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Revista Entrelinhas - Abril 2017

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Violencia<br />

Por trás das<br />

cortinas circenses<br />

Quantas histórias existem por trás das cortinas?<br />

Os palhaços finalizam<br />

a apresentação,<br />

se despedem do<br />

público e desaparecem<br />

por trás das cortinas.<br />

Quantas histórias existem<br />

por trás daquelas<br />

cortinas?<br />

Eis que surge uma bióloga<br />

de peito e sorriso<br />

aberto, o público que<br />

sorria minutos atrás,<br />

arregala os olhos admirando<br />

o brilho que<br />

sua roupa refletia em<br />

cada leve movimento<br />

feito por ela.<br />

Preocupada em agradar<br />

e apresentar corretamente<br />

o número, faz<br />

suas orações, se ajeita<br />

na enorme corda que<br />

lhe levaria aos céus e<br />

em poucos segundos<br />

se torna outra pessoa,<br />

se torna artista circense,<br />

forma-se bailarina.<br />

“É como se fosse irreal,<br />

um sonho, ainda não<br />

me reconheço como<br />

artista que encanta o<br />

público”, afirma a bióloga<br />

Ludmila.<br />

Ludmilla de Farias Alves,<br />

de 28 anos, nascida<br />

e criada em Trindade<br />

(GO) é formada em<br />

4 8| <strong>Abril</strong> <strong>2017</strong><br />

Gestão Ambiental.<br />

Conheceu o Circo<br />

Zanchettinni em Santa<br />

Helena de Goiás, por<br />

meio de sua tia Célia,<br />

que há muito tempo<br />

já os conhecia. Ela<br />

conta que na primeira<br />

noite assistiu o espetáculo,<br />

conheceu os<br />

artistas, tiraram fotos<br />

e depois foram todos<br />

pra uma lanchonete da<br />

cidade, como se fosse<br />

uma despedida, já que<br />

eram os últimos dias<br />

do circo na cidade.<br />

Uma semana depois<br />

o circo estacionou em<br />

Rio Verde, que fica a<br />

37 km de Santa Helena<br />

e Ludmila foi convidada<br />

a passar uma<br />

semana com a família<br />

circense. Depois disso<br />

não voltou mais para<br />

casa.<br />

“Decidi ficar com o circo<br />

porque me encontrei<br />

como ser humano.<br />

É uma vida dura, mas<br />

compensa cada minuto,<br />

a convivência familiar,<br />

os espetáculos, os<br />

sorrisos do público. Eu<br />

aprendi a ser artista”,<br />

declara.<br />

Hoje Ludmila faz a<br />

abertura dos espetáculos<br />

junto com as<br />

bailarinas do circo e<br />

apresenta o número<br />

que é realizado com<br />

uma corda indiana,<br />

conhecido como ballet<br />

aéreo. Além disso<br />

ela aprendeu números<br />

como saltos, trapézio e<br />

monociclo.<br />

E lá no alto da corda<br />

indiana, bem pertinho<br />

do céu circense que<br />

é conhecido como<br />

lona, colorido de azul<br />

e amarelo e estampado<br />

de estrelas, Ludmila<br />

se sente realizada,<br />

mesmo sabendo que<br />

deixou para trás familiares,<br />

amigos e formação.<br />

Ludmila foi professora<br />

de biologia e no início<br />

a família não queria<br />

aceitar que trocasse<br />

gestão ambiental por<br />

balé circense, ou que<br />

deixasse o lar familiar<br />

para morar no circo,<br />

mas com o passar do<br />

tempo, vendo sua alegria<br />

e o sentimento de<br />

realização eles aceitaram.<br />

Segundo ela, o<br />

único obstáculo entre<br />

eles é a distância, mas<br />

como recompensa ela<br />

conhece pessoas, culturas<br />

e lugares diferentes,<br />

afinal, o circo<br />

está sempre viajando<br />

e logo ela reencontra<br />

seus pais.<br />

Junto ao público, uma<br />

fotógrafa congela todos<br />

os movimentos de

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