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Rei da sociedade<br />
Editorial<br />
os céus a glória de Deus, e o fir-<br />
“Narram<br />
mamento anuncia a obra de suas mãos”<br />
(Sl 18), canta o salmista, afirmando<br />
que, por sua simples existência, as criaturas do Universo<br />
glorificam o Criador. Mais do que todas, o<br />
homem, porque feito à “imagem e semelhança” de<br />
Deus (Gn 1,26). Ora, o conjunto é melhor que as<br />
partes, portanto, a sociedade humana dá mais glória<br />
ao Senhor que os indivíduos.<br />
Essa ponderação, para <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong>, não se restringe<br />
ao campo da Teologia, mas é o fundamento sobre<br />
o qual ele construiu sua Sociologia, uma das áreas de<br />
conhecimento mais consideradas em seus estudos.<br />
Assim, após quase 70 anos de conferências, palestras,<br />
livros e artigos, deixou-nos numerosas reflexões<br />
e análises sobre doutrina social, expressas sempre<br />
com precisão e limpidez de raciocínio, naquela<br />
linguagem perpassada de metáforas tão característica<br />
dele.<br />
A esse monumental acervo pode-se aplicar com<br />
propriedade o juízo emitido pelo famoso canonista<br />
Padre Anastasio Gutierrez, CMF, acerca de “Revolução<br />
e Contra- Revolução”: “Abundam pensamentos<br />
e observações perspicazes de caráter sociológico, político,<br />
psicológico, evolutivo... dignos, não poucos, de uma<br />
antologia”.<br />
Vale lembrar que, além dessa obra, também “Nobreza<br />
e elites tradicionais análogas nos ensinamentos de Pio<br />
XII” tem cunho sociológico. Ambos os livros foram<br />
considerados por <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> como os dois principais<br />
marcos de sua produção escrita, o que demonstra a<br />
importância dos temas sociais em seu pensamento.<br />
Sempre fiel às doutrinas pontifícias, não se limitou<br />
ele a ser um repetidor dos melhores pensadores<br />
católicos na matéria, mas enriqueceu-a com explicitações<br />
e desdobramentos luminosos, “produtos autênticos<br />
da sapientia christiana”, como afirmava também<br />
o Padre Gutiérrez.<br />
*<br />
O que terá levado os homens a se organizarem<br />
em sociedade? Terão sido forçados a aceitar esse “mal<br />
menor”, como dizia Hobbes, uma vez que “homo homini<br />
lupus”? Serão os homens bons por natureza, mas<br />
a sociedade os corrompe, segundo defendia Rousseau?<br />
Ou devem eles viver em sociedade por disposição<br />
do próprio Deus? Se não tivesse ocorrido o pecado<br />
original, deveriam constituir uma sociedade organizada<br />
no Paraíso terrestre?<br />
São estas algumas das instigantes questões levantadas<br />
pelo estudo da Sociologia, conduzindo a outras<br />
ainda mais atraentes e profundas, como, por exemplo:<br />
tem a sociedade — seja o Estado, sejam os corpos<br />
sociais menores — uma missão a cumprir, relacionada<br />
com a salvação dos homens? Tem ela uma função<br />
apostólica?<br />
Não é nossa intenção apresentar desde logo as<br />
respostas. Faremos melhor: vamos oferecê-las pouco<br />
a pouco a nossos leitores a partir do presente número,<br />
no qual inauguramos a seção “A sociedade, na<br />
análise de <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong>”.<br />
Por uma feliz coincidência, tem ela início no mês<br />
de novembro, quando a Liturgia comemora a festa<br />
de Cristo Rei. Assim, só nos resta lembrar com <strong>Dr</strong>.<br />
<strong>Plinio</strong> esta verdade: a sociedade só conseguirá vencer<br />
seus graves problemas no dia em que, dobrando<br />
os joelhos, submeta-se às leis suavíssimas da justiça<br />
e da caridade, sob o cetro misericordioso de Nosso<br />
Senhor Jesus Cristo.<br />
DECLARAÇÃO: Conformando-nos com os decretos do Sumo Pontífice Urbano VIII, de 13 de março de 1625<br />
e de 5 de junho de 1631, declaramos não querer antecipar o juízo da Santa Igreja no emprego de palavras<br />
ou na apreciação dos fatos edificantes publicados nesta revista.Em nossa intenção, os títulos elogiosos não<br />
têm outro sentido senão o ordinário, e em tudo nos submetemos, com filial amor, às decisões da Santa Igreja.<br />
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