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Jornal Paraná Março 2016

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OPINIÃO<br />

<strong>2016</strong> e o projeto de energia verde do País<br />

Diante do quadro de ausência de<br />

política energética, o estímulo da<br />

produção desta a partir da biomassa<br />

não é prioridade no curto prazo<br />

LUIZ CARLOS CORRÊA<br />

CARVALHO (*)<br />

Milton Friedman, ganhador<br />

do Nobel de Economia de<br />

1976, cunhou a frase “se puserem<br />

o governo federal para administrar<br />

o Deserto do Saara,<br />

em cinco anos faltará areia”. No<br />

Brasil, o prazo pode ser menor.<br />

Em relação ao setor, a brincadeira<br />

ganhou ares de realidade.<br />

Apesar da recente alta nos preços<br />

da commodity e no câmbio,<br />

a situação dos produtores<br />

de etanol ficou bem crítica<br />

desde que o atual governo impôs<br />

restrições ao alinhamento<br />

de preços para segurar a inflação,<br />

exacerbar o populismo e<br />

conseguir a reeleição.<br />

A manutenção da política de<br />

preços do governo, para subsidiar<br />

o consumo de gasolina,<br />

além de causar prejuízos à Petrobrás,<br />

desorganizou a indústria<br />

de etanol. Conseguiram<br />

quebrar dois ícones nacionais:<br />

a Petrobrás e o etanol, pioneirismo<br />

que encantou o mundo.<br />

Os preços congelados dos<br />

combustíveis fósseis, em período<br />

de elevadíssimos preços<br />

do petróleo, desestimularam a<br />

produção e o consumo do etanol<br />

no país.<br />

O etanol hidratado tornou-se<br />

presa fácil com a perda da Cide<br />

– cuja alíquota sobre o preço da<br />

gasolina foi reduzida e depois<br />

zerada -, e com a manutenção<br />

da defasagem do preço da gasolina<br />

em relação ao mercado<br />

internacional. O etanol perdeu<br />

competitividade, ficando sem<br />

uma Cide capaz de refletir seus<br />

benefícios ambientais, sem um<br />

programa junto à indústria automobilística<br />

incentivando a eficiência<br />

dos motores flex e sem<br />

a definição do papel do etanol<br />

na matriz de combustíveis.<br />

Como o anidro é, via regulação,<br />

amarrado aos preços do hidratado,<br />

sofre junto!<br />

No período, o setor foi acometido<br />

por outros efeitos nocivos:<br />

o aumento da dívida, o<br />

corte na expansão de investimentos<br />

e produção e o aumento<br />

de oferta global subsidiada<br />

de açúcar na Ásia, gerando elevados<br />

excedentes. O resultado<br />

final: uma crise generalizada no<br />

setor, com dívida estimada em<br />

R$ 85 bilhões, mais de 80 usinas<br />

paradas e cerca de 70 em<br />

recuperação judicial.<br />

Nota-se, portanto, que a falta<br />

de previsibilidade e a inexistência<br />

de regras claras e duradouras,<br />

quanto ao uso da Cide e à<br />

formação de preços no mercado<br />

doméstico de gasolina<br />

nos últimos anos, associadas<br />

ao considerável aumento de<br />

custos de produção do etanol,<br />

desestimularam os investimentos<br />

para expansão da produção.<br />

Estes demandam um longo<br />

prazo de maturação. A rentabilidade<br />

do negócio está associada<br />

à política adotada para<br />

os preços da gasolina e, principalmente,<br />

a uma política tributária<br />

que reflita as vantagens<br />

ambientais do etanol e de todo<br />

potencial energético da biomassa.<br />

“Brasil tem uma verdadeira<br />

‘camada de pré-sal’ oculta nas<br />

regiões canavieiras e poderia<br />

colocar-se mundialmente como um<br />

ícone na energia renovável e limpa.”<br />

Para uma melhor exploração<br />

desta como fonte de energia<br />

seria necessário: uma definição<br />

clara do seu papel na matriz<br />

energética brasileira; o equilíbrio<br />

entre as diversas fontes na geração<br />

de energia, aproveitando<br />

as particularidades de cada<br />

uma como a complementaridade<br />

com a hidreletricidade,<br />

criando mecanismos para reduzir<br />

custos, com incentivos ao<br />

retrofit dos equipamentos das<br />

usinas, próprios para gerar<br />

energia.<br />

Também, averiguação de<br />

soluções de viabilidade técnica<br />

e de investimentos para a<br />

conexão dos sistemas à rede<br />

de transmissão e distribuição<br />

de energia; e tornar viável o interesse<br />

e a margem de venda<br />

de energia gerada por biomassa,<br />

com leilões exclusivos e<br />

regionais voltados para as fontes<br />

renováveis descentralizadas,<br />

com a fixação de aquisição<br />

de um porcentual significativo<br />

do crescimento projetado<br />

do mercado.<br />

A bioeletricidade deveria ser<br />

incentivada, pois além de ser<br />

limpa, complementa a gerada<br />

por hidrelétricas e está presente<br />

na Região Sudeste, maior consumidora<br />

do País. Contudo a<br />

política do setor elétrico continua<br />

velha e olhando só para o<br />

curto prazo. Não enxerga as<br />

mudanças de paradigma que<br />

ocorrem no mundo, com incentivo<br />

à produção de energia<br />

limpa e renovável.<br />

Preços elevados do diesel se<br />

traduzem em impacto inflacionário<br />

e fazem subir os custos<br />

de produção do agronegócio.<br />

Na média de 2015, o diesel na<br />

refinaria brasileira ficou 17%<br />

acima dos preços do mercado<br />

internacional.<br />

Diante desse quadro de ausência<br />

de política energética, o<br />

estímulo da produção de energia<br />

da biomassa não é prioridade<br />

no curto prazo. Tal postura<br />

é lamentável, pois o Brasil<br />

tem uma verdadeira “camada<br />

de pré-sal” oculta nas regiões<br />

canavieiras, e poderia colocarse<br />

mundialmente como um ícone<br />

na energia renovável e limpa,<br />

principalmente num momento<br />

em que as lideranças planetárias<br />

estão abduzidas pela questão<br />

climática.<br />

(*) Luiz Carlos Corrêa Carvalho<br />

é presidente da ABAG –<br />

Associação Brasileira do<br />

Agronegócio.<br />

2<br />

<strong>Março</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


CONQUISTAS<br />

Mais biodiesel no diesel<br />

O aumento gradual da mistura<br />

até 10% em maio de 2019 é visto<br />

pelo setor como uma vitória,<br />

mas esperava-se mais<br />

DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />

Depois de muita espera<br />

e luta, as usinas<br />

brasileiras de biodiesel<br />

ganharam, finalmente,<br />

uma perspectiva de<br />

longo prazo para o setor, com<br />

um novo cronograma de aumentos<br />

da mistura obrigatória<br />

do biocombustível ao diesel. A<br />

última vez em que o setor teve<br />

um horizonte de crescimento<br />

foi em maio de 2014, quando<br />

foi editada a MP 647/2014<br />

que determinou o B6 e o B7<br />

ainda para aquele ano.<br />

“Sem dúvida é uma conquista,<br />

uma vitória importante<br />

para o setor e um incremento<br />

de mercado significativo. Mas<br />

nós esperávamos mais: que o<br />

8% de mistura, ou o B8, já pudesse<br />

vigorar a partir de agora,<br />

sem ter que esperar mais<br />

um ano”, afirma o diretor presidente<br />

da empresa BSBIOS e<br />

da Associação dos Produtores<br />

de Biodiesel do Brasil (Aprobio),<br />

Erasmo Carlos Battistella,<br />

O projeto de lei 3834/15, do<br />

Senado, foi aprovado no Plenário<br />

da Câmara dos Deputados<br />

e sancionado pela presidente<br />

do Brasil, em março.<br />

Este aumenta gradativamente<br />

o percentual de biodiesel no<br />

diesel vendido no País. Pelo<br />

projeto, esse subirá para 8%<br />

por até um ano após a edição<br />

da lei, 9% em até 24 meses<br />

depois da aprovação e 10%<br />

após 36 meses.<br />

Além desses avanços já garantidos,<br />

o Conselho Nacional<br />

de Política Energética (CNPE)<br />

passa a ter o poder de aumentar<br />

a mistura de biodiesel para<br />

até 15%, se testes e ensaios<br />

em motores validarem a utilização<br />

da mistura.<br />

Em <strong>2016</strong>, 4 bilhões de litros devem ser produzidos e comercializados<br />

Atualmente, a mistura de<br />

biodiesel no diesel está em 7%<br />

(B7). “Não devemos ter aumento<br />

de produção do biocombustível<br />

no Brasil este<br />

ano. Pelo que foi estabelecido<br />

na lei, isso só deve ocorrer a<br />

partir de maio de 2017. Até<br />

porque a economia está mais<br />

uma vez encolhendo e, consequentemente,<br />

o consumo de<br />

diesel também cai”, prevê o<br />

presidente da Aprobio, ressaltando<br />

que esta deve ser muito<br />

semelhante a do ano passado,<br />

em torno de 4 bilhões de litros<br />

produzidos e comercializados.<br />

A medida, entretanto, traz<br />

boas perspectivas para o setor<br />

e para a BSBIOS. “Estamos<br />

com ações previstas para<br />

O aumento gradativo dos<br />

percentuais de mistura do<br />

biodiesel no diesel vai beneficiar<br />

o tripé do programa,<br />

que contempla ações sociais<br />

- com a inclusão da<br />

agricultura familiar; ambientais<br />

- com redução da emissão<br />

de poluentes; e econômicas<br />

- com a melhora da<br />

balança comercial e dos<br />

continuar o nosso caminho de<br />

crescimento, em função, não<br />

somente do biodiesel, mas de<br />

nossa atuação em toda a cadeia<br />

do agronegócio brasileiro”,<br />

acrescenta Battistella.<br />

Visando atender ao mercado a<br />

ser criado pelo B8 e B9, a<br />

BSBIOS prevê investir em sua<br />

Benefícios<br />

rendimentos da agricultura<br />

do País, segundo Erasmo<br />

Carlos Battistella.<br />

Em 2015, foram produzidos<br />

no Brasil 3,94 bilhões<br />

de litros de biodiesel, um<br />

crescimento de 15% frente a<br />

2014, disputando com a<br />

Alemanha a segunda colocação<br />

na produção mundial.<br />

unidade de Marialva, no <strong>Paraná</strong>,<br />

duplicando sua capacidade.<br />

“Esse é um projeto que<br />

está em desenvolvimento técnico<br />

e esperamos uma melhoria<br />

da economia para<br />

iniciarmos os investimentos<br />

até o final do ano”, finaliza Battistella.<br />

A capacidade instalada<br />

hoje na indústria é de processar<br />

7,34 bilhões de litros<br />

por ano em 53 usinas autorizadas<br />

pela Agência Nacional<br />

do Petróleo e Biocombustíveis<br />

- ANP para produzir<br />

e comercializar nos leilões<br />

bimestrais de abastecimento<br />

do mercado interno<br />

de combustíveis.<br />

<strong>Março</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 3


SIPAT<br />

Saúde e segurança são prioridade<br />

Santa Terezinha leva informações e conscientiza os colaboradores em diversas<br />

atividades durante a Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho<br />

DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />

Adotar práticas seguras<br />

no ambiente de trabalho,<br />

preservando a<br />

saúde e o bem estar<br />

dos colaboradores, é prioridade<br />

na Santa Terezinha. Por isso, a<br />

usina investe de forma constante<br />

em ações de prevenção,<br />

capacitando seus profissionais,<br />

com o objetivo de minimizar e<br />

eliminar os acidentes, lesões e<br />

doenças ocupacionais.<br />

A diretoria da empresa sabe<br />

Em Maringá, colaboradores<br />

do Corporativo e Logística<br />

participaram de campanhas<br />

de segurança no trânsito,<br />

prevenção de doenças sexualmente<br />

transmissíveis e<br />

palestras. Alguns dos temas<br />

abordados nos encontros foram:<br />

alimentação saudável,<br />

segurança em trabalhos em<br />

altura e saúde bucal.<br />

A palestra “Apoio Mútuo”,<br />

ministrada pelo gerente jurídico<br />

Henrique William Bego<br />

Soares, enalteceu a importância<br />

da noção de coletividade<br />

para que o trabalho seja<br />

que o ambiente de trabalho<br />

saudável pode influenciar diretamente<br />

no desenvolvimento<br />

e nos resultados econômicos<br />

para todos. Por isso,<br />

considera essencial manter<br />

um Sistema de Gestão de<br />

Qualidade, Saúde, Segurança<br />

e Meio Ambiente. Por meio do<br />

monitoramento dos resultados<br />

e com a participação de<br />

todos os colaboradores, o<br />

sistema determina as orientações<br />

necessárias para a prática<br />

de trabalho, considerando<br />

sempre os riscos inerentes a<br />

mais seguro. “O apoio mútuo<br />

é saber observar, ouvir e se<br />

interessar pelo que acontece<br />

com os colegas. É ter noção<br />

de que a segurança de um reflete<br />

na segurança de todos”,<br />

explicou o gerente.<br />

cada atividade.<br />

A consequência são melhores<br />

indicadores de performance<br />

a cada ano. A taxa de<br />

frequência em 2014 foi melhor,<br />

2,97 contra 2,57 em<br />

2013. A quantidade de acidentes<br />

em 2014 em relação a<br />

2013 foi maior, 177 e 130,<br />

respectivamente, mas a taxa<br />

de gravidade foi bem menor,<br />

285.39 em 2014 contra<br />

469.96 em 2013. E isso apesar<br />

de o número de horas trabalhadas<br />

em 2014 terem sido<br />

Ações realizadas<br />

Em Paranacity, a 23ª edição<br />

da semana teve o tema<br />

'Vai viajar ou trabalhar, segurança<br />

em primeiro lugar!'. Os<br />

colaboradores fizeram testes<br />

de glicemia, IMC (Índice de<br />

Massa Corporal) e pressão<br />

arterial. As palestras e blitz<br />

informativas abordaram temas<br />

como brigada de incêndio<br />

e prevenção da dengue e<br />

do zika vírus.<br />

Na Unidade Iguatemi, a semana<br />

aconteceu com o tema<br />

'Segurança: consciência não<br />

basta. Pratique!' e levou informações<br />

por meio de blitz,<br />

campanhas e palestras educativas.<br />

Cerca de 700 colaboradores<br />

das áreas agrícola, industrial<br />

e administrativa de Terra<br />

Rica participaram de cinco<br />

dias de atividades. Além de<br />

entrega de materiais educativos<br />

e DDS (Diálogos Diários<br />

maiores, 48,916 milhões<br />

contra 43,907 milhões em<br />

2013.<br />

Tendo em vista a necessidade<br />

de conscientizar os colaboradores<br />

para as condições<br />

de saúde e segurança no<br />

ambiente de trabalho, nos<br />

lares e no trajeto entre casa e<br />

trabalho, é que a Santa Terezinha<br />

dá especial atenção a<br />

Sipat (Semana Interna de<br />

Prevenção de Acidentes do<br />

Trabalho), ação que é prevista<br />

pela legislação trabalhista.<br />

de Segurança), foram promovidas<br />

palestras sobre procedimentos<br />

e comportamentos<br />

seguros para cada<br />

uma das áreas de trabalho.<br />

Os colaboradores ainda puderam<br />

colocar as vacinas em<br />

dia e receberam orientações<br />

de saúde que abordaram temas<br />

como doenças sexualmente<br />

transmissíveis e dependência<br />

química.<br />

Realizada em todas as unidades<br />

produtivas, corporativo<br />

e logística da usina, a Sipat é<br />

promovida durante as semanas<br />

que antecedem o início de<br />

cada nova safra, visando renovar<br />

a atitude de vigilância e<br />

segurança nos colaboradores<br />

para o ano de trabalho. A organização<br />

é da Cipa (Comissão<br />

Interna de Prevenção de<br />

Acidentes), em parceria com<br />

o Sesmt (Serviços Especializados<br />

em Engenharia de Segurança<br />

e Medicina do Trabalho).<br />

Na Unidade Ivaté, o tema<br />

da semana exaltou a importância<br />

do uso dos EPIs (Equipamentos<br />

de Proteção Individual)<br />

e dos EPCs (Equipamentos<br />

de Proteção Coletiva).<br />

Os colaboradores assistiram<br />

palestras abordando<br />

tabagismo, prevenção de acidentes<br />

com energia elétrica,<br />

proteção respiratória e tiveram<br />

momentos de descontração<br />

com apresentações<br />

teatrais.<br />

Em Rondon, além de fazerem<br />

exames de saúde e assistirem<br />

apresentações sobre<br />

saúde e segurança, os colaboradores<br />

participaram de<br />

um bate papo sobre economia<br />

familiar e uma palestra<br />

sobre felicidade.<br />

4<br />

<strong>Março</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


EVENTO<br />

Controle de pragas é tema de palestra<br />

O professor doutor Luiz Carlos de<br />

Almeida falou sobre o assunto no<br />

III Simpósio Cana Crua Arysta –<br />

<strong>Paraná</strong>, dia 15 de março, em Maringá<br />

MARLY AIRES<br />

Os prejuízos anuais<br />

com as pragas que<br />

afetam a cultura da<br />

cana de açúcar no<br />

Brasil chegam a R$ 6,7 bilhões.<br />

Destas, as duas principais<br />

são a broca da cana, que<br />

atinge oito milhões de hectares,<br />

e a cigarrinha, 3 milhões<br />

de hectares, respondendo<br />

juntas por perdas que somam<br />

R$ 4,73 bilhões do total.<br />

Os dados foram apresentados<br />

pelo professor doutor Luiz<br />

Carlos de Almeida, especialista<br />

em insetos e em tecnologia<br />

agroindustrial, da Entomol<br />

Consultoria. Ele falou sobre o<br />

manejo sustentável das duas<br />

pragas em lavouras de cana,<br />

durante o III Simpósio Cana<br />

Crua Arysta – <strong>Paraná</strong>, promovido<br />

pela Arysta LifeSciense,<br />

dia 15 de março, em Maringá,<br />

com grande participação de<br />

profissionais das usinas paranaenses.<br />

O professor doutor citou<br />

que dentre os mais de 1 milhão<br />

de insetos existentes, 1,3<br />

mil espécies atacam a cultura<br />

da cana de açúcar no mundo,<br />

500 nas Américas e 30 no<br />

Brasil. Também comentou<br />

que qualquer inseto pode se<br />

tornar praga desde que se<br />

adapte ao meio ambiente,<br />

proliferando e dispersando de<br />

forma rápida e provocando<br />

danos às culturas comerciais.<br />

“Ele já está no ambiente e<br />

quando encontra condições<br />

ideais, mostra os danos que<br />

pode causar. A broca, por<br />

exemplo, tinha como hospedeira<br />

outras plantas e com a<br />

expansão da cana, se adaptou<br />

bem, se tornando praga”,<br />

exemplificou, comentando que<br />

há várias espécies, mas a<br />

mais comum no Brasil é a Diatraea<br />

saccharalis, presente em<br />

todas as regiões canavieiras.<br />

Dependendo das condições<br />

climáticas, tem de quatro a<br />

cinco gerações no ano, colocando<br />

de 200 a 400 ovos<br />

cada fêmea. Dentre os danos<br />

diretos estão a quebra da<br />

cana, brotação lateral, raízes<br />

aéreas e coração morto. Já os<br />

danos indiretos são conhecidos<br />

como podridão vermelha<br />

com ocorrência dos fungos<br />

Colletotrichum sp e Fusarium<br />

sp. “Para cada 1% de intensidade<br />

de infestação, as perdas<br />

médias são de 0,77% na produção<br />

de cana, 0,25% na de<br />

açúcar e 0,20% na de etanol”,<br />

afirmou Luiz Carlos.<br />

<strong>Março</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 5


EVENTO<br />

Infestação de broca aumentou em cana<br />

Recomendação é priorizar o controle biológico, não adotando medidas<br />

que causem desequilíbrio nas populações de parasitoides e predadores<br />

Nos primeiros ensaios a<br />

respeito da broca em cana<br />

colhida crua teorizava-se que<br />

a cobertura do solo com<br />

palha seria melhor para o<br />

equilíbrio da praga, por proporcionar<br />

melhor ambiente<br />

para o aumento do número<br />

de predadores. Mas, tudo indica<br />

que tem ocorrido o contrário:<br />

um aumento na intensidade<br />

da infestação, alertou<br />

o professor doutor Luiz Carlos<br />

de Almeida. Com a palha,<br />

proliferaram também vários<br />

outros insetos, de mais fácil<br />

acesso, que servem de alimento<br />

para os predadores.<br />

Para piorar a situação, as<br />

amostragens feitas estão<br />

abaixo dos níveis mínimos recomendados,<br />

há aplicação<br />

indevida de agrotóxicos, têmse<br />

reduzido as equipes de<br />

campo e dos laboratórios de<br />

controle biológico. “O produtor<br />

tem que tomar cuidado<br />

com o que faz para controlar<br />

a praga, evitando causar um<br />

desequilíbrio ainda maior e<br />

mais danos”, afirmou.<br />

Tomada de decisão<br />

Para a melhor tomada de<br />

decisão, pensando na sustentabilidade<br />

de controle da<br />

broca da cana, o professor<br />

doutor Luiz Carlos Almeida<br />

disse que é preciso avaliar<br />

vários pontos, fazer o manejo<br />

integrado de pragas,<br />

conhecer a biologia e comportamento<br />

da praga, monitorar<br />

as populações, considerar<br />

os níveis de dano econômico<br />

e de controle, avaliar<br />

os riscos ambientais e as<br />

medidas utilizadas e a interação<br />

dessas.<br />

“Não existe manejo de<br />

praga sem equipe de monitoramento.<br />

Caso contrário,<br />

aplica produtos e faz controle<br />

no escuro, o que aumenta o<br />

custo de produção e pode<br />

comprometer os resultados.<br />

Tem que monitorar a área<br />

para saber o momento certo<br />

de controlar”, ressaltou, lembrando<br />

que para determinar o<br />

nível de dano econômico é<br />

preciso considerar a densidade<br />

populacional da praga,<br />

o prejuízo que causa e o<br />

custo de adoção de medidas<br />

de controle.<br />

Outro ponto importante<br />

destacado pelo professor<br />

doutor é o treinamento da<br />

equipe de amostragem para<br />

que conheça bem as características<br />

e comportamento<br />

da praga, identificando-as<br />

com facilidade, assim como<br />

os danos que causam. Também,<br />

os métodos de levantamento<br />

precisam ser simples,<br />

objetivos e práticos.<br />

Luiz Carlos lembra ainda<br />

que também é necessário<br />

fazer o levantamento para<br />

avaliar as medidas de controle<br />

adotadas e o desempenho<br />

dos parasitoides. “Se<br />

não fez a revisão, não dá<br />

para falar em eficiência”, finalizou.<br />

A vespa Cotesia<br />

flavipes é muito<br />

usada para parasitar<br />

a praga em sua<br />

fase larval<br />

Luiz Carlos recomendou<br />

priorizar o controle biológico<br />

de pragas, sempre que possível,<br />

não adotando medidas que<br />

causem desequilíbrio nas populações<br />

de parasitoides e predadores,<br />

além de produzir e liberar<br />

esses inimigos naturais.<br />

Diante do cenário atual, em<br />

áreas de maior infestação,<br />

como em cana planta e onde<br />

foi aplicado vinhaça, ele disse<br />

ser necessário aprimorar o<br />

manejo integrado de pragas.<br />

E como há parasitoides em<br />

todas as fases do ciclo reprodutivo<br />

da broca, estes podem<br />

ser ferramentas de controle<br />

da praga, além de fazer uso<br />

de resistência varietal e até<br />

mesmo o controle químico,<br />

desde que seletivo, fisiológico.<br />

Além da vespa Cotesia flavipes,<br />

muito usada para parasitar<br />

a broca em sua fase<br />

larval, é possível utilizar outros<br />

inimigos naturais nesta<br />

fase (Bacillus thuringiensis e<br />

Beauveria bassiana) e introduzir<br />

parasitoides na fase de<br />

ovo (Trichogramma galloi) e<br />

até de pupa, além de preservar<br />

insetos predadores como<br />

a larva e o adulto da joaninha,<br />

a tesourinha, o bicho<br />

lixeiro e principalmente, formigas.<br />

“Mas não adianta só produzir<br />

e liberar por liberar.<br />

Tem que ter um levantamento<br />

da população e da infestação<br />

para um trabalho<br />

efetivo, e direcionar o controle<br />

a locais específicos, só<br />

onde há o problema, e não<br />

em área total”, disse o professor<br />

doutor, ressaltando<br />

também a importância do<br />

treinamento e supervisão da<br />

mão de obra. Também, é<br />

preciso adotar sempre uma<br />

visão mais geral do problema<br />

e da interferência dos<br />

métodos de controle sobre<br />

outras pragas e principalmente<br />

sobre o ambiente,<br />

pensando em um manejo<br />

sustentável.<br />

Monitoramento é fundamental para controlar<br />

na hora certa e ter resultados<br />

6<br />

<strong>Março</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


EVENTO<br />

Prejuízos com cigarrinha são consideráveis<br />

Entre eles estão redução de<br />

produtividade e da qualidade<br />

da cana, falha de soqueira,<br />

contaminação dos processos<br />

industriais e aumento de custos<br />

A mudança no sistema de<br />

colheita de cana queimada<br />

para cana crua, deixando um<br />

grande volume de palha no<br />

campo, criou um ambiente favorável<br />

para o desenvolvimento<br />

da cigarrinha, especialmente<br />

a de raiz, Mahanarva<br />

fimbriolata. Apesar do<br />

pouco tempo, esta já está<br />

presente em mais de 3 milhões<br />

de hectares em toda a<br />

região canavieira do Brasil e é<br />

a segunda principal praga da<br />

cultura, segundo o professor<br />

Luiz Carlos de Almeida, especialista<br />

em insetos e em tecnologia<br />

agroindustrial da<br />

Entomol.<br />

As perdas causadas, tanto<br />

por ninfas como por adultos,<br />

são consideráveis. Estes injetam<br />

toxinas na cana para tornar<br />

a seiva menos viscosa.<br />

Por conta disso, disse o professor,<br />

a redução média de<br />

produtividade pode chegar a<br />

14 toneladas de cana por hectare<br />

ao ano e de 0,4 pontos na<br />

PCC (quantidade de açúcar),<br />

além da deterioração da cana<br />

no campo, contaminação dos<br />

processos industriais e custos<br />

adicionais no controle. Outro<br />

problema sério são as falhas<br />

na soqueira, que demandam<br />

uma renovação precoce do<br />

canavial.<br />

Para Luiz Carlos, apesar de<br />

o controle químico da cigarrinha<br />

ser largamente utilizado,<br />

este pode trazer impactos<br />

sobre o meio ambiente e<br />

sobre os inimigos naturais, o<br />

que também poderia prejudicar<br />

o controle da broca da<br />

cana. Por isso, apontou que a<br />

melhor opção é o controle<br />

Como controlar<br />

Para determinar quando,<br />

onde aplicar e quais medidas<br />

de controle utilizar, além de,<br />

posteriormente, avaliar a eficiência<br />

do controle realizado,<br />

o professor doutor Luiz Carlos<br />

de Almeida orientou que o levantamento<br />

da população de<br />

cigarrinhas da raiz na cana<br />

deve ser feito de setembro a<br />

abril, período mais quente e<br />

úmido do ano, quando estas<br />

voltam a se multiplicar, com a<br />

quebra da diapausa. Enquanto<br />

não há condições ideais<br />

de calor e umidade, as<br />

ninfas não eclodem, mas ficam<br />

em dormência. Em média,<br />

o ciclo biológico é de 55<br />

a 85 dias.<br />

A metodologia, citou Luiz<br />

Carlos, é amostrar 18 pontos<br />

por hectare, no sistema de<br />

um para três hectares e com<br />

distribuição uniforme dos<br />

pontos no talhão, fazendo a<br />

contagem de adultos na folha<br />

e retirando a palha na base da<br />

touceira para soma de espuma<br />

e adultos no solo em<br />

meio metro da cada lado da<br />

soqueira. Após metade do levantamento<br />

feito, se houver<br />

menos de uma ou mais do<br />

que três ninfas por metro,<br />

biológico.<br />

Inseto já está presente em mais de 3 milhões de hectares em toda a região<br />

“É econômico, não causa<br />

impacto ambiental, é duradouro<br />

e aproveita o potencial<br />

do ecossistema utilizando os<br />

agentes naturais de controle.<br />

É preciso aprimorar o manejo<br />

da praga conhecendo suas<br />

características e comportamento,<br />

fazer uso da resistência<br />

varietal e aprimorar o<br />

controle químico”, comentou.<br />

pode encerrar a amostragem<br />

e trocar de talhão.<br />

Luiz Carlos citou que há vários<br />

inimigos naturais para<br />

controle biológico da cigarrinha,<br />

mas o mais conhecido<br />

é a mosca Salpingogaster<br />

nigra que tem potencial de<br />

predação de 20 a 30 ninfas<br />

cada, sendo que a cada geração<br />

de cigarrinha há duas a<br />

três gerações da mosca. Mas<br />

esta tem alta sensibilidade a<br />

inseticidas.<br />

Segundo o professor, é considerado<br />

nível de dano econômico<br />

quando houver 12 ninfas<br />

por metro e um adulto/cana. O<br />

nível de controle, entretanto se<br />

Dentre outros agentes naturais<br />

bastante conhecidos<br />

podem ser citados o fungo<br />

Batkoa apiculata, bastante<br />

agressivo e de fácil estabelecimento<br />

no campo; e o fungo<br />

de solo Metarhizium anisopliae,<br />

com elevado potencial<br />

de colonização e que também<br />

ajuda no controle da broca. O<br />

problema é que precisa ser<br />

aplicado em condições ideais,<br />

variando a forma desta de<br />

acordo com o estágio da<br />

planta.<br />

Espuma na base da touceira é indício de sua presença na lavoura<br />

dá com duas ninfas por metro<br />

e 0,5 adulto/cana, fazendo o<br />

controle desde o início, nas<br />

primeiras gerações.<br />

8<br />

<strong>Março</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


Produtos e serviços com<br />

foco em solução sustentável<br />

No simpósio, a Arysta<br />

apresentou seu portfólio<br />

destacando a importância<br />

de investir em qualidade<br />

no plantio e manejo para<br />

ter produtividade<br />

“O aumento de produtividade<br />

é que vai reduzir o custo<br />

de produção, dando sustentabilidade<br />

ao setor. E para aumentar<br />

esta, tem que investir<br />

em qualidade no plantio e<br />

manejo da cultura”. A afirmação<br />

de Antonio Gonçalves, da<br />

Arysta, mostra a preocupação<br />

da empresa, que está há<br />

mais de 50 anos no Brasil, de<br />

oferecer não só produtos,<br />

mas também serviços e assistência<br />

técnica com foco<br />

em solução sustentável.<br />

Para isso, entre os produtos<br />

do portfólio da Arysta<br />

apresentados por Gonçalves<br />

estão o Biozyme TF, regulador<br />

de crescimento que aumenta<br />

a brotação, o perfilhamento<br />

da cana e o desenvolvimento<br />

radicular, resultando<br />

em maior produtividade<br />

e rentabilidade. “O<br />

uso de bioestimulante no<br />

fundo do sulco de plantio<br />

pode resultar em um aumento<br />

de 35 toneladas por<br />

hectare a mais em três anos,<br />

cerca de 10% a mais”, afirmou.<br />

No ano passado, o produto<br />

foi usado em 200 mil hectares<br />

e este ano deve tratar 300 mil.<br />

“Na amostragem avaliada em<br />

todo o Brasil, mais de 90%<br />

das áreas ficaram acima do<br />

ponto de equilíbrio, o que significa<br />

que em cada 10 áreas<br />

onde é feita a aplicação, em<br />

nove dá resultados positivos”,<br />

disse. Gonçalves citou que<br />

em 27,3% dos casos, a produção<br />

aumentou em mais do<br />

que 15 toneladas por hectare<br />

e em quase 48% deles, ficou<br />

entre cinco a 15 toneladas de<br />

cana a mais. Os outros 7,5%<br />

produziram até duas toneladas<br />

a mais.<br />

Outro produto citado, o fertilizante<br />

líquido de alta concentração,<br />

Foltron Plus, é<br />

recomendado para aplicação<br />

Antonio Gonçalves falou sobre Biozyme, Foltron Plus, Centurion e Dinamic<br />

em condição de estresse,<br />

amenizando os efeitos e ajudando<br />

na recuperação da<br />

planta em casos de falta ou<br />

excesso de umidade, fitotoxidade,<br />

mudanças bruscas na<br />

temperatura ou outros fatores.<br />

Deve ser aplicado via foliar<br />

em qualquer fase de<br />

desenvolvimento da cultura,<br />

antes ou logo após qualquer<br />

situação de estresse, podendo<br />

ser misturado com a<br />

maioria dos defensivos agrícolas<br />

utilizados.<br />

Gonçalves também falou<br />

sobre Centurion, tido como<br />

uma nova ferramenta para<br />

acelerar os processos de<br />

maturação da cana, aumentar<br />

o teor de sacarose e gerenciar<br />

a programação de<br />

colheita. “Permite resultados<br />

superiores, melhor planejamento<br />

e flexibilidade de colheita,<br />

excelente estabilidade<br />

e ganho de ATR a partir de<br />

15 dias, com excelente custo<br />

benefício. E tudo isso com<br />

alta seletividade, sem efeito<br />

na rebrota da soqueira e sem<br />

risco de injúria a outros cultivos”,<br />

destacou.<br />

O último produto citado<br />

foi o Dinamic, para controle<br />

de plantas daninhas como<br />

mamona, corda de viola,<br />

braquiária, mucuna, melão<br />

de São Caetano, ipomoeas<br />

e merremias, sem fitoxidade.<br />

“Entre os principais<br />

benefícios estão a seletividade,<br />

o padrão de controle,<br />

a flexibilidade de uso, a eficácia<br />

agregada, o maior residual<br />

do mercado e o<br />

excelente custo benefício. A<br />

cada R$ 1 investido, retornam<br />

R$ 7 ao produtor”, finalizou.<br />

<strong>Março</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 9


CONSERVAÇÃO<br />

Erosões carregam solo fértil para os rios<br />

O <strong>Paraná</strong>, que já foi modelo de conservação, tem<br />

sofrido com as fortes chuvas desta safra e devido<br />

a práticas inadequadas de manejo<br />

MARLY AIRES<br />

Além da forte compactação<br />

do solo,<br />

que tem preocupado<br />

produtores e<br />

pesquisadores, nos últimos<br />

anos, tem se tornado cada<br />

vez mais comum as erosões<br />

que se abrem nos solos paranaenses,<br />

causando redução<br />

de produtividade, prejuízos<br />

econômicos, perda de<br />

terra fértil e assoreamento de<br />

rios. O problema, que já era<br />

preocupante, ganhou proporções<br />

maiores este ano por<br />

conta das chuvas intensas e<br />

constantes.<br />

“Este foi um ano atípico,<br />

com chuvas fora dos padrões<br />

recentes, as maiores<br />

dos últimos 20 anos, o que<br />

causou sérios problemas de<br />

erosão, especialmente onde<br />

os sistemas de conservação<br />

do solo utilizados não são<br />

adequados”, afirma o professor<br />

doutor em solos e nutrição<br />

da Universidade Estadual<br />

de Maringá (UEM), Marcelo<br />

Augusto Batista. “Mas só isto<br />

não justifica. Não se pode se<br />

pode atribuir todo o ônus da<br />

erosão à chuva. Há conhecimento<br />

suficiente para se contornar<br />

esse problema. O produtor<br />

tem sua parcela de<br />

culpa no processo erosivo<br />

dos solos”.<br />

Uma volta pela área rural<br />

em toda região Norte, Noroeste<br />

e Oeste do <strong>Paraná</strong> basta<br />

para constatar o que mostram<br />

os estudos apresentados<br />

pelo doutor em Geociências,<br />

também professor da<br />

UEM, Hélio Silveira: a camada<br />

mais fértil de terra está sendo<br />

novamente arrastada para os<br />

rios, no mesmo nível de antes<br />

da década de 1980, quando<br />

não havia manejo de solo em<br />

microbacias. Houve um aumento<br />

considerável na quantidade<br />

de sedimentos encontrados<br />

nos rios.<br />

“Naquela época os números<br />

eram alarmantes e, infelizmente,<br />

em algumas regiões<br />

o panorama se repete.<br />

Isso revela a falta de terraços”,<br />

explicou o doutor em<br />

Geociências, que realiza pesquisas<br />

sobre o solo paranaense<br />

há mais de 20 anos.<br />

Segundo Marcelo, os produtores<br />

têm “rebaixado” os<br />

terraços, diminuído sua capacidade<br />

de reter água. Somado<br />

a isso, têm aumentado<br />

a distância entre os mesmos,<br />

sobrecarregando os que restaram.<br />

A função deste é segmentar<br />

a área cultivada e<br />

evitar que a água da enxurrada<br />

ganhe velocidade e<br />

maior energia erosiva. Estas<br />

estruturas são dimensionadas<br />

para chuvas de alta intensidade<br />

para um período de<br />

recorrência entre 10 a 20<br />

anos.<br />

Retirada de terraços<br />

“Tem-se discutido muito nos últimos<br />

anos sobre qual o espaçamento adequado<br />

entre os terraços e observa-se<br />

que em alguns casos é até possível aumentar<br />

o utilizado atualmente no campo.<br />

Mas da forma como tem sido feito, sem<br />

a recomendação técnica adequada, tem<br />

se observado mais problemas do que<br />

solução”, alerta Marcelo Augusto Batista,<br />

da UEM.<br />

Ele diz que quando o operacional antecede<br />

o técnico no campo, alguma coisa<br />

está errada, comentando que os terraços<br />

têm sido removidos sem qualquer estudo<br />

técnico prévio: um em cada dois.<br />

A justificativa dos agricultores é de que<br />

estas estruturas têm dificultado o plantio, o<br />

controle fitossanitário e a colheita. “Porém,<br />

não se atentam que esta foi alocada e construída<br />

para evitar um dos problemas mais<br />

graves da agricultura, que é a erosão. Em<br />

anos como os de 2015/16 fica evidente o<br />

descaso observado no campo”, afirma.<br />

Outros fatores que têm contribuído para a<br />

falha do sistema de terraceamento são o uso<br />

de terraços inadequados para a classe de<br />

solo, declividade e cultura, a falta de manutenção<br />

destes e a chegada de água na propriedade<br />

vinda de áreas vizinhas (estradas,<br />

carreadores, outras propriedades, etc).<br />

Em solos mais frágeis, como na região de<br />

arenito, o risco é ainda maior<br />

10<br />

<strong>Março</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


Descuido<br />

O <strong>Paraná</strong> foi modelo em conservação de solo, lembra o professor doutor<br />

da UEM, Marcelo Augusto Batista, por isso, diz, a situação não está tão<br />

ruim quanto em outras regiões. “Mas tem piorado muito. As novas gerações<br />

que estão assumindo as atividades no campo não têm priorizado o controle<br />

da erosão, porque estes não conviveram com as mazelas da perda de solo<br />

que atingiu o <strong>Paraná</strong> nas décadas de 1970 e 1980, causando sérios problemas<br />

econômicos, agrícolas, sociais e ambientais”, destaca.<br />

Em solos mais frágeis, como na região de arenito, onde tem crescido<br />

muito o plantio de cana de açúcar, o risco de erosão é ainda maior, por<br />

causa do baixo teor de argila e menor agregação natural do solo.<br />

“A melhor forma de evitar a erosão é por meio da interceptação do impacto<br />

das gotas da chuva diretamente sobre solo”, diz Marcelo. Isto pode<br />

ser feito de duas formas: por meio de palha na superfície do solo e pela<br />

própria cobertura deste pelas lavouras. Outro fator importante é evitar o<br />

preparo do solo, principalmente nos meses de chuva com maior poder erosivo,<br />

entre os meses de outubro e fevereiro.<br />

<strong>Março</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 11


CONSERVAÇÃO<br />

Compactação preocupa<br />

Poucas são as áreas que não apresentam esse tipo de problema. Solução passa<br />

por plantio direto, rotação de culturas, cobertura e tráfego controlado<br />

“A compactação é a regra<br />

e não a exceção nos solos<br />

paranaenses. Poucas são as<br />

áreas que não apresentam<br />

esse tipo de problema. O que<br />

varia são os níveis de compactação,<br />

mas este diagnóstico<br />

não é tão fácil”, afirma o<br />

professor doutor da UEM,<br />

Marcelo Augusto Batista.<br />

Manter o solo com cobertura<br />

viva (plantas) ou morta<br />

(palha), e com terraços adequados<br />

são uma excelente<br />

técnica de controle da erosão.<br />

Mas o manejo adotado<br />

também influencia fortemente<br />

nos atributos do solo relacionados<br />

à infiltração da<br />

água, o que também pode<br />

levar a erosão, ressalta o professor<br />

doutor. Quando essa<br />

infiltração é lenta e a precipitação<br />

tem intensidade alta, a<br />

água que sobra na superfície<br />

forma uma enxurrada.<br />

Uma vez detectada a compactação,<br />

diz Marcelo, práticas<br />

curativas podem ser utilizadas,<br />

como o uso de implementos<br />

de haste, os escarificadores<br />

ou subsoladores.<br />

“Porém tem se observado<br />

que estes métodos mecânicos<br />

de recuperação de<br />

áreas degradadas tem efeito<br />

efêmero”, acrescenta.<br />

“O desenvolvimento das<br />

Manter o solo coberto com plantas ou palha ajuda<br />

Produtor tem que parar de revolver a terra e investir de forma integrada<br />

na melhoria da estrutura física, química e biológica<br />

raízes da cana fica bastante limitado,<br />

dificultando a absorção<br />

de nutrientes, e qualquer<br />

estiagem traz efeitos significativos<br />

sobre a produtividade<br />

da lavoura. Mesmo que seja<br />

um excelente ambiente de<br />

produção, com a compactação,<br />

a raiz não vai se desenvolver<br />

nem aproveitar os nutrientes<br />

e a água disponíveis”,<br />

afirma o professor doutor da<br />

UEM, Cássio Tormena, destacando<br />

que cerca de 80% da<br />

compactação já se dá nas<br />

primeiras entradas de máquina<br />

na área.<br />

Para Tormena, um adequado<br />

preparo do solo aliado<br />

ao plantio com espaçamento<br />

combinado e o tráfego controlado,<br />

estabelecido por<br />

GPS, fazem parte da solução.<br />

“É preciso definir um<br />

lugar para a máquina e outro<br />

para a cultura, onde a planta<br />

se desenvolve num ambiente<br />

de solo adequado para expressar<br />

seu potencial genético<br />

de produção”, afirma,<br />

ressaltando a importância de<br />

se deixar o máximo de palha<br />

no campo, devolvendo matéria<br />

orgânica ao solo, atenuando<br />

a compactação, preservando<br />

a umidade, além<br />

de manter a temperatura,<br />

controlar plantas daninhas e<br />

outras vantagens, cita.<br />

Um aspecto a se pensar,<br />

destaca o professor doutor<br />

da Universidade Federal do<br />

<strong>Paraná</strong>, Heroldo Weber, é o<br />

fato de a cana ser uma das<br />

poucas culturas em que se<br />

insiste no preparo de solo<br />

convencional muito raso,<br />

com excesso de gradagens,<br />

que pulverizam a camada<br />

superficial. O objetivo deste<br />

é deixar o terreno em condições<br />

favoráveis para a sulcação.<br />

Mas como o preparo é<br />

raso, o fundo do sulco fica<br />

justamente na área não preparada.<br />

Isso dificulta à planta<br />

desenvolver seu sistema de<br />

raízes, que deveria atingir<br />

grandes profundidades (mais<br />

de 2 metros) para tolerar<br />

mais os pequenos estresses<br />

hídricos.<br />

12<br />

<strong>Março</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


AGRISHOW <strong>2016</strong><br />

Agronegócio impulsiona<br />

economia brasileira<br />

Ganho de produtividade é o<br />

resultado de lançamentos como<br />

os que serão levados na feira,<br />

que acontece de 25 a 29 de<br />

abril, em Ribeirão Preto<br />

DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />

Há cerca de uma década,<br />

o agronegócio<br />

brasileiro tem se<br />

consolidado como<br />

o principal setor que sustenta<br />

a economia do País. Isso se<br />

confirmou mais uma vez com<br />

o desempenho do Produto Interno<br />

Bruto (PIB) de 2015, divulgado<br />

recentemente pelo<br />

Instituto Brasileiro de Geografia<br />

e Estatística (IBGE). Enquanto<br />

o PIB total nacional<br />

registrou uma retração de<br />

3,8%, o da agropecuária<br />

cresceu 1,8% na comparação<br />

com 2014. A soma de toda a<br />

riqueza produzida pelo setor<br />

alcançou R$ 263,6 bilhões.<br />

O IBGE aponta que o crescimento<br />

do agronegócio se<br />

deve principalmente ao desempenho<br />

da agricultura. Alguns<br />

produtos registraram<br />

aumento na produção, com<br />

destaque para as lavouras de<br />

soja (11,9%) e milho (7,3%).<br />

A cana de açúcar teve crescimento<br />

de 2,4%. Na pecuária,<br />

os abates de suínos cresceram<br />

5,3% e os de frango subiram<br />

3,8% em relação ao<br />

ano anterior.<br />

Segundo dados de um estudo<br />

do Ministério da Agricultura,<br />

a média anual de<br />

crescimento do PIB da agricultura<br />

tem sido de 3,8%. Tal<br />

expansão decorre, segundo<br />

analistas do setor, de um expressivo<br />

ganho de produtividade<br />

alcançado pela agricultura<br />

brasileira, resultado de<br />

uma verdadeira revolução<br />

que acabou por criar uma<br />

agricultura tropical inédita no<br />

mundo.<br />

Um dos indicadores desse<br />

avanço na produtividade é um<br />

dado histórico da Conab –<br />

Companhia Nacional de<br />

Abastecimento, apontando<br />

que a produção de grãos, que<br />

estava em 100 milhões de toneladas<br />

em meados de 1980,<br />

saltou para 209,5 milhões de<br />

toneladas na safra 2014/15.<br />

No mesmo período, a área<br />

plantada permaneceu praticamente<br />

a mesma.<br />

Os ganhos de produtividade<br />

são um dos principais benefícios<br />

dos lançamentos que<br />

serão levados pelas mais de<br />

800 marcas do Brasil e do exterior<br />

que estarão na Agrishow<br />

<strong>2016</strong> – 23ª Feira Internacional<br />

de Tecnologia Agrícola<br />

em Ação, a ser promovida<br />

entre os dias 25 e 29 de<br />

abril, em Ribeirão Preto, no<br />

interior de São Paulo. O<br />

evento deve receber aproximadamente<br />

160 mil visitantes,<br />

em uma área total de 440<br />

mil m².<br />

Considerada a maior vitrine<br />

de lançamentos e tendências<br />

no segmento, já estão confirmadas<br />

as presenças das<br />

principais marcas de máquinas,<br />

implementos e insumos<br />

agrícolas, de Centros de Pesquisa<br />

e Universidades, entre<br />

outras. A promoção é da<br />

Abag, Abimaq, Anda, Faesp e<br />

SRB e a organização da Informa<br />

Exhibitions.<br />

Mais informações:<br />

www.agrishow.com.br<br />

<strong>Março</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 13


TECNOLOGIA<br />

Bioremediação, o novo<br />

aliado do solo em canaviais<br />

O professor da UFPR, Heroldo<br />

Weber, tem feito alguns estudos com<br />

a técnica na Estação Experimental<br />

de Paranavaí, com bons resultados<br />

DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />

Desde o ano passado,<br />

o engenheiro<br />

agrônomo e professor<br />

da Universidade<br />

Federal do <strong>Paraná</strong> (UFPR),<br />

Heroldo Weber, tem feito alguns<br />

estudos na Estação<br />

Experimental de Paranavaí<br />

com a bioremediação em<br />

lavouras de cana de açúcar.<br />

E os primeiros resultados<br />

têm se mostrado bastante<br />

positivos.<br />

De um modo geral, o professor<br />

diz que houve um aumento<br />

considerável no volume<br />

de raízes nas plantas, o<br />

que significa maior produtividade.<br />

“Mas é preciso estudar<br />

melhor a tecnologia, desenvolver<br />

diversos ensaios em<br />

vários ambientes de produção<br />

para respaldar uma recomendação<br />

com maior segurança”,<br />

afirma.<br />

A bioremediação, explica<br />

Heroldo, é uma ciência que<br />

estuda, monitora e utiliza microorganismos,<br />

como fungos,<br />

bactérias, leveduras ou<br />

suas enzimas, para remover<br />

poluentes tóxicos do solo.<br />

Nos últimos 20 anos, esta<br />

tecnologia teve um grande<br />

crescimento e vem sendo<br />

aplicada em um largo espectro<br />

de contaminações em várias<br />

culturas, sendo que para<br />

Fontes de poluição<br />

Dentre as principais fontes<br />

de poluição orgânica que<br />

existem atualmente nos canaviais,<br />

Heroldo Weber cita<br />

os microorganismos parasitas<br />

como os nematóides e os<br />

fungos do gênero fusarium.<br />

“O intensivo uso agrícola dos<br />

solos faz com que estes<br />

apresentem uma alta relação<br />

C:N (Carbono e Nitrogênio),<br />

que é de 30 a 50:1, o que favorece<br />

a proliferação desses<br />

microorganismos”.<br />

Já entre as principais fontes<br />

inorgânicas de poluição<br />

dos solos o professor enumera<br />

os resíduos de nematicidas,<br />

fungicidas, inseticidas,<br />

herbicidas ou qualquer outro<br />

agrotóxico que, utilizado em<br />

demasia, acaba se acumulando<br />

no solo por falta da bioremediação<br />

natural, que<br />

antes era realizada pelos microorganismos<br />

decompositores<br />

naturais.<br />

“Infelizmente o manejo<br />

adotado em busca da alta<br />

produtividade acaba por criar<br />

um ciclo vicioso onde, somente<br />

é favorecido a multiplicação<br />

dos microorganismos<br />

indesejáveis, prejudicando o<br />

desenvolvimento de cultivares<br />

com potencial genético<br />

para elevar a produtividade”,<br />

lamenta.<br />

Houve um aumento considerável no volume de raízes nas plantas,<br />

o que significamaior produtividade<br />

cada tipo de contaminante<br />

são indicadas diferentes espécies<br />

de microorganismos.<br />

“Os poluentes são substâncias<br />

orgânicas e ou inorgânicas<br />

que causam a deterioração<br />

ou perda de uma ou mais<br />

das funções do solo, que são,<br />

principalmente, garantir a<br />

sustentação da planta, fornecer<br />

água e nutrientes para<br />

produzir”, diz, citando como<br />

exemplos os nematóides,<br />

fungos e resíduos de produtos<br />

químicos.<br />

Segundo Heroldo, a pesquisa<br />

mostra que o potencial produtivo<br />

da cana de açúcar é<br />

consideravelmente maior, mas<br />

os solos brasileiros não estão<br />

produzindo mais do que 85 toneladas<br />

de cana por hectare/<br />

ano na média, com casos de<br />

resultados bem abaixo disso.<br />

“Uma das principais causas<br />

dessa baixa produtividade<br />

é a poluição do solo,<br />

por essas fontes de origem<br />

orgânica e inorgânica, que<br />

foram se acumulando ano<br />

após ano, com a prática da<br />

monocultura, compactação<br />

e degradação do solo, com<br />

redução do nível de matéria<br />

orgânica e dos microorganismos<br />

benéficos”, destaca.<br />

14<br />

<strong>Março</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


<strong>2016</strong>/17<br />

A raiz do problema<br />

Entre as causas estão a perda de<br />

matéria orgânica com a monocultura,<br />

o manejo adotado e o acúmulo de<br />

resíduos de agrotóxicos<br />

A raiz de todo problema,<br />

segundo Heroldo Weber, da<br />

UFPR, está na perda de matéria<br />

orgânica do solo com o<br />

cultivo da cana de açúcar por<br />

longos períodos, sem rotação<br />

com outra cultura, o manejo<br />

adotado e o acúmulo de resíduos<br />

de agrotóxicos.<br />

“O preparo rápido do solo,<br />

sem corrigir a compactação,<br />

as operações superficiais de<br />

cultivo, o uso de queimadas e<br />

os cultivos sucessivos levam<br />

à destruição da camada superficial<br />

do solo pela erosão<br />

e perda de matéria orgânica”,<br />

afirma, ressaltando que sem<br />

essa, há uma redução em<br />

grande escala dos microorganismos<br />

decompositores, tidos<br />

como benéficos, que necessitam<br />

de solos com relação<br />

C:N próxima de 10:1,<br />

bem abaixo dos níveis atuais.<br />

Acontece que à medida que<br />

diminui o número de decompositores<br />

nativos do solo, Heroldo<br />

diz que os microorganismos<br />

parasitas aumentam<br />

significativamente, sem nenhuma<br />

competição. Estes se<br />

alimentam tanto das substâncias<br />

que são produzidas pelas<br />

plantas e liberadas pelas<br />

raízes, como também de adubos<br />

solúveis (NPK) e de resíduos<br />

de agrotóxicos (herbicidas,<br />

fungicidas e inseticidas<br />

químicos).<br />

Citando o trabalho de pesquisadores<br />

como Ana Primavesi<br />

e Marcos Cazarré, Heroldo<br />

comenta que, nos últimos<br />

15 anos, os microorganismos<br />

parasitas que invadem<br />

as lavouras aumentaram de<br />

193 para 624 e que a relação<br />

C/N acima de 30, e o uso<br />

contínuo de agrotóxicos e<br />

adubos solúveis favorecem o<br />

desenvolvimento destes.<br />

Várias culturas anuais, como o milho, já fazem uso, com grande sucesso<br />

Também alerta que os nematóides<br />

do solo estão resistentes<br />

à grande maioria de<br />

nematicidas químicos, conforme<br />

pesquisas, o que favorece<br />

a sua manutenção e<br />

multiplicação nos solos cultivados<br />

com cana. E que o ataque<br />

destes é a porta de entrada<br />

dos fungos Fusarium.<br />

Por outro lado, a expansão<br />

do cultivo de cana principalmente<br />

em regiões de solos<br />

arenosos, naturalmente com<br />

baixo teor de matéria orgânica<br />

e alta relação C:N, como o<br />

Noroeste do <strong>Paraná</strong>, Goiás,<br />

Mato Grosso do Sul, Minas<br />

Gerais e outras, tem criado um<br />

ambiente favorável para o desenvolvimento<br />

de nematóides.<br />

“Neste contexto, o que faltaria<br />

para completar o ciclo<br />

vicioso é a ‘comida’, que estamos<br />

fornecendo em abundância<br />

por meio das aplicações<br />

de herbicidas, nematicidas,<br />

fungicidas, inseticidas,<br />

adubos solúveis e outros”.<br />

Sem a competição necessária<br />

dos microorganismos benéficos<br />

há o domínio absoluto<br />

dos parasitas. “Por<br />

isso, os canaviais brasileiros,<br />

em especial, os cultivados<br />

em solos arenosos, estão<br />

tendo sua produtividade drasticamente<br />

afetada”, explica<br />

Heroldo.<br />

“A busca por melhores produtividades no canavial<br />

tem que ter como principal foco o reequilibrio<br />

do solo, com o aumento da população de microorganismos<br />

benéficos, utilizando de forma contínua<br />

altas concentrações de decompositores, beneficiando<br />

o solo, o meio ambiente e a cana. A este<br />

procedimento dá-se o nome de bioremediação. Várias<br />

culturas anuais já fazem uso, com grande sucesso,<br />

desta tecnologia”, afirma Heroldo Weber, da<br />

UFPR.<br />

O professor diz que nada mais é do que uma<br />

forma de controle biológico. “Precisamos criar um<br />

ambiente desfavorável para os microorganismos<br />

parasitas, diminuindo a relação C:N do solo e aumentando<br />

do teor de matéria orgânica”, acrescenta.<br />

Reequilíbrio é a saída<br />

Desta forma, os microorganismos parceiros chegam<br />

primeiro as raízes das plantas e utilizam as secreções<br />

radiculares como alimento, deixando os<br />

parasitas morrerem por inanição alimentar.<br />

Com o menor ataque de nematoides e fungos<br />

prejudiciais e com as condições favoráveis criadas,<br />

as raízes são estimuladas a crescer, aumentando<br />

substancialmente a quantidade de biomassa, que<br />

degradada pelos próprios decompositores, retorna<br />

ao solo na forma de matéria orgânica. E quanto<br />

maior a quantidade desta no solo, menor será a relação<br />

C:N, e mais desfavorável o ambiente para os<br />

parasitas, formando um ciclo virtuoso.<br />

Outra vantagem da alta concentração de microorganismos<br />

parceiros no solo é que, na busca por<br />

mais carbono, estes quebram as moléculas de resíduos<br />

químicos bioacumulados, evitando que sirvam<br />

de alimento para os microorganismos patogênicos,<br />

que contaminem a macro e micro fauna<br />

do solo, ou causem problemas de saúde para os<br />

homens e animais.<br />

Uma prática que vem sendo recomendada na<br />

bioremediação, por sua maior eficiência, diz Heroldo,<br />

é o uso de bactérias (Bacillus) e fungos (Leveduras)<br />

de forma conjunta. As Leveduras “comem”<br />

mais, mas não se locomovem no solo em<br />

busca de comida, ao contrário dos Bacillus que<br />

possuem os flagelos, entretanto são bem menores<br />

e “comem” muito menos.<br />

<strong>Março</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 15


DATAGRO<br />

Rumos do setor serão<br />

debatidos em vários eventos<br />

A consultoria realiza durante o ano diversas conferências que já se tornaram<br />

tradicionais pontos de discussão e networking<br />

DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />

Como tradicionalmente<br />

ocorre, a Consultoria<br />

Datagro programou<br />

uma série de<br />

conferências durante todo o<br />

ano para debater os rumos do<br />

setor e as saídas para a crise<br />

que enfrenta a cadeia sucroenergética.<br />

Com grande público,<br />

os eventos reúnem autoridades,<br />

lideranças e especialistas.<br />

Segundo os organizadores,<br />

esses encontros já<br />

se tornaram centros de referência<br />

e discussão dos principais<br />

temas e preocupações do<br />

setor para os integrantes de<br />

sua cadeia produtiva, proporcionando<br />

também ótimas<br />

oportunidades de networking.<br />

O primeiro será dia 18 de<br />

maio, a 10ª edição da ISO<br />

Datagro New York Sugar &<br />

Ethanol Conference, no Hotel<br />

Waldorf Astoria em Nova Iorque.<br />

Consagrado como o<br />

evento técnico oficial do<br />

Sugar Dinner de Nova Iorque,<br />

desde sua primeira edição,<br />

tornou-se tradicional no calendário<br />

mundial de açúcar e<br />

etanol e o ponto de encontro<br />

do setor, reunindo líderes,<br />

Evento técnico oficial de abertura da tradicional feira de tecnologia e comércio do setor será dia. 23 de agosto<br />

representantes da comunidade<br />

internacional de produtores,<br />

traders, corretores,<br />

investidores, e do mercado financeiro<br />

em geral. É promovido<br />

pela Organização Internacional<br />

do Açúcar (ISO) e a<br />

Datagro.<br />

Na Fenasucro<br />

Pelo quinto ano consecutivo<br />

acontece no dia 10 de<br />

junho, no Institute Of Directors<br />

(IOD), em Pall Mall, Londres,<br />

a Sugar & Ethanol<br />

Summit – Brazil Day. A Conferência<br />

é uma excelente<br />

oportunidade para se engajar<br />

em debates sobre temaschave<br />

da indústria de açúcar<br />

e etanol e para o trabalho em<br />

Evento técnico oficial de abertura da tradicional feira de tecnologia e comércio do setor<br />

sucroenergético, Fenasucro & Agrocana (23 a 26 de agosto), a 5ª Conferência Datagro<br />

CeiseBr acontece no mesmo local, no Centro de Eventos Zanini, em Sertãozinho (SP),<br />

no dia. 23 de agosto.<br />

Em 2015, a última edição do evento superou todas as expectativas e contou com a<br />

presença de autoridades governamentais, empresários, especialistas, pesquisadores e<br />

representantes da indústria canavieira, que acompanharam palestras de alto teor técnico<br />

sobre os desafios e perspectivas do segmento de etanol e açúcar, no Brasil e exterior.<br />

rede com os líderes do complexo<br />

industrial de açúcar e<br />

etanol e agro mercados financeiros.<br />

Organizado pela Datagro<br />

em parceria com Ministério<br />

das Relações Exteriores, o<br />

Brazil Day reúne convidados<br />

do mais alto nível da comunidade<br />

financeira e de trading<br />

de Londres, e de outras<br />

capitais europeias, para discutir<br />

sobre os mercados globais<br />

de açúcar e etanol,<br />

desafios e oportunidades,<br />

com um foco específico sobre<br />

o papel do Brasil - maior<br />

produtor de açúcar do mundo<br />

e o segundo maior produtor<br />

de etanol, além de principal<br />

exportador dos dois produtos.<br />

Maior consultoria de etanol<br />

e açúcar e uma das maiores<br />

do mundo, a Datagro conta<br />

com mais de 60 colaboradores<br />

e busca se tornar um centro<br />

de excelência na prestação<br />

de serviços aos setores<br />

de açúcar e biocombustíveis<br />

em nível mundial. Através de<br />

análises inovadoras e diferenciadas,<br />

fornece ferramentas<br />

para uma melhor compreensão<br />

do mercado, agregando<br />

valor ao posicionamento comercial<br />

e estratégico de seus<br />

clientes e parceiros. Com sede<br />

em São Paulo, tem outras<br />

quatro unidades – Nova York<br />

(EUA), Recife, Santos e Ribeirão<br />

Preto.<br />

Mais informações:<br />

http://www.datagroconferences.com.br/<br />

16<br />

<strong>Março</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


Global Agribusiness Fórum<br />

Para os dias 4 e 5 de julho<br />

está programado o 3º Global<br />

Agribusiness Forum, no Hyatt<br />

Hotel, São Paulo (SP). Realizado<br />

a cada dois anos, é reconhecido<br />

internacionalmente<br />

como o mais importante<br />

evento do agronegócio mundial.<br />

Este tem permitido identificar<br />

soluções para os desafios<br />

e oportunidades da<br />

agricultura e a pecuária, enfrentados<br />

pela humanidade,<br />

para se desenvolver socioeconomicamente<br />

e preservar o<br />

meio ambiente.<br />

O tema para este ano é<br />

“Agropecuária do Amanhã:<br />

Fazer Mais com Menos”, disseminando<br />

as bases do desenvolvimento<br />

sustentável.<br />

Participam os maiores expoentes<br />

da agricultura mundial,<br />

líderes, autoridades e especialistas<br />

do agronegócio.<br />

Os resultados e propostas<br />

do encontro serão reunidos<br />

em um documento oficial -<br />

Consenso do Agronegócio -<br />

que será enviado como sugestão<br />

a autoridades do setor<br />

agrícola, e formuladores de<br />

políticas públicas de todo o<br />

mundo.<br />

Em sua última edição, a cadeia<br />

de valor da agricultura e<br />

pecuária mundial esteve representada<br />

oficialmente por mais<br />

de 1.100 líderes e autoridades<br />

de 43 países, 129 entidades<br />

parceiras, incluindo a iniciativa<br />

privada, governos, associações,<br />

entidades, universidades,<br />

ONGs e veículos de comunicação,<br />

sendo acompanhada<br />

por mais de 36 mil espectadores<br />

via internet e pelo<br />

Canal Rural.<br />

A Sociedade Rural Brasileira<br />

(SRB), representante do setor<br />

agrícola no Brasil, defenderá<br />

produtores de todas as culturas<br />

e pecuaristas, em conjunto<br />

com a Associação Brasileira<br />

de Produtores de Milho (Abramilho),<br />

representante oficial do<br />

Brasil na International Maize<br />

Alliance (Maizall). O objetivo<br />

principal é colaborar em uma<br />

base global e abordar as principais<br />

questões relacionadas<br />

com segurança alimentar, biotecnologia,<br />

gestão, comércio<br />

e imagem do produtor.<br />

Já a Associação Brasileira<br />

dos Criadores de Zebu<br />

(ABCZ)) tem a missão de promover<br />

o aumento sustentável<br />

da produção mundial de carne<br />

e leite, através do registro genealógico,<br />

melhoramento genético<br />

e promoção das raças<br />

zebuínas. A Datagro participa<br />

como uma das maiores empresas<br />

de consultoria agrícola<br />

do mundo.<br />

Sugar and Ethanol Dinner São Paulo<br />

Para fechar o ano, nos dias 17 e 18 de outubro<br />

acontece a 16ª Conferência Internacional Datagro<br />

sobre Açúcar e Etanol, no Hotel Grand Hyatt,<br />

em São Paulo (SP).<br />

Evento técnico oficial do Sugar and Ethanol<br />

Dinner São Paulo reúne os principais líderes e<br />

representantes de toda cadeia do setor sucroenergético<br />

internacional para discutir questões de<br />

mercado e de estratégia setorial. O foco é valorizar<br />

conteúdo de qualidade, disseminar conhecimento<br />

e novas tecnologias, e estimular<br />

networking entre os participantes.<br />

<strong>Março</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 17


DOIS<br />

PONTOS<br />

O fortalecimento do real<br />

e a incerteza sobre o impacto<br />

do clima úmido na<br />

colheita da cana no Centro<br />

Sul do País reduziram o<br />

ritmo acelerado das vendas<br />

antecipadas de açúcar pelas<br />

usinas para a temporada<br />

<strong>2016</strong>/17.<br />

Açúcar<br />

Operadores estimaram<br />

que pelo menos 60% da<br />

safra no maior produtor e<br />

exportador do mundo tinham<br />

sido vendidas antecipadamente<br />

até o início de<br />

março, uma parcela acima<br />

da média para esta época<br />

do ano.<br />

Cota adicional<br />

O Brasil poderá exportar este ano para os EUA mais 13,1<br />

mil toneladas de açúcar em bruto (cerca de US$ 4 milhões),<br />

além das 155,7 mil toneladas (US$ 48 milhões)<br />

previstas inicialmente. Após fazer consulta aos países detentores<br />

de cotas preferenciais, os Estados Unidos identificou<br />

86.533 toneladas em cotas não preenchidas do<br />

produto e as redistribuiu entre 26 exportadores. O Brasil<br />

foi um dos principais beneficiados, além de Filipinas, Austrália<br />

e República Dominicana.<br />

Russia<br />

Já o mercado de açúcar<br />

doméstico da Rússia enfrentará<br />

um excesso de<br />

oferta se os produtores<br />

aumentarem a área de cultivo<br />

de beterraba em <strong>2016</strong>.<br />

Esta vem crescendo nos<br />

últimos anos, visando o<br />

país se tornar autossuficiente<br />

em vez de ser um<br />

grande importador global.<br />

Deve produzir 7,9 milhões<br />

de toneladas, alta de 9%<br />

em relação ao ano anterior.<br />

Orplana<br />

A Orplana - Organização<br />

de Plantadores de Cana da<br />

Região Centro Sul do Brasil<br />

elegeu o seu presidente<br />

para a próxima gestão, o<br />

engenheiro agrônomo<br />

Eduardo Vasconcellos Romão<br />

(foto), que também<br />

preside a Associação dos<br />

Plantadores de Cana da<br />

Região de Jaú - Associcana.<br />

Romão assume, pelos<br />

próximos três anos, o lugar<br />

de Manoel Ortolan, que<br />

presidiu a entidade entre<br />

2013 e <strong>2016</strong>.<br />

A disparada dos preços<br />

do açúcar na União Europeia<br />

está estimulando importações<br />

do Nordeste do<br />

Brasil sob um sistema que<br />

permite entrada por tarifa<br />

alfandegária reduzida. A<br />

Biomassa Um enorme mercado<br />

pode se abrir para as usinas<br />

por 89,4% deste montante.<br />

com a possibilidade da demanda<br />

global por pellets au-<br />

A produção de bioeletricidade,<br />

que representou 4,2%<br />

mentar 60% nos próximos<br />

do total produzido pelo setor<br />

cinco anos devido a esforços<br />

globais para conter o<br />

elétrico brasileiro, só não foi<br />

superior ao volume gerado<br />

uso de usinas movidas a<br />

pelas usinas hidrelétricas e<br />

carvão. Essa é a aposta de<br />

térmicas a gás, que entregaram<br />

351.927 GWh e 61.843<br />

S.A., coproprietária da maior<br />

empresas como a Cosan<br />

GWh, respectivamente.<br />

processadora de cana do<br />

Em 2015, as empresas<br />

que utilizam biomassa como<br />

fonte de geração de<br />

energia elétrica produziram<br />

22.572 GWh para o Sistema<br />

Interligado Nacional, de<br />

acordo com a Câmara de<br />

Comercialização de Energia<br />

Elétrica. Palha e bagaço de<br />

cana foram responsáveis<br />

Tailândia<br />

A Tailândia, segundo<br />

maior exportador mundial<br />

de açúcar, reduziu sua estimativa<br />

para exportação<br />

em <strong>2016</strong> para 7,1 milhões<br />

de toneladas, ou 20% abaixo<br />

do ano passado, devido<br />

à seca e maior demanda<br />

doméstica. Isso deve impulsionar<br />

os preços globais<br />

do produto, que tocaram<br />

máximas de <strong>2016</strong> recentemente<br />

por preocupações<br />

sobre a oferta do Brasil,<br />

o maior produtor. A Tailândia<br />

deve produzir 95<br />

milhões de toneladas de<br />

cana este ano, ou 9,6 milhões<br />

de toneladas de açúcar<br />

refinado.<br />

Países árabes<br />

Os países árabes representam o maior mercado para o<br />

açúcar exportado pelo Brasil. Segundo a Datagro, nos últimos<br />

dois anos, as exportações brasileiras para este<br />

grupo foram respectivamente 35,6% e 35,4% do volume<br />

total embarcado.<br />

União Europeia<br />

Pellets<br />

colheita na União Europeia<br />

foi a menor em mais de 40<br />

anos e os preços de açúcar<br />

na região subiram<br />

mais de 10% desde o início<br />

da temporada em outubro.<br />

mundo, que confirmou uma<br />

joint venture de US$ 130<br />

milhões para fazer pellets de<br />

biomassa com cana para<br />

gerar eletricidade. O Brasil<br />

pode produzir até 80 milhões<br />

de toneladas por ano,<br />

o suficiente para abastecer<br />

toda a indústria. O mercado<br />

global deve saltar de 25 para<br />

40 milhões de toneladas em<br />

cinco anos.<br />

18<br />

<strong>Março</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


Renovação<br />

A retomada no crescimento<br />

do setor após quase<br />

uma década de crise deve<br />

ser prejudicada pela baixa<br />

renovação dos canaviais e<br />

o consequente impacto na<br />

produtividade das lavouras.<br />

Prática necessária para melhorar<br />

a oferta de cana, a renovação<br />

média de 18% na<br />

área com a cultura deve<br />

ficar abaixo desse nível para<br />

<strong>2016</strong>/17, e a quebra no rendimento<br />

só será compensada<br />

no atual período pelas<br />

chuvas favoráveis às plantações.<br />

De acordo com a Datagro,<br />

a taxa de renovação em<br />

2015 ficou entre 11% e<br />

12%. A produtividade por<br />

hectare no próximo ciclo<br />

deve girar em torno de 83<br />

toneladas, em linha com o<br />

registrado em 2015/16. A<br />

reforma das plantações<br />

tende a voltar para um "nível<br />

normal" neste ano. A renovação<br />

dos canaviais foi prejudicada<br />

pela crise e pelas<br />

condições para acesso ao<br />

Prorenova, linha de financiamento<br />

do BNDES voltada<br />

ao plantio de cana.<br />

Empregos<br />

A combinação entre a quebra da safra de cana em alguns<br />

estados, como os do Nordeste e o <strong>Paraná</strong>, e a necessidade<br />

de corte de gastos com mão de obra, ampliou as demissões<br />

no setor sucroalcooleiro do Brasil em 2015 eliminando<br />

33.529 vagas, segundo o Cadastro Geral de Empregados<br />

e Desempregados, queda de 3%. Em 2014, as<br />

contratações no setor haviam superado em 49.910 as demissões.<br />

Em 2015, o maior peso do saldo negativo do<br />

setor no Brasil veio do Centro-Sul (21.291). O Nordeste<br />

contribuiu negativamente com 12.238. Em janeiro deste<br />

ano, o saldo do setor também ficou no vermelho, com as<br />

demissões superando as contratações em 16.579 postos,<br />

ante a movimentação negativa de 2.172 de janeiro de<br />

2015.<br />

Visita<br />

Um grupo de 40 produtores rurais do Canadá esteve visitando<br />

a Alcopar no final de fevereiro. O objetivo foi conhecer<br />

um pouco mais sobre o setor sucroenergético e a<br />

produção de biocombustíveis e açúcar. A viagem técnica,<br />

organizada pela NKP Consultoria Empresarial de 12 dias<br />

pelo <strong>Paraná</strong> incluiu visitas a propriedades rurais, empresas,<br />

entidades e cooperativas ligadas ao agronegócio.<br />

Contestação<br />

O Ministério das Relações<br />

Exteriores está trabalhando<br />

com o setor açucareiro e<br />

aconselhamento legal externo<br />

para montar uma contestação<br />

formal aos subsídios<br />

para o açúcar na Tailândia<br />

na Organização Mundial<br />

do Comércio. Nos últimos<br />

anos, o governo tailandês<br />

vem concedendo<br />

apoio aos produtores de<br />

Consumo<br />

O governo federal trabalha<br />

com uma queda de 5% no<br />

consumo de combustíveis<br />

do Ciclo Otto (gasolina, álcool<br />

e gás natural) em <strong>2016</strong>.<br />

São cerca de 2,6 bilhões de<br />

litros a menos sobre a demanda<br />

de 53 bilhões a 54<br />

bilhões de litros de 2015. As<br />

vendas de combustíveis no<br />

mercado brasileiro registraram<br />

queda de 1,9% em<br />

2015, somando 141,811 bilhões<br />

de litros na compara<br />

cana e de açúcar, elevando<br />

a produção e a exportação,<br />

especialmente para o Sudeste<br />

Asiático. O governo<br />

brasileiro apontou que, nos<br />

últimos quatro anos, a participação<br />

do Brasil nas exportações<br />

mundiais de açúcar<br />

caiu de 50% para<br />

44,7%, tendo a Tailândia<br />

aumentado sua participação<br />

de 12,1% para 15,8%.<br />

ção com o ano<br />

anterior, quando<br />

atingiram 144,541 bilhões<br />

de litros, segundo<br />

a ANP. As vendas de gasolina<br />

no País se retraíram<br />

9,2% em 2015 e o diesel recuou,<br />

4,7%. Apenas o consumo<br />

de etanol cresceu no<br />

País, na faixa de 37,5%,<br />

como alternativa frente à elevação<br />

do preço dos combustíveis.<br />

Cana<br />

Em pedaços, em embalagens<br />

individuais contendo<br />

pequenas porções<br />

para serem mastigadas<br />

ou na forma de garapa, a<br />

cana tem conquistado<br />

cada vez mais espaço<br />

nas prateleiras de supermercados<br />

brasileiros.<br />

Distribuído inicialmente<br />

em São Paulo, a expectativa<br />

dos fabricantes é<br />

ampliar ainda mais a presença<br />

do produto no varejo<br />

nacional e até mesmo<br />

exportar.<br />

La Niña<br />

Para o órgão de previsão<br />

climática do governo<br />

dos EUA há chances de<br />

50% de que condições<br />

de La Niña desenvolvamse<br />

até o outono do Hemisfério<br />

Norte, na sequência<br />

de um fenômeno<br />

El Niño, que deverá dissipar-se<br />

nos próximos meses.<br />

O Centro de Previsão<br />

do Clima (CPC)<br />

manteve as projeções de<br />

que o El Niño vai terminar<br />

no fim da primavera ou<br />

início do verão do Hemisfério<br />

Norte.<br />

Limite<br />

Com o crescimento<br />

expressivo das vendas<br />

no ano passado, o mercado<br />

brasileiro de etanol<br />

chegou ao limite de sua<br />

capacidade de produção,<br />

avalia a ANP. No<br />

ano passado, a demanda<br />

por etanol hidratado<br />

atingiu 17,6 bilhões<br />

de litros, o maior volume<br />

da história. Acima disso,<br />

só com ampliação dos<br />

investimentos em novas<br />

usinas ou com novas<br />

tecnologias de produção.<br />

<strong>Março</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 19

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