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Revista LiteraLivre 4ª edição

4ª Edição da Revista LiteraLivre, uma revista virtual e ecológica, criada para unir autores que escrevem em Língua Portuguesa em todo o mundo. 4nd Edition of LiteraLivre Magazine, a virtual and ecological magazine, created to bring together authors who write in Portuguese throughout the world. Http://cultissimo.wixsite.com/revistaliteralivre/comoparticipar

4ª Edição da Revista LiteraLivre, uma revista virtual e ecológica, criada para unir autores que escrevem em Língua Portuguesa em todo o mundo. 4nd Edition of LiteraLivre Magazine, a virtual and ecological magazine, created to bring together authors who write in Portuguese throughout the world. Http://cultissimo.wixsite.com/revistaliteralivre/comoparticipar

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<strong>LiteraLivre</strong> nº 4<br />

principalmente do baixo elétrico. Aquele maldito baixo elétrico vermelho que<br />

emite as boas novas que meu coração não quer saber, mas, que ele, baixo<br />

elétrico teimoso que é, insiste em emitir. Eu ainda não me fartei do trombone<br />

de vara. Tão imponente. E esquecido... Como também sou eu (esquecido, e<br />

nunca imponente).<br />

Eu estou afadigado, caro leitor. Estou afadigado da cidade de Altamira, a<br />

cidade do grande empreendimento. Estou cansado do caos, da desordem, do<br />

descuido e do descaso. Estou cansado dos imbecis que atropelam pessoas<br />

todos os dias, seja de Camaro ou de GM. Estou farto também do calor do<br />

asfalto altamirense, das filas de banco, das filas de mendigo, dos filhos da puta<br />

que deveriam zelar pela cidade. Estou cansado dos fumadores de maconha e<br />

dos cheiradores de pó do cais novo e principalmente, estou cansado de ver a<br />

morte andando ao meu lado como um fantasma que insiste em me abraçar. E<br />

eu, farto, porém fugaz, corro. No entanto, eu não estou farto de Brasil Novo, a<br />

cidade interiorana, e da sua pracinha humilde. E nem da poeira do campo de<br />

aviação que divide o Centro da Rodovia Transamazônica e suja a varanda de<br />

casa.<br />

Eu já disse uma vez em rodas de amigos ao bebericar cerveja e acolher<br />

com apetite aos aperitivos: não sou futurista. Andrade também não o era. Mas,<br />

afirmo-lhos: não sou modernista, não sou arcadista e nem neoclassicista. Não<br />

sou realista, naturalista e nem romantista. Não sou comunista e nem<br />

capitalista. Não sou atualista, não sou diarista e com toda certeza não sou<br />

fascista. Talvez eu seja um farsista. Talvez um artista. E com certeza um<br />

fartista. Farto de tudo isso. Farto inclusive, do lirismo, que Andrade exaltava.<br />

Eu estou tão farto de tudo que poderia aqui dar fim ao Fartismo. Não.<br />

Não quero. Quero fazer escola. Quero ter discípulos. Quero que esses<br />

discípulos procurem comigo o fim do Fartismo. Quero em minha frente pessoas<br />

que reclamem. Que se mostrem fartas, mas, que além de tudo, se disponham<br />

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