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Cristão - Ano125_N03 - Mai_Jun 2016 - Final 13-05

Publicação da União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil - Ano 125 - nº 3 de Maio/Junho/2016

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Pr. Hildebrando Costa Santos Filho<br />

ção das instituições com a formação<br />

técnico-profissional, em detrimento<br />

da formação ministerial, que prepara<br />

àquele que diz ter o chamado ministerial,<br />

oferecendo-lhe melhores condições<br />

para o desenvolvimento dos<br />

múltiplos ministérios na igreja.<br />

Neste sentido, com uma perspectiva<br />

técnico-educacional, a UIECB<br />

passou, ainda que com passos lentos,<br />

a caminhar na seara da adaptação e<br />

do cumprimento das exigências da<br />

norma educacional federal para oferecer<br />

uma Educação Teológica reconhecida<br />

pelo MEC. Aprovou o Plano<br />

Decenal de Educação Teológica, e<br />

dentre as diversas ações que deveriam<br />

ser concretizadas estava a mudança<br />

dos Componentes Curriculares<br />

(antiga Grade Curricular), sendo<br />

concretizada recentemente.<br />

Até o início de <strong>2016</strong>, a mudança<br />

dos Componentes Curriculares<br />

tem sido alvo de questionamentos<br />

por considerarem que a natureza<br />

do conteúdo curricular privilegia a<br />

formação técnico-profissional em<br />

detrimento do preparo ministerial,<br />

que deveria ser a finalidade precípua<br />

de qualquer seminário teológico, e<br />

que sempre foi uma preocupação da<br />

UIECB. O artigo 89 do Regimento<br />

Interno da UIECB afirma expressamente<br />

que “o Seminário Teológico<br />

Congregacional do Rio de Janeiro é<br />

o estabelecimento padrão de ensino<br />

religioso e teológico da União”. Se seu<br />

conteúdo curricular não contemplar<br />

o preparo bíblico-teológico dos vocacionados<br />

e dos chamados para o<br />

exercício dos múltiplos ministérios<br />

na igreja, o efeito será devastador<br />

para a denominação. E, de quem é<br />

a responsabilidade por tal desvio de<br />

finalidade? É da própria UIECB –<br />

que não pode prescindir dessa preocupação<br />

– , pois o responsável pela<br />

implantação e fiscalização dos Componentes<br />

Curriculares com conteúdo<br />

que contemple o preparo bíblico-teológico<br />

adequado à necessidade das<br />

igrejas congregacionais não é o ST-<br />

CRJ, ou qualquer outro seminário,<br />

e sim o Departamento de Educação<br />

Teológica – DET, órgão especializado<br />

que “programa, coordena e controla<br />

o ensino de Educação Teológica da<br />

União, através de Seminários e outras<br />

escolas ou cursos em âmbito denominacional<br />

(artigo 71 do Regimento<br />

Interno da UIECB).<br />

O desvio da principal missão da<br />

educação bíblico-teológica, que é<br />

preparar o vocacionado para o exercício<br />

dos múltiplos ministérios na<br />

igreja, principalmente o ministério<br />

pastoral, acarreta graves consequências<br />

à preservação dos princípios<br />

bíblicos e teológicos que norteiam<br />

nossas igrejas congregacionais, o<br />

que, de certa maneira, tem acontecido.<br />

“Secularização dos púlpitos”,<br />

“ministérios pastorais mercenários”<br />

e confusões decorrentes de “ventos<br />

de doutrinas” permeiam nossas igrejas<br />

e nossa denominação. O resultado<br />

de tudo isto é o desvirtuamento dos<br />

princípios bíblicos, a prática de uma<br />

teologia heterodoxa e uma falta de<br />

identidade denominacional.<br />

A expressão “Casa de Profetas”,<br />

apesar de ser, tempos atrás, muitas<br />

vezes utilizada de maneira anacrônica,<br />

outrora exprimia um sentido que<br />

se perdeu com a secularização do<br />

ensino teológico, desconhecido por<br />

muitos pastores e líderes: o seminário<br />

é o lugar onde vocacionados são<br />

capacitados para trabalhar nos “campos<br />

do Senhor”.<br />

Hoje, os que se apresentam para<br />

compor o Quadro de Ministros da<br />

UIECB são egressos de “escolas teológicas”<br />

de diversas matizes que têm<br />

na oferta de seus cursos os mais diferentes<br />

interesses, muitas vezes com<br />

uma formação teológica deficitária,<br />

secularizada, ou, simplesmente, com<br />

ênfase comercial, oferecendo facilidades<br />

para um público cada vez mais<br />

desejoso por desfrutá-las.<br />

É preciso que a formação teológica,<br />

e todo seu conteúdo, oferecida<br />

por nossa denominação ou por ela<br />

recepcionada através dos egressos de<br />

outras escolas teológicas, seja moderna<br />

e proporcione novas possibilidades<br />

e perspectivas sem, contudo,<br />

esquecer ou desviar-se dos fundamentos<br />

e da razão da fé (Hebreus<br />

11.1; 1ª Pedro 3.15), além, é claro, da<br />

capacitação para os múltiplos ministérios<br />

na igreja.<br />

A UIECB deu um grande salto<br />

ao introduzir a “Prova Nacional”,<br />

primeiro sendo aplicada pelo DET, e<br />

agora pelo DAM, estabelecendo que<br />

o aspirante ao ministério pastoral e<br />

ou ingresso no Quadro de Ministro<br />

tenha que lograr aprovação neste<br />

exame. Sabemos que a prova é um<br />

instrumento cuja eficácia como mecanismo<br />

de aferição de capacidade<br />

e conhecimento é questionado por<br />

muitos, mas não tê-la é, também,<br />

aceitar a possibilidade de ingresso de<br />

muitos que obtiveram um título com<br />

o esforço mínimo, sem dedicação aos<br />

estudos, que conseguiram concluir o<br />

curso realizando o mínimo exigido<br />

por qualquer sistema educacional.<br />

Talvez, um dos melhores indicadores<br />

desta realidade de deficiência seja a<br />

dificuldade que a maioria dos que se<br />

sujeitam à “Prova Nacional” tem para<br />

escrever uma redação com conteúdo<br />

e forma satisfatórios.<br />

A UIECB tem um grande desafio<br />

à sua frente. A preocupação com o que<br />

está sendo oferecido para a formação<br />

bíblico-teológica não pode prescindir<br />

dos inegociáveis fundamentos, princípios<br />

e valores bíblicos, sob o risco de<br />

promover ou acolher o desvio da “sã<br />

doutrina” (2ª Pedro 2.1 a 3).<br />

A Educação Teológica acolhida<br />

pela UIECB não pode deixar-se influenciar<br />

por uma “teologia secularizada”,<br />

heterodoxa e exclusivamente<br />

profissionalizante. É verdade que a<br />

Educação Teológica da UIECB precisa<br />

ser moderna, permitindo que novas<br />

possibilidades e novos horizontes<br />

sejam perscrutados por aqueles que<br />

vêm em busca desta formação; mas,<br />

ela jamais poderá perder de vista a<br />

“educação teológica ministerial”, que<br />

tem como objetivo primeiro, capacitar<br />

todo aquele que foi vocacionado<br />

pelo Senhor da seara. Eis aí o grande<br />

desafio da UIECB.<br />

1 “A grande personalidade do Dr. Kalley contribui para<br />

o desenvolvimento de independência e individualismo.<br />

As igrejas são nacionais e foram desenvolvidas sem<br />

auxilio e a influência de missionário estrangeiros. As<br />

pesadas responsabilidades econômicas dificultaram o<br />

desenvolvimento do espírito missionário das igrejas e<br />

consequentemente a denominação crescia lentamente.”<br />

CRABTREE, A. R. História dos batistas no Brasil.<br />

Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista. 1962, p. 32<br />

União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil - Ano 125 nº 03<br />

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