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Psicose - Robert Bloch

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do cinzeiro.<br />

— Já chega! bradou êle — o sr. não tem direito de fazer essas acusações. Até aqui ainda<br />

não apresentou sequer uma prova do que acaba de dizer!<br />

Arbogast apalpou o bôlso, à procura de mais um cigarro.<br />

— Quer uma prova, não é? O que acha que andei fazendo na estrada desde quarta-feira de<br />

manhã? Foi quando achei o carro.<br />

— Achou o carro de minha irmã? exclamou Lila, levantando-se.<br />

— Claro! Tive um palpite engraçado: que uma das primeiras coisas que ela faria seria<br />

encostar o carro. Procurei todos os revendedores e alugadores de carros de segunda mão,<br />

dando a descrição do dela e o número da chapa. Valeu a pena. Não demorou muito,<br />

encontrei. Exibi ao sujeito minhas credenciais e êle desembuxou. Depressinha! Parecia que<br />

o carro lhe queimava as mãos. Não refutei o que êle disse. Mary Crane fechara o negócio<br />

às pressas, na noite de sexta-feira, um pouco antes de se fechar a casa. Teve um bruto<br />

prejuízo na troca. Obtive tôdas as informações e uma completa descrição da lata velha em<br />

que ela saiu. Dirigiu-se para o norte. Eu também me dirigi para o norte. Eu não podia andar<br />

muito depressa. Tinha um palpite: de que ela aderiria à estrada, de vez que se dirigia para<br />

cá. Talvez que na primeira noite guiasse em linha reta. Durante oito horas, eu também guiei<br />

em linha reta. Depois fiquei um tempo enorme rodando em tôrno da cidade de Oklahoma,<br />

inspecionando motéis da estrada e postos de carros para alugar. Imaginei que ela podia<br />

trocar de carro, para se sentir mais segura. Mas qual! Quarta-feira cheguei até Tulsa. A<br />

mesma rotina, os mesmos resultados. Só hoje de manhã foi que achei a agulha no palheiro.<br />

Outro pôsto de carros para alugar, outro revendedor, exatamente ao norte dali. Ela fêz a<br />

segunda troca na manhã do último sábado: apanhou outra lata velha e acabou num Plymouth<br />

azul de 1953, com o para-choque fronteiro amassado.<br />

Arbogast tirou do bôlso um livro de notas.Está tudo aqui — o branco no preto. A marca, o<br />

número do motor — tudo. Os dois revendedores mandaram fazer cópias fotostáticas de tudo e<br />

as remeterão para meu escritório. Mas agora isso já não tem importância. O importante é<br />

saber que Mary Crane se dirigia para o norte ao sair de Tulsa, tomando pela estrada principal<br />

no sábado de manhã, após ter trocado de carro duas vêzes nas últimas dezesseis horas. Na<br />

minha opinião, era êste o lugar a que ela queria chegar. E a menos que tivesse acontecido<br />

qualquer coisa inesperada — um enguiço do carro, talvez um acidente — ela devia ter<br />

chegado aqui no sábado à noite.<br />

— Não chegou, afirmou Sam. — Não a vi. Olhe: posso arranjar uma prova, se a desejar.<br />

Na noite do último sábado eu estava no Salão da Legião, jogando baralho. Há muitas<br />

testemunhas. No domingo de manhã fui à igreja. Ã tarde jantei no...<br />

Arbogast levantou a mão pachorrenta.<br />

— O.K., compreendo o que quer dizer. Não a viu. Logo, deve ter acontecido alguma coisa.<br />

Vou voltar a procurar.<br />

— E que diz da Polícia? consultou Lila. Continuo achando que o sr. deve dirigir-se à<br />

Polícia. E umedeceu os lábios. — Suponha-se que tivesse havido um acidente. Não seria<br />

possível investigar todos os hospitais entre Fairvale e Tulsa. É igualmente possível ela ter<br />

perdido os sentidos em alguma parágem. Pode até...<br />

Desta vez foi Sam quem lhe bateu no ombro.<br />

— Tolice, murmurou — se tivesse acontecido algo assim, já nos teriam avisado. Mary está

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