Revista LiteraLivre 4ª edição
4ª Edição da Revista LiteraLivre, uma revista virtual e ecológica, criada para unir autores que escrevem em Língua Portuguesa em todo o mundo. 4nd Edition of LiteraLivre Magazine, a virtual and ecological magazine, created to bring together authors who write in Portuguese throughout the world. Http://cultissimo.wixsite.com/revistaliteralivre/comoparticipar
4ª Edição da Revista LiteraLivre, uma revista virtual e ecológica, criada para unir autores que escrevem em Língua Portuguesa em todo o mundo. 4nd Edition of LiteraLivre Magazine, a virtual and ecological magazine, created to bring together authors who write in Portuguese throughout the world. Http://cultissimo.wixsite.com/revistaliteralivre/comoparticipar
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>LiteraLivre</strong> nº 4<br />
Perfeita Utopia<br />
Gerson Machado de Avillez<br />
Rio de Janeiro/RJ<br />
Dr.Jerry Goldstein havia descoberto um mundo de possibilidades infinitas num<br />
multiverso ao conseguir em seu laboratório de garagem o que ninguém em seu<br />
mundo conseguiu, romper os limites impostos pela seta do tempo. Tão logo<br />
percebeu não ter sido o único no multiverso, pois pipocavam cientistas e<br />
aventureiros de outras dimensões num clube restrito de realidades que<br />
conseguiram alcançar esse patamar alçando voos além realidade. Mas ao<br />
contrário de qualquer sociedade minimamente evoluída, Jerry temia publicar<br />
seus trabalhos e descobertas pioneiras pois a realidade em que vivia era de<br />
opressão de modo distópico, de modo que poderiam usar seus conhecimentos<br />
e tecnologias para o mal. Jerry queria assim usar sua 'máquina do tempo'<br />
como um meio de alterar sua realidade ainda que temesse que isso não fosse<br />
possível. Jerry, queria, simplesmente voltar no tempo e aniquilar os<br />
precursores daquela distopia doentia eliminando todos fanáticos, tiranos e<br />
genocidas que tornaram aquele mundo um deserto hostil de abiose social.<br />
Costumava ler desde criança relatos floridos de um mundo justo onde pairava<br />
a igualdade simbiótica a diversidade, mais do que uma palavra, mas<br />
imparcialmente em seus direitos individuais. Queria em seu âmago conhecer o<br />
extremo contrário daquele espectro distópico, conhecer uma utopia, terra dos<br />
primores científicos e éticos.<br />
Pudera compreender o descontento de Dr.Jerry num mundo que fora<br />
organizado não por governos, mas por uma espécie de gangues regionais bem<br />
tribais o qual para se vagar pelo mundo sem ser saqueado, estuprado e morto<br />
deveria ser iniciado num desses grupos de matizes diferentes, mas atitudes<br />
iguais. Eram os neonazistas de um lado, a irmandade africana de outro, todos<br />
os quais praticavam seus ritos religiosamente como se suas gangues fossem<br />
religiões do mal e, as mulheres, relegadas ao papel de reprodutora numa e<br />
prostituta noutra. A revolta de Jerry era mais do que justificada, naquela<br />
distopia dos infernos ele viu seus pais serem estuprados e mortos quando<br />
ainda em tenra idade, ato que o marcou profundamente a ecoar pesadelos até<br />
mesmo na fase adulta.<br />
O Ethos daquele mundo era pior que o medieval, perpetrava em seu<br />
ímpeto todos elementos que eram narrados em utopias como ultrapassados e<br />
reprovados, da escravidão a exploração sexual de homens e mulheres tratados<br />
pior do que animais, como a exemplo do que fazia os neothugs que se<br />
julgavam herdeiros legítimos da seita de thugs indianos.<br />
Aquele mundo tinha um novo deus soberano, uma espécie de<br />
ecumenismo do mal que reunia numa só sintética figura uma entidade que<br />
123