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― São vinte e oito dólares ― ele fala.<br />
Sorrio para ele.<br />
― Não lembra <strong>de</strong> mim, não é? ― digo baixinho.<br />
― Estive aqui semana passada entregan<strong>do</strong> uma pizza ― ele fala.<br />
― Não ― falo. ― De antes disso.<br />
Sua cabeça se inclina para o la<strong>do</strong>. Ele é ainda maior <strong>do</strong> que me lembro. Mas, tu<strong>do</strong> bem. Sou mais<br />
forte <strong>do</strong> que ele se lembra também. Além disso, não planejo feri-lo. Só preciso mantê-lo aqui até a<br />
polícia chegar.<br />
― Sinto muito, mas, não ― ele respon<strong>de</strong>.<br />
Mas agora seus olhos estão pulan<strong>do</strong> <strong>de</strong> um la<strong>do</strong> para outro. Ele sabe que algo está acontecen<strong>do</strong>,<br />
mas não sabe o quê.<br />
― Quase três anos atrás ― digo. Vou até a gela<strong>de</strong>ira e pego outra garrafa <strong>de</strong> água. Ofereço a ele,<br />
que a pega. Sua mão treme enquanto ele a tira <strong>do</strong> meu alcance. ― Nós estávamos em uma festa <strong>de</strong><br />
fraternida<strong>de</strong>. Estávamos nos beijan<strong>do</strong>. Te achei realmente bonito.<br />
― Sinto muito, mas ainda não me lembro. Você sabe como são festas <strong>de</strong> fraternida<strong>de</strong>s. ― Ele dá<br />
<strong>de</strong> ombros.<br />
― Sim, eu sei ― digo, forçan<strong>do</strong> uma risada. ― Estávamos no banheiro e você me virou em<br />
direção ao espelho. Acho que pensou que era sexy. ― Rio novamente. ― Mas, então, você agarrou<br />
meu cabelo. ― Passo a mão na parte <strong>de</strong> trás da minha cabeça e pego um pedaço <strong>de</strong>le, com força. Isso<br />
me traz lágrimas aos olhos, mas não paro. ― Então, você bateu minha cabeça na porta.<br />
Ele segue para a porta, mas passo por ele, fican<strong>do</strong> entre os <strong>do</strong>is.<br />
― Você não vai a lugar nenhum ― eu digo.<br />
― Uma ova que não vou ― ele resmunga. Agarra minha camisa, mas fico fora <strong>do</strong> seu alcance,<br />
permanecen<strong>do</strong> entre ele e a porta. ― Saia <strong>do</strong> meu caminho ― diz ele. Saliva voa <strong>de</strong> seus lábios.<br />
― Você sabe o que aconteceu <strong>de</strong>pois? ― pergunto. ― Você se lembra?<br />
― Não ― ele resmunga.<br />
― Você mu<strong>do</strong>u minha vida.<br />
― Você queria, porra ― diz ele. Suas palavras soam como gargalhadas ao re<strong>do</strong>r da sala.<br />
Meu coração bate.<br />
Bate.<br />
Bate.<br />
Bate.<br />
Mas estou viva, então, assumo o controle.<br />
― Queria que você violasse meu corpo? ― pergunto baixinho. Seu rosto empali<strong>de</strong>ce. ―<br />
Enquanto eu implorava “pare, pare, pare”, isso o fez pensar que eu queria?<br />
De repente, ele salta para a frente, agarra minha camisa, torce-a e me puxa contra si. Ele está<br />
duro contra meu quadril. Ele está excita<strong>do</strong>? Claro que está. Então, vai para o meu cabelo e o agarra.<br />
Por que homens como ele pegam logo no cabelo? Deve ser por que eles po<strong>de</strong>m, acho. Congelo e ele<br />
rosna contra meu rosto.<br />
― Você queria, porra. É uma prostituta, assim como as outras ― ele rosna, seu rosto tão perto<br />
que sua saliva bate no meu como gotas <strong>de</strong> chuva. Ele levanta a mão para segurar meu braço para trás.<br />
Quase me pego vacilan<strong>do</strong>, mas, então, o que tenho que fazer vem naturalmente. Bloqueio seu golpe.<br />
Ele se assusta e grita quan<strong>do</strong> giro em torno <strong>de</strong>le e seguro seu braço atrás das costas.