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Revista UnicaPhoto_versão_FINALIZADA_2

Revista do curso de fotografia da Universidade Católica de Pernambuco

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entrevista<br />

Unicaphoto entrevista a jornalista e<br />

fotógrafa Ana Farache Fotos: Renata Victor e Ana Farache<br />

Unicaphoto: Quem é Ana Farache?<br />

Ana Farache: Me chamo Ana Farache, mas muitos me<br />

chamam de Aninha Farache. Sou carioca e recifense de<br />

coração desde sete anos de idade. Tenho formação em<br />

Jornalismo, pela Universidade Católica de Pernambuco,<br />

e durante muito tempo desenvolvi trabalhos em diversos<br />

jornais, como Diario de Pernambuco, Jornal do Commercio,<br />

Diário da Noite, IstoÉ, Jornal da Cidade, além de emissoras<br />

de televisão como a Globo. Na verdade, me considero uma<br />

pessoa que ama a natureza, o jardim, meus animais e sou<br />

bastante ligada à minha família e aos amigos. Atualmente,<br />

trabalho na coordenação de Cinema da Fundação Joaquim<br />

Nabuco (Fundaj). E, antes de tudo, digo que sou filha de<br />

Teresinha Farache - minha mãe que já faleceu. Meu amor<br />

pelas artes e pela fotografia, acredito, começou por ela. Desde<br />

pequena sempre vi muitos livros belos nessas áreas nas<br />

estantes lá de casa - porque minha mãe foi a primeira, se não<br />

uma das primeiras, livreira a importar livros relacionados à<br />

Fotografia para o Recife. Então, sou fruto dela e por abraçar<br />

o comportamento e o amor pelas imagens.<br />

Como se deu a sua ligação com a fotografia?<br />

Começou bem cedo, na época de criança. Ver fotografias era um ritual. Minha avó guardava em cima<br />

do guarda-roupa uma caixa cheia de imagens da família e sempre contava histórias de cada fotografia<br />

que retirava. Isso mexia muito comigo. Foi nesta caixa também que vi as fotografias coloridas à mão<br />

e comecei a gostar e tentar fazer igual. Ou seja, é uma coisa que vem de longe. Comecei a manusear e<br />

trabalhar, de fato, com a fotografia quando acabei os estudos em Jornalismo e fui morar em Olinda.<br />

Nos anos 70 quem trabalhava com fotografia em Olinda era imediatamente laboratorista. Comprei<br />

minha primeira câmera nesta época e montei meu laboratório. Desde esse tempo a fotografia só era<br />

completa se eu também fizesse a manipulação dos filmes. Trabalhei com Xirumba Amorim, Chiquinho<br />

e tantas outras pessoas que passavam por Olinda. Nós trocávamos ideias e passávamos a noite nos<br />

laboratórios... era uma festa. O Recife era bem munido de lojas que vendiam equipamentos, laboratórios<br />

e ampliadores. Não era nada difícil. Não precisava buscar fora. Tinha tudo por lá. E a gente sempre<br />

estava criando eventos e exposições de forma bem amadora mesmo. Como eu circulava muito entre<br />

teatros e fazia também aulas, acabou que fotografei bastante esse lado do palco: peças e músicos. Hoje<br />

estou resgatando meu acervo e percebo que há muito imagens da época da essência Olinda. Só depois<br />

de fotografar para amigos é que iniciei trabalhos mais fotojornalísticos. Apesar disso, minha ligação<br />

com a fotografia foi muito lúdica e sem depender muito dela para viver.<br />

Quais as suas referências no âmbito?<br />

Quando comecei a fotografar nos anos 70, minhas referências eram muito locais, meus amigos. Lembro<br />

bem de Tadeu no Bambu que eu achava perfeito e quase fui trabalhar com ele na Manchete. Mas<br />

quando a gente começa a fotografar, vem logo a ânsia de estudar sobre os grande fotógrafos. Então me<br />

apaixonei pelas primeiras fotógrafas, como Julia Margaret Cameron. Mas eu sempre tive uma “queda”<br />

pelos fotógrafos que “pegam” o clima - até mesmo da natureza - e transformam isso em uma poética,<br />

emoção, como Josef Sudek e Jan Saudek que fazem um trabalho muito forte e coloridos à mão. Sempre<br />

que viajo tento ver as exposições fotográficas que estão acontecendo no momento. Mas sinto que não<br />

tenho um fotógrafo referência. Acho que minha inspiração vem na poética que descubro em cada<br />

fotógrafo que estudo. Gosto muito também do trabalho de Sebastião Salgado. Teve uma época que<br />

fiz fotografias no sertão e só depois que vim estudar Salgado e na hora senti uma empatia. E até hoje<br />

acho o trabalho dele irretocável. Mas falando de fotógrafo pernambucano, me lembro muito de Alcir<br />

Lacerda. As imagens deles me tocam muito.<br />

Conte um pouco sobre sua experiência na academia.<br />

Depois de trabalhar bastante em quase todas as áreas do Jornalismo, menos no rádio, e também<br />

na parte empresarial, decidi fazer meu mestrado em Fotojornalismo na Universidade Federal de<br />

Pernambuco (UFPE) para entender melhor o porquê que certas imagens tão factuais nos tocavam<br />

tão profundamente. Então fiz minha pesquisa a partir de uma fotografia muito famosa publicada<br />

na revista Veja sobre o atentado na Rússia. E essa imagem me tocou de um jeito que eu tive que<br />

ligar para minha filha e compartilhar aquele sentimento. Acabei fazendo vários artigos porque ela<br />

ressalta muito a estética no fotojornalismo - algo que até então não era estudado muito. Fiquei muito<br />

feliz com o resultado e resolvi emendar com o doutorado, onde perguntei “mas como eu tenho essa<br />

experiência? o que preciso? olhar demais para a foto? contemplá-la? o que é contemplação nesse<br />

contemporâneo onde a gente vê mil imagens em um segundo?”. Com isso, resolvi fazer meu doutorado<br />

sobre a Contemplação da Fotografia no Contemporâneo. E quando fui chegando ao final do meu<br />

doutorado, inclusive fiz meus estudos com os meus alunos, comecei a lecionar no Curso de Tecnologia<br />

em Fotografia pela Unicap. Ensinar foi um grande aprendizado, não só para os alunos, como para mim<br />

mesmo. Estudei demais, pois não tenho boa memória. Foi um tempo muito prazeroso. Mas outros<br />

trabalhos foram surgindo e ideias também, como o Festival Brasil Stop Motion - originado na minha<br />

época de professora na Unicap - que hoje chega a sua sexta edição.<br />

Como você enxerga a transição da fotografia estática para a fotografia em movimento, o audiovisual?<br />

Não consigo muito separar uma da outra. Não sei se é meu olhar ou minha maneira de encarar. Mas<br />

quando estou vendo filmes, estou vendo fotos paradas. A gente trabalha muito com o still da fotografia<br />

quando vai divulgar os filmes. Então o cinema, aquela imagem em movimento, inicia sempre (para<br />

mim) da parada. Está totalmente ligada. Não vejo diferença.<br />

Comenta um pouco dos seus<br />

livros…<br />

Durante muito tempo, cedi<br />

minhas fotografias feitas no<br />

teatro, de personalidades, de<br />

momentos importantes para<br />

pessoas que faziam pesquisas e<br />

pediam para fazer acervo ou até<br />

mesmo homenagens. Só que, de<br />

um tempo para cá, a demanda foi<br />

aumentando e fui vendo que meu<br />

acervo estava sendo mostrado<br />

separadamente. Precisava ter um<br />

conjunto. Então, resolvi colocá-las<br />

em livros. O primeiro foi o livro<br />

08 09

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