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Revista Entrelinhas - Abril 2017

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“Perdi vários<br />

amigos ao longo<br />

dos anos ”<br />

Toda a Rua 57, no centro da capital,<br />

se tornou lixo radioativo.<br />

Em outubro de 1987, em Abadia<br />

de Goiás, foi criado um depósito<br />

onde foi enterrado todo o material<br />

radiativo, as vítimas também foram<br />

enterradas no local, em caixões<br />

revestidos de chumbo.<br />

Uma das frases que ficou muito<br />

conhecida veio de uma dos principais<br />

personagens de toda a tragédia.<br />

Devair Ferreira, que morreu<br />

sete anos após todo o acontecimento<br />

afirmou: “Eu me apaixonei<br />

pelo brilho da morte”.<br />

Foto: memorial Césio<br />

Sequelas de uma das vitimas do acidente. Foto<br />

memorial Césio<br />

Três décadas depois<br />

Sueli Moraes a vizinha de Devair,<br />

se tornou presidente da Associação<br />

Vítimas do Césio-137. Ela<br />

afirma que hoje 2.000 pessoas<br />

são assistidas pela associação.<br />

As vítimas recebem assistência<br />

médica, odontologia e psicológica,<br />

e são oferecidos medicamentos<br />

para quatro grupos que tiveram<br />

contato direto e indireto com o Césio.<br />

O policial Jorge Luiz sofre até<br />

hoje com os problemas causados<br />

pela contaminação, outras dezenas<br />

também vivem com sequelas<br />

por causa da radiação.<br />

De acordo com a presidente da<br />

associação, até hoje existe uma<br />

dificuldade em receber os medicamentos<br />

necessários que são<br />

distribuídos pelo governo gratuitamente.<br />

As vítimas do Grupo I e<br />

II (maior nível de contaminação)<br />

recebem uma pensão mensal. O<br />

Ministério Público não quis se manifestar<br />

sobre a falta dos medicamentos.<br />

Segundo o Ministério da Saúde,<br />

após o acidente houve aumento<br />

no número de mortes por câncer<br />

em Goiânia. No local onde foi feita<br />

a triagem, foi inaugurado em<br />

agosto de 2016 o novo Estádio<br />

Olímpico. Duas associações dão<br />

assistências ás vítimas do Césio.<br />

Mesmo passados 30 anos do acidente<br />

ainda existem muitas feridas<br />

abertas. No entanto, de acordo<br />

o Centro de Energia Nuclear da<br />

USP, o risco completo de radiação<br />

só deve desaparecer após 300<br />

anos.<br />

Foto:memorial Césio<br />

Leide das Neves, vitima do acidente.<br />

Foto: Nathiely Araujo<br />

Jorge Luiz- Policial Militar. Vítima do acidente.<br />

Foto: memorial Césio<br />

Esádio onde aconteceu a triagem das vitimas<br />

Em Janeiro desse<br />

ano foi lançado<br />

uma HQ , com<br />

roteiro e arte do<br />

goiano, Ronaldo<br />

Zararijs e arte de<br />

Eduardo Menna,<br />

que fala sobre a<br />

história do acidente<br />

com o césio. A revista tem<br />

42 paginas e custa 20 reais.<br />

De acordo com o autor, a revista<br />

foi lançada durante os 30 anos<br />

do acidente, e vai contar com um<br />

pouco, de terror e drama em 1980,<br />

onde começa história do Césio.<br />

<strong>Abril</strong> <strong>2017</strong> | 25

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