06.03.2017 Views

Revista Penha | março 2017

O que acontece, quem são as pessoas que marcam a Freguesia e ainda algumas curiosidades sobre a Penha de França. Uma revista editada pela Junta de Freguesia da Penha de França.

O que acontece, quem são as pessoas que marcam a Freguesia e ainda algumas curiosidades sobre a Penha de França.

Uma revista editada pela Junta de Freguesia da Penha de França.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

gente<br />

Cheio de poesia,<br />

mas realista<br />

Joaquim Lucas<br />

Se lhe perguntamos a idade, responde com um sorriso: "Já fiz<br />

mais de 50!". Só depois o Sr. Joaquim Lucas Gonçalves nos diz<br />

que já vai nos 84. Veio aos 14 anos de Pé de Cão, uma aldeia<br />

no Concelho de Torres Novas, para a rua Conde de Monsaraz,<br />

aqui na <strong>Penha</strong> de França, num prédio contruído pelo seu pai e<br />

tio.<br />

Parar não é palavra que se encontre no seu vocabulário.<br />

Formado em Geologia e Minas viu-se em Angola a trabalhar<br />

para a Companhia de Diamantes de Angola no ano de 1959.<br />

Com a chegada da guerra conseguiu a transferência para as<br />

Finanças, numa tentativa frustrada de voltar a Portugal porque<br />

o destino quis que fosse parar a Macau.<br />

Por lá se casou, e a tristeza trouxe-o de volta depois de três<br />

anos e da morte da sua esposa. Até à reforma, aos 55 anos,<br />

passou pelo Ministério do Ultramar e pela Caixa Geral de<br />

Depósitos, o seu último emprego – "Veja lá as voltas que eu<br />

dei!". E ficou parado? "Claro que não, gosto muito de viajar, já<br />

fui a 23 dos 27 estados do Brasil e a muitos outros países da<br />

Europa!".<br />

As voltas da vida fizeram-no regressar à <strong>Penha</strong> de França, "ao<br />

fim de tantos anos”, uma freguesia que "não está adormecida"<br />

considera o Sr. Lucas. Mora agora na parada do Alto de São<br />

João, e adora: "Tenho vista para o rio, vê-se o Barreiro!".<br />

Como homem dos versos e do canto, participou num concurso<br />

com uma opereta e ficou em primeiro lugar, o que lhe deu<br />

acesso ao Teatro Nacional de São Carlos – na altura dirigido<br />

pelo musicólogo João de Freitas Branco. “Dei uma perninha de<br />

16 anos”, conta, apesar de às vezes os ensaios se prolongarem<br />

por altas horas da noite. Estudou canto com uma professora<br />

que conseguiu que cantasse “o que quisesse, desde o fado à<br />

opera”. O que não é para todos, avisa: "Quem canta fado não<br />

canta opera e vice-versa, são áreas muito distintas".<br />

Já quanto aos seus versos, não os deixa na sua cabeça, vão<br />

todos para o papel. "É uma companhia amiga que eu tenho<br />

nos meus versos". Como estes, que pensou para a Marcha da<br />

<strong>Penha</strong> de França: “Oh minha <strong>Penha</strong> de França, és a Faiança<br />

bem colorida, não podes perder a esperança, de uma criança<br />

adormecida | A tua marcha muito inebria, a valentia que o povo<br />

tem, Nossa Senhora da <strong>Penha</strong>, que ela intervenha, para nosso<br />

bem | Tu não podes mais parar, e vai mostrar, a quem aqui<br />

passa, tua garra tão popular e o fulgor da tua raça”.<br />

"Uma amiga ofereceu-me um porta-chaves, que trago comigo,<br />

e diz: ‘Sonhador com forte imaginação, cheio de poesia, mas<br />

realista’. Acertou em cheio. É tudo quanto eu sou. Ou penso<br />

que sou, não quero ter a vaidade de o dizer”.<br />

Obrigado Sr. Lucas.<br />

19

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!