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LEO_HUBERMAN_-_HISTÓRIA_DA_RIQUEZA_DO_HOMEM

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desamparadas em seus orfanatos e construiu hospitais para os doentes. Em<br />

geral, os senhores eclesiásticos (da Igreja) administravam melhor suas<br />

propriedades e aproveitavam muito mais suas terras que a nobreza leiga.<br />

Mas há outro aspecto da questão. Enquanto os nobres dividiam suas<br />

propriedades, a fim de atrair simpatizantes, a Igreja adquiria mais e mais<br />

terras. Uma das razões por que se proibia o casamento aos padres era<br />

simplesmente porque os chefes da Igreja não desejavam perder quaisquer<br />

terras da Igreja mediante herança aos filhos de seus funcionários. A Igreja<br />

também aumentou seus domínios através do "dízimo" ,taxa de 10% sobre a<br />

renda de todos os fiéis. Assim se refere a respeito um famoso historiador: "O<br />

dízimo constituía um imposto territorial, um imposto de renda e um, imposto<br />

de transmissão muito mais oneroso do que qualquer taxa conhecida nos<br />

tempos modernos. Agricultores e camponeses eram obrigados a entregar não<br />

apenas um décimo exato de toda sua produção... Cobravam-se dízimos de lã<br />

até mesmo da penugem dos gansos; à própria relva aparada ao longo da<br />

estrada pagava-se o direito de portagem; o colono que deduzia as despesas de<br />

trabalho antes de lançar o dízimo a suas colheitas era condenado ao inferno.”<br />

À medida que a Igreja crescia enormemente em riqueza, sua economia<br />

apresentava tendências a superar sua importância espiritual. Muitos<br />

historiadores argumentam que, como senhor feudal, não era melhor e, em<br />

muitos casos, muito pior do que os feudatários leigos. "Tão grande era a<br />

opressão de seus servos, pelo Cabido de Notre-Dame de Paris, no reinado de<br />

São Luís, que a Rainha Blanche protestou 'com toda a humildade', ao que os<br />

monges replicaram que eles podiam matar seus servos de fome se lhes<br />

aprouvesse'." Alguns historiadores pensam até que se exagerava o valor de<br />

sua caridade. Admitem o fato de que a Igreja realmente ajudava os pobres e<br />

doentes. Mas ressaltam que ela era o mais rico e poderoso proprietário de<br />

terras da Idade Média, e argumentam que, comparado ao que poderia ter<br />

feito, com sua tremenda riqueza, não chegou a realizar nem mesmo tanto<br />

quanto a nobreza. Ao mesmo tempo que suplicava e exigia ajuda dos ricos,<br />

para fazer sua caridade, tomava o maior cuidado em não sacar muito<br />

profundamente de seus próprios recursos. Esses críticos da Igreja observam

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