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“Perdi vários<br />
amigos ao longo<br />
dos anos ”<br />
Toda a Rua 57, no centro da capital,<br />
se tornou lixo radioativo.<br />
Em outubro de 1987, em Abadia<br />
de Goiás, foi criado um depósito<br />
onde foi enterrado todo o material<br />
radiativo, as vítimas também foram<br />
enterradas no local, em caixões<br />
revestidos de chumbo.<br />
Uma das frases que ficou muito<br />
conhecida veio de uma dos principais<br />
personagens de toda a tragédia.<br />
Devair Ferreira, que morreu<br />
sete anos após todo o acontecimento<br />
afirmou: “Eu me apaixonei<br />
pelo brilho da morte”.<br />
Foto: memorial Césio<br />
Sequelas de uma das vitimas do acidente. Foto<br />
memorial Césio<br />
Três décadas depois<br />
Sueli Moraes a vizinha de Devair,<br />
se tornou presidente da Associação<br />
Vítimas do Césio-137. Ela<br />
afirma que hoje 2.000 pessoas<br />
são assistidas pela associação.<br />
As vítimas recebem assistência<br />
médica, odontologia e psicológica,<br />
e são oferecidos medicamentos<br />
para quatro grupos que tiveram<br />
contato direto e indireto com o Césio.<br />
O policial Jorge Luiz sofre até<br />
hoje com os problemas causados<br />
pela contaminação, outras dezenas<br />
também vivem com sequelas<br />
por causa da radiação.<br />
De acordo com a presidente da<br />
associação, até hoje existe uma<br />
dificuldade em receber os medicamentos<br />
necessários que são<br />
distribuídos pelo governo gratuitamente.<br />
As vítimas do Grupo I e<br />
II (maior nível de contaminação)<br />
recebem uma pensão mensal. O<br />
Ministério Público não quis se manifestar<br />
sobre a falta dos medicamentos.<br />
Segundo o Ministério da Saúde,<br />
após o acidente houve aumento<br />
no número de mortes por câncer<br />
em Goiânia. No local onde foi feita<br />
a triagem, foi inaugurado em<br />
agosto de 2016 o novo Estádio<br />
Olímpico. Duas associações dão<br />
assistências ás vítimas do Césio.<br />
Mesmo passados 30 anos do acidente<br />
ainda existem muitas feridas<br />
abertas. No entanto, de acordo<br />
o Centro de Energia Nuclear da<br />
USP, o risco completo de radiação<br />
só deve desaparecer após 300<br />
anos.<br />
Foto:memorial Césio<br />
Leide das Neves, vitima do acidente.<br />
Foto: Nathiely Araujo<br />
Jorge Luiz- Policial Militar. Vítima do acidente.<br />
Foto: memorial Césio<br />
Esádio onde aconteceu a triagem das vitimas<br />
Em Janeiro desse<br />
ano foi lançado<br />
uma HQ , com<br />
roteiro e arte do<br />
goiano, Ronaldo<br />
Zararijs e arte de<br />
Eduardo Menna,<br />
que fala sobre a<br />
história do acidente<br />
com o césio. A revista tem<br />
42 paginas e custa 20 reais.<br />
De acordo com o autor, a revista<br />
foi lançada durante os 30 anos<br />
do acidente, e vai contar com um<br />
pouco, de terror e drama em 1980,<br />
onde começa história do Césio.<br />
<strong>Abril</strong> <strong>2017</strong> | 25