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Jornal Cocamar Março 2016

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78 | <strong>Jornal</strong> de Serviço <strong>Cocamar</strong> | <strong>Março</strong> <strong>2016</strong><br />

HISTÓRIA<br />

Os Festi vieram atrás<br />

do seu sonho no Paraná<br />

FAMÍLIA DO CAMPO<br />

DE OLHO NAS OPORTUNIDADES OFERECIDAS, ELES CHEGARAM<br />

EM 1938, ESCREVENDO, A PARTIR DAÍ, UMA HISTÓRIA DE REALIZAÇÕES. POR MARLY AIRES<br />

Sem rumo certo, sem<br />

emprego, mas com<br />

muita vontade de<br />

vencer, Em 1938,<br />

Luiz Festi juntou os poucos<br />

pertences que ele e a esposa<br />

Rosa possuíam em Pirajuí<br />

(SP) e se mandaram para o<br />

Paraná, com três crianças pequenas.<br />

O mais velho tinha<br />

três anos e o mais novo era<br />

recém-nascido.<br />

Vieram de trem até Cornélio<br />

Procópio, onde desceram<br />

e, sem ter onde morar, se instalaram<br />

em uma barraca. Assim<br />

permaneceram durante<br />

uma semana, até o pai conseguir<br />

uma empreita de cinco<br />

alqueires em Rolândia, por<br />

seis anos, para derrubar a<br />

mata e formar o cafezal. O povoado<br />

havia sido fundado em<br />

1934 pela Companhia de Terras<br />

Norte do Paraná. Foi em<br />

Rolândia, três anos depois da<br />

chegada, onde nasceu Sérgio<br />

Festi, um dos 11 filhos de<br />

Luiz e Rosa. Com orgulho,<br />

ele fala sobre a coragem dos<br />

pais, que ouviram sobre a<br />

fama das terras paranaenses<br />

e nela se lançaram em busca<br />

de seu sonho.<br />

Enquanto não produzia<br />

café, a família sobreviveu das<br />

criações e do que plantava no<br />

meio da lavoura. No final do<br />

contrato, com a renda obtida,<br />

os Festi conseguiram comprar<br />

em 1944 uma pequena<br />

área de mata, começando<br />

tudo de novo. Só que agora,<br />

na própria terra. Na cabeceira,<br />

plantaram café e, na<br />

baixada, beirando o rio, batata,<br />

que tinha bom comércio,<br />

além das culturas de subsistência.<br />

Não havia moleza<br />

Foram tempos difíceis. A única coisa que não faltava era<br />

comida. A casa, feita de palmito que os Festi improvisaram<br />

quando chegaram, foi ficando até 1948, quando eles mesmos<br />

construíram uma casa de madeira.<br />

Não havia folga para ninguém. Todos começavam a trabalhar<br />

desde pequenos. Sérgio lembra que com sete anos<br />

já sabia plantar café, com o irmão de nove anos. “Meu pai<br />

ia abrindo as covas e eu e meu irmão semeando e cobrindo.<br />

A gente jogava umas 10 sementes ou mais e depois de nascido,<br />

raleava, deixando seis pés por cova”, conta.<br />

Os vizinhos<br />

se ajudavam<br />

Muitos agricultores pioneiros que não tinham<br />

como pagar por mão de obra, nem contavam com<br />

filhos adultos ou parentes que pudessem ajudar em<br />

casa, trocavam serviço com vizinhos. Luiz fez isso<br />

muitas vezes, desde a derrubada da mata. Especialmente<br />

quando pegava uma árvore maior, em que<br />

precisava usar o traçador.<br />

Às vezes, quando podia, Rosa ajudava e chegou<br />

muitas vezes a trabalhar lado a lado com Luiz cortando<br />

mato e puxando o traçador. Levava as crianças<br />

para o mato, formava uma rede no alto, com<br />

um saco e os deixava ali dormindo, enquanto trabalhava.<br />

Mas, sem tirar o olho deles.<br />

SOLIDÁRIOS - Certa vez, quando ainda abria a<br />

mata, Luiz teve uma íngua que o deixou quatro<br />

meses sem poder andar. A sorte é que pôde contar<br />

com a solidariedade dos vizinhos. Um deles tinha<br />

seis homens na família e sempre algum vinha ajudar.<br />

Sem médico ou medicamentos, o problema foi<br />

curado a base de compressas de rubim, uma erva<br />

medicinal que hoje é vista como daninha.<br />

Radicados em<br />

Rolândia, eles<br />

se dedicam ao<br />

cultivo de grãos<br />

1934<br />

o ano em que<br />

a Cia. de Terras<br />

fundou o povoado<br />

de Rolândia

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