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Psicose - Robert Bloch

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proveito êle teria com êsse estratagema? Não só isso, mas a sra. está menosprezando os<br />

fatos. Mary desapareceu. Está desaparecida desde a tarde em que recebeu o dinheiro. Não<br />

o levou ao banco. Não o escondeu no apartamento. Mas o dinheiro sumiu. E o carro dela<br />

sumiu. Ela também sumiu.<br />

Mais um cigarro se acabou e foi enterrado no cinzeiro.<br />

— Tudo combina!<br />

Lila começou a soluçar baixinho.<br />

— Não, não combina. O sr. me devia ter ouvido quando eu quis chamar a Polícia. Em vez<br />

disso, consenti em que o sr. e mr. Lowery me fizessem calar. O sr. disse que não queria dar<br />

o alarme e que, se esperássemos, talvez Mary resolvesse devolver o dinheiro. O sr. não<br />

quis acreditar no que eu dizia, mas agora sei que eu tinha razão. Mary não roubou o<br />

dinheiro. Alguém a raptou. Alguém que estava a par da história...<br />

Arbogast encolheu os ombros, depois se ergueu devagar e se dirigiu para a moça. Deu-lhe<br />

uma pancadinha no ombro:<br />

— Escute aqui, miss Crane: já examinamos tudo isso antes; lembra-se? Ninguém sabia o<br />

caso do dinheiro. Sua irmã não foi raptada. Foi para casa, fês as malas, saiu no seu próprio<br />

carro e estava sozinha. A senhorita não a viu sair? Então? Seja razoável!<br />

— Estou sendo razoável! O sr. é que faz confusão! Imagine: seguir-me até aqui para<br />

inquirir mr. Loomis...<br />

O investigador abanou a cabeça.<br />

— Que a leva a pensar que a segui? perguntou tranquilamente.<br />

— Então como é que hoje de noite se encontra aqui? O sr. não sabia que Mary e Sam<br />

Loomis eram noivos. Exceto eu, ninguém mais sabia. O sr. nem ao menos sabia da<br />

existência de Sam!<br />

Arbogast tornou a abanar a cabeça.<br />

— Sabia, sim. Lembre-se: lá no apartamento, quando dei a batida na escrivaninha de sua<br />

irmã, topei com êste envelope...<br />

E o investigador o agitou no ar.<br />

— Ué! Está endereçado a mim! murmurou Sam, levantando-se para apanhá-lo.<br />

Arbogast retirou a mão.<br />

— Não precisará disto; não tem carta dentro — é apenas o envelope. Mas pode me servir,<br />

por trazer a letra dela.<br />

Fêz uma pausa.<br />

— Tenho, com efeito, me servido dêle, desde a manhã de quarta-feira, quando saí para cá.<br />

— Foi na quarta-feira que o sr. veio para cá? indagou Lila, dando pancadinhas nos olhos<br />

com o lenço.<br />

— Isso mesmo. Não vim no seu encalço, Miss, mas à sua frente. O endereço do envelope<br />

me deu a pista. Isso, mais o retrato de Loomis na moldura, junto à cama de sua irmã. “Com<br />

todo o meu amor — Sam”. Foi fácil estabelecer a ligação. Em conseqüência decidi me<br />

colocar no lugar de sua irmã. Acabo de me apoderar de quarenta mil dólares em dinheiro.<br />

Tenho de sair da cidade, e depressa. Para onde ir? Para o Canadá, o México, as índias<br />

Ocidentais? Muito arriscado. Além disso, não tive tempo de fazer planosde longo alcance.<br />

O meu impulso natural teria sido vir diretamente procurar o namorado...<br />

Sam deu um murro tão forte na mesa da cozinha, que os tocos de cigarro saltaram para fora

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