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do cinzeiro.<br />
— Já chega! bradou êle — o sr. não tem direito de fazer essas acusações. Até aqui ainda<br />
não apresentou sequer uma prova do que acaba de dizer!<br />
Arbogast apalpou o bôlso, à procura de mais um cigarro.<br />
— Quer uma prova, não é? O que acha que andei fazendo na estrada desde quarta-feira de<br />
manhã? Foi quando achei o carro.<br />
— Achou o carro de minha irmã? exclamou Lila, levantando-se.<br />
— Claro! Tive um palpite engraçado: que uma das primeiras coisas que ela faria seria<br />
encostar o carro. Procurei todos os revendedores e alugadores de carros de segunda mão,<br />
dando a descrição do dela e o número da chapa. Valeu a pena. Não demorou muito,<br />
encontrei. Exibi ao sujeito minhas credenciais e êle desembuxou. Depressinha! Parecia que<br />
o carro lhe queimava as mãos. Não refutei o que êle disse. Mary Crane fechara o negócio<br />
às pressas, na noite de sexta-feira, um pouco antes de se fechar a casa. Teve um bruto<br />
prejuízo na troca. Obtive tôdas as informações e uma completa descrição da lata velha em<br />
que ela saiu. Dirigiu-se para o norte. Eu também me dirigi para o norte. Eu não podia andar<br />
muito depressa. Tinha um palpite: de que ela aderiria à estrada, de vez que se dirigia para<br />
cá. Talvez que na primeira noite guiasse em linha reta. Durante oito horas, eu também guiei<br />
em linha reta. Depois fiquei um tempo enorme rodando em tôrno da cidade de Oklahoma,<br />
inspecionando motéis da estrada e postos de carros para alugar. Imaginei que ela podia<br />
trocar de carro, para se sentir mais segura. Mas qual! Quarta-feira cheguei até Tulsa. A<br />
mesma rotina, os mesmos resultados. Só hoje de manhã foi que achei a agulha no palheiro.<br />
Outro pôsto de carros para alugar, outro revendedor, exatamente ao norte dali. Ela fêz a<br />
segunda troca na manhã do último sábado: apanhou outra lata velha e acabou num Plymouth<br />
azul de 1953, com o para-choque fronteiro amassado.<br />
Arbogast tirou do bôlso um livro de notas.Está tudo aqui — o branco no preto. A marca, o<br />
número do motor — tudo. Os dois revendedores mandaram fazer cópias fotostáticas de tudo e<br />
as remeterão para meu escritório. Mas agora isso já não tem importância. O importante é<br />
saber que Mary Crane se dirigia para o norte ao sair de Tulsa, tomando pela estrada principal<br />
no sábado de manhã, após ter trocado de carro duas vêzes nas últimas dezesseis horas. Na<br />
minha opinião, era êste o lugar a que ela queria chegar. E a menos que tivesse acontecido<br />
qualquer coisa inesperada — um enguiço do carro, talvez um acidente — ela devia ter<br />
chegado aqui no sábado à noite.<br />
— Não chegou, afirmou Sam. — Não a vi. Olhe: posso arranjar uma prova, se a desejar.<br />
Na noite do último sábado eu estava no Salão da Legião, jogando baralho. Há muitas<br />
testemunhas. No domingo de manhã fui à igreja. Ã tarde jantei no...<br />
Arbogast levantou a mão pachorrenta.<br />
— O.K., compreendo o que quer dizer. Não a viu. Logo, deve ter acontecido alguma coisa.<br />
Vou voltar a procurar.<br />
— E que diz da Polícia? consultou Lila. Continuo achando que o sr. deve dirigir-se à<br />
Polícia. E umedeceu os lábios. — Suponha-se que tivesse havido um acidente. Não seria<br />
possível investigar todos os hospitais entre Fairvale e Tulsa. É igualmente possível ela ter<br />
perdido os sentidos em alguma parágem. Pode até...<br />
Desta vez foi Sam quem lhe bateu no ombro.<br />
— Tolice, murmurou — se tivesse acontecido algo assim, já nos teriam avisado. Mary está