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Cristão - Ano125_N03 - Mai_Jun 2016 - Final 13-05

Publicação da União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil - Ano 125 - nº 3 de Maio/Junho/2016

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Ano 125 nº 03 - União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil<br />

8<br />

MATÉRIA DEM - Derpartamento ESPECIAL de Evangelização e Missões<br />

Educação Teológica: O grande desafio da UIECB<br />

Com mais de cem anos de existência,<br />

a UIECB tem como um de<br />

seus grandes desafios, no início do<br />

século XXI, a oferta de uma Educação<br />

Teológica moderna, adequada<br />

ao contexto histórico hodierno, sem,<br />

contudo, prescindir do preparo, com<br />

qualidade, para o ministério pastoral,<br />

daqueles que são vocacionados.<br />

Robert Reid Kalley (1809 –<br />

1888), na segunda metade do século<br />

XIX, já havia entendido a importância<br />

do binômio “modernidade” e<br />

“aperfeiçoamento ministerial”, e empenhou-se<br />

para que os colaboradores<br />

de sua obra evangelística fossem<br />

bem preparados. Seu filho adotivo,<br />

João Gomes da Rocha (1861 – 1947),<br />

apesar de não ter sido pastor, estudou<br />

medicina em Londres e serviu<br />

ao Evangelho como médico missionário.<br />

João Manoel Gonçalves dos<br />

Santos (1842 – 1928), o primeiro<br />

pastor evangélico brasileiro, estudou<br />

no Colégio de Pastores, na Grã Bretanha,<br />

fundado por Charles Spurgeon.<br />

O mesmo também aconteceu com o<br />

pastor Leônidas Philadelpho Gomes<br />

da Silva (1854 – 1919), o primeiro<br />

pernambucano a ser ordenado ministro<br />

do evangelho, além de tantos<br />

outros pastores que também tiveram<br />

sua formação teológica nas melhores<br />

instituições europeias da época.<br />

Diferente das igrejas denominacionais,<br />

como Metodistas, Presbiterianas<br />

e Batistas, além de outras, que<br />

se instalaram no Brasil e desenvolveram<br />

projetos missionários e educacionais<br />

financiados e subsidiados por<br />

suas denominações, fundando igrejas,<br />

escolas e seminários (seminário<br />

metodista – 1888; seminário presbiteriano<br />

– 1892; seminário batista –<br />

1902), o trabalho de Kalley foi uma<br />

iniciativa pessoal, com recursos próprios.<br />

1 Somente em 19<strong>13</strong>, quando as<br />

<strong>13</strong> igrejas de origem kalleyana se juntaram<br />

para organizar a denominação<br />

congregacional (autóctone, genuinamente<br />

brasileira), é que foi proposta<br />

a fundação de um seminário, o que se<br />

concretizou no ano seguinte (1914),<br />

com a fundação de uma instituição<br />

de ensino teológico, hoje denominada<br />

Seminário Teológico Congregacional<br />

do Rio de Janeiro, que oferecia<br />

a formação exclusivamente voltada<br />

para preparar o discente para o ministério<br />

pastoral. Em 1926, outro seminário<br />

foi fundado, em Recife.<br />

No cenário nacional, apesar de<br />

o Estado Brasileiro ser laico, desde<br />

1931, por ocasião da primeira reforma<br />

educacional de caráter nacional<br />

promovida por Francisco Campos,<br />

Ministro de Educação e Saúde no<br />

governo de Getúlio Vargas, o Ensino<br />

Religioso passou a ser oferecido facultativamente<br />

nas escolas públicas<br />

de acordo com a confissão e a opção<br />

familiar. A oferta do Ensino religioso,<br />

ao longo das décadas, marcou seu<br />

lugar nas diferentes Constituições<br />

Federais e na legislação educacional,<br />

culminando com a Constituição Federal<br />

de 1988, e a Lei de Diretrizes e<br />

Bases da Educação Nacional (LDB),<br />

Lei 9.394, de 1996, que possibilitou o<br />

reconhecimento da teologia pelo Estado<br />

brasileiro.<br />

No Brasil, até a década de 1990,<br />

a Educação Teológica era oferecida<br />

sob o modelo de Educação Continuada<br />

aos concluintes dos antigos 1º e<br />

2º Grau, hoje denominados de Educação<br />

Básica, ofertada como curso<br />

livre, principalmente na modalidade<br />

de curso “Médio em Teologia” ou<br />

“Bacharel Teologia”, sem o reconhecimento<br />

pelo MEC (Ministério de<br />

Educação e Cultura).<br />

Entre as escolas que ofereciam esses<br />

cursos de teologia havia uma diferença.<br />

Dependendo do Número de<br />

Créditos e, principalmente, da Carga<br />

Horária, eram considerados Seminários<br />

Menores ou Seminários <strong>Mai</strong>ores.<br />

Os Seminários <strong>Mai</strong>ores ofereciam<br />

um curso teológico com maior tempo<br />

de estudos, que não poderia ser<br />

inferior a dois anos. Ofereciam disciplinas<br />

que poderiam corresponder<br />

às disciplinas que compusessem o<br />

núcleo básico das graduações em Ciências<br />

Humanas ou Letras, conforme<br />

estabelecia o Decreto-lei 1.<strong>05</strong>1, de 21<br />

de outubro de 1969. As escolas que<br />

ofereciam cursos de teologia com<br />

menos de dois anos eram consideradas<br />

Seminários Menores.<br />

Até então, tanto nos Seminários<br />

Menores quanto nos Seminários<br />

<strong>Mai</strong>ores, a finalidade dos cursos era<br />

oferecer um conteúdo que preparasse<br />

os vocacionados para o exercício<br />

ministerial. Não havia outra ênfase<br />

a não ser capacitar com o conhecimento<br />

bíblico-teológico àqueles que<br />

se sentiam chamados para o ministério<br />

pastoral. Nesta tarefa, de melhor<br />

preparar os vocacionados e obreiros<br />

para a pregação do evangelho, alguns<br />

seminários ganharam notoriedade<br />

nacional, como foi o caso do Seminário<br />

Teológico Congregacional do<br />

Rio de Janeiro – STCRJ, e o Seminário<br />

Teológico do Nordeste – STCNE.<br />

Apesar de todas as dificuldades,<br />

principalmente por causa dos parcos<br />

recursos, o STCRJ era considerado<br />

uma das melhores escolas teológicas<br />

do Brasil, dando à nossa denominação<br />

um lugar de destaque. Pelos<br />

bancos escolares do STCRJ passaram<br />

homens e mulheres cujos nomes repercutem<br />

na história denominacional<br />

e, quiçá, na história do protestantismo<br />

brasileiro.<br />

As perspectivas quanto à formação<br />

teológica mudaram no Brasil<br />

quando o MEC, em 1999, por meio<br />

do Parecer CES/CNE nº 241/99, reconheceu<br />

o Bacharelado em Teologia<br />

como curso superior. A partir de então,<br />

as instituições de formação teológica<br />

interessadas em oferecer um<br />

curso chancelado pelo MEC deveriam<br />

se adaptar e cumprir as exigências do<br />

MEC. A necessidade de adaptação e o<br />

cumprimento das exigências não contemplavam<br />

questões de natureza doutrinária<br />

ou confessional. Esta abertura,<br />

que chamo de “secularização<br />

do ensino teológico”, promoveu, de<br />

maneira geral, uma maior preocupa-

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