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E&Negocios_02

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tema de capa<br />

Riversdale, Kenmare, Sasol e Anadarko<br />

estão entre os maiores investidores<br />

internacionais dos chamados<br />

megaprojectos, que superam os 87,5<br />

biliões de dólares.<br />

As potencialidades energéticas localizadas<br />

em Moçambique e o dinamismo<br />

subjacente à exploração de recursos estão<br />

a aguçar o apetite dos grandes operadores<br />

internacionais, sobretudo depois das<br />

recentes descobertas de gás natural e<br />

carvão.<br />

Dois gigantes no carvão<br />

No cluster energético, a extracção,<br />

produção e exportação de carvão são<br />

pilares da estratégia de crescimento<br />

de Moçambique. A brasileira Vale<br />

Para lá de Tete?<br />

Se Tete é a província-rainha da exploração<br />

de carvão para exportação,<br />

estudos recentes, como o da Economist<br />

Intelligence Unit, sinalizam o potencial<br />

das reservas da província de Niassa numa<br />

escala semelhante à de Tete. Actualmente,<br />

o epicentro da prospecção é o distrito de<br />

Maniamba, onde actuam sete empresas,<br />

entre as quais a Vale e a Rio Tinto. Os<br />

brasileiros têm já em curso um estudo de<br />

viabilidade de uma mina de fosfatos, em<br />

Monapo, na província de Nampula, com<br />

vista à apresentação de uma proposta de<br />

investimento às autoridades moçambicanas.<br />

Ainda em Tete, no final de 2011, foram<br />

descobertos depósitos com dois biliões de<br />

toneladas de carvão mineral pela Eta Star<br />

Moçambique, uma joint-venture da Eta Star,<br />

sediada no Dubai, e as empresas moçambicanas<br />

Minas do Zambeze e Índico Investments.<br />

De acordo com Mohamed Sathak,<br />

director-geral da concessionária, a maioria<br />

dos recursos estará a uma profundidade até<br />

300 metros, o que torna mais acessível a<br />

mineração a céu aberto. A empresa visa<br />

uma produção mineira de cinco milhões<br />

de toneladas, 2/3 das quais em carvão<br />

térmico e 1,5 milhões de carvão de coque<br />

metalúrgico, e está em conversações com<br />

entidades ferroviárias e portuárias no sentido<br />

de assegurar o escoamento da produção.<br />

Gás atrai ‘Tio Sam’<br />

Os blocos de prospecção de hidrocarbonetos<br />

na parte sul da bacia do Rovuma<br />

deverão ser alvo de leilão, depois das<br />

descobertas de elevadas quantidades de<br />

gás pelos norte-americanos da Anadarko Petroleum<br />

(30 triliões de pés cúbicos) e pelos<br />

italianos da ENI (40 biliões de pés cúbicos).<br />

De acordo com o Instituto Nacional do<br />

Petróleo de Moçambique, várias empresas<br />

– como a ENI, Exxon Mobil, BP, Petronas,<br />

da Malásia, Shell, Tullow Oil, Vitol e Noble<br />

Energy – já manifestaram interesse em participar<br />

no leilão. O know-how e o ‘músculo’<br />

financeiro de grandes operadores mundiais<br />

é um atractivo para os moçambicanos<br />

prevendo-se que venha a ser assinado um<br />

contrato para a realização de estudos de<br />

engenharia pela Anadarko Petroleum para<br />

o projecto de liquefacção do gás natural,<br />

descoberto na Área 1 da bacia do Rovuma.<br />

Para o responsável pela exploração global<br />

da Anadarko, Robert Daniels, as reservas<br />

identificadas justificam a instalação de seis<br />

unidades de processamento de gás natural.<br />

Numa primeira fase, poderão ser construídas<br />

duas unidades, cada uma a processar cinco<br />

milhões de toneladas de gás, que podem<br />

contribuir para abastecer o mercado interno<br />

e intensificar a exportação para os países<br />

da região e para os continentes asiático<br />

e americano. A Anadarko deverá investir<br />

14 mil milhões de dólares até 2018, a<br />

adicionar aos mais de 800 milhões já<br />

investidos pela multinacional americana em<br />

Moçambique.<br />

Se atentarmos no prémio de 30% oferecido<br />

pela major Royal Dutch Shell para comprar<br />

a irlandesa Cove Energy, que tem uma<br />

participação de 8,5% no consórcio de prospecção<br />

liderado pela Andarko, percebemos<br />

que o subsolo moçambicano está a agitar<br />

os mercados internacionais e os operadores<br />

associados ao cluster de exploração, como<br />

é o caso da Halliburton e Schlumberger, que<br />

têm em curso processos para a aquisição<br />

de terrenos na área de Pemba. Aliás, o presidente<br />

da Cove já elogiou, em comunicado,<br />

que a Shell “representa um excelente parceiro<br />

para todos os accionistas do projecto de<br />

gás natural liquefeito do Rovuma”.<br />

Para o outro consórcio que detém a<br />

prospecção na Área 4, liderado pela ENI,<br />

com 70% do capital, e participado pelos<br />

portugueses da Galp Energia, pela Kogas<br />

e ENH, com 10% cada, “os resultados são<br />

de especial importância” já que aumentam<br />

os recursos dos reservatórios em, “pelo<br />

menos 10 biliões de pés cúbicos”. Destes,<br />

80% estão localizados exclusivamente em<br />

reservatórios na Área 4, o que aumenta,<br />

assim, o potencial estimado de gás para 40<br />

biliões de pés cúbicos. A ascensão ao topo<br />

dos produtores mundiais de gás permitirá a<br />

Moçambique outra capacidade de financiamento,<br />

sobretudo porque o crescimento<br />

deverá manter-se a um ritmo elevado, na<br />

ordem dos 8%, suportado pela expansão da<br />

exploração de recursos minerais.<br />

A sucessão de boas notícias relativamente<br />

às reservas de gás natural parece ganhar<br />

fluidez. A Rio Tinto anunciou a descoberta<br />

nas reservas de gás de Moatize, prevendo-<br />

-se, agora, operações de prospecção para<br />

determinar o volume das reservas e respectivo<br />

valor económico.<br />

Empresas& Negócios • Maio 2012 • #<strong>02</strong><br />

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