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Psicose - Robert Bloch

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para lá e não vi nada estranho. Bates estava no mato atrás da casa, catando lenha. Nem<br />

precisei exibir a licença — êle foi muito gentil. Disse-me que investigasse, até chegou a<br />

me entregar as chaves do motel.<br />

— E o sr. investigou?<br />

— Claro que sim. Entrei em todos os quartos, examinei a casa de alto a baixo. Não<br />

encontrei viva alma. Não encontrei coisa alguma. Pois não havia ninguém. Ninguém tinha<br />

estado lá, exceto Bates. Faz muitos anos que mora sòzinho.<br />

— E o quarto?<br />

— Há um quarto de frente, no segundo andar: pertencia à mãe dêle, quando era viva. Por<br />

êsse lado, nenhuma novidade. Em verdade êle o conserva exatamente como era. Diz que<br />

não tem nenhuma utilidade — pois tôda a casa está à disposição dêle. Creio que êle é um<br />

tanto estranho, êsse tal de Bates; mas vivendo sòzinho, quem não o seria?<br />

— Falou-lhe sôbre aquilo que disse Arbogast? perguntou Sam, baixinho. — Falou-lhe que<br />

Arbogast viu a mãe dêle à janela, quando chegou?<br />

— Claro! Falei-lhe imediatamente. Respondeu-me que era mentira; que Arbogast nem uma<br />

vez lhe dissera que tinha visto alguém. Falei-lhe com uma certa aspereza no começo, só<br />

para verificar se êle escondia alguma coisa. Mas a história dêle faz sentido. Tornou a falar<br />

sôbre Chicago, e continuo pensando que a solução foi essa.<br />

— Não posso acreditar, insistiu Lila. — Por quê teria mr. Arbogast inventado essa<br />

desculpa inútil — de que viu a mãe de Bates ?<br />

— Pergunte-lhe na próxima vez que o vir, rematou o Xerife. — Talvez visse o fantasma da<br />

velha na janela.<br />

— Tem certeza de que a mãe dêle morreu?<br />

— Já disse que estive no enterro. Vi o bilhete que deixou para Bates, quando ela e êsse tal<br />

Considine se suicidaram. Que mais quer? Tenho de a desenterrar para você acreditar? E<br />

Chambers inspirou fundo. — Desculpe, Miss. Nilo quis me exaltar dêsse jeito. Mas fiz o<br />

que podia. Dei busca na casa. Sua irmã não está lá, Arbogast não está lá.... Não encontrei<br />

nem rasto de qualquer dos carros. A resposta me parece muito simples. Fiz o que pude.<br />

— E agora: que me aconselha fazer?<br />

— Indague no escritório de Arbogast, veja se ali se sabe alguma coisa. Quem sabe terão<br />

uma pista no que diz respeito a Chicago. Só não pode estabelecer contacto com ninguém<br />

até amanhã cedo.<br />

— Creio que tem razão. E Lila se pôs em pé. — Obrigada por tudo. Sinto muito o<br />

incômodo que lhe dei.<br />

— Estou aqui para isso. Não é, Sam?<br />

— Certo, respondeu Sam.<br />

Chambers levantou-se. — Sei o que está sofrendo com isso, Miss, disse o xerife. —<br />

Desejaria tê-la ajudado mais. Mas falta uma base sólida sôbre a qual eu possa prosseguir<br />

investigando. Se conseguir uma prova, uma prova verdadeira, então talvez...<br />

— Compreendemos, tornou Sam. — E ambos somos gratos à sua cooperação.<br />

Voltou-se para Lila: — Vamos andando?<br />

— Examine essa história de Chicago — gritou-lhes, à distância, o homenzarrão. — Até<br />

outra vista!<br />

Os dois saíram para a calçada. O sol do fim da tarde projetava sombras oblíquas.

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