16.02.2017 Views

E&Negocios_02

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

entrevista<br />

Domingos Simão Pereira<br />

Cimeira da CPLP<br />

aguardada com expectativa<br />

A capital moçambicana recebe em Julho a IX Cimeira de Chefes de Estado da Comunidade<br />

de Países de Língua Portuguesa. Este será um momento crucial para definir o futuro e traçar<br />

aquelas que serão as próximas metas do processo de construção da Comunidade. A<br />

instabilidade da Guiné-Bissau, a construção do pilar económico e o alargamento são alguns<br />

dos temas que vão estar em discussão.<br />

T Manuela Sousa Guerreiro<br />

A CPLP está à beira de completar<br />

os 16 anos. Este tem sido um longo<br />

percurso de formação da própria<br />

organização?<br />

Essa é uma questão discutível. A meu<br />

ver era necessário dar algum tempo<br />

aos próprios Estados para que estes<br />

amadurecessem. A CPLP surge como<br />

um projecto político diplomático,<br />

numa altura em que alguns dos seus<br />

Estados membros estavam ainda num<br />

processo de consolidação das suas<br />

estruturas democráticas e de governação.<br />

Esperar que esses países se sentissem à<br />

vontade para acompanhar Portugal e o<br />

Brasil em todas as agendas dos fóruns<br />

internacionais não era ser realista. Era<br />

preciso esperar que em Angola a guerra<br />

civil terminasse, que Moçambique<br />

consolidasse a paz e que Timor<br />

conquistasse a independência. Agora, não<br />

posso deixar de pensar que talvez fosse<br />

possível encurtar alguns prazos, mas foi<br />

o caminho escolhido e era necessário<br />

percorrê-lo.<br />

Os Estados Membros estão hoje mais<br />

activos e empenhados na construção<br />

desta comunidade?<br />

Sem dúvida! Os Estados colocam menos<br />

restrições às fixações das agendas ao nível<br />

das várias instâncias da CPLP. Não há<br />

restrições nos debates sobre democracia,<br />

direitos humanos ou mesmo no que diz<br />

respeito à intervenção da sociedade civil<br />

na discussão dos assuntos da CPLP,<br />

temas que antes eram reclamados como<br />

sendo ‘assuntos da exclusiva competência<br />

dos Estados’. Hoje são estes mesmos<br />

Estados que sublinham a necessidade de<br />

uma maior presença da sociedade civil.<br />

Isso é reflexo também de um maior à<br />

vontade nas suas políticas internas.<br />

O que podemos esperar desta<br />

Cimeira de Chefes de Estado que irá<br />

decorrer em Maputo?<br />

É preciso fazer aqui uma ressalva.<br />

Apesar de existir um grupo de trabalho<br />

para preparar a agenda desta Cimeira,<br />

temos que aguardar o posicionamento<br />

de Moçambique. A mudança de<br />

presidência é também uma oportunidade<br />

“A mudança de<br />

presidência é também<br />

uma oportunidade<br />

para se projectar uma<br />

nova visão para<br />

a organização.”<br />

para se projectar uma nova visão para a<br />

organização. Agora, há a preocupação<br />

de não se perder o que é positivo. Assim,<br />

dividiria os objectivos desta Cimeira<br />

em duas componentes. Por um lado, há<br />

os temas que são recorrentes daquela<br />

que tem sido a nossa programação nos<br />

últimos anos, designadamente a livre<br />

circulação, a questão da cidadania,<br />

alguns projectos culturais, o novo acordo<br />

ortográfico, a adesão da Guiné Equatorial<br />

e, claro, a estabilidade na Guiné-Bissau.<br />

Todos estes assuntos serão abordados na<br />

Cimeira. Mas também serão lançados<br />

novos desafios, e tenho a expectativa<br />

de ver temas como o da erradicação do<br />

analfabetismo e o da segurança alimentar<br />

merecerem uma atenção muito especial.<br />

Alargamento em discussão<br />

Estes últimos dois anos foram<br />

importantes para a afirmação e<br />

projecção da CPLP no contexto<br />

africano?<br />

Quero acreditar que sim! Tenho<br />

acompanhado várias dinâmicas, mas não<br />

sei se a percepção que tenho, estando por<br />

dentro, é igual à de quem está por fora.<br />

Assinámos um protocolo com a SADC<br />

que determina que alguns documentos da<br />

organização sejam traduzidos para língua<br />

portuguesa. Participámos numa iniciativa<br />

da ONU relacionada com a consolidação<br />

dos processos democráticos no continente<br />

africano. Curiosamente, esta iniciativa<br />

tem sede em Bissau e os países da CPLP<br />

14<br />

a revista que promove Moçambique

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!