strong> chegar à esquina, quando se está<br />

<strong>de</strong> carro ou <strong>de</strong> bicicleta, para o caso <strong>de</strong> vir algum veículo.<br />

Foi tal a emoção que o tomou nesse instante que ele sequer<br />

reparou que as oitavas haviam sido implementadas numa<br />

época em que não existia semáforo. Chegou a cogitar que<br />

alguém <strong>de</strong> sua cida<strong>de</strong> houvesse inventado aquele fenômeno.<br />

No fundo, o que mais lhe agradava era a palavra, que,<br />

por alguma razão, tinha sabor <strong>de</strong> anacronismo.<br />

A juventu<strong>de</strong> <strong>de</strong> Miguel em Balcarce consistia em ficar<br />

em casa, cuidar do jardim, regar as plantas, sair para passear<br />

com o cachorro, colecionar e classificar os anacronismos<br />

em poéticos, bizarros, eróticos, ordinários, supérfluos,<br />

entre outros, e <strong>de</strong> segunda a sexta ir ao colégio. Todos<br />

os sábados, passava a tar<strong>de</strong> inteira com a mãe e com as<br />

amigas <strong>de</strong>la. Sempre revezavam as casas, nunca repetiam<br />

a mesma dois sábados seguidos. Nos sábados em que a<br />

reunião se dava na casa <strong>de</strong> Miguel, ele mesmo tentava<br />

acordar antes <strong>de</strong> sua mãe para não esquecer nenhum <strong>de</strong>talhe<br />

e para não ter que terminar tudo correndo em cima<br />

da hora. Durante os dias prece<strong>de</strong>ntes se encarregava <strong>de</strong><br />

conseguir tudo o que fosse necessário e <strong>de</strong>ixar encomendado<br />

ao vizinho, conhecido como Pochi, um doce caseiro<br />

<strong>de</strong> figo. A sexta-feira ele aproveitava para tirar o pó dos<br />

vasos, trocar as flores e a água, passar o aspirador e <strong>de</strong>ixar<br />

o lugar da reunião bem arrumado. Quando tudo estava<br />

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