04.11.2016 Views

Jornal Cocamar Outubro 2016

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

47 | <strong>Jornal</strong> de Serviço <strong>Cocamar</strong> | <strong>Outubro</strong> <strong>2016</strong><br />

MERCADO<br />

Tendência, no longo prazo,<br />

seria de queda dos preços<br />

Economista da FGV analisa cenário macroeconômico e conclui que mundo<br />

não está preparado para uma expansão ainda mais modesta no mercado chinês<br />

Em depoimento ao site<br />

Notícias Agrícolas,<br />

durante evento<br />

recente em Foz do<br />

Iguaçu (PR), o economista da<br />

FGV (Fundação Getúlio Vargas),<br />

Felipe Cauê Serigatti<br />

descreveu diversos fatores<br />

do cenário econômico atual e<br />

afirmou que a tendência para<br />

as commodities agrícolas é<br />

de queda no longo prazo.<br />

Segundo ele, em termos<br />

reais a análise gráfica indica<br />

que ao longo do tempo o valor<br />

das commodities tende a<br />

cair. "Esse fator se explica<br />

pela produtividade, a evolução<br />

da tecnologia permite<br />

que a cada ano avancemos a<br />

produção, ao passo que a demanda<br />

é ciclíca", acrescenta<br />

o economista.<br />

Serigatti também destaca o<br />

fenômeno de espelhamento<br />

dos preços das commodities<br />

em relação ao dólar, já que é<br />

comum observamos que<br />

quando o câmbio está em alta<br />

a tendência é de recuo nos futuros<br />

agrícolas, ou o contrário.<br />

Mas, e como o fim do período<br />

de expansão econômica<br />

pode, efetivamente, afetar o<br />

agronegócio? E a fase de desaceleração<br />

global tem influenciado<br />

grandes economias<br />

como dos Estados Unidos e<br />

China?.<br />

ACOMPANHAR - Para Serigatti<br />

será preciso acompanhar<br />

grandes movimentos<br />

econômicos como: a possibilidade<br />

de elevação da taxa de<br />

juros dos EUA pelo FED (Federal<br />

Reserve, sigla em inglês);<br />

a capacidade da China<br />

em responder com demanda;<br />

e as novas políticas econômicas<br />

do Brasil.<br />

Nos Estados Unidos, o FED<br />

vem sinalizando há meses a<br />

possibilidade de elevação na<br />

taxa de juros, o que indicaria<br />

uma migração de ativos ao<br />

dólar norte-americano. "Precisamos<br />

ficar atentos a essa<br />

decisão que, caso ocorra,<br />

pode reagir com o mesmo espelhamento<br />

em commodities<br />

como vemos com o câmbio",<br />

diz Serigatti.<br />

Apostamos no aumento dos<br />

gastos, especialmente com<br />

assistencialismo, e a partir<br />

de 2015 esse cenário<br />

tornou-se insustentável"<br />

Na economia chinesa as<br />

preocupações são ainda<br />

maiores. A China tornou-se<br />

nos últimos anos um dos<br />

principais mercados agrícolas<br />

do mundo sendo grande<br />

importador de soja, milho e<br />

proteínas animais. Destacando-se<br />

como uma das economias<br />

que mais cresceram<br />

nos últimos anos [acima de<br />

10% ao ano], a nova realidade<br />

indica uma estabilização<br />

do PIB entre 6 a 7% nos<br />

próximos anos.<br />

Para Serigatti, a tendência<br />

para a economia da China é<br />

de desaceleração gradual no<br />

ritmo de crescimento nos próximos<br />

anos. Mas, "o mundo<br />

está pronto para conviver<br />

com uma China que cresce<br />

3% ao ano? Acredito que<br />

ainda não", considera o economista.<br />

BRASIL - Enquanto isso, no<br />

Brasil, ainda vivemos consequências<br />

de políticas erroneas<br />

de crescimento. O boom<br />

das commodities, por exemplo,<br />

foi aproveitado para incentivar<br />

o consumo e o aumento<br />

de crédito, porém, a<br />

oferta não conseguiu corresponder<br />

no mesmo ritmo da<br />

demanda, visto que o custo<br />

Brasil continua a limitar os<br />

investimentos. Então a saída,<br />

segundo Serigatti, foi suprir<br />

esse déficit por meio de importações.<br />

"Esse modelo vinha funcionando,<br />

porém, após a crise de<br />

2009 o cenário econômico<br />

mudou, e continuamos a insistir<br />

no mesma solução", explica<br />

Serigatti.<br />

Além disso, as receitas<br />

brasileiras, até 2010, vinham<br />

crescendo fortemente<br />

acima do PIB, posteriormente<br />

"apostamos no aumento<br />

dos gastos, especialmente<br />

com assistencialismo,<br />

e a partir de 2015 esse cenário<br />

tornou-se insustentável",<br />

diz Serigatti.<br />

A perspectiva<br />

para a economia<br />

da China é de<br />

desaceleração<br />

gradual no ritmo<br />

de crescimento nos<br />

próximos anos,<br />

na opinião do<br />

especialista

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!