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Revista LiteraLivre 4ª edição

4ª Edição da Revista LiteraLivre, uma revista virtual e ecológica, criada para unir autores que escrevem em Língua Portuguesa em todo o mundo. 4nd Edition of LiteraLivre Magazine, a virtual and ecological magazine, created to bring together authors who write in Portuguese throughout the world. Http://cultissimo.wixsite.com/revistaliteralivre/comoparticipar

4ª Edição da Revista LiteraLivre, uma revista virtual e ecológica, criada para unir autores que escrevem em Língua Portuguesa em todo o mundo. 4nd Edition of LiteraLivre Magazine, a virtual and ecological magazine, created to bring together authors who write in Portuguese throughout the world. Http://cultissimo.wixsite.com/revistaliteralivre/comoparticipar

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<strong>LiteraLivre</strong> nº 4<br />

Manifesto do Rinoceronte<br />

Tiago Feijó<br />

Guaratinguetá/SP<br />

Trim, trim... trim, trim... trim, trim...<br />

– Alô... alô... Quem? Quer falar com quem? Ele não está! Como? Se eu achei o<br />

seu celular? Ele não está! O que? Este celular é seu? Bom... que bom! Que<br />

bom que você me encontrou, porque eu tinha mesmo que lhe falar umas<br />

coisas... Dia vinte de maio, deste ano de nosso senhor Jesus Cristo, acontecerá<br />

uma enorme manifestação na Praça da Sé; na verdade, um ato manifestatório.<br />

Neste santo dia de luz, milhares e milhares de pessoas jogarão os seus<br />

celulares no chafariz da Praça da Sé. Vamos abarrotar o chafariz da Praça da<br />

Sé com uma copiosa quantidade de celulares, de todos os tipos e de todas as<br />

marcas, de todas as cores e tamanhos, de toda e qualquer operadora! Sim, os<br />

celulares todos! O do Rei, o do impostor, o do vagabundo, o do caixeiroviajante,<br />

o do leproso de Pouso-Alto, o do sacristão, o do guardador da<br />

catacumba, o da prostituta, até o do próprio Senhor Jesus Cristo, se ele voltar<br />

como disse que volta, e o seu, e o meu... Alias, o meu não, visto que nunca<br />

tive um! Mas agora tenho o seu e é isto que devo fazer com ele: afundá-lo na<br />

água cristalina do chafariz da Praça da Sé... Todos juntos, de mãos dadas, não<br />

seremos poetas de um mundo caduco... O que? Se eu estou em São Paulo?<br />

Mas é claro que não, pacóvio! Estou aqui mesmo, em Guará! Olha, este<br />

iluminado dia, o vinte de maio, marcará o início do fim de um recomeço: todos<br />

de volta ao cheiroso papel e ao bom tinteiro, mãos à pena, e escreveremos<br />

uma infinidade de cartas, missivas, bilhetes, rascunhos... E retornarão à<br />

labuta, ao extinto ofício, os carteiros, mensageiros, estafetas, pombos-<br />

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