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Mãe! Mãe! salve-me!<br />
Então se viu fora do pântano, em sua cama, em seu lugar,<br />
o corpo encharcado, mas era suor. Agora sabia que fôra sonho, mesmo antes de ouvir a voz<br />
dela junto à cama.<br />
— Não houve nada, meu filho. Estou aqui. Tudo está bem.<br />
Sentiu a mão lhe acariciar a fronte — mão fria, como o suor que principiava a secar. Quis<br />
abrir os olhos, mas a ouviu:<br />
— Não se preocupe, filho. Torne a dormir.<br />
— Mas quero lhe dizer...<br />
— Já sei. Vi tudo. Pensou que fugi, abandonando você? Fêz o que devia, Norman. Agora<br />
está tudo, bem.<br />
Sim, devia ser assim. Ela estava ali para o proteger, e êle estava ali para a proteger. Antes<br />
de readormecer, havia decidido. Nenhum dos dois falaria a respeito do que houve naquela<br />
noite. Nem agora, nem nunca. Não pensou mais em interná-la. Não importava o que ela fizera:<br />
o lugar dela era ali, ao lado dêle. Talvez fôsse mesmo louca, e assassina — mas era tudo para<br />
êle. Tudo quanto desejava. Tudo o de que necessitava. E enquanto adormecia, bastava-lhe<br />
saber que ela estava a seu lado.<br />
Virou-se e se engolfou numa escuridão ainda mais densa e mais absorvente que a do<br />
pântano.