Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Violencia<br />
Por trás das<br />
cortinas circenses<br />
Quantas histórias existem por trás das cortinas?<br />
Os palhaços finalizam<br />
a apresentação,<br />
se despedem do<br />
público e desaparecem<br />
por trás das cortinas.<br />
Quantas histórias existem<br />
por trás daquelas<br />
cortinas?<br />
Eis que surge uma bióloga<br />
de peito e sorriso<br />
aberto, o público que<br />
sorria minutos atrás,<br />
arregala os olhos admirando<br />
o brilho que<br />
sua roupa refletia em<br />
cada leve movimento<br />
feito por ela.<br />
Preocupada em agradar<br />
e apresentar corretamente<br />
o número, faz<br />
suas orações, se ajeita<br />
na enorme corda que<br />
lhe levaria aos céus e<br />
em poucos segundos<br />
se torna outra pessoa,<br />
se torna artista circense,<br />
forma-se bailarina.<br />
“É como se fosse irreal,<br />
um sonho, ainda não<br />
me reconheço como<br />
artista que encanta o<br />
público”, afirma a bióloga<br />
Ludmila.<br />
Ludmilla de Farias Alves,<br />
de 28 anos, nascida<br />
e criada em Trindade<br />
(GO) é formada em<br />
4 8| <strong>Abril</strong> <strong>2017</strong><br />
Gestão Ambiental.<br />
Conheceu o Circo<br />
Zanchettinni em Santa<br />
Helena de Goiás, por<br />
meio de sua tia Célia,<br />
que há muito tempo<br />
já os conhecia. Ela<br />
conta que na primeira<br />
noite assistiu o espetáculo,<br />
conheceu os<br />
artistas, tiraram fotos<br />
e depois foram todos<br />
pra uma lanchonete da<br />
cidade, como se fosse<br />
uma despedida, já que<br />
eram os últimos dias<br />
do circo na cidade.<br />
Uma semana depois<br />
o circo estacionou em<br />
Rio Verde, que fica a<br />
37 km de Santa Helena<br />
e Ludmila foi convidada<br />
a passar uma<br />
semana com a família<br />
circense. Depois disso<br />
não voltou mais para<br />
casa.<br />
“Decidi ficar com o circo<br />
porque me encontrei<br />
como ser humano.<br />
É uma vida dura, mas<br />
compensa cada minuto,<br />
a convivência familiar,<br />
os espetáculos, os<br />
sorrisos do público. Eu<br />
aprendi a ser artista”,<br />
declara.<br />
Hoje Ludmila faz a<br />
abertura dos espetáculos<br />
junto com as<br />
bailarinas do circo e<br />
apresenta o número<br />
que é realizado com<br />
uma corda indiana,<br />
conhecido como ballet<br />
aéreo. Além disso<br />
ela aprendeu números<br />
como saltos, trapézio e<br />
monociclo.<br />
E lá no alto da corda<br />
indiana, bem pertinho<br />
do céu circense que<br />
é conhecido como<br />
lona, colorido de azul<br />
e amarelo e estampado<br />
de estrelas, Ludmila<br />
se sente realizada,<br />
mesmo sabendo que<br />
deixou para trás familiares,<br />
amigos e formação.<br />
Ludmila foi professora<br />
de biologia e no início<br />
a família não queria<br />
aceitar que trocasse<br />
gestão ambiental por<br />
balé circense, ou que<br />
deixasse o lar familiar<br />
para morar no circo,<br />
mas com o passar do<br />
tempo, vendo sua alegria<br />
e o sentimento de<br />
realização eles aceitaram.<br />
Segundo ela, o<br />
único obstáculo entre<br />
eles é a distância, mas<br />
como recompensa ela<br />
conhece pessoas, culturas<br />
e lugares diferentes,<br />
afinal, o circo<br />
está sempre viajando<br />
e logo ela reencontra<br />
seus pais.<br />
Junto ao público, uma<br />
fotógrafa congela todos<br />
os movimentos de