Revista Entrelinhas - Abril 2017

produtos para o cabelo e para o
corpo, até ceras de depilação e
maquiagens.
Vaidoso desde que se entende
por gente e gordinho quando
criança, Marcio Henrique Arruda,
hoje com 24 anos, é visivelmente
um homem que se cuida, mas
se considera sem excessos de
vaidade. “Sempre fui preocupado
com minha aparência mesmo
quando criança era gordinho e
isso me chateava. Por causa da
vaidade, na adolescência tive depressão,
procurei ajuda de uma
nutricionista e fiz terapia, comecei
a praticar exercícios físicos e então
tudo mudou”, revela.
Por ser muito vaidoso, recebeu
várias críticas quanto à sua virilidade.
“Acredito que a masculinidade
seja atitude e nada tem a
ver com sexualidade, tenho amigos
homossexuais que não têm
atitudes afeminadas e são bem
masculinos, brincamos que hoje
em dia existem homens héteros
muito mais afeminados do que os
homossexuais, e se acham que
sou gay por ser vaidoso pouco
me importa, sou feliz como sou”,
brinca.
Marcio tem uma pele bem cuidada,
faz sessões de lazer em uma
clínica de estética, vai ao dermatologista
para cuidar da pele e dos
cabelos e pratica atividade física
diariamente, por isso esbanja um
corpo atlético e se orgulha disso.
“Cuido-me bastante, faço praticamente
as mesmas coisas que minha
irmã faz pra se arrumar (risos)
e até meu pai entrou na onda e
começou a se cuidar mais. Tomo
suplementação e faço dieta, procuro
sempre andar com roupas
da moda, e estar sempre com
a aparência jovem e saudável”,
revela.
Para ele, vale tudo na hora de
se cuidar, inclusive no passado
já usou anabolizantes e fez
dietas da moda sem prescrição.
“Na época fui diagnosticado com
depressão e um transtorno chamado
vigorexia. Fiz tratamento
e consegui melhorar aquele estado
de medo e angústia, comecei
a aprender que envelhecer
e morrer todo mundo vai, mas
mesmo depois disso tudo acredito
que envelhecer de uma forma
saudável e com boa aparência
torna a ideia mais suportável”,
desabafa.
Vaidoso, saudável e exibicionista
Dormir e acordar com cremes específicos
para cada hora. Essa é a rotina diária de
Raul Noah, vaidoso assumido que se enche
de orgulho por se considerar assim.
“Acho que é de primordial importância me olhar
no espelho e ficar satisfeito com minha imagem, a
aparência torna alguém mais aceito, as portas se
abrem com mais facilidade para quem é bonito”,
acredita.
Para ele, beleza e poder andam de mãos dadas, e
com isso algumas pessoas podem se tornar cegas
diante de exageros na vaidade. “Com beleza é fácil
conseguir o que se almeja, a pessoa consegue
uma vez e sempre vai querer mais”, conta.
Raul acredita que não é um vaidoso com exageros.
“Não tenho exageros, uso bons cremes, cuido das
minhas unhas e do meu corpo com alimentação saudável,
mas não fico louco me vigiando o tempo todo,
me deixo ser livre de vez em quando. Uma pessoa
feliz se torna aparentemente bonita”, revela.
Com a era digital, Raul tem perfil em todas as redes
sociais e posta fotos em todas elas, e não se intimida
em jogar na web sua vida pessoal. “Tenho Instagram,
Facebook e Snapchat e adoro postar meus
acontecimentos diários, gosto bastante de usar redes
sociais, e quando posto alguma foto fico bem
satisfeito quando tenho muitas curtidas e comentários”,
afirma.
Vigorexia
Fazer a academia todos os dias é muito saudável,
deixa o corpo em forma e faz bem
ao coração. Mas o abuso nos exercícios, a
dependência da suplementação e o uso de
anabolizantes em busca da imagem perfeita pode
indicar a vigorexia, um transtorno psicológico dismórfico
corporal.
É uma síndrome que os pacientes, na maioria homens,
acreditam ter uma estrutura física e muscular
imperfeita, fraca e frágil, criando uma distorção
do próprio corpo. Mostram-se preocupados excessivamente
com a aparência física e principalmente
muscular, e estão sempre insatisfeitos com seus músculos,
mesmo estando aparentemente fortes.
Segundo o psicólogo Gusttavo Leal, os pacientes com
vigorexia nunca estão satisfeitos com o próprio corpo
e procuram obsessivamente o corpo perfeito, mesmo
que seja de forma irregular e prejudicial. “Neste caso
existe sempre a preocupação excessiva com o corpo,
o vigoréxico se olha no espelho várias vezes ao dia,
porque a percepção do próprio corpo está distorcida,
isso cria nele uma obsessão para conseguir músculos
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