E-BOOK COLEÇÃO DE ARTIGOS
O Instituto Reformado Santo Evangelho — IRSE é membro da World Reformed Fellowship (Comunidade Reformada Mundial) e conveniado da Vox Dei American University (Universidade Americana).
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Sumário<br />
EXORTAÇÃO AOS JOVENS DA “ZUEIRA” ........................................................... 3<br />
A I<strong>DE</strong>NTIDA<strong>DE</strong> <strong>DE</strong> JESUS É REVELADA .............................................................. 22<br />
O SANGUE <strong>DE</strong> CRISTO ............................................................................................... 33<br />
CRISTO – O VERDA<strong>DE</strong>IRO EVANGELHO ............................................................ 56<br />
CRISTO O ÚNICO CAMINHO PARA O CÉU ...................................................... 68<br />
A TRANSFIGURAÇÃO <strong>DE</strong> CRISTO ......................................................................... 73<br />
VOCÊ O CONHECE? ..................................................................................................... 87<br />
JESUS <strong>DE</strong>SCEU AO INFERNO? ................................................................................ 95<br />
COMENTÁRIO <strong>DE</strong> 1 PEDRO 3:19, 20.................................................................... 109<br />
A VIDA DO VERDA<strong>DE</strong>IRO DISCÍPULO <strong>DE</strong> CRISTO ........................................122<br />
OS DISCÍPULOS ARGUMENTATIVOS E UM <strong>DE</strong>SCONHECIDO QUE<br />
EXPULSAVA <strong>DE</strong>MÔNIOS .......................................................................................... 132<br />
<strong>DE</strong>US ESTÁ FAMINTO ................................................................................................ 141<br />
O ESPINHO NA CARNE <strong>DE</strong> PAULO ...................................................................... 157<br />
VENCENDO A TENTAÇÃO .......................................................................................172<br />
AS OBRAS DA CARNE E O FRUTO DO ESPÍRITO ......................................... 180<br />
A ARMADURA <strong>DE</strong> <strong>DE</strong>US .......................................................................................... 189<br />
PRE<strong>DE</strong>STINAÇÃO E ELEIÇÃO ............................................................................... 206<br />
O QUE JESUS CRISTO PO<strong>DE</strong> RESPON<strong>DE</strong>R ACERCA DA<br />
PRE<strong>DE</strong>STINAÇÃO E ELEIÇÃO? .............................................................................. 229<br />
É POSSÍVEL QUE O NOME <strong>DE</strong> UM CRISTÃO SEJA APAGADO DO<br />
LIVRO DA VIDA? ......................................................................................................... 245<br />
JUSTIFICADOS ............................................................................................................. 258<br />
80 RAZÕES PORQUE O CRISTÃO NÃO PO<strong>DE</strong> PER<strong>DE</strong>R A SALVAÇÃO<br />
............................................................................................................................................. 274<br />
SATANÁS SABE QUEM SÃO OS ELEITOS <strong>DE</strong> <strong>DE</strong>US? ................................... 313<br />
COMO POSSO RECONHECER UM FALSO MESTRE? .................................... 335<br />
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O SOLA SCRIPTURA E A TRADIÇÃO CRISTÃ ................................................ 343<br />
OS CREDOS DA REFORMA ..................................................................................... 355<br />
PRINCIPAIS CATECISMOS E CONFISSÕES: SUBSÍDIOS HISTÓRICOS...366<br />
CINCO PONTOS DO ARMINIANISMO E DO CALVINISMO. ....................... 370<br />
A RELIGIÃO É A CAUSA DAS GUERRAS? ....................................................... 373<br />
OS REFORMADORES ................................................................................................. 387<br />
IGREJA NA REFORMA E A REFORMA ............................................................... 420<br />
AMILENISMO ................................................................................................................ 440<br />
O MILÊNIO ..................................................................................................................... 456<br />
ABORTO E SALVAÇÃO ............................................................................................ 463<br />
A CEIA DO SENHOR .................................................................................................. 480<br />
A PRIMEIRA CEIA – O EXEMPLO <strong>DE</strong> JESUS. ................................................... 487<br />
DÍZIMO ............................................................................................................................. 502<br />
Ó ADVENTISTAS SEM JUÍZO! ................................................................................ 542<br />
ROMANOS 14 ................................................................................................................ 552<br />
QUER SER UM APOLOGETA? ................................................................................. 571<br />
O QUE É SER BATIZADO COM FOGO? ............................................................ 598<br />
O CULTO VERDA<strong>DE</strong>IRO E O CULTO FALSO ................................................. 602<br />
CONSELHOS PARA UMA IGREJA SEM AMOR ............................................... 614<br />
BENEDICTUS ................................................................................................................. 624<br />
SOBRE O AUTOR ........................................................................................................ 642<br />
REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 643<br />
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EXORTAÇÃO AOS JOVENS DA “ZUEIRA”<br />
“Como o louco que lança fogo, flechas e morte, assim é o<br />
homem que engana a seu próximo e diz: Fiz isso por<br />
brincadeira” – Provérbios 26:18, 19.<br />
INTRODUÇÃO<br />
O real significado da Palavra Zoeira.<br />
Zoeira é referente aquilo que é uma desordem, como uma<br />
gritaria ou um excesso de alvoroço e confusão. A palavra<br />
zoeira ainda pode ser utilizada para denominar algo que se<br />
faz com a intenção de ser engraçado.<br />
A zoeira pode ser um barulho que não consegue ser<br />
distinguido, como se fosse um zumbido, um ruído intenso<br />
ou uma gritaria, onde a mistura de vários sons e vozes faz<br />
com que não se entenda nada. Exemplo: “Os alunos<br />
pararam com a zoeira quando a professora entrou na sala<br />
de aula”.<br />
Outro significado para este substantivo está relacionado<br />
com o ato de fazer algo com o intuito que seja engraçado<br />
ou que provoque risos. A zoeira pode ser uma brincadeira<br />
ou uma piada, com sentido pejorativo ou não. Exemplo:<br />
“Você está de zoeira comigo?” Ou, “Os meninos estavam<br />
zoando com o novo aluno”.<br />
Não dá para acreditar em páginas de “zueira” cristã!<br />
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ARGUMENTAÇÃO<br />
As prisões de Paulo já produziam crentes falsos, que<br />
pregavam o Evangelho não puramente, mas por<br />
“contenção” (eritheia) (Filipenses 1:16, 17), uma palavra<br />
que antes significava trabalho honrado e passou a<br />
significar intriga desonrosa. Depois, a mesma palavra<br />
passou a descrever uma pessoa que só estava<br />
preocupada com o seu bem-estar, uma pessoa suscetível<br />
a ser subornada, uma pessoa ambiciosa e rebelde,<br />
procurando oportunidades de promoção. Deixe-me<br />
problematizar por um momento.<br />
Será mesmo que as atuais posições apologéticas<br />
contribuirão para que o Reino de Deus avance sobre a<br />
atual cristandade e o mundo perdido?<br />
Ah, Jovens da “zueira”, vocês vituperam! Lançam insultos<br />
contra Cristo constantemente! Acredito que se a “plenitude<br />
dos tempos” fosse o presente século, vocês seriam os<br />
primeiros a gritarem: Crucifica-o! Crucifica-o! E isso só por<br />
brincadeira. Vocês zombariam de Cristo, clamando em alta<br />
voz: Este filho de José e Maria é apenas um carpinteiro<br />
sujo e beberrão, que anda com publicanos e prostitutas!<br />
Vocês produziriam facilmente a coroa de espinho e ririam<br />
batendo com a cana, vendo os espinhos penetrando o<br />
escalpo. É nítido ver o mesmo espírito de zombaria que<br />
atuava naqueles soldados romanos atuar em vocês. Vocês<br />
prestam um desfavor ao genuíno Evangelho. Não consigo<br />
ver nada de “zueira” no sacrifício de Cristo e nem em<br />
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pessoas sendo condenadas ao inferno por professarem<br />
uma fé falsa. Não é prazeroso ver pessoas caminharem por<br />
solos quebradiços, sabendo que esses lugares são<br />
apoiados pelas colunas do Inferno, e que a qualquer<br />
momento elas escorregarão, porque o chão será quebrado<br />
com o peso de suas culpas e pecados enquanto<br />
caminham; e para lá descerão e não mais caminharão, mas<br />
perecerão eternamente.<br />
Vocês conseguem entender o quão terrível é o texto de<br />
Ezequiel 33:7 – 11?<br />
“Agora, homem mortal, eu estou pondo você como<br />
vigia de toda a nação de Israel. Você dará a eles os<br />
avisos que eu lhe der. Se eu disser que um homem mal<br />
vai morrer, mas você não o avisar para que mude o seu<br />
modo de agir e assim salve a sua vida, aí ele morrerá,<br />
sendo ainda pecador. Nesse caso, eu considerarei<br />
você como responsável pela morte dele. Porém, se<br />
você avisar o homem mal, e ele não parar de pecar, ele<br />
morrerá como pecador, mas você viverá. […] Diga-lhes<br />
que juro, pela minha vida, que eu, o Senhor Deus, não<br />
me alegro com a morte de um pecador. Eu gostaria que<br />
ele parasse de fazer o mal e vivesse”.<br />
Vocês conseguem transformar essa verdade em “zueira”,<br />
não é? Será que pecadores olham para vocês e<br />
conseguem enxergar: “[…] cheiro de morte para a morte,<br />
mas para aqueles outros, a boa fragrância de vida para<br />
vida?”.<br />
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A resposta a essa pergunta deveria constranger vocês.<br />
Mas quem são os que estão capacitados para essas<br />
verdades?<br />
Charles Spurgeon disse que, em certo tempo, “no lugar de<br />
pastores alimentando ovelhas, haveria palhaços<br />
entretendo bodes”. Eu faço uma leve adaptação para este<br />
momento: “Jovens palhaços (o que vocês são) entretendo<br />
bodes (os que seguem vocês)”. É isso o que vocês são.<br />
Apenas jovens débeis em suas palavras, mórbidos em<br />
suas produções, entorpecidos em seus pensamentos,<br />
combalidos na saúde espiritual.<br />
Pessoas adultas que seguem vocês não têm noção do que<br />
é errado, aceitável, ridículo e sadio. Indivíduos de<br />
compleição muito fraca se deixam levar por minutos de<br />
brincadeiras mórbidas. O ambiente de suas páginas é<br />
morbífico, pois servem apenas para deixar pessoas<br />
acomodadas em seus pecados. Elas pecam e riem ao<br />
mesmo tempo, e vocês serão responsáveis por essa falta<br />
de seriedade com o Evangelho de Jesus Cristo.<br />
Orem até que Deus converta os seus pobres corações,<br />
meninos inconstantes! Imagino como é a vida de vocês em<br />
oculto, quando apenas os olhos de Deus e do diabo<br />
contemplam as suas obras! Os jovens foram os que mais<br />
sofreram em toda a história da Igreja. Se colocarmos o<br />
jovem José, o jovem Davi, o jovem Estevão (o primeiro<br />
mártir), o jovem Timóteo e muitos outros ao lado de vocês,<br />
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simplesmente se envergonhariam e pediriam o mais<br />
profundo do inferno. É uma pena que a “zueira” arrancou<br />
de vocês o Temor e Tremor diante de Deus e de Sua<br />
Palavra.<br />
“Lembre-se do seu Criador nos dias da sua juventude,<br />
antes que venham os dias difíceis e se aproximem os<br />
anos em que você dirá: Não tenho satisfação neles”<br />
(Eclesiastes 12:1).<br />
Será que vocês não leem as suas Bíblias? Se leem (o que<br />
duvido muito), são “feiticeiros” (1 Samuel 15:23), porquanto<br />
rejeitaram a Palavra do Senhor e Ele rejeitou vocês e os<br />
entregou a esse sentimento zombador (Rm 1:28 – 31)! Não<br />
vivem de acordo e se apoiam apenas no intelecto. O<br />
“engraçado” é que Satanás sabe mais das Escrituras do<br />
que vocês, e neste momento posso dizer: no caso de<br />
vocês, não apenas a mente é vazia, mas também é cheia<br />
a oficina do diabo, pois suas mentes estão repletas de<br />
instruções, porém sem força alguma para que essas<br />
instruções sejam obedecidas e vividas.<br />
Se não leem (o que acredito), são crentes falsos, porquanto<br />
fazem “graça” da Graça de Deus! E um dia vocês verão<br />
que Deus concedeu-nos a Sua graça, mas nunca “zuou”<br />
com a humanidade, de modo a fazer que pessoas rissem<br />
de suas instruções; com toda certeza, esta é a pior geração<br />
de crentes de todos os tempos, e vocês contribuem muito<br />
para isso.<br />
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Como pode o jovem manter pura a sua conduta? Vivendo<br />
de acordo com a Palavra de Deus. Mostre somente um<br />
texto, de algum personagem (autor) bíblico, fazendo<br />
“zueira” na proclamação do poder (evangelho) de Deus.<br />
Como não encontrarão, posso entender que as suas<br />
“defesas” do evangelho, baseados na “zueira”, não tem<br />
apoio bíblico. Logo, o que vocês são? Vocês poderiam<br />
pensar nas palavras de João por um momento: Jovens, eu<br />
escrevi a vocês, porque são fortes, e em vocês a Palavra<br />
de Deus permanece, e vocês venceram o Maligno. Não<br />
acredito que essa palavra se aplique a vocês. E agora, nas<br />
palavras de Paulo a Timóteo: Ninguém o despreze pelo<br />
fato de você ser jovem, mas seja um exemplo para os fiéis<br />
na palavra, no procedimento, no amor, na fé e na pureza.<br />
Continuo afirmando que não aplica a vocês! Ao comparar<br />
a conduta de vocês (pelas páginas onde vocês atuam<br />
como editores e administradores) com a Escritura e com a<br />
história da Igreja, é despudorado!<br />
Vamos ver, à luz da Escritura, o que deve delimitar a<br />
alegria de um cristão.<br />
“Alegre-se, jovem, na sua mocidade! Seja feliz o seu<br />
coração nos dias da sua juventude! Siga por onde seu<br />
coração mandar, até onde a sua vista alcançar; mas<br />
saiba que por todas essas coisas Deus o trará a<br />
julgamento” (Eclesiastes 11:9).<br />
Julgamento! Julgamento! Julgamento! Mas vocês não dão<br />
importância, e o motivo é que “as suas vistas” estão cegas,<br />
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e já não conseguem mais alcançar a verdadeira motivação<br />
da fé: piedade. Mas somos “reformados”, vocês dizem. Eu<br />
digo: Não existe reforma até que a Palavra de Deus<br />
penetre no fundo das suas almas e transforme todos os<br />
aspectos de suas vidas. É cabível a vocês a nomenclatura<br />
de “deformados”, ébrios insensatos, neófitos. Vocês são<br />
comparados com as mesmas pessoas que atacam<br />
doutrinariamente. Elas erram por falta, e vocês por<br />
excesso; falta conhecimento a elas, e a vocês<br />
conhecimento. Talvez essa parte vocês não entendam.<br />
O ateísmo cristão é o mais perigoso, pois, mesmo<br />
acreditando em Deus, vive-se como se Deus não existisse,<br />
e se faz coisas que Deus abomina. Assim são vocês, tão<br />
malditos que duvidam de suas próprias posições. A fé<br />
acompanha a absoluta abstinência de dúvida pelo<br />
antagonismo inerente à natureza dos fenômenos<br />
psicológicos e da lógica conceitual. Ou seja, é impossível<br />
duvidar e ter fé ao mesmo tempo. É impossível sofrer pelo<br />
evangelho e se alegrar pelos erros cometidos por pessoas<br />
aparentemente condenadas. Ainda assim, são criaturas de<br />
Deus, que o próprio Criador diz: Não sinto prazer em suas<br />
mortes. Como vocês podem dizer ter fé?<br />
Vocês fazem de tudo para provar a fé, mas a todo tempo,<br />
a fé acaba provando o inverso, pois a verdadeira fé nasce<br />
do ventre das Escrituras. Como posso afirmar que uma fé<br />
“zueira” nasce das Escrituras? Vocês tratam o pecado de<br />
forma errada. O pecado é muito pior do que vocês pensam.<br />
As pessoas não estão doentes, elas estão mortas<br />
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(inclusive muitos ditos cristãos), e por causa desta morte,<br />
elas estão surdas, cegas e insensíveis, presas em uma<br />
realidade terrível. Vocês tratam o pecado como uma<br />
comida gordurosa, em que você está com um colesterol<br />
alto e o médico proíbe, mas mesmo assim você come por<br />
trás da ordenança de saúde, ou como se fosse aquela<br />
amizade (amigos “doidos”, delinquentes) proibida pelos<br />
pais, e que você insiste em tê-los por perto. Mas o pecado<br />
não é uma comida gordurosa nem uma amizade proibida<br />
pelos pais: o pecado é pior que um amigo delinquente ou<br />
uma comida gordurosa; o pecado é um assassino, um<br />
psicopata em série.<br />
“Ele (o pecado) não faz amigos, mas faz cativos. Ele<br />
não somente entope veias e leva a morte física, mas faz<br />
parecer leve um psicopata em série ou um infarto<br />
cardíaco”.<br />
O pecado levará para sempre o homem para longe de<br />
Deus. O pecado não quer alguma coisa de você; ele quer<br />
tudo de você.<br />
Quando nos deparamos com a morte, sentimos tristeza,<br />
desespero, impotência, angústia. Vocês sentem a<br />
necessidade de desenvolverem “zueira”. O que vocês<br />
estão fazendo? O evangelho é cheiro de vida para a vida,<br />
e cheiro de morte para a morte. Se não podes entender,<br />
creiam para que entendam. A fé precede, o intelecto segue.<br />
Não criam raízes. São árvores que não suportarão<br />
vendavais. São pequenas embarcações que não<br />
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suportarão tormentas. São fracos e superficiais. Se Deus<br />
permitisse um câncer terminal em vocês, o que seriam de<br />
suas confissões de fé? E, se alguns familiares morressem<br />
em um acidente? E se um filho ou uma esposa desse uma<br />
parada cardíaca e viesse ao óbito? Cessaria a “zueira”?<br />
Deixe-me piorar a situação. E, se essas pessoas as quais<br />
vocês amam, fossem ímpias? Vocês sofreriam duplamente<br />
pela morte física e pela condenação ao inferno? O que<br />
vocês têm feito por eles? “Zueira” na internet? Sabemos<br />
que uma árvore que não cria raízes profundas será<br />
possivelmente uma árvore fraca e infrutífera. O diabo sabe<br />
fazer isso bem, criar uma “teologia” para conduzir a<br />
destruição e a morte. Lembro-me da “teologia” de Satanás<br />
no jardim do Éden:<br />
“Porque Deus sabe que, no dia em que dele comerdes,<br />
se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus,<br />
sabendo do bem e do mal” (Gênesis 3:5).<br />
Deparo-me com “verdades” que não transformam a vida de<br />
ninguém em suas páginas. “Verdades” sectárias, uma<br />
sabedoria tão maldita, tão terrena, tão diabólica que não<br />
pode vim do céu, e certamente não vem de Deus (Tiago<br />
3:14 – 16). Pois, a sabedoria que vem de Deus, é antes de<br />
tudo pura; depois, pacífica, amável, compreensiva, cheia<br />
de misericórdia e de bons frutos, imparcial e sincera (Tiago<br />
3:17). Penso que, devemos ser perseguidos por uma<br />
verdade que não pode ser achada, nem encontrada por<br />
livros, muito menos pode ser compreendida<br />
intelectualmente. Essa verdade é uma Pessoa: Jesus<br />
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Cristo, o Filho de Deus. Não é o homem que encontra a<br />
verdade, é a verdade que encontra o homem. Enquanto<br />
você não for encontrado, você estará sempre na condição<br />
adâmica – completamente perdido.<br />
Acham que são ricos de entendimento, mas são tão<br />
desgraçados, pobres e nus que não conseguem ver nem a<br />
sua própria nudez, e lutam com lentidão e fraqueza para<br />
tirar o cisco dos olhos alheios, mas estão cegos, sem<br />
nenhuma visão. Seus próprios olhos que os impedem de<br />
ver e filtrar aquilo que é, e o que importa para a vida e glória<br />
de Deus.<br />
Provérbios é um livro que apresenta conselhos<br />
importantíssimos para uma vida sábia. Em Provérbios<br />
26:18, 19, é dito:<br />
“Como o louco que lança fogo, flechas e morte, assim<br />
é o homem que engana a seu próximo e diz: Fiz isso<br />
por brincadeira”.<br />
Este conselho nos ajuda a zelarmos por relacionamentos<br />
sadios. Ele apresenta uma pessoa que promove desordem<br />
social por meio do engano e o compara com um louco. O<br />
personagem ilustrado, em tudo o que faz, o faz de forma<br />
velada, com má intenção, mas a oculta, dizendo que fez tal<br />
ação “por brincadeira”.<br />
Bruce K. Waltke chama a atenção para o fato de que o<br />
texto fala de alguém que se diverte em meio a uma<br />
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“distorção inesperada”, e que o verbo enganar mostra que<br />
o brincalhão tem a intenção de “prejudicar o seu vizinho”.<br />
Vocês, jovens da “zueira”, fazem isso. Para o brincalhão, o<br />
praticar a maldade é divertimento, tornando-se assim um<br />
insensato (Provérbios 10:23).<br />
Este versículo sempre cativou a minha atenção, pois<br />
sempre que eu fazia alguma coisa e dizia “foi brincadeira”,<br />
ele vinha em meu pensamento, e imediatamente eu refletia<br />
sobre tal ação ou palavra que havia dito, pois às vezes,<br />
minhas brincadeiras, sem que eu percebesse, acabavam<br />
por maltratar alguma pessoa. Portanto, tome cuidado com<br />
brincadeiras que enganam o próximo e o prejudica. Pense<br />
como está o seu “fiz por brincadeira”.<br />
Não brinquem com o nome de Deus! Não tomarás o nome<br />
do Senhor teu Deus em vão (Êxodo 20:7). Se vocês<br />
quebram esse mandamento, quebram o maior de todos.<br />
Muitas vezes, vocês, “jovens da zueira”, não atentam para<br />
a preciosidade desse texto. Mesmo sendo um<br />
mandamento atrelado ao Antigo Testamento, o princípio<br />
extraído desta passagem contínua válido. No terceiro<br />
mandamento, não tomar o nome do Senhor em vão, é não<br />
banalizá-lo, não torná-lo vulgar, pois, o que está em<br />
questão não é apenas o Seu nome, mas sim, a sua<br />
natureza e atributos. Por isso, ao usar o nome de Deus,<br />
temos que ter certeza de que o que iremos falar dá o devido<br />
reconhecimento de Deus em todo seu Ser. Sendo assim,<br />
devemos fazer conforme Jesus nos ensina na oração do<br />
Pai–Nosso, e orar santificado seja o teu nome (Mateus<br />
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6:9). Isso quer dizer que “nós santificamos Seu nome<br />
quando honramos algum aspecto de Seu caráter”. Será<br />
que vocês têm honrado a Deus, por meio de seus<br />
comportamentos, de suas palavras, de suas produções<br />
ridículas? Lembrem-se que o nome de Deus não é motivo<br />
para piada e deve ser honrado em atitudes e palavras.<br />
Uma das causas que tem levado muitos a rirem e<br />
brincarem dentre o povo cristão são os erros e heresias na<br />
Igreja de Cristo. Conquanto para muitos pareça algo<br />
engraçado, Jesus não acharia graça. Houve uma ocasião<br />
que Jesus, passando pela cidade, chorou sobre Jerusalém.<br />
A bíblia diz que, quando Jesus se aproximou de Jerusalém<br />
e viu a cidade, começou a chorar. E disse: “Se tu também<br />
compreendesses hoje o que te pode trazer a paz! (Lucas<br />
19:42). Ele, quando observou a incredulidade do povo de<br />
Jerusalém, não achou nisso motivo para “graça”, mas sim,<br />
para choro. Se ao menos eles compreendessem, lamentou<br />
Jesus. Isto porque aquelas pessoas não davam ouvidos à<br />
sua mensagem. Jerusalém, Jerusalém, quantas vezes eu<br />
quis juntar o teu povo como uma galinha junta os seus<br />
pintinhos debaixo das suas asas e você não quis!, disse<br />
Ele.<br />
Jesus não foi o único a ter dor no coração ao se preocupar<br />
com a incredulidade dos outros. Paulo, em certa ocasião,<br />
disse que possuía grande tristeza e incessante dor no<br />
coração por causa da incredulidade dos judeus (Romanos<br />
9:2). Aos gálatas, ele diz que sentia dores de parto (Gálatas<br />
4:19) pelos irmãos que haviam se desviado do caminho.<br />
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Aos coríntios, ele expressa preocupação, possuído de<br />
angústia no coração (2 Coríntios 2:4). Aos colossenses, ele<br />
menciona a grande luta em sua alma por causa dos irmãos<br />
(Colossenses 2:1) que estavam expostos a falsos ensinos<br />
(Colossenses 2:8). O exemplo que a Bíblia nos ensina<br />
diante do falso ensino e de heresia na Igreja não é fazer<br />
disso motivo de riso e chacota, mas sim, de choro e<br />
preocupação; cabe rogos e súplicas. Afinal de contas, a<br />
Igreja de Cristo vale o Seu sangue e a ordenança à<br />
obediência, pois Jesus ordenou que amássemos até os<br />
nossos inimigos, e a Sua Palavra enfatizou que a nossa<br />
luta não é contra carne e sangue.<br />
Mais uma vez, digo-lhes: Palhaços! Vocês não são nada<br />
além disso! Através de suas “zueiras”, vocês não estão<br />
ajudando a operar a salvação de nenhum crente, apenas<br />
deixa-os em seus pecados de uma forma mais confortável.<br />
Nossa realidade nasce da Bíblia. Nossa vida e obra deve<br />
orientar-se por ela. Nutri-se dela. Reformula-se por ela,<br />
estrutura-se, repensa-se e desenvolve-se, tendo-a como a<br />
sua fonte para todos os seus seguimentos, considerandoa<br />
como revelação absoluta, proposicional, inerrante,<br />
infalível, eterna e universal — a Palavra de Deus.<br />
Ainda, em seus conflitos internos, talvez sintam medo<br />
quando a noite escura da alma se aproximar, mas ao<br />
mesmo tempo estão camuflados em seus risos secos que<br />
mostram a secura de suas almas vazias. Que ninguém<br />
procure somente os seus próprios interesses, mas também<br />
os dos outros (Filipenses 2:4).<br />
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Jovens debatedores! Os corações de vocês não ardem<br />
pelo genuíno leite espiritual, antes, almejam popularidade,<br />
um orgulho espiritual, algo que certamente levará vocês a<br />
apostasia e a frieza espiritual. Este clamor se aplica a<br />
vocês: Arrependei-vos e crede no Evangelho! Ainda há<br />
tempo!<br />
Vocês são cristãos? Se sim, porque acham isso? Por favor,<br />
não se comparem com crentes de sua Igreja, com seus<br />
pais, com “irmãos” de internet, com o seu líder, nem com<br />
ninguém do meio evangélico, apenas com Jesus Cristo e<br />
com a Escritura Sagrada. Nada garante que essas pessoas<br />
sejam verdadeiramente cristãs ou salvas.<br />
O que garante que tais pessoas sejam verdadeiras cristãs?<br />
Por que elas falam que são? Por que elas têm muitos anos<br />
de “conversão”? Por que elas têm títulos acadêmicos? Ou<br />
por que elas são parecidas com a maioria das pessoas de<br />
sua Igreja? Mas, se elas se compararam com crentes que<br />
não eram cristãos, que se compararam com outros crentes<br />
que não eram, e assim por diante? Devemos apenas nos<br />
comparar com o padrão da Escritura e com a Pessoa de<br />
Cristo Jesus. Se Cristo estivesse fisicamente ao seu lado,<br />
você se parece com Ele? Ou você se parece com a maioria<br />
dos “cristãos” a sua volta? Você age como Cristo? Fala<br />
como Cristo? Pensa como Cristo? Você realmente é<br />
nascido de Deus? Você é irrepreensível? (2 Coríntias 5:17;<br />
Efésios 1:4; 2 Timóteo 1:9).<br />
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Por exemplo, se neste exato momento surgisse um convite<br />
para vocês embarcarem em viagens missionárias em<br />
países longínquos, distantes de tudo e de todos – e se<br />
fosse para fazer exposições bíblicas em uma praça<br />
pública, e se o convite tratasse de um programa voluntário<br />
para cuidar de pessoas doentes e refugiadas de um país<br />
em guerra –, sabendo que ali haveria oportunidade de se<br />
pregar o evangelho, e se fosse para ensinar o evangelho a<br />
presidiários e doentes de sua cidade, o que vocês fariam?<br />
Sejam sinceros!<br />
Acredito que muitos de vocês não sairiam de suas casas,<br />
não sairiam de seus computadores nem dos seus<br />
Smartphones; não conseguiriam ao menos levantar de<br />
suas cadeiras estofadas confortáveis. Acredito que muitos<br />
de vocês irão ler este texto e continuar com suas vidas<br />
miseráveis, enganando a si mesmo e sendo enganados<br />
por outros discursos miseráveis.<br />
Acredito que muitos de vocês não falaram sequer do<br />
evangelho para os vizinhos, colegas de escolas e colegas<br />
de trabalho. Acabei de descrever 99% dos jovens da<br />
“zueira”. Falam de jogos de futebol, de times, de livros, de<br />
autores, de política, de filmes, e o restinho que sobra é<br />
dado realmente para o evangelho da glória de Cristo! “Mas<br />
tudo que faço é para glória de Deus!”, vocês dizem. E eu<br />
digo: sim, continuem. A juventude logo passará, e vocês se<br />
arrependerão por não terem feito aquilo que deveria ser<br />
feito.<br />
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“A melhor garantia para conhecer a vontade de Deus<br />
no futuro é estar dentro da sua vontade no presente”<br />
(T. B. Maston).<br />
Quer ser um defensor da Palavra de Deus? Respeite-a.<br />
Reverencie-a. Tema e trema diante do poder de Deus!<br />
(Romanos 1:16).<br />
“A Palavra de Deus não precisa de defesa, ela é como<br />
um leão faminto preso em uma jaula. Abra somente a<br />
porta da jaula, e deixe-a livre. Mas respeite-a, caso<br />
contrário, será despedaçado (a)”.<br />
CONCLUSÃO<br />
Pelo simples fato de somente abrir esta jaula, prepare-se<br />
para viver sozinho, perder amigos e irmãos que, na maioria<br />
das vezes, você ajudou-o. Prepare-se para passar por<br />
momentos de depressão e de tristezas profundas em que<br />
os elogios não serão suficientes. Prepare-se para perder o<br />
sono durante toda a sua vida. Prepare-se para dormir mal<br />
e ter muitos pesadelos. Prepare-se para acordar sem<br />
ânimo. Prepare-se para perder o humor. Prepare-se para<br />
estudar horas e mais horas de sua vida, ao ponto de perder<br />
a noção de dias, meses e anos, vivendo como se já<br />
estivesse na eternidade. Prepare-se para ter os seus<br />
joelhos ensanguentados e calejados. Prepare-se para<br />
retirar o pano de saco e cinzas escondidos debaixo de sua<br />
cama, em que você disse certa vez: Não preciso! Digo: Irá<br />
precisar. Prepare-se para muitas noites de choro sozinho<br />
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na cabeceira de sua cama. Prepare-se para gemer muitas<br />
vezes no chão do banheiro em silêncio, com vergonha das<br />
suas covardias; elas serão suas mestras de Teologia.<br />
Prepare-se para não ser compreendido pelos próprios<br />
irmãos em Cristo. Aconselho-te que grave este versículo<br />
em sua mente: “Fiz-me acaso, vosso inimigo, dizendo a<br />
verdade? (Gálatas 4:16). Vai precisar. Prepare-se por não<br />
ser compreendido por muitas vezes por sua própria família,<br />
ela será sua cruz por muito tempo. Prepare-se para não ser<br />
aceito e muito menos compreendido pela sociedade, pois<br />
você é luz em meio à densas trevas. Prepare-se para amar<br />
os inimigos, pois serão muitos. Prepare-se para dividir<br />
aquilo que na maioria das vezes você não tem. Prepare-se<br />
para consolar as pessoas, mesmo não estando consolado.<br />
Prepare-se para animar as pessoas, mesmo estando<br />
desanimado. Prepare-se para não ser aceito pelo próprio<br />
meio “evangélico”. Prepare-se para as críticas, pois serão<br />
muitas. Prepare-se para ser odiado, maltratado e<br />
humilhado. Prepare-se para viver as maiores guerras<br />
íntimas e pessoais de sua vida. Prepare-se para ter sua<br />
mente sendo atacada diariamente pelos seus piores<br />
desejos e pensamentos, e claro, por nosso adversário,<br />
Satanás. Prepare-se para perder o apetite e,<br />
consequentemente, emagrecer sem nenhuma saúde, e<br />
nessa situação a enfermidade pode ser sua aliada.<br />
Prepare-se para ser abatido pelas aflições deste mundo,<br />
pois são muitas. Prepare-se para enfrentar lutas ferrenhas<br />
contra a carne e o pecado. Prepare-se para as derrotas,<br />
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pois serão muitas Prepare-se para as vitórias, que serão<br />
poucas, mas elas poderão lhe corromper. Prepare-se para<br />
os elogios, pois, eles tentarão sua vaidade e o seu orgulho<br />
espiritual.<br />
Prepare-se para ser perseguido. Prepare-se para uma<br />
guerra diária e constante, onde a sua única e suficiente<br />
arma será a Escritura Sagrada, e será nela e somente nela<br />
que se manifestará a graça de Deus na revelação de seu<br />
Filho Jesus Cristo em consolação pelo Espírito Santo.<br />
Prepare-se para a solidão, mesmo tendo muitos a sua<br />
volta.<br />
Mas, acima de tudo, prepare-se para o porvir. Prepare-se<br />
para ser consolado e recebido pelo Deus–Homem, o Cristo<br />
ressurreto, com uma coroa incorruptível, com uma glória<br />
que mui excede a todas as nossas tribulações. Aleluia!<br />
VIDA ETERNA<br />
Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que<br />
está no meio do paraíso de Deus. (Apocalipse 2:7b).<br />
NÃO SOFRER O DANO DA SEGUNDA MORTE (LAGO<br />
<strong>DE</strong> FOGO)<br />
O que vencer não receberá o dano da segunda morte<br />
(Apocalipse 2:11b).<br />
NOVO NOME<br />
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Ao que vencer darei a comer do maná escondido, e darlhe-ei<br />
uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito,<br />
o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe<br />
(Apocalipse 2:17b).<br />
JULGAR AS NAÇÕES<br />
E ao que vencer, e guardar até ao fim as minhas obras, eu<br />
lhe darei poder sobre as nações, E com vara de ferro as<br />
regerá; e serão quebradas como vasos de oleiro; como<br />
também recebi de meu Pai (Apocalipse 2:26, 27).<br />
VESTES BRANCAS, NÃO RISCAR O NOME DO LIVRO<br />
DA VIDA E TER O NOME CONFESSADO DIANTE <strong>DE</strong><br />
<strong>DE</strong>US E DOS SEUS ANJOS<br />
O que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira<br />
nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e<br />
confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos<br />
seus anjos (Apocalipse 3:5, 6).<br />
UMA COLUNA NO TEMPLO <strong>DE</strong> <strong>DE</strong>US, COM O NOME<br />
<strong>DE</strong> <strong>DE</strong>US O NOME DA CIDA<strong>DE</strong>: A NOVA JERUSALÉM<br />
E O SEU NOVO NOME<br />
A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus,<br />
e dele nunca sairá; e escreverei sobre ele o nome do meu<br />
Deus, e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém,<br />
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que desce do céu, do meu Deus, e também o meu novo<br />
nome (Apocalipse 3:12).<br />
ASSENTAR COM JESUS NO SEU TRONO<br />
Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no<br />
meu trono; assim como eu venci, e me assentei com meu<br />
Pai no seu trono (Apocalipse 3:21).<br />
Se um cristão não está tendo tribulação do mundo, há algo<br />
errado! Não somos chamados para sermos aceitos, somos<br />
chamados para glorificar a Deus.<br />
A SUA SANTA E VERDA<strong>DE</strong>IRA PALAVRA HÁ <strong>DE</strong> NOS<br />
CONSOLAR ATÉ A SUA VOLTA<br />
Da mesma maneira, encoraje os jovens a serem<br />
prudentes. […] Pois o Senhor disciplina a quem ama, e<br />
castiga todo aquele a quem aceita como filho (Tito 2:6;<br />
Hebreus 12:6).<br />
Foi isso que tentei fazer neste artigo — Deus abençoe-os.<br />
A I<strong>DE</strong>NTIDA<strong>DE</strong> <strong>DE</strong> JESUS É REVELADA<br />
Certa vez perguntaram-me acerca de quem é Jesus,<br />
respondi:<br />
Jesus Cristo, é a Palavra (o logos), é o caminho, não mais<br />
um caminho, o único caminho, é a verdade que encontra o<br />
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homem, é a liberdade, a vida e a luz. É a verdadeira e<br />
apropriadamente manifestação de Deus, é Deus<br />
encarnado, é Deus no mais alto sentido da palavra, como<br />
parece dos nomes pelos quais Ele é chamado, Onipotente,<br />
como Jeová, Deus nosso, vosso, deles, e meu Deus, Deus<br />
conosco, o Deus poderoso, Rei, Senhor, Salvador,<br />
Redentor, conhecido entre o Seu povo como o Príncipe da<br />
Paz, e por Seus inimigos, o Senhor dos Exércitos e<br />
vingador, Deus sobre tudo, o Grande Deus, o Deus vivente,<br />
o Deus invisível, mas real, o verdadeiro Deus, não somente<br />
a vida eterna, mas a fonte, intercessor, mediador e<br />
demonstrador da graça, é a exteriorização da Trindade e<br />
Divindade, como Independente, Eterna, Imutável,<br />
Onipresente, Onisciente e Onipotente, e de suas obras<br />
toda a criação e providência, e seus milagres, a expressão<br />
do amor de Deus Pai e de seus perfeitos atributos, a obra<br />
de redenção, Ele é a redenção, é o homem perfeito, o único<br />
homem perfeito, é o perdão dos pecados, é o Sacrifício, é<br />
o Cordeiro de Deus Pai, é o amado e obediente Filho de<br />
Deus Pai, é o Cristo, o Messias, o ungido, é o Filho amado<br />
que se fez maldito, para que os malditos fossem amados,<br />
é o servo sofredor, o castigo que nos traz a Paz estava<br />
sobre Ele, é a ressurreição de Si mesmo e de outros da<br />
morte, é o homem vitorioso, é a administração do último<br />
julgamento, é justiça e o juízo, é a santa ira, é Deus sendo<br />
adorado, o Deus Santo. É a Santa Ceia. Orações a Ele, fé<br />
nEle, e a realização do batismo em nome dEle, pois, é<br />
Senhor, e Salvador de todo aquele que crer. “Por que dEle,<br />
e por Ele, e para Ele são todas as coisas, glória, pois, a Ele<br />
eternamente. Amém”.<br />
“Pois em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da<br />
divindade, e, por estarem nEle, que é o Cabeça de todo<br />
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poder e autoridade, vocês receberam a plenitude” –<br />
Colossenses 2:9, 10 (cf. João 1:1).<br />
Nesse artigo veremos a identidade de Jesus à luz do<br />
Evangelho de Lucas e dos outros, mas precisamente o<br />
capítulo nove.<br />
(1) Os discípulos descobrem a identidade e o destino de<br />
Jesus (9:18 – 22).<br />
Jesus pergunta aos Seus discípulos, “Quem as multidões<br />
dizem que eu sou?” (v. 18). Essa pergunta traz à mente<br />
uma série de rumores que estavam circulando sobre a<br />
identidade de Jesus:<br />
Ele é um grande profeta (7:16).<br />
Ele é aquele que haveria de vir (7:19).<br />
Ele é um comilão e beberrão, amigo de publicano e<br />
pecadores (7:34).<br />
Esse homem não pode ser um profeta, pode? (7:39).<br />
Quem é este que até perdoa pecados? (7:49).<br />
Jesus é o Filho do Deus Altíssimo (8:28).<br />
E, quem, pois, é este quem ouço essas coisas? (9:9).<br />
A narrativa preparou os leitores para a resolução da<br />
pergunta da identidade de Jesus.<br />
(18 – 20) Jesus desafia os discípulos a oferecerem suas<br />
próprias opiniões sobre a Sua identidade. Isso faz parte do<br />
desenvolvimento narrativo deles enquanto seguidores. Ou<br />
seja, eles precisavam responder a essa pergunta<br />
“corretamente” a fim de que o significado da identidade de<br />
Jesus se aprofunda na história. Como notamos no início do<br />
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capítulo, um processo de uma era vindoura para os<br />
discípulos está em ação aqui.<br />
A pergunta de Jesus vem em dois estágios. O primeiro é<br />
mais impessoal: “Quem as multidões dizem que eu<br />
sou?” (v. 18).<br />
De acordo com Mateus e Marcos (sinóticos), Jesus estava<br />
na região de Cesaréia de Filipe. Nesse lugar remoto o<br />
Senhor encontrou a solidão silenciosa que havia buscado<br />
em vão até então. Não se dirigiu à cidade, mas, como diz<br />
Mateus, “às adjacências”, mais precisamente, conforme<br />
Marcos, às “aldeias em redor”. Aqui Jesus poderia dialogar<br />
intimamente com os apóstolos. Lucas enfatiza, como em<br />
outras vezes, a oração (cf. Lucas 6:12). Assim como<br />
naquela ocasião Jesus passou a noite em oração diante de<br />
Deus antes de escolher os doze apóstolos, assim também<br />
agora ora nessa importante guinada de sua vida na terra,<br />
a fim de revelar-se aos discípulos como o Messias enviado<br />
por Deus. Os doze tinham de ser preparados para sua<br />
iminente paixão em Jerusalém. A assustadora perspectiva<br />
da morte iminente que Ele, aos trinta e dois anos, precisava<br />
comunicar aos discípulos representou para Ele um primeiro<br />
ensejo de falar com Seu Pai celestial em reclusão. A<br />
expressão “apenas os discípulos estavam com Ele” é<br />
indício de que os discípulos participavam dessa oração de<br />
Jesus. Esse fato anuncia um momento significativo. Isto é<br />
expresso pela circunstância de que Ele não falava com<br />
todos (cf. Lucas 9:23), mas somente com os discípulos.<br />
Inicialmente Jesus leva os discípulos a relatar as diversas<br />
opiniões que corriam entre o povo acerca de sua pessoa,<br />
palavras que haviam captado durante sua trajetória de<br />
pregação. Os apóstolos relatam que o povo o considera<br />
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João Batista, Elias, um dos antigos profetas (cf. Lucas 9:8),<br />
até mesmo Jeremias (cf. Mateus 16:14), ou também<br />
precursor do Messias. As pessoas acreditavam que<br />
podiam depreender de Miquéias 4:5 que “no fim dos dias”<br />
surgiriam novamente diversos profetas que seriam<br />
precursores do Messias, não o próprio Messias. A opinião<br />
pública sobre Jesus não era um reconhecimento do<br />
Senhor, mas uma percepção equivocada. Perguntando a<br />
respeito da opinião que circulava no povo, Jesus pretendia<br />
preparar os doze para sua própria convicção acerca da<br />
pessoa dEle. Em seguida Ele pretende usar essa base<br />
para comunicar-lhes quem Ele é e como Ele cumpriria sua<br />
incumbência de Messias. (cf. NOTA).<br />
NOTA: “Estando Ele orando em particular. Lucas observa<br />
que Jesus orava em todas as grandes crises de sua vida<br />
(3:21; 5:16; 6:12; 11:1; 22:44). E a pergunta trás a ênfase<br />
da vida cristã: Quem dizem as multidões que sou eu? O<br />
Senhor muda o foco da atenção dos discípulos dos seus<br />
feitos e ensinamentos para a sua própria pessoa”.<br />
Este é um dos momentos cruciais em toda a vida de Jesus.<br />
Fez esta pergunta quando já havia manifesto no semblante<br />
o firme propósito de ir a Jerusalém (Lucas 9:51). Sabia bem<br />
o que o esperava ali, e a resposta a esta pergunta era de<br />
suma importância. O que Jesus sabia era que Ele ia morrer<br />
na cruz. O que queria saber antes de ir era: “Havia alguém<br />
que sabia quem era ele?” Toda a diferença dependeria da<br />
resposta. Se não obtivesse resposta, e se encontrasse<br />
com uma opaca falta de compreensão, significaria que todo<br />
seu trabalho não tinha valor nenhum. Se havia uma<br />
resposta positiva, por mais incompleta que fosse,<br />
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significava que tinha acendido nos corações uma tocha<br />
que o tempo jamais poderia apagar.<br />
As multidões têm sido um importante personagem<br />
apoiador na história até esse ponto. Mas o entendimento<br />
delas acerca de Jesus é falho e obscuro. Elas pensam que<br />
Ele pode ser João Batista ou Elias ou um dos profetas do<br />
passado que ressuscitou (v. 19). A segunda pergunta é<br />
mais direta. Jesus desafia os Seus seguidores: “E vocês, o<br />
que dizem?”, perguntou. “Quem vocês dizem que eu sou?”<br />
(v. 20). Pedro, como o principal porta-voz, oferece a<br />
afirmação de que Jesus é “O Cristo de Deus” (v. 20 “O<br />
Messias de Deus”). Agora, pela primeira vez, a afirmação<br />
da identidade messiânica é feita por um de Seus<br />
seguidores.<br />
Depois que Jesus ouviu o eco da opinião do povo, Ele ouve<br />
da boca de Pedro, que fala em nome de todos os<br />
discípulos, o vigoroso testemunho de sua fé pessoal, viva<br />
e autônoma, de que eles o consideram “o Cristo de<br />
Deus”. Essa confissão de Pedro é transmitida de diversas<br />
maneiras pelos evangelhos sinóticos: Mateus escreve “Tu<br />
és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (16:16) – Marcos: “Tu<br />
és o Cristo” (8:29) – segundo Lucas, Jesus é “o Cristo<br />
de Deus” (9:20). Em João a confissão é: “Tu és o Santo<br />
de Deus” (6:69). Essas memoráveis palavras de Pedro<br />
são o centro e foco absolutos da confissão de fé. Essa<br />
confissão de Pedro fundou, nos primórdios, a igreja do<br />
Novo Testamento. O Senhor Jesus percebeu a beatitude<br />
do momento, quando viu que havia criado raízes na<br />
humanidade e conquistado uma comunidade que<br />
continuaria sendo dEle, apesar de todos os poderes do<br />
inferno. Diferentemente de muitas situações serem<br />
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narradas somente entre os sinóticos, essa confissão de fé<br />
é aparece em todos os evangelhos “o Cristo de Deus!”.<br />
A afirmação da fé de Pedro que Jesus era o Messias<br />
prometido no Antigo Testamento não se baseava em<br />
pretensões políticas da parte do Mestre, nem sobre<br />
qualquer reivindicação extravagante. O poder e a<br />
autoridade de Jesus eram autoautenticativas.<br />
A narrativa, agora, claramente passa para uma<br />
conscientização pós-confissão da identidade de Jesus (cf.<br />
1:32, 33). Daqui em diante, a experiência dos leitores<br />
concernente à história será moldada pela proclamação de<br />
Pedro (como também em Marcos 8:29; Mateus 16:16). É<br />
como se o véu fosse retirado brevemente e o mistério<br />
revelado.<br />
Como leitores somos transformados pela revelação e<br />
repentinamente lembrados das afirmações do início do<br />
Evangelho sobre a identidade de Jesus como o Cristo (2:11<br />
– “Salvador” [...] “Cristo, o Senhor”; 2:26 – “o Cristo o<br />
Senhor”; 4:41 – “Filho de Deus”). A partir dessas indicações<br />
primárias, o assunto da identidade de Jesus como Messias<br />
tem sido uma questão de rumores, proclamada por<br />
demônios, mas não implicitamente declarada.<br />
(21 – 22) Jesus advertiu severamente os Doze para que<br />
não dissessem nada sobre a revelação de Sua identidade<br />
como o Cristo. E por quê? Diferentes soluções têm sido<br />
propostas para explicar esse pedido de silêncio, a partir da<br />
perspectiva histórica. Vejamos:<br />
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“Talvez Jesus não deseje criar uma expectativa de um<br />
Messias político. Talvez Ele hesite seguir em frente em<br />
direção à proclamação com temor da falta de compreensão<br />
quanto à natureza de Sua função como o Messias sofredor”<br />
– Bock, 1994, p. 846.<br />
“A grave proibição do Senhor, de não divulgar o<br />
testemunho de fé dado por Pedro de que Jesus é o Cristo<br />
de Deus, vale apenas por um tempo limitado. Somente<br />
depois que o Senhor foi pregado à cruz a proclamação<br />
apostólica foi capaz de associar o título Cristo – o Ungido<br />
– o Messias ao nome de Jesus. Por isso, diz Riggenbach<br />
(na obra Leben Jesu, p. 318), Jesus viu-se forçado a<br />
simultaneamente revelar-se e ocultar-se, acender o fogo e<br />
abafá-lo. Uma coisa, porém, é preciosa e maravilhosa.<br />
Desde aquela hora existia uma pequena congregação em<br />
que a fé em Jesus como o Cristo constituía o centro da<br />
comunhão” – Fritz Rienecker.<br />
“O Senhor não queria ser anunciado como o líder de um<br />
movimento revolucionário. A obra da cruz tinha de<br />
preceder qualquer libertação política da nação” – Moody.<br />
Do ponto de vista da narrativa o leitor é atraído a aceitar o<br />
pronunciamento.<br />
Os leitores esclarecidos compartilham algo que somente o<br />
narrador e os personagens centrais entendem, e isso fecha<br />
um pouco mais o abismo da empatia. Nós sabemos o<br />
segredo que o público não sabe. A história da<br />
transfiguração tem uma convergência de três temas, e faz<br />
paralelo a esse texto, mas a frente esses temas são<br />
expostos na ocasião da transfiguração: (1) A revelação<br />
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progressiva da identidade de Jesus. (2) Jerusalém como o<br />
objetivo da narrativa da viagem. E (3) O sofrimento, a morte<br />
e ressurreição de Jesus. Isso age como força persuasiva<br />
sobre os leitores, compelindo-os a aceitar a declaração da<br />
identidade de Jesus. Além do mais, os leitores que já estão<br />
bem familiarizados com a história de Cristo encontram<br />
reforço no entendimento do “segredo” da identidade e da<br />
ressurreição de Jesus.<br />
A confissão de Pedro abre caminho para Jesus falar sobre<br />
o futuro e a predição de Sua morte: “É necessário que o<br />
Filho do homem sofra muitas coisas e seja rejeitado pelos<br />
líderes religiosos, pelos chefes dos sacerdotes e pelos<br />
mestres da lei, seja morto e ressuscite no terceiro dia”.<br />
“É necessário que o Filho do homem sofra [...] e no<br />
terceiro dia ressuscite”. É necessário (do grego Dei – Δεῖ)<br />
indica uma necessidade lógica. Cristo estava obrigado a<br />
cumprir o propósito de Deus revelado nas Escrituras. Este<br />
conceito aparece nas pregações da igreja primitiva (Atos<br />
2:23, 24; 13:17 – 34; 17:3; 26:22, 23). A morte de Jesus foi<br />
uma tragédia, mas não foi um acidente; pois Ele estava<br />
cumprindo o propósito de Deus na redenção.<br />
Essa extraordinária revelação é a primeira de quatro<br />
indicações da morte de Jesus no capítulo 9 (v. 22, 31, 44,<br />
45, 51 – cf. 2:34, 35; 5:35 para indicações prefiguravas de<br />
Sua morte). Em cada passagem adicional, os detalhes são<br />
revelados. O cenário composto inclui:<br />
(1) Sofrimento (v. 22a).<br />
(2) Rejeição pelos líderes religiosos (v. 22a).<br />
(3) Ser morto (v. 22b).<br />
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(4) Ressuscitar no terceiro dia (v. 22b).<br />
(5) Ser morto em Jerusalém, esse é agora o destino deles<br />
(v. 31, 51).<br />
(6) Ser “entregue nas mãos dos homens” (v. 44), e isso<br />
acontecerá em breve (v. 51).<br />
Posteriormente em Lucas, a marcha da morte irá incluir<br />
Jesus sendo entregue aos gentios, açoites, zombaria e<br />
insultos (18:31 – 34; 17:25).<br />
Por que é necessário que o Filho do homem sofra<br />
muitas coisas (v. 22)?<br />
Assim como a Sua verdadeira identidade agora foi<br />
revelada, a ideia de um Messias sofredor também entra na<br />
história pela primeira vez. Aliás, o Evangelho de Lucas não<br />
explica por que Jesus precisa sofrer. Lucas não indica,<br />
como Marcos, que isso é “dar a vida em resgate de<br />
muitos” (Marcos 10:45). Seu sofrimento foi predito pelos<br />
profetas (Lucas 18:31; 22:37: 24:27). Satanás foi cúmplice<br />
(22:3). Sua paixão é a vontade de Deus (Lucas 22:22, 42).<br />
Mas, finalmente, o sofrimento e a morte de Jesus é<br />
simplesmente um fato para Lucas: “Não devia o Cristo<br />
sofrer estas coisas, para entrar na glória?” (Lucas 24:26).<br />
Olhando adiante para os segundo volume de Lucas, em<br />
Atos dos apóstolos, a ideia da morte de Jesus está ligada<br />
ao perdão (Atos 2:36 – 38; 5:30, 31; 10:39 – 43). Ao todo,<br />
Atos enfatiza a ressurreição de Cristo como o centro<br />
teológico do evangelho (Atos 4:10; 5:30; 10:39, 40), e não<br />
a Sua crucificação. Os teólogos cristãos, de Paulo em<br />
diante lutaram com a questão do por que o Messias tinha<br />
de sofrer. Mas, essa não é uma pergunta que Lucas faz<br />
diretamente.<br />
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Talvez a chave para essa resposta interpretativa se<br />
encontre no (v. 23) “Se alguém quer vir após mim...<br />
Negue-se [...]. Dia a dia tome a sua cruz [...]. E siga-me”.<br />
Os discípulos seguiram o Mestre quando Ele os chamou<br />
da primeira vez (5:11), mas naquela ocasião eles não<br />
tinham idéia que a sua carreira terminaria com a cruz. Eles<br />
ainda pensavam em termos de conquista e poder (22:24).<br />
Este apelo foi uma advertência solene para a reavaliação<br />
do preço do discipulado. Ele (Jesus) finaliza: “Pois quem<br />
quiser salvar a sua vida a perderá; mas quem perder a<br />
vida por minha causa, este a salvará” – Lucas 9:24. O<br />
“pois” no (v. 24) refere-se a todo o (v. 23). Quando a pessoa<br />
fizer o que o (v. 23) demanda, não se dirigirá à perdição,<br />
mas alcançará a salvação.<br />
O destino intencional de Jesus para Jerusalém foi revelado<br />
indiretamente aos discípulos no (v. 22). O mesmo torna-se<br />
direto no (v. 31). A jornada agora irá dominar a narrativa<br />
até o encerramento do capítulo 19. O tema da jornada<br />
reaparece em (9:53; 13:22, 33 – 35; 17:11; 18:31 – 34;<br />
19:11, 28 e 41 – 44). Outras referências complementares<br />
sobre Jerusalém são encontradas em (10:30 e 13:4).<br />
Assim como o contexto da narrativa foi mudado pela<br />
confissão da identidade messiânica de Jesus, a mesma<br />
agora foi mudada por Sua predição de Seu sofrimento e<br />
morte, que devem acontecer em Jerusalém. Uma<br />
grandiosa luz agora ilumina a história por causa da<br />
revelação da revelação da identidade de Jesus. Mas uma<br />
sinistra sombra alternativa também é lançada pela<br />
revelação de Seu futuro sofrimento.<br />
CONCLUSÃO<br />
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Jesus começou perguntando o que diziam os homens a<br />
respeito dEle e depois, de repente, lançou-lhes a pergunta:<br />
“E vós, quem dizeis que sou?” Nunca é suficiente saber o<br />
que os outros dizem a respeito de Jesus. O povo poderia<br />
passar num exame a respeito do que foi dito e pensado a<br />
respeito de Jesus, poderia ler todos os livros sobre<br />
Cristologia que escritos em todos os idiomas da Terra, e<br />
não ser cristão. Jesus deve ser sempre nossa descoberta<br />
pessoal. Nossa religião não pode ser contada como um<br />
conto. Jesus pergunta a todos os homens, não: “Pode me<br />
dizer o que outros disseram e escreveram a respeito de<br />
mim?”, e sim: “Quem você pensa que sou eu?” Paulo não<br />
disse: “Eu sei o que tenho crido”, e sim “Sei em quem tenho<br />
crido” (2 Timóteo 1:12). O cristianismo não é recitar um<br />
credo, é conhecer uma pessoa.<br />
A pergunta de Jesus Cristo: E você? Quem você diz<br />
que Eu Sou?<br />
O SANGUE <strong>DE</strong> CRISTO<br />
“Pois a vida da carne está no sangue, porquanto é o<br />
sangue que fará expiação pela alma” – Levítico 17:11.<br />
O caminho para o santuário celestial é mediante a morte<br />
expiatória. Este é o significado funcional de Mediador da<br />
nova aliança. Isto é verdade porque a morte interveio, a<br />
morte de Jesus Cristo sobre a cruz. Uma transação foi<br />
efetuada ali a qual satisfaz inteiramente todas as<br />
exigências redentoras, e isto resulta em perdão e eterna<br />
herança. Esta nova aliança pode ser considerada como um<br />
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testamento selado com a morte daquele que o fez. Nos<br />
tempos do Antigo Testamento o sangue do sacrifício<br />
animal selava uma aliança entre os pactuantes. A morte de<br />
Cristo selou a nova aliança (“da nova aliança” – της καινης<br />
διαθηκης – tês kainês diathêkês). Acrescentou-se aqui um<br />
argumento para fortalecer o fato sob consideração. A<br />
ênfase foi posta sobre testamento (διαθηκη – diathêkê)<br />
selado pelo Sangue e pelo derramamento de Sangue. Este<br />
é o único caminho no qual uma aliança pode entrar em<br />
vigor. E esta é uma aliança melhor. Neste artigo veremos<br />
o ponto alto, que a morte de Cristo foi necessária. A morte<br />
continuamente se faz necessária, para que assim se tenha<br />
verdadeiramente vida, seja na terra (“Eu Sou a<br />
ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, mesmo que<br />
morra, viverá – João 11:25; cf. João 5:1; Romanos 5:17 –<br />
19), seja para o céu (Temos certeza de que aquele que<br />
ressuscitou o Senhor Jesus dentre os mortos, da mesma<br />
forma nos ressuscitará com Ele e nos apresentará<br />
convosco – 2 Coríntios 4:14; cf. Romanos 8:11; 1 Coríntios<br />
15:20 – 26, 43 – 57; Filipenses 3:10, 20, 21; 1<br />
Tessalonicenses 4:14; Apocalipse 20:5; Apocalipse 21:4).<br />
Cristo nos ensinou – O grão de trigo, o mistério da vida por<br />
meio da morte. “Na verdade, na verdade vos digo que, se<br />
o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só;<br />
mas, se morrer; dá muito fruto” – João 12:24.<br />
Você sabe o que significa o sangue de Cristo? A frase<br />
“sangue de Cristo” é usada várias vezes no Novo<br />
Testamento e é a expressão da morte sacrificial e<br />
expiatória de Jesus em nosso favor, de forma substitutiva.<br />
As referências ao sangue do Salvador incluem a realidade<br />
de que Ele literalmente sangrou na cruz, mas mais<br />
significativamente que sangrou e morreu pelos pecadores.<br />
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O sangue de Cristo tem o poder de expiar por um número<br />
infinito de pecados cometidos por um número infinito de<br />
pessoas ao longo dos tempos, e todos cuja fé repousa<br />
nesse sangue serão salvos.<br />
A realidade do sangue de Cristo como meio de expiação<br />
do pecado tem a sua origem na Lei Mosaica. Uma vez por<br />
ano, o sacerdote devia fazer uma oferenda de sangue de<br />
animais no altar do templo pelos pecados do povo. “De<br />
fato, segundo a Lei, quase todas as coisas são purificadas<br />
com sangue, e sem derramamento de sangue não há<br />
perdão” – Hebreus 9:22.<br />
(v. 22) Ao valer-se ao termo “quase”, o autor parece indicar<br />
que algumas coisas eram purificadas de outra forma.<br />
Indubitavelmente, frequentemente costumavam lavar-se,<br />
bem como outras coisas, como água, mas nem mesmo a<br />
água derivava dos sacrifícios seu poder de purificar, de<br />
modo que o apóstolo está certo quando diz, afinal, que sem<br />
sangue não havia remissão. Atribuía-se impureza, até que<br />
a mesma fosse expiada por meio do sangue. Como não<br />
existe pureza nem salvação fora de Cristo, assim também<br />
sem sangue nada podia ser nem puro nem salvo, visto que<br />
Cristo nunca pode ser separado do sacrifício de sua morte.<br />
Tudo o que o apóstolo pretendia dizer é que quase sempre<br />
se fazia uso desse símbolo. Mas se alguma vez a<br />
purificação não ocorresse, o problema não estava no<br />
sangue, visto que todos os ritos, de alguma forma,<br />
derivavam sua eficácia da expiação geral. O povo não era<br />
aspergido individualmente (como seria possível que uma<br />
pequena porção de sangue fosse suficiente para tão<br />
grande número?), não obstante a purificação se estendia a<br />
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todos. O termo “quase” tem a função de expressar que<br />
frequentemente se praticava essa cerimônia, que<br />
raramente a omitiam nos casos de purificação. É estranho<br />
ao propósito do apóstolo o conceito de Crisóstomo, de que<br />
se denota aqui, uma inadequação, visto que essas não<br />
passavam de meras figuras.<br />
Sem efusão de sangue não pode haver expiação do<br />
pecado, era de fato um princípio hebraico bem conhecido<br />
e estabelecido definitivamente. Assim, pois, o autor<br />
retrocede na inauguração da primeira aliança sob Moisés<br />
na ocasião em que o povo tinha aceito a Lei como condição<br />
de sua especial relação com Deus. Ali nos diz como se fez<br />
o sacrifício e como Moisés “tomou metade do sangue e o<br />
pôs em bacias; e a outra metade aspergiu sobre o altar”. E<br />
depois que leu o livro da Lei e o povo deu a entender sua<br />
aceitação “tomou Moisés aquele sangue, e o aspergiu<br />
sobre o povo, e disse: Eis aqui o sangue da aliança que o<br />
SENHOR fez convosco a respeito de todas estas palavras”<br />
(Êxodo 24:1 – 8).<br />
É muito certo que a memória do autor não foi inteiramente<br />
fiel nesta evocação. Introduz bezerros, bodes, escarlate e<br />
hissopo que provêm do ritual do dia da expiação porque<br />
este dia estava tão gravado em sua mente. Fala da<br />
aspersão de um tabernáculo que naquela época ainda não<br />
tinha sido construído; mas novamente é o tabernáculo<br />
aquele que está tão gravado em sua mente. A idéia básica<br />
sublinha que não pode ocorrer purificação alguma, que não<br />
se pode ratificar uma aliança sem aspersão de sangue. Por<br />
que deve ser assim, não sabe e não lhe é perguntado. A<br />
Escritura diz que é assim e isto lhe basta para sua<br />
argumentação. A razão provável é que na estimativa do<br />
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hebreu o sangue é a vida e esta é a coisa mais preciosa do<br />
mundo. O homem deve oferecer a Deus a coisa mais<br />
preciosa da vida.<br />
A conclusão geral sobre este tema é que, de acordo com a<br />
lei, quase todas as coisas [...] se purificam com sangue. A<br />
palavra “quase” (Schedon – σχεδὸν) qualifica a declaração<br />
inteira e tem o significado de “quase se pode dizer” como<br />
se fosse uma declaração geral que se aplicava na maioria<br />
dos casos. Alguns ritos judaicos de purificação eram feitos<br />
através da água ou através do fogo, mas os mais<br />
significantes eram através de sacrifícios que envolviam o<br />
derramamento do sangue de uma vítima. Vale notar que as<br />
palavras “com sangue” (tō haimati – τῷ αἵματι) podem ser<br />
traduzidas “em sangue”, como a esfera em que a<br />
purificação é feita. Todas as coisas (panta – πάντα),<br />
embora traduza uma palavra neutra, visa incluir as pessoas<br />
bem como os objetos, os sacerdotes e a congregação<br />
igualmente. A declaração final aqui — sem derramamento<br />
de sangue não há remissão – é baseada na declaração de<br />
Levítico 17:11. Resume o propósito dos sacrifícios com<br />
sangue de acordo com a Lei. O derramamento de sangue<br />
indica a morte do animal e o derramamento cerimonial do<br />
seu sangue subentende mais do que a doação da vida. Sua<br />
eficácia reside na aplicação do sangue. Desta maneira, o<br />
escritor está edificando uma explicação da necessidade da<br />
morte de Cristo. Deve ser notado que Levítico 5:1 faz uma<br />
exceção no caso de extrema pobreza, quando, então, uma<br />
décima parte de uma efa de farinha fina é aceita como<br />
oferta pelo pecado. Mas esta é uma concessão e não anula<br />
o princípio que ainda está ali na intenção. Podemos<br />
entender perfeitamente essa exceção como a misericórdia<br />
de Deus, hoje manifestada pelo Sangue de Cristo que<br />
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continuamente purifica-nos de toda a nossa pobreza moral,<br />
e alimenta-nos para vida, pela medida de farinha (o trigo<br />
que foi moído) o pão da vida que foi partido (o Sacrifício de<br />
Cristo) por nós em oferta, pois verdadeiramente Cristo é<br />
comida e bebida.<br />
“Eu sou o pão da vida [...]. Pois a minha carne é verdadeira<br />
comida, e meu sangue é verdadeira bebida” – João 6:48,<br />
55.<br />
Entretanto, esta era uma oferta de sangue limitada em sua<br />
eficácia, por isso tinha que ser oferecida repetidamente.<br />
Este foi o prenúncio do sacrifício a ser oferecido de “uma<br />
vez por todas” por Jesus na cruz Hebreus 7:27. Uma vez<br />
que o sacrifício foi feito, não havia mais a necessidade do<br />
sangue de touros e cabras.<br />
Aqui o autor pensa ainda na suprema eficácia do sacrifício<br />
de Jesus, e começa com um vôo de pensamento que até<br />
para um escritor tão aventureiro como ele é surpreendente.<br />
Lembremos novamente seu pensamento básico. O culto<br />
deste mundo é uma pálida cópia do culto real. Neste<br />
mundo há um culto que pode brindar ao homem uma<br />
sombra da verdadeira comunhão com Deus; no mundo<br />
vindouro há um culto pelo qual o homem conhecerá<br />
realmente a Deus. Agora, o autor diz que neste mundo os<br />
sacrifícios levíticos estavam destinados a purificar os<br />
meios de culto. Por exemplo, os sacrifícios do Dia da<br />
Expiação purificavam o tabernáculo, o altar, o lugar santo;<br />
e agora ele continua dizendo que a obra de Cristo purifica<br />
não só a Terra, mas também o céu. Tem a tremenda idéia<br />
de que a obra de Cristo tem efeito tanto no céu como na<br />
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Terra. Tem-se o quadro de uma espécie de redenção<br />
cósmica que purificou todo o universo visível e invisível.<br />
Continua sublinhando de novo o modo em que a obra e o<br />
sacrifício de Cristo são supremos.<br />
(1) Jesus não entrou num lugar santo humano, feito pelo<br />
homem; entrou na presença de Deus no céu. O que Jesus<br />
nos concede não é a entrada numa igreja, mas sim a<br />
entrada à presença de Deus. Temos que pensar no<br />
cristianismo não em termos de sermos membros da Igreja,<br />
mas em termos de uma íntima comunhão com Deus.<br />
(2) Cristo entrou na presença de Deus não por si mesmo,<br />
mas por nós. Sua entrada na presença de Deus não foi<br />
para sua glória e exaltação, senão para nos abrir o<br />
caminho; para estar na própria presença de Deus e<br />
defender nossa causa. Em Cristo existe o maior paradoxo<br />
do mundo: a da maior glória e a do maior serviço ao mesmo<br />
tempo; a de alguém por quem o mundo existe e que existe<br />
para o mundo; a do Rei eterno e do eterno Servo.<br />
(3) O sacrifício de Cristo se fez e não precisa ser realizado<br />
de novo. O ritual do Dia da Expiação devia repetir-se<br />
anualmente fazendo-se expiação pelo que bloqueava o<br />
caminho a Deus. Mas o sacrifício de Cristo jamais precisa<br />
ser repetido. O caminho a Deus fica aberto para sempre e<br />
jamais pode ser fechado de novo. Os homens são sempre<br />
pecadores e o serão, mas isto não significa que Cristo deva<br />
continuar oferecendo-se a si mesmo indefinidamente. O<br />
caminho está aberto de uma vez para sempre. Podemos<br />
sobre este ponto traçar uma pálida analogia. Há coisas que<br />
só precisam ser feitas uma só vez, e um novo caminho que<br />
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nunca tem que ser fechado, permanece aberto para<br />
sempre.<br />
Tomemos o caso da técnica cirúrgica. Durante muito tempo<br />
muitas operações cirúrgicas foram impossíveis; certo dia<br />
algum cirurgião encontrou o modo de salvar as<br />
dificuldades. Desde esse momento o caminho está aberto<br />
a todos os cirurgiões; a mesma cura está ao alcance de<br />
todos os que padecem da enfermidade. De uma vez para<br />
sempre o caminho está aberto. Podemos também<br />
expressá-lo de outra maneira: Ao que Cristo fez em favor<br />
dos homens pecadores para abrir e manter aberto o<br />
caminho ao amor de Deus ninguém jamais precisará<br />
acrescentar nada.<br />
Finalmente o autor traça um paralelo entre a vida do<br />
homem e a vida de Cristo.<br />
(1) O homem morre e logo vem o juízo. Agora, para o grego<br />
isto constituía em si um sobressalto. Em geral o grego<br />
pensava que o homem morria e assim chegava a seu fim<br />
“Uma vez que a terra bebe o sangue do homem”, dizia<br />
Esquilo, “morre de uma vez para sempre e não há<br />
ressurreição”.<br />
Eurípides diz: “Não pode ser que o morto vá à luz”. “Porque<br />
a única perda é esta: que nunca o mortal volta a provar de<br />
novo; jamais a vida do homem apesar da riqueza pode ser<br />
ganha de novo”.<br />
Como Homero faz Aquiles dizer quando chega ao mundo<br />
das sombras: “Prefiro viver sobre a Terra como um<br />
assalariado, como um homem sem terra, de escassos<br />
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meios de vida, que tendo domínio sobre todos os mortos<br />
que não existem mais”.<br />
Um singelo epitáfio grego diz:<br />
“Adeus, tumba de Melite! Aqui jaz a melhor das mulheres,<br />
que amou a seu amante marido Onésimo; você foi a mais<br />
excelente, por isso ele sente saudades depois de sua<br />
morte; porque foi a melhor das esposas. Adeus também a<br />
você, mui querido esposo, somente ama a meus filhos”.<br />
Como G. Lowes Dickinson percebe, no grego, frente à<br />
morte a primeira e a última palavra deste epitáfio é “Adeus!”<br />
A morte era o fim. Quando Tácito paga tributo com uma<br />
biografia ao grande Agrícola só pode terminar com um “se”.<br />
“Se houver uma morada para os espíritos dos justos; se,<br />
como dizem os sábios, as almas não perecem com o corpo,<br />
que descanse em paz”.<br />
“Se” for à única palavra. Marco Aurélio pode dizer que<br />
quando um homem morre e sua centelha volta a perder-se<br />
em Deus tudo o que fica é “pó, cinzas, ossos e fedor”. O<br />
significativo desta passagem de Hebreus é a convicção<br />
básica de que o homem ressuscitará; esta é parte da<br />
certeza do credo cristão; e a advertência básica é que<br />
ressuscita para o juízo.<br />
(2) Com Cristo é diferente — Cristo morre, ressuscita e<br />
volta; vem não para ser julgado, senão para julgar. A Igreja<br />
primitiva jamais esqueceu a esperança na segunda vinda.<br />
Vibrava através de sua fé. Mas devemos notar algo: para o<br />
não crente tratava-se de um dia de espanto, como o<br />
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expressa Enoque quando fala do dia do Senhor<br />
escrevendo antes da vinda de Cristo: “Para todos vós que<br />
sois pecadores não há salvação, mas sim sobre todos vós<br />
sobrevirá. a destruição e a maldição”. De algum modo terá<br />
que vir a consumação. Se neste dia Cristo vier como<br />
amigo, então só pode tratar-se de um dia de glória; se vier<br />
como um estranho ou como alguém a quem consideramos<br />
inimigo, só poderá tratar-se de um dia de juízo. O homem<br />
pode olhar o fim das coisas com alvoroçada expectativa ou<br />
com um terror assustador. O que faz a diferença é a<br />
relação do coração com Cristo.<br />
O sangue de Cristo é à base da Nova Aliança. Na noite<br />
antes de ir para a cruz, Jesus ofereceu o cálice de vinho<br />
aos discípulos e disse: “Este cálice é a nova aliança no meu<br />
sangue, derramado em favor de vocês” – Lucas 22:20.<br />
Derramar o vinho na taça simbolizava o sangue de Cristo<br />
que seria derramado por todos os que chegariam a crer<br />
nEle. Quando derramou o Seu sangue na cruz, Jesus<br />
acabou com a exigência da Antiga Aliança para o contínuo<br />
sacrifício de animais. Isso se deu ao fato de que esse<br />
sangue não era suficiente para cobrir os pecados do povo,<br />
exceto em caráter temporário, transitório porque o pecado<br />
contra um Deus Santo e infinito requer um sacrifício Santo<br />
e infinito. “Contudo, esses sacrifícios são uma recordação<br />
anual dos pecados, pois é impossível que o sangue de<br />
touros e bodes tire pecados” Hebreus 10:3, 4. Embora o<br />
sangue de touros e cabras tenha sido um lembrete do<br />
pecado, o precioso sangue de Cristo, um cordeiro sem<br />
mancha ou defeito (1 Pedro 1:19) pagou por completo a<br />
dívida que devíamos a Deus pelos nossos pecados, pela<br />
nossa rebelião e não precisamos de nenhum outro<br />
sacrifício pelo pecado. Jesus disse: “Tudo está<br />
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consumado” quando estava morrendo e foi exatamente<br />
isso o que quis dizer, que todo o trabalho de resgate foi<br />
concluído para sempre, “ele entrou no Santo dos Santos,<br />
uma vez por todas, e obteve eterna redenção” por nós (cf.<br />
Hebreus 9:12). (cf. NOTA).<br />
NOTA: Westcott estabelece quatro modos nos quais o<br />
sacrifício de Jesus difere dos sacrifícios de animais do<br />
antigo pacto.<br />
(1) O sacrifício de Jesus é voluntário. Um animal morre<br />
porque tem que morrer; Jesus escolheu a morte. O animal<br />
lhe é tirado à vida; Jesus deu sua vida. O sacrifício de<br />
Jesus não foi uma exigência forçada, mas sim entregou<br />
voluntariamente a vida por seus amigos.<br />
(2) O sacrifício de Jesus foi espontâneo. O sacrifício de um<br />
animal fazia-se de acordo com as prescrições e<br />
ordenanças da Lei, era inteiramente produto da Lei; o<br />
sacrifício de Jesus é inteiramente produto do amor.<br />
Pagamos a dívida a um comerciante porque devemos fazêlo,<br />
mas damos um presente aos que amamos porque<br />
desejamos fazê-lo. Não é a Lei, mas sim o amor o que está<br />
por trás do sacrifício de Jesus.<br />
(3) O sacrifício de Jesus foi racional. A vítima animal não<br />
sabia o que sucedia ou o que se fazia, não pensava nem<br />
raciocinava. Jesus sabia todo o tempo o que estava<br />
fazendo. Morreu não como vítima ignorante apanhada por<br />
circunstâncias que não controla nem entende, mas com os<br />
olhos abertos sabendo de onde vinha, aonde ia e o que<br />
estava fazendo.<br />
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(4) O sacrifício de Jesus foi moral. O sacrifício de animais<br />
era mecânico: o ritual era levado a cabo de acordo com a<br />
norma estabelecida. As engrenagens das prescrições<br />
moíam sua rotina. O sacrifício de Jesus se fez como o<br />
expressa o autor, mediante o espírito eterno. Não foi um<br />
mecanismo legal o que operou no sacrifício de Jesus, mas<br />
sim o Espírito de Deus. O que aconteceu no Calvário não<br />
foi o cumprimento automático de algum ritual, mas sim<br />
porque a vontade de Jesus obedecia à vontade divina em<br />
favor dos homens, atrás dEle não estava o mecanismo da<br />
Lei, mas sim a decisão do amor.<br />
“O sangue de Cristo não somente redime os crentes do<br />
pecado e do castigo eterno, mas purifica a consciência de<br />
atos que levam à morte, de modo que todos possam servir<br />
de forma temente ao Deus vivo”. (Hebreus 9:14).<br />
Isto significa que não só estamos agora livres de oferecer<br />
sacrifícios que são “inúteis” para obter a salvação, mas<br />
somos livres de confiar em obras inúteis e improdutivas da<br />
carne para agradar a Deus. Porque o sangue de Cristo nos<br />
redimiu, somos agora novas criaturas em Cristo (2<br />
Coríntios 5:17) e pelo Seu sangue somos libertos do<br />
pecado para servir ao Deus vivo, para glorificá-lo e<br />
desfrutá-lo para sempre.<br />
Em João 19:34, 35 Um dos soldados perfurou seu lado com<br />
uma lança, e imediatamente saiu sangue e água. Isto foi<br />
evidenciado por aquele que viu o ocorrido. Apocalipse 5:9<br />
“Com seu sangue compraste homens para Deus”.<br />
Qual é o seu preço? Pensemos por um momento. A<br />
parábola sobre carros.<br />
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Se eu colocar um carro a venda, achar que ele vale sete<br />
mil reais e receber ofertas de dois mil a nove mil reais,<br />
quanto vale meu carro?<br />
O preço da menor oferta de dois mil reais? Não. Num<br />
mercado livre, o carro vale não o valor que à pessoa<br />
oferece, mas o quanto que esta pessoa está disposta a<br />
pagar. Ou seja, o valor que a pessoa oferece ao carro, e o<br />
compra, é o valor do carro.<br />
As pessoas são “comercializadas” em um mercado<br />
espiritual e eterno. Nós não valemos o que achamos que<br />
valemos e também não temos o valor da menor oferta. Nós<br />
valemos o quanto à pessoa que oferece mais alto quer<br />
pagar. Deus é quem ofereceu o “preço” mais alto, e o<br />
“preço” da etiqueta é a Cruz. Deus olhou através das eras<br />
eternas e disse, “Eu quero aquele lá, mesmo que o preço<br />
seja exorbitante!” Nosso valor é estabelecido de uma vez<br />
por todas e nunca mudará nem diminuirá. Deus apresentou<br />
a melhor oferta e pagou o “preço” mais alto. E o que deixa<br />
esse preço exorbitante em relação ao “produto”, é que os<br />
“produtos” (os homens) são todos defeituosos fadados à<br />
destruição, e sem nenhum valor. É como se<br />
comprássemos uma dúzia de banana apodrecida no valor<br />
de um milhão de reais. Mas esse foi o nosso preço. A cruz<br />
não é um símbolo de quanto somos valiosos, mas de<br />
quanto somos depravados, maus e carentes da glória de<br />
Deus, pois custou a vida do único Filho de Deus. Jesus o<br />
Cristo.<br />
Mateus 10:29, 30 “Não se vendem dois pardais por uma<br />
moedinha? Contudo, nenhum deles cai no chão sem o<br />
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consentimento do Pai de vocês. Até os cabelos da cabeça<br />
de vocês estão todos contados. Então, não tenham medo;<br />
vocês valem mais do que muitos pardais!”. 1 Pedro 1:18,<br />
19 “Mas vocês tem que ver que vocês foram resgatados do<br />
jeito fútil do seu viver, passado através de suas tradições,<br />
não com pagamento em dinheiro desse mundo. Não, o<br />
preço na verdade foi o sangue de Cristo, o cordeiro<br />
sacrificial, sem defeito e sem mancha”.<br />
“Vocês foram redimidos por um preço tremendo” – 1<br />
Coríntios 7:23.<br />
Fomos vendidos! “Redenção” é uma palavra tomada do<br />
mercado de escravos, a idéia básica é a de se obter<br />
liberdade através do pagamento de um resgate. Isso é<br />
suficiente a você?<br />
João 19:30 “Quando, pois, Jesus tomou o vinagre, disse:<br />
Está consumado! E, inclinando a cabeça, rendeu o<br />
espírito”.<br />
Nos comentários Bíblicos, “Tetelestai” é a palavra grega<br />
usada para a frase “está consumado”. Recibos de impostos<br />
em papiro foram encontrados com a palavra grega<br />
“Tetelestai” escrita neles, o que significa “liquidado”. [...] e<br />
cancelou a escrita de dívida, que consistia em ordenanças,<br />
e que nos era contrária. Ele a removeu, pregando-a na cruz<br />
[...]. Colossenses 2:14.<br />
Nós somos possessão de Deus, Imagine-se vestindo uma<br />
camiseta na qual está escrito bem grande e em vermelho:<br />
“Vendido. Desculpe-nos, não estamos aceitando mais<br />
ofertas!”. Vendido para aquele que pagou mais, assim<br />
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somos nós, não podemos baratear nossa fé nem nossa<br />
vida cristã por esse mercado da fé que se encontra no seio<br />
da igreja, fomos comprados por um preço exorbitante,<br />
extravagante e infinitamente superior a tudo, e todos do<br />
universo de nossa esfera, que nenhuma, de todas as<br />
ofertas desse mundo pode comprar-nos.<br />
“Aquele que nos ama, que nos libertou de nossos pecados<br />
pelo preço de Seu sangue” – Apocalipse 1:5.<br />
Já que Jesus nos comprou com Seu sangue, devemos<br />
perceber que na realidade não temos controle sobre a<br />
nossa vida. Fomos comprados, e estamos agora sob o<br />
Senhorio de nosso novo Mestre. Você não pode servir a<br />
outros mestres somente aquele ao qual lhe comprou,<br />
entende? (1 Coríntios 7:23; Mateus 6:24; cf. Gálatas 1:10;<br />
1 Timóteo 6:17; 1 João 2:15).<br />
1 Coríntios 6:19 – 20 “Vocês não são donos de seus<br />
próprios corpos”. E em outras traduções “Vocês não são<br />
de si mesmos; vocês foram comprados por alto preço”,<br />
“Vós não sois propriedades de si mesmos; fostes<br />
comprados e pagos”.<br />
E porque fomos comprados? 1 Coríntios 6:18 – 20 “Fugi da<br />
fornicação. Qualquer outro pecado que o homem comete é<br />
fora do corpo, mas o fornicador peca contra seu próprio<br />
corpo. Vocês não sabem que seu corpo é o templo do<br />
Espírito Santo, e que o Espírito é o dom de Deus para<br />
vocês? Vocês não pertencem a si mesmos; foram<br />
comprados por um preço. Portanto, honrem Deus em seu<br />
corpo”. [...] que se entregou por nós a fim de nos remir de<br />
toda maldade e purificar para si mesmo um povo<br />
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particularmente seu, dedicado à prática de boas obras –<br />
Tito 2:14. (cf. Efésios 1:4 – 6; 2 Timóteo 1:9, 10; Tiago 2:17,<br />
20 – 23).<br />
Apocalipse 5:9 – 10 “E eles cantavam um cântico novo: Tu<br />
és digno de receber o rolo e de abrir os seus selos, pois<br />
foste morto, e com teu sangue compraste para Deus<br />
homens de toda tribo, língua, povo e nação. Tu os<br />
constituíste reino e sacerdotes para o nosso Deus, e eles<br />
reinarão sobre a terra”. Efésios 1:13, 14 [...] Nele, quando<br />
vocês ouviram e creram na palavra da verdade, o<br />
evangelho que os salvou, vocês foram selados com o<br />
Espírito Santo da promessa. Ele é a garantia da nossa<br />
herança até a redenção daqueles que pertencem a Deus,<br />
para o louvor da sua glória.<br />
Apocalipse 12:11 declara: “Nossos irmãos ganharam<br />
vitória sobre Satanás por causa do sangue do Cordeiro, e<br />
pela verdade que proclamaram; e eles estavam dispostos<br />
a entregar suas vidas e morrer”. Romanos 14:8 “Porque,<br />
se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o<br />
Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos,<br />
somos do Senhor”. Filipenses 1:29 “Porque a vós vos foi<br />
concedido, em relação a Cristo, não somente crer nEle,<br />
como também padecer por Ele”. Você entende porque foi<br />
comprado? Não é mais para viver seus desejos, mas para<br />
viver a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.<br />
(Romanos 12:1, 2).<br />
Já que Deus nos comprou pelo sangue precioso de Cristo,<br />
Somos escravos de Deus? Uma frase responde essa<br />
pergunta: Eu pertenço a Jesus. Ele tem que ter o direito de<br />
me usar sem me consultar. Se Cristo nos comprou Ele tem<br />
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o direito de nos usar da maneira que quiser, isso é muito<br />
difícil da mente entender e processar, pois, são muitos os<br />
cristãos que reclamam dos desígnios de Deus, mas pense<br />
um pouco! Se comprarmos algo, usaremos da maneira que<br />
queremos, para Deus não pode ser diferente.<br />
Romanos 6:20 – 22 “Porque, quando éreis escravos do<br />
pecado, estáveis isentos em relação à justiça. Naquele<br />
tempo que resultados colhestes? Somente as coisas de<br />
que agora vos envergonhais; porque o fim delas é morte.<br />
Agora, porém, libertados do pecado, transformados em<br />
servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação,<br />
e por fim a vida eterna; porque o salário do pecado é a<br />
morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em<br />
Cristo Jesus nosso Senhor”.<br />
Romanos 6:23 declara: “O pecado paga seus servos: o<br />
salário é a morte. Mas Deus dá àqueles que o servem, seu<br />
dom gratuito é a vida eterna através de Jesus Cristo nosso<br />
Senhor”. Nós somos escravos que receberemos uma<br />
grande recompensa de nosso Senhor, não é incrível o que<br />
Cristo fez por nós, pagou nossa dívida e ainda nos dará a<br />
maior das recompensas, a vida eterna!<br />
Lembre-se sempre do preço, nunca esqueça. [...] sendo<br />
justificados gratuitamente por sua graça, por meio da<br />
redenção que há em Cristo Jesus. Deus o apresentou<br />
como sacrifício para propiciação mediante a fé, pelo Seu<br />
sangue [...]. Romanos 3:24, 25. Por isso não podemos<br />
fazer da fé algo de caráter comercial, ou imoral, como<br />
muitos fazem com, e pelo nome de Cristo. Não seja<br />
participante de movimentos que não proclamem o Cristo<br />
crucificado, sua morte, ressurreição e ascensão. Não<br />
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podemos fazer parte de movimentos que não combatam o<br />
pecado, não bradem a justiça e o juízo de Deus. A Igreja<br />
de Cristo deve ser combatente e vigilante, em muitas das<br />
igrejas que se dizem de Cristo, existe o espírito idólatra de<br />
Judas Iscariotes, que certamente é regido por Satanás (o<br />
espírito imundo do anticristo; cf. 1 João 2:18 – 25; 1 João<br />
4:1 – 6). Judas Iscariotes foi o primeiro dos discípulos a ver<br />
Cristo como uma fonte de lucro. Hoje temos muitos outros<br />
dispostos a fazer o mesmo (Lucas 22:3 – 6), e a justiça de<br />
Deus se manifestará, a Santa ira de Deus será derramada,<br />
e administração do último julgamento será por Ele, Jesus<br />
redentor e juiz dos vivos e mortos (Atos 10:42, 43). Que<br />
Judas seja o nosso maior exemplo para não entrarmos<br />
nesse evangelicalismo contemporâneo, e assim<br />
tremermos diante de Deus, nosso Pai e Senhor em<br />
obediência, e consequentemente em santificação,<br />
separados do mundo e para Deus.<br />
Colossenses 1:14 diz [...] foi Ele que comprou nossa<br />
liberdade com Seu sangue e perdoou nossos pecados. E<br />
não objetos sagrados, dízimos, livros, títulos acadêmicos e<br />
outras coisas, Jesus Cristo é a fonte de todas as<br />
maravilhas e bênçãos que rebemos pelo Pai por meio de<br />
Seus méritos infinitos. Somos salvos pela graça, e<br />
abençoados pela graça (Efésios 2:5, 8, 15 – 22; cf. Marcos<br />
11:22 – 24).<br />
Atos 2:28 diz: “E agora, cuidado! Alimentem e pastoreiem<br />
o rebanho de Deus, a igreja, que foi comprada com Seu<br />
sangue, pois, o Espírito Santo os considera responsáveis<br />
como pastores”. O apóstolo Paulo escrevendo aos Efésios<br />
1:7 diz: “Nele temos a redenção por meio de Seu sangue,<br />
o perdão dos pecados, de acordo com as riquezas da graça<br />
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de Deus”. O autor aos Hebreus 10:29 também escreve:<br />
“Então, o que acontecerá com os que desprezam o Filho<br />
de Deus, e consideram como coisa sem valor o sangue do<br />
acordo de Deus, que os purificou? E o que acontecerá com<br />
quem insulta o Espírito do Deus que o ama? Imaginem<br />
como será pior ainda o castigo que essa pessoa vai<br />
merecer!”.<br />
Somos protegidos pelo sangue? Sim!<br />
Êxodo 12:7, 12, 13 declara: “Tomarão do sangue e o porão<br />
em ambos os umbrais, e na verga da porta, nas casas em<br />
que o comerem [...]. Porque naquela noite passarei pela<br />
terra do Egito, e ferirei na terra do Egito todos os<br />
primogênitos, desde os homens até os animais; executarei<br />
juízo sobre todos os deuses do Egito: Eu sou o Senhor. O<br />
sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes:<br />
vendo eu sangue, passarei por vós, e não haverá entre vós<br />
praga destruidora, quando eu ferir a terra do Egito”.<br />
O apóstolo Paulo ratifica em Romanos 5:9 “Logo muito<br />
mais agora, sendo justificados pelo Seu sangue, seremos<br />
por Ele salvos da ira”.<br />
Fomos comprados em termos de que contrato? Um novo<br />
contrato, acordo ou pacto nos “redime” de nosso mestre<br />
anterior, de nosso contrato anterior “a Lei e o pecado”,<br />
somos livres desse contrato que foi ab-rogado por ser fraco<br />
antiquado, velho e inútil. Caducado. (Hebreus 7:18; 8:13;<br />
cf. 1 Coríntios 11:23 – 25).<br />
Êxodo 24:8 “Então tomou Moisés aquele sangue e o<br />
aspergiu sobre o povo, e disse: Eis aqui o sangue da<br />
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aliança que o Senhor fez convosco a respeito de todas<br />
estas palavras”. Jeremias 31:31, 34 “Eis ai vem dias, diz o<br />
Senhor, e firmarei nova aliança com a casa de Israel [...].<br />
Pois perdoarei as suas iniquidades, e dos seus pecados<br />
jamais me lembrarei”. Isaías 53:5 [...] Ele foi transpassado<br />
pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas<br />
iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele,<br />
e pelas suas pisaduras fomos sarados. O apóstolo Pedro<br />
continua: 1 Pedro 2:24, 25 “Ele mesmo levou em Seu corpo<br />
os nossos pecados sobre o madeiro, a fim de que<br />
morrêssemos para os pecados e vivêssemos para a<br />
justiça; por Suas feridas vocês foram curados. Pois vocês<br />
eram como ovelhas desgarradas, mas agora se<br />
converteram ao Pastor e Bispo de suas almas”.<br />
Hebreus 8:13 declara: “Chamando nova esta aliança, Ele<br />
tornou antiquada a primeira; e o que se torna antiquado e<br />
envelhecido, está a ponto de desaparecer”.<br />
“O amado Filho se fez maldito, para que os malditos<br />
fossem feitos filhos amados”.<br />
O sangue purificador, Hebreus 9:15 – 22 declara: “Cristo é,<br />
consequentemente, o administrador de um acordo<br />
totalmente novo, tendo o poder, pela virtude da Sua morte,<br />
para redimir as transgressões cometidas sob o primeiro<br />
acordo [...]. Pois, assim como no caso de um testamento,<br />
o acordo é valido somente após a morte. Enquanto o<br />
testador (a pessoa a quem se refere o testamento) viver, o<br />
testamento não tem poder legal. E, na verdade, vemos que<br />
mesmo o primeiro acordo do testamento de Deus foi<br />
sancionado com o derramamento de sangue [...]. Este é o<br />
sangue do acordo que Deus fez com vocês. E vocês verão<br />
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que na Lei quase todas as coisas são purificadas por meio<br />
de sangue, isto está implícito em vários lugares; Sem<br />
derramamento de sangue não há remissão de pecado”.<br />
Temos Vida no sangue de Cristo, Levíticos 17:11 “Pois a<br />
vida da carne está no sangue; porquanto é o sangue que<br />
fará expiação pela alma”.<br />
O que é mais real e permanente: o mundo que vemos ou o<br />
mundo espiritual?<br />
Qual é o mistério do qual participamos? Que verdade está<br />
sendo revelada nos elementos da Comunhão (Ceia)?<br />
Devemos pensar nisso não uma vez no mês como se<br />
acontece atualmente, mas em cada segundo de nossas<br />
vidas. João 6:41 – 60 declara: “Com isso, os judeus<br />
começaram a murmurar contra Ele [...]. Não é este Jesus,<br />
o filho de José, cujos os pais conhecemos? Como Ele pode<br />
dizer, Eu desci do céu? Jesus respondeu e disse, Eu<br />
mesmo Sou o pão da vida. Seus pais comeram maná no<br />
deserto, E eles morreram! [...]. O pão que dou a vocês é o<br />
meu próprio corpo e eu o darei pela vida do mundo<br />
(Homens)”. Isto levou os judeus a discutir acirradamente e<br />
alguns deles disseram: Como pode esse homem nos dar<br />
seu corpo para o comermos? Então Jesus lhes disse: A<br />
não ser que vocês comam o corpo do Filho do Homem e<br />
bebam Seu sangue, eu asseguro que vocês não têm vida.<br />
O homem que comer o meu corpo e beber meu sangue tem<br />
vida eterna e eu o ressuscitarei quando o último dia vier.<br />
“Pois, o meu corpo é verdadeira comida e meu sangue é<br />
verdadeira bebida”. Muitos de seus discípulos ouviram<br />
dizer estas coisas e comentaram, “Este ensinamento é<br />
muito duro; quem pode aceitá-lo?”. “Bebam isso, todos<br />
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vocês, pois é o meu sangue, o sangue do novo acordo<br />
derramado para libertar muitos de seus pecados” (Mateus<br />
26:27, 28). Nos evangelhos de Marcos e Lucas (sinóticos),<br />
respectivamente 14:24; 22:20: “Jesus disse: Este é meu<br />
sangue que é derramado para muitos, meu sangue que<br />
sela a aliança de Deus – Este cálice é a nova aliança<br />
ratificada pelo meu sangue, que está sendo derramado por<br />
vocês”. (cf. 1 Coríntios 11:25; 1 Coríntios 10:16).<br />
O sangue nos leva para perto de Deus, Colossenses 1:19<br />
– 23 “Pois foi do agrado de Deus que nEle habitasse toda<br />
a plenitude, e por meio dEle reconciliasse consigo todas as<br />
coisas, tanto as que estão na terra quanto as que estão no<br />
céu, estabelecendo a paz pelo Seu sangue derramado na<br />
cruz”. Antes vocês estavam separados de Deus e, em suas<br />
mentes, eram inimigos por causa do mau procedimento de<br />
vocês. Mas agora Ele os reconciliou pelo corpo físico de<br />
Cristo, mediante a morte, para apresentá-los diante dEle<br />
santos, inculpáveis e livres de qualquer acusação, desde<br />
que continuem alicerçados e firmes na fé, sem se deixar<br />
afastar da esperança do evangelho. Este é o evangelho<br />
que vocês ouviram e que tem sido proclamado a todos os<br />
que estão debaixo do céu, do qual eu, Paulo, me tornei<br />
ministro.<br />
O Novo Testamento. Hebreus 9:12 declara o fundamento<br />
eterno “Não por meio de sangue de bodes e novilhos, mas<br />
pelo Seu próprio sangue entrou no Santo dos Santos, uma<br />
vez por todas, e obteve eterna redenção”. (v. 14) Quanto<br />
mais, então, o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno<br />
se ofereceu de forma imaculada a Deus, purificará a nossa<br />
consciência de atos que levam à morte, de modo que<br />
possamos servir ao Deus vivo.<br />
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Jó 33:29 diz: “Deus redimiu a minha alma de ir para a cova;<br />
e a minha vida verá a luz”. O apóstolo João em sua primeira<br />
epístola (1:7) declara: “Se, porém, andarmos na luz, como<br />
Ele está na luz, temos comunhão uns com os outros, e o<br />
Sangue de Jesus, Seu Filho, nos purifica de todo pecado”.<br />
(cf. Hebreus 10:22; Efésios 2:13; Hebreus 12:23, 24).<br />
CONCLUSÃO<br />
Glorificado seja a Deus por toda a eternidade, e que o Seu<br />
nome seja santificado e honrado sobre a terra como é<br />
honrado e santificado no céu, por Ele ter dado, oferecido<br />
aos homens o Seu único Filho, que é digno de toda a<br />
adoração, para assim, louvarmos ao Deus Trino por toda<br />
nossa vida durante a terra e pela eternidade, por um amor<br />
imensurável, inefável e que em conjunto fez-se obra em<br />
nosso favor, e por isso somos vivos e agraciados sem<br />
merecermos tão grande favor, agora verdadeiramente<br />
temos vida, e gozaremos de uma vida abundante ligados a<br />
Deus, e como amigos de Deus, como digo, que cada mexer<br />
de dedos, cada sorriso e cada lágrima, cada ação e reação<br />
de nossas vidas seja para glória de nosso Senhor Jesus<br />
Cristo. Porque dEle, e por Ele, e para Ele são todas as<br />
coisas – glória, glória, glória, pois, a Ele eternamente.<br />
Amém! Obrigado Jesus Cristo, por ter derramado o Seu<br />
sangue real por mim, um mísero pecador e um desprezível<br />
homem, convertido por Seu poder, e lutando por Seu poder<br />
pela conversão de uma carne pagã. Que Deus nos ajude<br />
pelo sangue de Seu Filho amado, a saber, o Cordeiro<br />
imolado e imaculado de Deus que tirou o pecado do mundo<br />
(dos homens). Amém.<br />
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CRISTO – O VERDA<strong>DE</strong>IRO EVANGELHO<br />
“E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo<br />
do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo<br />
qual devamos ser salvos [...]. Porque há um só Deus e um<br />
só Mediador entre Deus e o ser humano, Cristo Jesus,<br />
homem” – Atos 4:12; 1 Timóteo 2:15.<br />
O verdadeiro evangelho é a boa notícia de que Deus salva<br />
pecadores. O homem é por natureza pecador e separado<br />
de Deus, sem qualquer esperança de reparar essa<br />
situação. Entretanto, Deus providenciou o meio da<br />
redenção do homem na morte, sepultamento e<br />
ressurreição do salvador, Jesus Cristo.<br />
A palavra “evangelho” (euangeliō – εὐαγγελίῳ) significa<br />
literalmente “boas novas”; as boas novas da salvação<br />
através de Cristo; a proclamação da graça de Deus<br />
manifesta e garantida em Cristo. Entretanto, para<br />
realmente compreender quão boas essas novas são,<br />
devemos primeiramente compreender a má notícia. Como<br />
resultado da queda do homem no Jardim do Éden (Gênesis<br />
3:6), toda parte da mente do homem, sua vontade,<br />
emoções e carne, tem sido corrompido pelo pecado, o<br />
homem em sua extensão é totalmente depravado,<br />
nascendo inimigo de Deus, quebrando assim todas as<br />
Suas leis, e por esse motivo o homem nunca buscaria a<br />
Deus (Efésios 2:3; Romanos 3:23). Devido à queda, o<br />
homem é incapaz de, por si mesmo, crer de modo salvador<br />
no Evangelho. O pecador está morto, cego e surdo para as<br />
coisas de Deus. Seu coração é enganoso e<br />
desesperadamente corrupto. Sua vontade não é livre, pois<br />
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está escravizada à sua natureza má, por isso ele não irá –<br />
e não poderá jamais – escolher o bem e não o mal em<br />
assuntos espirituais. Por conseguinte, é preciso mais do<br />
que simples assistência do Espírito para se trazer um<br />
pecador a Cristo. É preciso a regeneração, pela qual o<br />
Espírito vivifica o pecador e lhe dá uma nova natureza. “A<br />
fé não é algo que o homem dá (contribui) para a salvação,<br />
mas é ela própria parte do dom divino da salvação. É o dom<br />
de Deus para o pecador e não o dom do pecador para<br />
Deus”. (cf. Salmos 51:5; Jeremias 13:23; Romanos 3:10 –<br />
12; 7:18; 1 Coríntios 2:14; Efésios 1:3 – 12; Colossenses<br />
2:11 – 13).<br />
Nós não estamos prontos para ouvir o evangelho até<br />
primeiro entender a acusação contra a humanidade, que<br />
vem até nós mesmos, culpando-nos diante de Deus. A<br />
visão da humanidade que vemos em Romanos 3:10 – 20<br />
está em rota de colisão, com tudo a nossa cultura nos diz<br />
sobre a nossa condição natural, não real. As pessoas hoje<br />
discordam profundamente com a avaliação do apóstolo<br />
Paulo acerca de nossa condição, mas não devemos nos<br />
prender ao que nós como pessoas caídas pensamos de<br />
nós mesmos. O que importa é a avaliação de nossa<br />
condição em relação à santidade de Deus, pois os nossos<br />
corações são corruptos e enganosos. “Enganoso é o<br />
coração, mais do que todas as coisas, e<br />
desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” –<br />
Jeremias 17:9.<br />
Romanos 3:19 – 26: Aqui nos deparamos outra vez com<br />
uma passagem não muito fácil de entender, mas muito rica<br />
em conteúdo quando se compreende seu verdadeiro<br />
significado.<br />
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Vejamos se podemos chegar à verdade básica escondida<br />
nele.<br />
O supremo problema da vida é: Como pode entrar o<br />
homem em uma relação correta com Deus? Como pode<br />
sentir-se em paz, tranquilo, à vontade com Deus? Como<br />
pode o homem escapar ao sentimento de alienação e<br />
medo na presença de Deus? A religião mais antiga, a<br />
religião do judaísmo, respondia: “Um homem pode<br />
alcançar a relação justa com Deus seguindo ao pé da letra<br />
o que diz a Lei. Se cumprir todas as obras da Lei, chegará<br />
a estar bem com Deus”. Mas dizer isso é o mesmo que<br />
dizer que o homem não tem possibilidade de alcançar a<br />
relação justa com Deus. Ninguém poderá nunca guardar<br />
cada um dos mandamentos da Lei. Simplesmente porque<br />
o homem é uma criatura imperfeita não pode alcançar uma<br />
obediência perfeita. Ninguém poderá jamais ser capaz de<br />
prestar um serviço perfeito à infinita perfeição de Deus.<br />
Então do que serve a Lei? A Lei serve para que o homem<br />
se dê conta do pecado. Somente quando o homem sabe o<br />
que tem que fazer, pode dar-se conta de que não o está<br />
fazendo. Só quando o homem conhece a Lei e tenta<br />
cumpri-la se dá conta de que não a está cumprindo. A Lei<br />
tem a finalidade de demonstrar ao homem sua<br />
pecaminosidade e sua fraqueza. Está, então, o homem<br />
alienado de Deus? Longe disso. Porque o caminho a Deus<br />
não é o caminho da Lei, mas o caminho da graça. Não é o<br />
caminho das obras, mas o caminho da fé.<br />
Para esclarecer o que quer dizer, Paulo utiliza três<br />
metáforas:<br />
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(1) Usa a metáfora do “tribunal”, que é a metáfora que nós<br />
chamamos justificação. Lembremos novamente que o<br />
problema é como pode o homem entrar em uma relação<br />
justa com Deus? Esta metáfora entende que o homem está<br />
em juízo perante Deus.<br />
A palavra grega que se traduz como justificar é “dikaioun –<br />
δικαιοῦν”. Todos os verbos gregos que terminam em (oun<br />
– οῦν) significam não fazer algo a alguém, mas tentar,<br />
julgar, ter em conta a alguém como algo. Se um homem se<br />
apresentar perante um juiz, e esse homem é inocente,<br />
então tratá-lo como inocente é absolvê-lo. Mas quanto a<br />
Deus e o homem, o fato é que quando o homem se<br />
apresenta perante Deus, é qualquer coisa menos inocente,<br />
é completamente culpado, e, no entanto, Deus com sua<br />
assombrosa misericórdia, trata-o, julga-o e o considera<br />
como se fosse inocente. Isto é o que significa a justificação.<br />
Quando Paulo diz “Deus justifica o ímpio”, quer dizer que<br />
Deus com sua incrível misericórdia trata o ímpio como se<br />
fosse um homem bom. Isto é o que alarmou os judeus no<br />
mais íntimo de seu ser. Para eles tratar a um homem mau<br />
como se fosse bom, apontava o juiz como corrupto. “O que<br />
justifica o ímpio e o que condena o justo abomináveis são<br />
para o SENHOR, tanto um como o outro” – Provérbios<br />
17:15. “Porque não justificarei o ímpio” (Êxodo 23:7). Mas<br />
Paulo diz que isto é precisamente o que Deus faz.<br />
Mas como posso eu saber como é Deus? Eu sei que Deus<br />
é assim porque Jesus o disse. Jesus veio para nos dizer<br />
que Deus nos ama apesar do ímpio que somos. Veio para<br />
nos dizer que pode ser que sejamos pecadores — somos<br />
pecadores — mas Deus apesar disso nos estima. Agora<br />
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tenhamos em conta que quando o descobrimos, e cremos,<br />
isso muda toda nossa relação com Deus. Estamos<br />
conscientes de nosso pecado, mas não persiste o temor,<br />
já não estamos alienados, arrependidos e entristecidos nos<br />
aproximamos a Deus, como um menino arrependido volta<br />
para sua mãe, e sabemos que o Deus a quem nos<br />
aproximamos é amor. Isto é o que significa a justificação<br />
pela fé em Jesus Cristo. Significa que estamos em uma<br />
justa relação com Deus, porque cremos de todo coração<br />
que o que Jesus Cristo disse a respeito de Deus é verdade.<br />
Já não somos mais estrangeiros temerosos de um Deus<br />
zangado. Somos filhos, filhos desencaminhados, que<br />
confiam no amor de seu Pai para alcançar o perdão. E<br />
nunca teríamos sabido isso se Jesus não tivesse vindo<br />
viver e morrer para nos dizer isso. Só sabemos quando<br />
temos absoluta confiança em que o que Jesus disse a<br />
respeito de Deus é verdade.<br />
(2) Paulo utiliza a metáfora do sacrifício. Diz de Jesus<br />
Cristo que Deus o apresentou como alguém que pode obter<br />
o perdão de nossos pecados. A palavra que Paulo usa para<br />
descrever a Jesus Cristo é a palavra grega “hilastērion –<br />
ἱλαστήριον”. A palavra provém do verbo grego que denota<br />
conciliar, literalmente significa uma conciliação ou<br />
expiação, é obter o aplacamento ou poder expiatório; em<br />
suma é a forma de conciliação ou expiação. É um verbo<br />
que tem que ver com o sacrifício.<br />
Sob o velho sistema, quando alguém quebrantava a Lei,<br />
levava a Deus um sacrifício. Sua finalidade era que o<br />
sacrifício fizesse Deus propício e afastasse assim a ira de<br />
Deus, que o sacrifício desviasse o castigo que devia cair<br />
sobre ele. Para expressá-lo de outra maneira: um homem<br />
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pecava, esse pecado o colocava em uma relação incorreta<br />
com Deus e para poder chegar a uma nova relação justa<br />
com Deus oferecia seu sacrifício. Mas toda a experiência<br />
do homem ao sacrificar animais demonstrou sua<br />
inutilidade. “Pois não te comprazes em sacrifícios; do<br />
contrário, eu os daria; e não te agradas de holocaustos”<br />
(Salmos 51:16). “Com que me apresentarei ao SENHOR e<br />
me inclinarei ante o Deus excelso? Virei perante Ele com<br />
holocaustos, com bezerros de um ano? Agradar-se-á o<br />
SENHOR de milhares de carneiros, de dez mil ribeiros de<br />
azeite? Darei o meu primogênito pela minha transgressão,<br />
o fruto do meu corpo, pelo pecado da minha alma?”<br />
(Miquéias 6:6, 7). Instintivamente os homens sentiam que<br />
uma vez que tinham pecado, o aparato do sacrifício<br />
terrestre não podia corrigir o engano. De modo que Paulo<br />
diz: “Jesus Cristo, por Sua vida de obediência e Sua morte<br />
de amor, fez o único sacrifício a Deus válido para apagar o<br />
pecado”. Paulo insiste em que o que aconteceu na cruz<br />
abre a porta de volta à justa relação com Deus, uma porta<br />
que nenhum outro sacrifício é capaz de realizar.<br />
(3) Paulo utiliza a metáfora da escravidão. Fala da<br />
libertação operada através de Jesus Cristo. A palavra é<br />
“apolytrōseōs – ἀπολυτρώσεως”, que significa resgate,<br />
redenção, libertação. Isto quer dizer que o homem estava<br />
no poder, nas garras, sob o domínio do pecado, e do qual<br />
somente Jesus Cristo pode libertá-lo.<br />
Finalmente, Paulo diz que Deus fez tudo isto porque é<br />
justo, e aceita como justos a todos aqueles que crêem em<br />
Jesus. Em toda sua vida, Paulo nunca disse nada mais<br />
surpreendente que isto. Bengel o chamou “o paradoxo<br />
supremo do evangelho”.<br />
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Pensemos no que significa.<br />
Significa que Deus é justo e aceita o pecador como um<br />
homem justo. O natural, o inevitável, seria dizer: “Deus é<br />
justo, e portanto, condena o pecador como criminoso”. Mas<br />
aqui nos encontramos com o grande e precioso paradoxo<br />
— Deus é justo, mas de algum modo, com essa graça<br />
incrível e milagrosa que Jesus veio a nos trazer, Ele aceita<br />
o pecador, não como um criminoso, mas sim como um filho<br />
a quem ainda ama. Mas qual é a essência de tudo isto?<br />
Onde está a diferença entre tudo isto e a forma de proceder<br />
da Lei antiga? Basicamente a diferença consiste nisto: o<br />
caminho da obediência à Lei tem que ver com o que o<br />
homem pode fazer por si mesmo, o caminho da graça tem<br />
que ver com o que Deus fez e pode fazer pelo homem.<br />
Paulo está insistindo em que nada do que nós possamos<br />
fazer pode ganhar o perdão de Deus, somente o que Deus<br />
fez por nós pode obtê-lo, portanto, o caminho à relação<br />
justa com Deus reside não em uma frenética e<br />
desesperada inútil tentativa de obter a absolvição por<br />
nossas obras, reside na aceitação humilde e contrita do<br />
amor e da graça que Deus nos oferece em Jesus Cristo.<br />
E Por causa da natureza pecaminosa do homem, ele não<br />
pode buscar a Deus e não o faz. Ele não tem nenhum<br />
desejo de vir a Deus e, de fato, sua mente é hostil para com<br />
Ele (Romanos 8:7). Deus declarou que o pecado do<br />
homem o condena a uma eternidade no inferno, separado<br />
de Deus. É no inferno que o homem paga a penalidade do<br />
pecado contra um Deus Santo e Justo. Isso realmente seria<br />
uma má notícia se não houvesse solução.<br />
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Nesta passagem (Romanos 8:6, 7), Paulo traça um<br />
contraste entre dois tipos de vida.<br />
“A mentalidade da carne é morte, mas a mentalidade do<br />
Espírito é vida e paz; a mentalidade da carne é inimiga de<br />
Deus porque não se submete à lei de Deus, nem pode<br />
fazê-lo”.<br />
(1) Existe a vida dominada pela natureza humana<br />
pecaminosa. A vida cujo foco e centro é o eu, a vida<br />
absorvida pelas coisas que fascinam a natureza humana<br />
pecaminosa, a vida cuja única lei são os seus próprios<br />
desejos, a vida que toma o que quer onde quer. Em<br />
diferentes pessoas esta vida será descrita de diferentes<br />
maneiras. Pode estar dominada pela paixão, ou pela<br />
luxúria, ou pelo orgulho, ou pela ambição. Sua<br />
característica é sua absorção pelas coisas sobre as quais<br />
a natureza humana sem Deus põe o seu coração.<br />
(2) Existe a vida dominada pelo Espírito de Deus. No<br />
coração do homem está o Espírito. Assim como vive no ar,<br />
vive em Cristo, nunca separado dEle. Como respira o ar, e<br />
o ar o enche, assim o cheia Cristo. Não tem uma mente<br />
própria. Cristo é Sua mente. Não tem desejos próprios, a<br />
vontade de Cristo é Sua única lei. Está dominado pelo<br />
Espírito, dominado por Cristo, focalizado em Deus.<br />
Estas duas vidas partem em direções diametralmente<br />
opostas. A vida dominada pelos desejos e pelas atividades<br />
da natureza humana<br />
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Como podemos explicar a depravação total, e a<br />
culpabilidade do pecado original no ser humano, até que<br />
ponto o pecado adâmico nos alcançou?<br />
PECADO ORIGINAL<br />
(1) O pecado original não se refere ao primeiro pecado; ao<br />
invés disso, se refere às consequências do primeiro<br />
pecado na raça humana.<br />
(2) Como resultado do primeiro pecado, toda a raça<br />
humana caiu, e por causa disso, a natureza humana por<br />
completo é influenciada pelo poder do pecado.<br />
(3) O pecado original tem a ver com a natureza caída do<br />
homem.<br />
(4) Por causa da queda, não somos pecadores porque<br />
pecamos, pecamos porque somos pecadores.<br />
A <strong>DE</strong>FINIÇÃO <strong>DE</strong> <strong>DE</strong>PRAVAÇÃO TOTAL<br />
(1) Depravação total não significa depravação absoluta;<br />
não significa que todo ser humano é tão mau quanto<br />
poderia ser.<br />
(2) Depravação total significa que a queda é tão séria que<br />
afeta a pessoa por inteiro — corpo, mente e vontade.<br />
(3) A pessoa por inteiro foi infectada e corrompida pelo<br />
poder do pecado.<br />
(4) A controvérsia se centraliza no grau de corrupção.<br />
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CORRUPÇÃO RADICAL<br />
(1) Um termo melhor do que depravação total é corrupção<br />
radical.<br />
(2) A maioria das pessoas acredita que o homem é<br />
basicamente bom e que o pecado é periférico à sua<br />
natureza.<br />
(3) A visão reformada é que a queda penetra no âmago do<br />
homem — seu coração.<br />
(4) Portanto, o que é necessário para o homem ser<br />
conformado à imagem de Cristo não é simplesmente algum<br />
pequeno ajuste ou modificação de comportamento, mas<br />
nada menos que renovação a partir de dentro —<br />
regeneração pelo Espírito Santo.<br />
(5) A única maneira de escapar dessa corrupção radical é<br />
se o Espírito Santo mudar o âmago do homem.<br />
(6) Deve-se lembrar de que até mesmo a regeneração não<br />
vence o pecado instantaneamente.<br />
(7) A erradicação total e final do pecado aguarda nossa<br />
glorificação no céu.<br />
Entretanto, no evangelho, Deus, em Sua misericórdia, tem<br />
proporcionado essa solução, um substituto para nós, Jesus<br />
Cristo o qual veio para pagar a pena pelos nossos pecados<br />
através do Seu Sacrifício na Cruz. Esta é a essência do<br />
evangelho que Paulo pregou aos Coríntios. Em 1 Coríntios<br />
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15:2 – 4, ele explica os três elementos do evangelho a<br />
morte, sepultamento e ressurreição de Cristo em nosso<br />
favor. A nossa velha natureza morreu com Cristo na cruz e<br />
foi enterrada com Ele. Fomos então ressuscitados com Ele<br />
para uma nova vida (Romanos 6:4 – 8). Paulo nos diz para<br />
“nos apegar firmemente” a este verdadeiro evangelho, o<br />
único que salva. Acreditar em outro evangelho é crer em<br />
vão. Em Romanos 1:16, 17, Paulo também declara que o<br />
verdadeiro evangelho é o “poder de Deus para a salvação<br />
de todo aquele que crê”, o que quer dizer que a salvação<br />
não é alcançada pelos esforços do homem, mas pela graça<br />
de Deus através do dom da fé (Efésios 2:8, 9).<br />
Por causa do evangelho, através do poder de Deus,<br />
aqueles que creem em Cristo (Romanos 10:9) não são<br />
apenas salvos do inferno. De fato, recebemos uma<br />
natureza completamente nova (2 Coríntios 5:17) com um<br />
coração mudado e um novo desejo, vontade, atitude que<br />
se manifestam em boas obras. Este é o fruto que o Espírito<br />
Santo produz em nós pelo Seu poder. As obras nunca são<br />
o meio de salvação, mas são a prova, são evidências de<br />
uma fé que procede e nasce do ventre das escrituras<br />
(Efésios 2:10). Aqueles que são salvos pelo poder de Deus<br />
sempre mostrarão a evidência da salvação através de uma<br />
vida transformada, e por sua vez santificada do mundo.<br />
E como acontece essa atuação da graça de Deus, em<br />
nossa salvação?<br />
A INICIATIVA DIVINA<br />
(1) Antes que uma pessoa venha a Cristo, Deus trabalha<br />
unilateralmente, monergisticamente, independentemente e<br />
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soberanamente, mudando a alma do pecador, que está por<br />
natureza morto em pecado e moralmente incapaz de<br />
ressuscitar a si mesmo. (Efésios 2:1).<br />
(2) Deus tem que dar à pessoa nova vida espiritual antes<br />
que tal pessoa tenha o poder de vir a Cristo.<br />
REGENERAÇÃO MONERGÍSTICA<br />
(1) Regeneração é uma obra que pertence apenas a Deus.<br />
(2) Tal obra repousa sobre a graça somente, e não há nada<br />
que um homem possa fazer para conquistá-la ou merecêla.<br />
(3) Jesus diz em João 6:63 – 69: “Ninguém poderá vir a<br />
mim, se, pelo Pai, não lhe for concedido”.<br />
(4) “Ninguém” é uma proposição negativa universal (oudeis<br />
– οὐδεὶς) — diz algo negativo sobre todos.<br />
(5) “Poderá” significa habilidade ou capacidade — ninguém<br />
tem a habilidade ou a capacidade de realizar a tarefa em<br />
questão.<br />
(6) “Vir a mim” significa abraçar a Cristo na fé — é isso que<br />
ninguém tem a habilidade ou a capacidade de fazer.<br />
(7) “Se [...] não” aponta para uma condição necessária que<br />
deve ser atendida antes que uma situação desejada seja<br />
realizada.<br />
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(8) “Pelo Pai não lhe for concedido” é a condição<br />
necessária — Deus tem que capacitar uma pessoa a vir a<br />
Cristo.<br />
(9) O homem perdeu a habilidade natural de vir a Cristo.<br />
E porque não temos livre-arbítrio, e porque não<br />
conseguimos ir até Cristo?<br />
A ESCRAVIDÃO DO ARBÍTRIO<br />
(1) O homem ainda faz escolhas, mas apenas de acordo<br />
com seus desejos.<br />
(2) A própria essência da liberdade é a habilidade de<br />
escolher de acordo com nossos desejos.<br />
(3) O problema é a escravidão moral.<br />
(4) Somos escravos aos nossos próprios desejos.<br />
(5) Por natureza não temos desejo por Cristo ou pelas<br />
coisas de Deus.<br />
(6) Nós livremente rejeitamos a Deus, a menos que Deus<br />
mude os desejos de nossos corações.<br />
CRISTO O ÚNICO CAMINHO PARA O CÉU<br />
SOU BASICAMENTE UMA BOA PESSOA, ENTÃO VOU<br />
PARA O CÉU?<br />
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“Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida;<br />
ninguém vem ao Pai, senão por mim”.<br />
“Sou basicamente uma boa pessoa, então vou para o Céu”<br />
“Ok? Então, eu faço algumas coisas ruins, mas faço mais<br />
coisas boas, então vou para o Céu”, “Deus não vai me<br />
enviar para o inferno só porque não vivo de acordo com a<br />
Bíblia. Os tempos mudaram!”, “Apenas pessoas realmente<br />
más como molestadores de crianças, Salteadores<br />
(Ladrões) e assassinos vão para o inferno”, “Acredito em<br />
Deus, apenas o sigo do meu próprio jeito. Todos os<br />
caminhos levam a Deus”.<br />
“Não meu amigo (a)! Nem todos os caminhos levam a<br />
Roma”.<br />
Todas estas são conclusões comuns entre a maioria das<br />
pessoas, mas a verdade é que são todas mentiras.<br />
Satanás, o qual tem poder sobre o mundo, planta estes<br />
pensamentos nas nossas mentes. Ele, e qualquer um que<br />
siga os seus caminhos, é um inimigo de Deus (1 Pedro<br />
5:8). Satanás sempre se disfarça como bom (2 Coríntios<br />
11:14), mas tem controle sobre todas as mentes que não<br />
pertencem a Deus. “[...] (Satanás), o deus deste século<br />
cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não<br />
resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual<br />
é a imagem de Deus” (2 Coríntios 4:4).<br />
É uma mentira acreditar que Deus não se importa com<br />
pecados menores e que o inferno é destinado às “pessoas<br />
más”. Todo pecado nos separa de Deus, mesmo uma<br />
“pequena mentirinha”. Todos pecaram e ninguém é bom o<br />
suficiente para ir ao céu por sua própria conta (Romanos<br />
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3:23; Efésios 2:1 – 3). Entrar no céu não se baseia no<br />
nosso bem superar o nosso mal, todos perderíamos se<br />
este fosse o caso. “E, se é pela graça, já não é pelas obras;<br />
do contrário, a graça já não é graça” – Romanos 11:6. Não<br />
há nada bom que possamos fazer para ganhar a nossa<br />
entrada no céu (Tito 3:5; Isaías 64:6, Romanos 3:9 – 31).<br />
“Entrai pela porta estreita: Porque larga é a porta, e<br />
espaçoso o caminho que conduz para a perdição, e são<br />
muitos os que entram por ela” – Mateus 7:13. Mesmo que<br />
todo mundo esteja vivendo uma vida de pecado, e crer em<br />
Deus não seja popular, Deus não vai perdoar isto. “(...) nos<br />
quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo,<br />
segundo o príncipe da potestade do ar, o espírito que agora<br />
atua nos filhos da desobediência” – Efésios 2:2. Não se<br />
engane, pois, aquele que “não crer já está condenado ao<br />
inferno” (cf. Marcos 16:16; João 3:3, 18).<br />
Quando Deus criou o mundo, este era perfeito. Tudo era<br />
bom. Então ele fez Adão e Eva, e deu-lhes o Seu próprio<br />
livre-arbítrio, de forma que teriam a escolha de seguir e<br />
obedecer a Deus ou não. No entanto, Adão e Eva, as<br />
primeiras pessoas que Deus fez, foram tentados por<br />
Satanás a desobedecer a Deus, e eles pecaram. Isto os<br />
impediu (e a todos os que vieram depois deles, incluindo a<br />
nós) de ter uma relação íntima com Deus, como já<br />
mencionado. Ele é perfeito e não pode estar no meio do<br />
pecado. Como pecadores, nós não poderíamos chegar lá<br />
pela nossa própria vontade. Então, Deus criou uma forma<br />
pela qual poderíamos estar unidos com Ele no Céu.<br />
Ratifico a única forma, fonte e meio de salvação.<br />
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“Porque Deus amou ao mundo (homens que estão no<br />
mundo, não todos) de tal maneira que deu seu Filho<br />
unigênito, para que todo que nele crê não pereça, mas<br />
tenha a vida eterna” (João 3:16). “Porque o salário do<br />
pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida<br />
eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Romanos 6:23).<br />
Jesus nasceu para que pudesse nos ensinar o caminho e<br />
morreu por nossos pecados para que não o tivéssemos de<br />
fazer. Três dias após a Sua morte, Ele ressuscitou do<br />
sepulcro, e todos os que creem são justificados diante de<br />
Deus em Sua morte e ressurreição (Romanos 4:25),<br />
provando ser vitorioso sobre a morte. Ele completou o<br />
caminho entre Deus e o homem para que este pudesse ter<br />
uma relação pessoal com Ele, precisando apenas<br />
acreditar.<br />
“E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus<br />
verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” – João 17:3.<br />
A maioria das pessoas acredita em Deus, até Satanás e os<br />
demônios acreditam (Tiago 2:19). Entretanto, para receber<br />
a salvação, é preciso se voltar para Deus, formar uma<br />
relação pessoal com Ele, voltar-se contra os nossos<br />
pecados e seguir a Ele. Devemos acreditar em Jesus com<br />
tudo o que temos e em tudo o que fazemos. “Justiça de<br />
Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos os que<br />
creem; porque não há distinção” – Romanos 3:22. A Bíblia<br />
nos ensina que não há outro caminho para salvação a não<br />
ser através de Cristo. Jesus diz em João 14:6: “Eu sou o<br />
caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão<br />
por mim”.<br />
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“Deus não reconhece nenhuma fé que não nasça do<br />
ventre das escrituras”.<br />
Jesus é o único caminho para a salvação porque Ele é o<br />
único que pôde pagar o preço pelos nossos pecados<br />
(Romanos 6:23). Nenhuma outra religião ensina a<br />
profundidade ou seriedade do pecado e das suas<br />
consequências. Nenhuma outra religião oferece o<br />
pagamento infinito que somente Jesus poderia dar pelo<br />
pecado. Nenhum outro “fundador religioso” foi Deus vindo<br />
como homem (João 1:1, 14), a única forma pela qual um<br />
débito infinito poderia ser pago. Jesus tinha que ser Deus<br />
para que pudesse pagar nosso débito. Jesus tinha que ser<br />
homem para que pudesse morrer. A salvação está<br />
disponível apenas pela fé em Jesus Cristo! “E não há<br />
salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não<br />
existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo<br />
qual importa que sejamos salvos” – Atos 4:12, a salvação<br />
do início ao fim é uma obra sobrenatural de Deus (Efésios<br />
2:8), e a fé salvífica vem da ortodoxia e ortopraxia (“reta<br />
prática, ou ação correta”) que através da graça de Deus,<br />
manifestada em Cristo, recebemos a salvação e a<br />
justificação gratuitamente (Romanos 3:24, 10:17; Tiago<br />
1:22; 2:14 – 18). Confesse todos os seus pecados a Deus,<br />
arrependa-se de todos eles, ore e peça a Deus o perdão, e<br />
assim todos os seus pecados por mais terríveis serão<br />
perdoados, por meio da redenção (resgate do gênero<br />
humano caído), e expiação (purificação dos crimes ou<br />
faltas cometidas) por Jesus Cristo (1 João 1:9). Ainda há<br />
tempo.<br />
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A TRANSFIGURAÇÃO <strong>DE</strong> CRISTO<br />
“Este é o meu Filho, o Escolhido; ouçam a ele!” – Lucas<br />
9:35.<br />
Uma lição acerca da Glória de Deus, manifestada em Seu<br />
Filho Jesus Cristo na forma encarnada, homem, onde<br />
temos uma lição para toda uma vida na terra, nunca se<br />
esquecer da Glória que será revelada em um século<br />
vindouro, por nossa gloria não é ser deste mundo.<br />
A história da transfiguração tem uma convergência de três<br />
temas:<br />
(1) A revelação progressiva da identidade de Jesus.<br />
(2) Jerusalém como o objeto da narrativa da viagem (v.<br />
9 – 19).<br />
(3) O sofrimento, a morte e a ressurreição de Jesus.<br />
Vistos em conjunto, esses temas fornecem a estrutura do<br />
restante da narrativa de Lucas.<br />
Primeiro, a revelação progressiva de Sua identidade tem<br />
sido vista no capítulo 9. Quanto mais clara a Sua identidade<br />
é retratada no capítulo, porém menor é o número de<br />
pessoas a quem ela é revelada. Esse é um contraponto do<br />
perfil do crescente público do ministério. As multidões<br />
pensam que Jesus possa ser João Batista ou Elias ou um<br />
dos Profetas do passado que voltou dos mortos (v. 18, 19).<br />
Mas eles mal compreendem a sua identidade. Mais<br />
intimamente ainda na presença dos Doze, Ele é revelado<br />
como o Cristo de Deus (v. 20). Mas para os seus três<br />
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discípulos mais chegados – Pedro, Tiago e João, Ele é<br />
revelado na presença de Moisés e Elias como filho a quem<br />
Deus havia escolhido (v. 28 – 36). Para o círculo íntimo,<br />
Sua identidade revelada em glorioso esplendor (v. 31).<br />
Cerca de uma semana depois de Jesus claramente dizer<br />
aos Seus discípulos que iria sofrer, ser morto e ressuscitar<br />
(Lucas 9:22), Ele levou Pedro, Tiago e João a um monte<br />
para orar. Enquanto orava, sua aparência pessoal foi<br />
transformada em uma forma glorificada, e as suas vestes<br />
tornaram-se brancas deslumbrantes, e aqui não consigo<br />
achar o significado para natureza do que é Glória, a palavra<br />
grega que mais se aproxima é “ἐξαστράπτων –<br />
exastraptōn” que denota a ideia de brilhar repentinamente<br />
como um raio, ser radiante. Moisés e Elias apareceram e<br />
falaram com Jesus sobre a Sua morte (partida) que<br />
aconteceria em breve. Boas novas por meio das lentes da<br />
iminente morte de Jesus, uma sensação de perigo e tensão<br />
permanecera em tudo o que ocorre como um artifício<br />
significativo na história.<br />
Esses dois homens deixaram o mundo sob circunstâncias<br />
fora do comum: Moisés foi sepultado pela mão de Deus<br />
(Deuteronômio 34:5, 6), e Elias foi tomado em um<br />
redemoinho (2 Reis 2:11). Eles representavam a Lei e os<br />
profetas, subordinados a Jesus, mas importantes<br />
testemunhas da sua obra. (cf. NOTA).<br />
NOTA: Aqui nos encontramos com outro dos grandes<br />
momentos da vida de Jesus na Terra. Devemos recordar<br />
que estava para partir a Jerusalém fazia a cruz. Já vimos a<br />
importante passagem na qual perguntou a seus discípulos<br />
quem criam que era ele, com o propósito de descobrir se<br />
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alguém tinha consciência disso. Mas havia uma coisa que<br />
Jesus nunca faria: não tomaria nenhuma resolução sem a<br />
aprovação de Deus Nesta cena o vemos procurar e receber<br />
essa aprovação. Nunca saberemos o que aconteceu no<br />
Monte da Transfiguração, mas sabemos que foi algo<br />
grandioso. Jesus tinha ido ali para procurar a aprovação de<br />
Deus para o passo decisivo que ia dar. Moisés e Elias<br />
apresentaram-se a Ele. O primeiro era o grande legislador<br />
do povo do Israel; o segundo o maior de seus profetas. Foi<br />
como se os príncipes da vida, o pensamento e a religião de<br />
Israel motivassem a Jesus a continuar. Agora podia partir<br />
para Jerusalém, seguro de que ao menos um pequeno<br />
grupo de homens sabia quem era, que o que estava<br />
fazendo era à consumação de toda a vida, pensamentos e<br />
trabalho de sua nação, e que Deus estava de acordo com<br />
sua decisão.<br />
Há aqui uma expressão muito vívida. Diz dos três<br />
apóstolos: “[...] mas permanecendo acordados, viram a<br />
glória do Jesus [...]”.<br />
(1) Na vida perdemos muito porque nossas mentes estão<br />
dormidas. Há certas coisas que tendem a manter<br />
dormitadas nossas mentes.<br />
(a) Os preconceitos. Pode ser que estejamos tão<br />
obstinados em nossas idéias que nossas mentes estejam<br />
fechadas. Se uma nova idéia bater à nossa porta, somos<br />
como dorminhocos que não despertamos.<br />
(b) A letargia mental. Há muitos que rechaçam a enérgica<br />
tarefa de pensar. Disse Platão: “Não vale a pena viver uma<br />
vida que não se examinou”. Mas, quantos de nós<br />
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pensamos realmente nas coisas em sua totalidade? Foi<br />
dito de alguém que havia tangenciado os clamorosos<br />
desertos da infidelidade, ao qual alguém replicou mais<br />
sábio que teria sido melhor se ele tivesse aberto passado<br />
por eles lutando. Às vezes estamos tão entorpecidos que<br />
nem sequer enfrentamos nossos problemas e nossas<br />
dúvidas.<br />
(c) O amor à tranquilidade. Há uma espécie de mecanismo<br />
de defesa que nos faz fechar a porta automaticamente em<br />
face de qualquer pensamento que nos incomode. É<br />
possível drogar-se mentalmente até que a mente<br />
adormece.<br />
(2) Mas a vida está cheia de coisas destinadas a despertar.<br />
(a) A tristeza. Uma vez Edgar disse de um jovem cantor,<br />
que era tecnicamente perfeita, mas cantava sem<br />
sentimento nem expressão. “Será grande quando algo<br />
despedace seu coração” Muitas vezes a dor pode<br />
despertar rudemente ao homem, mas nesse momento,<br />
através das lágrimas verá a glória.<br />
(b) O amor. Em alguma parte Browning fala de duas<br />
pessoas que se apaixonaram. Ela o olhou. Ele a olhou<br />
como pode fazê-lo um apaixonado “e de repente despertou<br />
a vida”. O verdadeiro amor desperta horizontes que jamais<br />
sonhamos que existiam.<br />
(c) O sentido de necessidade. Por muito tempo alguém<br />
pode viver a rotina da vida adormecido e, de repente, surge<br />
um problema completamente impossível de resolver,<br />
alguma pergunta sem resposta, alguma tentação<br />
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entristecedora, o requerimento de um esforço que<br />
considera além de sua capacidade. Nesse dia não fica<br />
outra coisa senão chorar, aferrando-se ao céu. E esse<br />
sentido de necessidade o desperta para Deus.<br />
Faríamos bem em orar: “Senhor, mantém-me sempre<br />
acordado diante de ti”.<br />
Segundo, a centralidade de Jerusalém quanta história é<br />
reafirmada na transfiguração. Até Moisés e Elias sabem<br />
que o destino de Jesus está na Cidade Santa: “Falavam<br />
sobre a partida de Jesus, que estava para se cumprir em<br />
Jerusalém” (v. 31). Somente Lucas registra o conteúdo da<br />
conversa deles (cf. Mateus 17:3; Marcos 9:4).<br />
Jerusalém aparece na narrativa de Lucas 31 vezes,<br />
comparadas com 12 em Mateus e 11 em Marcos. Na parte<br />
do ministério da Galiléia, Lucas refere-se à Jerusalém 14<br />
vezes; Mateus oito vezes; Marcos, sete. A narrativa da<br />
paixão em Lucas refere-se a Jerusalém 10 vezes,<br />
comparadas com as duas de Mateus e quatro em Marcos.<br />
Em todos os três Evangelhos a jornada para Jerusalém é<br />
importante para estrutura da narrativa do ministério galileu.<br />
Mas em Lucas ela é uma busca constante e passional.<br />
As referências exclusivas de Lucas a Jerusalém são<br />
encontrados em (5:17; 9:31, 51; 10:30; 13:4, 22, 33; 17:11;<br />
19:11, 41; 21:20, 24; 23:7, 28; 24:13, 18, 33, 47, 52).<br />
Somente em Lucas, Jesus diz “preciso prosseguir hoje,<br />
amanhã e depois de amanhã, pois certamente nenhum<br />
profeta deve morrer fora de Jerusalém!” (13:33). Em Atos,<br />
Lucas continua seu foco em Jerusalém, com a estrutura da<br />
narrativa formada em torno do progresso do Evangelho de<br />
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Jerusalém a Roma: “Mas receberão poder quando o<br />
Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas<br />
testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria,<br />
e até os confins da terra” – Atos 1:8. (cf. 19:21).<br />
Finalmente, o terceiro tema é o sofrimento e a morte de<br />
Jesus. Isso é reafirmado na transfiguração quando Moisés<br />
e Elias falam sobre a Sua partida (v. 31). Isso significa que<br />
a iminente morte de Jesus está preordenada por Deus e é<br />
parte do plano Divino, e não um acidente da história. (cf.<br />
NOTA).<br />
NOTA: A obra da cruz era de importância suprema para os<br />
planos celestiais. Partida é literalmente (ἔξοδον/exodon –<br />
saída da vida, morte). A morte de Jesus foi uma retirada de<br />
uma esfera e o começo de uma nova vida em outra. O<br />
tratamento de Lucas quanto à transfiguração é mais<br />
circunspecto do que o de Mateus e Marcos. Estes<br />
evangelistas indicam que Jesus foi “μετεμορφώθη<br />
ἔμπροσθεν αὐτῶν – metemorphōthē emprosthen autōn” –<br />
“transfigurado diante deles” (Mateus 17:2; Marcos 9:2).<br />
Lucas afasta-se dessa linguagem direta. Em vez disso, ele<br />
afirma que τὸ εἶδος τοῦ προσώπου αὐτοῦ ἕτερον – to eidos<br />
tou prosōpou autou heteron – a aparência de seu rosto se<br />
transformou (v. 29). Essa linguagem está mais sintonizada<br />
com o tema de uma visão. Note que o evento ocorre à<br />
noite.<br />
Somente o Lucas descreve os três discípulos como<br />
“dominados pelo sono” (v. 32). Logo, eles veem os dois<br />
homens com Jesus quando acordam (cf. Jó 33:14, 15;<br />
Isaías 29:7; Daniel 7:12).<br />
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Assim como tantos momentos significativos em Lucas, o<br />
contexto desse evento é oração (3:21; 6:12; 9:18). Eles<br />
haviam se retirado, mais uma vez, para um local solitário<br />
para orar; dessa vez, foram para o monte (v. 28).<br />
A transfiguração tem numerosas alusões e outras histórias<br />
do Antigo Testamento. Enquanto os três seguidores mais<br />
íntimos de Jesus olhavam para Ele, a aparência de seu<br />
rosto se transformou (v. 29). Isso é reminiscente da glória<br />
brilhante no rosto de Moisés quando ele esteve na<br />
presença de Deus (Êxodo 34:30 – 35). As roupas de Jesus<br />
ficaram alvas e resplandecentes como o brilho de um<br />
relâmpago ou muito branca e brilhante (NTLH), assim<br />
como a vestimenta de Deus era “branca como a neve” em<br />
Daniel 7:9; cf. Atos 9:3).<br />
Significantemente o texto de Daniel 7:13, 14 logo depois<br />
fala do Filho do Homem que recebeu “autoridade, glória e<br />
o reino; todos os povos, nações e homens de todas as<br />
línguas o adorarão. Seu domínio é um domínio eterno que<br />
não acabará, e seu reino jamais será destruído” (v. 14).<br />
Esse crucial ensinamento do Antigo Testamento sobre o<br />
Filho do Homem não poderia estar longe da mente do<br />
antigo leitor, Já que Lucas refere ao Filho do Homem<br />
frequentemente (25 vezes) em seu Evangelho, e<br />
recentemente em sua autoidentificação em 9:22.<br />
Quando Moisés e Elias (v. 30) repentinamente aparecem<br />
conversando com Jesus, eles também aparecem em<br />
glorioso esplendor (v. 31). O aparecimento dessas duas<br />
figuras centrais do A.T com Jesus indica que Ele é o profeta<br />
prometido “como” Moisés.<br />
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Deus prometeu a Moisés em Deuteronômio que Ele<br />
levantaria “do meio dos seus irmãos um profeta como você;<br />
porei minhas palavras na sua boca, e ele lhes dirá tudo o<br />
que eu lhe ordenar” (Deuteronômio 18:18; Atos 3:22, 23).<br />
Deus também prometeu a Moisés em Deuteronômio que<br />
pediria “contas” a todos se não obedecessem às palavras<br />
do profeta (Deuteronômio 18:19).<br />
Em Atos 7:37, Lucas especificamente identifica Jesus<br />
como o profeta de quem Moisés se referia. Dada a<br />
controvérsia com os líderes religiosos sobre a identidade<br />
de Jesus em Lucas, a alusão a essa profecia que parece<br />
particularmente relevante. Em Deuteronômio, a<br />
autenticidade de um profeta era comprovada quando suas<br />
profecias cumpriam-se (Deuteronômio 18:21, 22). Já que<br />
Jesus acaba de profetizar a Sua morte e ressurreição<br />
(Lucas 9:22), o leitor sabe que Jesus é o verdadeiro profeta<br />
a quem Moisés se referia. E, contundentemente, Moisés e<br />
Jesus ficam lado a lado no monte da Transfiguração, com<br />
o próprio Moisés dando a Jesus a sua aprovação como<br />
profeta.<br />
“O aparecimento de Moisés e Elias, com Jesus significa<br />
que a Lei e os Profetas apoiam a Jesus em sua missão<br />
messiânica”.<br />
Onisciente narrador está ciente do tópico da conversa<br />
entre Moisés, Elias e Jesus: falava sobre a partida de<br />
Jesus, que estava para se cumprir em Jerusalém (v. 31).<br />
Eles conversavam sobre a “partida” de Jesus. Em grego,<br />
isto é ἔξοδον/exodon, “um termo poderosamente<br />
simbólico” já que foi pelo Êxodo que Moisés tirou o povo da<br />
escravidão do Egito (Craddock, 1990, p. 134). Aqui, isso<br />
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aparece com uma circunlocução ou eufemismo para a Sua<br />
morte. Esse êxodo é descrito como algo que Ele faria “se<br />
cumprir em” (v. 31). Isso indica que a Sua morte não é um<br />
acidente da história nem vitória para os Seus inimigos.<br />
A soberania de Deus leva em conta as experiências iniciais<br />
de Jesus de ser testado no deserto (4:1 – 13). Está também<br />
em jogo a Sua disputa com os poderes demoníacos (4:33<br />
– 36; 6:18; 7:21; 8:26 – 39). Dessa forma, o tema<br />
subjacente da história é que os propósitos redentores de<br />
Deus nunca estão em perigo de serem superados pelo mal.<br />
A referência ao cumprimento também explica,<br />
indiretamente, porque o Filho do Homem deve “sofrer”<br />
(9:22): é a vontade de Deus. (cf. NOTA).<br />
NOTA: É necessário que o Filho do homem sofra... E no<br />
terceiro dia ressuscite. É necessário (Δεῖ – Dei<br />
“Necessário”, o termo tem força em seu significado, denota<br />
uma ideia expressa relativo ao que Cristo teve que<br />
finalmente sofrer, seus sofrimentos, morte, ressurreição, e<br />
ascensão) foi uma necessidade estabelecida pelo<br />
conselho e decreto de Deus, especialmente por aquele<br />
propósito Seu que se relaciona com a salvação dos<br />
homens pela intervenção de Cristo e que é revelado nas<br />
profecias do Antigo Testamento, indicando uma<br />
necessidade lógica. Cristo estava obrigado a cumprir o<br />
propósito de Deus revelado nas Escrituras. Este conceito<br />
aparece nas pregações da igreja primitiva (Atos 2:23, 24;<br />
13:17 – 34; 17:3; 26:22, 23). A morte de Jesus foi uma<br />
tragédia, mas não foi um acidente; pois ele estava<br />
cumprindo o propósito de Deus na redenção.<br />
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Moisés e Elias também falam de Sua jornada para<br />
Jerusalém (v. 31). Essa é a primeira referência a esse<br />
destino final. Significantemente, Lucas é o único a incluir<br />
tal afirmação. Em uma cena marcante, os critérios normais<br />
de tempo e de espaço são colocados de lado. A natureza<br />
surreal do evento é também vista na experiência de Pedro,<br />
Tiago e João. Eles estão “dominados pelo sono (ὕπνῳ –<br />
hypnō –Sono)” (ARC: “carregado de sono”). Isso parece<br />
indicar uma cena noturna. Mas após a transfiguração, eles<br />
ficam completamente acordados (v. 32). Pedro oferece-se<br />
para construir três “σκηνὰς – skēnas”, abrigos (v. 33), para<br />
celebrar o momento sagrado. Parece um gesto fraco para<br />
imortalizar esse evento transcendente, mas isso pode<br />
referir-se à Festa dos Tabernáculos (Êxodo 23:16; 34:22;<br />
Levítico 23:34 – 42 Fitzmyer, 1981, 1:801). (cf. NOTA).<br />
NOTA: Moody define de outra forma, ele não ver a ação de<br />
Pedro como um gesto fraco, mas como um gesto de<br />
confraternização. “Pedro estava pensando em um abrigo<br />
temporário, pois ele desejava desfrutar da companhia dos<br />
visitantes celestiais durante algum tempo”.<br />
Durante esse festival anual do outono, os peregrinos<br />
viajavam alegremente para Jerusalém para celebrar a<br />
colheita. Talvez, o ato de construir três tendas fosse<br />
inspirado pela referência a Jerusalém. Mas o narrador<br />
deixa claro que Pedro “não sabia o que estava dizendo” (v.<br />
33).<br />
A “nuvem” representa a presença de Deus no A.T. (Êxodo<br />
16:10; 19:9, 18; 24:15, 18). Aqui, ela remete as aparições<br />
de Deus a Moisés no Monte Sinai durante os eventos do<br />
Êxodo. O temor é a reação típica (Êxodo 20:18 – 20). A tal<br />
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teofania (Teofania é uma manifestação de Deus na Bíblia<br />
que é tangível aos sentidos humanos. Em seu sentido mais<br />
restritivo, é uma aparência visível de Deus no período do<br />
Antigo Testamento, muitas vezes, mas não sempre, em<br />
forma humana). Pedro, João e Tiago ficaram com medo ao<br />
entrarem na nuvem (v. 34). Quem entra na nuvem? Os<br />
discípulos, Jesus e os dois dignitários do Antigo<br />
Testamento, ou todos eles? Uma voz celestial emana da<br />
nuvem: “Este é o meu Filho, o Escolhido, ouçam-no!” (v.<br />
35). Marcos e Mateus registra o “meu amado Filho” (ὁ Υἱός<br />
μου ὁ ἀγαπητός – ho Huios mou ho agapētos) Marcos 9:7;<br />
Mateus 17: 5.<br />
Essa “no hebraico קל בת“ bath qol” (= filha de uma voz) é<br />
semelhante à ocorrência no batismo de Jesus (cf. 3:21, 22).<br />
Em ambas as experiências, a voz declara que Jesus é<br />
“meu Filho”. Essas declarações são o centro teológico do<br />
Evangelho de Lucas (como também em Mateus 3:17 e<br />
17:5; Marcos 1:11 e 9:7). Elas estabelecem a questão da<br />
identidade de Jesus por meio da proclamação divina. A<br />
dependência dos cristãos primitivos nessa passagem teria<br />
sido controversa entre os judeus. A voz do céu na tradição<br />
Judaica constituía uma autoridade divina que o argumento<br />
racional não poderia contestar.<br />
A reivindicação cristã de uma voz declarando Jesus como<br />
o Filho de Deus usurpava a Torá no assunto central da fé<br />
judaica. Tal reivindicação teria sido especialmente<br />
provocativa após a destruição do templo, quando a Torá<br />
ficou sozinha no centro da prática judaica. As precisas<br />
palavras da voz celestial diferem pouco daquelas<br />
pronunciadas no batismo de Jesus.<br />
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Primeiro, agora ela está na terceira pessoa: “Este é o meu<br />
filho” (v. 35), e não na segunda pessoa: “Tu és o meu filho”<br />
(3:22). Isso torna-a um anúncio aos discípulos, e não uma<br />
afirmação pessoal a Jesus. O Pai repetiu sua aprovação<br />
no final do ministério popular do Seu Filho (3:22). Segundo,<br />
dessa vez ela não está acompanhada de um modificador,<br />
“o Escolhido”, e da ordem “ouçam-no”. A palavra “escolhi”<br />
(ἐκλελεγμένος – eklelegmenos; fonte da palavra “eleição”,<br />
em português) ecoa a linguagem da eleição, feita por Deus,<br />
de Israel entre as nações (Salmos 33:12; 65:4; Isaías 41:8;<br />
Atos 13:17), da tribo de Judá (Salmos 78:68 – 70), e de<br />
Moisés (Salmos 105:26).<br />
Semelhantemente, Jesus “escolheu” Seus discípulos<br />
(εκλεγομαι – eklegomai, Lucas 6:13; Atos 1:2). Essa<br />
palavra não é usada nos outros Evangelhos (cf. Marcos<br />
3:13 – 19; Mateus 10:1 – 4) Essa linguagem também ecoa<br />
em Deuteronômio 18:15 – 21. Em Deuteronômio a<br />
aceitação de um profeta como Moisés é acompanhada<br />
pela obrigação de aceitar o que ele diz: “O Senhor, o seu<br />
Deus, levantará do meio de seus próprios irmãos um<br />
profeta como eu; ouçam-no” (Deuteronômio 18:15). Logo,<br />
temos aqui em Lucas; “ouçam-no” (9:35). Jesus é o profeta<br />
como Moisés, que deve ser obedecido.<br />
RESUMO<br />
Uma sensação de expectativa acompanha a descida de<br />
Jesus do monte após a transfiguração.<br />
Jesus lhes advertiu a não contarem a ninguém o que<br />
tinham visto, pelo menos até depois de sua ressurreição.<br />
As três narrativas deste evento são encontradas em<br />
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Mateus 17:1 – 8; Marcos 9:2 – 8 e Lucas 9:28 – 36. Sem<br />
dúvida, o propósito da transfiguração de Cristo em pelo<br />
menos uma parte de Sua glória celeste foi para que o<br />
“círculo íntimo” dos discípulos adquirisse uma maior<br />
compreensão de quem era Jesus. Cristo sofreu uma<br />
mudança drástica na aparência a fim de que os discípulos<br />
pudessem vê-lo em Sua glória. Os discípulos, que só o<br />
conheciam em Seu corpo humano, tinham agora uma<br />
maior percepção da divindade de Cristo, embora não<br />
pudessem entendê-la completamente. Isso lhes deu a<br />
garantia de que precisavam após ouvir a notícia chocante<br />
de Sua morte próxima. Simbolicamente, o aparecimento de<br />
Moisés e Elias representava a Lei e os Profetas.<br />
Entretanto, a voz de Deus do céu – “Ouçam a Ele!” mostrou<br />
claramente que a Lei e os Profetas deviam dar lugar a<br />
Jesus. Aquele que é o novo e vivo caminho está<br />
substituindo o antigo, como é descrito na carta aos<br />
Hebreus 7:12, 18, 19:<br />
“Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se<br />
faz também mudança da lei [...]. Porque o precedente<br />
mandamento é ab-rogado por causa da sua fraqueza e<br />
inutilidade; (Pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou) e desta<br />
sorte é introduzida uma melhor esperança, pela qual<br />
chegamos a Deus”.<br />
Ele é o cumprimento da Lei e das inúmeras profecias no<br />
Antigo Testamento. Além disso, em Sua forma glorificada<br />
eles tiveram uma breve visualização da Sua glorificação e<br />
entronização vindoura como Rei dos reis e Senhor dos<br />
senhores. Aleluia!<br />
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Os discípulos nunca esqueceram o que acontecera<br />
naquele dia na montanha, e sem dúvida essa era a<br />
intenção. João escreveu em seu evangelho: “Vimos a sua<br />
glória, glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de<br />
graça e de verdade” – João 1:14.<br />
Pedro também escreveu: “De fato, não seguimos fábulas<br />
engenhosamente inventadas, quando lhes falamos a<br />
respeito do poder e da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo;<br />
pelo contrário, nós fomos testemunhas oculares da sua<br />
majestade.<br />
Ele recebeu honra e glória da parte de Deus Pai, quando<br />
da suprema glória lhe foi dirigida a voz que disse: ‘Este é o<br />
meu filho amado, em quem me agrado’. Nós mesmos<br />
ouvimos essa voz vinda do céu, quando estávamos com<br />
ele no monte santo” (2 Pedro 1:16 – 18). Aqueles que<br />
testemunharam a transfiguração deram o seu testemunho<br />
aos outros discípulos e incontáveis milhões através dos<br />
séculos.<br />
CONCLUSÃO<br />
Hoje aprendemos diante esse texto sagrado que esta é<br />
uma palavra fiel e digna de toda aceitação, não devemos<br />
nos esquecer desse grande Dia, o dia da volta de nosso<br />
Senhor Jesus Cristo em grande Glória e Poder para buscar<br />
a Sua igreja, a Sua noiva, não uma meretriz! Devemos ser<br />
separados e fiéis diante nosso Noivo, pois, “Cristo amou a<br />
igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a<br />
santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de<br />
água pela palavra, para apresentá-la a si mesmo igreja<br />
gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante,<br />
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porém santa e sem defeito”, por isso “Assim, aquele que<br />
julga estar firme, cuide-se para que não caia” 1 Coríntios<br />
10:12. Imagine tal situação! Uma noiva cair na entrada<br />
nupcial, isso seria uma vergonha para si mesma, para os<br />
convidados e para o noivo! Mas se falando da eternidade,<br />
de nosso casamento eternal, será uma vergonha eterna.<br />
Pois, a igreja que não estiver fundamentada em Cristo, na<br />
verdade de Sua palavra, cairá de vergonha por toda a<br />
eternidade, sendo-a lançada no mais profundo abismo,<br />
Jesus disse: Vocês estão vendo tudo isto? Perguntou Ele.<br />
“Eu garanto que não ficará aqui pedra sobre pedra; serão<br />
todas derrubadas”, tudo que não estiver em Cristo será<br />
destruído, mas os que confiam no Senhor serão como o<br />
monte Sião, que não se abala, mas permanece para<br />
sempre (Salmos 125:1). Cristo voltou da glória da<br />
Transfiguração para continuar o seu ministério e para<br />
morrer. O primeiro passo no caminho da humilhação foi o<br />
constrangimento da impotência dos seus discípulos. Ó<br />
geração incrédula e perversa! (v. 41) O Senhor falava aos<br />
discípulos, não ao pai (do jovem endemoninhado). Apesar<br />
de seus privilégios e experiência anterior no seu ministério,<br />
continuavam sem poder. A exortação às nossas vidas é<br />
que nos acheguemos a Palavra de Deus, pois, é o poder<br />
para todo aquele que crê, assim não seremos<br />
envergonhados, e não envergonharemos o nome Santo do<br />
Senhor em nossas vidas (Romanos 1:16). A glória seja<br />
dada a Jesus, “Pois dEle, por Ele e para Ele são todas as<br />
coisas. A Ele seja a glória para sempre! Amém. (Romanos<br />
11:36). Oremos pela igreja de Cristo! Oremos! Amém.<br />
VOCÊ O CONHECE?<br />
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“Eu Sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vai ao<br />
Pai senão por mim” – João 14:6.<br />
O filósofo Nietzsche disse há um século uma famosa e<br />
ousadíssima frase: “Deus está morto”. Ele expressava o<br />
pensamento dos intelectuais da época, que acreditavam<br />
que a ciência resolveria todas as misérias humanas e, por<br />
fim, destruiria a fé. Provavelmente este intrépido filósofo<br />
achasse que um dia a procura por Deus seria apenas<br />
lembrada como objeto de museus e dos livros de história.<br />
Os filósofos ateus morreram e hoje são esquecidos ou<br />
pouco lembrados, mas aquele afetivo e simples carpinteiro<br />
continua cada vez mais vivo dentro dos homens. Nada<br />
conseguiu apagar a fogueira acendida pelo semeador da<br />
Galiléia. Depois que Gutenberg inventou as técnicas<br />
modernas de imprensa, o livro que o retrata, a Bíblia, se<br />
tornou invariavelmente o maior best-seller de todos os<br />
tempos. Todos os dias, milhões de pessoas lêem algo<br />
sobre Ele. O mestre de Nazaré parecia ter uma<br />
simplicidade frágil, mas a história demonstra que Ele<br />
sempre triunfou sobre aqueles que quiseram sepultá-lo.<br />
Aliás, o maior favor que alguém pode fazer a uma semente<br />
é sepultá-la, uma semente vive, floresce e produz fruto e<br />
vida com abundância; mas não enquanto não tiver sido<br />
lançada no solo e, passar pela “morte”.<br />
“Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo,<br />
caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer; dá<br />
muito fruto” (João 12:24). O grão de trigo, o mistério da vida<br />
por meio da morte.<br />
Jesus foi uma fagulha que nasceu entre os animais,<br />
cresceu numa região desprezada, foi silenciado pela cruz,<br />
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mas incendiou a história humana. “Aquele que vive<br />
egoisticamente, preservando a sua vida para si mesmo,<br />
não pode produzir qualquer benefício, porque é uma<br />
semente que jamais foi plantada”. (Pr. Elias Croce).<br />
Quem é Jesus Cristo? Você o conhece? Diferentemente da<br />
pergunta: “Deus existe?”, bem poucas pessoas perguntam<br />
se Jesus Cristo de fato existiu. Geralmente se aceita que<br />
Jesus foi de fato um homem que andou na terra, em Israel,<br />
há quase dois mil anos. O debate começa quando se<br />
analisa o assunto da completa identidade de Jesus. Quase<br />
todas as “grandes religiões” ensinam que Jesus foi um<br />
profeta, um bom mestre ou um homem piedoso. O<br />
problema é que a Bíblia nos diz que Jesus foi infinitamente<br />
mais do que um profeta, bom mestre ou homem piedoso, é<br />
diametralmente oposta a essa idéia.<br />
“Certamente. Nem todos os caminhos levam a Roma”.<br />
C. S. Lewis, em seu livro Mero Cristianismo, escreve o<br />
seguinte: “Tento aqui impedir que alguém diga a grande<br />
tolice que sempre dizem sobre Ele (Jesus Cristo), Estou<br />
pronto a aceitar Jesus como um grande mestre em moral,<br />
mas não aceito sua afirmação em ser Deus. Isto é<br />
exatamente a única coisa que não devemos dizer. Um<br />
homem que foi simplesmente homem, dizendo o tipo de<br />
coisa que Jesus disse, não seria um grande mestre em<br />
moral. Poderia ser um lunático, no mesmo nível de um que<br />
afirma ser um ovo pochê, ou mais, poderia ser o próprio<br />
Demônio dos Infernos. Você decide. Ou este homem foi, e<br />
é, o Filho de Deus, ou é então um louco, ou coisa pior. Você<br />
pode achar que Ele é tolo, pode cuspir nEle ou matá-lo<br />
como um demônio, ou você pode cair a seus pés e chamá-<br />
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lo Senhor e Deus. Mas não vamos vir com aquela bobagem<br />
de que Ele foi um grande mestre aqui na terra. Ele não nos<br />
deixou esta opção em aberto. Ele não teve esta intenção”.<br />
Então, quem Jesus afirmou ser? Segundo a Bíblia, quem<br />
foi Jesus Cristo? Primeiramente, vamos as palavras de<br />
Jesus em João 10:30: “Eu e o Pai somos um”. Em um<br />
primeiro momento, pode não parecer uma afirmação em<br />
ser Deus. Entretanto, veja a reação dos judeus perante Sua<br />
afirmação: “Os judeus responderam, dizendo-lhe: Não te<br />
apedrejamos por alguma obra boa, mas pela blasfêmia;<br />
porque, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo” – João<br />
10:33. Os judeus compreenderam o que Jesus havia dito<br />
como uma afirmação em ser Deus. Nos versículos<br />
seguintes, Jesus jamais corrige os judeus dizendo: “Não<br />
afirmei ser Deus”. Isto indica que Jesus realmente estava<br />
dizendo, e afirmando que era Deus ao declarar: “Eu e o Pai<br />
somos um” – João 10:30. Outro exemplo é João 8:58, onde<br />
Jesus declarou: “Disse-lhes Jesus: Em verdade, em<br />
verdade vos digo que antes que Abraão existisse, Eu Sou”.<br />
Mais uma vez, em resposta, os judeus tomaram pedras<br />
para atirar em Jesus (João 8:59).<br />
Ao anunciar Sua identidade como “Eu sou”, Jesus fez uma<br />
aplicação direta do nome de Deus no Antigo Testamento<br />
(Êxodo 3:14). Por que os judeus, mais uma vez, se<br />
levantariam para apedrejar Jesus se Ele não tivesse dito<br />
algo que creram ser uma blasfêmia, ou seja, uma<br />
autoafirmação em ser Deus?<br />
João 1:1 diz que “o Verbo era Deus” e João 1:14 diz que “o<br />
Verbo se fez carne”. Isto mostra claramente que Jesus é<br />
Deus em carne. Tomé, o discípulo, declarou a Jesus:<br />
“Senhor meu, e Deus meu! (João 20:28). Jesus não o<br />
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corrige. O Apóstolo Paulo o descreve como: “Grande Deus<br />
e nosso Senhor Jesus Cristo” (Tito 2:13). O Apóstolo Pedro<br />
diz o mesmo: “Nosso Deus e Salvador Jesus Cristo” (2<br />
Pedro 1:1). Deus o Pai também é testemunha da completa<br />
identidade de Jesus: “Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu<br />
trono subsiste pelos séculos dos séculos; Cetro de<br />
equidade é o cetro do teu reino” (Hebreus 1:8). No Antigo<br />
Testamento, as profecias a respeito de Cristo anunciam<br />
Sua divindade: “Porque um menino nos nasceu, um Filho<br />
se nos deu, e o principado está sobre os Seus ombros, e<br />
se chamará o Seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus<br />
Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” – Isaías 9:6.<br />
Então, como argumentou C. S. Lewis, crer que Jesus foi<br />
um bom mestre não é opção. Jesus claramente e<br />
inegavelmente se auto-afirma Deus. Se Ele não é Deus,<br />
então mente, consequentemente não sendo também<br />
profeta, bom mestre ou homem piedoso. Tentando explicar<br />
as palavras de Jesus, “estudiosos” modernos afirmam que<br />
o Jesus verdadeiramente histórico não disse muitas das<br />
coisas a Ele atribuídas pela Bíblia. Quem somos nós para<br />
mergulharmos em discussões com a Palavra de Deus no<br />
tocante ao que Jesus disse ou não disse? Como pode um<br />
“estudioso” que está dois mil anos afastado de Jesus, ter a<br />
percepção do que Jesus disse ou não, melhor do que<br />
aqueles que com o próprio Jesus viveram, serviram e<br />
aprenderam (João 14:26)?<br />
Por que se faz tão importante a questão sobre a identidade<br />
verdadeira de Jesus? Por que importa se Jesus é ou não<br />
Deus? O motivo mais importante para que Jesus seja Deus<br />
é que se Ele não é Deus, Sua morte não teria sido<br />
suficiente para pagar a pena pelos pecados dos homens (1<br />
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João 2:2). Somente Deus poderia pagar tamanho preço<br />
(Romanos 5:8; 2 Coríntios 5:21). Jesus tinha que ser Deus<br />
para que pudesse pagar nossa dívida, e de fato Ele é Deus.<br />
Jesus tinha que ser homem para que pudesse morrer, e de<br />
fato Ele é homem. A salvação está disponível somente<br />
através da fé em Jesus Cristo. E todas as religiões que não<br />
estão sendo guiadas pela Palavra de Deus serão<br />
condenadas ao inferno. A natureza divina de Jesus é o<br />
motivo pelo qual Ele é o único caminho para salvação, não<br />
mais um caminho, o único caminho. A divindade de Jesus<br />
é o porquê de ter proclamado “Eu sou o caminho, e a<br />
verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim”<br />
(João 14:6).<br />
Seja a Sua confissão de fé somente Jesus Cristo e a Sua<br />
Palavra como regra dessa fé. Como exemplo, não a Maria,<br />
apesar de que os verdadeiros cristãos tem respeito por tão<br />
admirável mulher, mas Ela não pode realizar milagres e<br />
nem interceder pela salvação dos homens. A escritura<br />
declara: “E em nenhum outro há salvação, porque também<br />
debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os<br />
homens, pelo qual devamos ser salvos, Jesus Cristo” –<br />
Atos 4:12.<br />
Nem São Pedro e nem santo (ídolos) algum. “Mas agora<br />
vos escrevi que não vos associeis com aquele que,<br />
dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou<br />
maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda<br />
comais” – 1 Coríntios 5:11 e “Não erreis: nem os devassos,<br />
nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados,<br />
nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem<br />
os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores<br />
herdarão o reino de Deus” – 1 Coríntios 6:10. (cf. NOTA).<br />
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NOTA: Idolatria “εἰδωλολατρία eidōlolatria” é a adoração de<br />
espíritos, pessoas ou ídolos, e também a confiança numa<br />
pessoa, instituição ou objeto como se tivesse autoridade<br />
igual ou maior que Deus e Sua Palavra (Colossenses 3:5).<br />
Nem a consulta aos mortos (Necromancia/Espiritismo)<br />
Levíticos 20:6 – 27 “Quaisquer mulher ou homem que<br />
evocar espíritos será punido de morte” e Gálatas 5:20, 21<br />
“Idolatrias, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras,<br />
pelejas, dissensões, heresias, Invejas, homicídios,<br />
bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas,<br />
acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que<br />
os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus”.<br />
A palavra para feitiçaria no grego é “φαρμακεία –<br />
pharmakeia” que significa espiritismo, magia negra,<br />
adoração de demônios e o uso de drogas e outros<br />
materiais, na prática da feitiçaria, artes mágicas,<br />
frequentemente encontrado em conexão com a idolatria e<br />
estimulada por ela (Êxodo 7:11, 22; 8:18; Apocalipse 9:21:<br />
18:23), práticas abomináveis diante de Deus. Nem por<br />
nenhuma crença contrária a Escritura, credos pessoais,<br />
filosofias de vida, nem falsas religiões que separam o<br />
homem da instrução bíblica. A Bíblia é o único livro<br />
inspirado por Deus, e somente existe em sua mensagem a<br />
plenitude, inerrância, suficiência, infalibilidade, pois a<br />
Escritura afirma: “Toda escritura Divinamente inspirada é<br />
proveitosa para ensinar a verdade, condenar o erro, corrigir<br />
as faltas e ensinar a maneira certa de viver” – 2 Timóteo<br />
3:16.<br />
Nada pode conduzir a eternidade com Deus a não ser<br />
Cristo sendo a fonte de salvação e a Cruz sendo o meio da<br />
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fé, e são as escrituras que testificam de Cristo e dessa<br />
mensagem de boas novas.<br />
Fora das escrituras todas as crenças, religiões, filosofias<br />
humanistas e opiniões humanas passarão em um breve<br />
momento, e consequentemente condenará ao homem para<br />
suplício eterno, pois, desviam mentes da verdade acerca<br />
de todas as coisas. Mas a Palavra de Deus essa não<br />
passará, Ela permanecerá para sempre santificada e<br />
cumprida em nossos corações arrependidos e resgatados<br />
por essa tão maravilhosa graça imerecida. Ainda a tempo<br />
de se arrepender e buscar o verdadeiro conhecimento<br />
acerca de Jesus Cristo. Jesus Cristo disse: “Passará o céu<br />
e a terra, mas as minhas palavras jamais passarão” Mateus<br />
24:35.<br />
Certa vez perguntaram-me acerca de quem é Jesus,<br />
respondi:<br />
Jesus Cristo, é a Palavra (o logos), é o caminho, não mais<br />
um caminho, o único caminho, é a verdade que encontra o<br />
homem, é a liberdade, a vida e a luz. É a verdadeira e<br />
apropriadamente manifestação de Deus, é Deus<br />
encarnado, é Deus no mais alto sentido da palavra, como<br />
parece dos nomes pelos quais Ele é chamado, Onipotente,<br />
como Jeová, Deus nosso, vosso, deles, e meu Deus, Deus<br />
conosco, o Deus poderoso, Rei, Senhor, Salvador,<br />
Redentor, conhecido entre o Seu povo como o Príncipe da<br />
Paz, e por Seus inimigos, o Senhor dos Exércitos e<br />
vingador, Deus sobre tudo, o Grande Deus, o Deus vivente,<br />
o Deus invisível, mas real, o verdadeiro Deus, não somente<br />
a vida eterna, mas a fonte, intercessor, mediador e<br />
demonstrador da graça, é a exteriorização da Trindade e<br />
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Divindade, como Independente, no sentido de ser Deus,<br />
um Deus trino, a divindade Eterna, Imutável, Onipresente,<br />
Onisciente e Onipotente, e de suas obras toda a criação e<br />
providência, e seus milagres, a expressão do amor de<br />
Deus Pai e de seus perfeitos atributos, a obra de redenção,<br />
Ele é a redenção, é o homem perfeito, o único homem<br />
perfeito, é o perdão dos pecados, é o Sacrifício, é o<br />
Cordeiro de Deus Pai, é o amado e obediente Filho de<br />
Deus Pai, é o Cristo, o Messias, o ungido, é o Filho amado<br />
que se fez maldito, para que os malditos fossem amados,<br />
é o servo sofredor, o castigo que nos traz a Paz estava<br />
sobre Ele, é a ressurreição de Si mesmo e de outros da<br />
morte, é o homem vitorioso, é a administração do último<br />
julgamento, é justiça e o juízo, é a santa ira, é Deus sendo<br />
adorado, o Deus Santo. É a Santa Ceia. Orações a Ele, fé<br />
nEle, e a realização do batismo em nome dEle, pois, é<br />
Senhor, e Salvador de todo aquele que crer. “Por que dEle,<br />
e por Ele, e para Ele são todas as coisas, glória, pois, a Ele<br />
eternamente. Amém”.<br />
“Pois em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da<br />
divindade, e, por estarem nEle, que é o Cabeça de todo<br />
poder e autoridade, vocês receberam a plenitude” –<br />
Colossenses 2:9, 10 (cf. João 1:1).<br />
JESUS <strong>DE</strong>SCEU AO INFERNO?<br />
“Por isso é que foi dito: Quando ele subiu em triunfo às<br />
alturas, levou cativo muitos prisioneiros, e deu dons aos<br />
homens. (Que significa ele subiu, senão que também<br />
descera às profundezas da terra? Aquele que desceu é o<br />
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mesmo que subiu acima de todos os céus, a fim de encher<br />
todas as coisas)” – Efésios 4:8 – 10.<br />
Vamos analisar a parte do “Credo apostólico” onde<br />
menciona que Cristo desceu ao inferno, será mesmo que<br />
Jesus desceu ao inferno? A alma de Jesus foi ao Inferno<br />
no período entre Sua morte e ressurreição? Há bastante<br />
confusão em relação a esta pergunta. Este conceito vem<br />
principalmente do Credo dos Apóstolos, que afirma: “Ele<br />
desceu até o Inferno”.<br />
“Creio em Jesus Cristo, Seu único Filho, nosso Senhor, o<br />
qual foi concebido por obra do Espírito Santo; nasceu da<br />
virgem Maria; padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi<br />
crucificado, morto e sepultado”.<br />
O credo agora pula do nascimento de Jesus para a Sua<br />
morte. Nada é dito sobre a vida e ministério de Jesus. A<br />
vida de Jesus não foi importante? Claro que sim! Nós<br />
somos justificados por causa da perfeita obediência de<br />
Jesus. A vida de perfeita obediência é imputada em nós<br />
pela fé. Mas por que o credo não fala sobre a vida de<br />
Jesus? É muito provável que o Credo Apostólico quer focar<br />
no propósito da vinda de Jesus.<br />
“A razão pela qual o Filho de Deus se fez homem foi para<br />
derramar Seu sangue como um sacrifício completo,<br />
perfeito e suficiente”. (J.I. Packer, Growing in Christ,<br />
Crossway, p. 52).<br />
A transição do nascimento para a morte indica que Jesus<br />
veio para morrer.<br />
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1 – PA<strong>DE</strong>CEU – sofreu (latim: “passus” – paixão).<br />
Diferente da expectativa messiânica dos judeus no<br />
primeiro século – Jesus, o verdadeiro Messias, veio para<br />
sofrer.<br />
Os sofrimentos de Jesus não foram para purificar a Sua<br />
própria alma, não foram consequências de uma vida de<br />
pecados, não foram apenas exemplares –, mas sim, pelos<br />
nossos pecados.<br />
1 Pedro 3:18 Porque também Cristo padeceu uma vez<br />
pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a<br />
Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado<br />
pelo Espírito; O foco dos sofrimentos de Jesus está no fato<br />
dos sofrimentos dEle terem sido substitutos –, os<br />
sofrimentos de Jesus foram no lugar do Seu povo. É isso o<br />
que Pedro fala: ‘os sofrimentos do justo, no lugar dos<br />
injustos’, servem para nos levar a Deus.<br />
A Teologia dos sofrimentos e da morte de Cristo como<br />
sendo substitutas é encontrada tanto no A.T., quanto no<br />
N.T: Isaías 53:3 – 5. Foi desprezado e rejeitado pelos<br />
homens, um homem de tristeza e familiarizado com o<br />
sofrimento. Como alguém de quem os homens escondem<br />
o rosto, foi desprezado, e nós não o tínhamos em estima.<br />
Certamente Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e<br />
sobre Si levou as nossas doenças, contudo nós o<br />
consideramos castigado por Deus, por Ele atingido e<br />
afligido. Mas Ele foi transpassado por causa das nossas<br />
transgressões, foi esmagado por causa de nossas<br />
iniquidades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre Ele,<br />
e pelas Suas feridas fomos curados; Romanos 8:32 Aquele<br />
que não poupou a seu próprio Filho, mas o entregou por<br />
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todos nós; Hebreus 9:28 assim também Cristo foi oferecido<br />
em sacrifício uma única vez, para tirar os pecados de<br />
muitos; e aparecerá segunda vez, não para tirar o pecado,<br />
mas para trazer salvação aos que o aguardam; Lucas<br />
24:25 – 27 Ele lhes disse: “Como vocês custam a entender<br />
e como demoram a crer em tudo o que os profetas falaram!<br />
Não devia o Cristo sofrer estas coisas, para entrar na sua<br />
glória?” E começando por Moisés e todos os profetas,<br />
explicou-lhes o que constava a respeito dEle em todas as<br />
Escrituras.<br />
OS SOFRIMENTOS <strong>DE</strong> CRISTO<br />
1 – Lembra-nos que Ele sofreu em nosso lugar. Ele não<br />
merecia. Nós merecíamos todo aquele sofrimento. A morte<br />
de Jesus foi em nosso lugar, a obra foi toda feita por Ele<br />
(Sola Fide).<br />
2 – Esse foi o propósito de Jesus vir ao mundo – padecer<br />
no nosso lugar, tomando sobre Si a ira de Deus<br />
(Apocalipse 13:8 todos aqueles que não tiveram seus<br />
nomes escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto<br />
desde a criação do mundo).<br />
3 – Nos fala do nosso chamado, apesar dos nossos<br />
sofrimentos não trazerem redenção, eles fazem parte do<br />
caminhar dos discípulos de Jesus. Pedro usa os<br />
sofrimentos de Jesus para nos exortar: 1 Pedro 2:21<br />
Porque para isto sois chamados, pois, também Cristo<br />
padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais<br />
as suas pisadas.<br />
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2 – SOB O PO<strong>DE</strong>R <strong>DE</strong> PÔNCIO PILATOS – Ao citar<br />
Pilatos o credo proclama a historicidade da morte de Jesus.<br />
A morte de Jesus foi um fato histórico e verdadeiro.<br />
Quando o credo declara que foi no tempo de Pilatos, ele<br />
está declarando que a morte de Jesus ocorreu num<br />
momento que pode ser datado. Diferente dos relatos de<br />
outros deuses e de outros eventos mitológicos a morte de<br />
Jesus foi um evento na história que foi relatado por outras<br />
pessoas (Por exemplo, Cornélio Tácito e Flávio Josefo).<br />
AO CITAR O NOME <strong>DE</strong> PILATOS O CREDO TEM POR<br />
OBJETIVO<br />
A – Consolidar a historicidade da morte de Jesus. É um<br />
evento histórico.<br />
B – Pilatos era o Publica Persona, ele representava a<br />
opinião de todos. Ao colocar Jesus na cruz Pilatos<br />
expressou a opinião do povo. Nós, através de Pilatos,<br />
colocamos Jesus na cruz.<br />
C – Pilatos era um gentio. Ser entregue nas mãos dos<br />
gentios representava o julgamento e a ira de Deus<br />
(Deuteronômio 21:10; Juízes 2:14; Isaías 19:4; Salmos<br />
106:41; 1 Crônicas 21:13). Ao declarar que Jesus morreu<br />
sob o poder de Pilatos o credo declara que Jesus recebeu<br />
a ira de Deus. A ira que estava sobre nós caiu em Jesus.<br />
3 – FOI CRUCIFICADO, MORTO E SEPULTADO<br />
CRUCIFICADO – Fala do tipo de morte de que Jesus<br />
recebeu. A ira de Deus sobre Jesus foi demonstrada<br />
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claramente no tipo de morte que Ele recebeu. Jesus<br />
morreu como o pior de todos os criminosos e rebeldes da<br />
Sua época.<br />
Esse era o processo mais horroroso e humilhante de matar<br />
alguém. A pessoa era despida e apanhava publicamente,<br />
depois carregava um pedaço de madeira com o qual seria<br />
crucificado, era amarrada e pregada a cruz e ficava sendo<br />
exibida a todos como lição de punição.<br />
PROCESSO DA CRUCIFICAÇÃO<br />
1 – A crucificação era precedida de flagelação (flagellum =<br />
açoite de couro); 2 – O condenado levava a sua própria<br />
cruz ou pelo menos a haste horizontal “patibulum”; 3 –<br />
Pendurada ao seu pescoço havia uma placa que<br />
anunciava o crime; 4 – Depois de amarrado à cruz, era<br />
deixado para morrer de inanição; 5 – Quando era pregado<br />
à cruz, às vezes lhe davam uma bebida entorpecente; 6 –<br />
Um pequeno bloco de madeira “sedile” servia de apoio para<br />
o corpo ou os pés. Três agravantes: (1) Exposição ao sol e<br />
aos insetos; (2) Posição retorcida do corpo; (3) Sede<br />
insuportável.<br />
Cícero: “Que o próprio nome da cruz esteja distante não<br />
somente do corpo de um cidadão romano, mas até mesmo<br />
de seus pensamentos”. Ele também disse: “A crucificação<br />
é a mais terrível e horrorosa de todas as punições”.<br />
Mas a crucificação não fala somente dos horrores que<br />
Jesus passou, ela também fala da Soberania de Deus em<br />
todo o processo da morte do nosso Salvador.<br />
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“Esta forma de execução era uma punição romana<br />
reservada para escravos e para os piores criminosos, e o<br />
fato de que Jesus foi submetido a esse tipo de morte<br />
dependia de uma combinação de eventos que nenhum ser<br />
humano poderia ter previsto. Era necessário que, embora<br />
Ele devesse ser preso, acusado, julgado e condenado<br />
pelos judeus. Sua sentença de morte deveria ser infligida<br />
pelos gentios. Era necessário que a traição e condenação<br />
de Jesus ocorressem durante a Páscoa, quando era ilegal<br />
para os judeus matarem qualquer homem. A desculpa dos<br />
governantes judeus, que não podiam executar a morte, não<br />
significa que esse poder havia sido retirado deles, mas que<br />
era contra a lei deles exercerem condenação naquele dia.<br />
Se o tempo tivesse sido outro, os próprios judeus teriam<br />
executado a sentença de morte, eles apedrejariam Jesus.<br />
Assim, a Escritura foi cumprida nEle, “Maldito todo aquele<br />
que for pendurado no madeiro”.<br />
A cruz que era o sinal de humilhação, vergonha e horror se<br />
torna para o cristão o símbolo de graça, amor e redenção.<br />
A crucificação mostra que o Evangelho é escândalo e<br />
desprezo para muitos, mas para os cristãos é o poder de<br />
Deus para salvação de todo aquele que crê.<br />
MORTO – A consequência da crucificação foi à morte,<br />
Jesus precisava morrer.<br />
A morte de Jesus é celebrada pelos cristãos toda vez que<br />
celebramos a Ceia do Senhor. Diferente das outras<br />
religiões que lamentam a morte de seus líderes o<br />
cristianismo celebra a morte do seu Líder. Alguns falsos<br />
ensinos surgiram alegando que Jesus não havia sido morto<br />
verdadeiramente. O docetismo alegava que Jesus nunca<br />
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teve um corpo material. Aqui o Credo Apostólico vai contra<br />
esses tipos de ensinos. A morte do nosso Senhor é alicerce<br />
da fé cristã – 1 Coríntios 15:3 – 5. Pois, o que<br />
primeiramente lhes transmiti foi o que recebi, que Cristo<br />
morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi<br />
sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as<br />
Escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos Doze. Sem a<br />
morte de Jesus não há Evangelho. Jesus não somente<br />
sofreu no nosso lugar, mas Ele morreu por nós. O sangue<br />
precisava ser derramado e a morte necessitava ocorrer. Na<br />
economia de Deus a Sua ira somente podia ser apaziguada<br />
mediante a morte de um sacrifico perfeito.<br />
Levítico 17:11 “Pois a vida da carne está no sangue, e eu<br />
o dei a vocês para fazerem propiciação por si mesmos no<br />
altar; é o sangue que faz propiciação pela vida”.<br />
A morte do nosso salvador deve ser proclamada, pois é<br />
através da morte de Jesus que nós temos vida.<br />
E SEPULTADO – Os corpos dos criminosos crucificados<br />
não eram enterrados, eles permaneciam na cruz para<br />
apodrecerem ou serem comidos pelos animais. Mas o de<br />
Jesus foi sepultado como sinal de que Deus aceitou a Sua<br />
morte (Isaías 53:9).<br />
A SOBERANIA <strong>DE</strong> <strong>DE</strong>US NO SEPULTAMENTO <strong>DE</strong><br />
JESUS<br />
1 – Deus havia falado através do profeta Isaias que Jesus<br />
seria sepultado – 53:8, 9. Da opressão e do juízo foi tirado;<br />
e quem contará o tempo da sua vida? Porquanto foi cortado<br />
da terra dos viventes; pela transgressão do meu povo Ele<br />
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foi atingido. E puseram a sua sepultura com os ímpios, e<br />
com o rico na sua morte; ainda que nunca cometeu<br />
injustiça, nem houve engano na sua boca. A ação de<br />
sepultar Jesus já é a primeira demonstração da vindicação<br />
do Servo Sofredor.<br />
2 – Por Jesus ter sido crucificado na Páscoa os judeus não<br />
queriam os corpos naquela região enquanto milhares de<br />
pessoas passavam por lá – João 19:31. Esse era o Dia da<br />
Preparação, e o dia seguinte seria um sábado<br />
especialmente sagrado. Por não quererem que os corpos<br />
permanecessem na cruz durante o sábado, os judeus<br />
pediram a Pilatos que ordenasse que lhes quebrassem as<br />
pernas e os corpos fossem retirados. Deus usa o tempo em<br />
que Jesus foi crucificado para cumprir a promessa do<br />
sepultamento de Cristo.<br />
O sepultamento de Jesus reforça a ideia de que Ele<br />
realmente morreu. O corpo de Jesus foi sepultado –<br />
Mateus 27:65, 66 “Levem um destacamento”, respondeu<br />
Pilatos. “Podem ir, e mantenham o sepulcro em segurança<br />
como acharem melhor. Eles foram e armaram um esquema<br />
de segurança no sepulcro; e além de deixarem um<br />
destacamento montando guarda, lacraram a pedra”.<br />
Jesus recebeu a ira de Deus em Seu corpo –, sendo<br />
crucificado, morto e sepultado.<br />
“Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, o<br />
qual foi concebido por obra do Espírito Santo; nasceu da<br />
virgem Maria; padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi<br />
crucificado, morto e sepultado; desceu ao hades; ressurgiu<br />
dos mortos ao terceiro dia [...]”.<br />
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1 – <strong>DE</strong>SCEU AO HA<strong>DE</strong>S “descendit ad inferna”.<br />
Nas Escrituras Hebraicas, a palavra usada para descrever<br />
a esfera dos mortos é “sheol”. Esta palavra simplesmente<br />
significa “Sepultura”; a “habitação dos mortos”; o “mundo<br />
inferior”; “lugar dos mortos” ou o “lugar das almas/espíritos<br />
que partiram”. A palavra grega do Novo Testamento que é<br />
usada para inferno é “Hades”, que também se refere ao<br />
“lugar dos mortos”. Outras Escrituras no Novo Testamento<br />
indicam que “Sheol /Hades” é um lugar temporário, onde<br />
as almas ficam enquanto aguardam a ressurreição e<br />
julgamento final. Apocalipse 20:11 – 15 dá a distinção clara<br />
entre os dois. Inferno (o lago de fogo) é o lugar final e<br />
definitivo de julgamento para os perdidos. Hades é um<br />
lugar temporário. Então, não, Jesus não foi ao “Inferno”<br />
porque “Inferno” é uma esfera futura que somente entrará<br />
em vigor após o Julgamento do Grande Trono Branco<br />
(Apocalipse 20:11 – 15).<br />
Sheol /Hades é uma esfera com duas divisões (Mateus<br />
11:23; 16:18; Lucas 10:15; 16:23; Atos 2:27:31), o território<br />
dos salvos e o dos perdidos. O território dos salvos é<br />
chamado “Paraíso” e “Seio de Abraão”. Os territórios dos<br />
salvos e dos perdidos são separados por um “grande<br />
abismo” (Lucas 16:26). Quando Jesus subiu aos Céus, Ele<br />
levou consigo os ocupantes do Paraíso “os crentes”<br />
(Efésios 4:8 – 10). O que Efésios está dizendo é que<br />
quando Jesus ascendeu aos céus Ele levou para o céu<br />
com Ele um grupo de pessoas ressuscitadas com Ele. Ele<br />
levou as pessoas que estavam no cativeiro da morte,<br />
cativas (isto é, redimidas) com Ele (longe do poder de<br />
Satanás) para o reino de Seu Pai. Foi uma pequena<br />
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amostra da eficácia de seu sacrifício. Lembremo-nos do<br />
criminoso arrependido da cruz “Em verdade te digo que<br />
hoje estarás comigo no Paraíso” (cf. Lucas 23:43). O lado<br />
perdido do “Sheol/Hades” permaneceu intacto, ou seja,<br />
melhor dizendo o “Geena”. Todos os mortos incrédulos<br />
para lá vão e esperam seu futuro julgamento final. Jesus<br />
foi ao “Sheol/Hades”? Sim, de acordo com Efésios 4:8 – 10<br />
e 1 Pedro 3:18 – 20.<br />
Essa é a frase do credo mais debatida entre os cristãos.<br />
Nenhuma outra afirmação trouxe e traz tanto debate como<br />
essa que diz que Jesus desceu ao “inferno”.<br />
De acordo com Wayne Grudem, a frase “desceu ao inferno”<br />
não foi encontrada em qualquer uma das versões iniciais<br />
do credo e ela não foi incluída em qualquer outra versão do<br />
Credo do Apostólico até 650.<br />
INTERPRETAÇÕES<br />
Muitos falam que Jesus desceu ao inferno – lugar de<br />
punição para os injustos – para: (1) Pegar as chaves do<br />
inferno; (2) Buscar os santos que lá estavam “limbus<br />
patrum”; (3) Experimentar a plenitude dos sofrimentos; (4)<br />
Proclamar Sua vitória sobre os inimigos; (5) Pregar as boas<br />
novas. Baseando em passagens como 1 Pedro 3:19, 20 e<br />
Efésios 4:8, 9.<br />
Muitos pastores do movimento pentecostal de curas e<br />
milagres – Word of Faith Movement – usam essa ideia de<br />
que Jesus desceu ao inferno e sofreu ao lado de Satanás<br />
para alegar que Jesus sofreu até no inferno para trazer<br />
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uma restauração total para os cristãos. Uma grande<br />
invenção da parte dos homens.<br />
A Palavra INFERNO:<br />
No latim a palavra usada é “inferna” ou “inferus” – que<br />
significa baixo. O texto grego do Credo Apostólico usa a<br />
palavra “κατώτατα” (katotata) = baixo, partes baixas ou<br />
inferiores (Efésios 4:9).<br />
A palavra infernos é geralmente usada para traduzir a<br />
palavra grega “hades”. “Hades” é geralmente usada no<br />
lugar da palavra hebraica “sheol”.<br />
O grande problema é que na nossa mente toda vez que<br />
ouvimos a palavra “inferno” nós já pensamos no lugar de<br />
punição do ímpio. Mas as palavras “infernos” (latim),<br />
“hades” (grego) e “sheol” (hebraico) tem na maioria das<br />
vezes outro sentido.<br />
“Sheol” – {“Sheh-ol” – אֹול {שְׁ – “shĕ’owl” (STRONG: 7585)<br />
tem um sentido geral de lugar dos mortos – de todos os<br />
mortos. Ela é geralmente traduzida como sepultura,<br />
sepulcro, cova – (algumas versões traduzem como ‘inferno’<br />
– mas eu não concordo).<br />
“Uma terceira interpretação é que “sheol” não descreve o<br />
lugar onde as almas dos mortos vão, mas o lugar onde os<br />
corpos vão –, a sepultura. Essa interpretação da palavra<br />
‘sheol’ figura uma típica sepultura da Palestina, escura e<br />
com vermes. Todas as almas dos homens não vão para<br />
um mesmo lugar, mas todas as pessoas vão para a cova”.<br />
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(Theological Wordbook of the Old Testament – R. Lay<br />
Harris, Gleasson Archer, Bruce Waltke – Moddy).<br />
“Hadēs – Ἅδης - essa palavra aparece dez vezes no N.T.<br />
e muitos acreditam ser semelhante à palavra hebraica<br />
“sheol” –, sendo ‘hadēs’ também um lugar geral para os<br />
mortos”. A palavra ‘hadēs’ pode significar, “a morada<br />
invisível ou mansão dos mortos, o lugar do inferno –<br />
punição, o lugar ou condição mais baixa que alguém pode<br />
estar”. (William D. Mounce, The Analytical Lexicon to the<br />
Greek New Testament, “Grand Rapids Zondervan, 1993”,<br />
52 – 53). “Hadēs” não necessariamente implica no lugar de<br />
punição, na maioria das vezes ela tem o sentido de morte<br />
e sepultura no N.T.<br />
Hadēs é a habitação dos mortos. É a palavra grega<br />
equivalente à hebraica “sheol” (Salmos 6:5). A versão<br />
Revista e Atualizada traduz ‘Hadēs’ como inferno, mas isso<br />
é enganoso. Jesus não estava se referindo ao tormento do<br />
inferno eterno; estava afirmando que o sepulcro não<br />
poderia reter os eleitos. As portas, “obstáculos”, da morte<br />
não foram capazes de deter Jesus e não podem manter<br />
cativo o cristão – (1 Coríntios 15:55). Sendo “as portas do<br />
Hadēs não prevalecerão, uma promessa de ressurreição”.<br />
(Com Vergonha do Evangelho, John MacArthur – Fiel, p.<br />
208).<br />
A palavra mais usada para representar o lugar de<br />
julgamento dos ímpios é a palavra “geenna” (γέεννα).<br />
A palavra inferno no Credo Apostólico tem o sentido de<br />
sepultura – o lugar mais baixo. Isso enfatiza a verdade<br />
declarada anteriormente que Jesus havia sido sepultado.<br />
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Por ter sido sepultado Ele realmente desceu ao inferno<br />
“katotata” –, ao túmulo, a cova –, ao lugar mais baixo.<br />
“Descer ao Hades é o substituto de crucificado, morto e<br />
sepultado”.<br />
POR QUE JESUS NÃO <strong>DE</strong>SCEU AO INFERNO – lugar de<br />
punição do ímpio?<br />
1 – Na cruz Jesus declarou, “Está consumado”. (João<br />
19:30). Jesus não foi ao inferno para sofrer mais.<br />
2 – Na cruz Jesus disse que naquele mesmo dia Ele estaria<br />
no Paraíso (Lucas 23:43).<br />
3 – Jesus não precisou descer ao inferno para pegar as<br />
chaves da morte, pois de acordo com Daniel 7 toda a<br />
autoridade foi dada a Jesus pelo Ancião dos Dias na<br />
ascensão dEle.<br />
Ao declarar que Jesus desceu ao “Hades” o credo enfatiza<br />
que o processo da morte foi totalmente concluído. Jesus<br />
não apenas apareceu estar morto, não ficou em estado de<br />
coma, mas experimentou a morte por completo. Jesus<br />
desceu á cova mais baixa, experimentou a morte por<br />
completo como consequência do Seu sepultamento.<br />
“O que o credo diz, é que Jesus entrou, não no geenna,<br />
mas no hades –, isto é, Ele realmente morreu, e isso foi<br />
uma morte genuína e não simulada”. (J.I. Packer, Growing<br />
in Christ, Crossway, p. 56).<br />
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COMENTÁRIO <strong>DE</strong> 1 PEDRO 3:19, 20<br />
(19, 20). No qual (isto é, o Espírito) também foi, e pregou.<br />
Segue-se uma digressão cuja interpretação é obscura.<br />
Alguns mestres, dos quais Lange é um representante,<br />
defende que a única inferência franca e natural aqui é<br />
admitir que Cristo, depois de Sua crucificação, desceu ao<br />
Hades e “proclamou a estes espíritos em prisão no Hades<br />
o começo de uma nova época de graça” (J. P. Lange,<br />
Commentary on the Holy Scripture IX, p. 64). Ele assevera<br />
que sem dúvida muitos foram salvos por causa desta<br />
segunda oportunidade. Esta opinião dá lugar à questão<br />
difícil de por que, dentre todos os incrédulos, os<br />
antediluvianos foram os recebedores deste adiamento de<br />
sentença e dá lugar a possibilidade (que contraria o<br />
ensinamento explícito do N.T.), de que outros pecadores<br />
não arrependidos teriam uma oportunidade posterior de<br />
crer em Cristo. Alguns acham que a pregação de Cristo no<br />
Hades foi condenatória, mas esta não é a implicação<br />
costumeira da palavra grega, que significa, proclamar,<br />
anunciar, e costuma ser usada em relação ao Evangelho.<br />
John Owen, o tradutor e editor de Calvino (João Calvino,<br />
Commentaries on the Catholic Epistles, p. 116,<br />
observação), cita a explicação adotada por Beza,<br />
Doddridge, Macknight, e Scott, de que o tempo de ação era<br />
no ministério de Noé, quando Cristo pelo Espírito (“no<br />
qual”) pregou através de Noé aos ímpios que, no tempo em<br />
que Pedro escreveu a carta, eram espíritos no Hades. E<br />
tudo isso aconteceu enquanto a longanimidade de Deus<br />
retardou o dilúvio. A referência feita ao tempo gasto na<br />
construção da arca parece corroborar esta interpretação.<br />
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Referência feita ao pequeno número daqueles que se<br />
salvaram encorajaria o “pequeno rebanho” na Ásia.<br />
Gordon Lyons declara – 1 Pedro 3:19, 20.<br />
(19) no qual também foi e pregou aos espíritos em prisão<br />
(20a) que há muito tempo desobedeceram, quando Deus<br />
esperava pacientemente nos dias de Noé, enquanto a arca<br />
era construída [...] – (NVI).<br />
Através do mesmo Espírito Santo que o ressuscitou dos<br />
mortos, Jesus pregou a mensagem de sua vitória triunfante<br />
aos espíritos (ou almas) em prisão, agora aprisionados<br />
pelo julgamento e sentença de Deus. Esses eram os<br />
espíritos dos homens e mulheres que viveram nos dias de<br />
Noé (cf. 1 Pedro 4:6; 2 Pedro 2:4, 5).<br />
As vidas desses homens e mulheres tinham sido cheias de<br />
perversidade, violência e corrupção. Durante o tempo da<br />
construção da arca, Noé vinha proclamando a esses<br />
ímpios uma mensagem de salvação do juízo vindouro de<br />
Deus. Contudo, embora Deus tenha esperado<br />
pacientemente, todos — exceto Noé e seus familiares<br />
imediatos — recusaram crer que o Senhor estava a ponto<br />
de destruir o mundo da humanidade pecadora.<br />
Consequentemente, todos aqueles que falharam em<br />
buscar refúgio na arca, subsequentemente pereceram nas<br />
águas do dilúvio (Gênesis 6:3 – 18; 7:21 – 23).<br />
Aos espíritos ou almas desses ímpios — aprisionadas e<br />
atormentadas eternamente — Cristo proclamou sua vitória<br />
triunfante. [1] Essa foi uma mensagem de vitória sobre<br />
Satanás, o pecado, a morte, o inferno e a sepultura. Essa<br />
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própria vitória, contudo, selou eternamente a condenação<br />
final dessas almas rebeldes e incrédulas. Ela tornou certa<br />
a condenação eterna delas no inferno (cf. 2 Pedro 2:9).<br />
Na última parte do versículo 20, o apóstolo escreve:<br />
(20b) Nela apenas algumas pessoas [ARC, almas], a<br />
saber, oito, foram salvas por meio da água [...] – (NVI).<br />
Na arca construída por Noé e outros, somente oito pessoas<br />
experimentaram o livramento do julgamento de Deus sobre<br />
o mundo daquela época. Aparte daqueles na arca, toda a<br />
humanidade e todas as outras criaturas [terrestres que<br />
dependiam do ar para a sobrevivência] foram destruídas.<br />
Aqueles que creram em Deus, contudo, encontraram<br />
salvação prestando atenção à sua Palavra e buscando<br />
livramento através do meio apontado — a arca. Da mesma<br />
forma, aqueles que crêem em Deus hoje, encontram<br />
salvação prestando atenção à sua Palavra e buscando<br />
livramento através do meio apontado — seu Filho<br />
unigênito, o Senhor Jesus Cristo. Assim como a arca livrou<br />
com segurança os crentes da ira e do julgamento temporal<br />
de Deus, assim a fé em Cristo livra com segurança o crente<br />
da ira e do julgamento final de Deus.<br />
NOTAS:<br />
[1] — Alguns intérpretes não crêem que essa passagem<br />
ensine uma declaração pessoal de vitória pelo Senhor<br />
Jesus a esses espíritos aprisionados. Antes, na opinião<br />
deles, Cristo foi pregado a eles em e através da pregação<br />
de Noé (cf. 2 Pedro 2:5: veja também Efésios 2:17, onde<br />
pode ser visto que ‘a vinda de Cristo para pregar' não<br />
necessariamente significa sua vinda em pessoa. Nessa<br />
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passagem, ela se refere à pregação de Cristo por seus<br />
servos. Cristo é pregado onde quer que seus servos<br />
proclamem a mensagem do Evangelho).<br />
As três interpretações principais dessa passagem podem<br />
ser resumidas da seguinte forma:<br />
(1) O Cristo pré-encarnado pregado àqueles indivíduos<br />
através de Noé (2 Pedro 2:5). Contudo, porque eles<br />
recusaram prestar atenção à advertência de Cristo, através<br />
de Noé, da vinda do julgamento de Deus, eles pereceram<br />
no dilúvio e subsequentemente foram aprisionados por<br />
Deus; ou, (2) Após a sua ressurreição, o Senhor Jesus<br />
Cristo proclamou sua vitória a esses espíritos aprisionados,<br />
durante sua “descida ao inferno” (cf. Efésios 4:9); ou, (3) O<br />
Cristo ressurreto proclamou sua vitória aos anjos caídos<br />
aprisionados (identificados como os “filhos de Deus” em<br />
Gênesis 6:2, 4).<br />
William Barclay declara – 1 Pedro 3:18b – 20 — 4:6.<br />
Já dissemos que aqui estamos frente a uma das mais<br />
difíceis passagens não só das Cartas de Pedro, mas<br />
também de todo o Novo Testamento. Portanto, se<br />
queremos entender o sentido desses versículos teremos<br />
que seguir a mensagem do próprio Pedro e “cingir os<br />
lombos de nosso entendimento” para estudá-los. Esta<br />
passagem achou cabida no Credo com a frase “desceu aos<br />
infernos”. Primeiro deveremos notar que a frase é muito<br />
confusa. A idéia do Novo Testamento não é que Cristo<br />
desceu ao inferno, mas sim descendeu ao Hades. A<br />
diferença é a seguinte: o inferno é inquestionavelmente o<br />
lugar de tortura e de castigo dos ímpios; mas o Hades,<br />
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segundo o pensamento judeu, era o lugar aonde iam os<br />
mortos.<br />
Os judeus tinham um conceito muito vago quanto à vida<br />
além-túmulo. Não pensavam em Céu e inferno, mas em um<br />
mundo sombrio onde os espíritos humanos se moviam<br />
como espectros cinzentos numa permanente penumbra,<br />
onde não havia nem luz nem força nem alegria. Esse era o<br />
Hades — a terra das sombras, para a qual iam as almas<br />
de todos depois da morte.<br />
Isaías escreve: “Pois o Sheol não te pode louvar, A morte<br />
não te pode celebrar: Os que descem à cova, não podem<br />
esperar a tua verdade”. (Isaías 38:18). Expressa o<br />
salmista: “Pois na morte não há recordação de ti, no Sheol<br />
quem te dará louvor?” (Salmos 6:5). “Que proveito obterás<br />
no meu sangue, quando baixo à cova? Louvar-te-á,<br />
porventura, o pó? Declarará ele a tua verdade?” (Salmos<br />
30:9). “Acaso mostrarás maravilhas aos mortos?<br />
Porventura levantar-se-ão as sombras dos mortos e te<br />
louvarão? Será referida a tua benignidade na sepultura?<br />
Ou a tua fidelidade em Abadom? Acaso serão conhecidas<br />
nas trevas as tuas maravilhas? E a tua justiça na terra do<br />
esquecimento?” (Salmos 88:10 – 12). “Os mortos não<br />
louvam ao SENHOR, nem os que descem ao silêncio”<br />
(Salmos 115:17). “Tudo quanto te vier à mão para fazer,<br />
faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para<br />
onde tu vais, não há obra, nem indústria, nem ciência, nem<br />
sabedoria alguma” (Eclesiastes 9:10; cf. Versões TB e NVI.<br />
– N. do tradutor).<br />
Tal era a concepção judia do mundo situado para além da<br />
morte. Era um mundo de sombras, de impotência e de<br />
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esquecimento no qual os seres humanos eram separados<br />
da vida, da luz e de Deus. À medida que passou o tempo<br />
foi surgindo a idéia de etapas e divisões neste sombrio<br />
território. Para alguns isso ia durar para sempre; para<br />
outros, pelo contrário, era uma espécie de cárcere no qual<br />
se mantinha os condenados até o dia do juízo e o castigo<br />
finais, quando a ira de Deus os esmagaria (Isaías 24:21,<br />
22; 2 Pedro 2:4; Apocalipse 20:1 – 7). De maneira que, em<br />
primeiro lugar, teremos que lembrar o que todo este<br />
assunto deve ser considerado, não em termos de inferno<br />
como nós entendemos a palavra, mas em termos da visita<br />
de Cristo aos mortos que estão em seu mundo cinzento e<br />
sombrio.<br />
A <strong>DE</strong>SCIDA AO HA<strong>DE</strong>S<br />
1 Pedro 3:18b – 20 — 4:6 (continuação).<br />
A doutrina que aparece no Credo referente à descida ao<br />
Hades — como devemos chamá-la agora — se baseia em<br />
duas frases da passagem que estamos considerando aqui.<br />
Vemos que diz que Cristo foi e pregou aos espíritos que<br />
estavam encarcerados (3:19), e também fala do evangelho<br />
que foi pregado aos mortos (4:6). Com relação a esta<br />
doutrina sempre houve diferentes posições entre os<br />
pensadores.<br />
(1) Há aqueles que desejam eliminá-la por completo. Esta<br />
atitude de eliminação procura ser atingida através de dois<br />
procedimentos:<br />
(a) Pedro diz que Cristo pregou aos espíritos que estavam<br />
na prisão, os espíritos que alguma vez foram<br />
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desobedientes no tempo em que a paciência de Deus<br />
aguardava nos dias de Noé, quando se estava construindo<br />
a arca. Argúi-se que isto significa que foi nos dias do<br />
próprio Noé quando Cristo fez essa pregação, que longo<br />
tempo antes Ele estava pregando no Espírito e apelando<br />
aos homens ímpios da época de Noé; que não foi depois<br />
que eles morreram, e estando no Hades quando Cristo foi<br />
pregar-lhes, no tempo entre sua própria morte e<br />
ressurreição, mas sim realmente nos dias de Noé o Cristo<br />
preexistente foi no Espírito e pregou e apelou àqueles<br />
pecadores. Nesta forma fica eliminada por completo a idéia<br />
de uma descida ao Hades e a pregação de Cristo é<br />
transferida ao mundo dos antigos dias de Noé. Muitos<br />
destacados estudiosos aceitaram e aceitam este ponto de<br />
vista. De nosso ponto de vista, entretanto, não cremos que<br />
seja este o sentido que surge naturalmente das palavras<br />
de Pedro.<br />
(b) Se observarmos a tradução de Moffat ao inglês,<br />
encontraremos algo muito diferente. Essa tradução reza<br />
assim: “Na carne Ele (Cristo) foi morto, mas voltou à vida<br />
no Espírito. Também no Espírito Enoque foi e pregou aos<br />
espíritos prisioneiros que tinham desobedecido no tempo<br />
quando a paciência de Deus aguardava enquanto era<br />
construída a arca nos dias de Noé”. Como vemos, Moffat<br />
introduz no quadro a Enoque, que não aparece de modo<br />
nenhum em nossas versões. Como é que Moffat chega a<br />
esta tradução?<br />
O nome de Enoque não aparece em nenhum manuscrito<br />
grego. Mas ao considerar o texto de qualquer autor grego<br />
os eruditos frequentemente utilizam um processo que se<br />
chama de emenda. Este procedimento consiste no<br />
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seguinte: às vezes os estudiosos crêem ter encontrado<br />
algo incorreto no texto tal qual se acha, que algum escriba<br />
parece ter copiado erroneamente e que faz com que o texto<br />
não tenha sentido tal como está. Portanto, sugerem que<br />
determinada palavra deveria ser mudada ou que devem<br />
adicionar alguma outra ainda que tais mudanças e<br />
agregados não apareçam em nenhum manuscrito grego.<br />
No que se refere a esta passagem Rendel Harris sugeriu<br />
que ao copiar o manuscrito de Pedro se omitiu a palavra<br />
Enoque e que deveria ser reincorporada.<br />
Embora isso implica o uso do grego, poderia ser que alguns<br />
leitores tenham interesse em ver como Rendel Harris<br />
chegou a esta famosa emenda. Por isso nos permitimos<br />
indicar aqui seu raciocínio. Na linha superior, com letra<br />
itálica, pusemos o grego [utilizando nosso alfabeto] e<br />
abaixo de cada palavra grega se encontrará a<br />
correspondente tradução ao português:<br />
“thanatotheis men sarki”.<br />
“tendo sido morto na carne”.<br />
“zoopoietheis de pneumati”.<br />
“tendo ressuscitado no Espírito”.<br />
“en ho kai tois en fulake pneumasi”.<br />
“no qual também aos na prisão espíritos”.<br />
“poreutheis ekeruxen”.<br />
“tendo ido pregou”.<br />
Esta é, então, a passagem em questão apresentado em<br />
grego e em português palavra por palavra. (“men” e “de”,<br />
em grego, são o que chamamos partículas, não se<br />
traduzem, simplesmente assinalam o contraste entre sarki<br />
e pneumati: carne e espírito). Rendel Harris sugeriu que<br />
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entre kai e tois se omitiu a palavra Enoque. A explicação<br />
que oferece é que pelo fato de que a cópia de manuscritos<br />
se fazia por ditado, os escribas estavam expostos a omitir<br />
ou saltar palavras que aparecendo em sucessão teria um<br />
som muito similar. Nesta passagem, as palavras en ho kai<br />
e Enoc soam de modo muito semelhante e Rendel Harris<br />
opinou que era muito provável que a palavra Enoque teria<br />
sido omitida por erro).<br />
Que razão há para introduzir a Enoque nesta<br />
passagem?<br />
Enoque foi sempre um personagem fascinante e<br />
misterioso. “Andou Enoque com Deus e já não era, porque<br />
Deus o tomou para si” (Gênesis 5:24). No período que vai<br />
entre o Antigo e o Novo Testamento surgiram numerosas<br />
lendas referentes a Enoque e muitos livros importantes<br />
foram escritos com o seu nome. Uma dessas lendas<br />
relatava que Enoque, embora sendo homem, agiu como<br />
enviado de Deus aos anjos que pecaram os quais vieram<br />
à Terra e seduziram de modo lascivo as mulheres mortais<br />
(Gênesis 6:2). No livro de Enoque diz-se que este foi<br />
enviado do céu para anunciar a esses anjos sua<br />
condenação final (Enoque 12:1), e que lhes fez saber que<br />
por causa de seu pecado não haveria jamais perdão nem<br />
paz para eles (Enoque 12 e 13). De modo que, segundo a<br />
lenda judia, Enoque foi de fato ao Hades e pregou ali a<br />
condenação aos anjos caídos e pecadores. Assim, pois,<br />
Rendel Harris creu que esta passagem não se referia a<br />
Jesus, mas sim a Enoque. E Moffat a tal ponto esteve de<br />
acordo com Harris que introduziu Enoque em sua tradução<br />
inglesa. Esta é uma sugestão extremamente interessante<br />
e engenhosa. Entretanto, devemos rejeitá-la porquanto<br />
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carece absolutamente de evidência. Não é prudente<br />
introduzir Enoque neste quadro visto que a descrição total<br />
refere-se à obra de Cristo.<br />
A <strong>DE</strong>SCIDA AO HA<strong>DE</strong>S<br />
1 Pedro 3:18b – 20 — 4:6 (continuação).<br />
Acabamos de ver como falha o intento de utilizar a técnica<br />
de eliminação nestes versículos.<br />
(2) A segunda atitude possível é a de limitação. Segundo<br />
este procedimento — que é aquele que adotaram alguns<br />
dos mais notáveis intérpretes do Novo Testamento — se<br />
dá por sentado que Pedro certamente estava ensinando<br />
que Jesus foi ao Hades e pregou ali, mas que de maneira<br />
nenhuma pregou a todos os que ali habitavam. Esses<br />
intérpretes limitam tal pregação de diferentes maneiras.<br />
(a) Sustenta-se que Jesus pregou no Hades somente aos<br />
espíritos daqueles que foram pecadores e desobedeceram<br />
a Deus nos dias de Noé. Aqueles que sustentam este ponto<br />
de vista geralmente sustentam que, pelo fato de que os<br />
pecadores daquela época eram incorrigivelmente ímpios e<br />
desobedientes — tanto que Deus teve que enviar o dilúvio<br />
para destruí-los (Gênesis 6:12-13) — podemos, portanto,<br />
crer que ninguém está excluído da misericórdia de Deus.<br />
Aqueles homens eram os piores de todos os pecadores;<br />
mas mesmo assim foi-lhes concedida outra oportunidade<br />
para que se arrependessem. Por conseguinte, até as<br />
piores pessoas têm ainda uma oportunidade em Cristo.<br />
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(b) Sustenta-se que Jesus pregou aos anjos caídos, mas<br />
que lhes anunciou não a salvação, mas sim a condenação<br />
final e irrevogável. Já fizemos menção destes anjos. O<br />
relato correspondente se acha em Gênesis 6:1 – 8. Foram<br />
tentados pela beleza das mulheres mortais, vieram à Terra<br />
e as seduziram e geraram filhos; e devido a isto se infere<br />
que a maldade do homem era muito grande e que seus<br />
pensamentos estavam continuamente ocupados em coisas<br />
perversas. Em 2 Pedro 2:4 fala-se daqueles anjos<br />
pecadores que estão no inferno encadeados e aguardando<br />
o juízo. A estes foi que Enoque teria pregado; e há aqueles<br />
que opinam que esta passagem significa não que Cristo<br />
pregou misericórdia e lhes deu outra oportunidade, mas<br />
sim, pelo contrário, como símbolo de seu completo triunfo,<br />
pregou a espantosa condenação daqueles anjos que<br />
tinham caído em pecado.<br />
(c) Sustenta-se que Cristo pregou somente àqueles que no<br />
passado tinham sido justos, e que os tirou do Hades e os<br />
conduziu ao Paraíso de Deus. Isto se explica assim: Já<br />
vimos que os judeus criam que todos os mortos iam ao<br />
Hades, esse cinzento e sombrio lugar do esquecimento.<br />
Aduz-se que antes de Cristo certamente era assim, mas<br />
que Ele abriu as portas do Céu à humanidade e quando fez<br />
isto foi ao Hades e ali deu a grata notícia a todos os justos<br />
de todas as gerações passadas e os conduziu a Deus. Esta<br />
é certamente uma magnífica figura. Os que sustentam tal<br />
posição geralmente adicionam que, por causa de Cristo,<br />
agora não há para o cristão tempo de espera nas sombras<br />
do Hades, mas sim o caminho rumo ao Paraíso de Deus<br />
se abre logo que este mundo se fecha para nós.<br />
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1 Pedro 3:18b – 20 — 4:6 (continuação).<br />
(3) Além disso, outra posição sustenta que o que Pedro diz<br />
é que Jesus Cristo, entre sua morte e sua ressurreição, foi<br />
ao mundo dos mortos e ali pregou o evangelho. O apóstolo<br />
diz que Jesus Cristo foi morto na carne, mas que<br />
ressuscitou no Espírito e que foi precisamente no Espírito<br />
como pregou. Isto significa que Jesus viveu num corpo<br />
humano e que esteve sujeito a todas as limitações de<br />
tempo e espaço nos dias de sua existência carnal; que<br />
morreu corporalmente sobre a cruz, moído, quebrantado e<br />
sangrado, mas que, ao ressuscitar, Ele o fez com um corpo<br />
espiritual no qual estava livre da inevitável fraqueza<br />
humana, livre das iniludíveis limitações de espaço e tempo<br />
e que, desta maneira, todo o universo converteu-se em<br />
esfera de sua ação. Nestas condições espirituais de<br />
perfeita liberdade teve lugar a pregação aos mortos. Quais<br />
são as grandes e transcendentes verdades que há nesta<br />
doutrina? Tal como se apresenta, está expressa em<br />
categorias perimidas e superadas. Fala de uma descida ao<br />
Hades. A mesma palavra descida nos faz pensar em<br />
termos de um universo de três pisos no qual o Céu estaria<br />
localizado acima, e o Hades debaixo da Terra. Entretanto,<br />
desprezando todas as categorias físicas e geográficas<br />
desta doutrina, ainda podemos encontrar nela verdades<br />
que são eternamente válidas e preciosas.<br />
(a) Se Jesus desceu ao Hades, então isto implica que<br />
morreu real e verdadeiramente. Sua morte não foi um<br />
simulacro nem uma comédia. Sua morte não pode ser<br />
explicada como um desvanecimento na cruz ou algo pelo<br />
estilo. Jesus experimentou a morte de maneira certa e<br />
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verdadeira, e depois ressuscitou. Isto faz possível que<br />
creiamos num Cristo que passou pela experiência humana<br />
do nascimento, da vida e da morte. Em sua forma mais<br />
simples a doutrina da descida ao Hades estabelece a<br />
completa identidade de Cristo com nossa condição<br />
humana, até com a experiência da morte.<br />
(b) Se Cristo desceu ao Hades, isto significa que seu triunfo<br />
é literalmente universal. Esta é uma verdade da qual, de<br />
fato, está impregnado o Novo Testamento. O desejo de<br />
Paulo é que diante do nome de Jesus Cristo se dobre tudo<br />
joelho dos que estão nos Céus, e na Terra e debaixo da<br />
Terra (Filipenses 2:10). No Apocalipse o canto de louvor<br />
surge de toda criatura que está nos Céus, na Terra e<br />
debaixo da Terra (Apocalipse 5:13). Aquele que subiu ao<br />
Céu é também o primeiro que desceu às partes mais<br />
baixas da Terra (Efésios 4:9, 10). A submissão total do<br />
universo a Cristo está entretecida no pensamento do Novo<br />
Testamento.<br />
(c) Se Cristo desceu ao Hades e ali pregou, não há então<br />
lugar do universo ao qual não tenha chegado a mensagem<br />
de graça. Nesta passagem encontra-se a resposta a um<br />
dos mais árduos interrogantes com que se depara a fé<br />
cristã: O que sucederá com aqueles que viveram antes de<br />
Cristo, aqueles aos quais o evangelho alguma vez chegou?<br />
Se não pode haver salvação sem arrependimento, como<br />
podem arrepender-se aqueles que nunca se depararam<br />
com o amor e a santidade de Deus? Se não há outro nome<br />
mediante o qual os homens podem ser salvos, o que vai<br />
suceder com aqueles que nunca ouviram esse nome? Este<br />
é o ponto que Justino Mártir acentuou faz já tanto tempo:<br />
“O Senhor, o Santo de Israel lembrou a seus mortos e<br />
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desceu até eles para dar-lhes as boas novas da salvação”.<br />
A doutrina da descida ao Hades conserva a preciosa<br />
verdade de que não há pessoa — não importa a época em<br />
que tenha vivido — que fique fora da olhar de Cristo e sem<br />
a correspondente oferta da salvação de Deus.<br />
Há muitos que ao repetir o Credo encontram que a frase<br />
“desceu aos infernos” carece de sentido e é muito confusa.<br />
Por isso que, tacitamente, decidiram desprezá-la e<br />
esqueceria. Talvez se deveria pensar nisto como numa<br />
figura descritiva em termos poéticos e não tanto como<br />
numa doutrina expressa em termos teológicos. Pode ser<br />
que se trate, antes, de alimento espiritual e nem tanto de<br />
algo que possa ser incluído na fórmula de um credo. Mas<br />
há nisso três grandes verdades: que Jesus Cristo não só<br />
provou a morte, mas também apurou até o fim a taça da<br />
morte; que o triunfo de Cristo é universal; que não há lugar<br />
do universo ao qual não tenha alcançado a graça de Deus.<br />
A VIDA DO VERDA<strong>DE</strong>IRO DISCÍPULO <strong>DE</strong><br />
CRISTO<br />
“Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo,<br />
tome diariamente a sua cruz e siga-me” – Lucas 9:23.<br />
Os discípulos de Cristo demonstraram, em certos<br />
momentos da vida, exclusivismo, partidarismo, egoísmo,<br />
imaturidade, bairrismo e outros comportamentos ruins.<br />
Eles erraram quando na verdade deveriam acertar (Lucas<br />
9:40, 41). Jesus Cristo censurou tais comportamentos e<br />
corrigiu o grupo seleto, mas não os abandonou.<br />
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Na narrativa bíblica veremos como, em diferentes<br />
circunstâncias, os discípulos agiram de forma oposta<br />
àquilo que o Senhor lhes havia ensinado e como Jesus os<br />
conduziu à maneira certa de agir. Esses fatos demonstram<br />
que os seguidores de Cristo eram seres humanos que<br />
viviam suas limitações latentes, e como tal, dependiam de<br />
Deus para superá-las. Esses exemplos servem para nos<br />
orientar em nossa jornada de fé a fim de que possamos<br />
cultivar as verdadeiras virtudes da fé como a oração, a<br />
Palavra de Deus, tendo como regra o repúdio do<br />
exclusivismo, os valores invertidos, a ansiedade, a falta de<br />
perdão e a vida dupla, características de um falso cristão.<br />
A luz do Evangelho segundo escreveu Lucas, cinco<br />
¹axiomas (verdades inquestionáveis) são encontrados nos<br />
(v. 23 – 27), um para cada versículo (Paralelo aos<br />
Evangelhos sinóticos Marcos 8:34 – 9:1; Mateus 16:24 –<br />
28). O tema da morte, a partir de Lucas 9:22, é o fio da<br />
narrativa que une todos os cinco ditos:<br />
(1) A Cruz (v. 23).<br />
(2) Perder a vida (v. 24).<br />
(3) Destruir a vida (v. 25).<br />
(4) Envergonhado no julgamento (v. 26).<br />
(5) Provar a morte (v. 27).<br />
(v. 23) Os discípulos seguiram o Mestre quando Ele os<br />
chamou da primeira vez (5:11), mas naquela ocasião eles<br />
não tinham idéia que a sua carreira terminaria com a cruz.<br />
Eles ainda pensavam em termos de conquista e poder<br />
(22:24). Este apelo foi uma advertência solene para a<br />
reavaliação do preço do discipulado. Negue significa<br />
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exatamente o que Pedro fez no julgamento de Jesus: “ele<br />
recusou-se a reconhecê-lo”.<br />
Os versículos 23 – 27 introduzem a noção de que, ao<br />
compartilhar o poder de Jesus, os discípulos irão também<br />
compartilhar o Seu sofrimento. Há uma progressão nos<br />
cinco axiomas, desde a Cruz com sua viva agonia, à perda<br />
da vida em si, à finalidade do julgamento, até provar a<br />
morte em si. O versículo 23 diz, “Se alguém quiser<br />
acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente<br />
a sua cruz e siga-me” (cf. 14:27).<br />
A cruz era a forma mais comum de execução no primeiro<br />
século na Palestina. Mas, a ênfase aqui não é nos martírios<br />
literais dos discípulos, mas a vida de obrigação imposta<br />
pelas notícias do iminente sofrimento de Jesus (v. 22). Os<br />
discípulos aprendem que o poder e a autoridade (9:1)<br />
entregues a eles por Jesus vêm como um preço – eles<br />
também irão sofrer.<br />
Metaforicamente, levar uma cruz envolve “abnegação” e o<br />
“seguir”. O ministério itinerante, é claro, ocasiona uma<br />
imensa quantidade de verdadeira abnegação para os<br />
seguidores de Jesus. Mas essas ideias são sutilmente<br />
apropriadas para descrever a vida diária do discipulado. A<br />
“cruz” torna-se uma metáfora para as responsabilidades do<br />
discipulado que, por sua vez, são uma forma de “morte” em<br />
relação à velha vida.<br />
A expressão tome [...] a sua cruz é anterior ao tempo de<br />
Jesus, pelo que sabemos. Alguns têm afirmado que essa<br />
linguagem foi colocada posteriormente nos lábios de Jesus<br />
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pela Igreja (Fitzmyer 1981, 1:785; Funk e Hoover 1993, p.<br />
79).<br />
Mas “tomar a sua cruz”, o que pode significar isto nos lábios<br />
de Jesus?<br />
Jesus sabia muito bem o que significava a crucificação.<br />
Quando era menino de uns onze anos, Judas, o Galileu,<br />
também chamado Judas de Gamala tinha encabeçado<br />
uma rebelião contra Roma. Tinha atacado ao exército real<br />
em Séforis, que estava a uns seis quilômetros de Nazaré.<br />
A vingança dos romanos foi rápida e repentina. Queimaram<br />
a cidade integralmente, seus habitantes foram vendidos<br />
como escravos, e dois mil rebeldes foram crucificados com<br />
o passar do caminho para que fossem uma terrível<br />
advertência para outros que queriam fazer o mesmo.<br />
Tomar nossa cruz significa estar preparados para enfrentar<br />
coisas como esta por nossa fidelidade a Deus, significa<br />
estar dispostos a suportar o pior que um homem nos possa<br />
fazer pela graça de sermos fiéis para com Deus. De<br />
qualquer forma, Lucas acrescenta a condição de que o<br />
discípulo tome sua cruz diariamente (Marcos 8:34; Mateus<br />
16:24). Isto torna o carregar a cruz uma questão de estilo<br />
de vida rotineira para o discípulo da pós-ressurreição. (cf.<br />
NOTA).<br />
NOTA: Segundo Flávio Josefo, a reação armada começou<br />
entre os judeus da Galileia, liderada por Judas, natural da<br />
cidade de Gamala, que dirigiu um assalto à guarnição<br />
romana em Séforis (capital da Galiléia).<br />
A revolta foi duramente reprimida pelos romanos e, embora<br />
Josefo não informe o destino de Judas, é provável que ele<br />
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tenha morrido em combate ou aprisionado e executado.<br />
Judas também é citado pelo rabino Gamaliel, membro do<br />
Sinédrio, como exemplo de falso messias, segundo os Atos<br />
dos Apóstolos 5:35, 36. Em suas “Antiguidades Judaicas”,<br />
Josefo atribui a Judas de Gamala e ao fariseu Zadoq, a<br />
fundação do movimento Zelota, que pregava a luta armada<br />
contra os opressores romanos.<br />
Moody define Dia a dia tome a sua cruz da seguinte forma.<br />
“Uma aceitação voluntária das responsabilidades e<br />
sofrimentos incidentes ao discípulo de Cristo. Siga-me (O<br />
termo grego para siga-me é akoloutheitō – ἀκολουθείτω<br />
que denota juntar-se a alguém como um discípulo). Um<br />
imperativo envolvendo ação persistente: Que prossiga me<br />
seguindo”.<br />
A partir dessa perspectiva, carregar a cruz é uma poderosa<br />
metáfora para a devoção sacrificial exigida dos discípulos.<br />
(cf. NOTA).<br />
NOTA: A Teologia da cruz em Lucas.<br />
Lucas refere-se à cruz simplesmente como um instrumento<br />
de morte (23:26; Atos 2:23; 4:10). Na presente passagem,<br />
ela refere-se metaforicamente às cargas e<br />
responsabilidades do discipulado (9:23; 14:27). A cruz não<br />
é um símbolo da morte expiatória de Cristo em nenhum<br />
lugar em Lucas, como por exemplo, em Colossenses 1:20;<br />
2:14. Tampouco é uma palavra código para a fé cristã – a<br />
“cruz de Cristo” (como 1 Coríntios 1:17; Gálatas 6:12, por<br />
exemplo). Lucas usa a cruz para referir-se à vida de<br />
discipulado. Ela refere-se “à atitude de abnegação que<br />
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concerne sua vida neste mundo como já consumada”<br />
(Marshall, 1978, p. 373). “Para Lucas, então, a teologia da<br />
cruz está enraizada, não tanto na teoria da expiação, mas<br />
no retrato da narrativa da vida do fiel discipulado como o<br />
caminho da cruz” (Green, 1997, p. 372).<br />
Paulo ocasionalmente se refere à “crucificação” na vida<br />
dos crentes em termos similares aos de Lucas (cf. Gálatas<br />
2:20). Tipicamente, porém, Paulo refere-se à cruz tanto<br />
como o instrumento da morte de Jesus Cristo e do divino<br />
meio da salvação.<br />
Embora nenhuma teologia da expiação esteja explícita no<br />
Evangelho de Lucas, Atos designa um significado salvífico<br />
à morte de Jesus: “onde o mataram, suspendendo-o num<br />
madeiro” (Atos 10:39). A isso, Lucas acrescenta: “de que<br />
todo o que nEle crê recebe o perdão dos pecados mediante<br />
o Seu nome” (Atos 10:43). Isso é o mais próximo que Lucas<br />
chega da teologia da expiação. A declaração mais<br />
conhecida e explícita de ideia da expiação na tradição<br />
sinótica aparece em Marcos 10:45: Jesus deu “a sua vida<br />
em resgate por muitos”.<br />
(24 – 26) Os próximos três axiomas (verdades<br />
inquestionáveis) prosseguem o tema da morte, isto é, o<br />
ganhar e o perder a vida. As palavras de Jesus parecem<br />
irônicas: “Pois quem quiser salvar a sua vida a perderá,<br />
mas quem perder a vida por minha causa, este a salvará”<br />
(v. 24). Em termos literais, isso poderia dizer que os<br />
discípulos deveriam receber o martírio a fim de ganharem<br />
a salvação eterna. Mas Lucas, com certeza, propõe esse<br />
ponto metaforicamente. Nesse sentido, levar a cruz<br />
significa que os discípulos perdem a sua vida ao gastá-la<br />
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altruisticamente. Reservar a vida para propósitos egoístas<br />
significa perder o valor espiritual da vida. Dar a sua vida<br />
para Deus e os outros levará às riquezas espirituais. Por<br />
isso toda a Lei se resume em dois mandamentos:<br />
“Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de<br />
toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o<br />
grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a<br />
este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mateus<br />
22:37 – 39).<br />
Essa é uma ideia comum em outras religiões orientais onde<br />
a “ligação” a realidades físicas é geralmente considerada a<br />
causa de todo sofrimento. Ao “desprender-se” dos desejos<br />
mundanos, a vida espiritual torna-se possível. Por isso o<br />
apóstolo João exorta aos crentes em relação às coisas<br />
mundanas “Não ameis o mundo nem o que nele existe. Se<br />
alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele” (1 João<br />
2:15). “Todo aquele que é nascido de Deus vence o mundo;<br />
e este é o triunfo que vence o mundo: a nossa fé!” (1 João<br />
5:4).<br />
O apóstolo Paulo também exorta os crentes em sua<br />
epístola aos Romanos:<br />
“E não vos amoldeis ao sistema deste mundo, mas sede<br />
transformados pela renovação das vossas mentes, para<br />
que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita<br />
vontade de Deus” (Romanos 12:2).<br />
Essas exortações endossam, ratificam o ensinamento do<br />
Mestre Jesus.<br />
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“Portanto, de que adianta uma pessoa ganhar o mundo<br />
inteiro e perder a sua alma?” (Mateus 16:26; Marcos 8:36;<br />
Lucas 9:25).<br />
A ideia do axioma de Jesus não é tão diferente. Sua<br />
chamada ao altruísmo não desvaloriza a vida, como faz o<br />
martírio. Ao contrário, ela exorta os discípulos a valorizar o<br />
aspecto espiritual da vida acima do físico. “Não acumulem<br />
para vocês tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem<br />
destroem, e onde os ladrões arrombam e furtam. Mas<br />
acumulem para vocês tesouros no céu, onde a traça e a<br />
ferrugem não destroem, e onde os ladrões não arrombam<br />
nem furtam. Pois onde estiver o seu tesouro, aí também<br />
estará o seu coração” (Mateus 6:19 – 21). Lembre-se que<br />
seu coração segue seus “tesouros”, coloque seus<br />
“tesouros” onde você quer que sua vida seja. Evite colocar<br />
suas afeições e lealdades em lugar errado por motivo de<br />
possessões pessoais. Mesmo sendo o homem mais rico da<br />
história da humanidade, Salomão termina sua trajetória<br />
afirmando: “Agora que já se ouviu tudo, aqui está à<br />
conclusão: Tema a Deus e guarde os seus mandamentos,<br />
pois isso é o essencial para o homem” (Eclesiastes 12:13).<br />
O versículo 25 expande essa ideia. Aqui, o problema<br />
específico é o apego às posses. Aquele que ganhar o<br />
mundo irá, no entanto, perder a vida. Aqueles que<br />
valorizam os bens materiais acima dos espirituais colocamse<br />
em risco. Aliás, cada um irá negar a si mesmo e perderá<br />
sua verdadeira identidade. “O materialismo cobra um preço<br />
moral da alma”. É por isso que até os “pobres” em Lucas<br />
podem ter alegria (6:20).<br />
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No versículo 26, Jesus adverte: aqueles que se<br />
envergonham de mim e das minhas palavras, demonstram<br />
colocar a opinião dos companheiros humanos acima da<br />
opinião do Divino. Isso é, novamente, uma valorização do<br />
físico acima do espiritual.<br />
(v. 27) O dito final desse grupo de cinco é tão enigmático<br />
que já deu lugar a várias interpretações: “algumas que aqui<br />
se acham de modo nenhum experimentarão a morte antes<br />
de verem o Reino de Deus” Alguns desejam sustentar que<br />
ao Jesus dizer isto estava pensando em seu retorno com<br />
glória, que declarou que isso aconteceria durante a vida de<br />
alguns dos que se encontravam ali, e que, portanto se<br />
equivocou totalmente. Não é assim. O que Jesus está<br />
dizendo é o seguinte: “Antes que passe esta geração,<br />
verão sinais de que o Reino de Deus está a caminho”. Sem<br />
dúvida isto era certo. Algo tinha chegado ao mundo que,<br />
como a levedura na massa, tinha começado a mudá-lo.<br />
Seria bom que, às vezes, deixássemos nosso pessimismo<br />
e pensássemos na luz que se esteve abrindo caminho<br />
lentamente no mundo. Estejamos contentes – o Reino está<br />
a caminho –, e faremos bem em agradecer a Deus pelos<br />
sinais de sua aparição, vivemos, e reinamos com Cristo<br />
com toda certeza o “já”, mas “ainda não”.<br />
CONCLUSÃO<br />
A fidelidade de um cristão a Deus e integridade moral é<br />
demonstrada em meio a uma cultura pagã. Fruto da<br />
formação moral e espiritual recebida de Deus mediante a<br />
Escritura por iluminação do Espírito Santo, onde tudo<br />
converge em Cristo Jesus. A Sua Palavra é, e sempre será<br />
autoritativa, suficiente, infalível e inerrante, apta a guiar o<br />
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Seu povo nessa árdua peregrinação. As atitudes dos<br />
cristãos se fazem necessárias, a desafiar o príncipe desse<br />
século, Satanás, a maior “autoridade” do mundo outrora<br />
(Mateus 4:8, 9).<br />
Certa vez Leonard Ravenhill disse:<br />
“Minha maior ambição na vida é estar na lista dos mais<br />
procurados do diabo”.<br />
Nosso presente adversário, porém, vencido por Cristo, e<br />
aprisionado em um profundo abismo para que não mais<br />
engane as nações, todos os eleitos serão alcançados pelo<br />
Evangelho. Aleluia! E certamente as portas do inferno não<br />
mais prevalecerão contra a Igreja de Cristo, e assim é<br />
impossível que os eleitos fiquem enganados, mas isso não<br />
significa que Satanás não possa atingir os cristãos como<br />
um cão faminto, furioso e encoleirado, se nos<br />
aproximarmos dele certamente seremos atacados, e<br />
mordidos. E por algum tempo ficaremos impedidos para<br />
pregoarmos o Evangelho de Jesus, por estarmos com<br />
feridas provocadas pelo ataque raivoso de nosso<br />
adversário em grande cólera, o Diabo. O Diabo é<br />
enfraquecido em suas ações pelo testemunho verdadeiro<br />
do cristão.<br />
“E aconteceu que, indo nós para o lugar de oração, nos<br />
saiu ao encontro uma jovem escrava que estava tomada<br />
por um espírito que a usava para prognosticar eventos<br />
futuros. [...] Seguindo a Paulo e a nós, vinha essa moça<br />
gritando diante de todos: Estes homens são servos do<br />
Deus Altíssimo e vos anunciam o caminho da salvação!”<br />
(Atos 16:16, 17).<br />
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“Um dia, o espírito maligno lhes respondeu: Jesus, eu<br />
conheço, Paulo, eu sei quem é; mas vocês, quem são?”<br />
(Atos 19:15).<br />
Estamos no século XXI, um tempo marcado pelo<br />
paganismo, sincretismo religioso, misticismo e<br />
ensinamentos híbridos acerca da sã doutrina. Somos<br />
desafiados a luz da Escritura a termos firmeza de caráter.<br />
Adotando uma postura moral que jamais negue a fé e a<br />
ética cristã no mundo. A integridade moral dos<br />
ensinamentos de Jesus Cristo tem muito a nos ensinar.<br />
Prossigamos com a nossa cruz, levando-a diariamente,<br />
negando-se a si mesmo e servindo a Cristo com a nossa<br />
vida em sacrifício vivo, santo e agradável a Ele. Louvado<br />
seja Deus Pai, Deus Filho Jesus Cristo e Deus Espírito<br />
Santo por toda eternidade. Amém.<br />
¹Axiomas: são verdades inquestionáveis universalmente<br />
válidas, muitas vezes utilizadas como princípios na<br />
construção de uma teoria ou como base para uma<br />
argumentação. A palavra axioma deriva da grega “axios”,<br />
cujo significado é digno ou válido. Em muitos contextos,<br />
axioma é sinónimo de postulado, lei ou princípio.<br />
OS DISCÍPULOS ARGUMENTATIVOS E UM<br />
<strong>DE</strong>SCONHECIDO QUE EXPULSAVA <strong>DE</strong>MÔNIOS<br />
“Começou uma discussão entre os discípulos, acerca de<br />
qual deles seria o maior. Jesus, conhecendo os seus<br />
pensamentos, tomou uma criança e a colocou em pé, a seu<br />
lado. Então lhes disse: ‘Quem recebe esta criança em meu<br />
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nome, está me recebendo; e quem me recebe, está<br />
recebendo aquele que me enviou. Pois, aquele que entre<br />
vocês for o menor, este será o maior’. Disse João: ‘Mestre,<br />
vimos um homem expulsando demônios em teu nome e<br />
procuramos impedi-lo, porque ele não era um dos nossos’.<br />
‘Não o impeçam’, disse Jesus, pois quem não é contra<br />
vocês, é a favor de vocês” – Lucas 9:46 – 50.<br />
Os discípulos mostram-se homens normais ao debaterem<br />
seus relativos méritos e argumentam sobre “qual deles<br />
seria o maior” (v. 46). A palavra usada para “maior” é<br />
(“μείζων – meizōn/megas”) que significa pessoas,<br />
eminentes pela habilidade, virtude, autoridade, poder,<br />
coisas altamente estimadas por sua importância: de<br />
grande momento, de grande peso, algo para ser altamente<br />
estimado por sua excelência, ou seja, a palavra “megas”<br />
imprime a ideia de grandes coisas, das bênçãos<br />
preeminentes de Deus (cf. Marcos 10:37; Mateus 20:21; “O<br />
pedido dos filhos de Zebedeu”), de coisas que excedem os<br />
limites de um ser criado, coisas arrogantes (presunçosas)<br />
e cheio de arrogância, e por fim depreciador da majestade<br />
de Deus, tais posições causam facções e invejas, que<br />
acabam por fim, desonrando a Deus. (cf. Marcos 10:41; 1<br />
João 4:20; 1 João 3:15; Mateus 5:22).<br />
“A soberba gera divisão. A caridade, a comunhão” ― Santo<br />
Agostinho.<br />
“Também da soberba guarda o teu servo, que ela não me<br />
domine; então serei irrepreensível e ficarei livre de grande<br />
transgressão” – Salmos 19:13 (cf. Provérbios 8:13; 11:2;<br />
16:18; Marcos 7:22,23; Sofonias 2:10; Isaías 9:9,10;<br />
Jeremias 48: 29; Ezequiel: 7:20; Oséias 5:5; Obadias 3;<br />
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Daniel 5:20). Receba o exame e a correção da Palavra de<br />
Deus. Entenda que fazer isso afastará você do pecado (cf.<br />
Tiago 1:21 – 25).<br />
“A humildade dos hipócritas é o maior e o mais altaneiro<br />
dos orgulhos” – Martinho Lutero.<br />
Existe um bom humor nessa cena com Jesus, seus<br />
discípulos e uma criança. Enquanto os discípulos discutiam<br />
sobra a sua própria grandeza, Jesus gentilmente “tomou<br />
uma criança e a colocou em pé, a seu lado (v. 47)”.<br />
Ironicamente, aqueles que receberam o dom da sabedoria<br />
divina “mistérios” (8:10) agiram agora como as próprias<br />
crianças.<br />
Por ora entendamos que o termo referido “criança” é no<br />
sentido da falta de malícia. Ainda não é possuidora da<br />
sabedoria humana, sendo este produto da ilusão “terrena,<br />
animal e diabólica” (Tiago 3:15). Por esta razão é que<br />
dizendo a uma criança que há monstros no escuro, esta se<br />
apavora, ou que há desenhos nas nuvens, esta reconhece.<br />
Isto porque a criança não possui os conhecimentos<br />
baseados na experiência de vida terrestre. Assim sendo,<br />
são em última análise livres. Ou seja, sem conceitos,<br />
julgamentos, preconceitos, medos, nem nada que lhes<br />
tolhem a vida.<br />
“Irmãos, não sejais meninos (crianças) no entendimento,<br />
mas sede meninos na malícia, e adultos no entendimento”<br />
– 1 Coríntios 14:20.<br />
Faz-se necessário examinarmos o versículo 10 do capítulo<br />
anterior (8), que diz: “A vocês foi dado o conhecimento dos<br />
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mistérios¹ do Reino de Deus, mas aos outros falo por<br />
parábolas, para que ‘vendo, não vejam; e ouvindo, não<br />
entendam’. (Lucas 8:10). (cf. NOTA).<br />
(1) NOTA. A palavra usada para “mistério” é (“μυστήρια –<br />
mystēria”) onde o sentido é, de “iniciar nos mistérios”,<br />
portanto, um segredo conhecido apenas para os iniciados,<br />
algo escondido que requer revelação especial. No N.T., a<br />
palavra denota algo que as pessoas jamais poderiam saber<br />
por seu próprio conhecimento e que exige uma revelação<br />
de Deus. Os pensamentos, dispensações e planos<br />
secretos de Deus continuam escondidos da humanidade<br />
não regenerada, mas são revelados a todos os crentes. No<br />
grego bíblico, é a verdade revelada (cf. Colossenses 1:26;<br />
Mateus 16:16, 17 “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”).<br />
Em resposta à insensatez dos discípulos, Jesus empregou<br />
um duplo sentido aqui, “pois aquele que entre vocês for o<br />
menor (criança), este será o maior (v. 48)”.<br />
A palavra grega usada para “maior” é, (“μείζων –<br />
meizōn/megas”), logo, pode-se afirmar que os discípulos<br />
estavam passando dos limites de seres criados, com<br />
presunção, e cheios de arrogância, e por fim,<br />
depreciadores da majestade de Deus. E, como podemos<br />
entender esse comportamento presunçoso e arrogante (de<br />
superioridade)? Pelo simples fato, de outrora terem<br />
recebido o dom da sabedoria divina, “mistérios” (8:10).<br />
Portanto, “um segredo conhecido apenas para os iniciados<br />
presunçosos”, e por isso envaideceram, e<br />
consequentemente ensoberbeceram-se (cf. 1 Timóteo 3:6<br />
“Não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na<br />
condenação do diabo, “orgulho” – Isaías 14:12).<br />
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Em contraste, a palavra grega para “menor” (“μικρότερος –<br />
mikroteros”), que também significa mínimo. Da mesma<br />
forma, a palavra maior é “megas”, que também pode<br />
significar amplo. Com uma criança em pé ao Seu lado, Ele<br />
divertiu-se a custa dos discípulos, e o verbo aqui “divertir”<br />
não está ligado a “recrear”, mas a fazer mudar de<br />
pensamento, dissuadir, e de aplicação doutrinal. Era como<br />
se Ele estivesse dizendo: “Vocês pensam que está criança<br />
é insignificante “mikroteros” (cf. Marcos 10:14; Lucas 18:15<br />
“Os discípulos as repreendiam, por certo achando-se<br />
superiores”), porque ela é de pequena estatura,<br />
“insignificante” (mikroteros). Mas Jesus diz: No entanto,<br />
vocês, que são fisicamente grandes (megas), discutem<br />
entre si, de modo tolo, acerca de quem é o maior (megas)”.<br />
(cf. Lucas 18:15; Mateus 19:14; Marcos 10:14).<br />
Jesus determina o que deve ser feito a respeito de conduta<br />
“pois aquele que entre vocês for o menor, este será o maior<br />
(v. 48)”. A palavra grega para vendo, conhecendo do (v. 47)<br />
“conhecendo os seus pensamentos” é (“εἰδὼς/eidos) que<br />
descreve experimentar algum estado ou condição,<br />
examinar, tratar algo, discernir, é um conhecimento<br />
fundado na experiência pessoal, conhecimento obtido pela<br />
proximidade, significa ver como os olhos da mente, uma<br />
percepção clara e puramente mental. Jesus sabia de suas<br />
reais intenções.<br />
A luz de Lucas 9:48 entendemos a indignação¹ de Jesus<br />
em Marcos 10:14.<br />
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“Quando Jesus viu isso, ficou indignado, e lhes disse:<br />
Deixem vir a mim as crianças, não às impeçam; pois o<br />
Reino de Deus pertence aos que são semelhantes a elas”.<br />
É como se Jesus dissesse a eles: Vocês ainda não<br />
entenderam nada acerca do Reino de Deus! (Lucas 18:34).<br />
Na primeira Epístola de Pedro (2:2, 3), o ensinamento de<br />
Jesus é confirmado “Como crianças recém-nascidas,<br />
desejem de coração o leite espiritual puro, para que por<br />
meio dele cresçam para a salvação, agora que provaram<br />
que o Senhor é bom”, e passado para Paulo possivelmente<br />
por Pedro, em (1 Coríntios 14:20) também é confirmado no<br />
ensino paulino.<br />
(1) “Indignação” (ἠγανάκτησεν – ēganaktēsen/aganakteo)<br />
de “agan” (muito) e “achthos” (mágoa, pesar, similar à base<br />
estar muito ofendido, descontente, desagradado,<br />
insatisfeito, assim Jesus se sentia).<br />
Julgar pelos padrões humanos, como tamanho e idade,<br />
pode levar a erros sobre o valor humano (lembre-se de<br />
Davi, pequena estatura, mas grande coração para Deus,<br />
em 1 Samuel 16:7).<br />
A realização pessoal e a posição social, intelectual na<br />
comunidade, assunto do debate deles, não eram a<br />
verdadeira medida da grandeza, e essa realidade<br />
infelizmente está inserida em nossa comunidade, pelos<br />
debates teológicos atuais. Quem será o maior? Quem<br />
venceu? E quando será o próximo debate, e quais<br />
assuntos debaterão? Uma péssima situação no tempo de<br />
Jesus, e agora não é diferente, devemos repudiar tal ação.<br />
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O relato de Lucas é o único do incidente que enfatiza o<br />
“divertimento” do comentário de Jesus. Mateus interpreta o<br />
tamanho da criança como uma metáfora para humildade<br />
(Mateus 18:4 – “Tornar humilde” – “ταπεινώσει/tapeinōsei”,<br />
a palavra significa rebaixar, humilhar, degradar a si<br />
mesmo. Descreve uma pessoa que é desprovida de<br />
qualquer arrogância a auto-exaltação – uma pessoa que se<br />
entrega de bom grado a Deus e sua vontade).<br />
Marcos toma-o como uma metáfora para último, a aparente<br />
insignificância de ser um servo (Marcos 9:35 – “Será o<br />
derradeiro de todos os servos” – “ἔσχατος/ eschatos”, a<br />
ideia de último no tempo ou no lugar, último numa série de<br />
lugares, último numa sucessão temporal, assim como o<br />
apóstolo Paulo se colocava:<br />
“[...] depois destes apareceu também a mim, como a um<br />
que nasceu fora de tempo (derradeiro; último). Pois sou o<br />
menor dos apóstolos e nem sequer mereço ser chamado<br />
apóstolo [...]” – 1 Coríntios 15:8, 9.<br />
As deficiências espirituais dos discípulos tornam-se óbvias<br />
em um comentário creditado ao apóstolo João. Essas são<br />
as únicas palavras explicitamente creditadas a João nos<br />
evangelhos, e Jesus não as aprova. Os discípulos tinham<br />
acabado de ser instruídos sobre o erro de julgar pelos<br />
valores humanos. As crianças, embora pequenas, têm um<br />
coração que crê. Os adultos, mesmo aqueles a quem os<br />
segredos do Reino foram confiados (8:10) e que acabaram<br />
de descer do monte da Transfiguração, argumentativos<br />
(9:28), mostram-se incapazes de colocar a fé em ação<br />
contra um inimigo obstinado (9:41). Apesar de multidões<br />
enormes tornaram-se parte do ministério peregrino de<br />
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Jesus, João ainda busca a política da exclusão ao desejar<br />
o exercício do poder de Jesus a um estranho.<br />
“Disse João: Mestre, vimos um homem expulsando<br />
demônios em teu nome e procuramos impedi-lo, porque ele<br />
não era um dos nossos” (v. 49).<br />
O Jesus de Lucas tem desconstruído barreiras sociais, e<br />
intelectuais ao longo da narrativa. Aqui, Ele oferece<br />
novamente uma nova visão de uma comunidade na qual a<br />
exclusão não é o princípio governamental. Por meio de<br />
contraste, João parece um tanto farisaico, querendo<br />
reservar o poder de expulsar demônios somente aos Doze.<br />
Os discípulos exercem sentimentos contrários aos<br />
ensinamentos de Jesus, em diversas ocasiões, e Jesus os<br />
repreende por palavras e, ações. (cf. Lucas 9:55, 56; Lucas<br />
10:38; Lucas 9:39; João 4:27). O que chama atenção é que<br />
Lucas, por ser detalhista não menciona o nome do homem,<br />
“vimos um homem”, indicando que João não teve a<br />
capacidade de perguntar o nome, demonstrando assim um<br />
sentimento sectário, e partidarista.<br />
Esse espírito sectário em João é confirmado por sua ação<br />
má no (v. 54), onde “os Boanerges – Filhos do trovão” João<br />
e Tiago perguntam a Jesus, “Senhor, queres que façamos<br />
cair fogo do céu para destruí-los, assim como Elias fez?”.<br />
O que chama atenção é que eles citam Elias, mas o fato é<br />
que Elias não orou para que o fogo matasse os profetas de<br />
“baal”, mas para que fosse evidenciado o verdadeiro Deus<br />
de Israel, e para que os corações fossem voltados para<br />
Deus em temor e tremor, através de uma manifestação<br />
extraordinária de grande poder, e não para que os falsos<br />
profetas fossem destruídos. É fato que o profeta Elias<br />
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destrói a todos os profetas de baal, mas tudo “conforme a<br />
Palavra de Deus, é uma situação diametralmente oposta”.<br />
(cf. 1 Reis 18:36).<br />
A oração de Elias.<br />
“Ó Senhor, Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, que hoje<br />
fique conhecido que tu és Deus em Israel e que sou o teu<br />
servo e que fiz todas estas coisas por ordem tua.<br />
Responde-me, ó Senhor, responde-me, para que este<br />
povo saiba que tu, ó Senhor, és Deus, e que fazes o<br />
coração deles voltar para ti. Então o fogo do Senhor caiu e<br />
queimou completamente o holocausto, a lenha, as pedras<br />
e o chão, e também secou totalmente a água na valeta” –<br />
1 Reis 18:36 – 38.<br />
O princípio de comunidade de Jesus é amplamente<br />
inclusivo, estendendo os braços abertos a todos os que<br />
não são “contra vocês”, contra Jesus e a Sua Palavra (v.<br />
50), Aliás, aquele renegado e desconhecido homem é o<br />
primeiro no Evangelho a expulsar demônios “em nome de<br />
Jesus”. Ele é um pioneiro entre os setenta que logo serão<br />
enviados por toda a região aos pares, para curarem e<br />
pregarem, e é exemplo da piedade renegada que Jesus<br />
endossou na narrativa. Os setenta retornarão relatando<br />
que “até os demônios se submetem a nós, em teu nome”<br />
(19:17). O movimento de Jesus continua a expandir seu<br />
alcance na comunidade. O fato curioso é que “aquele<br />
homem” expulsava demônios, e os discípulos não! (Lucas<br />
9:40). “Roguei aos teus discípulos que o expulsassem, mas<br />
eles não conseguiram”.<br />
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“Deus cria a partir do nada. Portanto, enquanto um homem<br />
não for nada, Deus nada poderá fazer com ele” Está na<br />
natureza de Deus criar algo a partir do nada. Esta é a razão<br />
porque Ele não pode usar alguém que ainda não chegou a<br />
ser nada – Martinho Lutero.<br />
“Deus não despede ninguém vazio, exceto aqueles que<br />
estão cheios de si mesmos” – Dwight L. Moody.<br />
<strong>DE</strong>US ESTÁ FAMINTO<br />
“Tenho um alimento para comer que vós não conheceis” –<br />
João 4:32.<br />
(1) Quando Deus está faminto? (2) De qual “alimento”<br />
Jesus disse aos discípulos, como algo totalmente<br />
desconhecido? (3) Você sabe de que alimento Jesus<br />
mencionou neste capítulo 4? Vejamos uma aplicação para<br />
nossa vida cristã:<br />
Samaria, um território que os judeus evitavam se possível,<br />
tornou-se o cenário de um triunfo espiritual: um poço, uma<br />
mulher, um testemunho, a colheita dos samaritanos que<br />
creram. Tanto o samaritanismo quanto o judaísmo<br />
precisavam do corretivo de Cristo, precisavam ser<br />
substituídos pela vida do novo nascimento.<br />
A crescente popularidade de Jesus, que excedia a de João,<br />
começou a alcançar os ouvidos dos fariseus. Para evitar<br />
problemas com eles nessa ocasião, Jesus determinou<br />
deixar a área e ir para a Galiléia. Ali fez a maior parte de<br />
seu trabalho, de acordo com o registro dos Sinóticos.<br />
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Deus está “faminto”, mas a sua comida é outra, Ele tem<br />
fome do homem que criou para Sua própria glória, do<br />
homem que Ele elegeu para manifestar Sua misericórdia e<br />
amor, e está buscando esse homem em todo tempo, essa<br />
é a urgência do coração do Pai. E é para o encargo de<br />
satisfazer ao anseio de Deus que venho convidá-lo a viver<br />
e dedicar os seus poucos e únicos dias na terra. “Irá<br />
descobrir neste artigo que sempre que houver um pecador<br />
sedento (um pecador carente da graça de Deus – eleito),<br />
haverá um Deus faminto (para manifestar Sua infinita graça<br />
em Cristo Jesus)”.<br />
“Enquanto isso, os discípulos insistiam com Ele: Mestre<br />
come alguma coisa. Mas Ele lhes disse: Tenho algo para<br />
comer que vocês não conhecem. Então os seus discípulos<br />
disseram uns aos outros: Será que alguém lhe trouxe<br />
comida? Disse Jesus: A minha comida é fazer a vontade<br />
daquele que me enviou e concluir a sua obra. Vocês não<br />
dizem: Daqui a quatro meses haverá a colheita? Eu lhes<br />
digo: Abram os olhos e vejam os campos! Eles estão<br />
maduros para a colheita” – João 4:31 – 35.<br />
Neste texto narra um diálogo entre Jesus e uma mulher<br />
samaritana, no qual podemos perceber que eles foram<br />
solidários entre si. Por quê? Porque os dois estavam numa<br />
situação muito parecida, estavam exaustos, Jesus estava<br />
cansado da viagem e com fome, e a mulher samaritana<br />
tinha ido buscar água porque estava com sede, mas a sua<br />
exaustão não era meramente física. Os dois estavam ali na<br />
mesma condição, um com fome e outro com sede. O mais<br />
interessante é que depois da conversa nem ela bebe água,<br />
nem Ele quer comer. Você já tinha percebido isso? A<br />
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mulher foi lá buscar água porque estava com sede. Jesus<br />
parou ali e tinha dito aos discípulos para comprarem<br />
comida porque estava com fome. Contudo, depois que Ele<br />
e a mulher samaritana conversaram, a Bíblia relata que a<br />
mulher larga o cântaro (v. 28) e vai até a cidade chamar o<br />
povo para ouvir Jesus. Enquanto isso os discípulos<br />
chegam com a comida, mas Jesus fala: “Tenho algo para<br />
comer que vocês não conhecem”, em outras palavras<br />
podemos entender pela reação dos discípulos: “Ele já<br />
comeu e não está com fome” (v. 31 – 33), Será que o<br />
Senhor Jesus não está com fome? Certamente, esses<br />
pensamentos acometeram as mentes dos discípulos.<br />
Ninguém fez o que queria no final no sentido circunstancial<br />
(provisão para o físico), e isso me faz chegar a uma<br />
conclusão. Sempre onde houver um pecador sedento por<br />
Deus, existirá também um Deus faminto por esse pecador,<br />
e não me refiro a um pecador lisonjeiro, mas de fato aquele<br />
que se senti como tal.<br />
Aquela mulher matou a fome do Senhor Jesus, mas Ele<br />
matou a sede dela. É um princípio precioso, sempre que<br />
houver alguém com sede, Deus virá! Se hoje você estiver<br />
com sede, Ele Virá! O Senhor, por sua vez, ficou satisfeito<br />
por que o que mata a fome de Deus é um coração sedento.<br />
Deus está faminto, mas a sua comida são homens que têm<br />
muita sede, e grande desejo ou avidez. E o que mata a<br />
nossa sede é a presença de Deus, a verdadeira comunhão<br />
e a confissão sincera. “Quem tiver sede, venha; e quem<br />
quiser, beba de graça da água da vida” (Apocalipse 22:17).<br />
A preciosa bondade de Deus manifesta na oferta da graça.<br />
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O texto nos dá uma chave para uma verdadeira<br />
espiritualidade, se você quer atrair Deus, tenha desejo<br />
inflamado de Deus. Cultive isso no seu coração, pois Deus<br />
é galardoador daqueles que o buscam, procure a Deus<br />
diligentemente. Acredite que Ele o recompensará por isso,<br />
pois Ele é real.<br />
“Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário<br />
que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe,<br />
e que é galardoador dos que o buscam” – Hebreus 11:6.<br />
O lema de João Calvino “orare et labutare” (oração e<br />
trabalho):<br />
Portanto, todo aquele que medita na Palavra de Deus, a<br />
fim de ser devidamente alimentado, e evitar interpretações<br />
equivocadas, precisam fazer isto sob oração.<br />
Um detalhe impressionante no quarto capítulo de João é<br />
que no começo da história a Bíblia nos revela algo muito<br />
precioso no versículo quatro.<br />
(v. 4) a expressão “E era-lhe necessário” denota a ideia de<br />
que não havia outro jeito, o Senhor Jesus tinha que passar<br />
ali. Era necessário atravessar a província de Samaria. A<br />
expressão “e foi necessário” é uma palavra-chave para<br />
entendermos algo na escolha de Jesus em passar por<br />
Samaria, ou seja, Jesus por alguma razão que não era<br />
natural tinha que passar por lá. No entanto, não era o<br />
caminho mais perto, além disso, um judeu não passava por<br />
Samaria jamais. E porque era necessário?<br />
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A palavra grega para descrever essa ação de Cristo é<br />
“Ἔδει – Edei” que significa “necessidade estabelecida pelo<br />
conselho e decreto de Deus, especialmente por aquele<br />
propósito Seu que se relaciona com a salvação dos<br />
homens pela intervenção de Cristo e que é revelado nas<br />
profecias do Antigo Testamento” (Isaías 61:1 – 3). Cristo<br />
passou por Samaria para resgatar uma de suas ovelhas<br />
perdidas, de outro aprisco, àquela que o Pai lhe concedeu<br />
que fosse Sua, pelo Seu conselho e decreto, já antes<br />
estabelecido, e assim podemos afirmar, desde antes a<br />
fundação do mundo para a glória de Seu Filho Jesus Cristo.<br />
(cf. João 17:9; Efésios 1:4, 5). O verbete grego descreve a<br />
necessidade que resulta do momento e das circunstâncias,<br />
algo inevitável. De acordo com o texto podemos destacar<br />
tal ação sobre a necessidade física: a fome e a sede. (cf.<br />
NOTA).<br />
NOTA: “δει – dei”, a terceira pessoa de “δεω – deo”, é<br />
comumente usada de forma impessoal no grego clássico.<br />
Este uso é menos comum, mas frequente no Novo<br />
Testamento, δει indica uma necessidade na natureza das<br />
coisas antes que uma obrigação pessoal. Descreve que<br />
aquilo deve ser feito, “οφειλει – opheilo” indica antes a<br />
obrigação pessoal, é aquilo que é próprio, algo que deve<br />
ser feito.<br />
Segundo a história, os judeus não passavam lá porque<br />
Samaria fora a região mais importante do Norte de Israel e<br />
foi tomada pelos assírios (700 a.C.), que levaram para lá<br />
muitas religiões pagãs da Babilônia. (cf. NOTA).<br />
NOTA: Samaria é o nome histórico e bíblico de uma região<br />
montanhosa do Oriente Médio, constituída pelo antigo<br />
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eino de Israel (Norte), situado em torno de sua antiga<br />
capital Samaria, e rival do vizinho reino do sul, o reino de<br />
Judá (capital Jerusalém). Atualmente situa-se entre os<br />
territórios da Cisjordânia e de Israel.<br />
Eles acabaram se casando com judeus e se misturando,<br />
criando uma nova raça, então os samaritanos se tornaram<br />
“judeus imundos”, e os “puros” então, não se misturavam<br />
com eles, e até hoje é assim. Judeus não conversavam<br />
com samaritanos e nem pisavam em Samaria. O<br />
interessante é que Jesus não sucumbiu a essa situação<br />
conflituosa, Jesus veio no tempo devido, oportuno, Ele foi,<br />
é e sempre será a paz de nossos piores conflitos, Ele fez<br />
de ambos os “povos” samaritanos e judeus um, e<br />
derribando a parede de separação que estava no meio os<br />
uniu por Seu sangue, por um alto preço. Na sua carne,<br />
desfez a inimizade, e pela cruz iria reconciliar ambos com<br />
Deus em um corpo, matando com Ele as inimizades.<br />
Sabemos qual o motivo que levou o Senhor Jesus até<br />
Samaria, uma pecadora desejosa por Deus, uma<br />
adoradora das grandezas de Deus, uma filha à espera do<br />
Deus Pai, uma serva à espera de Seu Senhor e uma<br />
condenada à espera de um redentor, isso tudo como<br />
causalidade: a relação entre um evento A (a causa) e um<br />
segundo evento B (o efeito), provido que o segundo evento<br />
seja uma consequência do primeiro, da graça irresistível de<br />
Deus, e de uma eleição poderosamente atuante de forma<br />
incondicional no resgate desta pobre e pecadora mulher<br />
samaritana. Ele tinha um encargo (οφειλω – opheilo – a<br />
boa vontade devida) em passar por Samaria, não era por<br />
necessidade geográfica, mas por que certamente isso<br />
estava no coração de Deus, Ele veio para salvar<br />
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pecadores, veio buscar e salvar o que estava perdido<br />
(Lucas 19:10).<br />
Podemos pensar em um fato curioso. Em sã consciência<br />
quem buscaria água em um poço ao meio-dia (12h), em<br />
um sol escaldante de uma região desértica com Sicar<br />
(arredores de Siquém)? Pela lógica a manhã seria o horário<br />
mais apropriado, pouco sol e água fresca, mas podemos<br />
identificar a necessidade da mulher samaritana, isso pode<br />
apontar para a sequidão de necessidades de uma vida sem<br />
Deus, também pode apontar para outros pontos de uma<br />
vida sem Deus, ela poderia está se escondendo em um<br />
horário impróprio por causa de sua má reputação (atos<br />
pecaminosos), provavelmente o poço de Jacó atendia a<br />
todos daquela região, “que nos deu o poço” (v. 12). (cf.<br />
João 4:6 – A hora sexta equivalia às 12h – meio-dia).<br />
Jesus percebeu que o Pai queria encontrar alguém<br />
naquele caminho, e o Senhor certamente ouviu a voz do<br />
Espírito dizendo: “É necessário que passe por lá, porque<br />
tem alguém com sede naquele caminho e, não posso<br />
deixar de ir (um acontecimento previamente decretado)”.<br />
Era isso que certamente estava no coração de Deus, Sua<br />
vontade em salvar àquela pecadora sedenta por meio de<br />
Jesus Cristo, pois só a salvação por Ele.<br />
Os versículos cinco e seis mostram o momento em que<br />
Jesus chega ao poço.<br />
“Assim, chegou a uma cidade de Samaria, chamada Sicar,<br />
perto das terras que Jacó dera a seu filho José. Havia ali o<br />
poço de Jacó. Jesus, cansado da viagem, sentou-se à<br />
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eira do poço. Isto se deu por volta do meio-dia” – João<br />
4:5, 6.<br />
O primeiro á chegar ao poço foi o Senhor Jesus, lendo o<br />
texto fica claro que o Senhor chegou primeiro, a palavra<br />
grega usada para descrever a chegada da mulher<br />
samaritana ao poço no (v. 7) “veio uma mulher [...]” é:<br />
“ἔρχεται – erchetai” que denota a ideia de vir de um lugar.<br />
Usado para pessoas que chegam a um determinado lugar,<br />
ou seja, ela veio de algum lugar e chegou depois de Jesus<br />
ao poço de Jacó em Sicar.<br />
Deus sempre chegará primeiro para encontrarmo-nos com<br />
Ele, Ele sempre estará à frente na ação salvadora, afinal o<br />
homem perdido não sabe o caminho, ele está perdido. A<br />
salvação pertence e vem dEle (do Senhor) – Jonas 2:9.<br />
Sempre a iniciativa se dá por parte de Deus<br />
monergisticamente, nunca do homem, em toda a obra da<br />
salvação Deus age só. Ele nos ama primeiro, Ele nos<br />
espera, Ele é paciente, Ele nos chama na adversidade, e é<br />
Ele que nos encontra, seja no poço, ou em qualquer outro<br />
lugar. Vejamos um outro exemplo, o lugar do encontro<br />
entre Pedro e André com o Senhor Jesus.<br />
“Andando junto ao mar da Galiléia, Jesus viu dois irmãos:<br />
Simão, chamado Pedro, e seu irmão André. Eles estavam<br />
lançando redes ao mar, pois eram pescadores. E disse<br />
Jesus: Sigam-me, e eu os farei pescadores de homens. No<br />
mesmo instante eles deixaram as suas redes e o seguiram”<br />
– Mateus 4:18 – 20.<br />
Feliz é lembrarmo-nos do dia em que nos encontramos<br />
com o Senhor Jesus. E por isso:<br />
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“Nós amamos (a Ele) porque Ele nos amou primeiro” – 1<br />
João 4:19.<br />
Santo Agostinho descreve o seu encontro com o Senhor.<br />
Solilóquio – uma das mais lindas orações de gratidão a<br />
Deus.<br />
“Eu era inquieto, alguém que buscava a felicidade, buscava<br />
algo que não achava. Mas Tu Te compadeceste de mim e<br />
tudo mudou, porque Tu me deixaste conhecer-Te. Entrei<br />
no meu íntimo sob a Tua guia e consegui, porque Tu Te<br />
fizeste meu auxílio. Chamaste, clamaste por mim e<br />
rompeste a minha surdez. Brilhaste, resplandeceste, e a<br />
Tua luz afugentou minha cegueira. Exalaste o Teu perfume<br />
e, respirando-o, suspirei por Ti, te desejei. Eu te provei, te<br />
saboreei e, agora, tenho fome e sede de Ti. Tocaste-me e<br />
agora ardo em desejos por Tua paz!”.<br />
Ele está dentro de você, mas também está esperando por<br />
você. Ele deseja ter comunhão e se revelar a você, mas<br />
também quer que você tenha sede para que Ele mate a<br />
sua sede. É uma chave poderosa que nós percebemos<br />
aqui, a ação Soberana de Deus andando juntamente com<br />
a “livre” escolha do homem, a responsabilidade humana<br />
em sua ação de escolha não interfere na soberania divina,<br />
mas por sua vez, de uma forma que nos é misteriosa, faz<br />
o que antes foi decretado por Deus, de forma que todas as<br />
coisas sejam, e são feitas de forma harmoniosa para que<br />
se manifeste tão somente a gloriosa graça de Deus em<br />
governar sobre tudo, e todas as coisas em Cristo Jesus. A<br />
soberania de Deus não anula de modo algum a decisão do<br />
homem em escolher a Cristo, ou negá-lo, sendo que o<br />
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aceitar Cristo é obra da bondade e misericórdia de Deus, e<br />
o negá-lo é obra de corações mortos e sem vida,<br />
totalmente depravados. Podemos pensar que estamos<br />
com “sede” de Deus, mas na verdade é um sinal de que<br />
Deus está com “fome”. Podemos afirmar que não<br />
encontramos a verdade, é a verdade que encontra o<br />
homem, por que a verdade é Pessoa. É Jesus Cristo o<br />
Filho de Deus.<br />
O salmista Davi louva a Deus por Seus perfeitos decretos<br />
e Suas ações poderosas:<br />
“Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe; e no teu<br />
livro todas estas coisas foram escritas; as quais em<br />
continuação foram formadas, quando nem ainda uma delas<br />
havia” – Salmos 139:16.<br />
É como se o Senhor dissesse o seguinte: embora eu tenha<br />
milhões de poderosos anjos no céu, nenhum deles pode<br />
satisfazer meu coração. A relação de Deus com um homem<br />
é algo misterioso, pois olhando para os homens o que ele<br />
pode dar a Deus que o próprio Deus não tenha? De que<br />
Deus precisa? O amor de Deus pelo homem é algo<br />
inexplicável, Ele tem todos os anjos que não caíram, no<br />
entanto, o Senhor coloca o homem no centro de tudo que<br />
se relaciona a Ele. O Senhor é atraído por homens que são<br />
apaixonados por Ele e também por homens que estão<br />
longe dEle, pois em outro tempo éramos pecadores.<br />
Mesmo o homem desobedecendo a Deus, Deus amou<br />
aquilo que havia feito, tinha Ele, portanto, amor para com o<br />
homem ainda quando exercendo inimizade para com Ele,<br />
o homem praticava a iniquidade. E assim, de modo<br />
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maravilhoso e divino, ainda quando odiava, Ele amava o<br />
homem. Pois Ele odiava enquanto o homem era como Ele<br />
fizera. E porque iniquidade não havia consumido de todo<br />
Sua obra no homem, sabia a um só tempo em cada um,<br />
que não somente odiava o que faziam, mas também amava<br />
o que Ele havia feito, pois sairia dessa situação a glória de<br />
nossa Salvação, a manifestação de Seu incomensurável<br />
amor, Jesus! O Cristo! O unigênito Filho amado, o qual a<br />
Igreja o teve, como uma mulher gritando com dores de<br />
parto. (cf. Gênesis 3:15; Apocalipse 12:1, 2).<br />
Talvez você não acredite nisso e viva sofrendo com<br />
acusações sem fim, mas o que você não sabe é que você<br />
é nada mais nada menos do que o anseio de Deus. Você<br />
fica chorando porque alguém o rejeitou, mas o que você<br />
não sabe é que Deus anseia por você, Ele deseja que você<br />
seja salvo, se assim acontecer que o seu coração arda,<br />
queime de desejo, e de culpa ao ouvir a mensagem do<br />
Evangelho de Jesus Cristo, certamente Ele morreu por<br />
você.<br />
O coração do homem talvez seja a única coisa que Deus<br />
não tenha, porque Ele não toma o nosso coração por<br />
assalto como o diabo, o coração do homem precisa de<br />
transformação – regeneração, o homem precisa passar por<br />
um transplante para que viva. O texto de Ezequiel relata<br />
esse transplante, o transplante é de um órgão vital, o<br />
coração. “E lhes darei um só coração, e um espírito novo<br />
porei dentro deles; e tirarei da sua carne o coração de<br />
pedra, e lhes darei um coração de carne, Para que andem<br />
nos meus estatutos, e guardem os meus juízos, e os<br />
cumpram, e eles me serão por povo, e eu lhes serei por<br />
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Deus” – Ezequiel 11:19, 20. (cf. Salmos 139:23, 24;<br />
Jeremias 31:33; 32:39; Efésios 2:1 – 10).<br />
É a coisa que Ele mais deseja do homem, um coração<br />
santo, um coração liberto e conformado na Pessoa de Seu<br />
Filho. Por isso posso afirmar, e dizer: Deus anseia por<br />
você. Pense em uma situação. Como você se sentiria se<br />
alguém o procurasse e dissesse: “Olha, o presidente do<br />
Brasil viu um vídeo que você gravou e colocou no<br />
Facebook, no qual você fala algo que o agradou, então<br />
chegou a nós o convite e o presidente do Brasil quer<br />
encontrar com você”. Como você se sentiria? Não é um<br />
convite do presidente do Brasil para você, mas eu lhe digo<br />
o Senhor já achou você e Ele manda um convite hoje. Ele<br />
quer encontrá-lo, e o mais gracioso é que você não fez<br />
nada, absolutamente nada para agradá-lo, muito pelo<br />
contrário, você fez em toda vida, nada além de pecar, não<br />
é a questão de que você pecou! A questão é: Você nasceu<br />
quebrando todas as Suas leis, cresceu o odiando, e se<br />
constitui inimigo de Deus. Mas mesmo assim Deus convida<br />
você! É inexplicável a graça. É algo imerecido. O selo que<br />
dá autenticidade a este convite é a graça de Deus, o<br />
Espírito Santo levará até você este convite (carta). Mas no<br />
convite está escrito algo que se deve observar, é restrito.<br />
O convite é endereçado a você pecador, não é a pecadores<br />
lisonjeiros como já mencionei, é a pecadores confessos e<br />
arrependidos: “Arrependei-vos e crede no Evangelho (de<br />
Jesus Cristo)” – Marcos 1:15. Abra o convite, a Escritura e<br />
aceite ao convite. Jesus Cristo pagou toda a sua dívida.<br />
O cristão é um novo homem. Essa é sua identidade<br />
essencial. E porque ser um novo homem, ele é chamado a<br />
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viver como novo homem. Visto que o velho homem foi<br />
despido, e o novo homem revestido, ele é exortado a crer<br />
nesse fato: “ser renovado no espírito do vosso<br />
entendimento”, e a viver de acordo: “despojando-se do<br />
velho homem” (rejeitando suas obras passadas), e a<br />
revestir-se do novo homem (na prática da retidão e justiça).<br />
Esse é o método do Novo Testamento para o crescimento<br />
na graça. “Saiba quem você é e, então, seja quem você é”.<br />
Depois do encontro com Jesus Cristo a mulher samaritana<br />
viu quem ela era, e foi quem ela era, uma pecadora<br />
sedenta por Deus, uma criatura desejosa por salvação.<br />
O (v. 28) podemos extrair uma aplicação para nossas<br />
vidas. “Então, deixando o seu cântaro, a mulher voltou à<br />
cidade e disse ao povo”.<br />
O verbo grego usado para “deixando [...]” é “ἀφῆκεν –<br />
aphēken” que pode significar deixar alguém, abandoná-lo<br />
aos seus próprios anseios de modo que todas as<br />
reivindicações são abandonadas, desistir de algo, não<br />
guardar mais, ou simplesmente abandonar algo. Nesse<br />
sentido, a palavra é usada em conexão especialmente com<br />
pecados (Mateus 9:2; 1 João 1:9). O que podemos afirmar<br />
acerca desse cântaro? O significado do verbo está ligado<br />
ao cântaro? Não! Mas podemos entender o significado<br />
desse verbo com a lição do cântaro. Afinal, existe no texto<br />
sagrado esse registro do abandono. E por quê?<br />
No (v. 11) a mulher samaritana questiona Jesus acerca de<br />
como Ele retiraria água do poço, com qual instrumento ou<br />
objeto. E Jesus lhe responde que qualquer um que<br />
tomasse daquela água voltaria a ter sede, mas aquele que<br />
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ebesse da água que Ele lhe desse jamais voltaria a ter<br />
sede.<br />
O ponto é que Jesus deu essa água viva à mulher e ela no<br />
final não retirou água do poço com o seu cântaro. E assim<br />
abandonou-o (v. 28). Aquele cântaro pode muito bem<br />
simbolizar seus meios de satisfação, seus anseios, seus<br />
pecados, seus medos, tudo aquilo que era motivo de sua<br />
adoração superficial e confusa a Deus, mas também pode<br />
simbolizar o seu esvaziamento de acordo com a sua<br />
pessoalidade. Jesus lhe tinha dado água viva, e ela sabia<br />
que Jesus sentia sede (v. 7). Porque não pensar que ela<br />
deixou o cântaro para que o Senhor Jesus retirasse-lhe<br />
água do poço? Afinal, Jesus a amou primeiro dando-lhe<br />
água viva, e assim podemos entender que ela amou a<br />
Jesus posteriormente ao sentir o seu amor, deixando o<br />
cântaro para que Ele bebesse da água física, e assim<br />
saciasse a sua sede.<br />
Notamos a sede de Deus, o abandono de seus anseios<br />
(pecados) e a confissão da mulher samaritana em três<br />
pontos.<br />
(1) A sede: Ela pede água viva ao Senhor Jesus (v. 15);<br />
(2) A confissão: Confessa que não tem marido (v. 17); e,<br />
(3) O abandono de seus pecados: Deixa o cântaro “símbolo<br />
de pessoalidade, medos e anseios”, e por que não de<br />
transformação, sendo que ela amou o próximo como a ela<br />
mesma, deixando possivelmente o cântaro para que Jesus<br />
bebesse da água física, (gomos) do fruto Espírito Santo<br />
“caridade – amor e bondade (v. 28). Assim foi com Zaqueu,<br />
apenas um encontro e transformações aparentes (cf.<br />
Gálatas 5:22; Lucas 19:1 – 10).<br />
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Deixar o cântaro pode significar uma vida de pecado, de<br />
mentira e de engano (v. 17). Deixar o cântaro pode<br />
representar o abandono do orgulho e dos preconceitos (v.<br />
9). Pode simbolizar seu passado (junto com o passado as<br />
feridas, mágoas, dor, a depressão e o medo) (v. 17 – 19).<br />
Deixar o cântaro também pode expressar consequências<br />
virtuosas, como pensar na felicidade também dos outros (v.<br />
7), (v. 28 – 29). Deixar o cântaro pode significar vencer os<br />
obstáculos à evangelização, pois provavelmente a mulher<br />
samaritana não teria uma boa reputação (v. 18). (cf. NOTA¹<br />
– NOTA²).<br />
NOTA¹: Se a mulher, quando voltou rápido para Sicar,<br />
deixou seu cântaro em razão da pressa ou por simples<br />
cortesia, de forma que finalmente Jesus pudesse beber,<br />
não fica claro. Muitos sugerem que João, qualquer que<br />
tenha sido o motivo, detecta um profundo simbolismo: na<br />
ansiedade dela de desfrutar da nova e viva água, ela<br />
abandona o velho cântaro, e ele assim fala sobre a<br />
renúncia das velhas formas cerimoniais de religião em<br />
favor da adoração em espírito e em verdade. Não fica nada<br />
claro, entretanto, se João queria dizer tanto, porque,<br />
diferente dos jarros de água de (2:6), nenhum ritual de<br />
purificação está ligado a esse cântaro. Mais surpreendente<br />
é sua ansiedade para dar testemunho ao povo da cidade a<br />
quem ela anteriormente tinha motivo para evitar. Ela<br />
concluíra a partir do conhecimento que Jesus tinha de sua<br />
vida pessoal, que Ele devia ser, no mínimo, um profeta (v.<br />
19; cf. 1:48), da discussão que se seguiu, ela começara a<br />
perceber que Ele era o profeta. Agora, relatando os passos<br />
em seu pensamento ao seu povo, ela os exorta: “Venham<br />
ver um homem que me disse tudo o que tenho feito”, que<br />
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pode ser uma hipérbole, mas atesta muito bem quão<br />
central sua vida pessoal desordenada e pecaminosa era<br />
para seu próprio pensamento. Mas se um forasteiro sabe<br />
tanto, Ele não poderia saber mais? Ela pergunta, com<br />
evidente agitação, mas ainda alguma hesitação (μήτι –<br />
mēti): “Será que Ele não é o Cristo?”. Talvez o povo da<br />
cidade estivesse tão impressionado por sua agitação e<br />
sinceridade quanto por seu argumento. De qualquer forma,<br />
decidiram ver por si mesmos e começaram a caminhada<br />
para o poço de Jacó, enquanto Jesus estava ainda<br />
conversando com Seus discípulos.<br />
NOTA²: Desimpedida do seu cântaro, a mulher retirou-se a<br />
toda pressa para a cidade, como prova do seu propósito de<br />
retornar, pois estava determinada a obter a água viva<br />
daquele momento em diante. Ela fez mais do que Jesus<br />
pediu, e não foi ter com um só homem, mas aos homens<br />
da cidade com a notícia de sua maravilhosa experiência.<br />
Ela não tinha a presunção de ensiná-los, mas colocou um<br />
pensamento em suas mentes, por meio de uma pergunta<br />
tentadora: Será que esse não é o Cristo? Os homens<br />
ficaram suficientemente impressionados para irem com ela<br />
ao poço.<br />
Assim deve ser a ação de todos os homens, abandonar<br />
“seus cântaros” e seguir somente a Escritura. Abandonar<br />
pecados, depositar toda confiança no Senhor Jesus e<br />
anunciar as boas novas do Reino de Deus com uma<br />
Teologia saudável, e uma piedade que acompanha a essa<br />
Teologia.<br />
APLICAÇÃO<br />
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Os discípulos por sua vez estavam insistindo com Jesus<br />
para que comesse do que eles tinham acabado de trazer<br />
da cidade. Mas Jesus, embora, sem dúvida, ainda com<br />
sede (v. 7) e, provavelmente, com fome, está,<br />
aparentemente, pensando na conversa que Ele acabara de<br />
ter com a mulher samaritana. Ele decide usar a<br />
circunstância para ensinar a Seus seguidores algo sobre<br />
Suas próprias prioridades: “Tenho algo para comer que<br />
vocês não conhecem”. Ou seja, o esvaziamento é a comida<br />
que nós ainda não conhecemos (kenosis doutrina do<br />
esvaziamento do “logos” divino – cf. Filipenses 2:4 – 8.<br />
Trata do esvaziamento da vontade própria de uma pessoa<br />
e a aceitação do desejo divino de Deus.<br />
Então, quando Deus está faminto? A verdade é que Deus<br />
está com fome de homens vazios. “Deus não despede<br />
ninguém vazio, exceto aqueles que estão cheios de si<br />
mesmos” – Dwight L. Moody.<br />
O ESPINHO NA CARNE <strong>DE</strong> PAULO<br />
“Para impedir que eu me exaltasse por causa da grandeza<br />
dessas revelações, foi-me dado um espinho na carne, um<br />
mensageiro de Satanás, para me atormentar” – 2 Coríntios<br />
12:7.<br />
Devido a algumas ambiguidades, parece muito imprudente<br />
tirar conclusões dogmáticas sobre certas particularidades<br />
desta seção. O que está claro, entretanto, é que o espinho<br />
na carne (uma dificuldade ou aflição muito intensa ou<br />
enfraquecedora) tinha vindo através de um mensageiro de<br />
Satanás (provavelmente um ataque instigado de maneira<br />
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demoníaca). A providência divina claramente permitiu isso<br />
(gramaticalmente, um, “passivo divino”, indicando Deus<br />
como o agente invisível supervisionando todo o processo),<br />
para que Paulo pudesse evitar que se exaltasse pelas<br />
excelências das revelações.<br />
Embora seja fútil tentar identificar o “espinho”, ele causou<br />
grande consternação em Paulo e, em última instância,<br />
serviu para um bom propósito, tornando-se a ocasião para<br />
uma revelação a ele da graça triunfante de Deus, que basta<br />
em meio às fraquezas de Paulo.<br />
Também devemos notar que, embora Deus não responda<br />
às alegações repetidas de Paulo, “para que desviasse de<br />
mim”, removendo-o, não há nenhum indício de que Deus<br />
esteja aborrecido com Paulo por alegar dessa maneira. Na<br />
verdade, a resposta de Jesus (v. 9) indica a preocupação<br />
de Deus em responder, mesmo que diferentemente do que<br />
Paulo havia orado.<br />
É importante notar que a resposta de Jesus não foi vista<br />
como punitiva por Paulo, nem fez com que ele se<br />
resignasse esbofeteando-o com uma atitude de derrota.<br />
Pelo contrário, afirmou em Paulo que, sempre que Satanás<br />
o esbofeteia (quer diretamente como adversário destrutivo<br />
ou indiretamente como agente controlado por Deus para<br />
realizar o desenvolvimento do caráter), ele pode se gloriar<br />
de suas fraquezas, pois a graça e poder te bastam para<br />
permitir que ele continue em seu ministério apostólico.<br />
Nem o espinho, qualquer mensageiro de Satanás, nem<br />
qualquer teste de Deus para aprimorar o caráter farão com<br />
que ele pare de servir a Deus. Ele pode, portanto, sentir<br />
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prazer [...] porque, quando está pessoalmente fraco, ele<br />
pode ser forte em Jesus.<br />
Vejamos dois pontos cruciais:<br />
(1) O propósito do espinho na carne era fazer com que<br />
Paulo permanecesse humilde. Qualquer pessoa que<br />
tivesse encontrado Jesus, falado diretamente e sido<br />
enviado pessoalmente por Ele (Atos 9:2 – 8) ficaria, em seu<br />
estado natural, orgulhoso da sua experiência incrível.<br />
Acrescente a isso o fato de que Paulo tinha sido guiado<br />
pelo Espírito Santo a escrever muito do Novo testamento,<br />
e é fácil ver como ele poderia ter se tornado orgulhoso e<br />
arrogante.<br />
(2) Sabemos que a aflição veio de Satanás ou de um dos<br />
seus mensageiros. Assim como Deus permitiu que<br />
Satanás atormentasse a Jó (Jó 1:1 – 12), Deus permitiu<br />
que Satanás atormentasse Paulo para que Seu propósito<br />
e Sua vontade fossem executados.<br />
Dr. Simon Kistemaker comentando 2 Coríntios 12:7b diz:<br />
(1) “Portanto, para que eu não ficasse empolgado demais,<br />
foi-me dado um espinho na carne”. Essa afirmação<br />
conclusiva é introduzida pelo advérbio, portanto. Mas<br />
dificilmente essa palavra pode se ligar ao versículo 6b com<br />
seu conteúdo específico. Em lugar disso, a declaração<br />
resume a ênfase que Paulo dá, de se gloriar de suas<br />
fraquezas. A soberba se intromete sorrateiramente na alma<br />
humana e passa a reinar de tal forma que a pessoa não<br />
perceba sua presença.<br />
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Ao longo do discurso de Paulo sobre o gloriar-se, ele deu<br />
ao Senhor a glória e honra. Seu desejo é permanecer<br />
humilde e abster-se de gloriar-se de si mesmo e de suas<br />
realizações. Ele sabe que o privilégio de vivenciar visões e<br />
revelações celestiais poderia resultar em orgulho. A<br />
tentação de se elevar acima de seus companheiros era<br />
real.<br />
O Senhor interveio dando a Paulo um espinho na carne. O<br />
grego emprega o termo “ skolops – σκόλοψ”, que significa<br />
pedaço pontiagudo de madeira, estaca, paliçada, estaca<br />
afiada ou farpa. Não é correto pensar em empalação ou<br />
crucificação, porque Paulo sempre usa “stauros – σταυρος”<br />
quando escreve sobre a cruz (cf. 1 Coríntios 1:17, 18;<br />
Gálatas 5:11; 6:12; Efésios 2:16; Filipenses 2:8; 3:18;<br />
Colossenses 1:20; 2:14; Hebreus 12:2). Aqui a palavra tem<br />
o sentido de um espinho ou outro objeto que fere a pele de<br />
Paulo e o machuca. Paulo também usa a palavra carne,<br />
que aponta à fragilidade de seu corpo físico. A maioria dos<br />
estudiosos concorda que esse termo deve ser interpretado<br />
literalmente, isto é, Paulo suportava dor física.<br />
(2) “Um mensageiro de Satanás, para esbofetear-me, para<br />
que eu não fique eufórico demais”. A segunda parte do<br />
versículo 7 visa explicar a primeira parte. No entanto, as<br />
dificuldades em se entender o que Paulo quer dizer<br />
aumentam a cada cláusula. Gostaríamos de acreditar que<br />
os leitores originais dessa epístola tivessem entendido o<br />
sentido dessas palavras, mas o fato de que Paulo está<br />
revelando sua visita celestial pela primeira vez é indicação<br />
de que sua referência ao espinho em sua carne também é<br />
notícia nova.<br />
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Paulo escreve que sua aflição física é um mensageiro de<br />
Satanás, isto é, um dos anjos maus de Satanás. Ao dar a<br />
Paulo um espinho para lhe causar desconforto físico, Deus<br />
permite que Satanás mande um dos seus anjos para<br />
atormentar o apóstolo. Somos lembrados de Jó, que<br />
também foi afligido por Satanás; na verdade, Deus impôs<br />
limites para Satanás, que só podia fazer o que Deus lhe<br />
permitia fazer (cf. Jó 1:12; 2:6).<br />
A frase seguinte, “para esbofetear-me”, é ainda mais<br />
descritiva, isto é, o mensageiro de Satanás feria Paulo no<br />
rosto. Isso aconteceu quando membros do Sinédrio deram<br />
murros em Jesus (Mateus 26:67; Marcos 14:65). Tanto<br />
Paulo como Pedro usa a palavra quando falam em apanhar<br />
injustamente (1 Coríntios 4:11; 1 Pedro 2:20).<br />
Como relacionamos o “espinho na carne” com “mensageiro<br />
de Satanás”, e essas duas expressões, por sua vez, com<br />
esmurrar o rosto de Paulo?<br />
Explicações do mal de Paulo são numerosas; há pelo<br />
menos doze diferentes sugestões, várias delas bem<br />
aproveitáveis. Entre as sugestões estão à epilepsia, a<br />
histeria, a nevralgia, a depressão, problemas de visão (cf.<br />
Gálatas 4:14, 15), malária, lepra, reumatismo, um<br />
impedimento na fala (cf. 10:10; 11:6), tentação, inimigos<br />
pessoais (comparar com 11:13 – 15) e maus-tratos de um<br />
demônio. Essas teorias são habilmente defendidas por<br />
estudiosos que conhecem tanto a literatura judaica quanto<br />
a vida de Paulo descrita em Atos e nas epístolas.<br />
Certamente, algumas conjecturas são dignas de<br />
consideração. Mas cada uma esbarra contra objeções de<br />
peso. Quer aconteça ter sido a aflição de Paulo um<br />
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problema externo ou interno, o resultado permanece o<br />
mesmo: nossas teorias são meras suposições, pois não<br />
sabemos o que afligia o apóstolo.<br />
Notamos um contraste descrito nesse versículo. Paulo, que<br />
se ergue ao terceiro céu para ver a luz celestial, é depois<br />
continuamente atormentado por um mensageiro do<br />
príncipe das trevas. Paulo diz aos leitores que esse<br />
contraste aconteceu para que ele se conservasse humilde,<br />
“para que eu não fique eufórico demais”. Duas vezes nesse<br />
versículo (v. 7b) ele escreve a mesma cláusula,<br />
obviamente para maior ênfase.<br />
A narrativa – Aflição Compensatória 12:1 – 10.<br />
Havia uma certa “obrigação moral” (“dei – δεῖ”, como em<br />
Efésios 6:20; Colossenses 4:4) na glória de Paulo, ainda<br />
que não fosse conveniente (cf. 8:10; cons. o mesmo verbo<br />
em João 11:50; 16:7; 18:14; 1 Coríntios 6:12; 10:23). Este<br />
versículo expressa a compulsão de Paulo (é necessário<br />
que me glorie), a repulsão (ainda que não convém), e o<br />
impulso (passarei as visões e revelações do Senhor).<br />
(2 – 4). O apóstolo objetivou-se com o propósito de<br />
defender suas visões e revelações à vista dos falsos<br />
êxtases dos falsos mestres. Sua visão era:<br />
(1) Pessoal – Conheço um homem [...]. (v. 2);<br />
(2) Cristã – [...] em Cristo (portanto, não pertencente ao<br />
judaísmo ou paganismo). (v. 2);<br />
(3) Histórica – [...] há catorze anos (portanto com data<br />
histórica – não uma ficção). (v. 2);<br />
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(4) Misteriosa – (se no corpo, não sei; se fora do corpo, não<br />
sei). (v. 2);<br />
(5) Estática (inerte) – [...] foi arrebatado até ao terceiro céu<br />
(Enoque, Elias, Ezequiel). (v. 4);<br />
(6) Revelatória – [...] ouviu palavras inefáveis [...]. (v. 4);<br />
(7) Indelével (inextinguível) – [...] foi-me posto um espinho<br />
na carne [...]. (v. 7).<br />
As idéias aqui são duas principalmente: (1) Se Paulo<br />
deseja gloriar-se mais, não seria néscio; pois ele falava a<br />
verdade (“alētheian – ἀλήθειαν”; cf. o uso em 4:2; 6:7; 7:14;<br />
11:10; 13:8). (2) Ele os poupou (“pheidomai – φείδομαι”; cf.<br />
o uso em 1:23; 13:2) de uma exibição mais detalhada de<br />
seus privilégios especiais temendo que alguém pudesse<br />
estimá-lo acima do que visse ou ouvisse dele (v. 6). Paulo<br />
não tinha desejo de se tornar um “super-homem” nem de<br />
encorajar uma adoração de homens, ainda que “heróis”.<br />
Se tivermos sensibilidade deveríamos ler esta passagem<br />
com certa reverência devido ao fato de que nela Paulo<br />
desnuda (despoja) seu coração e ao mesmo tempo nos<br />
mostra sua glória e dor. Contra sua vontade ainda está<br />
dando a conhecer suas credenciais, e nos relata uma<br />
experiência diante da qual só podemos nos maravilhar e<br />
nem sequer tentar sondar. Da maneira mais estranha<br />
parece estar fora de si mesmo, observando-se. “Conheço<br />
um homem”, diz. O homem é ele mesmo, e, entretanto,<br />
pode olhar ao que teve essa surpreendente experiência<br />
com uma espécie de objetividade enigmática, assombrado<br />
de que tivesse ocorrido a ele. Para o místico o grande fim<br />
de toda experiência religiosa é a visão de Deus, e até para<br />
além dela, a união com Deus. Sempre buscou o momento<br />
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maravilhoso no qual “aquele que vê e aquele que é visto<br />
sejam um”.<br />
Em suas tradições os judeus diziam que quatro rabinos<br />
tinham tido visões de Deus. Ben Azai tinha visto a glória e<br />
morreu. Ben Soma ao vê-la ficou louco. Acer depois de vêla<br />
“castrou-se”, quer dizer que apesar da visão se<br />
converteu num herege e arruinou o jardim da verdade. Só<br />
Akiba subiu em paz e retornou em paz.<br />
Não podemos nem pensar o que aconteceu à Paulo. Não<br />
precisamos criar teorias sobre o número de céus<br />
existentes, pelo fato de que Paulo menciona o terceiro céu.<br />
Simplesmente quer dizer que seu espírito se elevou a um<br />
êxtase e a uma cercania com Deus impossível de<br />
ultrapassar. Ajudar-nos-á a notar algo belo. A palavra<br />
paraíso (“Paradeison – Παράδεισον”) provém de um termo<br />
persa que significa jardim amuralhado (cf. NOTA). Quando<br />
um rei persa desejava conferir uma honra muito especial a<br />
alguém que apreciava, o fazia acompanhante em seu<br />
jardim, e lhe outorgava o direito de caminhar pelos jardins<br />
com ele numa relação próxima e íntima. Nesta experiência,<br />
como nunca antes e nunca depois, Paulo tinha<br />
acompanhado a Deus.<br />
NOTA: Paradeison – Παράδεισον significa entre os persas,<br />
um grande cercado ou reserva, parque, sombreado e bem<br />
irrigado, era fechado por muros. Outro significado: as<br />
regiões superiores dos céus. De acordo com os pais da<br />
igreja primitiva, o paraíso no qual nossos primeiros pais<br />
habitaram antes da queda ainda existe, não sobre a terra<br />
ou nos céus, mas acima e além do mundo.<br />
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Moody declara uma perspectiva também plausível,<br />
admissível.<br />
“E depois da glória chega à dor. A palavra (skolops –<br />
σκόλοψ) pode significar aguilhão ou espinho, mas o mais<br />
provável é que queira dizer estaca. Empalava-se a alguns<br />
criminosos numa estaca pontiaguda. Paulo sentia que em<br />
seu corpo se retorcia algo semelhante”.<br />
Mas então, o que era esse aguilhão na carne?<br />
Deram-se muitas respostas a esta pergunta. Primeiro<br />
podemos considerar aquelas que foram sustentadas por<br />
homens eruditos, mas que em face das evidências,<br />
devemos descartar.<br />
(1) Tem-se dito que significava tentações espirituais, a<br />
tentação da dúvida, evitar os deveres da vida apostólica, o<br />
remorso de consciência quando sucumbia a essas<br />
tentações. Este era o ponto de vista de Calvino.<br />
(2) Outro significado é o da oposição e perseguição que<br />
Paulo teve que sofrer a batalha constante com aqueles que<br />
não estavam de acordo com ele e tentavam destruir seu<br />
trabalho. Esse era o ponto de vista de Martinho Lutero.<br />
(3) Também tem-se dito que significam as tentações<br />
carnais. Quando os monges e os ermitões se encerravam<br />
em seus monastérios e celas encontravam que o sexo era<br />
o último instinto que podiam reprimir. Com seus ideais<br />
ascéticos desejavam eliminá-lo e não podiam, porque os<br />
obcecava. Sustentou-se que Paulo era assim. Este é o<br />
ponto de vista católico-romano que existe ainda hoje em<br />
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dia. (Não aceito pela igreja protestante). Pois, Paulo<br />
defendia sua posição celibatária, como dom de Deus (cf. 1<br />
Coríntios 7:7, 35). (cf. NOTA).<br />
NOTA: Paulo declara claramente que está falando sobre<br />
preferência pessoal quando desafia os solteiros a<br />
continuarem no celibato. (v. 35). O casamento e o celibato<br />
é um assunto individual e relativo, dependendo, em parte,<br />
da capacidade de cada um de controlar a paixão sexual. O<br />
impulso sexual não é pecaminoso, e permanecer solteiro,<br />
ao invés de se casar, não personifica virtude moral<br />
superior.<br />
William Barclay diz que nenhuma destas soluções pode ser<br />
correta por estas três razões.<br />
(a) A mesma palavra estaca indica uma dor quase<br />
selvagem.<br />
(b) A imagem que temos diante de nós é um quadro de<br />
sofrimento físico.<br />
(c) Qualquer que fosse o aguilhão era intermitente, porque<br />
apesar de que às vezes prostrava a Paulo, não o separava<br />
totalmente de sua tarefa. Portanto consideremos as outras<br />
respostas sugeridas.<br />
(4) Tem-se dito que o aguilhão era o aspecto pessoal de<br />
Paulo. “A presença pessoal dele é fraca” (2 Coríntios<br />
10:10). Sugere-se que sofria de alguma desfiguração que<br />
lhe dava feio aspecto e que estorvava sua tarefa. Mas isso<br />
não explica a dor que deve ter existido.<br />
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(5) Uma das soluções mais comuns é a epilepsia. É<br />
dolorosa, recorrente, aquele que a padece pode continuar<br />
com sua tarefa entre ataques. Pode ser repulsiva. No<br />
mundo antigo era atribuída à ação dos demônios. Traz<br />
junto visões e transes tais como os que tinham Paulo.<br />
Antigamente quando alguém via um epilético cuspia para<br />
afastar o demônio maligno. Em Gálatas 4:14 Paulo diz que<br />
quando os Gálatas viram sua enfermidade não o<br />
rechaçaram. A palavra em grego (exeptysate –<br />
ἐξεπτύσατε) significa literalmente não me cuspiram. Depois<br />
de tudo Júlio César, Oliver Cromwell e Napoleão foram<br />
epiléticos. Mas esta teoria tem consequências difíceis de<br />
aceitar. Significaria que as visões de Paulo correspondiam<br />
às que percebe uma mente temporariamente alienada, que<br />
eram transes epiléticos, e nos é difícil crer que as visões<br />
que mudaram o mundo se devessem a ataques epiléticos.<br />
(6) Uma das teorias mais antigas diz que Paulo sofria<br />
enxaquecas severas que o prostravam. Tanto Tértulo<br />
(advogado e orador empregado pelos judeus para apoiar<br />
Ananias no julgamento de Paulo de Tarso perante o<br />
governador romano da Judeia Félix – Atos 24:1 – 9). Como<br />
Jerônimo criam nisso.<br />
Agora, isto bem pode nos levar à verdade. Ainda existe<br />
outra teoria no que se sustenta que Paulo sofria de uma<br />
doença dos olhos. Isto explicaria os dores de cabeça.<br />
Depois do momento de glória no caminho a Damasco,<br />
Paulo ficou cego (Atos 9:9). Pode ser que seus olhos nunca<br />
mais se tenham recuperado. Paulo diz que os Gálatas<br />
arrancariam os olhos para os darem a ele (Gálatas 4:15).<br />
No final de Gálatas escreve: “Vede com que letras grandes<br />
vos escrevi de meu próprio punho” (Gálatas 6:11), como se<br />
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estivesse descrevendo os caracteres grandes e torpes que<br />
poderia fazer um homem que apenas pudesse ver. (cf, Atos<br />
23:1 – 5).<br />
Mas o mais provável é que Paulo sofresse de ataques<br />
crônicos recorrentes de certa febre malária virulentos que<br />
frequentava as costas do Mediterrâneo oriental. Os nativos<br />
da zona, quando desejavam machucar a um inimigo<br />
pediam a seus deuses que sua alma “ardesse” com essa<br />
febre. Uma pessoa que a padeceu descreve a dor de<br />
cabeça que a acompanha comparando-o com: “um ferro<br />
candente que atravessasse a fronte”. Outro o descreve<br />
como “a dor rangente e monótono numa têmpora, como a<br />
máquina de um dentista —, a cunha fantasmal entre as<br />
mandíbulas”, e diz que quando a dor se agravava<br />
“alcançava a soleira da resistência humana”. Na realidade<br />
isto merece a descrição de um aguilhão na carne, ou até<br />
uma estaca na carne. O homem ousado que suportava<br />
continuamente a lista de sofrimentos de um apóstolo tinha<br />
que lutar com essa agonia.<br />
Paulo recebeu a promessa e a realidade da graça que tudo<br />
pode.<br />
Consideremos algumas das coisas para as quais essa<br />
graça era suficiente a Paulo através de alguns aspectos de<br />
sua vida.<br />
(1) Era suficiente para o cansaço físico.<br />
Permitia-lhe prosseguir. João Wesley pregou quarenta e<br />
dois mil sermões, viajava uma média de sete mil<br />
quilômetros por ano. Cavalgava cerca de noventa ou cem<br />
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quilômetros diários e pregava uma média de três sermões<br />
por dia. Quando tinha oitenta e três anos escreveu em seu<br />
jornal: “Maravilho-me de mim mesmo. Nunca me canso,<br />
nem pregando, nem viajando, nem escrevendo”. Era essa<br />
obra da graça que tudo pode. (Neste momento faço das<br />
palavras de Wesley as minhas, espero ter a quantidade de<br />
sermões e de obras deste notável homem de Deus no final<br />
de minha vida, não me canso de escrever, aprender e<br />
ensinar com sofrimentos para glória de Deus).<br />
(2) Era suficiente para a dor física.<br />
Ela o fazia capaz de tolerar a cruel estaca. Uma vez um<br />
homem foi visitar uma jovem que estava de cama morrendo<br />
de uma enfermidade incurável e muito dolorosa. Levou<br />
consigo um livrinho destinado a alentar os que passavam<br />
momentos difíceis, um livro alegre, cheio de sol, que fazia<br />
rir. “Muito obrigado”, disse ela, “mas conheço esse livro”.<br />
“Você o tem lido?”, perguntou o visitante. E a jovem<br />
respondeu: “Eu o escrevi”. Era obra da graça que tudo<br />
pode.<br />
(3) Era suficiente para a oposição.<br />
Paulo teve que enfrentá-la durante toda sua vida e nunca<br />
cedeu. Por grande que fosse não dava seu braço a torcer,<br />
nem se retirava. Essa era obra da graça que tudo pode.<br />
(4) Ela o fazia capaz, como o demonstram todas as suas<br />
cartas, de enfrentar a calúnia.<br />
Não há nada mais difícil de enfrentar que a calúnia, a<br />
interpretação errônea e o juízo equivocado e cruel. Uma<br />
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vez um homem jogou um balde de água sobre Arquelau da<br />
Macedônia. Este não disse nada. E quando um amigo lhe<br />
perguntou como tinha podido aguentá-lo tão serenamente,<br />
disse: “Não atirou a água sobre mim, mas sim sobre o<br />
homem que ele pensou que eu era”. A graça que tudo pode<br />
fazia que Paulo não se preocupasse com o que os homens<br />
pensassem, mas pelo que Deus sabia que era. A glória da<br />
vida é que encontramos em nossa fraqueza a graça<br />
maravilhosa, porque sempre a extremidade do homem é a<br />
oportunidade de Deus.<br />
Comentários Adicionais sobre 12:7b.<br />
Muitas dessas propostas têm tido seus adeptos através<br />
dos séculos, mas por falta de evidência bíblica continuam<br />
sendo meras suposições.<br />
(1) Depressão. Pelo capítulo 1 já tomamos conhecimento<br />
de que Paulo estava desanimado pelas suas experiências<br />
na Ásia Menor (1:8). Ele havia encontrado reveses severos<br />
causados por pessoas, tais como o ourives Demétrio (Atos<br />
19:25 – 41). Mas isso dificilmente explica o espinho na<br />
carne de Paulo. Muito embora Paulo tenha experimentado<br />
oposição, nenhuma indicação nos é dada de que tenha<br />
sofrido de depressão séria. Ao contrário, ele escreve: “Em<br />
tudo somos atribulados, porém não angustiados;<br />
perplexos, porém não completamente perplexos” (4:8).<br />
Somos “entristecidos, mas sempre alegres” (6:10).<br />
(2) Visitação de demônios. Essa teoria ensina que quando<br />
Paulo estava no céu, foi dominado pelo orgulho. Mas de<br />
repente foi atacado por um demônio que o punia para<br />
conservá-lo humilde. Paulo orou três vezes ao Senhor para<br />
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fazer com que o ataque parasse, mas foi-lhe dito que tinha<br />
de aprender sua lição e confiar na suficiência da graça de<br />
Deus. Há objeções exegéticas a essa interpretação: o<br />
desconforto físico do espinho na carne não é uma provação<br />
temporária no céu, mas uma dor persistente na terra. E<br />
mais, não há indicação no texto de que Paulo tenha<br />
vivenciado um castigo no céu, porque lá é um lugar muito<br />
improvável para um demônio vencer o apóstolo. E, por fim,<br />
um espinho na carne foi dado a Paulo não por um<br />
mensageiro de Satanás, e sim pelo Senhor, que permitiu<br />
que o mensageiro de Satanás o esbofeteasse.<br />
CONCLUSÃO<br />
Uma passagem clássica. A magnitude das revelações de<br />
Paulo (sobre grandeza, cf. 2 Coríntios 12:7; 4:7; Gálatas<br />
4:13) levou o Senhor a lhe dar um estorvo divino (um<br />
espinho) para reduzir qualquer tendência de exaltação<br />
orgulhosa. Paulo precisava de um lembrete que lhe fizesse<br />
ver que, apesar do seu arrebatamento, ainda era um<br />
homem entre os homens. Nossas informações são muito<br />
imprecisas (1:8) para justificar nossa dogmatização quanto<br />
à natureza exata desse espinho na carne.<br />
Paulo orou especificamente (por causa disto),<br />
encarecidamente (pedi ao Senhor), e com propósito (que o<br />
afastasse de mim). O tempo perfeito em me disse registra<br />
a completa aquiescência de Paulo na resposta definitiva de<br />
Cristo. Só aqui no N.T., encontrarmos a minha graça (cf. o<br />
uso em Filipenses 1:7). O verbo (Arkei – Ἀρκεῖ), no<br />
predicado “te basta”, indica que a graça de Cristo está<br />
“cheia de força infalível” – suficiente. Este verbo foi<br />
algumas vezes traduzido para estar satisfeito (Lucas 3:14;<br />
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1 Timóteo 6:8; Hebreus 13:5). O presente passivo de<br />
“teleitai – τελεῖται” (o tempo perfeito em João 19:28, 30; 2<br />
Timóteo 4:17) significa está sendo (continuamente)<br />
aperfeiçoado (Hebreus 5:9). O verbo repouse (episkēnōsē<br />
– ἐπισκηνώσῃ) aparece apenas aqui no grego bíblico. O<br />
verbo simples “eskēnōsen – ἐσκήνωσεν” se encontra em<br />
João 1:14; Apocalipse 7:15; 21:3. A tradução de Plummer,<br />
“estenda uma tenda sobre mim”, é uma reminiscência da<br />
fraseologia do Antigo Testamento (Êxodo 33:22; Salmos<br />
90:17; 91:4; Isaías 49:2; 51:16).<br />
Ninguém pode sentir prazer (eudokoumen – εὐδοκοῦμεν;<br />
cf. 5:8) nas adversidades mencionadas aqui, a não ser por<br />
amor de Cristo (cf. 5:20; Filipenses 1:29; Colossenses<br />
1:24; 3 João 7). Sobre quando (hotan – ὅταν), cf. 2<br />
Coríntios 10:6.<br />
“Ele nos livrou e continuará nos livrando de tal perigo de<br />
morte. Nele temos colocado a nossa esperança de que<br />
continuará a livrar-nos [...]” – 2 Coríntios 1:10.<br />
Paulo orava para que lhe fosse tirado esse aguilhão, mas<br />
Deus respondeu esta oração como o faz tantas vezes —<br />
não lhe tirou o mal, mas sim lhe deu a força para suportálo.<br />
Deus não nos priva das coisas; capacita-nos para<br />
vencê-las e sair delas.<br />
“Eu lhes disse essas coisas para que em mim vocês<br />
tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo,<br />
tenham ânimo! Eu venci o mundo” – João 16:33.<br />
VENCENDO A TENTAÇÃO<br />
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“Santificai-vos na verdade; a tua palavra e a verdade” –<br />
João 17:17.<br />
Cristãos têm sofrido e muitas vezes vencidos pelas<br />
tentações da vida, e muitos cristãos sofrem consequências<br />
terríveis por esses obstáculos invisíveis que atuam em<br />
nossas vidas de forma muito visível, sentimos muitas vezes<br />
no próprio corpo, e às vezes até audíveis e sensíveis a<br />
outros, os gemidos e o choro sufocado ultrapassam<br />
paredes, muitos entram em depressão e desejam a morte,<br />
não com o intuito de dar cabo à vida, mas de pôr um fim<br />
em seu sofrimento. Por exemplo, a depressão. A<br />
existência, e a sua incidência nas diversas faixas etárias,<br />
classes sociais e religiões. O que a causa e o que ela pode<br />
gerar serão os fatos impulsionadores em nossas vidas,<br />
muitas vezes decorrentes de tentações humanas.<br />
Já foram testados vários estímulos, tratamentos,<br />
medicamentos, mas em quase todos os casos verificou-se<br />
a necessidade de acompanhamento psicológico e/ou<br />
espiritual.<br />
As causas desse mal também são as mais variadas<br />
possíveis (Biológicas, vida urbana, desemprego, doença<br />
física, alteração afetiva, histórico familiar da doença,<br />
adolescência, eventos estressantes ou perdas, transtornos<br />
de personalidade, medicamentos, drogas, álcool, entre<br />
outros) e tanto pode ser desencadeada por uma tragédia<br />
como por pequenos problemas do dia-a-dia. Outra causa<br />
seria o resultado de um desequilíbrio de substâncias<br />
químicas específicas no encéfalo denominadas<br />
neurotransmissores. Quase sempre a ansiedade é a sua<br />
predecessora, e muitos outros males internos, todos esses<br />
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males (tentações) acabam refletindo em todas as áreas da<br />
vida, existe dois lados da tentação, o positivo e o negativo,<br />
a ênfase desse artigo será no negativo, que por fim<br />
resultará positivamente na vida de um cristão.<br />
As Escrituras nos dizem que todos nós enfrentamos<br />
tentações. Em 1 Coríntios 10:13 diz: “Não vos sobreveio<br />
tentação que não fosse humana”. Talvez isso proporcione<br />
um pouco de encorajamento porque muitas vezes nos<br />
sentimos como se sofrêssemos sozinhos, e que os outros<br />
são imunes às tentações. A Bíblia nos diz que Cristo<br />
também foi tentado: “Porque não temos sumo sacerdote<br />
que não possa compadecer-se das nossas fraquezas;<br />
antes, foi Ele tentado em todas as coisas, à nossa<br />
semelhança, mas sem pecado”. (Hebreus 4:15).<br />
De onde, então, essas tentações vêm? Primeiro de tudo,<br />
elas não vêm de Deus, embora Ele as permita. Tiago 1:13<br />
diz: “Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus;<br />
porque Deus não pode ser tentado pelo mal e Ele mesmo<br />
a ninguém tenta”. No primeiro capítulo de Jó, vemos que<br />
Deus permitiu que Satanás tentasse Jó, mas com<br />
restrições. Satanás está vagueando pela terra como um<br />
leão, buscando pessoas para devorar (1 Pedro 5:8). O<br />
versículo 9 nos diz para resisti-lo, sabendo que outros<br />
cristãos também estão sendo atingindo por seus ataques.<br />
Por essas passagens podemos saber que tentações são<br />
oriundas de Satanás. Vemos em Tiago 1:14 que a tentação<br />
pode se originar em nós também. O versículo 14 diz que<br />
cada um é “tentado pela sua própria cobiça, quando esta o<br />
atrai e seduz”. Deixamo-nos pensar certos pensamentos, ir<br />
a lugares que não devemos e tomar decisões baseadas em<br />
nossos desejos que nos levam à tentação.<br />
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Como, então, podemos resistir às tentações? Primeiro de<br />
tudo, temos de voltar ao exemplo de Jesus sendo tentado<br />
no deserto por Satanás em Mateus 4:1 – 11. Cada uma das<br />
tentações de Satanás foi recebida com a mesma resposta:<br />
“Está escrito”, seguida pela Escritura. Se o Deus Filho usou<br />
a Escritura para, com eficácia, por um fim às tentações do<br />
tentador, o que sabemos que funciona porque depois de<br />
três tentativas fracassadas, “o Diabo o deixou” (v. 11),<br />
quanto mais nós criaturas caídas e fracas. Precisamos usála<br />
para resistir às nossas próprias tentações, sejam elas<br />
internas ou externas.<br />
Todos os nossos esforços para resistir serão fracos e<br />
ineficazes, a menos que sejam movidos pelo Espírito Santo<br />
através da leitura constante, do estudo e da meditação na<br />
Palavra de Deus. Desta forma, seremos “transformados<br />
pela renovação da mente” (Romanos 12:2). Não há<br />
nenhuma outra arma contra a tentação exceto a “espada<br />
do Espírito, que é a Palavra de Deus” (Efésios 6:17).<br />
Colossenses 3:2 diz: “Pensai nas coisas lá do alto, não nas<br />
que são aqui da terra” e em Filipenses 4:8 diz: “Quanto ao<br />
mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é<br />
honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que<br />
é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude,<br />
e se há algum louvor, nisso pensai”. Se as nossas mentes<br />
estiverem cheias com os mais recentes programas de TV,<br />
música e todo o resto que a cultura tem para oferecer<br />
seremos bombardeados com mensagens e imagens que<br />
inevitavelmente levam a paixões pecaminosas, em<br />
diversas esferas. Deixando bem claro que 99,9% de tudo<br />
que passa na TV Deus odeia, para não ser injusto e dizer<br />
que tudo, pois grande parte dos programas televisivos fere<br />
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fundamentos bíblicos, inclusive o estudo diligente da<br />
Palavra de Deus, como a investigação piedosa e<br />
devocional que todos os cristãos devem ter (invocamos<br />
aqui o espírito dos bereanos – Atos 17:11).<br />
Por isso escolhi não assistir mais TV, não porque sou mais<br />
santo e nem hipócrita, mas preferir encher a minha mente<br />
das Escrituras Sagradas, saturar a minha mente com “tudo<br />
o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é<br />
justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é<br />
de boa fama, tudo que há virtude, tudo que há louvor”.<br />
Cada um é livre (livre agência – vontade responsiva) para<br />
escolher o que “quiser fazer” de suas vidas cristãs. No<br />
entanto, se nossas mentes estiverem cheias com a<br />
Majestade e Santidade de Deus, o Amor, o Consolo do<br />
Espírito Santo, a Compaixão de Cristo, o brilho de seus<br />
atributos refletidos em Sua perfeita Palavra, e inserirmos<br />
em nossos corações por meio da santificação toda<br />
instrução de Deus, veremos que o nosso interesse pelas<br />
concupiscências do mundo diminuem e aos poucos<br />
desaparecem. Mas, sem a influência da Palavra de Deus<br />
atuante continuamente em nossos corações corruptos e<br />
perversos, estamos abertos a quaisquer coisas<br />
provenientes de Satanás, como verdadeiros “dardos<br />
inflamados do que é maligno” todos os tipos de<br />
maledicência nos derrubam da graça, mesmo sendo<br />
temporariamente. “Assim, aquele que julga estar firme,<br />
cuide-se para que não caia” – 1 Coríntios 10:12. Todavia,<br />
se cairmos “... o Senhor ama o juízo e não desampara os<br />
seus santos” – Salmos 37:28, “pois ainda que um justo caia<br />
sete vezes, sete vezes tornará a se erguer” – Provérbios<br />
24:16.<br />
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Aqui, então, é o único meio para guardar nossos corações<br />
e mentes, a fim de manter as fontes de tentação longe de<br />
nós. Lembre-se das palavras de Cristo a Seus discípulos<br />
no jardim, na noite em que foi traído: “Vigiai e orai, para que<br />
não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está<br />
pronto, mas a carne é fraca”. (Mateus 26:41). A maioria dos<br />
cristãos não iria querer abertamente, voluntariamente<br />
“pular” em pecados, sabendo que o salário do pecado é a<br />
morte, mas não podemos resistir cair nele porque a nossa<br />
carne não é forte o suficiente para resistir. Nós nos<br />
colocamos em situações ou preenchemos nossas mentes<br />
com paixões sensuais, e isso nos leva a pecar, somos<br />
seres caídos e fracos como já antes mencionei. A única<br />
forma de sermos fortes em meio às tentações é estarmos<br />
verdadeiramente em Cristo, a Cruz como meio e Cristo<br />
como a fonte de nossa esperança por meio da graça dada<br />
por Deus Pai (Efésios 1:4). Fomos chamados para sermos<br />
santos e irrepreensíveis diante de Deus. E ser santo, é ser<br />
separado para Deus e do mundo.<br />
“Recuse-se a sucumbir a quaisquer exigências da carne,<br />
pois a inclinação para a carne é morte”.<br />
Precisamos renovar o nosso pensamento como nos é dito<br />
em Romanos 12:1, 2. Não devemos mais pensar como o<br />
mundo pensa, ou andar da mesma forma em que o mundo<br />
caminha. Provérbios 4:14, 15 nos diz: “Não entres na<br />
vereda dos perversos, nem sigas pelo caminho dos maus.<br />
Evita-o; não passes por ele; desvia-te dele e passa de<br />
largo”. Precisamos evitar o caminho do mundo que nos<br />
conduz em tentação porque a nossa carne é fraca. Somos<br />
facilmente levados por nossas próprias concupiscências.<br />
“Como é feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios,<br />
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não imita a conduta dos pecadores, nem se assenta na<br />
roda dos zombadores! Ao contrário, sua satisfação está na<br />
lei do Senhor, e nessa lei medita dia e noite. É como árvore<br />
plantada à beira de águas correntes: Dá fruto no tempo<br />
certo e suas folhas não murcham. Tudo o que ele faz<br />
prospera!” – Salmos 1:1 – 3.<br />
Acerca do mundo (dos ímpios) Jonathan Edwards diz:<br />
“Os ímpios estão sujeitos a cair por si mesmos, sem serem<br />
derrubados pelas mãos de outrem, pois aquele que se<br />
detém ou anda por terrenos escorregadios não precisa<br />
mais do que seu próprio peso para cair por terra”.<br />
Mateus 5:29 tem alguns excelentes conselhos. “Se o teu<br />
olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois<br />
te convém que se perca um dos teus membros, e não seja<br />
todo o teu corpo lançado no inferno”. Isso soa grave! O<br />
pecado é grave! A tentação é grave! Jesus não está<br />
dizendo que devemos literalmente remover partes do<br />
corpo. Cortar o olho é uma medida drástica, e Jesus está<br />
nos ensinando que, se necessário, uma medida drástica<br />
deve ser tomada para evitar o pecado. Pense nisso e<br />
lembre-se que existem pecados que devem ser arrancados<br />
de nossas vidas, caso contrário trarão consequências<br />
terríveis nessa vida que ecoarão por toda eternidade. Pois,<br />
o salário do pecado é a morte, “Arrependam-se e creiam<br />
nas boas novas!” – Marcos 1:15 essa é a mensagem do<br />
evangelho de Cristo.<br />
CONCLUSÃO<br />
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No fim, ou até mesmo em meio à tentação encontramos a<br />
Deus. Ele sempre estará como uma rocha inamovível, o<br />
socorro presente em nossas maiores angústias (Salmos<br />
46), Cristo disse que teríamos muitas aflições (João 16:33),<br />
mas mesmo em meio às tentações (aflições) há uma paz<br />
alegre na certeza da vitória de Cristo “Eu venci o mundo!”<br />
(v. 33). E “Contudo, alegrai-vos por serdes participantes<br />
dos sofrimentos de Cristo, para que também vos alegreis e<br />
exulteis na revelação da sua glória” – 1 Pedro 4:13. Paulo<br />
disse “Pois as nossas aflições leves e passageiras estão<br />
produzindo para nós uma glória incomparável, de valor<br />
eterno” – 2 Coríntios 4:17. “E se a graça foi suficiente para<br />
o apóstolo Paulo, ela também nos é suficiente, pois o poder<br />
de Deus se aperfeiçoa em nossas fraquezas”, e se a nossa<br />
carne é fraca por não suportar as tentações, o poder de<br />
Deus é suficiente em guardarmos.<br />
Ocorre é que o homem deprimido por suas tentações na<br />
maioria das vezes não tem forças para procurar ajuda, não<br />
consegue vislumbrar uma solução para o seu problema, e<br />
a família muitas vezes não consegue ajudá-lo, e no fim<br />
quase sempre procura recursos falíveis.<br />
O expositor da Escritura adverte: “O Senhor sabe quem<br />
você é e conhece a sua maior tentação, a sua maior<br />
fraqueza”. Mas Ele tem poder para preservar os seus<br />
santos de quaisquer tentações, pois lhe assegura o escape<br />
“Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é<br />
Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis,<br />
antes com a tentação dará também o escape, para que a<br />
possais suportar” – 1 Coríntios 10:13, pois para Ele nada é<br />
impossível. Se está desanimado, abatido e angustiado<br />
devido as tentações, ou pensa que não tem mais jeito e<br />
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chegou ao fim de sua vida cristã, sente-se dominado (a)<br />
pela tentação. Repouse, alimente-se, e deposite sua fé no<br />
Senhor e procure ajuda, confesse aos santos suas<br />
necessidades. “Comunicai com os santos nas suas<br />
necessidades [...]” – Romanos 12:13. Amém.<br />
“Existe muito barulho religioso nesta geração, mas ainda<br />
assim não há qualquer evidência da mortificação do<br />
pecado” – John Owen.<br />
AS OBRAS DA CARNE E O FRUTO DO ESPÍRITO<br />
“Ora, as obras da carne são manifestas: imoralidade<br />
sexual, impureza e libertinagem; idolatria e feitiçaria; ódio,<br />
discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções e<br />
inveja; embriaguez, orgias e coisas semelhantes. Eu os<br />
advirto, como antes já os adverti, que os que praticam<br />
essas coisas não herdarão o Reino de Deus. Mas o fruto<br />
do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade,<br />
bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio” –<br />
Gálatas 5:19 – 22.<br />
Nenhum trecho da Bíblia apresenta um mais nítido<br />
contraste entre o modo de vida do crente cheio do Espírito<br />
Santo e aquele controlado pela natureza humana<br />
pecaminosa do que 5:16 – 26. Paulo não somente examina<br />
a diferença geral do modo de vida desses dois tipos de<br />
crentes, ao enfatizar que o Espírito e a carne estão em<br />
conflito entre si, mas também inclui uma lista específica<br />
tanto das obras da carne, como do fruto do Espírito.<br />
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Obras da carne – Ora, as obras da carne são manifestas<br />
[...]” (19).<br />
“Da Carne” (σαρκὸς “sarkos/sarx”) é a natureza<br />
pecaminosa com seus desejos corruptos, a qual continua<br />
no cristão após a sua conversão, sendo seu inimigo moral<br />
(Romanos 8:6, 5; Gálatas 5:17, 21). Aqueles que praticam<br />
as obras da carne não poderão herdar o Reino de Deus<br />
(5:21). Por isso, essa natureza pecaminosa precisa ser<br />
resistida e mortificada numa guerra espiritual contínua, que<br />
o crente trava através do poder do Espírito Santo<br />
(Romanos 8:4 – 14; cf. NOTA Gálatas 5:17).<br />
“O Espírito e a carne são diretamente opostos um ao outro,<br />
conforme evidenciados por suas “obras” e “frutos” (v.19 –<br />
22). O resultado é um conflito implacável e arrebatador<br />
dentro dos cristãos, em que eles não podem ser vitoriosos<br />
por sua própria força (cf. Romanos 7:15 – 23)”. (NOTA <strong>DE</strong><br />
GÁLATAS 5:17).<br />
As obras da carne incluem (5:19 – 21):<br />
“[...] imoralidade sexual, impureza e libertinagem; idolatria<br />
e feitiçaria; ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo,<br />
dissensões, facções e inveja; embriaguez, orgias e coisas<br />
semelhantes. Eu os advirto, como antes já os adverti, que<br />
os que praticam essas coisas não herdarão o Reino de<br />
Deus (19 – 21).<br />
(1) “Imoralidade Sexual e Prostituição” (“πορνεία –<br />
porneia”) de todas as formas, isto inclui, também quadros,<br />
filmes ou publicações pornográficos (cf. Mateus 5:32; 19:9;<br />
Atos 15:20, 29; 21:25; 1 Coríntios 5:1). Os termos “μοιχεία<br />
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(moicheia) e (πορνεία) porneia” são traduzidos por um só<br />
em português: “prostituição” (Relação sexual ilícita:<br />
adultério, fornicação, homossexualidade, lesbianismo,<br />
relação sexual com animais, relação sexual com parentes<br />
próximos (Levíticos 18) relação sexual com um homem ou<br />
mulher divorciada (Marcos 10:11, 12). Sentido metafórico:<br />
Adoração de ídolos, da impureza que se origina na<br />
idolatria, na qual se incorria ao comer sacrifícios oferecidos<br />
aos ídolos.<br />
(2) “Impureza” (“ἀκαθαρσία – akatharsia”) pecados<br />
sexuais, atos pecaminosos e vícios, inclusive maus<br />
pensamentos e desejos o coração (Efésios 5:3;<br />
Colossenses 3:5).<br />
Impureza física no sentido moral: impureza proveniente de<br />
desejos sexuais, luxúria, vida devassa de motivos impuros.<br />
(3) “Lascívia e Libertinagem” (“ἀσέλγεια – aselgeia”)<br />
sensualidade. É a pessoa seguir suas próprias paixões e<br />
maus desejos a ponto de perder a vergonha e a decência.<br />
(2 Coríntios 12:21).<br />
Luxúria desenfreada, excesso, licenciosidade, lascívia,<br />
libertinagem, caráter ultrajante impudência, desaforo,<br />
insolência são alguns significados ligado a “aselgeia” (cf.<br />
NOTA).<br />
“A idéia fundamental de “ασωτια (asotia)” é “desperdício ou<br />
sobra desordenada –, a de “ασελγεια”, ousadia contra a lei<br />
e capricho corrupto” (Trench), “ασωτια (asotia) –<br />
prodigalidade: O status de o filho pródigo, a energia do filho<br />
pródigo, o perdulário, a diversão” significa gasto rápido e<br />
extravagante, principalmente pela satisfação dos desejos<br />
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sensuais. Denota um curso de vida libertino, dissoluto. Em<br />
“ασελγεις” também está incluída a idéia de libertinagem,<br />
frequentemente de lascividade, mas o pensamento<br />
fundamental é o de não contenção, o insolente fazendo<br />
qualquer coisa que seu capricho sugerir” (NOTA).<br />
(4) “Idolatria” (“εἰδωλολατρία – eidōlolatria”) a adoração de<br />
espíritos, pessoas ou ídolos, e também a confiança numa<br />
pessoa, instituição ou objeto como se tivesse autoridade<br />
igual ou maior que Deus e Sua Palavra (Colossenses 3:5).<br />
(5) “Feitiçaria” (“φαρμακεία – pharmakeia”) espiritismo,<br />
magia negra, adoração de demônios e o uso de drogas e<br />
outros materiais, na prática da feitiçaria, artes mágicas,<br />
frequentemente encontrado em conexão com a idolatria e<br />
estimulada por ela. (Êxodo 7:11, 22; 8:18; Apocalipse 9:21;<br />
18:23).<br />
(6) “Inimizades, ódio e discórdia” (“ἔχθραι – echthrai”)<br />
intenções e ações fortemente hostis, antipatia e inimizade<br />
extremas (cf. Lucas 23:12; Efésios 2:14).<br />
(7) “Porfias” (“ἔρις – eris”) brigas, oposição, luta por<br />
superioridade (Romanos 1:29; 1 Coríntios 1:11; 3:3) de<br />
afinidade incerta, contenda, disputa e discussão.<br />
(8) “Emulações, Ciúmes e Inveja” (“ζῆλος – zēlos”)<br />
ressentimento, inveja amarga do sucesso dos outros<br />
(Romanos 13:13; 1 Coríntios 3:3; Tiago 3:16; Hebreus<br />
10:27; Atos 5:17; 13:45). (cf. Nota Números 5:11 – 30<br />
“Água da Inveja”). (cf. NOTA).<br />
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“De acordo com a lei de Moisés, em Números 5:11 – 30,<br />
homens obcecados com inveja deveriam apresentar seu<br />
caso diante de sacerdotes e juízes com provas. No caso<br />
de não existirem provas, ele teria de se satisfazer<br />
simplesmente com o ritual em que a mulher tomava a “água<br />
da inveja” e permitir que Deus revelasse se havia<br />
infidelidade ou não. De acordo com Levítico 20:10 e<br />
Deuteronômio 22:22, o homem envolvido em um caso de<br />
adultério é sempre o primeiro responsável. Todos os casos<br />
de pena de morte exigem um julgamento justo com pelo<br />
menos duas a três testemunhas”. (NOTA).<br />
A palavra “zelos” (um termo omamopoeic que imita o som<br />
da água borbulhando do calor e talvez derivado de<br />
STRONG: 2204 / zeo, “a ferver”) - adequadamente,<br />
emoção queima (sentimento interior fervendo, “ebulição do<br />
calor” J. Thayer); (figurativamente) algo muito fervoroso<br />
como com zelo alimentado pelo Espírito para servir ao<br />
Senhor. Esta raiz (zē-) é utilizada tanto negativa<br />
(“inveja/Ciúme”) e positiva (“zelo”) dependendo do<br />
contexto. No contexto de Gálatas 5 é utilizado<br />
negativamente para inveja. A raiz (zē – “zelo”) significa<br />
literalmente “quente o suficiente para ferver”. Ele é<br />
metaforicamente utilizado de “raiva, amor, zelo ardente”<br />
(AS) - ou seja, para queimar (em espírito). Pode se referir<br />
a “ira de ebulição, amor, zelo, para o que é bom ou mau”<br />
(J. Thayer).<br />
(9) “Iras” (θυμοί “thumos/thymoi”) ira ou fúria explosiva que<br />
irrompe através de palavras e ações violentas<br />
(Colossenses 3:8; 2 Coríntios 12:20; Lucas 4:28). (cf.<br />
NOTA).<br />
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O termo “thumos” significa raiva inflamatória, uma raiva<br />
explosiva, uma agitação turbulenta, uma agitação<br />
fervorosa, ímpetos impulsivos de raiva. (NOTA).<br />
(10) “Pelejas” (“ἐριθεῖαι – eritheia/eritheia”) ambição<br />
egoísta do poder (2 Coríntios 12:20; Filipenses 1:16, 17 –<br />
eritheia). Uma palavra que antes significava trabalho<br />
honrado e passou a significar intriga desonrosa. A mesma<br />
palavra, depois passou a descrever uma pessoa que só<br />
estava preocupada com o seu bem-estar, uma pessoa<br />
suscetível a ser subornada, uma pessoa ambiciosa e<br />
rebelde procurando oportunidades de promoção. Deixe-me<br />
problematizar por um momento”. (cf. NOTA).<br />
“Propaganda eleitoral ou intriga por um ofício;<br />
aparentemente, no N.T., uma distinção requerida, um<br />
desejo de colocar-se acima, um espírito partidário e<br />
faccioso que não desdenha a astúcia; partidarismo,<br />
sectarismo. Antes do N.T., esta palavra é encontrada<br />
somente em Aristóteles, onde denota uma perseguição<br />
egoísta do ofício político através de meios injustos. Paulo<br />
exorta ser um em Cristo, não se colocando acima ou sendo<br />
egoísta (Filipenses 2:3). Tiago 3:14 fala contra ter amorpróprio<br />
ou se vangloriar. (Wayne Steury)”. (NOTA).<br />
(11) “Dissensões” (“διχοστασίαι – dichostasiai/dichostasia”)<br />
introduzir ensinos cismáticos na congregação sem<br />
respaldo na Palavra de Deus (Romanos 16:17; Atos 15:1;<br />
1 Coríntios 5:11; 2 Timóteo 3:5; Tito 3:10; 2<br />
Tessalonicenses 3:6; 2 João 10).<br />
(12) “Heresias” (“αἱρέσεις – hairesis/haireseis”) grupos<br />
divididos dentro da congregação formando conluios<br />
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egoístas que destroem a unidade da Igreja (1 Coríntios<br />
11:19). (cf. NOTA).<br />
“σχισμα (schisma – rasgão, divisão, dissensão) é divisão<br />
real, separação, “αἱρέσεις – hairesis/ haireseis” é antes a<br />
tendência de separar, assim é realmente mais fundamental<br />
que σχισμα (schisma – rasgão, divisão, dissensão)”.<br />
(NOTA).<br />
(13) “Invejas” (“φθόνοι – phthonos/phthonoi”) antipatia<br />
ressentida contra outra pessoa que possui algo que não<br />
temos e queremos.<br />
(14) “Homicídios” (“Φόνοι – phónoi” / “φόνος – phonos”)<br />
matar o próximo por perversidade. A tradução do termo<br />
“phonos” na Bíblia de Almeida está embutida na tradução<br />
de methe, a seguir, por tratar-se de práticas conexas.<br />
(15) “Bebedices/Embriaguez” (“μεθη – methai”)<br />
descontrole das faculdades físicas e mentais por meio de<br />
bebida embriagante. Outros significados intoxicação,<br />
embriaguez. (cf. NOTA).<br />
[1] (methai) “μεθη” é a palavra comum para embriaguez.<br />
[2] (potos) “ποτος” é antes concreto, bebedeira, festejo.<br />
[3] (oinophlugia) “οινοφλυγια” é uma condição prolongada<br />
de embriaguez, orgia.<br />
[4] (komos) “κωμος” inclui baderna e farra, geralmente<br />
como resultado da embriaguez, orgia, farra, uma ideia de<br />
procissão noturna e luxuriosa de pessoas bêbadas e<br />
galhofeiras que após um jantar desfilavam pelas ruas com<br />
tochas e músicas em honra a Baco ou algum outro deus, e<br />
cantavam e tocavam diante das casas de amigos e amigas;<br />
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por isso usado geralmente para festas e reuniões para<br />
beber que se prolonga até tarde e que favorece a folia.<br />
[5] (kraipale) “κραιπαλη” denota a náusea e desconforto<br />
que resulta da embriaguez, tontura e a dor de cabeça<br />
causada pelo excesso de vinho”. (NOTA).<br />
(16) “Glutonarias” (“κωμος – komos”) diversões, festas com<br />
comida e bebida de modo extravagante e desenfreado,<br />
envolvendo drogas, sexo e coisas semelhantes. (cf.<br />
NOTA).<br />
“Inclui baderna e farra, geralmente como resultado da<br />
embriaguez, orgia, farra, uma ideia de procissão noturna e<br />
luxuriosa de pessoas bêbadas e galhofeiras que após um<br />
jantar desfilavam pelas ruas com tochas e músicas em<br />
honra a Baco ou algum outro deus, e cantavam e tocavam<br />
diante das casas de amigos e amigas; por isso usado<br />
geralmente para festas e reuniões para beber que se<br />
prolonga até tarde e que favorece a folia”. (NOTA).<br />
As obras da carne podem ser categorizadas como pecados<br />
da carne (v. 19), pecados ligados à religião pagã (os dois<br />
primeiros termos do v. 20), pecados de temperamento (os<br />
noves seguintes) e pecados de embriaguez (os últimos<br />
dois). As palavras finais de Paulo sobre as obras da carne<br />
são severas e enérgicas: quem se diz crente em Jesus e<br />
participa dessas atividades iníquas exclui-se do reino de<br />
Deus, não terá salvação (5:21; cf. 1 Coríntios 6:9).<br />
CONCLUSÃO<br />
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“Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência,<br />
amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio<br />
próprio. Contra essas coisas não há lei” (v. 22, 23).<br />
Essas virtudes são características como fruto em contraste<br />
a “obras”. Somente pelo Espírito Santo pode produzi-las, e<br />
não nossos próprios esforços. Um outro contraste é que,<br />
enquanto as obras da carne são mais de uma, o fruto do<br />
Espírito Santo é um e indivisível. Quando o Espírito Santo<br />
controla completamente a vida de um crente, ele produz<br />
todas essas graças. As três primeiras dizem respeito a<br />
nossa atitude em relação a Deus, a segunda tríade lida<br />
com os relacionamentos sociais, e o terceiro grupo<br />
descreve os princípios que guiam a conduta de um cristão.<br />
“Os que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a carne,<br />
com as suas paixões e os seus desejos”. (v. 24).<br />
Paulo descreve metaforicamente o arrependimento como<br />
uma crucificação da vida antiga, afastando-se completa e<br />
finalmente dela. O tempo verbal indica um ato decisivo, que<br />
realizamos na nossa conversão.<br />
“Se vivemos pelo Espírito, andemos também pelo Espírito”<br />
(v. 25).<br />
Aqui, a palavra grega para “andemos” (στοιχεω “stoicheo”)<br />
é literalmente “andar em linha com” (caminhar em ordem,<br />
a ideia de andar numa fila como a marcha de um soldado).<br />
Não é o mesmo “andar” do (v. 16), cuja forma grega<br />
costuma ser usada para o andar físico. Andemos [...]. No<br />
Espírito é seguir ao longo do caminho que Ele estabelece.<br />
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Conselho prático: “Não sejamos presunçosos, provocando<br />
uns aos outros e tendo inveja uns dos outros” (v. 26). Se<br />
assim vivemos, será evidenciado em nosso testemunho o<br />
exercício de amor ao próximo, e consequentemente<br />
provado de que o amor de Deus habita abundantemente<br />
em nós (Igreja).<br />
Ninguém jamais viu a Deus; se nos amarmos uns aos<br />
outros, Deus permanece em nós, e o seu amor está<br />
aperfeiçoado em nós. Sabemos que permanecemos nele,<br />
e ele em nós, porque Ele nos deu do seu Espírito [...].<br />
Dessa forma o amor está aperfeiçoado entre nós, para que<br />
no dia do juízo tenhamos confiança, porque neste mundo<br />
somos como Ele. Ele nos deu este mandamento: Quem<br />
ama a Deus, ame também seu irmão – (1 João 4:12, 13,<br />
17, 21).<br />
A ARMADURA <strong>DE</strong> <strong>DE</strong>US<br />
“Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que<br />
possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo” –<br />
Efésios 6:11.<br />
Exegese de Efésios 6:10 – 20.<br />
O que é se revestir de toda a armadura de Deus? A frase<br />
“toda a armadura de Deus” vem da passagem do Novo<br />
Testamento: “Portanto, tomai toda a armadura de Deus,<br />
para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes<br />
vencido tudo, permanecer inabaláveis. Estai, pois, firmes,<br />
cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da<br />
justiça. Calçai os pés com a preparação do evangelho da<br />
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paz; embraçando sempre o escudo da fé, com o qual<br />
podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno.<br />
Tomai também o capacete da salvação e a espada do<br />
Espírito, que é a palavra de Deus” (Efésios 6:13 – 17).<br />
Na carta aos Efésios (v. 12) indica claramente que o<br />
conflito com Satanás é espiritual e, portanto, nenhuma<br />
arma física pode ser usada efetivamente contra ele, e os<br />
demônios. Não temos uma lista de táticas específicas que<br />
são usadas nessas batalhas, à esfera aonde ocorrem<br />
essas pelejas são infinitamente superior, e diametralmente<br />
oposta à esfera que estamos inseridos, e não temos<br />
nenhum conhecimento acerca dessa dimensão, devemonos<br />
concentrar em Satanás, pois, ele é uma criatura dotada<br />
de sagacidade, de astúcia e sabedoria, e que todas as suas<br />
ações são feitas “sem lei” – (“ανομια – anomia”) não no<br />
sentido de insubordinação a Deus como criatura, pois de<br />
fato ele está sob o poder de Deus, sob o domínio de Deus,<br />
não obstante como “o diabo de Deus”, usado por Deus em<br />
inúmeros decretos, e isso sabemos, mas é no sentido de<br />
negação da lei moral de Deus, diretamente, como<br />
ilegalidade, e falta de conformidade com a lei, violação da<br />
lei, e desacato à lei, iniquidade, e impiedade são os<br />
fundamentos de suas ações, e por razão,<br />
consequentemente, não existem nele princípios morais, ele<br />
é uma criatura imoral e perversa. Pensemo-nos por um<br />
instante em um criminoso da mais alta periculosidade que<br />
age sem lei, existe ali uma lei posta, mas o criminoso não<br />
a obedece e nem teme as suas sanções, e por ter recebido<br />
já penas graves, não importa com as suas demandas, ele<br />
é um foragido da lei (“fora da lei”), com um longo histórico<br />
de crimes, todavia, mesmo ele estando sob a lei, ele não a<br />
obedece. Satanás já sofreu essa pena grave (sanções<br />
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eternas), e por isso ele arde em cólera, ele é um criminoso<br />
com um longo histórico de crimes hediondos, datados da<br />
eternidade a história. É como um criminoso que foi<br />
sentenciado à morte, e quando deparado com uma<br />
situação de perigo, ele nada mais teme, sabendo que em<br />
tudo, lhe resta pouco tempo. A expressão “O Diabo de<br />
Deus” do reformador Martinho Lutero, nos lembra da<br />
verdade bíblica de que Satanás não é um ser autônomo,<br />
com liberdade plena para agir e fazer o que lhe interessa.<br />
Ao lermos as Escrituras, especialmente o livro de Jó, fica<br />
muito evidente o fato de que o Satanás continua servo de<br />
Deus depois de sua rebelião, tanto quanto era nos dias de<br />
sua doce obediência. Na Bíblia vemos que Satanás é<br />
usado por Deus para causar cegueira nas mentes<br />
daqueles que não aceitam o evangelho (2 Coríntios 4:4);<br />
remover pensamentos de dentro das mentes (Marcos<br />
4:15); disciplinar desobedientes (1 Coríntios 5:5; 1 Timóteo<br />
1:20) e para muitas outras obras que o Senhor desejar usálo<br />
como quiser, quando quiser e da maneira que quiser.<br />
Como disse C. S. Lewis: “Não há uma guerra, mas sim uma<br />
rebelião interna, e o rebelde encontra-se sob controle”.<br />
Devemos também enfatizar que os seus princípios são de<br />
ódio, são maus, perversos, Satanás é um ser imoral, vil,<br />
dotado de engano (Gênesis 3:5; João 8:44; 2 Coríntios 4:4;<br />
11:14, 15), não possui amor, desconhece o significado de<br />
afeição, e a base de seu reinado, desde antes a fundação<br />
mundo é a mentira, “Ele nunca se apoiou na verdade” –<br />
João 8:44, a sua confirmada natureza é regida pela<br />
rebelião contra Deus (Isaías 14:12 – 15; Ezequiel 28:12 –<br />
19), Seus Decretos e Sua igreja (Lucas 22:3; Mateus 6:23;<br />
1 Tessalonicenses 2:18; 3:5). Outro ponto, são os<br />
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demônios que o seguiram, são seres assim como Satanás,<br />
são seres pessoais, que possuem inteligência, emoções e<br />
vontade. Isso é uma realidade tanto para os anjos bons<br />
como para os anjos maus. Eles possuem: Inteligência<br />
(Mateus 8:29; 2 Coríntios 11:3; 1 Pedro 1:12), emoções<br />
(Lucas 2:13; Tiago 2:19; Apocalipse 12:17), e vontade<br />
própria (Lucas 8:28 – 31; 2 Timóteo 2:26; Judas 6).<br />
A Caminhada Cristã como uma Guerra. (6:10 – 20). Em<br />
toda esta divisão da epístola muito se disse sobre a vida<br />
cristã prática. Neste parágrafo o andar do cristão foi<br />
descrito como uma batalha, um conflito mortal no qual ele<br />
está alistado contra o poder de Satanás e suas hostes. E<br />
São Paulo nos revela tal coisa no trecho que citamos dias<br />
passados em nossas vidas (Efésios 6:12), que guerreamos<br />
contra as potências espirituais, não contra a carne e o<br />
sangue.<br />
No entanto, a passagem é bem clara ao dizer que quando<br />
seguimos todas as instruções fielmente, recebemos<br />
“poder” (Capacidade) “δύνασθαι – dynasthai” que significa<br />
ser capaz de resistir ao poder do mal, através de<br />
“esquemas e ciladas” (μεθοδείας/methodeias que significa<br />
métodos, artifícios ou truque), (v. 11), e assim garantirmos<br />
vitória sobre o Dia mal, qualquer que seja a tentação.<br />
Consigo virá o escape. “Não veio sobre vós tentação,<br />
senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar<br />
acima do que podeis, antes com a tentação dará também<br />
o escape, para que a possais suportar” – 1 Coríntios 10:13.<br />
A metáfora aqui se baseia na armadura e roupa de batalha<br />
do soldado romano do século I. Evidentemente, a metáfora<br />
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militar pretende mostrar o leitor que agora estamos<br />
engajados em uma batalha ativa.<br />
Embora alguns sugiram que o ponto de vista de uma<br />
contenda agressiva contínua minimize a vitória alcançada<br />
da cruz, ele, na verdade, afirma a vitória e todo o resto.<br />
Toda batalha espiritual combatida hoje em dia é vitoriosa<br />
somente ao se apropriar da provisão da Cruz e do Sangue<br />
de Jesus Cristo “e, despojando as autoridades e poderes<br />
malignos, fez deles um espetáculo público, triunfando<br />
sobre todos eles na cruz” – Colossenses 2:15.<br />
(v. 11) Revesti-vos de toda a armadura de Deus. Ainda que<br />
Deus a tenha providenciado, o indivíduo cristão tem a<br />
responsabilidade de vesti-la; isto é, ele deve<br />
conscientemente se apropriar do poder que o Senhor<br />
Jesus Cristo põe à sua disposição. Toda a armadura de<br />
Deus. A armadura está descrita em detalhes, como<br />
também os inimigos que o crente tem de enfrentar. Para<br />
poderdes ficar firmes. Sem esta armadura de Deus, o<br />
cristão não tem capacidade de permanecer firme. Aquele<br />
que está assentado com Cristo nos lugares celestiais e<br />
andando neste mundo tem também de tomar agora uma<br />
posição contra as ciladas – os métodos ou estratagemas –<br />
do diabo. Vejamos dois pontos cruciais:<br />
(1) A fé pessoal que se posiciona contra o mal e (2) A<br />
oração agressiva que assalta as fortalezas demoníacas<br />
são duas facetas distintas e complementares da vida<br />
espiritual.<br />
Essa passagem inteira fornece mais apoio a esta<br />
perspectiva: (v. 11) “estar firme contra” (δύνασθαι –<br />
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dynasthai que significa ser capaz, manter agressivamente<br />
na retaguarda ou manter-se à frente e opor-se). (v. 12)<br />
“lutar” (πάλη – palē significa engajar-se ativamente em um<br />
combate um-a-um, a ideia é da luta romana competição<br />
entre dois no qual cada um se esforça para derrubar o<br />
outro, e que é decidido quando o vencedor é capaz de<br />
manter seu oponente no chão com seu braço sobre o seu<br />
pescoço).<br />
“Porque a nossa luta não é”. O motivo porque precisamos<br />
de toda a armadura de Deus. Contra o sangue e a carne.<br />
Os israelitas sob o comando de Josué tiveram de lutar<br />
contra a carne e o sangue a fim de conquistar a terra de<br />
Canaã. A nossa guerra é espiritual e não física. E, sim,<br />
contra os principados. Não uma comparação, mas uma<br />
negação absoluta. Nas hostes de Satanás encontramos<br />
diferentes categorias. Não é possível fazer separações<br />
distintas entre os diversos tipos de inimigos aqui<br />
mencionados. Contra os dominadores deste mundo<br />
tenebroso. Literalmente, os príncipes do mundo destas<br />
trevas. Contra as forças espirituais do mal, nas regiões<br />
celestes. Esta é a última das cinco vezes em que “en tois<br />
epouraniois – ἐν τοῖς ἐπουρανίοις”, “nas regiões celestiais”,<br />
ocorre na epístola.<br />
(v. 13) “ficar firme” (στῆναι – stēnai que significa manter a<br />
firmeza depois de uma batalha ativa, a ideia é de um<br />
soldado romano em uma longa luta, onde o mesmo pode<br />
continuar seguro e são, permanecendo ileso, pronto ou<br />
preparado para outra, sendo de uma mente firme, alguém<br />
que não hesita, e que não desiste), e (v. 14) “estar firmes”<br />
(στῆτε – stēte significa tomar posição para a próxima<br />
batalha (luta), uma forma prolongada de uma palavra<br />
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primária “σταω – stao stah’-o”, e é a ideia de permanecer<br />
imóvel, permanecendo firme em seu lugar).<br />
Vejamos a assertiva e afirmativa no ensino de Paulo: (v.<br />
11) “estar firme contra”, (v. 12) “lutar”, (v. 13) “ficar firme”,<br />
(v.14) “Estai, pois, firmes”. Neste e nos versículos citados<br />
a armadura está descrita em detalhes. Todas essas coisas<br />
falam num certo sentido do próprio Senhor Jesus Cristo,<br />
que é a nossa defesa. E nEle temos firmeza, uma rocha<br />
inamovível. E assim, cingindo-nos com a verdade. Aquele<br />
que tem os lombos cingidos está preparado para a<br />
atividade (cf. 1 Pedro 1:13). Da couraça da justiça. (cf.<br />
Isaías 59:17, 15). Calçai os pés. Grande parte da<br />
linguagem desta seção foi tirada de diversas passagens do<br />
Antigo Testamento (cf. Isaías 52:7).<br />
Nesse momento do artigo preciso abrir um parêntese:<br />
Porque muitos não conseguem ser capazes diante<br />
batalhas espirituais, contra as potências espirituais?<br />
Simples! Uma vida sem santidade.<br />
Não quero aqui colocar, algo de meritório nas obras<br />
humanas, mas destacar um ponto na responsabilidade<br />
humana. Jesus Cristo nos ensinou: Devemos arrancar de<br />
nossas vidas o pecado que nos afasta de Deus, os<br />
decretos de Deus certamente não anulam a<br />
responsabilidade de um cristão, por sua vez deve-se<br />
posicionar como um soldado valente, em meio às ciladas<br />
postas pelo inimigo, dando legalidade para que o mesmo<br />
abata-lhe, e assim traga consequências terríveis. “[...] anda<br />
ao redor como leão, rugindo e procurando a quem devorar”<br />
(1 Pedro 5:18), momentos de escuridão, tendo somente o<br />
inferno como um tenebroso e vindouro castigo eterno, “pois<br />
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o salário do pecado é a morte”, deve ser um meio pelo qual<br />
o cristão pense na sua batalha pessoal e intrasferível<br />
(Romanos 6:23). Pecados devem ser arrancados, e não<br />
cultivados em nossas vidas, Jesus Cristo nos ensinou que<br />
não devemos orar por determinados pecados, mas<br />
arrancá-los.<br />
“Existe muito barulho religioso nesta geração, mas ainda<br />
assim não há qualquer evidência do fruto da mortificação<br />
do pecado” – John Owen.<br />
“Portanto, se a tua mão ou o teu pé te escandalizar, cortao,<br />
e atira-o para longe de ti; melhor te é entrar na vida coxo,<br />
ou aleijado, do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres<br />
lançado no fogo eterno. E, se o teu olho te escandalizar,<br />
arranca-o, e atira-o para longe de ti; melhor te é entrar na<br />
vida com um só olho, do que, tendo dois olhos, seres<br />
lançado no fogo do inferno” – Mateus 18:8, 9.<br />
São pecados que temos condições reais de arrancá-los de<br />
nossas vidas “Não veio sobre vós tentação, senão<br />
humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima<br />
do que podeis, antes com a tentação dará também o<br />
escape, para que a possais suportar” – 1 Coríntios 10:13,<br />
Deus é o nosso escape, e muitos são os crentes que não<br />
o arrancam por sentirem prazeres em tais pecados, e não<br />
mais pesar, estão saturados. A maior evidência de um<br />
salvo em Cristo, é o ódio por tudo que Deus odeia, e se<br />
amamos o que Deus odeia, odiamos a Deus.<br />
Vejamos por essa transcrição adaptada do sermão<br />
“Pregação Chocante” por Paul D. Washer, uma<br />
perspectiva.<br />
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Porque é precisa entender que a Bíblia diz que “todos<br />
pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Romanos<br />
3:23), e muitos não sabem, e nem tem ideia do que isso<br />
significa, é que todos (os incrédulos) são totalmente<br />
depravados, e nascem odiando a Deus, e nunca buscariam<br />
a Deus, nunca iriam a Deus, todos são rebeldes contra<br />
Deus, e quebram toda a Sua Lei.<br />
Não é só uma questão de que pecamos outrora, a questão<br />
é: “Nunca fizemos nada além de pecar”. (Efésios 2:1 – 3).<br />
A Bíblia diz que até nossas maiores obras são como “trapo<br />
de imundícia” (Isaías 64:6), perante Deus e por causa disso<br />
sabe o que merecemos? A ira de Deus! O ódio Santo de<br />
Deus, e os crentes dizem esperem um pouco, Deus não<br />
pode odiar ninguém, Deus é amor! Não meu amigo (a)!<br />
Muitos precisam entender uma coisa: Jesus Cristo<br />
ensinou, os profetas ensinaram, e os apóstolos ensinaram.<br />
Que a não ser a graça de Deus revelada em Jesus Cristo<br />
nosso Senhor, a única coisa que resta para muitos é a ira<br />
de Deus! A violenta ira de Deus! Por causa da rebelião de<br />
nossos pecados, quando se trata desse assunto dizem:<br />
Deus não pode odiar, porque Deus é amor! “Mas digo:<br />
Deus tem odiado porque Deus é amor, vejamos: Eu amo<br />
criança, portanto odeio aborto, se amo negro, devo odiar o<br />
racismo, se amo judeus, devo odiar o holocausto”, se eu<br />
amo o que é Santo, devo odiar o que não é Santo, Deus é<br />
um Deus Santo, e isso é algo que essa Igreja do Brasil<br />
esqueceu, e atualmente muitas “igrejas” não ensinam isso,<br />
muitas das coisas que você adora fazer, Deus odeia. Você<br />
sabia disso?<br />
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Por que foi citada essa parte do sermão “pregação<br />
chocante” de Paul Washer? A resposta é: Devemos<br />
entender a gravidade de se viver em iniquidade, “sem lei”<br />
(“ανομια – anomia”) como citado no início desse artigo, é<br />
Satanás que reina sobre essa maneira, antes de<br />
entendermos sobre a “Armadura de Deus”, pois o que a<br />
sustenta é a Santidade de Deus, uma vez que o crente vive<br />
em iniquidade, é impossível que o poder de Deus se<br />
manifeste, Lembremo-nos, mesmo Paulo tendo um<br />
espinho na carne, o poder se aperfeiçoou em Paulo, por<br />
ele ter uma vida de santidade e obediência, e o espinho,<br />
acabou se tornando parte de Sua armadura. (cf. 2 Coríntios<br />
12:7 – 10; Mateus 7:24 – 27; Lucas 6:47, 78; Romanos 2:6<br />
– 9; Tiago 1:21 – 25).<br />
A primeira parte de nossa armadura é a verdade (v.14).<br />
Isso é fácil de entender, já que Satanás é o “pai da<br />
mentira”, e Cristo é a verdade, Ele é a Palavra (o logos) da<br />
verdade (João 8:44; João 14:6). Decepção é uma das<br />
primeiras coisas que Deus considera ser uma abominação.<br />
Uma “língua mentirosa” é uma das coisas que “o Senhor<br />
aborrece” (Provérbios 6:16, 17). Ele diz claramente que<br />
nenhum mentiroso vai entrar no céu (Apocalipse 22:14,<br />
15), a única coisa que as Escrituras atribuem a<br />
“paternidade” ao Diabo, é a mentira. Somos então<br />
exortados a usar a verdade para a nossa própria<br />
santificação, libertação e para o bem daqueles a quem<br />
somos testemunhas.<br />
Havia o cinto da verdade. Era o cinto que rodeava a túnica<br />
do soldado e do qual pendia a espada; o cinto lhe dava<br />
liberdade de movimento. Os outros podem conjeturar e<br />
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andar tateando; o cristão se move livre e rapidamente<br />
porque em qualquer situação conhece a verdade.<br />
No (v. 14) somos encorajados a nos vestir com a couraça<br />
da justiça. Uma couraça iria proteger um guerreiro contra<br />
um golpe fatal ao coração, ou outros órgãos importantes.<br />
Essa justiça não é obras de justiça feitas pelos homens,<br />
apesar de que elas seriam barreiras de proteção quando<br />
usadas contra acusações e censuras do inimigo. Ao invés<br />
disso, essa é a justiça de Cristo por Seus méritos infinitos,<br />
imputada por Deus e recebida pela fé (Romanos 5:15 – 17;<br />
1 Coríntios 15:22), a qual guarda os nossos corações<br />
contra as acusações de Satanás, e protege o nosso ser<br />
interior contra seus ataques (Gálatas 5:22, 23).<br />
Havia a couraça de justiça. Quando um homem está<br />
revestido da justiça é inexpugnável. Não são as palavras<br />
as que defendem contra a acusação, mas sim a vida boa.<br />
Uma vez alguém acusou a Platão de certos crimes e<br />
pecados. “Pois bem”, disse Platão, “devemos viver de tal<br />
maneira que demonstremos a mentira destas acusações”.<br />
A única maneira de enfrentar as acusações contra o<br />
cristianismo é demonstrar quão bom pode ser um cristão,<br />
santo e irrepreensível (santa vocação).<br />
No (v. 15) fala da preparação dos pés para o conflito<br />
espiritual. O soldado moderno, assim como o guerreiro da<br />
antiguidade, precisa prestar bastante atenção aos seus<br />
pés. Às vezes o inimigo da antiguidade colocava<br />
obstáculos perigosos no caminho dos soldados que<br />
estavam avançando. Isso é bem parecido com os campos<br />
minados de hoje. Doenças também podem danificar os pés<br />
de um soldado que não tem seus pés protegidos. A idéia<br />
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de ter o evangelho da paz como calçado sugere o que<br />
precisamos para poder avançar no território de Satanás,<br />
precisamos da mensagem da graça, a qual é tão essencial<br />
para ganhar almas para Cristo.<br />
Havia as sandálias, que eram o sinal de que alguém estava<br />
equipado e preparado para a marcha. O sinal do cristão é<br />
seu afã de estar no caminho para pregar o evangelho e<br />
participá-lo a outros. Ele está sempre disposto a comunicar<br />
a boa notícia de Cristo aos que não a conhecem.<br />
“Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o<br />
meu caminho” – Salmos 119:105. O evangelho deve<br />
unicamente guiar o cristão. (cf. Mateus 4:1 – 11).<br />
Satanás tem colocado muitos obstáculos no caminho da<br />
propagação do evangelho, fazendo milhares de cristãos<br />
abandonarem as Escrituras Sagradas, ela é o manual de<br />
regra e fé para a vida cristã, a única fonte de autoridade, a<br />
autoridade da Bíblia é intrínseca e decorre da sua origem<br />
divina, visto ser a revelação direta, viva e pessoal de Deus<br />
aos seres humanos. (2 Timóteo 3:16, 17).<br />
O escudo da fé, ao qual o (v. 16) se refere, torna ineficaz o<br />
ataque de Satanás de plantar dúvidas em relação à<br />
fidelidade de Deus, e Sua Palavra. Nossa fé da qual Cristo<br />
é o autor e consumador (Hebreus 12:2) É como um escudo<br />
de ouro, precioso, sólido e importante. Esse escudo é como<br />
um escudo de guerreiros fortes, pelas quais coisas<br />
importantes são alcançadas, e pelo qual um crente não só<br />
repele, (podendo “apagar todos os dardos inflamados do<br />
maligno” v. 16), mas também conquista o inimigo.<br />
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Havia o escudo. A palavra que Paulo usa para escudo não<br />
se aplica ao relativamente pequeno escudo redondo, mas<br />
sim ao grande e oblongo que levava o guerreiro<br />
pesadamente armado. Uma das armas mais perigosas nas<br />
guerras da antiguidade era o dardo aceso. Era um dardo<br />
que levava na ponta uma estopa empapada em breu. Esta<br />
estopa era acesa ao arrojar o dardo. Mas o grande escudo<br />
oblongo era a arma própria para extingui-lo. O escudo era<br />
feito de duas placas de madeira grudadas. Quando um<br />
desses dardos se chocava com o escudo cravavase na<br />
madeira e a chama se extinguia sozinha. A fé pode<br />
enfrentar os dardos da tentação. Para Paulo a fé é sempre<br />
plena e perfeita confiança em Cristo. Isto significa que a fé<br />
é sempre uma estreita relação pessoal com Cristo; quando<br />
partimos estreitamente unidos a Cristo nos vemos livres da<br />
tentação.<br />
O capacete da salvação do (v. 17) protege a cabeça e<br />
serve para proteger uma parte do corpo que é tão<br />
importante. Podemos dizer que o jeito que pensamos<br />
precisa de preservação (Filipenses 4:8). A cabeça de um<br />
soldado era uma das partes principais a serem defendidas,<br />
pois ela podia sofrer um dos ataques mais mortais, e é a<br />
cabeça que comanda todo o corpo. A cabeça é o centro da<br />
nossa mente, e quando ela possui a “esperança” certa do<br />
Evangelho de vida eterna, não vai receber doutrina falsa,<br />
ou deixar-se influenciar pelas tentações de Satanás de<br />
desespero (cf. Romanos 10:11; Filipenses 1:20; Salmos<br />
25:3). Uma pessoa não salva não tem nenhuma esperança<br />
de se proteger dos ataques de falsa doutrina porque sua<br />
mente é incapaz de discernir entre verdade e mentira, a<br />
mente é e sempre foi o campo de batalha de Satanás, a<br />
mente saudável, o corpo se torna forte e saudável, uma<br />
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mente doente, o corpo sempre tende a padecer e sofrer<br />
consequências terríveis.<br />
Martinho Lutero sabiamente disse: “Mente vazia é oficina<br />
do diabo”. Ou em algumas vezes podemos entender que<br />
cheia também. Pois, quase sempre, crentes enchem a<br />
mente daquilo que não provém de Deus (Filipenses 4:8).<br />
A salvação é simbolizada pelo capacete. Lembremos<br />
sempre que a salvação não apenas olha para trás – não<br />
significa apenas o perdão dos pecados passados, mas<br />
também a fortaleza frente a todo futuro ataque do pecado.<br />
A salvação que está em Cristo nos dá o perdão dos<br />
pecados passados e a fortaleza para vencer o pecado<br />
futuro.<br />
Há uma espada, que é a palavra de Deus. A palavra de<br />
Deus é uma arma que se usa ao mesmo tempo para a<br />
defesa e para o ataque. A palavra de Deus é a arma para<br />
nos defender contra o pecado e para atacar e vencer o<br />
pecado do mundo. Os cavaleiros de Cromwell lutavam com<br />
a espada numa mão e a Bíblia na outra. Jamais poderemos<br />
derrotar os inimigos de Deus ou ganhar as batalhas divinas<br />
sem o Livro divino.<br />
A Bíblia é uma arma poderosa, cerca os inimigos e os<br />
mata, ou um antídoto poderoso, uma vez bebida há cura.<br />
A ignorância é uma enfermidade que leva a morte, o<br />
conhecimento divino é a cura que leva a vida.<br />
O (v. 17) interpreta a si mesmo em relação ao que quer<br />
dizer com a espada do Espírito. Enquanto o resto da<br />
armadura é em sua natureza armas de defesa, aqui se<br />
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encontra a única arma de ataque na armadura de Deus.<br />
Ela se refere à Santidade e Poder da Palavra de Deus<br />
(Romanos 1:16; 2 Timóteo 1:8; 3:16, 17; Salmos 40:9, 10;<br />
João 17:17). Uma arma espiritual maior não existe. Nas<br />
tentações de Jesus no deserto, a Palavra de Deus sempre<br />
predominou em Suas Respostas a Satanás: “Está escrito”,<br />
essa é a nossa maior proteção, “está escrito”. (cf. Mateus<br />
4). Que benção saber que a mesma Palavra também está<br />
disponível a nós em tempos de crise, em relação à Fé e o<br />
Amor.<br />
Oração – “A oração é o antídoto para todas as nossas<br />
aflições” – Joao Calvino.<br />
Orar no Espírito (quer dizer, com a mente de Cristo, com<br />
Seu coração e Suas prioridades) como vemos no (v. 18) é<br />
o ponto auge do que está envolvido em nos preparar e<br />
utilizar todas as armas de Deus anteriormente<br />
mencionadas. É significante que essa passagem das<br />
Escrituras é tão fiel às prioridades de ministério destacadas<br />
por todas as epístolas de Paulo, ele acredita que oração é<br />
o elemento mais importante para a vitória e maturidade<br />
espirituais. Ele deseja ardentemente esse tipo de oração<br />
em sua vida também (v. 19 – 20).<br />
Finalmente Paulo chega à arma mais poderosa — a<br />
oração. São três as coisas que devemos notar aqui com<br />
respeito à oração.<br />
(1) Deve ser constante. Deve-se orar em todos os<br />
momentos da vida. Talvez a maior falha da vida cristã seja<br />
que frequentemente tendemos a orar só nas grandes<br />
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crises da vida. Só pela oração diária o cristão torna-se forte<br />
cada dia.<br />
(2) Tem que ser intensa. Não tem que ser sonolenta, mas<br />
sim perseverante. Exige concentração. Uma oração frouxa<br />
não leva a parte alguma, exige a concentração em Deus<br />
de todas as faculdades.<br />
(3) Não deve ser egoísta, deve abranger a todo o povo<br />
consagrado de Deus. Os judeus diziam: “Que o homem se<br />
una em suas orações com a comunidade”. Penso que<br />
frequentemente oramos por nós mesmos e muito pouco<br />
por outros. Devemos aprender a orar tanto e tão<br />
intensamente pelos outros como por nós.<br />
Paulo se encomenda à oração de seus amigos. E não pede<br />
o bem-estar e a paz, mas sim a graça de poder transmitir o<br />
mistério do evangelho, que o amor de Deus é para todos<br />
os homens, para todo mundo. É preciso sempre lembrar<br />
que nenhum líder cristão ou pregador cristão podem levar<br />
a cabo sua obra se seu povo não sustentar suas mãos com<br />
a oração.<br />
“Orai sem cessar” – 1 Tessalonicenses 5:17. (cf. Neemias<br />
1 – 9; Esdras 9; Daniel 9; João 17) Recomendo a leitura<br />
dessas orações nesses livros, certamente Sua oração será<br />
mudada em alguns aspectos, senão em sua totalidade.<br />
A grande verdade de todos os males do mundo e da Igreja<br />
de Cristo, é que muitos não sabem orar.<br />
“O que vai lhe manter continuamente em vitória, será a sua<br />
vida de oração diária ao Filho de Deus. A Igreja que será<br />
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vitoriosa será a igreja que dobrará os seus joelhos com<br />
corações humilhados e pesados, nessa última hora”.<br />
Conselhos de Leonard Ravenhill.<br />
“Se somos fracos na oração, nós somos fracos em toda a<br />
parte”. “Um homem pecador pára de orar, um homem de<br />
oração pára de pecar”. “A minha maior ambição na vida é<br />
estar na lista dos mais procurados do Diabo”. “Nenhum<br />
homem é maior do que sua vida de oração. O pastor que<br />
não está orando está brincando, as pessoas que não estão<br />
orando estão desviando. O púlpito pode ser uma vitrine<br />
para mostrar os talentos de uma pessoa; já o quarto de<br />
oração não permite nenhum exibicionismo”.<br />
Os homens que foram mais heróicos por Deus foram os<br />
homens com maiores vidas devocionais. A única coisa que<br />
vai me manter em vitória continuamente pelo Sangue de<br />
Cristo é minha Devoção pessoal a Ele, o Filho de Deus.<br />
Minha adoração, que eu dou a Ele, meu tributo diário, é<br />
mais do que meu serviço. É mais do que dar meu dinheiro,<br />
que eu o ame e o adore e o magnifique e o tome nos meus<br />
braços.<br />
Você sabe por que o mundo está pobre e doente<br />
exteriormente? Porque não sabemos realmente como orar,<br />
é por isso! Eu disse várias vezes e digo de novo: nenhum<br />
homem é maior do que sua vida de oração. Deixe-me viver<br />
com um homem por um tempo e compartilhar de sua vida<br />
de oração e eu lhe direi o quão grande eu penso que ele é,<br />
ou quão majestoso eu penso que ele é em Deus.<br />
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PRE<strong>DE</strong>STINAÇÃO E ELEIÇÃO<br />
“Os gentios, ouvindo isto, regozijavam-se e glorificavam a<br />
palavra do Senhor, e creram todos os que estavam<br />
destinados para a vida eterna” – Atos 13:48.<br />
O que é predestinação e eleição? É a predestinação e a<br />
eleição bíblica? Como posso entender sobre a<br />
predestinação e a eleição? Vejamos:<br />
O sofisma da Presciência – Refutação.<br />
Os homens têm se esforçado em inventar sofismas para<br />
obscurecer a graça de Deus. Porque eles dizem que,<br />
apesar de Deus escolher os homens antes do início do<br />
mundo, ainda assim foi de acordo com sua presciência que<br />
um seria diferente do outro. As Escrituras demonstram<br />
claramente que Deus não esperou ver se os homens eram<br />
dignos ou não, quando Ele os escolheu, mas os sofistas,<br />
pensam que podem obscurecer a graça de Deus, dizendo<br />
que embora Ele não tenha considerado os méritos<br />
passados, Ele tinha um olho naqueles que estavam por vir.<br />
Pois dizem eles que embora Jacó e seu irmão Esaú não<br />
tivessem feito nem o bem nem o mal, e Deus tenha<br />
escolhido um e recusado a outro, ainda assim Ele previu,<br />
(como todas as coisas são presentes para Ele) que Esaú<br />
seria um homem vicioso, e que Jacó seria como se mostrou<br />
posteriormente. Mas essas são especulações tolas, porque<br />
elas simplesmente fazem de São Paulo um mentiroso; os<br />
quais dizem que Deus não recompensa nossas obras<br />
quando Ele nos escolhe, porque Ele fez isso antes do inicio<br />
do mundo. Porém, embora a autoridade de São Paulo<br />
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fosse abolida, ainda assim a questão é muito clara e<br />
evidente, não só nas Sagradas Escrituras, mas, também<br />
na razão, de modo que aqueles que fazem um escape<br />
desse tipo se mostram homens vazios de toda a habilidade.<br />
Porque se buscarmos em nós mesmos a fundo, o que<br />
podemos encontrar de bom? Não foi toda a humanidade<br />
amaldiçoada? O que trazemos do ventre de nossa mãe, a<br />
não ser pecado? Portanto, não diferimos nem um pouco<br />
uns dos outros, mas apraz a Deus tomar para Si aqueles<br />
que Ele quer. E por esse motivo, São Paulo usa estas<br />
palavras em outro lugar, quando diz que os homens não<br />
têm do que se regozijar, pois nenhum homem se encontra<br />
melhor do que seus companheiros, a não ser porque Deus<br />
o distingue. Então, se confessarmos que Deus nos<br />
escolheu antes do início do mundo, segue-se<br />
necessariamente que Deus nos preparou para receber a<br />
Sua graça. Porque Ele concedeu sobre nós a bondade, que<br />
não estava em nós anteriormente. Porque Ele não somente<br />
nos escolheu para sermos herdeiros do reino dos céus,<br />
mas também nos justifica e nos governa pelo Seu Espírito<br />
Santo. O cristão deve ser muito bem resolvido nesta<br />
doutrina, estando além de qualquer dúvida.<br />
A doutrina da predestinação e eleição está particularmente<br />
associada ao Calvinismo. A predestinação e a eleição são<br />
elementos que descende da teologia de João Calvino, e<br />
porque não dizer de Paulo e dos apóstolos. Dentro do<br />
espectro de crenças quanto à predestinação e eleição, é<br />
no Calvinismo que possui sua forma mais enfática entre<br />
cristãos, muito conhecida pelo acróstico TULIP.<br />
Ensina que a predestinação e eleição de Deus é fruto de<br />
Sua onisciência, como presciência, a qual Ele rege de<br />
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acordo com a Sua vontade e absoluta Soberania, em<br />
relação às pessoas e acontecimentos. Em uma forma<br />
insondável, por muitas vezes não compreensível ao nosso<br />
entendimento, por estar em uma esfera diametralmente, e<br />
infinitamente oposta da nossa esfera temporal e finita,<br />
Deus age continuamente com liberdade total, de forma a<br />
realizar a Sua vontade de forma completa em acordo com<br />
Seu conselho. Como podemos entender sobre<br />
predestinação e eleição? A luz de textos bíblicos mais<br />
claros, e de antigos da fé.<br />
“Somos como anões aos ombros de gigantes, pois<br />
podemos ver mais coisas do que eles e mais distantes, não<br />
devido à acuidade da nossa vista ou à altura do nosso<br />
corpo, mas porque somos mantidos e elevados pela<br />
estatura de gigantes” – Bernardo de Chartres, referido por<br />
João de Salisbúria, Metalogicon III – Webb Oxford 1929.<br />
Por outras palavras, o Calvinismo baseia a sua doutrina da<br />
predestinação e eleição na perspectiva de que Deus<br />
predestina previa e absolutamente a humanidade,<br />
escolhendo dentre os homens aqueles que irão ser salvos<br />
– e aqueles que vão ser condenados. Esta doutrina tira do<br />
homem qualquer possibilidade de rejeitar ou aceitar<br />
livremente a graça divina.<br />
Santo Agostinho sobre a eleição declarou:<br />
“Procuremos entender a vocação própria dos eleitos, os<br />
quais não são eleitos porque creram, mas são eleitos para<br />
que cheguem a crer. O próprio Senhor revela a existência<br />
desta classe de vocação ao dizer: Não fostes vós que me<br />
escolhestes, mas fui eu que vos escolhi (João 15:16). Pois,<br />
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se fossem eleitos porque creram, tê-lo-iam escolhido antes<br />
ao crer nele e assim merecerem ser eleitos. Evita, porém,<br />
esta interpretação aquele que diz: Não fostes vós que me<br />
escolhestes. Não há dúvida que eles também o<br />
escolheram, quando nele acreditaram. Daí o ter ele dito:<br />
Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos<br />
escolhi, não porque não o escolheram para ser escolhidos,<br />
mas para que o escolhessem, ele os escolheu. Isso porque<br />
a misericórdia se lhes antecipou (Salmos 53:11) segundo<br />
a graça, não segundo uma dívida. Portanto, retirou-os do<br />
mundo quando ele vivia no mundo, mas já eram eleitos em<br />
si mesmos antes da criação do mundo – Portanto, Deus<br />
escolheu os crentes, mas para que o sejam e não porque<br />
já o eram. Diz o apóstolo Tiago: Não escolheu Deus os<br />
pobres em bens deste mundo para serem ricos na fé e<br />
herdeiros do Reino que prometeu aos que o amam? (Tiago<br />
2:5). Portanto, ao escolher, fá-los ricos na fé, assim como<br />
herdeiros do Reino. Pois, com razão, se diz que Deus<br />
escolheu nos que crêem aquilo pelo qual os escolheu para<br />
neles realizá-lo”.<br />
Tanto para o Calvinismo quanto para a doutrina<br />
agostiniana, não há livre-arbítrio. Para ambos, a soberania<br />
de Deus prevalece. O cristão escolhido não pode rejeitar<br />
sua eleição, pois Deus há de curvá-lo até que ele aceite a<br />
Sua graça.<br />
Romanos 8:29, 30 nos diz: “Porque os que dantes<br />
conheceu também os predestinou para serem conformes à<br />
imagem de Seu Filho, a fim de que Ele seja o primogênito<br />
entre muitos irmãos. E aos que predestinou a estes<br />
também chamou; e aos que chamou a estes também<br />
justificou; e aos que justificou a estes também glorificou”.<br />
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Efésios 1:5 e 11 diz: “E nos predestinou para filhos de<br />
adoção por Jesus Cristo, para Si mesmo, segundo o<br />
beneplácito de sua vontade [...] Nele, digo, em quem<br />
também fomos feitos herança, havendo sido<br />
predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas<br />
as coisas, segundo o conselho da sua vontade”. Muitas<br />
pessoas têm forte hostilidade à doutrina da predestinação<br />
e eleição. Entretanto, a predestinação e a eleição é uma<br />
doutrina Bíblica. O segredo é compreender, biblicamente,<br />
o que significa os termos e a sua aplicabilidade.<br />
As palavras traduzidas como “predestinou”,<br />
“predestinados” nas Escrituras citadas acima vêm da<br />
palavra grega “proōrisen – προώρισεν”, que carrega o<br />
significado de “anteriormente determinado”, “predestinar”,<br />
“decidir de antemão” (cf. Romanos 8:29, 30; Atos 4:28; 1<br />
Coríntios 2:7; Efésios 1:5, 11).<br />
As palavras traduzidas como “como também nos elegeu”<br />
são “kathōs exelexato – καθὼς ἐξελέξατο” que carrega<br />
fortemente o significado de Deus Pai escolhendo os<br />
cristãos como aqueles que Ele separa da multidão sem<br />
religião como seus amados, aos quais transformou,<br />
através da fé em Cristo, em cidadãos do reino messiânico:<br />
(cf. Tiago 2:5) de tal forma que o critério de escolha arraigase<br />
unicamente em Cristo e Seus méritos. Outros<br />
significados: “Escolher entre muitos, como Jesus escolheu<br />
Seus discípulos –, de Deus que escolhe quem Ele julga<br />
“dignos” de receber Seus favores e separa do resto da<br />
humanidade para serem peculiarmente Seu e para ser<br />
assistido continuamente pela Sua graciosa supervisão” (cf.<br />
Filipenses 1:6).<br />
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Então, predestinação e eleição é Deus determinando<br />
antes, o acontecimento de certas coisas. E o que Deus<br />
determinou antes que acontecesse? De acordo com<br />
Romanos 8:29, 30 Deus pré-determinou que certas<br />
pessoas estivessem em conformidade com a imagem de<br />
Seu filho, sendo chamadas, justificadas e glorificadas.<br />
“O futuro dos redimidos é tão certo que, algumas vezes o<br />
Novo Testamento fala de acontecimentos futuros usando<br />
os verbos no tempo passado, como se já estivessem<br />
acontecido”.<br />
“E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que<br />
chamou a estes também justificou; e aos que justificou a<br />
estes também glorificou”. (Romanos 8:30). Note que os<br />
eleitos já são chamados (chamou), justificados (justificou),<br />
e glorificados (glorificou), dando certeza de que algo que já<br />
antes foi decretado por Deus, e certamente acontecerá<br />
sem que nada possa impedir. “Isaías 14:27 – Pois esse é<br />
o propósito do Senhor dos Exércitos; quem pode impedilo?<br />
Sua mão está estendida; quem pode fazê-la recuar?” –<br />
“Jó 42:2 – Sei que podes fazer todas as coisas; nenhum<br />
dos teus planos pode ser frustrado” – “Romanos 8:31 – 35<br />
– Que diremos, pois, diante dessas coisas? Se Deus é por<br />
nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou a Seu<br />
próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos<br />
dará juntamente com Ele, e de graça, todas as coisas?<br />
Quem fará alguma acusação contra os escolhidos de<br />
Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? Foi<br />
Cristo Jesus que morreu; e mais, que ressuscitou e está à<br />
direita de Deus, e também intercede por nós. Quem nos<br />
separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia,<br />
ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?<br />
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[...] Pois estou convencido de que nem morte nem vida,<br />
nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro,<br />
nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade,<br />
nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos<br />
separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso<br />
Senhor”. Amém.<br />
Essencialmente, Deus predetermina que certas pessoas<br />
sejam salvas. Vários textos escriturísticos referem-se aos<br />
crentes em Cristo como sendo escolhidos (Mateus 24:22,<br />
31; Marcos 13:20, 27; Romanos 8:33; 9:11; 11:5 – 7, 28;<br />
Efésios 1:11; Colossenses 3:12; 1 Tessalonicenses 1:4; 1<br />
Timóteo 5:21; 2 Timóteo 2:10; Tito 1:1; 1 Pedro 1:1, 2; 2:9;<br />
2 Pedro 1:10). Confira o tópico: 80 Razões porque um<br />
cristão não pode perder a salvação.<br />
A objeção mais comum à doutrina da predestinação e<br />
eleição é que ela não é justa. Por que Deus escolheria<br />
algumas pessoas e não outras? O que é importante<br />
lembrar é que ninguém merece ser salvo. Todos nós<br />
somos pecadores, pois todos nós pecamos, e não somos<br />
pecadores por que pecamos, pecamos porque somos<br />
pecadores (Romanos 3:23; Efésios 2:1 – 3) e todos<br />
merecemos punição eterna (Romanos 6:23). Em Deus<br />
procurar um justo sobre a terra, a Sua palavra declara:<br />
“Como está escrito: Não há nenhum justo, nem um sequer;<br />
não há ninguém que entenda, ninguém que busque a<br />
Deus. Todos se desviaram, tornaram-se juntamente<br />
inúteis; não há ninguém que faça o bem, não há nem um<br />
sequer. Suas gargantas são um túmulo aberto; com suas<br />
línguas enganam. Veneno de serpentes está em seus<br />
lábios. Suas bocas estão cheias de maldição e amargura.<br />
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Seus pés são ágeis para derramar sangue; ruína e<br />
desgraça marcam os seus caminhos, e não conhecem o<br />
caminho da paz. Aos seus olhos é inútil temer a Deus.<br />
Sabemos que tudo o que a lei diz, o diz àqueles que estão<br />
debaixo dela, para que toda boca se cale e todo o mundo<br />
esteja sob o juízo de Deus” – Romanos 3:10 – 19.<br />
Como resultado, Deus seria perfeitamente justo em<br />
permitir que todos nós passássemos a eternidade no<br />
inferno.<br />
Entretanto, Deus escolhe salvar alguns para manifestar o<br />
Seu amor, e por essa eleição outros não são eleitos por<br />
consequência sofrerão Sua ira. Ele não está sendo injusto<br />
com aqueles que não foram escolhidos, porque eles estão<br />
recebendo aquilo que merecem. Ao escolher ter<br />
compaixão por alguns, Deus não está sendo injusto com<br />
os outros. Ninguém merece nada de Deus, por isto,<br />
ninguém pode protestar se não receber nada de Deus.<br />
Certa vez John MacArthur disse:<br />
“Nunca suavize o evangelho. Se a verdade ofende, então<br />
deixe que ofenda. As pessoas passam toda a sua vida<br />
ofendendo a Deus; deixe que se ofendam por um<br />
momento”.<br />
E essa verdade infelizmente ofende a muitos. Uma<br />
ilustração seria se eu desse dinheiro a cinco pessoas em<br />
um grupo de 20. As 15 pessoas que não recebessem<br />
dinheiro ficariam aborrecidas? Provavelmente sim. Mas<br />
elas têm o direito de se aborrecerem? Não, não têm. Por<br />
quê? Porque não devia dinheiro a nenhuma delas. Eu<br />
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simplesmente decidi ser generoso com algumas, não<br />
porque mereciam, mas porque eu quis ser generoso e<br />
bondoso. Assim foi Deus.<br />
A Bíblia diz que tudo o que devemos fazer é crer no Senhor<br />
Jesus Cristo e seremos salvos (João 3:16; Romanos 10: 9,<br />
10). E é isso que é importante, não é preciso que você creia<br />
nessa doutrina para ser salvo, apenas confiar em Cristo<br />
como a fonte de Sua salvação e a Cruz do Calvário como<br />
o meio dela, “Arrependei-vos, e crede no evangelho”<br />
(Marcos 1:15). É bem verdade que existem riquezas na<br />
doutrina da predestinação e eleição, riquezas profundas,<br />
gozo, segurança, paz e uma esperança viva e eficazmente<br />
forte atuando na vida daqueles que a bem<br />
compreenderam, mas também existe algo nocivo.<br />
Certa vez João Calvino declarou:<br />
“Não devemos falar precipitadamente da eleição de Deus,<br />
e dizer que somos predestinados, a não ser se<br />
completamente seguros da nossa salvação. Não devemos<br />
falar levianamente disso: se Deus nos tomou para sermos<br />
Seus filhos ou não. Como então? Olhando para o que está<br />
estabelecido no evangelho. Ali Deus nos mostra que Ele é<br />
nosso Pai, e que Ele nos trará à herança da vida, tendo nos<br />
marcado com o selo do Espírito Santo em nossos<br />
corações, que é um testemunho indubitável da nossa<br />
salvação, se o recebemos por fé”.<br />
A Bíblia nunca descreve a Deus rejeitando quem nEle crê<br />
ou mandando de volta alguém que o busque<br />
(Deuteronômio 4:29). De algum jeito, no mistério de Deus,<br />
a predestinação e eleição trabalham de mãos dadas com a<br />
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pessoa sendo atraída por Deus (João 6:44) e crendo na<br />
salvação (Romanos 1:16). Pense nessa ilustração: Uma<br />
pessoa passando por uma porta com uma placa convite<br />
que diz: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e<br />
oprimidos, e eu vos aliviarei”. (Mateus 11:28), passa uma<br />
pessoa não aceita, passa outra ler o convite, mas também<br />
não aceita, mas uma terceira pessoa ler o convite e pensa<br />
consigo: Esse convite é para mim, eu senti que é para mim<br />
eu vou aceita-lo. Mas, quando essa pessoa entra pela<br />
porta, ela ver pela parte interior outra placa que diz:<br />
“Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o<br />
trouxer”. (Mateus 6:44).<br />
Note que até o momento a pessoa talvez pense que a<br />
escolha foi dela própria, mas de alguma forma foi Deus<br />
quem a levou até o Cristo de acordo com Filipenses 2:13<br />
“[...] porque Deus é o que opera em vós tanto o querer<br />
como o efetuar, segundo a Sua boa vontade” e em outro<br />
texto diz: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e<br />
isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras,<br />
para que ninguém se glorie”. (Efésios 2:8, 9).<br />
A salvação do início ao fim é uma obra sobrenatural de<br />
Deus. É de eternidade a eternidade. E por quê? Porque<br />
todos os homens nascem mortos em seus delitos e<br />
pecados de acordo com Efésios 2:1 “Vocês estavam<br />
mortos em suas transgressões e pecados”. E como um<br />
morto por ver, ouvir ou sentir alguma coisa? É necessário<br />
que receba vida, e é exatamente isso que Deus faz, Ele<br />
nos dá vida de acordo com o texto de Efésios 2:4, 5<br />
“Todavia, Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande<br />
amor com que nos amou, deu-nos vida juntamente com<br />
Cristo, quando ainda estávamos mortos em transgressões<br />
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— pela graça vocês são salvos”. De acordo com os textos<br />
de São Paulo, que se quisermos conhecer a livre<br />
misericórdia de nosso Deus em nos salvar, temos de ir até<br />
o Seu conselho eterno, pelo qual Ele nos escolheu antes<br />
da fundação do mundo. Disso vemos que Ele não<br />
considerou nossas pessoas, nem a nossa dignidade, nem<br />
qualquer mérito que poderíamos possivelmente possuir.<br />
Antes de nascermos, fomos arrolados em Seu registro. Ele<br />
já havia nos adotado por Seus filhos. Portanto vamos<br />
conceder tudo a Sua misericórdia, sabendo que não<br />
podemos nos orgulhar de nós mesmos, a não ser que<br />
venhamos furtar dEle a honra que lhe pertence.<br />
Após a sua conversão, Santo Agostinho declarou consigo<br />
(Solilóquio):<br />
“Estavas comigo, mas eu não estava contigo. Retinhamme<br />
longe de ti as tuas criaturas, que não existiriam se em<br />
ti não existissem. Tu me chamaste, e teu grito rompeu a<br />
minha surdez. Fulguraste e brilhaste e tua luz afugentou<br />
minha cegueira. Espargiste tua fragrância e, respirando-a,<br />
suspirei por ti. Eu te saboreei, e agora tenho fome e sede<br />
de ti. Tu me tocaste, e agora ardo no desejo de tua paz”.<br />
Deus predestina quem será salvo, e devemos entender<br />
que quem recebe o dom da fé em Cristo para ser salvo são<br />
os eleitos. Os dois fatos são igualmente verdadeiros. Outra<br />
ilustração é um arqueiro atirando uma flecha, no momento<br />
em que a flecha está no ar ela se senti livre para acertar<br />
qualquer parte do alvo, mas sabemos que quem<br />
determinou a parte do alvo a ser acertada foi o arqueiro.<br />
Deus determinou o nosso alvo antes da fundação do<br />
mundo, Cristo.<br />
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A origem de tudo é Deus, enquanto Ele faz a proposta de<br />
salvação ao ser humano, dando-lhe a liberdade de<br />
resposta. Trata-se, pois, da unidade de um desígnio de<br />
salvação que da parte de Deus como dom oferecido e da<br />
parte do ser humano como resposta ou aceitação, sendo a<br />
recusa deste dom de Deus por parte do ser humano a<br />
perda da unidade ou a cisão irremediável de seu ser. A<br />
manifestação de quem é o ser humano dá-se<br />
progressivamente na história da salvação.<br />
Outra coisa que devemos entender é que Deus não é<br />
somente amor, Ele também é justiça, Deus escolheu vasos<br />
(pessoas) para manifestar Sua ira de acordo com o texto<br />
de Romanos 9:13 – 22 “Como está escrito: Eu amei a Jacó,<br />
porém aborreci a Esaú. Que diremos, pois? Há,<br />
porventura, em Deus injustiça? De modo nenhum. Pois a<br />
Moisés disse: Terei misericórdia de quem me aprouver ter<br />
misericórdia, e terei compaixão de quem me aprouver ter<br />
compaixão. Assim, pois, não é daquele que quer, nem<br />
daquele que corre, mas de Deus que usa de misericórdia.<br />
Pois disse a Escritura a Faraó: Para isto mesmo te levantei,<br />
para mostrar em ti o meu poder, e para que seja anunciado<br />
o meu nome por toda a terra. Logo ele tem misericórdia de<br />
quem quer, e a quem quer endurece. Dir-me-ás, então: Por<br />
que se queixa ele ainda? Pois quem resiste à sua vontade?<br />
Mas antes, ó homem, quem és tu que replicas a Deus?<br />
Porventura a coisa formada dirá a quem a formou: Por que<br />
me fizeste assim? Porventura não tem o oleiro poder sobre<br />
o barro para fazer da mesma massa um vaso para honra,<br />
e outro para desonra? Que diremos, se Deus, querendo<br />
mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou<br />
com muita longanimidade os vasos de ira, preparados para<br />
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a perdição, a fim de que também desse a conhecer as<br />
riquezas da sua glória sobre os vasos de misericórdia, que<br />
de antemão preparou para a glória [...]”.<br />
Deus escolheu vasos de misericórdia para manifestar Sua<br />
glória “bondade e amor” e outros vasos de ira para<br />
manifestar Sua Justiça. Alguém pode perguntar e como um<br />
Deus pode predestinar pessoas ao inferno? A resposta é:<br />
“Mas antes, ó homem, quem és tu que replicas a Deus?<br />
Porventura a coisa formada dirá a quem a formou: Por que<br />
me fizeste assim?”. A Palavra de Deus nos coloca, onde<br />
devemos sempre está –, como criaturas. (cf. NOTA).<br />
NOTA: Nas passagens anteriores Paulo esteve mostrando<br />
que através de toda a história de Israel houve um contínuo<br />
processo de seleção e eleição por parte de Deus. Surge<br />
uma objeção muito natural: Se no fundo de todo processo<br />
está à eleição e o rechaço de Deus, como pode Deus<br />
condenar os homens que a rejeitaram? A falta não é deles<br />
absolutamente; é realmente de Deus. A responsabilidade<br />
não recai sobre eles; recai sobre Deus. A resposta de<br />
Paulo é simples, quase próxima da crueldade. Sua<br />
resposta é que ninguém tem direito de discutir com Deus.<br />
Quando um oleiro faz um vaso, este não pode replicar ao<br />
oleiro; o oleiro tem absoluto poder sobre ele; do mesmo<br />
montão de barro pode fazer um vaso para um propósito<br />
honroso e outro para um propósito desonroso, e o barro<br />
não tem nada que ver com isso e nem sequer tem direito a<br />
protestar. Quanto a isto Paulo toma a figura de Jeremias<br />
(Jeremias 18:1 – 6).<br />
William Barclay – Terá que dizer duas coisas sobre isto:<br />
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(1) É uma má analogia. Um grande comentarista do Novo<br />
Testamento disse que esta é uma daquelas poucas<br />
passagens que desejaríamos que Paulo não tivesse<br />
escrito. Há uma diferença entre um montão de barro e um<br />
ser humano. O ser humano é uma pessoa e o montão de<br />
barro uma coisa. Pode ser que alguém possa fazer o que<br />
quiser com uma coisa, mas não pode fazer o que quiser<br />
com uma pessoa. O barro não deseja replicar; o barro não<br />
deseja questionar. O barro não pode sentir nem pensar; o<br />
barro não pode ser angustiado, nem afligido e torturado. Se<br />
alguém padeceu inexplicavelmente alguma tristeza<br />
tremenda, que lhe rompe o coração e lhe entristece a alma,<br />
não seria de muita ajuda dizer-lhe que não tem direito a<br />
lamentar-se, porque Deus pode fazer o que quiser. Este é<br />
o sinal de um tirano, não de um Pai amante. É um fato<br />
básico do Evangelho que Deus não trata os homens como<br />
o oleiro trata o montão de barro; trata-os como um pai<br />
amante trata a seu filho.<br />
(2) Mas uma vez dito isto, devemos recordar uma coisa:<br />
esta passagem surgiu de um coração angustiado. Paulo<br />
estava diante do fato entristecedor de que o próprio povo<br />
de Deus, seus próprios parentes, tinham rechaçado e<br />
crucificado o próprio filho de Deus. Não era que Paulo<br />
queria dizer isto; viu-se forçado a dizê-lo. A única<br />
explicação possível que pôde encontrar foi que, para seu<br />
próprio propósito, Deus tinha tido que cegar de algum<br />
modo a seu próprio povo. De qualquer maneira, Paulo não<br />
deixa o argumento aqui. Continua dizendo que este<br />
rechaço dos judeus aconteceu para que pudesse ser<br />
aberta a porta aos gentios. Agora, mais uma vez, o<br />
argumento de Paulo não é satisfatório. Uma coisa quer<br />
dizer que Deus usou uma situação pecaminosa para curar<br />
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dela algo bom; mas é uma coisa completamente diferente<br />
dizer que Deus elaborou uma situação pecaminosa para<br />
tirar algo bom dela. De fato, quer dizer que Deus fez o mal<br />
para que pudesse surgir o bem. O que Paulo está dizendo<br />
é que Deus obscureceu deliberadamente as mentes, e<br />
cegou os olhos, e endureceu os corações, da massa do<br />
povo judeu para que se pudesse abrir o caminho de<br />
entrada aos gentios. Novamente, devemos recordar que<br />
este não é o argumento de um teólogo tranquilamente<br />
sentado pensando em seu estudo; é o argumento de um<br />
homem cujo coração estava desesperado por encontrar<br />
alguma razão para uma situação completamente<br />
incompreensível. Enfim a única resposta que Paulo pode<br />
encontrar é que Deus o fez.<br />
Agora, Paulo estava arguindo com judeus, e sabia que a<br />
única maneira em que podia sustentar seu argumento era<br />
reforçá-lo com citações de suas próprias Escrituras. Assim,<br />
pois, continua citando textos para provar que este rechaço<br />
dos judeus e esta aceitação dos gentios tinha sido<br />
realmente antecipada pelos profetas. Oséias havia dito que<br />
Deus faria seu povo de um povo que não era seu povo<br />
(Oséias 2:23). Disse que um povo que não era o povo de<br />
Deus seria chamado filhos de Deus (Oséias 1:10). Mostra<br />
como Isaías tinha previsto uma situação na qual Israel teria<br />
sido consumido se não tivesse ficado um remanescente<br />
(Isaías 10:22, 23; 13:10). O argumento de Paulo é que<br />
Israel teria previsto sua destruição se só a tivesse<br />
compreendido. É fácil criticar a Paulo nesta passagem;<br />
mas a única coisa que terá que lembrar é que Paulo, em<br />
sua desesperada angústia por seu próprio povo, aferravase<br />
ao fato que de algum modo tudo é obra de Deus. Para<br />
ele isto era a única coisa que ficava por dizer.<br />
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Existem textos claros onde Deus pré-ordenou pessoas<br />
para perdição como o texto de 2 Tessalonicenses 2:3, 4<br />
que nos diz sobre a pessoa do anticristo: “Ninguém, de<br />
nenhum modo, vos engane, porque isto não acontecerá<br />
sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o<br />
Homem da iniquidade, o filho da perdição, qual se opõe e<br />
se levanta contra tudo que se chama Deus ou é objeto de<br />
culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus,<br />
ostentando-se como se fosse o próprio Deus”. Ou seja,<br />
Deus predestinou a esse homem para a perdição eterna<br />
justamente para manifestar a Sua terrível ira.<br />
Em Apocalipse 13:5 – 8 declara como será esse homem:<br />
“E foi-lhe dada uma boca, para proferir grandes coisas e<br />
blasfêmias; e deu-se lhe poder para agir por quarenta e<br />
dois meses. E abriu a sua boca em blasfêmias contra Deus,<br />
para blasfemar do seu nome, e do seu tabernáculo, e dos<br />
que habitam no céu. E foi-lhe permitido fazer guerra aos<br />
santos, e vencê-los; e deu-se lhe poder sobre toda a tribo,<br />
e língua, e nação. E adoraram-na todos os que habitam<br />
sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro<br />
da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do<br />
mundo”.<br />
Em 2 Tessalonicenses 2:8 – 12 diz para qual motivo este<br />
homem será levantado sobre a terra, e qual será o seu fim<br />
no advento da volta de Cristo:<br />
“E então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará<br />
pelo assopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da<br />
sua vinda; A esse cuja vinda é segundo a eficácia de<br />
Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira,<br />
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E com todo o engano da injustiça para os que perecem,<br />
porque não receberam o amor da verdade para se<br />
salvarem. E por isso Deus lhes enviará a operação do erro,<br />
para que creiam a mentira; Para que sejam julgados todos<br />
os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na<br />
iniquidade”.<br />
O texto declara que é Deus que enviará a “operação do<br />
erro” para que as pessoas creiam na mentira para que<br />
todos sejam julgados por não crerem na verdade. E por<br />
isso Deus se torna um Ser injusto? É claro que não, é<br />
misterioso a todos os homens. Mas a Escritura declara que<br />
Deus é Justo em todos os Seus decretos – “Tu, cujos olhos<br />
são puros e imaculados, que não suportam ver o mal; que<br />
não podes tolerar a malignidade. Então, por que tens<br />
paciência com os perversos? Por que ficas em silêncio<br />
enquanto os ímpios devoram os que são mais justos que<br />
eles?” – Habacuque 1:13; “Porque tu, ó Deus, não tens<br />
prazer na injustiça, e contigo não pode habitar o mal. Os<br />
loucos não pararão à tua vista; odeias a todos os que<br />
praticam a maldade” – Salmos 5:4, 5. Deus é<br />
verdadeiramente bom “Verdadeiramente bom é Deus para<br />
com Israel, para com os limpos de coração” – Salmos 73:1.<br />
E por que essas pessoas receberão esse juízo? A resposta<br />
está no texto: “Porque não receberam o amor da verdade<br />
para se salvarem” (não foram eleitas para a manifestação<br />
do amor de Deus, mas pessoas escolhidas para<br />
manifestação de Sua ira –, santa justiça). E alguém pode<br />
perguntar: O anticristo, o homem iníquo poderá se<br />
arrepender?<br />
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A resposta é não, pois, Deus o predestinou para esse fim,<br />
a manifestação da Sua terrível ira será sobre esse homem,<br />
Deus mandará ao inferno de acordo com o texto de<br />
Apocalipse 19:20 “E a besta foi presa, e com ela o falso<br />
profeta, que diante dela fizera os sinais, com que enganou<br />
os que receberam o sinal da besta, e adoraram a sua<br />
imagem. Estes dois foram lançados vivos no lago de fogo<br />
que arde com enxofre” e Apocalipse 20:10 “E o diabo, que<br />
os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde<br />
estão a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão<br />
atormentados para todo o sempre”. O texto é profético, e<br />
não existe como essa profecia ser alterada.<br />
Um resumo sobre o anticristo: Jesus o chamou de “o<br />
abominável da desolação” (Mateus 24:15). Paulo o<br />
chamou de “o homem da iniquidade, o filho da perdição” (2<br />
Tessalonicenses 2:3) e também de “o iníquo” (2<br />
Tessalonicenses 2:8). João o chamou de “o anticristo” (1<br />
João 2:18) e também “a besta que emerge do mar”<br />
(Apocalipse 13:1; 19:20). O anticristo receberá o poder, o<br />
trono e grande autoridade de Satanás (Apocalipse 13:2).<br />
Será adorado (Apocalipse 13: 4). Parecerá invencível<br />
(Apocalipse 13:4). Vai perseguir e matar os santos<br />
(Apocalipse 13:7). Será adorado por todos os homens,<br />
exceto aqueles cujo nome está no livro da vida (Apocalipse<br />
13:8). O anticristo, porém, será derrotado fragorosamente<br />
por Jesus em Sua segunda vinda (2 Tessalonicenses 2:8).<br />
Será lançado no lago de fogo para sofrer eternamente<br />
(Apocalipse 19:20; 20:10). A igreja de Cristo, porém,<br />
desfrutará das venturas eternas no novo céu e na nova<br />
terra (Apocalipse 21:1 – 7).<br />
A responsabilidade do homem.<br />
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Que o Senhor predestina e, todavia, o homem é<br />
responsável são dois fatos que poucos podem ver<br />
claramente. São tidos por inconsistentes e contraditórios;<br />
no entanto, essas são duas verdades que se convergem e<br />
se encontrarão em alguma parte na eternidade, junto ao<br />
trono de Deus de onde procede toda a verdade.<br />
Frequentemente é dito que as doutrinas que cremos têm<br />
uma tendência a levar-nos ao pecado.<br />
Não sei quem tem a audácia e o atrevimento de fazer tal<br />
afirmação tendo em vista o fato de que os mais santos<br />
homens que já existiram criam nelas. Quem se atreve a<br />
dizer que o Calvinismo é uma religião licenciosa o que ele<br />
pensa do caráter de Agostinho, Whitefield, Calvino os quais<br />
foram os grandes expositores destas verdades, o que dirá<br />
dos puritanos? Se um homem houvesse sido um arminiano<br />
nesta época Ele teria sido reputado como o pior dos<br />
hereges, mas agora nós somos vistos como hereges e eles<br />
como ortodoxos.<br />
Nós temos regressado à antiga escola, podemos trazer<br />
nossa descendência até os apóstolos [...], podemos correr<br />
uma linha de ouro até Jesus Cristo passando por uma lista<br />
de poderosos pais, os quais todos sustentavam estas<br />
gloriosas verdades. Pergunto: “Onde acharemos homens<br />
melhores e mais santos?” [...]. Nada faz um homem mais<br />
virtuoso do que uma fé na verdade.<br />
Uma doutrina mentirosa levará a uma prática mentirosa.<br />
Ninguém pode ter uma fé errônea sem daqui a pouco ter<br />
uma vida errônea também; eu creio que uma coisa<br />
naturalmente leva à outra. De todos os homens, aqueles<br />
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que têm uma piedade desinteressada, uma reverência<br />
mais sublime, uma devoção mui ardente, são os que crêem<br />
que são salvos pela graça, sem as obras, mediante a fé, e<br />
que isso não vem deles mesmos, mas é dom de Deus.<br />
O amor do Pai não se destina a apenas uns poucos, e sim<br />
também a um incontável número de pessoas.<br />
Uma grande multidão, a qual nenhum homem pode contar,<br />
estará no céu. Um homem pode contar até números bem<br />
altos; coloquem para trabalhar os seus Newtons, suas mais<br />
poderosas calculadoras e certamente eles poderão contar<br />
grandes números, mas Deus, e Ele somente, pode contar<br />
a multidão dos seus redimidos. Eu creio que haverá mais<br />
pessoas no céu do que no inferno. Se alguém me perguntar<br />
por que eu penso assim eu responderia: porque Cristo<br />
deve “ter a preeminência” em todas as coisas e eu não<br />
consigo conceber como Ele poderia ter a preeminência se<br />
houvesse mais pessoas nos domínios de satanás do que<br />
no paraíso. Além disso, eu jamais li alguma coisa<br />
afirmando que no inferno haveria uma grande multidão que<br />
nenhum homem poderia contar.<br />
C. H. Spurgeon declarou:<br />
O falecido Sr. Denham colocou ao pé do seu retrato uma<br />
frase admirável: “A salvação é do Senhor”. Isso representa<br />
a substância e a conclusão do calvinismo. Se alguém me<br />
perguntasse o que eu quero dizer com ser um calvinista,<br />
eu lhe responderia: É alguém que diz que a salvação é do<br />
Senhor.<br />
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Agora, amados, quando ouvis a alguém rindo ou<br />
zombando de uma expiação limitada, podeis dizer-lhe isto.<br />
Uma expiação universal (para todos) é como uma ponte de<br />
grande largura com somente metade de um arco, ela não<br />
cruza o rio: chega somente à metade do caminho, ela não<br />
pode assegurar a salvação de ninguém.<br />
Ora, eu prefiro colocar meus pés sobre uma ponte tão<br />
estreita como a de Hungerford, que chega até o fim, do que<br />
sobre uma ponte que é tão larga quanto o mundo, se ela<br />
não chegar até o fim, do outro lado do rio.<br />
“Se Deus me amou uma vez, então Ele me amará para<br />
sempre” – C. H. Spurgeon.<br />
CONCLUSÃO<br />
João Calvino declarou:<br />
Devemos enfatizar essa fala de João Calvino: “Não<br />
devemos falar precipitadamente da eleição de Deus, e<br />
dizer que somos predestinados, a não ser se<br />
completamente seguros da nossa salvação. Não devemos<br />
falar levianamente disso: se Deus nos tomou para sermos<br />
Seus filhos ou não. Como então? Olhando para o que está<br />
estabelecido no evangelho. Ali Deus nos mostra que Ele é<br />
nosso Pai, e que Ele nos trará à herança da vida, tendo nos<br />
marcado com o selo do Espírito Santo em nossos<br />
corações, que é um testemunho indubitável da nossa<br />
salvação, se o recebemos por fé”.<br />
E depois desse longo artigo, você deve consigo pensar:<br />
Sou um eleito (a)? Jesus morreu por mim? Serei salvo (a)?<br />
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Deixando a controvérsia, contudo, responderei uma<br />
questão. Diga-me, então, pastor, por quem Cristo morreu?<br />
Responda-me uma ou duas questões, e te direi se Ele<br />
morreu ou não por você. Você quer um Salvador? Sente<br />
necessidade de um Salvador? Tem consciência do seu<br />
pecado hoje? O Espírito Santo lhe ensinou que é um<br />
pecador? Então, Cristo morreu por você e será salvo.<br />
Senti hoje que não tem esperança neste mundo, senão<br />
Cristo? Compreende que não pode oferecer por você<br />
mesmo nenhuma expiação que satisfaça a justiça de<br />
Deus? Abandonaste toda confiança em você mesmo? E<br />
pode dizer sob os seus joelhos dobrados: Senhor, salvame,<br />
ou pereço? Cristo morreu por você. Porém, Se dizes:<br />
Sou tão bom como deve ser, posso ir ao céu por minhas<br />
próprias boas obras, Então, lembre-se, a escritura diz de<br />
Jesus: Eu não vim chamar os justos, senão, os pecadores<br />
ao arrependimento. Enquanto permaneceres neste estado,<br />
não há expiação para pregar para você. Mas se você se<br />
sente culpado, miserável, ciente da sua culpa, e está<br />
pronto a tomar para ser teu único Salvador, não somente<br />
te direi que pode ser salvo, mas, o que é melhor, que será<br />
salvo. Quando está despido de tudo, não tendo nada,<br />
exceto esperança em Cristo, quando está preparado para<br />
vir com as mãos vazias para tomar a Cristo para ser seu<br />
tudo, e você nada, então poderá olhar para Cristo e dizer:<br />
“Tu amado, Tu imolado Cordeiro de Deus! Tuas aflições<br />
foram suportadas por mim, por Tuas feridas fui curado, e<br />
por Teus sofrimentos fui perdoado”.<br />
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E então, veja se paz de mente terás, porque se Cristo<br />
morreu por você, não podes se perder. Deus não pune<br />
duas vezes a mesma coisa. Se Cristo foi punido pelo seu<br />
pecado, Ele jamais te punirá. Pagamento a justiça de Deus<br />
não pode demandar, primeiro, da mão sangrenta do fiador,<br />
e então novamente da minha. Nós podemos hoje, se<br />
crermos em Cristo, chegar ao próprio trono de Deus,<br />
permanecer ali, e se nos disser: Você é culpado?<br />
Poderemos dizer: Sim. Culpado. Mas se a questão é<br />
colocada assim: O que você tem para dizer? Porque motivo<br />
não deveria ser castigado por sua culpa? Podemos<br />
responder:<br />
“Grande Deus, tanto a Tua Justiça como o Teu amor são<br />
garantias de que o Senhor não nos punirá por nossos<br />
pecados. Porque, não punistes o Senhor a Cristo pelo<br />
pecado, por nós? Como poderia o Senhor, então, ser justo,<br />
como poderia o Senhor ser Deus, se o Senhor pune a<br />
Cristo o substituto, e então o próprio homem mais tarde?”.<br />
A única pergunta com a qual devemos nos preocupar é:<br />
Cristo morreu por mim? E a única resposta que podemos<br />
dar é: Esta é uma Palavra fiel, e digna de toda aceitação,<br />
que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores.<br />
Você pode escrever o seu nome nessa frase, entre os<br />
pecadores, não entre os pecadores lisonjeiros “os que se<br />
envaidecem em suas obras” achando que são aceitos por<br />
Deus por seus méritos, não esses, mas entre os pecadores<br />
que se sentem como tais, entre os que choram sua culpa,<br />
entre os que a lamentam, entre os que buscam<br />
misericórdia por causa dela em cada segundo de sua vida,<br />
em cada suspiro. É um pecador? Se assim se sente, se<br />
assim reconhece, se assim professa, está convidado agora<br />
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a crer que Jesus Cristo morreu por você, por que é um<br />
pecador, e está convidado a cair sobre esta grande e<br />
inamovível rocha, e achar segurança eterna no Senhor<br />
Jesus Cristo – “[...] Eu lhes dou a vida eterna, e elas jamais<br />
perecerão; ninguém as poderá arrancar da minha mão.<br />
Meu Pai, que as deu para mim, é maior do que todos;<br />
ninguém as pode arrancar da mão de meu Pai” – João<br />
10:28, 29. Amém.<br />
No entanto, sustentemos firmemente o que aqui nos é<br />
ensinado: Deus tendo-nos escolhido antes do mundo ter<br />
seu início, devemos atribuir a causa da nossa salvação à<br />
Sua livre bondade. Devemos confessar que Ele não nos<br />
toma para sermos Seus filhos, por qualquer mérito de nós<br />
mesmos, pois não tínhamos nada para nos recomendar à<br />
seu favor. Portanto, devemos colocar a causa e a fonte da<br />
nossa salvação somente nEle e fundamentar a nós<br />
mesmos sobre isso, caso contrário, tudo que construirmos,<br />
virá a ser nada.<br />
Existe justiça em Deus em resgatar aqueles que não eram<br />
resgatáveis (a Igreja), e a justiça em Deus em condenar a<br />
pecadores.<br />
Romanos 11:33 proclama: Ó profundidade das riquezas,<br />
tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão<br />
insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis<br />
os seus caminhos!<br />
O QUE JESUS CRISTO PO<strong>DE</strong> RESPON<strong>DE</strong>R<br />
ACERCA DA PRE<strong>DE</strong>STINAÇÃO E ELEIÇÃO?<br />
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“Eu sou o Pão da Vida; aquele que vem a mim jamais terá<br />
fome, e aquele que crê em mim jamais terá sede. Todavia,<br />
como Eu vos disse, embora me tenhais visto, ainda não<br />
credes. Todo aquele que o Pai me der, esse virá a mim; e<br />
o que vem a mim, de maneira alguma o excluirei. Pois, Eu<br />
desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, mas<br />
a vontade daquele que me enviou. E esta é a vontade do<br />
Pai, o qual me enviou: que Eu não perca nenhum de todos<br />
os que Ele me deu, mas que Eu os ressuscite no último dia.<br />
De fato, esta é a vontade daquele que me enviou: que todo<br />
aquele que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna, e Eu<br />
o ressuscitarei no último dia. Jesus não é compreendido” –<br />
João 6:35 – 40.<br />
(1) E quem virá até o Cristo?<br />
“Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de<br />
maneira nenhuma o lançarei fora. Porque eu desci do céu,<br />
não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele<br />
que me enviou. E a vontade do Pai que me enviou é esta:<br />
Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas<br />
que o ressuscite no último dia” – João 6:35 – 39.<br />
As palavras de Cristo está de acordo com o ensino paulino<br />
em Efésios 1:4, 5 “assim como nos escolheu, nEle, antes<br />
da fundação do mundo (“todos aqueles que (o Pai) me deu<br />
(na eternidade) não se perca”), para sermos santos e<br />
irrepreensíveis perante Ele; e em amor nos predestinou<br />
para Ele, para a adoção de filhos, por meio (do Sacrifício)<br />
de Jesus Cristo (na Cruz), segundo o beneplácito de sua<br />
vontade (Conselho Eterno)”.<br />
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Jesus complementa: “De fato, esta é a vontade daquele<br />
que me enviou: que todo aquele que vir o Filho e nEle crer<br />
tenha a vida eterna, e Eu o ressuscitarei no último dia”.<br />
Jesus não é compreendido. Assim como todos os<br />
calvinistas que defendem a predestinação e eleição. Mas<br />
mesmo assim a Teologia Reformada cresce. E por quê? O<br />
evangelho de Cristo é o poder de Deus para salvação de<br />
todo aquele que crê. (Romanos 1:16).<br />
(2) todos virão ao Cristo por livre–arbítrio?<br />
“Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não<br />
trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia” – João 6:44.<br />
De acordo com o ensinamento paulino em Efésios 2:1, 5<br />
que declara: “Ele vos vivificou, estando vós mortos nos<br />
vossos delitos e pecados – [...] deu-nos vida com Cristo,<br />
estando nós ainda mortos em nossos pecados, portanto:<br />
pela graça sois salvos!”. Mortos e separados de Deus,<br />
carentes de Deus, sendo filhos da ira e desobedientes a<br />
todas as Leis de Deus. (Isaías 59:1 – 21; Romanos 3:23;<br />
Efésios 2:3).<br />
(3) E uma pessoa por sua própria escolha não pode ver<br />
a Deus mesmo confessando Fé em Cristo?<br />
“Isso não quer dizer que alguém já tenha visto o Pai, a não<br />
ser aquele que vem de Deus; ele já viu o Pai” – João 6:46.<br />
E porque os homens não conseguem ver a Deus Paulo?<br />
“Eles estão com o entendimento mergulhado nas trevas e<br />
separados da vida de Deus por causa da ignorância em<br />
que vivem, devido ao embrutecimento do seu coração” –<br />
Efésios 4:18.<br />
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Jesus envia Paulo para abrir a visão dos homens por meio<br />
do Seu evangelho, Lucas escreve sobre isso, e declara<br />
sobre o direto chamado de Paulo por Jesus quando ia a<br />
Damasco: “para lhes abrir os olhos e os converteres das<br />
trevas para a luz, e do poder de Satanás para Deus, a fim<br />
de que recebam o perdão dos pecados e herança entre os<br />
que são santificados pela fé em mim” – Atos 26:18. (cf.<br />
Mateus 7:31 – 23 – Confissões falsas e desconhecidas por<br />
Cristo).<br />
(4) E porque existem pessoas que não acreditarão no<br />
Cristo, e por consequência, já estão condenadas?<br />
“Mas há alguns de vós que não crêem. Porque bem sabia<br />
Jesus, desde o princípio (desde a eternidade), quem eram<br />
os que não criam (não eleitos – réprobos – vasos da ira<br />
preparados para perdição – Romanos 9:22), e quem era o<br />
que o havia de entregar (Judas Iscariotes – predestinado<br />
para ser o traidor entre os discípulos). E dizia: Por isso eu<br />
vos disse que ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não<br />
lhe for concedido” – João 6:64, 65. (Eleição Incondicional).<br />
Judas Iscariotes realizou as mesmas obras, e andou com<br />
Cristo assim como os onze, mas ele é chamado de filho da<br />
perdição por Jesus. “Enquanto, Eu estava com eles,<br />
protegi-os e os defendi em teu Nome. E nenhum deles se<br />
perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse<br />
a Escritura [...]” – João 17:12. (cf. NOTA).<br />
NOTA: Judas, natural de Kerioth na Judéia, teve as suas<br />
ações reveladas por Deus ao profeta Zacarias e ao<br />
salmista Davi. Confira você mesmo a autenticidade do<br />
cumprimento dessas predições. São espantosas! Vejamos:<br />
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O profeta Zacarias profetisa a negociação de Judas com<br />
os sacerdotes e fariseus: “E eu disse-lhes: Se vos parece<br />
bem aos vossos olhos, dai-me o que me é devido; e, se<br />
não, deixai-o. E pesaram o meu salário, trinta moedas de<br />
prata. O Senhor, pois, me disse: arroja isso ao oleiro, esse<br />
belo preço em que fui avaliado por eles. E tomei as trinta<br />
moedas de prata, e as arrojei ao oleiro na casa do Senhor.<br />
(Zacarias 11:12, 13).<br />
Agora, vejamos o literal cumprimento das palavras do<br />
profeta neste texto de Mateus 27:3: “Então Judas, que o<br />
traíra, vendo que fora condenado, trouxe, arrependido, as<br />
trinta moedas de prata aos príncipes dos sacerdotes e aos<br />
anciãos”. Fantástico! A palavra de Deus é autoritativa e<br />
decretiva.<br />
Davi relata no Salmo 109, as consequências da traição de<br />
Judas:<br />
“Quando for julgado, saia condenado: e em pecado se lhe<br />
torne a sua oração; sejam poucos os seus dias e outro<br />
tome o seu ofício. Sejam órfãos os seus filhos e viúva a sua<br />
mulher” (Salmos 109:7 – 9).<br />
Bem, existiria ainda alguma dúvida de estar o salmista se<br />
referindo ao traidor Judas Iscariotes?<br />
Leiamos o relato de Lucas em Atos dos Apóstolos,<br />
referindo-se às palavras de Davi, no Salmo 109: Pedro<br />
declara: “Porque no livro de Salmos está escrito: Fique<br />
deserta a sua habitação, e não haja quem nela habite, e<br />
tome outro o seu bispado (seu ofício)” – Atos 1:20. E no (v.<br />
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26) Matias é escolhido em lugar de Judas Iscariotes “Então<br />
tiraram sortes, e a sorte caiu sobre Matias; assim, ele foi<br />
acrescentado aos onze apóstolos”.<br />
Davi e Zacarias. Dois profetas escolhidos por Deus para<br />
anunciar os fatos que envolveriam Judas Iscariotes na<br />
mais famosa traição de toda a história humana! Só mesmo<br />
o poder onisciente do Altíssimo poderia fazê-lo! Este Deus<br />
fantástico que criou e assiste os judeus desde Abraão, é o<br />
mesmo que espera a Sua conversão ao Seu Filho Jesus.<br />
Releia este texto, quebrante o seu coração. Ele é o<br />
Messias profetizado. Ele não é o Salvador político,<br />
temporal, mas o Salvador da sua alma do suplício eterno.<br />
Regozije-se por ser um eleito –, se já existe convicção em<br />
você e de forma nenhuma estufe o peito de forma<br />
precipitada em afirmar ser um eleito. Descanse em saber<br />
que o lamento por reprovação, não existirá nesta terra, é<br />
que, o reprovado não tem senso crítico de sua reprovação,<br />
ele é de fato, inimigo de Deus, ele o odeia, quebra todas as<br />
suas leis, e quando confrontado, ele ergue os punhos<br />
cerrados ao céu e lança palavras de blasfêmias, segue os<br />
passos de sua ignorância até o inferno, e, somente lá, ele<br />
se dará conta que foi em toda a sua vida, por natureza filho,<br />
e alvo da ira de Deus, e em meio a chamas devoradoras,<br />
por toda eternidade sentirá o furor da santa ira de Deus.<br />
Seus frutos evidenciarão o que Deus decretou na<br />
eternidade com o desprezo de seu nome ou com o registro<br />
do mesmo.<br />
Outras profecias: Cerca de mil anos antes do nascimento<br />
de Jesus Cristo, o salmista Davi escreveu: “Até o meu<br />
amigo íntimo, em quem eu confiava, que comia do meu<br />
pão, levantou contra mim o calcanhar” (Salmos 41:9).<br />
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Trata-se de uma profecia que teria o seu comprimento na<br />
traição de Judas a Jesus Cristo.<br />
Salmos 55:12 – 14, o salmista Davi torna a falar sobre essa<br />
traição:<br />
“Com efeito, não é inimigo que me afronta: se o fosse, eu<br />
o suportaria; nem é o que me odeia que se exalta contra<br />
mim: pois dele eu me esconderia; mas és tu, homem meu<br />
igual, meu companheiro, e meu íntimo amigo. Juntos<br />
andávamos, juntos nos entretínhamos, e íamos com a<br />
multidão à casa de Deus”. Esse amigo foi Judas, traidor de<br />
Jesus. Porque Jesus chamou Judas de amigo no<br />
Getsêmani no momento da traição, no momento em que<br />
Judas o entregou? Não seria para afirmar a essa profecia?<br />
Já havia pensado nisso? – Jesus perguntou: Amigo, que é<br />
que o traz? Então os homens se aproximaram, agarraram<br />
Jesus e o prenderam” – Mateus 26:50. Continuemos.<br />
E porque esses homens não acreditarão em Cristo Paulo?<br />
Romanos 11:5 – 10: “Assim, pois, também agora, no tempo<br />
de hoje, sobrevive um remanescente segundo a eleição da<br />
graça. E, se é pela graça, já não é pelas obras; do<br />
contrário, a graça já não é graça. Que diremos, pois? O que<br />
Israel busca, isso não conseguiu; mas a eleição o<br />
alcançou; e os mais foram endurecidos, como está escrito:<br />
Deus lhes deu espírito de entorpecimento, olhos para não<br />
ver e ouvidos para não ouvir; até ao dia de hoje. E diz Davi:<br />
Torne-se-lhes a mesa em laço e armadilha, em tropeço e<br />
punição; escureçam-se-lhes os olhos, para que não vejam,<br />
e fiquem para sempre encurvadas as suas costas”.<br />
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E mais, em outra parte as Escrituras Sagradas diz: Esta é<br />
a pedra em que as pessoas vão tropeçar, a rocha que vai<br />
fazê-las cair. Os que não crêem tropeçam, porque<br />
desobedecem à mensagem; para o que também foram<br />
destinados – 1 Pedro 2:8. A causa de essas pessoas<br />
caírem não é a desobediência à mensagem (o Evangelho),<br />
mas a vontade de Deus em fazer delas pessoas rebeldes<br />
“para o que também foram destinados (por Deus)” O termo<br />
“Também foram destinados” no grego “kai etethēsan καὶ<br />
ἐτέθησαν” – significa algo estabelecido, ordenado. Para o<br />
que também foram postos (condicionados). O mesmo<br />
divino propósito que, com base na presciência de Deus<br />
(conselho), escolheu os leitores de Pedro por Seus<br />
próprios filhos, tristemente ordenou os desobedientes para<br />
sua única alternativa (a perdição). É isso o que as<br />
escrituras ensinam. Então, Deus predestinou pessoas a<br />
tropeçarem em Sua palavra com o intuito de manifestar a<br />
Sua Santa ira? Sim! É exatamente o que está escrito nesse<br />
texto. E como posso entender de forma mais clara a essa<br />
passagem?<br />
Deve-se fazer um paralelo com Romanos 9:18 – 22 que<br />
declara: “Portanto, Deus tem misericórdia de quem Ele<br />
quer e endurece o coração de quem Ele quer. Algum de<br />
vocês vai me dizer: Se é assim, como é que Deus pode<br />
encontrar culpa nas pessoas? Quem pode ir contra a<br />
vontade de Deus? Mas quem é você, meu amigo, para<br />
discutir com Deus? Será que um pote de barro pode<br />
perguntar a quem o fez: Por que você me fez assim? Pois<br />
o homem que faz o pote tem o direito de usar o barro como<br />
quer. Do mesmo barro ele pode fazer dois potes: um pote<br />
para uso especial e outro para uso comum. E que direis se<br />
Deus, querendo mostrar a Sua ira, e dar a conhecer o Seu<br />
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poder, suportou com muita paciência os vasos da ira,<br />
preparados para a perdição. Quando entendemos quem<br />
Deus é (Santo), e o que a Sua criação, em especial o<br />
homem se tornou (um pecador que afronta a todos os<br />
segundos de Sua vida, a esse Deus Santo e Justo, por<br />
Suas ações, palavras e pensamentos), compreendemos<br />
com mais clareza esses textos. São textos espirituais, que<br />
pessoas carnais jamais entenderão, pois apoiam Seu<br />
intelecto as suas obras, se entendessem o significado do<br />
Sacrifício de Cristo na Cruz do Calvário, entenderiam<br />
possivelmente, talvez um dos motivos por que Deus quis<br />
escolher alguns e outros não. Pois, Deus tem amor no<br />
centro da Sua justiça, e a Sua justiça no centro de Seu<br />
amor. Para Ele ser Deus, se faz necessário manifestar o<br />
amor e a Sua justiça, se faz necessário manifestar o Ser<br />
Soberano e Criador que Ele é. Do contrário, não seria<br />
Deus.<br />
(5) Todos os homens serão salvos?<br />
“Eu sou o bom pastor. Assim como o Pai me conhece, e eu<br />
conheço o Pai, assim também conheço as minhas ovelhas,<br />
e elas me conhecem. E estou pronto para morrer por elas<br />
(por Suas ovelhas)” – João 10:14. A resposta de Cristo é<br />
enfática em declarar que morreria somente por Suas<br />
ovelhas. Podemos enfatizar algo na fala de Cristo, se<br />
pensarmos por um momento quantos animais existem no<br />
mundo e dissermos: gostamos de cavalos. Significa que<br />
gostamos de cavalos, e algumas pessoas podem dizer,<br />
mas eles também gostam de vacas e cachorros. Mas não<br />
foi isso que dissemos. O que dizemos foi: Gostamos de<br />
cavalos! Cristo disse que morreria por Suas ovelhas. Não<br />
por cabritos, por exemplo!<br />
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[...] e porá as ovelhas à Sua direita, mas os cabritos, à<br />
esquerda; então, dirá o Rei aos que estiverem à Sua<br />
direita: Vinde, benditos (escolhidos) de meu Pai! Entrai na<br />
posse do reino que vos está preparado desde a fundação<br />
do mundo (eleição incondicional). E o que Cristo dirá para<br />
os cabritos? Já percebeu que muitos não conseguem<br />
diferenciar uma ovelha de um cabrito? Mas existem<br />
características na biologia que os diferenciam. Os cabritos<br />
tem carne magra com coloração escura e os cordeiros<br />
apresenta carne clara, macia e rica em gordura. E é por<br />
causa da alimentação? Não! Tanto ovelhas como cabritos<br />
comem da mesma espécie de comida (graça comum – Joio<br />
e Trigo, o sol e a chuva para todos – Justos e injustos). Mas<br />
o que isso tem haver com predestinação e eleição? Como<br />
posso entender essa analogia? Simples! Vejamos essa<br />
ilustração.<br />
“O carneiro, a ovelha e o cordeiro são da mesma espécie<br />
dos ovinos, já as cabras, cabritos e bodes são da espécie<br />
dos caprinos e há, visivelmente, muita diferença entre<br />
ambas as espécies a começar pelo sabor da carne e<br />
também da fase de vida infanto e adulta. O carneiro é um<br />
ovino já de fase adulta com mais de um ano de idade,<br />
quando já está apto para realizar a cruza com a fêmea. O<br />
cordeiro, por outro lado, permanece cordeiro, até um ano<br />
de idade, pois nessa fase não tem interesse nenhum pela<br />
cruza. O mesmo acontece com os caprinos. O cabrito é o<br />
correspondente ao cordeiro em sua fase imatura para o<br />
sexo, enquanto o bode é o correspondente do carneiro em<br />
sua fase adulta, prontos para a procriação. Agora uma<br />
colocação: Jesus Cristo é tido como o Cordeiro de Deus<br />
que tira o pecado do mundo. Sabe onde vamos chegar não<br />
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é? Isso mesmo. Jesus era virgem. Permaneceu Cordeiro e<br />
morreu Cordeiro. Na Lei mosaica acontecia o mesmo. Os<br />
animais preferidos para fazerem expiação dos pecados<br />
dos israelitas eram o cordeiro de até um ano de idade, pois<br />
nesta fase eram puros e sem máculas. Não eram<br />
contaminados com as fêmeas. Não me perguntem por que<br />
é assim. Está escrito assim e aparece assim nas Sagradas<br />
Escrituras, a Bíblia Sagrada. Observe também, os textos<br />
de (Apocalipse 14:4; cf. Mateus 7:21 – 23)”. “As ovelhas<br />
(os eleitos) de Deus são purificadas pelo Sangue do puro<br />
e Santo Cordeiro de Deus (Jesus o Cristo) em Seu<br />
sacrifício na Cruz, e todos fazem parte na mesma raça –<br />
“Mas vocês são a raça escolhida [...]” – 1 Pedro 2:9 (NTLH)<br />
– Raça de ovinos!<br />
E os cabritos (caprinos) o que ouvirão?<br />
“Então, o Rei dirá também aos que estiverem à Sua<br />
esquerda (Os cabritos impuros – não eleitos – “não<br />
virgens”): Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno,<br />
preparado para o diabo e seus anjos”. (cf. Apocalipse 14:4).<br />
Seriam essas ovelhas os eleitos? Sim!<br />
De acordo com o evangelho de João (13:18): “Não falo a<br />
respeito de todos vós, “pois eu conheço aqueles que<br />
escolhi”; é, antes, para que se cumpra a Escritura: Aquele<br />
que come do meu pão levantou contra mim seu calcanhar”.<br />
Ou seja, Cristo nessa ocasião está ensinado a Seus<br />
discípulos acerca do verdadeiro significado da serventia<br />
que seguiria como sinal de humildade a todos que o<br />
serviriam como servos (eleitos – os salvos), mas nem<br />
todos, pois, Judas Iscariotes de acordo com algumas<br />
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profecias, como citado acima, havia sido predestinado para<br />
ser o filho perdição. Lembremo-nos que Pedro nega a<br />
Cristo três vezes, mas é salvo. Não por obras, mas pela<br />
eleição de Deus.<br />
(6) O homem pode exercer seu livre–arbítrio, e lutar<br />
com todas as suas forças para obter a salvação por<br />
seus próprios méritos?<br />
“Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não<br />
trouxer [...]” – João 6: 44. De acordo com a instrução em 2<br />
Timóteo 1:9 onde Paulo declara: [...] que nos salvou e nos<br />
chamou com uma santa vocação, não em virtude das<br />
nossas obras, mas por causa da Sua própria determinação<br />
e graça. Esta graça nos foi dada em Cristo Jesus desde os<br />
tempos eternos [...]. Em 2 Tessalonicenses 2:13, 14 diz<br />
que: “Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por<br />
vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos<br />
escolheu desde o princípio para a salvação, pela<br />
santificação do Espírito e fé na verdade, para o que<br />
também vos chamou mediante o nosso evangelho, para<br />
alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo”.<br />
(7) O Senhor Jesus Cristo deu a vida por todos os<br />
homens da terra?<br />
“Jesus respondeu: — Eu já disse, mas vocês não<br />
acreditaram. As obras que eu faço pelo poder do nome do<br />
meu Pai falam a favor de mim, mas vocês “não creem<br />
porque não são minhas ovelhas (não – eleitos)”. As<br />
“minhas ovelhas (eleitos)” escutam a minha voz; eu as<br />
conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna, e<br />
por isso “elas nunca morrerão. Ninguém poderá arrancá-<br />
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las da minha mão (perseverança dos santos)”. (Tendo por<br />
certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa<br />
obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo [...] –<br />
Filipenses 1:6. O poder que o Pai me deu é maior do que<br />
tudo, e ninguém pode arrancá-las da mão dEle.<br />
(8) Qual a consequência de um cristão ensinar a doutrina<br />
da Predestinação e Eleição?<br />
Então eles tornaram a pegar pedras para matar Jesus. E<br />
Ele disse: — Eu fiz diante de vocês muitas coisas boas que<br />
o Pai me mandou fazer. Por causa de qual delas vocês<br />
querem me matar? Eles responderam: — Não é por causa<br />
de nenhuma coisa boa que queremos matá-lo, mas<br />
porque, ao dizer isso, você está blasfemando contra Deus.<br />
“Pois você, que é apenas um ser humano, está se fazendo<br />
de Deus” – João 10:25 – 33.<br />
E como as pessoas tratam os calvinistas quando os<br />
mesmos ensinam sobre predestinação e eleição? São com<br />
flores ou com pedras? E qual o calvinista que não foi<br />
acusado de querer ser Deus, por ensinar que não serão<br />
todos salvos? E qual o calvinista que não recebeu o nome<br />
de blasfemo por expor o que a Bíblia ensina? Se Cristo<br />
ensinou sobre predestinação e eleição, por que não<br />
ensinar nos dias atuais? Se Cristo ensinou devo ensinar,<br />
se Ele foi mal compreendido, as Suas ovelhas entenderão<br />
e aceitarão a Sua palavra, pois elas escutam a Sua voz.<br />
Devemos imitá-lo ou não? Sim! Em tudo e em todas as<br />
coisas, até nos sofrimentos. O escravo não é maior que o<br />
Seu senhor. O cristão não é maior que o Seu Senhor, se<br />
perseguiram o Mestre Jesus por Sua palavra, os cristãos<br />
também serão perseguidos por Sua palavra. Mas não<br />
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serão envergonhados diante do Pai (de Deus nem dos<br />
anjos) por negarem a Sua palavra. Amém.<br />
“Digo-vos mais: todo aquele que me confessar diante das<br />
pessoas, também o Filho do homem (Jesus – a Palavra –<br />
o logos) o confessará diante dos anjos de Deus. No<br />
entanto, o que me negar (Jesus – a Palavra) diante dos<br />
homens será negado diante dos anjos de Deus” – Lucas<br />
12:8, 9.<br />
(9) E porque as pessoas não crê e não crerão no Senhor?<br />
“Mas vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas,<br />
como já vos afirmei” – João 10:26. De acordo com Atos<br />
13:48 que diz: “Os gentios, ouvindo isto, regozijavam-se e<br />
glorificavam a palavra do Senhor; e creram todos os que<br />
haviam sido “destinados” para a vida eterna”.<br />
Os que creram e crerão, tem e terão a fé salvífica porque<br />
foram predestinados para a salvação. Os que professam a<br />
fé em Cristo professam porque são eleitos, e o dom da fé<br />
é dado somente aos eleitos.<br />
“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não<br />
vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que<br />
ninguém se glorie; Porque somos feitura Sua, criados em<br />
Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou<br />
para que andássemos nelas” – Efésios 2:8 – 10.<br />
Portanto, se você acredita em Cristo como único e<br />
suficiente Salvador, não foi por você ter o escolhido e o<br />
aceitado por Seu evangelho (as boas novas de salvação),<br />
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mas porque Ele o escolheu desde antes a fundação deste<br />
mundo de acordo com a Sua palavra.<br />
“[...] assim como nos escolheu, nEle, antes da fundação do<br />
mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante Ele;<br />
e em amor; nos predestinou para Ele, para a adoção de<br />
filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de<br />
sua vontade”. (cf. Romanos 8:28 – 30).<br />
“É o amado Filho que se fez maldito, para que os malditos<br />
fossem amados, é o Filho que se fez maldito, para que os<br />
malditos fossem feitos filhos” (cf. Gálatas 3:13).<br />
E a maior prova da Sua eleição é que o Seu nome não foi<br />
escrito no Livro da vida no momento da Sua conversão, ou<br />
em algum momento de sua vida, mas desde a eternidade,<br />
de acordo com Apocalipse 13:8; 17:8 (NTLH).<br />
“Todos os que vivem na terra o adorarão, menos aqueles<br />
que, desde antes da criação do mundo, têm o nome escrito<br />
no Livro da Vida, o qual pertence ao Cordeiro, que foi<br />
morto” – “O monstro que você viu estava vivo, mas agora<br />
não vive mais. Ele está para subir do abismo, e dali sairá,<br />
e será destruído.<br />
Os moradores da terra que desde a criação do mundo não<br />
têm os seus nomes escritos no Livro da Vida ficarão<br />
espantados quando olharem para o monstro. Ele estava<br />
vivo; agora não vive mais, porém tornará a aparecer”.<br />
Você acreditando ou não na predestinação e eleição, não<br />
tirará a bondade e a justiça de Deus em ter te escolhido (a)<br />
em Cristo desde antes a fundação do mundo. Você pode<br />
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até não aceitar a essa instrução bíblica, mas jamais poderá<br />
riscar os nomes predestinação e eleição da Escritura.<br />
O conselho é que ore e estude a Escritura de forma sincera<br />
e verdadeira, dependente de Deus, para que através do<br />
Espírito Santo ilumine a Sua mente para a compreensão, e<br />
assim você encontre nessa instrução Suas riquezas e<br />
tenha gozo, esperança e felicidade em saber que gozará<br />
em segurança na terra das bênçãos de Deus, esperando<br />
gozar em alegria, unidos para sempre com Deus (Deus Pai,<br />
Deus Filho e Deus Espírito Santo) no céu, por meio de<br />
Cristo.<br />
“Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós,<br />
e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto<br />
permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome<br />
pedirdes ao Pai, Ele vo-lo conceda. [...] Se vós fôsseis do<br />
mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não<br />
sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é<br />
que o mundo vos odeia”. (João 15:16, 19).<br />
(v. 20) “Lembrem-se das palavras que eu lhes disse:<br />
nenhum escravo é maior do que o seu senhor. Se me<br />
perseguiram, também perseguirão vocês. Se obedeceram<br />
à minha palavra, também obedecerão à de vocês”.<br />
CONCLUSÃO<br />
Existe justiça em Deus em condenar pecadores à<br />
condenação eterna, e existe justiça em Deus em resgatar<br />
aqueles que não eram resgatáveis para o gozo eterno, o<br />
primeiro decreto, a Sua justiça será por Sua ira, e o<br />
segundo decreto a Sua justiça será por Seu imutável amor.<br />
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Mas não esqueçamos que a Sua justiça e amor não si<br />
apoiam nas obras meritórias do homem, mas na morte, e<br />
nos méritos infinitos de Seu único, amado e eterno Filho<br />
Jesus Cristo. Amém.<br />
“Este é o meu Filho amado em quem me agrado. Ouçamno!”<br />
– Mateus 17:5; cf. Mateus 3:17.<br />
Obrigado Senhor por Sua Palavra!<br />
É POSSÍVEL QUE O NOME <strong>DE</strong> UM CRISTÃO<br />
SEJA APAGADO DO LIVRO DA VIDA?<br />
“Todos os que vivem na terra o adorarão, menos aqueles<br />
que, desde antes da criação do mundo, têm o nome escrito<br />
no Livro da Vida, o qual pertence ao Cordeiro, que foi<br />
morto” – Apocalipse 13:8.<br />
A luz de Apocalipse 3:5 – 13:8 – 22:18, 19.<br />
Moody define (22:18, 19):<br />
O livro, com exceção da saudação, termina com mais uma<br />
solene advertência contra o acrescentar ou tirar alguma<br />
coisa às palavras da profecia deste livro. Não conheço<br />
ninguém que tenha comentado isto de maneira mais<br />
aceitável do que Lang: “A revelação da verdade está<br />
completa, pois nada pode estar além do estado eterno.<br />
Enquanto na letra estrita, a ameaça desta terrível<br />
advertência se aplica ao Apocalipse, visto, no entanto, que<br />
esta porção do Livro de Deus está enraizada em,<br />
interligada com e é o final de toda a Palavra de Deus, torna-<br />
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se impossível falsificar este livro final, sem maltratar o que<br />
Deus concedeu antes”.<br />
Apocalipse 22:19 diz: “Se alguém tirar alguma palavra<br />
deste livro de profecia, Deus tirará dele a sua parte na<br />
árvore da vida e na cidade santa, que são descritas neste<br />
livro”. Este versículo é normalmente envolvido no debate<br />
sobre a segurança eterna. Será que Apocalipse 22:19<br />
significa que o nome de uma pessoa, depois de ter sido<br />
escrito no Livro da Vida do Cordeiro, pode em algum<br />
momento no futuro ser apagado? Em outras palavras, pode<br />
um cristão perder a salvação?<br />
Em primeiro lugar, as Escrituras deixam claro que um<br />
verdadeiro crente é protegido pelo poder de Deus, selado<br />
para o dia da redenção (Efésios 4:30), e que o Filho não<br />
perderá nenhum dos que o Pai lhe deu (João 6:39). O<br />
Senhor Jesus Cristo proclamou: “Eu lhes dou a vida eterna,<br />
e elas jamais perecerão; ninguém as poderá arrancar da<br />
minha mão. Meu Pai, que as deu para mim, é maior do que<br />
todos; ninguém as pode arrancar da mão de meu Pai”<br />
(João 10:28, 29b; cf. Romanos 8:31 – 39). A salvação é<br />
uma obra de Deus, não nossa (Tito 3:5), e é o Seu poder<br />
que nos protege.<br />
Se não aos cristãos, então a quem esse “alguém” de<br />
Apocalipse 22:19 se refere?<br />
Em outras palavras, quem talvez queira adicionar ou tirar<br />
palavras da Bíblia? Talvez aqui seja a chave para a<br />
interpretação. Muito provavelmente, esta adulteração da<br />
Palavra de Deus não seria feita pelos verdadeiros cristãos,<br />
mas por aqueles que apenas professam ser cristãos e que<br />
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supõem que seus nomes estejam no Livro da Vida. De um<br />
modo geral, os dois principais grupos que têm<br />
tradicionalmente adulterado a revelação são seitas<br />
pseudo-cristãs e aqueles que sustentam crenças<br />
teológicas muito liberais. Muitas seitas e teólogos liberais<br />
reivindicam o nome de Cristo para si, mas não são<br />
nascidos de novo, o termo bíblico definitivo para um cristão.<br />
A Bíblia cita vários exemplos de pessoas que achavam que<br />
eram crentes, mas cuja profissão de fé foi provada como<br />
sendo falsa. Em João 15, Jesus se refere a elas como<br />
ramos que não permaneceram nEle, a Videira verdadeira<br />
e que, portanto, não produziram nenhum fruto. Sabemos<br />
que são falsos porque “Vocês os reconhecerão por seus<br />
frutos” (Mateus 7:16, 20). Por outro lado, os verdadeiros<br />
discípulos demonstrarão o fruto do Espírito Santo que<br />
reside dentro deles (Gálatas 5:22). Em 2 Pedro 2:22,<br />
mestres falsos são cães que retornam ao seu próprio<br />
vômito e a porca lavada que “voltou a revolver-se na lama”.<br />
O ramo estéril, o cão e o porco são todos símbolos<br />
daqueles que professam ter salvação, mas que não podem<br />
confiar em nada mais que em sua própria justiça, pois não<br />
possuem a justiça de Cristo que verdadeiramente salva.<br />
É duvidoso que aqueles que se arrependeram de seus<br />
pecados e nasceram de novo voluntariamente adulterariam<br />
a Palavra de Deus de qualquer forma, seja acrescentando<br />
ou tirando dela. É claro que reconhecemos que pessoas<br />
boas têm tido sinceras diferenças na área de crítica textual,<br />
e interpretação bíblica. No entanto, pode-se demonstrar<br />
como os cultistas e liberais têm repetidamente tanto<br />
“acrescentado” quanto “tirado”. Assim, podemos entender<br />
a advertência de Deus em Apocalipse 22:19 desta<br />
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maneira, qualquer um que mexer com essa mensagem<br />
crucial vai descobrir que Deus não colocou o seu nome no<br />
Livro da Vida, será negado o acesso à Cidade Santa e<br />
perderá qualquer expectativa de todas as coisas boas que<br />
Ele promete aos seus santos neste livro.<br />
De um ponto de vista puramente lógico, por que o<br />
Soberano e Onisciente Deus, Aquele que conhece o fim<br />
desde o começo (Isaías 46:10) escreveria um nome no<br />
Livro da Vida já sabendo que teria de removê-lo quando<br />
essa pessoa eventualmente negasse a fé? Além disso, ler<br />
essa advertência dentro de seu contexto no parágrafo em<br />
que aparece (Apocalipse 22:6 – 19) mostra claramente que<br />
Deus permanece consistente, apenas aqueles que têm<br />
dado atenção às Suas advertências, arrependeram-se e<br />
nasceram de novo, poderão antecipar algo de bom na<br />
eternidade. Todos os outros, infelizmente, têm um futuro<br />
terrível e aterrorizante à sua espera.<br />
Apocalipse 3:5 é outro versículo muito importante para<br />
essa questão. “O vencedor [...] Jamais apagarei o seu<br />
nome do livro da vida”. O “vencedor” mencionado nessa<br />
carta a Sardes é o cristão. Compare isso com 1 João 5:4:<br />
“O que é nascido de Deus vence o mundo” e o versículo 5:<br />
“Quem é que vence o mundo? Somente aquele que crê que<br />
Jesus é o Filho de Deus” (cf. 1 João 2:13). Todos os<br />
crentes são “vencedores” por terem a vitória sobre o<br />
pecado e a incredulidade do mundo por meio de Cristo.<br />
“Contudo, em todas as coisas somos mais que<br />
vencedores, por meio daquele que nos amou (Jesus<br />
Cristo)” – Romanos 8:37. (cf. 1 João 4:10, 19; João 3:16;<br />
Lucas 7:47).<br />
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Algumas pessoas veem em Apocalipse 3:5 a imagem de<br />
Deus com sua caneta em posição pronta para eliminar o<br />
nome de qualquer cristão que peque. Eles interpretam algo<br />
mais ou menos assim: “Se você fracassar e não conquistar<br />
a vitória, então perderá a sua salvação! Na verdade,<br />
apagarei o seu nome do Livro da Vida!” Entretanto, não é<br />
isso o que o versículo diz. Jesus está dando uma promessa<br />
aqui, não uma advertência.<br />
As Escrituras nunca dizem que Deus apaga o nome de um<br />
crente do Livro da Vida, nunca há sequer um aviso de que<br />
esteja contemplando fazê-lo. A maravilhosa promessa de<br />
Apocalipse 3:5 é que Jesus não apagará o nome de<br />
ninguém. Falando aos “vencedores”, todos os redimidos<br />
pelo sangue do Cordeiro. Jesus dá a Sua palavra de que<br />
não apagará os seus nomes. Ele afirma que quando um<br />
nome se encontra no livro, então está lá para sempre. Isso<br />
é baseado na fidelidade de Deus, e não na do homem,<br />
pois, o mesmo é infiel, mas mesmo sendo infiel, Deus<br />
permanece fiel (2 Timóteo 2:13; cf. 1 Coríntios 3:15).<br />
“[...] se somos infiéis, Ele permanece fiel; porque não pode<br />
negar-se a Si mesmo”.<br />
A promessa de Apocalipse 3:5 é direcionada aos crentes,<br />
os quais estão seguros na sua salvação. Em contraste, o<br />
aviso de Apocalipse 22:19 é direcionado aos incrédulos, os<br />
quais, ao invés de direcionarem seus corações para Deus,<br />
tentam mudar a Palavra de Deus para servir os seus<br />
propósitos perversos.<br />
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De acordo com Apocalipse 13:8 que diz “[...] menos<br />
aqueles que, desde antes da criação do mundo, têm o<br />
nome escrito no Livro da Vida, o qual pertence ao Cordeiro,<br />
que foi morto” (NTLH). Todos que estão com seus nomes<br />
escritos no Livro da vida já estiveram seus nomes escritos<br />
desde a fundação do mundo, e não no momento da<br />
conversão. Simples assim! (Efésios 1:4 – 6).<br />
Uma breve reflexão exegética.<br />
Deus nos elegeu segundo o beneplácito de Sua vontade:<br />
Todos os salvos são eleitos desde a fundação do mundo,<br />
todos são predestinados por Deus para a salvação como<br />
alguns textos bíblicos relatam:<br />
(1) “Os gentios, ouvindo isto, regozijavam-se e glorificavam<br />
a palavra do Senhor; e creram todos os que haviam sido<br />
destinados para a vida eterna”. (Atos 13:48).<br />
O termo grego usado para “destinados” é “tetagmenoi –<br />
τεταγμένοι” que imprime a ideia de designar por<br />
responsabilidade ou autoridade própria (ordenar). Existe<br />
uma ideia implícita nesse termo grego: designar um posto<br />
a, com uma sugestão de responsabilidades associadas a<br />
ela, frequentemente de nomeação militar. Paulo quase<br />
sempre descreve essa ideia em suas epístolas, ele sempre<br />
se coloca como um militar de Cristo, ou usa de exemplos<br />
para ilustrar um ensinamento. “Combati o bom combate,<br />
acabei a carreira, guardei a fé” (2 Timóteo 4:7). “Milita a<br />
boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, para a qual<br />
também foste chamado, tendo já feito boa confissão diante<br />
de muitas testemunhas” (1 Timóteo 6:12). Paulo usa em<br />
uma das suas mais belas exposições a figura de um<br />
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soldado (a armadura de Deus) – Efésios 6 para ilustrar a<br />
batalha espiritual dos eleitos de Deus.<br />
E porque esse termo é usado por Lucas? Simples!<br />
“Os judeus tentavam guardar para si todos seus privilégios.<br />
De um começo os cristãos viram que os privilégios só se<br />
outorgam para ser compartilhados. Os judeus tentavam<br />
fechar as portas. De começo os cristãos viram que as<br />
portas deviam abrir-se. Como se disse: Os judeus<br />
consideravam os gentios como palha que devia queimarse;<br />
Jesus os considerou frutos que deviam colher-se para<br />
Deus. E sua Igreja deve ter a mesma visão de um mundo<br />
para Cristo”.<br />
(2) “Assim como nos escolheu, nEle, antes da fundação do<br />
mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante Ele;<br />
e em amor, nos predestinou para Ele, para a adoção de<br />
filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de<br />
Sua vontade”. (Efésios 1:4, 5).<br />
Paulo usa um termo com um significado muito forte para<br />
descrever a escolha de Deus segundo a Sua boa vontade.<br />
O termo grego é “exelexato – ἐξελέξατο” que existem<br />
muitas definições as quais se destacam selecionar,<br />
escolher para si mesmo, escolher entre muitos, como<br />
Jesus que escolheu seus discípulos, de Deus que escolhe<br />
quem ele julga digno de receber seus favores e separa do<br />
resto da humanidade para ser peculiarmente seu e para<br />
ser assistido continuamente pela sua graciosa supervisão.<br />
De Deus Pai que escolhe os cristãos como aqueles que ele<br />
separa da multidão sem religião como seus amados, aos<br />
quais transformou, através da fé em Cristo, em cidadãos<br />
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do reino messiânico: (Tiago 2:5) de tal forma que o critério<br />
de escolha arraiga-se unicamente em Cristo e seus<br />
méritos.<br />
Devemos lembrar-nos de que nos (v. 4 – 6) o apóstolo<br />
Paulo está interessado em mostrar a parte que o Pai<br />
desempenha nesta grande redenção que usufruímos. Ele<br />
irá adiante para mostrar a parte desempenhada pelo Filho<br />
e, subsequentemente a parte desempenhada pelo Espírito<br />
Santo, mas começa pelo Pai, “o Deus e Pai de nosso<br />
Senhor Jesus Cristo”, e já vimos que inclui a nossa adoção<br />
como filhos de Deus e todos os privilégios que nos vêm<br />
como resultado disso. No entanto, não podemos<br />
abandonar este grande assunto neste ponto (eleição),<br />
porque no momento em que o examinamos atentamente<br />
vemos que certos princípios estão incluídos nesta<br />
declaração, princípios que são de vital importância para a<br />
posição cristã e que, se negligenciarmos ou os<br />
entendermos mal, poderemos provavelmente estar<br />
militando contra o nosso bem-estar.<br />
(3) “Que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não<br />
segundo as nossas obras, mas conforme sua própria<br />
determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus,<br />
antes dos tempos eternos”. (2 Timóteo 1:9).<br />
“[...] nos chamou” no grego “kalesantos – καλέσαντος”<br />
literalmente significa chamar alguém pelo nome, se<br />
pensarmos, Deus nos chama pelo nome que Ele mesmo<br />
colocou no Livro da Vida antes da fundação do mundo. Em<br />
suma o termo denota “receber o nome de”, para Deus em<br />
Seu decreto, filhos adotivos por meio de Sua graça<br />
evidenciada pela encarnação de Cristo, morte e<br />
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essurreição. Para a esfera espiritual, invisível, eleitos<br />
segundo Sua própria determinação – propósito (“prothesin<br />
– πρόθεσιν”).<br />
(4) “Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por<br />
vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos<br />
escolheu desde o princípio para a salvação, pela<br />
santificação do Espírito e fé na verdade, para o que<br />
também vos chamou mediante o nosso evangelho, para<br />
alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo”. (2<br />
Tessalonicenses 2:13, 14).<br />
O termo grego para “escolheu” é “heilato – εἵλατο” que<br />
significa tomar para si, preferir, escolher.<br />
(5) “E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum<br />
eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o<br />
ressuscitarei no último dia”. (João 6:39).<br />
O termo usado para “me deu” é “ho dedōken – ὃ δέδωκέν”<br />
denotando a ideia de dar algo a alguém de livre e<br />
espontânea vontade, para sua vantagem, e essa<br />
“vantagem” aqui é descrita em algumas passagens, como<br />
por exemplo, Efésios 1:6 “[...] para louvor e glória da Sua<br />
graça [...]”. Deus nos elegeu para louvor e glória da Sua<br />
graça. Uma graça imerecida, e dada incondicionalmente.<br />
(6) “E Ele enviará os anjos e reunirá os seus escolhidos dos<br />
quatro ventos, da extremidade da terra até à extremidade<br />
do céu”. (Marcos 13:27).<br />
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O termo grego usado para “escolhidos” em Marcos 16:27 é<br />
o mesmo termo usado em Efésios 1:4 “exelexato –<br />
ἐξελέξατο”.<br />
(7) “Assim, pois, também agora, no tempo de hoje,<br />
sobrevive um remanescente segundo a eleição da graça.<br />
E, se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a<br />
graça já não é graça. Que diremos, pois? O que Israel<br />
busca, isso não conseguiu; mas a eleição o alcançou; e os<br />
mais foram endurecidos, como está escrito: Deus lhes deu<br />
espírito de entorpecimento, olhos para não ver e ouvidos<br />
para não ouvir; até ao dia de hoje. E diz Davi: Torne-se lhes<br />
a mesa em laço e armadilha, em tropeço e punição;<br />
escureçam-se lhes os olhos, para que não vejam, e fiquem<br />
para sempre encurvadas as suas costas”. (Romanos 11:5<br />
– 10).<br />
(v. 5) A oração “a eleição da graça” é muito bem definida<br />
pelo termo grego “eklogēn – ἐκλογὴν” que significa o ato de<br />
selecionar, escolha do ato de livre arbítrio de Deus pela<br />
qual, antes da fundação do mundo (Efésios 1:4), decretou<br />
suas bênçãos sobre certas pessoas. O termo expressa o<br />
decreto feito através da escolha pelo qual decidiu abençoar<br />
certas pessoas em Cristo apenas pela graça, pessoa<br />
escolhida. Eleito de Deus.<br />
(8) “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e<br />
amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de<br />
humildade, de mansidão, de longanimidade”. (Colossenses<br />
3:12).<br />
O termo grego para “eleitos” é “eklektoi – ἐκλεκτοὶ” que<br />
significa ser selecionado, escolhido por Deus para obter<br />
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salvação em Cristo. Por isso, os cristãos são chamados “οἱ<br />
ἐκλεκτοί τοῦ Θεοῦ” –, os escolhidos ou eleitos de Deus. (cf.<br />
Isaías 65:9, 15, 23; Lucas 18:7; Romanos 8:33; Tito 1:1;<br />
Mateus 24:22, 24 ; Marcos 13:20, 22; 1 Pedro 1:2).<br />
Paulo começa dirigindo-se aos colossenses como os<br />
escolhidos de Deus, santos e amados. O significativo é que<br />
cada uma destas três palavras correspondia<br />
originariamente aos judeus. Eles eram o povo escolhido, a<br />
nação santa e consagrada (hagios), eles eram os amados<br />
de Deus. Paulo toma estas três importantes palavras que<br />
num tempo tinham sido possessão de Israel, para aplicálas<br />
aos gentios. Desta maneira mostra que o amor e a<br />
graça de Deus chegaram aos limites da terra: Na economia<br />
de Deus já não existe a cláusula de “nação mais<br />
favorecida”.<br />
(9) “Eleitos, segundo a presciência de Deus pai, em<br />
santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do<br />
sangue de Jesus Cristo, graça e paz vos sejam<br />
multiplicadas”. (1 Pedro 1:2).<br />
É o mesmo termo grego “eklektoi – ἐκλεκτοὶ” que significa<br />
ser selecionado, escolhido por Deus para obter salvação<br />
em Cristo usado em Colossenses 3:12.<br />
(10) “Pelejarão eles contra o Cordeiro, e o Cordeiro os<br />
vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis;<br />
vencerão também os chamados, eleitos e fiéis que se<br />
acham com ele”. (Apocalipse 17:14).<br />
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“οὗτοι μετὰ τοῦ Ἀρνίου πολεμήσουσιν καὶ τὸ Ἀρνίον νικήσει<br />
αὐτούς, ὅτι Κύριος κυρίων ἐστὶν καὶ Βασιλεὺς βασιλέων, καὶ<br />
οἱ μετ’ αὐτοῦ κλητοὶ καὶ ἐκλεκτοὶ καὶ πιστοί”.<br />
O termo grego “eklektoi – ἐκλεκτοὶ” também aparece aqui<br />
em Apocalipse.<br />
(11) “Porque muitos são chamados, mas poucos,<br />
escolhidos (eklektoi – ἐκλεκτοὶ)”. (Mateus 22:14).<br />
“Porque surgirão falsos Cristos e falsos profetas operando<br />
grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os<br />
próprios eleitos (tous eklektous – τοὺς ἐκλεκτούς)”. (Mateus<br />
24:24).<br />
(12) “E ele enviará os seus anjos, com grande clangor de<br />
trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos (tous<br />
eklektous – τοὺς ἐκλεκτούς), dos quatro ventos, de uma a<br />
outra extremidade dos céus”. (Mateus 24:31).<br />
(13) “Então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita:<br />
Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que<br />
vos está preparado desde a fundação do mundo”. (Mateus<br />
25:34).<br />
CONCLUSÃO<br />
Não, um cristão não pode perder a salvação. Nada pode<br />
separar um cristão do amor de Deus (Romanos 8:38, 39).<br />
Nada pode remover um cristão da mão de Deus (João<br />
10:28, 29). Deus está disposto e é capaz de garantir e<br />
manter a salvação que nos prometeu. Judas 24, 25: “Ora,<br />
àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e<br />
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para vos apresentar com exultação, imaculados diante da<br />
sua glória, ao único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus<br />
Cristo, Senhor nosso, glória, majestade, império e<br />
soberania, antes de todas as eras, e agora, e por todos os<br />
séculos. Amém!”.<br />
Está claro na Escritura que aqueles que Deus elegeu para<br />
a salvação não terão seus nomes apagados do livro da<br />
vida, isso não significa que devemos “relaxar” em nossas<br />
vidas cristãs, mas pelo contrário, devemos honrar a Deus<br />
por tamanha graça, de ter-nos predestinado à salvação, e<br />
fazer de todas as formas possíveis que o Seu Santo nome<br />
seja glorificado em nossas vidas por tamanha bênção!<br />
Somos eleitos para sermos irrepreensíveis, e fomos<br />
chamados em santa vocação, essas são as marcas de um<br />
eleito.<br />
Devemos ter esse ensinamento atuante em nossas vidas<br />
como um consolo e um meio de energia para servirmos a<br />
Deus com toda a nossa alma, e desejo e entendimento.<br />
Pois, em Filipenses 1:6 diz: “Tendo por certo isto mesmo:<br />
que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará<br />
até ao Dia de Jesus Cristo”. Deus, através da morte de Seu<br />
Filho amado Jesus Cristo, nos justificou de todo pecado, e<br />
pelo Espírito Santo santificado em nossos corações nos<br />
guiará nos admoestando e nos ensinado a trilhar um<br />
caminho santo e irrepreensível até a volta de nosso Senhor<br />
e Salvador Jesus Cristo, e assim viveremos com Ele por<br />
toda a eternidade.<br />
Portanto, se você vê alguém orando para que Deus<br />
escreva o nome de tal pessoa no livro da vida, não acredite,<br />
isso não é verdade! É um erro. Os nomes dos cristãos (dos<br />
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eleitos) não são escrito no livro da vida no momento da<br />
conversão, mas na eternidade. E automaticamente ficam<br />
de fora os réprobos, aqueles que Deus pré-ordenou para<br />
serem vasos da ira, preparados para perdição (Romanos<br />
9:22; cf. Apocalipse 13:8).<br />
JUSTIFICADOS<br />
“Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por<br />
meio de nosso Senhor Jesus Cristo” – Romanos 5:1.<br />
Exegese de Romanos 5:1 – 11 – Justificados pela fé e paz<br />
com Deus.<br />
Depois de descrever o pecado temível e a perdição de toda<br />
a humanidade, Paulo revelou como Cristo, por meio de Sua<br />
morte na cruz, forneceu o caminho da salvação para todos<br />
os que se achegam a Deus em fé.<br />
Em seguida, Paulo se propôs a responder perguntas<br />
importantes que estavam, sem dúvida, na mente de seus<br />
leitores.<br />
As primeiras eram: qual é a extensão ou o quanto é certa<br />
essa salvação dada por Cristo? Podemos realmente estar<br />
certos? O que acontecerá se pecarmos depois de termos<br />
nos voltado para Cristo em fé? Paulo trata dessas questões<br />
no capítulo quinto (5:1 – 11).<br />
É uma das grandes passagens líricas (que se destaca pelo<br />
excesso de sentimentalismo) de Paulo, na qual canta a<br />
alegria profunda de confiança em Deus. A confiança da fé,<br />
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a aceitação de Deus por Sua Palavra, fez o que o esforço<br />
por realizar as obras da Lei nunca pôde fazer, deu ao<br />
homem paz com Deus. Antes que viesse Jesus, e antes<br />
que o homem aceitasse como verdadeiro o que Jesus<br />
disse a respeito de Deus, ninguém pôde jamais intimar<br />
(estabelecer a presença) com Deus. Há os que viram a<br />
Deus não como o supremo bem, mas sim como o supremo<br />
mal. Há os que o viram como completamente estranho,<br />
totalmente inalcançável.<br />
Os dois relatos.<br />
Em um dos livros do H.G. Wells (Herbert George Wells –<br />
1866 — 1946) encontra-se a história de um homem de<br />
negócios cuja mente estava tão tensa e, forçada que<br />
estava em sério perigo de uma crise nervosa e mental total.<br />
Seu médico lhe disse que a única coisa que poderia salválo<br />
era achar a paz que a relação com Deus podia dar-lhe.<br />
“O que”, respondeu, “pensar que aquilo, lá encima, possa<br />
ter comunhão comigo? Seria mais fácil pensar em refrescar<br />
minha garganta com a via Láctea ou estreitar as estrelas<br />
com as mãos!”. Deus, para ele, era completamente<br />
inalcançável.<br />
Rosita Forbes (16 de janeiro de 1890 – 30 de junho 1967),<br />
a viajante, relata que uma noite buscou refúgio em um<br />
templo de uma aldeia chinesa, porque não havia onde<br />
dormir. Despertou durante a noite e a luz da Lua incidia<br />
(atenuava) obliquamente através das janelas sobre os<br />
rostos das imagens dos deuses, e em cada rosto se<br />
desenhava um grunhido e um gesto de desprezo, como se<br />
os homens se odiassem.<br />
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ARA – Revista e Atualizada.<br />
(v. 1) “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com<br />
Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo [...]”.<br />
(v. 1) “Justificados” — a construção grega desse verbo<br />
indica uma declaração legal feita uma vez com resultados<br />
permanentes. “Δικαιωθέντες – dikaioma/Dikaiōthentes”<br />
significa aquilo que foi julgado justo de tal forma a ter força<br />
de lei, por sentença de Deus, ou seja, sentença favorável<br />
pela qual Ele, Deus, absolve o homem e o declara<br />
aceitável, (v. 1) “temos” do grego (ἔχομεν – echomen) —<br />
possuímos no presente, “paz com Deus” (v. 1) — uma<br />
realidade externa e objetiva, não um sentimento interior e<br />
subjetivo de serenidade e calma.<br />
O termo “dikaioma¹” em Mateus 12:37 “Porque por tuas<br />
palavras serás justificado¹ (dikaioma), e por tuas palavras<br />
serás condenado”, refere-se ao dia do julgamento como o<br />
dia determinante de sua condenação ou justificação,<br />
baseado na resposta de nosso coração ao Espírito. (cf.<br />
João 6:29; Isaías 32:17; João 16:33; Efésios 2:14;<br />
Colossenses 1:20).<br />
(v. 2) “[...] por intermédio de quem obtivemos igualmente<br />
acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e<br />
gloriamo-nos na esperança da glória de Deus”.<br />
(v. 2) “Acesso”— introdução, só quando nos damos conta<br />
de que Deus é o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo<br />
chega à nossa vida essa intimidade com Deus, essa nova<br />
relação que Paulo chama de justificação. Por meio de<br />
Jesus Cristo — diz Paulo — temos entrada, acesso à graça<br />
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na qual permanecemos firmes. O termo que Paulo utiliza<br />
para acesso é “προσαγωγὴν – prosagōgēn”, um termo que<br />
implica duas grandes figuras.<br />
(1) É o termo comum para referir-se à introdução ou<br />
apresentação de alguém perante a presença da realeza, e<br />
é o termo comum para referir-se à aproximação do<br />
adorador a Deus. É como se Paulo dissesse:<br />
“Jesus nos introduz à própria presença de Deus. Jesus nos<br />
abre as portas à presença do Rei dos reis; e quando essas<br />
portas se abrem o que achamos é graça, não condenação,<br />
nem juízo, nem vingança, mas a pura, imerecida, não<br />
motivada, incrível bondade de Deus”.<br />
(2) Mas o termo “prosagōgēn” contém outra figura. No<br />
grego posterior é o termo usado para referir-se ao lugar<br />
onde atracam os barcos. É o termo para enseada ou porto.<br />
Se tomarmos neste sentido, significa que por mais que<br />
tentemos depender de nossos próprios esforços somos<br />
varridos pela tempestade, como marinheiros que<br />
enfrentam um mar que ameaça destruí-los totalmente, mas<br />
agora ouvimos a palavra de Cristo, alcançamos enfim o<br />
porto da graça, e conhecemos a calma de depender não<br />
do que podemos fazer por nós mesmos, mas sim do que<br />
Deus tem feito por nós. Porque por meio de Jesus<br />
entramos na presença do Rei dos reis, entramos no porto<br />
da graça de Deus. (cf. Salmos 107:28, 29; João 10:9;<br />
Efésios 2:18; Hebreus 10:9; 1 Coríntios 15:1).<br />
O acesso é a esta graça na qual estamos firmes. Esta<br />
graça é o favor não merecido de Deus, que declara<br />
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justificados aqueles que colocaram a sua confiança em<br />
Jesus – Moody, p. 43.<br />
“E levantou-se grande temporal de vento, e subiam as<br />
ondas por cima do barco, de maneira que já se enchia. E<br />
Ele estava na popa, dormindo sobre uma almofada, e<br />
despertaram-no, dizendo-lhe: Mestre, não se te dá que<br />
pereçamos? E Ele, despertando, repreendeu o vento, e<br />
disse ao mar: Cala-te, aquieta-te. E o vento se aquietou, e<br />
houve grande bonança. E disse-lhes: Por que sois tão<br />
tímidos? Ainda não tendes fé? E sentiram um grande<br />
temor, e diziam uns aos outros: Mas quem é este, que até<br />
o vento e o mar lhe obedecem?” – Marcos 4:37 – 41.<br />
(Somente temos paz com Deus, em Jesus Cristo, o Mestre<br />
da sensibilidade, somente Ele resgata por amor, àqueles<br />
que não eram resgatáveis, Cristo é a nossa rocha<br />
inamovível, Ele é o nosso porto Seguro).<br />
(v. 2) “Estamos firmes” — ideia de permanência, de estar<br />
fixo e imóvel. O termo grego usado para “estamos firmes”<br />
é “ἑστήκαμεν – hestēkamen”, que significa continuar<br />
seguro e são, permanecer ileso, permanecer pronto,<br />
preparado, é a ideia de tornar firme uma pessoa sustentada<br />
por uma autoridade. (cf. Filipenses 1:6).<br />
(v. 2) “Esperança” — uma certeza ainda não realizada, não<br />
um sonho desejoso e incerto. O termo grego é “ἐλπίδι –<br />
elpidi” que denota não uma esperança no sentido de uma<br />
expectativa ou pensamento desejoso sem qualquer<br />
fundamento, mas no sentido de expectativa confiante<br />
baseada em sólida certeza. A esperança bíblica repousa<br />
nas promessas de Deus especialmente naquelas<br />
relacionadas à volta de Cristo. O futuro dos redimidos é tão<br />
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certo que, algumas vezes o N.T., fala de acontecimentos<br />
futuros usando o passado, como se já estivessem<br />
acontecidos (cf. Romanos 8:30; Hebreus 11:1; 1<br />
Tessalonicenses 1:3). A esperança nunca é inferior à fé,<br />
mas sim uma extensão da fé. A fé é a possessão presente<br />
da graça, a esperança é a confiança na consumação da<br />
graça futura. (cf. NOTA).<br />
“A tradução gloriemo-nos na esperança deixa de<br />
esclarecer ao leitor que o mesmo verbo foi usado aqui, e<br />
em 5:3 – “nos gloriamos nas tribulações”. Portanto 5:2<br />
realmente significa: E nos gloriemo-nos na esperança da<br />
glória que Deus há ele manifestar ou exibir. A esperança<br />
exerce parte vital na vida dos crentes, pois ela se relaciona<br />
com tudo o que Deus tem prometido fazer por eles em<br />
Cristo” – Moody, p. 43 – NOTA.<br />
(v. 3) “E não somente isto, mas também nos gloriamos nas<br />
próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz<br />
perseverança [...]”.<br />
(v. 3) “Tribulações” — pressão extrema, como a exercida<br />
para extrair óleo de uma azeitona. O termo para tribulações<br />
é “θλίψεσιν – thlipsesin” que significa pressão, opressão,<br />
estresse, angústia, tribulação, adversidade, aflição,<br />
espremer, esmagar, apertar, sofrimento. A ideia é: (1) uma<br />
pilha de coisas sendo comprimidas manualmente. (2)<br />
colocar uma pressão no que está livre e liberto, e (3)<br />
esmagamento de uvas ou azeitonas em uma prensa. (cf.<br />
Mateus 5:11; Atos 5:41; 2 Coríntios 12:10; Filipenses 2:17;<br />
2 Timóteo 4:6; Tiago 1: 2, 3, 12; João 16:33).<br />
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(v. 4) “[...] e a perseverança, experiência; e a experiência,<br />
esperança”.<br />
(v. 4) “Perseverança”— ato de permanecer sobre tremenda<br />
pressão sem sucumbir, persistência. O termo grego usado<br />
para perseverança é “ὑπομονὴν – hypomonēn”.<br />
“Hypomonēn” significa mais que fortaleza; significa o<br />
espírito que pode vencer o mundo, não significa o espírito<br />
que resiste passivamente, mas sim vence e conquista<br />
ativamente as provas e tribulações da vida.<br />
Quando Beethoven estava ameaçado pela surdez, a prova<br />
mais terrível para um músico, ele disse: “Agarrarei a vida<br />
pelo pescoço”. Isto é “hypomonēn”.<br />
Quando Scott se viu envolto na ruína por causa da quebra<br />
de seus editores, disse: “Ninguém dirá Pobre homem!<br />
Minha própria mão direita pagará a dívida” Isto é<br />
“hypomonēn”.<br />
Alguém disse uma vez a uma alma nobre que estava<br />
passando por uma grande tristeza: “A tristeza dá cor à vida,<br />
não é certo?”. Voltou à réplica: “Certo! E eu me proponho<br />
escolher a cor!”. Isto é “hypomonēn”. “Hypomonēn” não é<br />
o espírito que se deita e permite que o cubram as águas; é<br />
o espírito que enfrenta as coisas e as supera.<br />
(v. 4) “Experiência”— literalmente, “prova” (δοκιμὴ –<br />
dokimē), um termo usado na testagem de metais preciosos<br />
para determinar sua pureza. Denota uma pessoa<br />
aprovada, de caráter provado (cf. Tiago 1:12).<br />
Síntese.<br />
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“Mas esta esperança se torna mais clara na pressão que o<br />
dia a dia exerce na vida. O crente se gloria nas tribulações,<br />
porque sabe que elas produzirão uma visão mais clara do<br />
que está à frente – esperança contendo convicção. A<br />
ordem destes versículos é significativa – tribulação,<br />
perseverança, experiência, e então esperança. As<br />
provações despertam a paciência. A experiência produz o<br />
caráter. E o resultado disso tudo é a esperança”.<br />
Paulo disse isto, sua atenção é despertada: Tudo isto é<br />
verdadeiro, tudo isto é glorioso, mas o certo é que nesta<br />
vida os cristãos se acham em situação difícil. Era difícil ser<br />
cristão em Roma. Recordando isto, Paulo alcança um alto<br />
clímax. “A tribulação”, diz, “produz paciência”. A palavra<br />
utilizada para tribulação é “θλῖψις – thlipsis”, que significa<br />
literalmente pressão. Todo tipo de coisas pode fazer<br />
pressão sobre os cristãos — a pressão da privação e a<br />
necessidade, e a estreiteza das circunstâncias, a pressão<br />
do pesar, a pressão da perseguição, a pressão da<br />
impopularidade e a solidão. Toda esta pressão, diz Paulo,<br />
produz paciência. “Pois as nossas aflições leves e<br />
passageiras estão produzindo para nós uma glória<br />
incomparável, de valor eterno” – 2 Coríntios 4:17.<br />
“A paciência” continua Paulo, “produz prova”. A palavra<br />
que utiliza para prova é “δοκιμὴ – dokimē”. “Dokimē” é<br />
usada com referência ao ato de cunhar moedas da maneira<br />
como usamos o termo acrisolar. Descreve algo do qual se<br />
eliminou toda liga de impurezas, descreve o adquirir<br />
qualidades superiores ou excelentes, a ideia é de<br />
aperfeiçoar-se, apurar-se. Quando se enfrenta a aflição<br />
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com paciência, o homem emerge da batalha mais forte,<br />
mais puro, melhor e mais perto de Deus.<br />
“A prova” continua Paulo, “produz esperança”. Dois<br />
homens podem enfrentar uma situação igual. Esta pode<br />
levar um ao desespero, e pode acicatar (incitar) o outro<br />
para realizar ações triunfantes. Para um, pode ser o fim da<br />
esperança, para o outro pode ser um desafio de grandeza.<br />
“Eu não gosto das crises”, disse Lord Reith¹, “mas eu gosto<br />
das oportunidades que elas proporcionam”. Agora, a<br />
diferença corresponde à diferença que existe no interior do<br />
homem. Se um homem se deixou converter em um ser<br />
fraco, impotente e frouxo, se tiver deixado que as<br />
circunstâncias o abatam, se se deixou afligir e rebaixar pela<br />
aflição, preparou-se a si mesmo de tal maneira que quando<br />
sobrevém o desafio da crise não pode fazer outra coisa<br />
senão desesperar-se. Se, por outro lado, um homem<br />
insistiu em enfrentar a vida com a fronte erguida, se sempre<br />
a enfrentou e, enfrentando-a, conquistou coisas, então<br />
quando sobrevier o desafio ele o enfrentará com olhos<br />
inflamados de esperança. O caráter que aguentou a prova<br />
sempre emerge com esperança. E logo Paulo faz uma<br />
longa declaração: “A esperança cristã nunca desilude<br />
porque está fundada no amor de Deus”.<br />
(1) John Charles Walsham Reith (20 de julho de 1889 - 16<br />
de junho de 1971) era um executivo de radiodifusão<br />
britânico que estabeleceu a tradição de independente<br />
serviço público de radiodifusão no Reino Unido.<br />
Omar Khayyam¹ (1048 — 1131) escreveu agudamente a<br />
respeito das esperanças humanas: “As esperanças<br />
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humanas em que os homens põem seus corações se<br />
fazem cinzas — ou prosperam, mas dali a pouco, como a<br />
neve sobre a face poeirenta do deserto, brilha uma horinha<br />
ou duas — e vai embora”.<br />
(1) Omar Khayyam poeta, matemático e astrônomo persa<br />
dos séculos XI e XII.<br />
Quando a esperança do homem está posta em Deus não<br />
se pode tornar pó e cinza. Quando a esperança do homem<br />
está posta em Deus não pode ser frustrada. Quando a<br />
esperança do homem está posta no amor de Deus nunca<br />
pode ser uma ilusão, porque Deus nos ama com um amor<br />
eterno, o qual está respaldado por um poder eterno.<br />
(v. 5) “Ora, a esperança não confunde, porque o amor de<br />
Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo,<br />
que nos foi outorgado”.<br />
(v. 5) “Derramado”, termo grego “ἐκκέχυται – ekkechytai”<br />
que significa despejar, derramar, e no sentido metafórico:<br />
dar ou distribuir amplamente — o amor de Deus é dado<br />
generosamente aos seus filhos. O termo grego para amor<br />
é “ἀγάπη – agapē”: Denota o amor autoconcedido que dá<br />
livremente sem pedir nada em troca e sem considerar o<br />
valor do objeto, “banquetes de amor”. (cf. Jeremias 31:3;<br />
Malaquias 1:2; Romanos 11:28, 29; Oséias 11:4; 2<br />
Coríntios 1:22; Gálatas 4:6; Efésios 1:13, 14). (cf. NOTA).<br />
“Ora, a esperança não confunde. Mesmo se a esperança<br />
se centraliza na futura ação de Deus (8:24, 25), ela tem<br />
uma importante possessão presente – o amor de Deus é<br />
derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, que<br />
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nos foi outorgado. A abundância deste amor no coração<br />
dos homens justificados, e o seu alcance, Cristo diz ser a<br />
qualidade distintiva dos cristãos (João 13:34, 35). Este<br />
amor, derramado em nossos corações, com a esperança<br />
que não desaponta, tem o seu exemplo supremo no amor<br />
de Deus por nós (Romanos 5:6 – 8)” – Moody – NOTA.<br />
(v. 6) “Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos,<br />
morreu a seu tempo pelos ímpios”.<br />
(v. 6) “Fracos”— literalmente “impotentes” em virtude da<br />
morte espiritual. O adjetivo grego usado para “fracos” é,<br />
“ἀσθενῶν – asthenōn”, expressa algo fraco, frágil e<br />
delicado. E “ímpios” (ἀσεβῶν – asebōn), o termo grego<br />
denota um ser destituído de temor reverente a Deus, um<br />
ímpio que condena a Deus (v. 6) — uma prova de que o<br />
amor de Cristo nunca foi baseado em mérito humano. (cf.<br />
Gálatas 4:4; Romanos 4:25; Efésios 2:8, 9). (cf. NOTA).<br />
“Realmente, quando nós ainda éramos fracos (fraqueza<br />
mortal), (Cristo) morreu a seu tempo pelos ímpios. Raros<br />
são os exemplos de uma pessoa morrendo por um homem<br />
justo. Que alguém possa se aventurar a morrer por um<br />
homem bom, por causa do impacto de sua vida, é muito<br />
plausível. Mas, que Deus demonstra o Seu amor por nós<br />
em Cristo, morrendo por nós enquanto éramos ainda<br />
pecadores, não é apenas espantoso, é simplesmente<br />
incrível. Quatro vezes nesta seção ocorre a preposição<br />
“ὑπὲρ – hyper” (6 – 8). Ela tem um sentido tão amplo que<br />
nenhuma palavra pode transmiti-la. Ela realmente envolve<br />
em uma só unidade as idéias de “em benefício de”, “em<br />
favor de” e “em lugar de”. Se estas idéias forem colocadas<br />
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dentro da palavra “por”, então todo o significado da morte<br />
de Cristo “por” nós começa a despontar” – Moody – NOTA.<br />
O que significa “a seu tempo” de Romanos 5:6? É o mesmo<br />
de “plenitude dos tempos” de Gálatas 4:4? Sim. São termos<br />
sinônimos.<br />
O termo grego “καιρὸν – kairon” usado para “a seu tempo”<br />
significa tempo oportuno, tempo designado, tempo<br />
marcado, tempo devido, tempo definido, tempo propício,<br />
tempo adequado para agir.<br />
O termo grego “χρόνου – chronou/chronos” usado para<br />
“plenitude dos tempos” significa tempo em geral.<br />
“A expressão “plenitude dos tempos”, indica a chegada do<br />
tempo escatológico ou messiânico encerrando um longo<br />
período de séculos de espera da humanidade”. (cf. Gálatas<br />
4:4).<br />
(7 – 8) “Dificilmente, alguém morreria por um justo; pois<br />
poderá ser que pelo bom alguém se anime a morrer. Mas<br />
Deus prova o Seu próprio amor para conosco pelo fato de<br />
ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores”.<br />
(NOTA¹ – NOTA²).<br />
NOTA¹: “O fato de que Jesus morreu por nós é a prova final<br />
do amor de Deus. Seria muito difícil conseguir que um<br />
homem morresse por um justo. Seria possível persuadir<br />
alguém a morrer por um bom e grande princípio. Alguém<br />
poderia ter tão grande amor que fosse movido a dar sua<br />
vida por um amigo. Mas o maravilhoso de Jesus Cristo é<br />
que morreu por nós quando éramos pecadores, homens<br />
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maus e numa situação de inimizade e de hostilidade com<br />
Deus. O amor não pode ir mais além do que isto”.<br />
NOTA²: “Não foi para salvar homens bons que Cristo<br />
morreu, eram pecadores. Não foi para resgatar amigos de<br />
Deus que morreu Cristo, eram homens que estavam em<br />
inimizade com Deus. E logo Paulo avança mais um passo.<br />
Por meio de Jesus nossa situação com Deus foi mudada.<br />
Pecadores como éramos, fomos postos em uma correta<br />
relação com Deus. Mas isto não é suficiente. Não só<br />
precisa mudar nossa situação, mas também nosso estado.<br />
O pecador salvo não pode continuar sendo pecador, deve<br />
chegar a ser um homem bom. Agora, a morte de Cristo<br />
mudou nossa situação, e a ressurreição de Cristo muda<br />
nosso estado. Ele não está morto, Ele vive, está conosco<br />
sempre, para nos ajudar e nos guiar e nos dirigir, para nos<br />
encher com Seu poder de modo que sejamos capazes de<br />
vencer a tentação, para revestir nossas vidas com algo de<br />
Seu resplendor, se vivermos para sempre em Sua<br />
presença ressuscitada Aleluia! Aquele que mudou nossa<br />
situação com relação a Deus pode também mudar nosso<br />
estado. Começa pondo os pecadores em correta relação<br />
com Deus quando são ainda pecadores, continua, por Sua<br />
graça, fazendo a esses pecadores capazes de renunciar<br />
ao pecado e chegar a ser homens bons”.<br />
A palavra grega usada para “pecador” é: “ἁμαρτωλῶν –<br />
hamartōlōn”, um termo usado pelos arqueiros quando se<br />
erra o alvo, ou quando um viajante sai da estrada e segue<br />
trilhas tortuosas que fazem com que se perca. E não era<br />
essa a nossa realidade? “hamartōlōn” denota alguém<br />
devotado ao pecado por escolha, um transgressor cujos<br />
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pensamentos, palavras e atos são contrários às eternas<br />
leis de Deus (cf. Efésios 2:1 – 3).<br />
(v. 9) “Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo Seu<br />
sangue, seremos por ele salvos da ira”.<br />
Mas Paulo rapidamente muda o cenário do nosso anterior<br />
estado de pecadores para o agora. Se Deus nos amava<br />
quando éramos pecadores, se Cristo morreu por nós<br />
então, muito mais agora, tendo sido declarados justificados<br />
por Seu sangue, seremos salvos através dEle (Cristo) da<br />
futura ira de Deus, do “ódio” Santo de Deus. Observe que<br />
a base para a justificação é o sangue de Cristo. Esta futura<br />
salvação é do castigo da ira de Deus, do qual se fala em 2<br />
Tessalonicenses 1:9, “eterna destruição, banidos da face<br />
do Senhor e da glória do Seu poder”. E qual a nossa<br />
certeza? O Amor de Deus!<br />
“Se Deus nos amou uma vez, Ele nos amará para sempre,<br />
Se Jesus uma vez nos fez Seu, Então para sempre Jesus<br />
é nosso” – C. H. Spurgeon.<br />
O termo grego “αἵματι – haimati” (sangue) é usado<br />
especialmente no N.T., para o sangue expiatório de Cristo.<br />
Seu sangue é o agente para purificação, o perdão e a<br />
redenção (cf. 1 João 5:8; Deuteronômio 19:15; João 8:17,<br />
18).<br />
O termo grego para “salvos” é “σωθησόμεθα –<br />
sōthēsometha” que significa salvar, curar, preservar,<br />
manter seguro e ileso, resgatar do perigo ou destruição,<br />
libertar. O seu equivalente é “σωζω/sozo” que significa<br />
salvar da morte física através da cura espiritual perdoando<br />
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o pecado e suas consequências”. “σωζω – sozo” nas<br />
culturas primitivas é traduzido simplesmente por “dar uma<br />
nova vida” e “fazer ter um novo coração”. (cf. Isaías 53:5,<br />
6, 10; Ezequiel 36:26).<br />
(v. 10) “Porque, se nós, quando inimigos, fomos<br />
reconciliados com Deus mediante a morte do Seu Filho,<br />
muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela<br />
Sua vida [...]”.<br />
Os que agora estão justificados, dizem, que foram<br />
reconciliados com Deus, quando inimigos. A base dessa<br />
reconciliação ficou explicitamente declarada – mediante a<br />
morte de Seu Filho. Fomos reconciliados por Sua morte<br />
enquanto ainda éramos inimigos. Sendo isto verdade,<br />
conclui o apóstolo, muito mais verdade é que seremos<br />
salvos pela Sua vida. Em outro lugar, Paulo destaca que<br />
aquele que é ligado ao Senhor é um espírito com Ele (1<br />
Coríntios 6:17), isto é, participa da vida ressurreta e do<br />
poder espiritual de Cristo.<br />
Ele também diz: “Quando Cristo, que é a nossa vida, se<br />
manifestar, então vós também sereis manifestados com<br />
Ele, em glória” (Colossenses 3:4). Seremos salvos pela<br />
vida de Cristo porque participamos desta vida.<br />
Pertencemos a Cristo. O escritor aos Hebreus destaca que<br />
Cristo vive para interceder por nós (Hebreus 7:25). A vida<br />
intercessora de Cristo na glória tem um desempenho vital<br />
na salvação dos crentes. Mas o contexto aqui parece<br />
destacar a participação dos crentes na morte e vida<br />
ressurreta de Cristo. Os crentes serão salvos,<br />
(futuramente) pela sua presente e futura participação na<br />
vida de Cristo. (cf. NOTA).<br />
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O termo grego usado para “reconciliação” é, “κατηλλάγημεν<br />
– katēllagēmen” que significa mudar, trocar, restabelecer,<br />
restaurar relacionamentos, tornar as coisas certas,<br />
remover uma inimizade. “Katēllagēmen” descreve o<br />
restabelecimento de um relacionamento adequado,<br />
carinhoso, e interpessoal, que foi quebrado ou rompido. (cf.<br />
Efésios 2:3; 2 Coríntios 5:18; Romanos 5:10; Romanos<br />
10:21; Efésios 4:18; Efésios 2:1 – 3).<br />
(v. 11) “[...] e não apenas isto, mas também nos gloriamos<br />
em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio de<br />
quem recebemos, agora, a reconciliação”.<br />
Jactar-se ou gloriar-se em Deus, ato esse por meio do qual<br />
o crente afirma sua devoção a Deus, é feito através do<br />
Senhor Jesus Cristo. Através dEle acabamos agora de<br />
receber a reconciliação. Deus é Aquele que age na<br />
reconciliação (2 Coríntios 5:18, 19), e os homens dizem<br />
que são reconciliados (Romanos 5:10; 2 Coríntios 5:20),<br />
isto é, Deus age sobre eles. Assim, os crentes, dizem,<br />
recebem reconciliação. São os recipientes de um<br />
relacionamento de paz e harmonia realizado por Deus.<br />
CONCLUSÃO<br />
Há nomes técnicos para estas coisas. A mudança de nossa<br />
situação é a justificação, isto é, quando começa todo o<br />
processo da salvação. A mudança de nosso estado é a<br />
santificação, isto é, quando o processo de salvação<br />
continua, para não terminar até que o vejamos face a face<br />
e sejamos semelhantes a Ele.<br />
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Aqui há uma coisa que devemos notar. É algo, de<br />
extraordinária importância. Paulo é inteiramente claro em<br />
que o processo total de salvação, a vinda de Cristo, e a<br />
morte de Cristo, é a prova do amor de Deus. Tudo<br />
aconteceu para nos mostrar que Deus nos ama. Tudo<br />
aconteceu porque Deus nos ama. Agora, muitas vezes a<br />
coisa se apresenta como se por um lado houvesse um<br />
Cristo benévolo e amante, e pelo outro um Deus colérico e<br />
vingativo. A coisa é muitas vezes apresentada como se<br />
Cristo fizesse algo que mudou a atitude de Deus para com<br />
os homens, que transformou a Deus de um ser colérico em<br />
um ser benévolo. Nada poderia estar mais longe da<br />
verdade. Todo o processo brota do amor de Deus. Jesus<br />
não veio para mudar a atitude de Deus, veio para mostrar<br />
qual é e sempre foi à atitude de Deus para com os homens.<br />
Ele veio para provar aos homens incontestavelmente que<br />
Deus é amor.<br />
“Justificados pela fé, temos paz com Deus, pois, o justo<br />
viverá pela fé no Filho de Deus, Jesus Cristo”. Amém.<br />
Glorificado Seja Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito<br />
Santo.<br />
80 RAZÕES PORQUE O CRISTÃO NÃO PO<strong>DE</strong><br />
PER<strong>DE</strong>R A SALVAÇÃO<br />
“Porque Deus nos escolheu nele antes da criação do<br />
mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua<br />
presença” – Efésios 1:4.<br />
Certa vez, Spurgeon disse:<br />
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Uma expiação universal é como uma ponte de grande<br />
largura com somente metade de um arco, ela não cruza o<br />
rio: Chega somente à metade do caminho, ela não pode<br />
assegurar a salvação de ninguém.<br />
Acredito que 80 razões são suficientes para que o crente<br />
tenha segurança convicta na salvação. Apenas uma<br />
promessa de Deus, somente uma, seria suficiente para que<br />
o crente, na Pessoa de Cristo, descansasse e regozija-se<br />
em uma esperança viva, mas com fé, temor e tremor, com<br />
o máximo de fidelidade à sã doutrina. Vejamos, pois:<br />
01) Gênesis 7:16 – Sendo a arca um tipo de Cristo (1 Pedro<br />
3:20, 21; Romanos 6:4), o crente está seguro nEle<br />
(Colossenses 3:3; Apocalipse 3:7).<br />
Fazendo um paralelo de Gênesis 7:16 com João 10:9 onde<br />
Cristo diz ser a porta das ovelhas, podemos de forma<br />
metafórica, assim dizer que a porta da arca também<br />
simbolizava Cristo.<br />
A palavra grega usada para “porta” em João 10:9 é “θύρα<br />
– thyra” que metaforicamente significa porta através da<br />
qual as ovelhas entram e saem, nome daquele que traz<br />
salvação para aqueles que seguem a sua orientação, a<br />
porta do reino do céu (semelhante a um palácio) denota as<br />
condições que devem ser cumpridas a fim de ser recebido<br />
no reino de Deus. Assim podemos afirmar que Jesus está<br />
tipificado na porta da arca, não somente como a “arca” que<br />
nos conduz seguro a salvação, mas a entrada que nos leva<br />
a salvação. Por sua vez, Noé cumpriu as orientações de<br />
Deus para sua própria salvação, e a de seus entes<br />
queridos, assim todos os crentes em Cristo recebeu de<br />
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Deus o dom da salvação em Cristo Jesus, assim tendo<br />
segurança e salvação por meio de Seu sacrifício. (cf.<br />
Efésios 2:8, 9; Atos 16:31); (cf. NOTA).<br />
NOTA: Jesus se referia aos vice-pastores do rebanho ou a<br />
todos os crentes? Favorável ao primeiro ponto de vista está<br />
o fato de que entrar já foi usado em relação ao pastor (v. 1,<br />
2). Além disso, entrar e sair é uma familiar expressão do<br />
A.T., relacionada com a atividade do líder (1 Samuel 18:16;<br />
2 Samuel 3:25). Apesar disso, a largura da linguagem –<br />
alguém – e as palavras será salvo favorecem uma<br />
referência inclusiva. No sentido redentor a palavra salvar<br />
ocorre poucas vezes em João (3:17; 5:34; 12:47). A<br />
liberdade do crente, em contraste com a sua situação no<br />
Judaísmo, parece estar indiretamente sugerida ao entrar e<br />
sair e sua nova satisfação (achará pastagem) era uma bem<br />
recebida mudança da aridez dos ensinamentos aos quais<br />
estivera sujeito.<br />
D. A. Carson define o (v. 9 – 10) da seguinte forma:<br />
Barrett (p. 371 – 373) provê uma lista impressionante de<br />
expressões “porta” nas fontes judaicas, cristãs e<br />
helenísticas. Mas a riqueza da lista derrota seu propósito.<br />
Tudo o que se demonstra é que “porta” é uma metáfora<br />
comum em várias religiões. Que significado ela tem em<br />
qualquer passagem particular deve ser determinado pelos<br />
parâmetros contextuais e conceituais do texto à mão. Aqui,<br />
a idéia não é que o pastor Jesus tira seu próprio rebanho<br />
de um curral bastante misturado (v. 1 – 5), mas que Jesus,<br />
a porta, é o único meio pelo qual as ovelhas podem entrar<br />
na segurança do curral (v.9a) ou na rica forragem do pasto<br />
(v. 9b). O pensamento é semelhante a João 14:6: “Eu sou<br />
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o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não<br />
ser por mim”. Enquanto o ladrão vem apenas para roubar,<br />
matar e destruir, Jesus vem para que tenham vida, e a<br />
tenham plenamente. Essa é uma forma proverbial de<br />
insistir que há somente um meio de receber vida eterna (os<br />
sinóticos podem ter preferido falar sobre entrar no reino,<br />
embora entrar na vida também seja atestado neles);<br />
somente uma fonte de conhecimento de Deus; somente<br />
uma fonte de nutrição espiritual; somente uma base para a<br />
segurança espiritual –, somente Jesus. O mundo ainda<br />
procura seus salvadores humanísticos e políticos – seus<br />
Hideres, Stalins, Maos e Pol Pots — e, só muito tarde, ficase<br />
sabendo que eles confiscaram descaradamente<br />
propriedades privadas (eles vieram “apenas para roubar”),<br />
cruelmente espezinharam a vida humana (eles vieram<br />
“apenas para [...] matar”), e desdenhosamente atacaram<br />
tudo que é valioso (eles vieram “apenas para [...] destruir”).<br />
Jesus tem razão. Não é a doutrina cristã do céu que é o<br />
mito, e sim o sonho humanista de utopia. Dentro do mundo<br />
metafórico, vida [...] plenamente sugere ovelhas gordas,<br />
saciadas e vigorosas, não aterrorizadas por bandidos; fora<br />
do mundo narrativo, ela significa que a vida que os<br />
verdadeiros discípulos de Jesus desfrutam não deve ser<br />
entendida como mais tempo para preencher (meramente<br />
vida “eterna”), mas vida de qualidade dificilmente<br />
imaginada, vida para ser vivida. E tentador ver aqui uma<br />
alusão ao Salmos 118:20: “Esta é a porta do Senhor, pela<br />
qual entram os justos”. Certamente os versículos seguintes<br />
(118:22 – 24) são apropriadamente aplicados a Cristo em<br />
outro lugar no Novo Testamento (Mateus 21:42; 2 Pedro<br />
2:7).<br />
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Concluo afirmando que os justos pela fé (Romanos 1:17)<br />
viveram, entraram pela “porta” Jesus, e se refugiaram na<br />
“arca” Jesus, imputados em sua santa justiça consumada<br />
no Calvário.<br />
02) Efésios 4:30 – O crente está selado no Espirito Santo<br />
(Efésios 1:13; 2 Timóteo 2:19), e este selo é inviolável e<br />
irrevogável (Ester 8:8; Daniel 6:12).<br />
O termo grego para “fostes selados” é “ἐσφραγίσθητε –<br />
esphragisthēte” que exprimi a ideia de colocar um selo,<br />
marcar com um selo, selar por segurança: de Satanás. A<br />
fim de provar, confirmar, ou atestar algo, autenticar, provar<br />
o testemunho de alguém: provar que ele é quem diz ser,<br />
ou seja, confirmar o testemunho de um crente na pessoa<br />
de Cristo, autenticar a salvação por meio de Jesus Cristo,<br />
assegurando com uma marca (um selo) que todos os<br />
crentes em Cristo estão livres das acusações de Satanás<br />
para o Dia da redenção.<br />
A palavra usada para redenção no grego é<br />
“ἀπολυτρώσεως – apolytrōseōs” que significa uma<br />
libertação efetuada pelo pagamento de resgate, liberação<br />
obtida pelo pagamento de um resgate.<br />
Os crentes serão libertados definitivamente do poder do<br />
pecado e da morte, e terão suas entradas liberadas no<br />
Reino dos céus pelo sacrifício de Jesus na Cruz no<br />
Calvário. (cf. NOTA).<br />
NOTA: E não entristeçais o Espírito de Deus. Aquilo que<br />
entristece o Espírito Santo é pecado. O remédio é a<br />
confissão (cf. 1 João 1:9). Embora o Espírito Santo possa<br />
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ser entristecido, Ele jamais abandona o crente. Ele é o<br />
nosso selo. Fomos selados por Ele para o dia da redenção<br />
(cons. Efésios 1:13). Ele é a garantia de que a nossa<br />
redenção será completada.<br />
03) 2 Coríntios 1:22 – O crente tem o penhor do Espirito<br />
Santo como garantia segura e inabalável (2 Coríntios 5:5).<br />
A palavra grega usada para “penhor” é “ἀρραβῶνα –<br />
arrabōna” que descreve o Espírito Santo como o penhor de<br />
nossas alegrias futuras e contentamento no céu. O Espírito<br />
Santo nos dá um antegozo ou garantia das coisas que<br />
acontecerão.<br />
04) Gálatas 3:15 – Deus fez com o crente, na pessoa de<br />
Abraão (Gálatas 3:29), uma aliança irrevogável.<br />
A palavra grega usada para testamento é “διαθήκην –<br />
diathēkēn” onde aparece também em Hebreus 9:16 para<br />
identificar um testamento, ou vontade que não tem<br />
autoridade legal até a morte da pessoa que o fez, conforme<br />
ilustrado pela ratificação do primeiro testamento do Sinai<br />
(cf. Êxodo 24:5 – 8). Da mesma maneira, a morte de Cristo<br />
foi necessária para o estabelecimento do Novo<br />
Testamento. (cf. NOTA).<br />
NOTA: (v. 15) Falo como homem. Esta é uma expressão<br />
técnica, uma espécie de pedido de desculpas. A<br />
imutabilidade dos arranjos divinos estaria além de qualquer<br />
debate, mas Paulo acha que é necessário discutir o<br />
assunto para tomar inteiramente compreensível aos seus<br />
leitores. Mesmo nos arranjos humanos, uma vez<br />
confirmados, uma parte do convênio não pode, por si<br />
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mesmo, deixá-lo de lado como se não mais vigorasse, nem<br />
pode lhe acrescentar algo como nos testamentos. (v. 26 –<br />
29) Todos, tanto os gentios como os judeus são bem<br />
recebidos na família de Deus mediante a fé. E assim eles<br />
alcançam sua posição em Cristo Jesus. Batizados em<br />
Cristo. O batismo nas águas leva uma pessoa a desfrutar<br />
da comunhão da Igreja, mas por trás desse feito jaz um<br />
aspecto mais significativo do batismo – ser separado pelo<br />
Espírito para viver em união com Cristo e o Seu corpo (1<br />
Coríntios 12:13). De Cristo vos revestistes. O Senhor Jesus<br />
se torna o segredo e a esfera da nova vida que é<br />
participada com outros crentes. Sois um em Cristo Jesus.<br />
Filiação com Deus envolve fraternidade em Cristo. Surge<br />
um novo homem nele (Efésios 2:15). As costumeiras<br />
distinções e divisões da vida desaparecem neste<br />
relacionamento. Estar em Cristo Jesus, pertencendo-Lhe,<br />
faz-nos parte dos descendentes de Abraão, uma vez que<br />
Cristo é essa descendência, conforme já ficou declarado<br />
em Gálatas 3:16, 19. Filiação faz do crente também um<br />
herdeiro (Romanos 8:17).<br />
A palavra pacto, concerto, aliança muitas vezes usado nas<br />
Escrituras pela palavra בְׁ רִ יתִ ִ֣ י“ – b ê riyth” (Testamentum).<br />
Porque a palavra aliança é utilizada para designar a<br />
relação estreita que Deus entrou pela primeira vez com<br />
Noé (Gênesis 6:18; 9:9). Depois com Abraão, Isaque e<br />
Jacó, e sua posteridade (Levítico 26:42). Mas, sobretudo<br />
com Abraão (Gênesis 15 e Gênesis 17), e depois por meio<br />
de Moisés com o povo de Israel (Êxodo 24; Deuteronômio<br />
5:2; 29:1). Com esta última aliança os israelitas são<br />
obrigados a obedecer à vontade de Deus expressa e<br />
solenemente promulgada na Lei mosaica, e Ele (Deus) o<br />
Todo-poderoso, lhes promete a sua proteção e bênçãos de<br />
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todos os tipos neste mundo, mas ameaça transgressores<br />
com as punições mais severas.<br />
Assim, no Novo Testamento encontramos menção de “αἱ<br />
,לּוחות הַ בְׁ רִ ית) pacto” πλάκες τῆς διαθήκης – As placas do<br />
Deuteronômio 9:9, 15), as tábuas da lei, em que os deveres<br />
do pacto foram inscritos (Êxodo 20); “κιβωτός τῆς διαθήκης<br />
– Arca da Aliança” רון הַ בְׁ רִ ית) ,אֲ Deuteronômio ;10:8<br />
Deuteronômio 31:9; Josué 3:6), a arca da aliança ou lei, em<br />
que essas tabelas foram depositados, Hebreus 9:4;<br />
Apocalipse 11:19; “διαθήκη περιτομῆς – aliança da<br />
circuncisão”, a aliança da circuncisão, fez com Abraão,<br />
cujo sinal e selo era a circuncisão (Gênesis 17:10; Atos<br />
7:8); de “τό αἷμα τῆς διαθήκης – o sangue da aliança”, o<br />
sangue das vítimas, pelo derramamento e aspersão do<br />
qual o pacto Mosaico foi ratificado (Hebreus 9:20; Êxodo<br />
24:8), de “αἱ διαθῆκαι – os pactos, os acordos, os<br />
testamentos, os convênios” um feito com Abraão, o outro<br />
por meio de Moisés com os israelitas (Romanos 9:4).<br />
“αἱ διαθῆκαι τῆς ἐπαγγελίας – as promessas” as obrigações<br />
às quais a promessa de salvação através do Messias foi<br />
anexada (Efésios 2:12). “συνθηκαι ἀγαθῶν ὑποσχέσεων”<br />
para a salvação cristã é o cumprimento das promessas<br />
divinas, anexo a esses convênios, especialmente a que fez<br />
com Abraão (Lucas 1:72; Atos 3:25; Romanos 11:27;<br />
Gálatas 3:17) onde “διαθήκη” é de Deus arranjo, ou seja, a<br />
promessa feita a Abraão. Como o novo e muito mais<br />
excelente vínculo de amizade que Deus no tempo do<br />
Messias entraria em com o povo de Israel é chamado<br />
Testamento” “καινή διαθήκη – Novo – ”בְׁ רִ ית חֲ דָ שָ ה“<br />
(Jeremias 31:31) – Que promessa divina Cristo fez<br />
(Hebreus 8:8 – 10; Hebreus 10:16) – que encontramos nos<br />
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N.T dois pactos distintas faladas “δύο διαθῆκαι – Dois<br />
concertos” (Gálatas 4:24; Hebreus 9:15, 18, cf. 8:9) o último<br />
é contrastada, como “καινή διαθήκη – Novo Testamento”<br />
(Mateus 26:28; Marcos 14:24; 1 Coríntios 11:25; 2<br />
Coríntios 3:6; Hebreus 8:8). “κρείττων διαθήκη – Concerto<br />
mais útil, mais vantajoso, mais aproveitável”, Hebreus 7:22;<br />
“αἰώνιος διαθήκη”, Hebreus 13:20; e Cristo é chamado<br />
“κρείττονος – mais útil, mais vantajoso, mais aproveitável”<br />
ou “νέας διαθήκης μεσίτης – Um novo mediador” (Hebreus<br />
8:6; 9:15). Esta nova aliança liga os homens a exercer fé<br />
em Cristo, e Deus lhes promete graça e salvação eterna.<br />
Este pacto Cristo estabeleceu e ratificou (validou ou<br />
reafirmou algo que foi dito ou prometido) por sofrer morte,<br />
e morte de Cruz, portanto, as frases “τό αἷμα τῆς καινῆς<br />
διαθήκης – O sangue do Novo Testamento” – “τό αἷμα τῆς<br />
διαθήκης – O sangue da aliança” (Hebreus 10:29) – e “τό<br />
αἷμα μου τῆς διαθήκης – O meu sangue da aliança, ou meu<br />
sangue pelo derramamento de que a aliança é<br />
estabelecida é a segurança do crente na pessoa e<br />
sacrifício de Jesus Cristo. O crente está no “melhor<br />
concerto”, pois é um Testamento Novo, definitivo e eterno<br />
onde o testador, morreu e ressuscitou para cumprir a Lei e<br />
a promessa já antes estabelecida (Mateus 26:28; Marcos<br />
14:24).<br />
05) 1 Coríntios 11:25 – Deus fez com o crente, na pessoa<br />
de Abraão, uma aliança incondicional, selada com sangue<br />
(Jeremias 34:18, 19; Gênesis 15:12 – 21), e não com<br />
sapato (Rute 4:7, 8) ou com sal (Números 18:19; Levítico<br />
2:13).<br />
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06) Gênesis 17:7 – 10 – Deus fez com o crente, na pessoa<br />
de Abraão, uma aliança unilateral (o rompimento da aliança<br />
só seria possível se Deus morresse).<br />
07) Jeremias 31:31 – 33 – Mediante a nova aliança (com<br />
sangue), o temor do Senhor é insuflado no coração do<br />
crente (Jeremias 32:39, 40) para que não se aparte de<br />
Deus (Hebreus 3:12; 8:8 – 13; Ezequiel 36:26, 27).<br />
08) Salmos 12:7 – O crente é guardado por Deus, do mal<br />
que há no mundo.<br />
09) Salmos 17:8 – O crente é guardado por Deus como a<br />
menina dos Seus olhos.<br />
10) Salmos 25:20 – A alma do crente é guardada por Deus<br />
(Salmos 97:10).<br />
11) Salmos 37:28 – O crente é preservado para sempre.<br />
12) Salmos 121:5 – 8 – O Senhor guarda o crente, guarda<br />
a sua alma de todo o mal; guarda a sua saída, guarda a<br />
sua entrada, e o guarda para sempre.<br />
13) Salmos 145:20 – O Senhor guarda os crentes que O<br />
amam.<br />
14) Jeremias 31:3 – O amor de Deus para com o crente é<br />
eterno.<br />
15) Jó 5:19 – O crente é guardado do mal (Salmos 91: João<br />
17:9 – 26).<br />
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16) 1 João 5:18 – O crente é guardado do maligno (2<br />
Tessalonicenses 3:3; Jeremias 31:11).<br />
“Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não está<br />
no pecado; aquele que nasceu de Deus o protege, e o<br />
Maligno não o atinge”.<br />
O termo grego para “[o] protege” é “τηρεω – tereo” que<br />
expressa cuidado atento e sugere posse presente, indica<br />
custódia segura e frequentemente implica em ataque de<br />
fora [do Diabo], pode marcar o resultado do qual “φυλασσω<br />
– phulasso” que significa guardar de ser perdido ou de<br />
perecer, cuidar para não escapar, guardar uma pessoa<br />
para que permaneça segura, é o meio. A palavra grega que<br />
descreve “[não o] atinge” é “ἅπτεται – haptetai” que denota<br />
a ideia de tocar, assaltar ou atacar alguém, e dessa<br />
investida do Diabo o crente está seguro por Deus, em<br />
Jesus Cristo. (cf. NOTA).<br />
NOTA: (v. 18) “Sabemos”. Com conhecimento certo e<br />
positivo. Não vive em pecado. Tempo presente, pecado<br />
habitual. “O poder da intercessão para vencer as<br />
consequências do pecado poderiam parecer um<br />
encorajamento para uma certa indiferença ao pecado”<br />
(Westcott; p. 193). “A condição da filiação divina é<br />
incompatível, não simplesmente com o pecado para morte,<br />
mas com o pecado de qualquer aspecto” (Plummer; p.<br />
125). “Toca, atinge, ou detenha”. Aparece em João só em<br />
João 20:17, e não significa um simples toque superficial,<br />
mas um agarramento. Satanás não pode agarrar e manter<br />
preso aquele que é nascido de Deus.<br />
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Em 2 Tessalonicenses 3:3 em uma afirmativa diz que o<br />
“Senhor é fiel, que confortará e guardará (o crente) do<br />
maligno”. (cf. O tópico – Satanás sabe quem são os<br />
eleitos de Deus?).<br />
A palavra grega para “guardará” é “φυλάξει – phylaxei” que<br />
significa guardar ou vigiar, manter o olhar sobre: para que<br />
não escape, guardar de ser raptado, preservar seguro e<br />
sem distúrbio, guardar de ser perdido ou de perecer. Por<br />
isso a afirmação de Mateus em dizer “Pois se levantarão<br />
falsos cristos e falsos profetas e apresentarão grandes<br />
milagres e prodígios para, se possível, iludir até mesmo os<br />
eleitos”. Se possível, por que não há possibilidade de um<br />
eleito ser iludido, engando pelos mensageiros de Satanás.<br />
(cf. 2 Tessalonicenses 2:9 – 11; Apocalipse 13:13, 14; 2<br />
Timóteo 2:19).<br />
As palavras gregas “φυλάξει – phylaxei” e “τηρεω – tereo”<br />
expressam o mesmo significado, são termos sinônimos.<br />
17) Judas 24 – O crente é guardado para não tropeçar (1<br />
Samuel 2:9; Isaías 63:13).<br />
“Àquele que é poderoso (Deus) para impedi-los de cair e<br />
para apresentá-los diante da sua glória sem mácula e com<br />
grande alegria” – Judas 1:24.<br />
O termo “para impedi-los – ou seja, manter seguro de<br />
tropeçar” no grego é descrito pela mesma palavra usada<br />
em 2 Tessalonicenses 3:3 e 1 João 5:18 “φυλάξει –<br />
phylaxei”. A ação de preservar o crente é direta, sendo a<br />
proteção o criador, salvador e consolador (Trindade). (cf.<br />
NOTA).<br />
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NOTA: Uma das maiores e mais sublimes bênçãos do N.T.,<br />
é esta que se encontra no final desta curta epístola. Duas<br />
outras bênçãos paulinas comparáveis são a de Romanos<br />
16:25 e 1 Timóteo 6:14 – 16. Vital a todas as exortações<br />
feitas aos crentes é o lembrete dos recursos infinitos do<br />
próprio Deus, único que tem competência para nos guardar<br />
de tropeçarmos nesta vida e atraí-los a Ele próprio no<br />
último dia. Ele aperfeiçoará a obra da santificação para que<br />
os crentes sejam irrepreensíveis, ou imaculados.<br />
18) João 11:9 – A fé do crente não lhe permite tropeçar<br />
(Romanos 9:31 – 33).<br />
19) Provérbios 10:25 – O crente tem perpétuo fundamento<br />
(2 Timóteo 2:19; 1 Coríntios 3:11).<br />
“Passada a tempestade, o ímpio já não existe, mas o justo<br />
permanece firme para sempre” – Provérbios 10:25.<br />
20) 1 Pedro 1:5 – O crente é guardado pela fé no poder de<br />
Deus.<br />
21) Hebreus 12:2 – Jesus é o Autor da fé, e por isso, o<br />
crente não pode perdê-la (Filipenses 1:29; 1 Coríntios 3:5;<br />
Atos 18:27; Gálatas 5:22; 2 Tessalonicenses 3:2).<br />
22) Romanos 16:25 – O crente é guardado pelo poder de<br />
Deus (2 Timóteo 1:12; Judas 24). (cf. NOTA).<br />
NOTA: Desta maneira a carta aos romanos chega a um<br />
final com doxologia, que é também um resumo do<br />
evangelho. Aqui ressoam as notas do evangelho que Paulo<br />
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pregou e amou. (1) É um evangelho que faz os homens<br />
capazes de manter-se firmes. Deus disse a Ezequiel: “Filho<br />
do homem, põe-te em pé, e falarei contigo” (Ezequiel 2:1).<br />
O Evangelho é aquele poder que faz os homens capazes<br />
de erguer-se solidamente contra os embates do mundo e<br />
os assaltos da tentação.<br />
A doxologia centraliza-se na capacidade ou poder de Deus<br />
de fortalecer os eleitos. O fortalecimento divino é segundo<br />
o evangelho de Paulo e a pregação de Jesus Cristo.<br />
Essa pregação tem sido levada avante conforme a<br />
revelação do mistério ou segredo. Três coisas são<br />
declaradas sobre o mistério ou segredo: (1) guardado em<br />
silêncio nos tempos eternos, ou há muito tempo atrás (v.<br />
25). (2) agora se tornou manifesto, e foi dado a conhecer<br />
por meio das Escrituras proféticas (isto é, o A.T.), segundo<br />
o mandamento do Deus eterno (v. 26). (3) para a<br />
obediência por fé, entre todas as nações (v. 26).<br />
23) Hebreus 6:17 – A salvação do crente se fundamenta<br />
em duas coisas imutáveis: a) a promessa (Josué 21:45;<br />
Atos 13:32; 2 Coríntios 1:20; Efésios 3:6; Hebreus 9:14, 15;<br />
10:23; 1 João 2:25); b) o juramento (Hebreus 6:16). Só a<br />
promessa, sem o juramento já era em si mesma suficiente,<br />
mas Deus querendo mostrar a imutabilidade daquilo que<br />
Ele decretou, foi além da promessa, fazendo juramento. E<br />
Deus foi ainda mais além quando jurou pelo Seu próprio<br />
nome, porque não havia outro nome superior ao Seu<br />
(Hebreus 6:13, 16; Jeremias 44:26; Números 23:19).<br />
24) Salmos 37:32, 33 – O crente jamais será condenado<br />
(Salmos 89:30 – 35; 1 Coríntios 11:32).<br />
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“O ímpio fica à espreita do justo, querendo matá-lo; mas o<br />
Senhor não o deixará cair em suas mãos, nem permitirá<br />
que o condenem quando julgado” – Salmos 37:32, 33.<br />
25) Salmos 37:23, 24 – Se o crente cair, não ficará<br />
prostrado (Salmos 145:14; Provérbios 24:16; Jó 4:4;<br />
Romanos 14:4; Miquéias 7:8).<br />
26) Salmos 121:3 – O crente pode se desviar<br />
temporariamente da “graça” [pecar] (Gálatas 5:4), mas<br />
jamais cairá definitivamente da graça [apostatando]<br />
(Salmos 17:5; 66:9).<br />
“Meus passos seguem firmes nas tuas veredas, os meus<br />
pés não escorregaram” – Salmos 17:5.<br />
27) Isaías 46:3, 4 – O crente é conduzido por Deus até o<br />
fim (Salmos 121:8).<br />
28) 1 Coríntios 10:13 – A tentação não pode condenar o<br />
crente (Romanos 6:14, 18; 2 Pedro 2:9). (cf. NOTA).<br />
NOTA: (v. 13) Não vos sobreveio tentação que não fosse<br />
humana. Quem quiser pode contentar-se com suas<br />
interpretações pessoais. Quanto a mim, penso que isto foi<br />
escrito para encorajar os coríntios, para que, após ouvirem<br />
acerca desses terríveis exemplos da ira divina,<br />
mencionados por Paulo, não ficassem perturbados, nem<br />
assombrados, nem sucumbidos. Consequentemente, a fim<br />
de que sua exortação tivesse algum efeito, ele acrescenta<br />
que há oportunidade para arrependimento. Ele poderia ter<br />
posto nestes termos: “Não há necessidade de desespero,<br />
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e eu mesmo não tive a intenção de deixar-vos<br />
desanimados. Naturalmente, o que vos sobreveio não vai<br />
além do que usualmente sucede aos homens”. Outros são<br />
mais inclinados a crer que aqui ele está recriminando a<br />
pusilanimidade dos coríntios em ceder quando uma<br />
tentação leve os atingia; e não há dúvida de que o termo<br />
“humanus”, traduzido por humana, às vezes significa<br />
moderado. Portanto, o significado, segundo eles. É o<br />
seguinte: “É correto que vos deixeis sucumbir diante de<br />
uma leve tentação?”. Visto, porém, ser mais adequado ao<br />
contexto olharmos este versículo em termos de<br />
consolação, então sinto-me mais inclinado a adotar este<br />
ponto de vista.<br />
Deus, porém, é fiel. Assim como lhes disse que tivessem<br />
bom ânimo com relação ao passado, com o fim de movêlos<br />
ao arrependimento, também os encoraja com uma<br />
esperança definida para o futuro, pois Deus não permitirá<br />
que fossem tentados além de suas forças. Contudo os<br />
adverte a que atentassem bem para o Senhor, porque, se<br />
pusermos nosso coração em nossos próprios recursos, a<br />
tentação, não importa quão suave seja, levará a melhor<br />
sobre nós e nos subjugará. Ele denomina o Senhor de fiel.<br />
Sua intenção vai além da idéia de Deus ser verdadeiro em<br />
suas promessas. Ele poderia ter posto nestes termos: “O<br />
Senhor é o Protetor comprovado de seu povo, e em sua<br />
proteção estais seguros, porque jamais deixa os seus<br />
entregues a sua própria sorte. Por isso, tendo-vos uma vez<br />
tomado sob sua fidedignidade pessoal [in suam fidem], não<br />
tendes necessidade alguma de temer, desde que<br />
dependais inteiramente dele. Pois indubitavelmente estaria<br />
procedendo falsamente em relação a vós caso viesse a<br />
revogar seu apoio no momento em que necessitássemos<br />
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dele; ou, ao nos ver lutando em meio às fraquezas,<br />
arqueados sob pesado fardo, permitisse se prolongassem<br />
nossas lutas (tentações) por tempo indefinido.<br />
29) João 4:14 – O crente jamais terá sede (Lucas 16:24).<br />
(cf. NOTA).<br />
NOTA: A água do poço tinha de ser consumida<br />
ininterruptamente, mas a água que Cristo fornece satisfaz<br />
de modo que a pessoa nunca mais terá sede. É assim que<br />
a vida eterna refrigera. Pode-se estabelecer um paralelo<br />
com os repetidos sacrifícios da antiga aliança e o sacrifício<br />
do Cordeiro de Deus oferecido uma vez para sempre.<br />
Ainda não compreendendo, mas já receptiva, a mulher<br />
pediu essa água, para que a sua vida ficasse mais fácil<br />
(4:15).<br />
30) João 5:24 – O crente já passou da morte para a vida.<br />
Esse versículo, introduzido pela fórmula solene: Eu lhes<br />
asseguro, desenvolve um tema introduzido nos versículos<br />
precedentes. O Filho. João nos disse, “dá vida a quem Ele<br />
quer” (v. 21). Agora, apresenta-se quem são essas<br />
pessoas em outros termos: Quem ouve a minha palavra e<br />
crê naquele que me enviou (a construção grega apresenta<br />
uma descrição singular e coordenada) tem a vida eterna e<br />
não será condenado. O Filho curou o inválido junto ao<br />
tanque de Betesda com Sua palavra, e Sua palavra é<br />
também que traz vida eterna (cf. 6:63, 68) e purificação<br />
(15:3), ou julgamento (12:47). Aquele que pertence a Deus<br />
ouve o que Deus diz (8:47). Ouvir a palavra de Jesus é<br />
idêntico a ouvir a palavra de Deus, já que o Filho fala<br />
somente o que o Pai lhe concede dizer. Ouvir, nesse<br />
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contexto, como acontece com frequência em outras<br />
passagens, inclui crença e obediência. A crença é<br />
declarada, e seu objeto é aquele que enviou Jesus – não<br />
porque seria inapropriado especificar Jesus como o objeto<br />
de fé (3:16; 14:1), mas porque o contexto imediato está<br />
preocupado em mostrar como o Filho, em tudo que Ele diz<br />
e faz, media o Pai para nós. Como as palavras e os feitos<br />
do Filho são as palavras e os feitos do Pai, então a fé<br />
colocada no Filho é colocada no Pai que o enviou. Aquele<br />
que ouve e crê dessa forma tem a vida eterna e não será<br />
condenado (“κέκριται – kekritai” –, aqui significando<br />
“julgado desfavoravelmente”, como em 3:18 “κρινω –<br />
krino”). A idéia é praticamente indistinguível do<br />
componente negativo da doutrina da justificação de Paulo:<br />
o crente não vai ao julgamento final, mas deixa a corte já<br />
absolvido. Nem é necessário para o crente esperar até o<br />
último dia para experimentar um pouco da vida da<br />
ressurreição: o crente tem a vida eterna e passou da morte<br />
para a vida (cf. Colossenses 1:13). Essa é talvez a mais<br />
forte afirmação no quarto evangelho da escatologia<br />
inaugurada. Todavia, isso não significa que o evangelista<br />
adotou o erro de Himeneu e Fileto (2 Timóteo 2:17, 18),<br />
que afirmavam que a ressurreição já havia acontecido. Os<br />
versículos seguintes (especialmente v. 28, 29)<br />
demonstram que João ainda antecipa uma ressurreição<br />
final. Mas a ênfase sobre a escatologia realizada é<br />
tipicamente joanina.<br />
31) Romanos 6:8, 9 – O crente já morreu com Cristo (2<br />
Timóteo 2:11).<br />
32) 1 Pedro 1:3, 4 – O crente foi regenerado para uma viva<br />
esperança.<br />
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33) 1 Pedro 1:23 – O crente foi regenerado pela Palavra de<br />
Deus.<br />
34) 1 João 3:9 – O crente foi regenerado pelo Espirito<br />
Santo (João 3:5; Tito 3:5).<br />
35) João 6:37 – 40 – O crente jamais será lançado fora.<br />
36) João 6:47 – O crente já possui a vida eterna (1 João<br />
5:11 – 13; 1 Timóteo 6:12).<br />
37) João 10:28 – O crente não pode ser arrancado da mão<br />
do Filho.<br />
Cristo oferecia a vida eterna como um presente (10:28). Ao<br />
dizer que jamais perecerão se pertencessem ao seu<br />
rebanho, Jesus usou a mais forte expressão conhecida na<br />
língua. Essa certeza era possível porque a vida oferecida<br />
fundamentava-se no Seu dom (Romanos 11:29) e não em<br />
consecuções (execuções, conquistas, realizações,<br />
obtenção ou conseguimentos) humanas. Suas ovelhas<br />
também estavam a salvo de influências estranhas –<br />
ninguém as arrebatará da minha mão. As ovelhas<br />
pertenciam a Cristo porque eram presentes do Pai para Ele<br />
(10:29). Naturalmente o Pai tinha interesse na sua<br />
preservação. Considerando que Ele é supremo – maior do<br />
que tudo – não se pode imaginar que algum poder seja<br />
capaz de arrancá-las de Sua protetora mão (Romanos<br />
8:38, 39). A conclusão do assunto é que nenhuma<br />
separação pode ser feita entre o Pai e o Filho. Eles são<br />
mais do que colaboradores, são um na essência (a palavra<br />
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um não está no masculino – um indivíduo – mas no neutro,<br />
um ser).<br />
38) João 10:29 – O crente não pode ser arrancado da mão<br />
do Pai.<br />
39) Lucas 15:3 – 10 – Há alegria no céu por um pecador<br />
(ovelha perdida resgatada pelo poder de Jesus, transmitido<br />
pelo Evangelho) que se arrepende.<br />
40) João 10:27 – O crente é conhecido do Senhor (João<br />
10:14; 2 Timóteo 2:19; 1 Coríntios 8:3; Gálatas 4:9; Mateus<br />
7:21 – 23).<br />
O que então poderia explicar a obtusidade (a<br />
insensibilidade e a estupidez) de tantos ouvintes? E que<br />
eles não pertencem às ovelhas de Jesus. Não é só que<br />
suas próprias ovelhas ouçam a sua voz, que Ele as<br />
conheça e que elas o sigam (afirmações dos v. 1 – 18 e<br />
repetidas aqui), mas que aqueles que não são suas<br />
ovelhas não ouvem sua voz, que Ele não as conhece, e<br />
que, portanto, eles não o seguem. Nem Jesus nem João<br />
querem reduzir a responsabilidade moral dos oponentes de<br />
forma alguma. O fato de não serem ovelhas de Jesus não<br />
os desculpa, isso os condena. A afirmação de<br />
predestinacionismo (Eleição e Predestinação –<br />
Calvinismo) garante que mesmo sua incredulidade<br />
massiva não é uma surpresa, ela deve ser esperada, e cai<br />
sob a cobertura da soberania de Deus (6:44; 12:37). Deus<br />
salvará os que diante mão predestinou para salvação, os<br />
eleitos. (cf. Efésios 1:4 – 23).<br />
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41) Mateus 28:20 – Jesus está com o crente todos os dias<br />
até o fim dos séculos.<br />
42) Romanos 8:1 – Nenhuma condenação há para o crente<br />
(Romanos 8:33, 34).<br />
“Agora, pois”, retrocede ao último versículo de (7:25). Uma<br />
vez que a libertação vem por meio de Jesus Cristo não<br />
existe nenhuma condenação (que envolva castigo ou<br />
destino eterno) há para os que estão em Cristo Jesus.<br />
Aqueles que estão em Cristo não são condenados, porque<br />
Cristo foi condenado em lugar deles. Não haverá nenhum<br />
castigo para eles, porque Cristo levou esse castigo.<br />
Através de todo este capítulo duas palavras se repetem e<br />
ocorrem várias vezes. Estas duas palavras são carne<br />
(sarx) e espírito (pneuma). Não entenderemos a passagem<br />
a menos que compreendamos o modo em que Paulo usa<br />
estas palavras.<br />
(1) Em primeiro lugar, tomemos a palavra sarx.<br />
Literalmente significa carne, e a mais superficial leitura das<br />
cartas de Paulo mostrará quão frequentemente usa o<br />
termo, e como o usa em um sentido que lhe é totalmente<br />
próprio. Em termos gerais, usa-a de três maneiras<br />
diferentes:<br />
(a) Usa-a em sentido totalmente literal. Fala de circuncisão<br />
na carne (Romanos 2:28). Isto significa simplesmente a<br />
circuncisão corporal.<br />
(b) Várias vezes usa a frase kata sarka, que significa<br />
literalmente segundo a carne. Mais frequentemente esta<br />
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frase significa olhar as coisas de um ponto de vista<br />
humano. Por exemplo, Paulo diz que Abraão é nosso<br />
antecessor kata sarka, segundo a carne, que é do ponto de<br />
vista humano. Diz que Jesus é filho de Davi kata sarka,<br />
segundo a carne (Romanos 1:3). Quer dizer, pelo lado<br />
humano de sua ascendência Jesus é filho de Davi. Fala<br />
dos judeus como seus parentes kata sarka (Romanos 9:3).<br />
Isto quer dizer, falando de relações humanas e em termos<br />
humanos, os judeus são parentes de Paulo. Quando Paulo<br />
usa a frase kata sarka, indica sempre que está<br />
considerando as coisas do ponto de vista humano.<br />
(c) Mas Paulo tem um uso do termo sarx que lhe é<br />
totalmente próprio. Quando está falando dos cristãos, fala<br />
dos dias em que estava na carne (em sarki) (Romanos 7:5).<br />
Fala daqueles que andam segundo a carne em oposição<br />
àqueles que vivem a vida cristã (Romanos 8:4, 5). Diz que<br />
aqueles que vivem segundo a carne não podem agradar a<br />
Deus (Romanos 8:8). Diz que o ocupar-se da carne é<br />
morte, e que esta é hostil a Deus (Romanos 8:6 – 8). Fala<br />
a respeito de viver segundo a carne (Romanos 8:12). Diz a<br />
seus amigos cristãos: “Vós não viveis segundo a carne”<br />
(Romanos 8:9, Reina–Valera 1995). Agora, é evidente,<br />
especialmente no último exemplo, que Paulo não está<br />
usando o termo carne simplesmente no sentido do corpo,<br />
como nós dizemos carne e sangue. Como o usa então?<br />
Quando Paulo usa o termo carne desta maneira se refere<br />
realmente à natureza humana em toda sua fraqueza, sua<br />
impotência e seu desamparo. Refere-se à natureza<br />
humana em sua vulnerabilidade ao pecado e à tentação.<br />
Refere-se àquela parte do homem que dá ao pecado sua<br />
oportunidade e sua cabeça de ponte. Ele se refere à<br />
natureza humana pecaminosa sem Cristo e sem Deus.<br />
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Significa todas as coisas que atam o homem ao mundo em<br />
lugar de a Deus. Viver segundo a carne é viver uma vida<br />
mundana, viver uma vida dominada pelos ditados e<br />
desejos da pecaminosa natureza humana em lugar de uma<br />
vida dominada pelos ditados de Deus e seu amor. A carne<br />
é o lado mais baixo da natureza do homem. Deve-se notar<br />
cuidadosamente que quando Paulo pensa a respeito do<br />
tipo de vida que vive um homem dominado pela carne,<br />
sarx, não está de maneira nenhuma pensando<br />
exclusivamente em pecados sexuais e corporais. Não está<br />
pensando absolutamente no que chamamos pecados<br />
carnais. Quando dá uma lista das obras da carne, em<br />
Gálatas 5:19 – 21, inclui os pecados sexuais e corporais;<br />
mas também inclui idolatria, ciúmes, iras, lutas, heresias,<br />
invejas, homicídios. A carne para Paulo não era algo físico;<br />
era algo espiritual. A carne era a natureza humana com<br />
todo seu pecado e fraqueza, e impotência e frustração; a<br />
carne é tudo o que o homem é sem Deus e sem Cristo.<br />
(2) Vem à palavra Espírito. Só neste capítulo a palavra<br />
Espírito aparece não menos de trinta vezes. Agora, a<br />
palavra Espírito tem um pano de fundo bem definido no<br />
Antigo Testamento. Em hebraico o termo é ruach, e contém<br />
duas idéias básicas. (a) Ruach não somente quer dizer<br />
Espírito; também quer dizer vento. Leva sempre implícita a<br />
idéia de poder, poder como o de um poderoso vento<br />
impetuoso.<br />
(a) Ruach, no Antigo Testamento, sempre expressa a idéia<br />
de algo que é mais que humano, algo que não é do homem<br />
e não está ao alcance do homem. Para Paulo, Espírito<br />
representava um poder divino. Assim Paulo diz nesta<br />
passagem que houve um tempo em que o cristão, antes de<br />
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ser cristão, estava à mercê de sua própria natureza<br />
humana pecaminosa. Nesse estado a Lei tinha chegado a<br />
ser simplesmente algo que o movia a pecar, e nesse<br />
estado ia de mal a pior, derrotado e frustrado. Mas, quando<br />
chegou a ser cristão, entrou em sua vida o impetuoso poder<br />
do Espírito de Deus, e, porque agora havia em sua vida um<br />
poder que não era dele, entrou em uma vida vitoriosa em<br />
lugar de uma existência derrotada.<br />
Na segunda parte da passagem Paulo fala do efeito da<br />
obra de Jesus sobre nós. É uma passagem muita<br />
complicada e difícil, mas o ponto a que Paulo quer chegar<br />
é ao seguinte. Recordemos que começou tudo isto dizendo<br />
que todos os homens pecaram em Adão. Vimos como a<br />
concepção judia da solidariedade fez possível a Paulo<br />
arguir que, literalmente, todos os homens pecaram em<br />
Adão e que todos estavam envoltos naquele pecado e sua<br />
consequência — a morte.<br />
Mas este quadro tem outro lado. A este mundo veio Jesus.<br />
Veio como um homem; veio com uma natureza total e<br />
verdadeiramente humana. Vivendo como homem foi sem<br />
pecado; derrotou o pecado; condenou o pecado; nele o<br />
pecado foi vencido e conquistado; e levou uma vida de<br />
perfeita obediência a Deus, de perfeito cumprimento da Lei<br />
de Deus. Agora, porque Jesus foi completamente homem,<br />
exatamente como nós fomos um com Adão, agora somos<br />
um com Ele; e, exatamente como estávamos envoltos no<br />
pecado de Adão, estamos envoltos na perfeição de Jesus.<br />
NEle a humanidade cumpriu a Lei de Deus, exatamente<br />
como em Adão a humanidade a quebrantou. NEle a<br />
humanidade rendeu a Deus perfeita obediência,<br />
exatamente como em Adão a humanidade mostrou a Deus<br />
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uma fatal desobediência. Os homens são salvos porque<br />
uma vez estiveram envoltos no pecado de Adão, mas<br />
agora estão envoltos na bondade de Jesus. Este é o<br />
argumento de Paulo, e para ele e para aqueles que o<br />
escutavam era totalmente convincente, por mais difícil que<br />
seja para nós compreendê-lo. Porque o que Jesus fez abre<br />
aos cristãos uma vida que já não está dominada pela<br />
carne, pela pecaminosa e impotente natureza humana,<br />
mas uma vida que está dominada por esse Espírito de<br />
poder, esse Espírito de Deus, que enche o homem de um<br />
poder que não é dele. Elimina-se o castigo do passado,<br />
assegura-se a fortaleza para o futuro.<br />
43) Romanos 8:30 – Sendo justificado, o crente também<br />
será glorificado.<br />
Os verbos: chamou, justificou e glorificou relacionam-se<br />
com o plano (eterno conselho de Deus) e a execução do<br />
Seu propósito. Tendo Deus um plano, ou propósito –<br />
resumir todas as coisas, reuni-las em Cristo, as coisas do<br />
céu e da terra (Efésios 1:10, 11), Ele é capaz de operar<br />
conjuntamente para o bem daqueles que O amam. A<br />
ênfase que Paulo dá aqui está no que Deus faz pelos<br />
muitos irmãos. A única resposta humana mencionada é o<br />
amor a Deus.<br />
44) Romanos 8:28 – Todas as coisas cooperam para o bem<br />
do crente (Gênesis 50:20).<br />
Paulo começa com um axioma básico: Sabemos. Depois<br />
ele declara esta verdade: Todas as coisas cooperam para<br />
o bem daqueles que amam a Deus. Paulo coloca a frase<br />
“aqueles que amam a Deus” primeiro, para que não haja<br />
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dúvidas sobre os que estão envolvidos nas “cousas que<br />
cooperam para o bem”. Essas coisas são para aqueles que<br />
continuamente expressam amor a Deus tanto por meio de<br />
atitude quanto por atos. Mais adiante eles são definidos<br />
como aqueles que são chamados segundo o propósito<br />
(plano ou decreto). A chamada e a eleição são colocados<br />
lado a lado em 2 Tessalonicenses 2:13, 14; 2 Pedro 1:10.<br />
A chamada pode ser focalizada sobre o destino eterno (2<br />
Tessalonicenses 2:14) ou sobre a vida terrena de liberdade<br />
e santidade (Gálatas 5:13; 1 Tessalonicenses 4:7).<br />
45) Romanos 8:35 – 39 – Nada poderá separar o crente do<br />
amor de Deus (João 13:1).<br />
Obstáculos formidáveis não podem nos separar do amor<br />
que Cristo nos dispensa. Essas dificuldades são:<br />
tribulação, angústia, perseguição, fome, nudez, perigo ou<br />
espada (isto é, a morte violenta). O apóstolo cita Salmos<br />
44:22 para mostrar quais as dificuldades que o povo de<br />
Deus tem de enfrentar. Sua conclusão é que em todas<br />
essas dificuldades, somos mais do que vencedores, por<br />
meio daquele que nos amou. O significado aqui é o<br />
seguinte: “Estamos no processo de alcançar a vitória”. Nas<br />
pressões externas da vida podemos obter a vitória por meio<br />
daquele que nos amou. Estamos vencendo, não através de<br />
nossa própria força ou talento, mas por meio de Cristo.<br />
46) 1 Coríntios 3:15 – O crente infiel será salvo como pelo<br />
fogo (1 Coríntios 5:1 – 5; 11:29 – 32).<br />
Assim João Calvino define 1 Coríntios 3:15:<br />
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Não há dúvida de que Paulo está falando dos que, embora<br />
retenham sempre o fundamento, misturam feno com ouro,<br />
restolho com prata, madeira com pedras preciosas. Em<br />
outros termos, aqueles que edificaram sobre Cristo, porém,<br />
em razão da enfermidade da came, deram espaço a algum<br />
conceito humano, ou motivado pela ignorância, se<br />
desviaram, até certo ponto, da estrita pureza da Palavra de<br />
Deus. Muitos dos santos fizeram isso - Cipriano, Ambrósio,<br />
Agostinho e outros. O leitor pode adicionar também, caso<br />
o queira, os que se acham mais próximos de nossos<br />
próprios dias Gregório e Bernardo, bem como outros como<br />
eles, cujo propósito era edificar sobre Cristo, mas que,<br />
infelizmente, às vezes retrocediam do correto sistema de<br />
construir.<br />
Paulo afirma que pessoas como essas podem ser salvas,<br />
porém sobre esta condição: se o Senhor apagar sua<br />
ignorância e purificá-la de toda impureza; e isso é o que<br />
significa a frase “como por meio do fogo”. Portanto, sua<br />
intenção é sugerir que ele mesmo não os priva da<br />
esperança da salvação, contanto que espontaneamente<br />
aceitem a perda da obra que empreenderam e sejam<br />
purificados pela mercê divina, tal como o ouro é refinado<br />
na fornalha. Além do mais, ainda que Deus às vezes<br />
purifique seu povo por meio de sofrimentos, tomo o termo<br />
fogo aqui no sentido de o teste feito pelo Espírito. É assim<br />
que Deus corrige e destrói a ignorância de seu povo, pela<br />
qual pode ser controlado por algum tempo. Sei muito bem<br />
que muitos aplicam isso à cruz, porém estou certo de que<br />
minha interpretação satisfará a todos quantos desfrutam de<br />
são juízo.<br />
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Podemos concluir forjando uma réplica, breve, a ser<br />
direcionada para os papistas que usam esta passagem em<br />
apoio do purgatório. Seu ponto de vista é que os<br />
pecadores, a quem Deus perdoa, passam pelo fogo a fim<br />
de que sejam salvos. Então, por esse caminho eles sofrem<br />
o castigo de Deus a fim de que sua justiça seja<br />
aperfeiçoada. Prefiro omitir aqui seus inumeráveis<br />
comentários sobre o montante de castigo e sobre o<br />
livramento dele. Pergunto, porém: quem de fato são<br />
aqueles que passam pelo fogo? Paulo está<br />
peremptoriamente falando somente de ministros. “Mas”,<br />
dizem eles, “a mesma consideração se aplica a todos”.<br />
Como a dizer: Deus é certamente o melhor juiz, não nós!<br />
Mas, mesmo que lhes fizesse tal concessão, quão<br />
infantilmente se aferram à palavra fogo. No entanto, qual é<br />
o propósito do fogo senão o de consumir o feno e a palha<br />
e, em contrapartida, o de provar o ouro e a prata? Querem<br />
dizer, porventura, que as doutrinas são discernidas pelo<br />
fogo de seu purgatório? Quem ainda não descobriu o<br />
quanto a verdade se distingue da falsidade? Além disso,<br />
quando esse dia chegará, em cuja luz a obra de cada um<br />
será exibida? Começou com o princípio do mundo e<br />
prosseguirá até seu término? Se restolho, feno, ouro e<br />
prata são empregados metaforicamente, que limites a<br />
conceder, que sorte de correspondência haverá entre as<br />
diferentes sentenças, se fogo não é usado<br />
metaforicamente? Nem mais um passo com tais<br />
futilidades, porque seus absurdos prontamente saltam aos<br />
olhos! Quanto a mim, acredito que a real intenção do<br />
apóstolo já ficou sobejamente estabelecida.<br />
47) 1 Coríntios 1:8 – O crente será confirmado até o fim<br />
(Romanos 1:16; Romanos 16:25; 2 Tessalonicenses 3:3).<br />
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48) Filipenses 1:6 – Deus mesmo terminará a obra no<br />
crente (Filipenses 2:13).<br />
No versículo seis Paulo diz que confia em que Deus, que<br />
começou a boa obra nos filipenses, continue-a e a<br />
complete de tal maneira que estejam preparados para o dia<br />
de Cristo. Há aqui na linguagem grega uma figura que não<br />
é possível reproduzir na tradução. O problema está nas<br />
palavras que Paulo usa para começar (ἐναρξάμενος –<br />
enarxamenos) e para completar (ἐπιτελέσει – epitelesei) –<br />
ambos são termos técnicos para indicar o começo e o final<br />
de um sacrifício. No sacrifício grego havia um rito inicial.<br />
Acendia-se uma tocha sobre o altar que era submersa<br />
chamejante numa fonte de água. Desta maneira a chama<br />
sagrada purificava a água e a água purificada era<br />
aspergida sobre o povo e sobre a vítima para fazê-los<br />
santos e puros. Então se continuava com o que se<br />
conhecia como eufemia: o silêncio sagrado em que o<br />
adorador orava a seu deus. Finalmente se trazia uma cesta<br />
de cevada; alguns grãos eram esparramados sobre a<br />
vítima e sobre o piso a seu redor. Isto era levado a cabo no<br />
começo do sacrifício. O termo técnico para esta realização<br />
era o verbo “enarxamenos” que Paulo usa aqui. O verbo<br />
usual para completar o ritual do sacrifício e realizar um<br />
serviço com toda perfeição e em seus detalhes mais<br />
mínimos era “epitelesei”. Também Paulo o usa aqui para<br />
completar. Toda a frase que Paulo redige se move na<br />
atmosfera do sacrifício; as palavras e as imagens são<br />
sacrificiais. Assim, pois, Paulo considera a vida de cada<br />
cristão como um sacrifício preparado para oferecer-se a<br />
Jesus Cristo. É a mesma imagem que encontramos em<br />
Romanos onde diz-se que os fiéis ofereçam seus corpos<br />
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como um sacrifício vivo, santo e aceitável a Deus<br />
(Romanos 12:1). A vinda de Cristo será semelhante à de<br />
um rei. Em tal ocasião os súditos de um rei se sentem<br />
obrigados a apresentar-lhe oferendas como objeto de<br />
lealdade e amor. O único dom que Jesus Cristo deseja de<br />
nós está em nós mesmos e em nossas vidas. Deste modo<br />
a tarefa suprema da vida não é outra coisa senão dispor de<br />
nossa vida para oferecê-la a Jesus Cristo. Somente a graça<br />
de Deus nos dá esta capacidade. Desde o momento em<br />
que empreendemos o caminho cristão a graça de Deus<br />
começa também a nos dispor como um sacrifício perfeito<br />
que se oferece a Jesus Cristo. E se continuamos<br />
permitindo que sua graça trabalhe em nós, esta graça<br />
completará sua obra para que cheguemos a ser o sacrifício<br />
perfeito.<br />
49) Colossenses 3:3 – A vida do crente está escondida com<br />
Cristo em Deus.<br />
A vida do cristão está escondida com Cristo em Deus. O<br />
que está escondido fica encoberto ou oculto e não se vê.<br />
O mundo não pode reconhecer o cristão; a verdadeira<br />
grandeza do cristão está escondida para o mundo. Paulo<br />
continua: “Vem o dia em que Cristo voltará em glória e<br />
naquele dia o cristão, a quem ninguém reconheceu,<br />
participará dessa glória, e será evidente aos olhos de<br />
todos”. Em certo sentido Paulo diz — e o diz de verdade —<br />
que virá um dia em que os veredictos da eternidade<br />
inverterão os veredictos do tempo, e os juízos de Deus os<br />
juízos dos homens.<br />
O cristão não só morreu, mas também ressuscitou com<br />
Cristo. Em sua experiência real ele reside “nos lugares<br />
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celestiais” (Efésios 2:6). A velha dispensação ainda se<br />
manifesta no cristão individual –, ele peca, fica doente,<br />
morre; a nova dispensação permanece oculta, apenas<br />
realizada no corpo do Salvador.<br />
50) Efésios 5:27 – A igreja será sempre irrepreensível (2<br />
Coríntios 11:2; 1 Coríntios 12:26, 27).<br />
51) 1 Tessalonicenses 5:1 – 10 – O crente não será<br />
surpreendido na vinda do Senhor.<br />
52) 2 Timóteo 2:13 – O crente infiel será salvo pela<br />
fidelidade de Deus (Romanos 3:3).<br />
“Se somos infiéis, ele permanece fiel, pois não pode negarse<br />
a si mesmo” – 2 Timóteo 2:13.<br />
53) Hebreus 13:5 – O crente jamais será abandonado por<br />
Deus.<br />
“[...] Nunca o deixarei, nunca o abandonarei” – Hebreus<br />
13:5.<br />
54) 1 João 5:1 – O crente é nascido de Deus, e não pode<br />
“desnascer”<br />
(1) Como nascidos de Deus, amamos os irmãos – 5:1 – 3.<br />
(a) – Os gnósticos negavam que Jesus de Nazaré fosse o<br />
Cristo. João toma a fé nesta verdade em teste essencial do<br />
nascido de Deus. Que o gerou é Deus. Que dele é nascido<br />
é o crente.<br />
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(b) – Aqui se declara o inverso de 4:20, 21. Também se<br />
pode dizer que aquele que ama a Deus ama os Seus filhos,<br />
e que aquele que ama os filhos de Deus ama a Deus.<br />
Quando. Literalmente, sempre quando.<br />
(c) – Penosos, um fardo opressivo e exaustivo. Amor<br />
transforma os mandamentos de Deus em luz.<br />
55) 1 Pedro 1:4 – O crente possui a natureza divina.<br />
O resultado de um novo nascimento é uma nova herança,<br />
que foi descrita como incorruptível (indestrutível), sem<br />
mácula (sem mancha), imarcescível (fresca) e reservada<br />
(vigiada) nos céus para vós outros. Para os leitores de<br />
Pedro, que já tinham renunciado à sua parte na herança<br />
terrena de Israel, a prometida terra dos antepassados, e<br />
que também trilham de passar pela proscrição e privação<br />
dos bens terrenos (cf. Hebreus 10:34), este pensamento da<br />
verdadeira herança daria conforto e equilíbrio. Como isto<br />
nos faz lembrar as advertências de nosso Senhor aos seus<br />
discípulos para que convertessem suas propriedades<br />
terrenas em verdadeiras riquezas! (Por exemplo Lucas<br />
12:33, 34).<br />
56) Romanos 8:9 – 11 – O crente é propriedade de Cristo<br />
(1 Coríntios 6:19, 20).<br />
57) 1 Tessalonicenses 5:23, 24 – O crente é conservado<br />
irrepreensível.<br />
58) 1 João 5:16 – O crente não pode pecar para a morte<br />
eterna (1 João 3:9; 5:18).<br />
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59) 1 Coríntios 12:3 – O crente não pode blasfemar contra<br />
o Espírito Santo (Mateus 12:32; Marcos 9:39, 40; Lucas<br />
11:23; 1 João 5:10; João 3:33).<br />
60) 1 João 2:19 – O crente é perseverante na fé (Mateus<br />
10:22; 24:13; 2 João 9; Apocalipse 13:10; 14:12).<br />
Saíram de nosso meio. Nunca organicamente unidos ao<br />
corpo. Teriam permanecido conosco. A sua separação do<br />
grupo cristão é a prova de sua falsa profissão, e o seu<br />
afastamento denunciou-os como anticristos. A apostasia é<br />
possível para aqueles que nunca realmente aceitaram<br />
Cristo como seu Salvador. Mas o crente na pessoa de<br />
Cristo é perseverante na fé de acordo com os textos:<br />
(Isaías 54:10; João 6.51; Romanos 5:8 – 10; 8:28 – 32, 34<br />
– 39; 11:29; Filipenses 1:6; 2 Tessalonicenses 3:3;<br />
Hebreus 7:25).<br />
61) João 10:26 – O crente é “ovelha” e não “porca” lavada<br />
(2 Pedro 2:20 – 22).<br />
Jesus, então, dá vida eterna para suas próprias ovelhas.<br />
Em termos da metáfora das ovelhas, Jesus já disse que Ele<br />
dá para elas. Vida [...] plenamente, vida plena (v. 10); agora<br />
Ele afirma claramente que essa vida é sua própria vida<br />
eterna, frequentemente oculta no evangelho sob as figuras<br />
de água, pão, luz, bom pastor. A consequência de ele<br />
conhecer suas ovelhas e de lhes dar vida eterna é que elas<br />
jamais perecerão.<br />
62) João 13:10 – O crente já está limpo do seu pecado<br />
(João 15:3).<br />
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Pedro precisava saber que a virtude do lavar não era<br />
quantitativa, pois O ato era simbólico da purificação<br />
interior. Banhou (λελουμένος – leloumenos) indica um<br />
banho completo. “Lavar [...] pés”. Aqui a palavra é<br />
“νίψασθαι – nipsasthai”, apropriada para a lavagem de<br />
porções individuais do corpo, tal como na narrativa<br />
anterior. A lavagem da regeneração torna uma pessoa<br />
limpa à vista de Deus. Isto está simbolizado no batismo<br />
cristão, que só se administra uma única vez. Purificação<br />
posterior das manchas de impureza não substitui a<br />
purificação inicial, mas só tem significado à luz dela (1 João<br />
1:9). Estais limpos, mas não todos. A referência é a Judas.<br />
Jesus sabia o que havia no seu coração e quais eram seus<br />
planos (6:70, 71). Com referência à limpos (cf. 15:3). Judas<br />
não era um homem regenerado.<br />
63) 1 Coríntios 1:30 – Cristo é a justiça do crente.<br />
“É, porém, por iniciativa dele que vocês estão em Cristo<br />
Jesus, o qual se tornou sabedoria de Deus para nós, isto<br />
é, justiça, santidade e redenção” – 1 Coríntios 1:30.<br />
A palavra grega usada para “justiça” é “δικαιοσύνη –<br />
dikaiosynē” que significa num sentido amplo: estado<br />
daquele que é como deve ser, justiça, condição aceitável<br />
para Deus.<br />
64) 1 Coríntios 1:30 – Cristo é a santificação do crente.<br />
A palavra grega usada para “santificação” é “ἁγιασμὸς –<br />
hagiasmos” que significa num sentido moral, puro, sem<br />
pecado, justo e santo, algo muito santo; um santo Jesus<br />
Cristo.<br />
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É a palavra mais comum para santo no grego clássico, e<br />
expressa sua concepção usual de santidade, mas é rara<br />
no N.T., porque não é adequada para expressar a plenitude<br />
da concepção do N.T.<br />
65) 1 Coríntios 1:30 – Cristo é a redenção do crente.<br />
A palavra grega usada para “redenção” é “ἀπολύτρωσις –<br />
apolytrōsis” que significa uma libertação efetuada pelo<br />
pagamento de resgate, realizado no Calvário por Jesus<br />
Cristo definitivamente.<br />
66) Salmos 25:20 – Deus é o refúgio do crente (Hebreus<br />
6:18).<br />
67) 1 João 2:22, 23 – O crente não pode negar o filho<br />
(Mateus 10:33; 2 Timóteo 2:12).<br />
68) Romanos 8:37 – O crente sempre será vencedor (João<br />
16:33; Apocalipse 2:7, 11, 17, 26; 3:5, 12, 21).<br />
69) 1 João 5:4 – O crente vence o mundo.<br />
“O que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória<br />
que vence o mundo: a nossa fé” – 1 João 5:4.<br />
A palavra grega para descrever essa vitória sobre o mundo<br />
é “νικᾷ – nika” que significa de cristãos, que permanecem<br />
firmes na sua fé até a morte diante do poder de seus<br />
inimigos, tentações e perseguições.<br />
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70) 1 João 2:14 – O crente vence o diabo (1 João 4:4;<br />
Apocalipse 12:11).<br />
71) Romanos 6:14 – O crente vence o pecado (a carne).<br />
A abundância da graça é de natureza tal que o pecado não<br />
terá domínio sobre os crentes. Não estamos debaixo da lei,<br />
mas da graça. Aqueles que estão em Cristo não estão sob<br />
o regime da lei mosaica para obtenção da salvação.<br />
Estamos sob a graça de Deus e de Cristo. Todo o A.T., —<br />
a Lei, os Profetas e os Escritos (os Salmos, por exemplo)<br />
– certamente revelam o pecado (Romanos 3:20; 5:20)<br />
quando compreendidos à luz dos ensinamentos de Cristo,<br />
e dos apóstolos depois da morte e ressurreição dEle. O<br />
Antigo Testamento também ensina as grandes verdades<br />
cristãs sobre Deus. Paulo encarava Cristo e seus<br />
ensinamentos como sendo a própria lei. “Levai as cargas<br />
uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo” (Gálatas<br />
6:2). “Aos sem lei, (eu me fiz) como se eu mesmo o fosse<br />
sem lei (para os gentios como gentio), não estando sem lei<br />
para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo, para ganhar<br />
os que vivem fora do regime da lei. (Os gentios)” – 1<br />
Coríntios 9:21.<br />
(1) O Sofisma de que se deve pecar, porque os crentes<br />
estão debaixo da graça e não da lei – 6:15 – 7:6.<br />
Quando estamos sob a graça, temos um novo proprietário.<br />
Este fato muda toda a conduta do crente. Nosso “status”<br />
sob a graça é como o de uma mulher casada com outro<br />
homem depois da morte do marido. Envolve toda uma nova<br />
maneira de vida. Assim, por analogia, Paulo mostra que<br />
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estar sob a graça, não permite nunca que o crente seja<br />
indiferente ao pecado.<br />
a) Fidelidade, Fruto, Destino (6:15 – 23). Aqui Paulo apela<br />
para o que seus leitores já conhecem. Ele os faz lembrar<br />
de suas vidas passadas e do fruto que produziam. Ele lhes<br />
fala do resultado de sua nova dedicação. Ele apresenta o<br />
contraste dos resultados eternos das duas diferentes<br />
formas de fidelidade.<br />
72) Romanos 11:29 – O dom de Deus é irrevogável.<br />
Paulo ensina a fidelidade de Deus quando diz: os dons e a<br />
vocação de Deus são irrevogáveis. Dons. Os privilégios<br />
desfrutados por Israel (9:4, 5). Vocação. A declaração<br />
divina a Israel ou Jacó que eles eram o Seu povo (Isaías<br />
48:12). Os gentios, que foram desobedientes a Deus,<br />
obtiveram a misericórdia por causa da, ou por meio da<br />
desobediência de Israel.<br />
73) João 19:30 – Todo o pecado do crente está<br />
consumado.<br />
A fortíssima palavra grega para “consumado” é “Τετέλεσται<br />
– Tetelestai” que descreve a obra de Cristo da seguinte<br />
forma. “Está consumado” (João 19:30) Cristo satisfez a<br />
justiça de Deus pela morte por todos para pagar pelos<br />
pecados do eleito. Estes pecados nunca poderão ser<br />
punidos outra vez já que isto violaria a justiça de Deus. Os<br />
pecados podem ser punidos apenas uma vez, seja por um<br />
substituto ou por você mesmo.<br />
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74) Gálatas 3:13 – O crente foi resgatado para sempre da<br />
maldição da Lei.<br />
“Cristo nos redimiu da maldição da lei quando se tornou<br />
maldição em nosso lugar, pois está escrito: Maldito todo<br />
aquele que for pendurado num madeiro” – Gálatas 3:13.<br />
O Filho se fez maldito, para que os malditos fossem feitos<br />
filhos.<br />
75) Apocalipse 5:9 – O crente foi comprado com sangue (1<br />
Coríntios 6:20; 7:23; 1 Pedro 1:18, 19).<br />
76) Salmos 90:17 – É Deus quem efetua a obra no crente<br />
(João 3:21; Efésios 3:20; Isaías 26:12; 64:4; Filipenses<br />
2:13).<br />
“Esteja sobre nós a bondade do nosso Deus Soberano.<br />
Consolida, para nós, a obra de nossas mãos; consolida a<br />
obra de nossas mãos!” – Salmos 90:17.<br />
77) João 17:20 – Cristo intercedeu pelos crentes, e<br />
continua intercedendo (Hebreus 7:25; 1 João 2:1;<br />
Romanos 8:34).<br />
“Minha oração não é apenas por eles. Rogo também por<br />
aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles”<br />
– João 17:20.<br />
78) Romanos 8:26, 27 – O Espírito Santo intercede pelo<br />
crente.<br />
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Semelhantemente, o Espírito ajuda nossa fraqueza. A<br />
fraqueza mencionada é a nossa incapacidade de analisar<br />
situações e orar inteligentemente sobre elas. Sabemos que<br />
esta é a fraqueza mencionada por causa da frase seguinte.<br />
Dá-se que o Espírito intercede por nós sobremaneira com<br />
gemidos inexprimíveis. Às vezes não conseguimos orar<br />
porque as palavras não podem expressar a necessidade<br />
que sentimos. A ação do Espírito com gemidos<br />
inexprimíveis mostra como Deus penetra em nossa<br />
experiência através do Seu Espírito. Deus Pai que<br />
investiga os corações (dos homens) sabe qual é a mente<br />
do Espírito. Deus conhece toda a reação do Espírito a<br />
qualquer situação ou questão. A intercessão que Ele faz<br />
em favor dos santos é segundo a vontade de Deus. Estas<br />
palavras certamente declaram que a comunicação do<br />
pensamento e conhecimento de cada um é partilhada por<br />
dois membros da Divindade - Pai e Espírito (isto é, o<br />
Espírito Santo).<br />
79) 2 Coríntios 1:20 – Jesus é o “Amém” das promessas<br />
de Deus (João 6:47).<br />
“Pois quantas forem às promessas feitas por Deus, tantas<br />
têm em Cristo o “sim”. Por isso, por meio dele, o “Amém” é<br />
pronunciado por nós para a glória de Deus” – 2 Coríntios<br />
1:20.<br />
A palavra grega para “sim” é “Ναί – Nai” que literalmente<br />
significa sim, de verdade, seguramente, verdadeiramente,<br />
certamente. Assim o crente tem verdadeiramente<br />
segurança na salvação confiada na Pessoa de Jesus, e<br />
Seu sacrifício vicário ou sacrifício expiatório, o qual Cristo<br />
foi o substituto pelo pecado do homem na cruz do Calvário.<br />
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A expiação do pecado por meio de uma vida dada em<br />
substituição. Aleluia!<br />
80) 1 Pedro 4:1 – O crente já cessou do pecado (Romanos<br />
6:14; 1 João 3:9).<br />
Louvado seja o Senhor Jesus Cristo pela Salvação eterna!<br />
Engrandecido seja o Seu nome, porque a salvação das<br />
nossas almas não depende dos nossos esforços, mas<br />
exclusivamente dEle. Somos irremediavelmente salvos,<br />
vamos viver com Cristo pelos séculos dos séculos. Amém!<br />
SATANÁS SABE QUEM SÃO OS ELEITOS <strong>DE</strong><br />
<strong>DE</strong>US?<br />
“Disse então o Senhor a Satanás: Reparou em meu servo<br />
Jó? Não há ninguém na terra como ele, irrepreensível,<br />
íntegro, homem que teme a Deus e evita o mal” – Jó 1:8.<br />
Isso não é uma parábola, mas sim, o relato de um homem<br />
real que foi reconhecido como sincero e reto por pessoas<br />
e por Deus. Tais características que Deus arroga e atribui<br />
a Jó, sabemos que se faz presente na vida dos eleitos, pois<br />
quem atesta tais virtudes é o próprio doador – Deus. De<br />
acordo com os textos de Efésios 1:4 e 2 Timóteo 1:9, fica<br />
evidenciado que os eleitos de Deus são possuidores<br />
destas virtudes, pois o eleito é servo, é íntegro, é<br />
irrepreensível e evita o mal, uma vez que foi chamado em<br />
“santa vocação”, em santificação, sendo uma criatura<br />
santificada no mundo e para Deus. O temor do Senhor, que<br />
é o começo da sabedoria, foi o sinete da qualidade de Jó.<br />
A fonte de sua vida e caráter foi a religião da aliança da fé<br />
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no Cristo da promessa, “o qual para nós foi feito por Deus<br />
sabedoria” (1 Coríntios 1:30; cf. Isaías 11:2).<br />
Podemos destacar nas conversações de Satanás com<br />
Deus seis coisas:<br />
(1) Satanás deve prestar contas a Deus (1:6 – 2:7), pois<br />
veio se apresentar diante de Deus com os santos anjos<br />
(1:6).<br />
(2) A mente de Satanás é um livro aberto diante de Deus –<br />
as perguntas de Deus forçam Satanás à confissão.<br />
(3) Satanás está por trás dos males que afligem a terra<br />
(2:7).<br />
(4) Satanás não é onipresente nem onisciente.<br />
(5) Ele não pode fazer nada sem a permissão divina (1:10).<br />
(6) Quando Deus concede “permissão”, Satanás atua<br />
dentro dos limites definidos pelo poder de Deus (em<br />
relação aos eleitos, porquanto os réprobos lhe pertencem<br />
e a sua hora não tarda).<br />
Jonathan Edwards, no sermão Pecadores nas mãos de um<br />
Deus irado, pregado no dia 08 de Julho de 1741 em Enfield,<br />
Connecticut, nos Estados Unidos, declara:<br />
Portanto, tais homens já estão destinados ao inferno. […]<br />
O que não crê já está julgado (João 3:18). Assim, todo<br />
impenitente pertence, verdadeiramente ao inferno. Ali é o<br />
seu lugar, ele é de lá, como temos em João 8:23: “vós sois<br />
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cá debaixo” e para lá são destinados. Este é o lugar em<br />
que a justiça, a Palavra de Deus e a sentença de sua Lei<br />
imutável reservam para eles. O diabo está pronto a cair<br />
sobre os ímpios, para apoderar-se deles como coisa sua,<br />
no momento em que Deus o permitir. Eles lhe pertencem,<br />
suas almas encontram-se em seu poder e sob seu domínio.<br />
As Escrituras os apresentam como propriedade de<br />
Satanás (Lucas 11:21). Os demônios os espreitam, estão<br />
sempre ao seu lado, à sua direita, esperando por eles como<br />
leões esfaimados e enfurecidos que veem a presa,<br />
aguardando a hora de agarrá-la, mas são restringidos por<br />
enquanto. Se Deus retirasse Sua mão, a qual os refreia,<br />
eles cairiam sobre suas pobres almas num instante. A<br />
velha serpente está pronta a dar o bote. O inferno<br />
escancara sua boca para recebê-los. E se Deus permitisse,<br />
seriam rapidamente engolidos e consumidos.<br />
Diferentemente dos eleitos, que Deus preserva a alma,<br />
como foi com Jó, e partindo do pressuposto que Satanás é<br />
um ser dotado de inteligência (Mateus 8:29; 2 Coríntios<br />
11:3; 1 Pedro 1:12; 2 Samuel 14:20; Mateus 24:36; Efésios<br />
3:10; 2 Pedro 2:11), todos aqueles que Deus preserva a<br />
alma, ele sabe que são seus escolhidos. Ele sabe quem<br />
são os eleitos de Deus, por que os tais não vivem sobre<br />
seu domínio, nem são seus filhos (cf. 1 João 3:10, 12).<br />
Não sejamos como Caim, que pertencia ao Maligno e<br />
matou seu irmão. E por que o matou? Porque suas obras<br />
eram más e as de seu irmão eram justas (v. 12).<br />
Contudo, há aqui uma grande verdade que temos que<br />
notar, pois, quando Deus permitiu que Satanás afligisse Jó,<br />
disse ao mesmo: “Vê que podes destruir todos os seus<br />
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haveres, mas não toques em sua pessoa”. E, mesmo<br />
depois que esse arruinou todos os bens, disse: “Tu podes<br />
tocar na pessoa dele, mas não te aproximes de sua alma”.<br />
Nisso vemos que Deus sempre guarda a alma de Jó, de<br />
modo tal que Satanás só pode atormentá-lo em seus bens,<br />
em sua vida mortal e em sua honra, visto que não possui<br />
poder para entrar até na alma, para fazer Jó cair em erro e<br />
extravasar em impaciência.<br />
“O Senhor disse a Satanás: Pois bem, ele está nas suas<br />
mãos; apenas poupe a vida dele” (Jó 2:6).<br />
Vejamos as marcas da eleição em Jó.<br />
(1) Íntegro e reto.<br />
Não se refere à perfeição sem pecado, (cf. “Jó<br />
reconhecendo seus pecados” em 7:20; 13:26; 14:16), mas<br />
à integridade sincera, especificamente a lealdade para com<br />
a aliança (cf. Gênesis 17:1, 2). Havia uma harmonia<br />
honesta entre a sua profissão de fé e a sua vida,<br />
exatamente o oposto da hipocrisia da qual ele foi acusado<br />
por Satanás e mais tarde por seus amigos. Não existe<br />
nenhuma dúvida de que Jó seja um pecador alcançado<br />
pela eleição de Deus.<br />
(2) Temente a Deus.<br />
No Antigo Testamento, “o temor do Senhor” é o nome da<br />
religião verdadeira. A piedade de Jó era fruto de submissão<br />
genuína ao Senhor diante de quem ele andava em<br />
reverência, rejeitando resolutamente o que Ele tivesse<br />
proibido. Aquele que é sábio para a salvação está cônscio<br />
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da dimensão demoníaca da história, a fúria secular de<br />
Satanás contra “a semente” da mulher (cf. Gênesis 3:15),<br />
isto é, Cristo e o Seu povo (corpo). O Adversário protestou,<br />
dizendo que a piedosa sabedoria de Jó não era genuína,<br />
que a sua piedade era apenas temporária e resultante de<br />
sua prosperidade. Mas provado, Jó esmagou Satanás sob<br />
os pés, demonstrando que estava pronto a servir a Deus<br />
“debalde”. Uma vez que a verdadeira sabedoria e o temor<br />
a Deus são dons divinamente concedidos, a acusação de<br />
Satanás contra Jó foi realmente uma desafiadora negação<br />
da sabedoria de Deus, um desafio à eficácia soberana do<br />
decreto redentor de Deus de “pôr inimizade” entre os<br />
eleitos e a serpente (Gênesis 3:15). O propósito primário<br />
do sofrimento de Jó, desconhecido para ele, foi que<br />
permanecesse diante dos homens e anjos como um<br />
“troféu” do poder salvador de Deus, uma exibição dessa<br />
sabedoria divina que é o protótipo, o fundamento da<br />
verdadeira sabedoria humana. (cf. 1 Coríntios 2:6, 7; Tiago<br />
3:17).<br />
Sem interesse algum de expor uma teologia especulativa,<br />
pretendo expor quão grande é a nossa segurança, que<br />
costumeiramente limitamos a esta esfera terrena e finita,<br />
em desacordo com a realidade bíblica que nos apresenta<br />
como filhos de Deus e que, de fato, estão envolvidos em<br />
uma esfera infinitamente superior, e diametralmente<br />
oposta à dimensão que estamos inseridos. Paulo exortanos<br />
em relação a nossa verdadeira batalha, que por sua<br />
vez é espiritual, uma guerra invisível, que tratamos com a<br />
sabedoria de Deus revelada, confiante e triunfante em<br />
Cristo.<br />
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Vistam toda a armadura de Deus, para poderem ficar<br />
firmes contra as ciladas do diabo, pois a nossa luta não é<br />
contra pessoas, mas contra os poderes e autoridades,<br />
contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as<br />
forças espirituais do mal nas regiões celestiais (Efésios<br />
6:11, 12).<br />
A guerra deve ser travada tenazmente, pois o inimigo é<br />
nada menos que o diabo (Mateus 4:1, 5, 8, 11; João 8:44;<br />
1 Pedro 5:8; Judas 9; Apocalipse 2:10; 12:9; 20:2). É<br />
evidente que o apóstolo cria na existência de um príncipe<br />
do mal pessoal. Paulo estava escrevendo a pessoas das<br />
quais muitas, antes de sua bem recente conversão à fé<br />
cristã, nutriam grande temor pelos espíritos maus, como<br />
também é verdade hoje entre os pagãos. É quase<br />
impossível apreciar quão difundido, obsessivo e dominante<br />
é este medo de demônios que se deparam no seio do<br />
paganismo. De que maneira Paulo neutraliza esse medo?<br />
Disse o que muitos dizem hoje: “O mundo dos espíritos<br />
malignos é uma grande irrealidade, pura invenção da<br />
imaginação”? Certamente que não. Em vez disso, sem<br />
aceitar a demonologia ou o animismo pagão, ele enfatiza a<br />
grande e sinistra influência de Satanás. De igual modo,<br />
procedem os demais escritores inspirados. O que todos<br />
eles dizem ao descrever o poder do demônio pode ser<br />
resumido mais ou menos assim:<br />
Tendo sido expulso do céu, ele se encheu de fúria e de<br />
inveja. Sua malevolência é dirigida contra Deus e Seu<br />
povo. Seu propósito é destronar seu grande inimigo e<br />
lançar todo o povo de Deus – aliás, toda pessoa no inferno.<br />
Anda em derredor como um leão, que ruge buscando a<br />
quem possa devorar. Possui um exército poderoso e bem<br />
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organizado (como se demonstrará em momento oportuno),<br />
e estabeleceu um posto avançado dentro dos corações<br />
daqueles a quem ele almeja destruir. Ademais, seus<br />
métodos, diz Paulo, são astutos (cf. Efésios 4:14).<br />
As artimanhas do enganador.<br />
Os crentes não ignoram esta verdade (2 Coríntios 2:11).<br />
Ora, a expressão “métodos astutos” não passaria de som<br />
oco a menos que lhe demos um conteúdo bíblico. Alguns<br />
desses ardis manhosos ou estratagemas malignos são:<br />
confundir a mentira com a verdade de forma a parecer<br />
plausível (Gênesis 3:4, 5, 22); citar (melhor, citar<br />
erroneamente!) as Escrituras (Mateus 4:6); disfarçar-se em<br />
anjo de luz (2 Coríntios 11:14) e induzir seus “ministros” a<br />
fazerem o mesmo, “aparentando ser apóstolos de Cristo”<br />
(2 Coríntios 11:13); arremedar a Deus (2 Tessalonicenses<br />
2:1 – 4, 9); reforçar a crença humana de que ele não existe<br />
(Atos 20:22); entrar em lugares onde não se espera que<br />
entre (Mateus 24:15; 2 Tessalonicenses 2:4); e, acima de<br />
tudo, prometer ao homem que, por meio das más ações,<br />
se pode obter o bem (Lucas 4:6, 7).<br />
À luz de tudo isso, é possível ver claramente porque, no<br />
nome de seu Senhor que o enviara, o apóstolo ordena a<br />
mobilização: “Vistam-se da armadura completa de Deus.<br />
Não se esqueçam de nenhuma de suas peças. Vão<br />
precisar de cada uma delas. Não tentem avançar contra o<br />
diabo e seu exército com equipamento de seu próprio<br />
arsenal”. Antes, digam como Davi: “Não posso andar com<br />
isto, pois nunca o usei” (1 Samuel 17:39).<br />
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Nesta batalha, se possível, ele usaria de sua maior arma:<br />
“o engano” para roubar as almas. Mas isso não é possível<br />
por duas razões:<br />
(1) Porque as almas pertencem a Deus (Ezequiel 18:4)<br />
(2) Porque Deus protege os eleitos (Salmos 91:1 – 16)<br />
Assim, ele fica limitado em sua empreitada demoníaca pelo<br />
poder de Deus.<br />
“Contudo, o firme fundamento de Deus permanece<br />
inabalável e autenticado com esse selo: “O Senhor<br />
conhece os Seus” e “Aparta-se da injustiça todo aquele que<br />
professa o nome do Senhor” (2 Timóteo 2:19. (cf. 1 Pedro<br />
1:5; 1 João 5:18; Mateus 24:24).<br />
“E se Deus comunicou a Satanás sobre o Seu servo Jó<br />
quão grande proteção, não comunicaria Deus a de todos<br />
os Seus eleitos?”. A resposta é sim. Vejamos a ação de<br />
Satanás, em seus intentos diretos contra os eleitos de<br />
Deus no Novo Testamento.<br />
(1) Pedro e Satanás (Lucas 22:31, 32).<br />
Jesus inicia suas graves palavras a Simão Pedro com a<br />
repetição do nome: “Simão, Simão […]” (v. 31). Isto realça<br />
a preocupação de Jesus com Pedro. A causa desta<br />
preocupação é o ataque que Satanás estava para iniciar<br />
contra Pedro e Seus companheiros. Ao chama-lo de Simão<br />
ao invés de Pedro, Jesus pode estar sugerindo que o<br />
discípulo logo agirá de acordo com sua antiga natureza,<br />
que é uma das fraquezas humanas, e é por ela que<br />
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Satanás atua de forma sorrateira, que age secretamente,<br />
às escondidas, dissimuladamente, e de fato são nas<br />
tentações e graves investidas que ele ataca os eleitos de<br />
Deus.<br />
A sabedoria de Deus, o conhecimento acerca de Deus e<br />
das obras de Suas mãos é a nossa arma contra essas<br />
investidas (cf. João 5:39; 17:17; Efésios 6:13 – 18; 1<br />
Coríntios 1:24, 30). Não é Deus quem tenta os Seus eleitos<br />
(Tiago 1:13); antes, é Satanás (Mateus 4) e muitas vezes<br />
nossas próprias concupiscências (Tiago 1:14). E, sabendo<br />
que Satanás não pode roubar de Deus as almas, pois a<br />
Deus pertence todo o poder, por quais objetivos ele tenta<br />
os eleitos? A resposta pode ser superficial aos nossos<br />
olhos, por se tratar de sofrimentos passageiros, mas muitos<br />
são os cristãos que sofrem por estes motivos reais e<br />
temporários, e muitos não conseguem compreender tais<br />
sofrimentos. A própria doutrina do mal é mal debatida – não<br />
conseguem exaltar a salvação em Cristo nas exposições<br />
acerca desta doutrina, e talvez seja esta a esperança a ser<br />
exposta neste artigo. A “permissividade” de Deus nos<br />
revela algo grandioso, magnífico: a salvação de nossas<br />
almas e o fim destes sofrimentos (Apocalipse 21:4).<br />
É como se Deus nos mostrasse todos os dias a<br />
necessidade de nossa salvação, a necessidade do cristão<br />
desenvolver a salvação (Filipenses 2:12), a necessidade<br />
do homem se render a Cristo, a necessidade do redentor,<br />
são por esses motivos doloridos e passageiros que Deus<br />
manifesta a verdadeira vida, a vida eterna abundante que<br />
nos foi preparada desde a fundação do mundo com amor<br />
zeloso. A grande verdade é que, nestes sofrimentos, nos<br />
desligamos do que verdadeiramente importa, e é bem<br />
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verdade que no final deste afastamento estamos mais<br />
unidos ao que verdadeiramente importa –, a esperança na<br />
vida, unidos com o Deus trino em amor para todo sempre.<br />
Nesses acontecimentos, se manifesta o amor e a justiça de<br />
Deus para o louvor da Sua glória para todo sempre, e por<br />
isso louvamos a Ele, porquanto é digno de todo o louvor.<br />
Na vergonha, na culpa, nos problemas, nas tristezas, nas<br />
consequências graves em decorrência de pecados<br />
cometidos; na queda temporária da graça, no afastamento<br />
de Deus, nas doenças psicossomáticas, na espiritualidade<br />
superficial, nos escândalos, nas dúvidas, e muitas outras<br />
coisas, é que nos apegamos no intransponível e verdadeiro<br />
lar; é a partir do sofrimento terreno que contemplamos o<br />
alívio celestial, vivemos para encontrar a Deus, e é nisto<br />
que começa a vida eterna, quando começamos viver para<br />
o encontrar.<br />
Devo enfatizar que Satanás tenta a todo custo, de forma<br />
acusativa, mostrar a Deus que não somos merecedores de<br />
tal graça, pois vivemos em hipocrisia, e de fato isso é<br />
verdade. Por isso a necessidade da justificação e<br />
santificação, mas também devo afirmar que são nesses<br />
acontecimentos sombrios – as “noites escuras da alma” –,<br />
que Deus sempre mostra o Seu amor protetivo para com o<br />
Seu povo, assim como foi com Jó, Pedro (como veremos<br />
mais adiante) e os outros. Sabendo que não pode penetrar<br />
na alma dos eleitos porque são selados com o Espírito<br />
Santo (Efésios 1:13, 14; 1 Coríntios 12:12 – 14) – e “porque<br />
maior é o que está em nós do que o que está no mundo” (1<br />
João 4:4) – Satanás, em sua natureza má e perversa, sente<br />
gozo em ver os eleitos sofrerem, mesmo que<br />
temporariamente. Jesus Cristo, Paulo e todos os apóstolos<br />
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nos consolam a caminhar para o alvo, sabendo que, nesta<br />
vida, o que nos mantém vivos em esperança são as<br />
aflições (cf. João 16:33; 1 Coríntios 2:9; 2 Coríntios 4:7 –<br />
11, 17, 18; 1 Pedro 1:3 – 9).<br />
“Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo” (v. 31).<br />
Pediu a quem? Pediu a Deus, claro. E Deus permitiu.<br />
Ainda que o maligno possa “cirandar” com os servos do<br />
Senhor, observe que ele não o faz sem a “permissão de<br />
Deus”. Louvado seja o Deus Eterno que tem o Diabo sob<br />
controle! O poder de Satanás é limitado, tanto em relação<br />
ao tempo como em seu alcance. Tanto é que a derrota de<br />
Satanás já está decretada e seu final descrito em<br />
Apocalipse 20:10. Na experiência de Jó, Satanás pleiteou<br />
autorização para, inicialmente, tocar nos bens de Jó e<br />
depois na saúde. O maligno agiu dentro do limite<br />
estabelecido por Deus.<br />
O verbo usado por Jesus, siniasai – σινιάσαι, cirandar,<br />
peneirar”, denota uma agitação interna, equivalente a<br />
tentar a fé de alguém até o limite. Descreve o processo de<br />
provas pelo qual o genuíno é separado do falso, o bom do<br />
mau. Jesus alertou a Pedro de que problemas viriam e que<br />
Satanás estaria atacando os apóstolos. O que podemos<br />
observar nesta passagem é que Cristo orou, rogou para<br />
que a fé de Pedro fosse guardada. Observe que, antes de<br />
qualquer reação de Pedro, Jesus acrescentou: “mas eu<br />
roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça” (v. 32).<br />
Vemos aqui o cumprimento do que João escreveu em 1<br />
João 2:1: “Jesus é nosso advogado”. Jesus orou por Pedro<br />
para que este se recobrasse após as turbulências que<br />
viriam. O Senhor sabia das três negativas que Simão<br />
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cometeria, e que isto seria superado (a culpa, as<br />
consequências e outros males). Pedro recebe uma<br />
orientação de Jesus: “quando te converteres” (Lucas<br />
22:32), no grego epistrepsas – ἐπιστρέψας, que significa<br />
“voltar-se para si mesmo”, dando a ideia de que Pedro seria<br />
temporariamente usado, alienado por Satanás, mas não<br />
seria definitivamente usado como Judas Iscariotes, como<br />
um “filho da perdição”, fortaleça os teus irmãos (cf. João<br />
21:14 – 19). Pedro foi o primeiro dos doze a se encontrar<br />
com Jesus ressurreto e a entender o fato da ressurreição<br />
(Lucas 24:34). É nítido entender que Satanás sabia que<br />
Pedro era um dos eleitos, pois Pedro teve sua “tentação”<br />
autorizada por Deus. Assim como Jó, em Pedro foi<br />
preservado a fé, o temor e a alma. Pedro foi guardado por<br />
Deus, diferentemente de Judas Iscariotes, o qual é<br />
apresentado como “filho da perdição”, sem qualquer<br />
proteção e preservação divina.<br />
Devemos elencar três pontos:<br />
(1) Em alguns versículos anteriores, Satanás entrou em<br />
Judas sem pedir permissão a Deus (cf. Lucas 22:3).<br />
(2) Na oração feita por Jesus, Ele ora ao Pai para que<br />
guarde os Seus (escolhidos): “Não peço que os tires do<br />
mundo, mas que os livres do mal” (João 17:15).<br />
(3) Diferentemente de Judas Iscariotes: “[…] Tenho<br />
guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se<br />
perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se<br />
cumprisse” (v. 12), Satanás se apoderou de Judas<br />
Iscariotes, pois o mesmo não fazia parte dos eleitos<br />
(escolhidos) de Deus.<br />
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Pedro foi guardado porque era um escolhido, não por<br />
melhores obras ou por caráter meritório. Judas andou com<br />
Cristo e fez as mesmas obras como discípulo. A ênfase,<br />
porém, está na eleição. Por esta razão, Satanás não se<br />
apoderou de Pedro, pois sabia que ele era um eleito. Existe<br />
um selo colocado nos escolhidos de Deus desde a<br />
eternidade – o Espírito Santo.<br />
(2) Paulo e Satanás (Atos 19:15, 16).<br />
Mas o espírito maligno lhes respondeu: Conheço Jesus e<br />
sei quem é Paulo; mas quem é você? E o possesso do<br />
espírito maligno saltou sobre eles. Ele os subjugou e de tal<br />
modo prevaleceu contra eles, que, desnudos e feridos,<br />
fugiram daquela casa.<br />
A descrição de Lucas sobre o espírito maligno que fala pela<br />
boca do homem endemoninhado encontra paralelos nos<br />
relatos dos Evangelhos sinóticos (cf. Mateus 8:29; Marcos<br />
1:24; Lucas 4:41). Nesses relatos, os demônios<br />
reconheceram Jesus como o Filho de Deus. Em Éfeso, ao<br />
ouvir as palavras pronunciadas pelo exorcista, o demônio<br />
respondeu com total conhecimento: “Conheço Jesus e sei<br />
quem é Paulo; mas quem é você?”. No texto grego, Lucas<br />
usa duas palavras diferentes para o verbo conhecer.<br />
Talvez para distinguir a natureza divina de Jesus da<br />
natureza terrena de Paulo. No entanto, esses dois verbos<br />
são virtualmente sinônimos, pois ambos se relacionam<br />
com o conhecimento adquirido e não inato.<br />
A palavra grega usada para “conhecer” é epistamai –<br />
ἐπίσταμαι. Esta mesma palavra é usada em Marcos 14:68,<br />
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quando Pedro diz: “Não o conheço (epistamai) […]”. O<br />
termo denota a ideia de “estar familiarizado com”; no caso<br />
supracitado, “familiarizado com Paulo e Jesus”. A outra<br />
palavra grega é ginōskō – γινώσκω, que significa chegar a<br />
saber, vir a conhecer, obter conhecimento de [...].<br />
O demônio havia aprendido sobre Jesus, e sabia que o<br />
poder divino que dele fluía para Paulo podia dominá-lo. Ele<br />
também detecta o engano da prática dos exorcistas judeus<br />
e sabe que eles não têm poder. A pergunta: “quem é<br />
você?”, revela o desdém do demônio acerca dos nãoeleitos,<br />
e não dos eleitos, pois Paulo, como apóstolo de<br />
Jesus Cristo, recebeu autoridade para expulsar demônios<br />
(cf. Atos 16:18).<br />
O demônio, então, exala sua fúria sobre os sete filhos de<br />
Ceva. O homem possesso, com força sobre-humana, pula<br />
sobre os sete homens, subjuga-os e domina-os. Nesse<br />
ponto, alguns tradutores divergem uns dos outros por<br />
causa de uma variante do texto grego. Os melhores<br />
manuscritos trazem ambos, que aparece em uma tradução<br />
como “subjugou-os a ambos” e, em outra, como “e dominou<br />
um primeiro e depois o outro”. Essa versão é incompatível<br />
com o número sete (v. 14) se a palavra ambos for<br />
entendida como sendo aplicada a duas pessoas apenas.<br />
Porém, quando mais que duas pessoas se acham<br />
envolvidas, o termo pode significar “todos” (cf. 23:8), termo<br />
adotado pela maioria das versões. O homem possesso de<br />
demônio dá uma grande surra nos sete exorcistas que eles<br />
escapam por pouco da casa onde estavam. Aliviados por<br />
estarem vivos, eles fogem nus e feridos. O grego indica que<br />
os ferimentos demoraram muito tempo para sarar. Por um<br />
lado, esses exorcistas aprenderam a não invocar o nome<br />
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de Jesus. Do outro, o incidente promoveu a causa do<br />
evangelho.<br />
Anteriormente a este acontecimento do exorcismo no<br />
capítulo 19, no capítulo 16, Paulo expulsa um demônio de<br />
uma jovem.<br />
Enquanto estávamos a caminho do lugar de oração, uma<br />
jovem escrava que tinha um espírito de adivinhação nos<br />
encontrou. Ela trazia aos seus donos muito lucro pela<br />
adivinhação. Ela seguia a Paulo e a nós, clamando: Estes<br />
homens são servos do Deus Altíssimo, que estão<br />
proclamando a vocês o caminho da salvação.<br />
Duas observações:<br />
(1) Oposição. Lucas escreve que os missionários estão a<br />
caminho do “lugar de oração”. No grego, ele diz “a oração”,<br />
o que não se refere ao ato de orar, porém ao local da<br />
reunião (cf. v. 13).<br />
Sempre que a igreja se desenvolve, Satanás procura<br />
bloquear o trabalho dos servos de Deus, e às vezes tem<br />
êxito, por exemplo, em 1 Tessalonicenses 2:18; 3:5. Em<br />
Samaria, Simão, o mágico, ofereceu dinheiro a Pedro e<br />
João a fim de obter o dom do Espírito Santo (Atos 8:18,<br />
19). Na ilha de Chipre, Elimas se opôs a Paulo e Barnabé,<br />
tentando persuadir o procônsul Sérgio Paulo a não crer em<br />
Jesus Cristo (Atos 13:7, 8). De modo semelhante, em<br />
Filipos, Satanás usa uma jovem endemoninhada para<br />
frustrar o trabalho dos missionários.<br />
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No caminho do lugar de oração, uma jovem escrava, que<br />
possuía o espírito de adivinhação, encontra os<br />
missionários. No grego, Lucas escreve que ela tem um<br />
espírito chamado Píton, que os tradutores vertem como<br />
“adivinhação”. A palavra Píton se referia à serpente<br />
lendária que guardava o Oráculo Délfico, um santuário no<br />
centro da Grécia, mas que fora morta por Apolo, o deus da<br />
profecia. Em anos posteriores, o termo indicava o espírito<br />
de adivinhação que habitava nos médiuns. Assim como a<br />
sacerdotisa de Apolo em Delfos era capaz de prever o<br />
futuro, assim também aquela jovem escrava servia aos<br />
seus senhores em Filipos como adivinhadora. Ela era um<br />
instrumento de demônios que a usavam como sua portavoz,<br />
e era uma fonte lucrativa de renda para os seus.<br />
Vemos nessa jovem escrava possessa em Filipos um<br />
paralelo com os endemoninhados que Jesus encontrou<br />
durante seu ministério (por exemplo, Marcos 1:24).<br />
Entendemos que, assim como os demônios reconheciam o<br />
Santo de Deus – Jesus Cristo – em Atos 16 e 19 os<br />
demônios reconheceram os “santos de Deus”, isto é,<br />
Paulo, Silas, Pedro e os outros. Fica evidenciado, pelas<br />
Escrituras, que Satanás e os demônios sabem quem são<br />
os eleitos. Na ocasião de Atos 19, os demônios “pulam<br />
sobre os sete homens, subjuga-os e domina-os”. Em uma<br />
situação diametralmente oposta à de Atos 16, onde Paulo,<br />
com toda autoridade dada por Cristo, expulsa o demônio<br />
que escravizava a jovem “adivinhadora”.<br />
O apóstolo confronta o demônio no nome de Jesus Cristo,<br />
ou seja, na autoridade que Jesus lhe dera. Ele diz ao<br />
demônio para se retirar da moça. Paulo clama o nome de<br />
Jesus da mesma forma que Pedro o fez para a cura do<br />
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paralítico, na área do templo de Jerusalém (3:6). Assim<br />
como Jesus curou as pessoas possuídas por demônios em<br />
Israel, assim também, por intermédio de seu servo Paulo,<br />
ele expulsa o demônio da jovem escrava em Filipos. Assim<br />
como Jesus deu aos apóstolos poder sobre os espíritos<br />
imundos (Marcos 6:7), assim também ele dota Paulo com<br />
essa mesma autoridade. O resultado é que o demônio<br />
deixa a moça imediatamente. Seus donos perdem uma<br />
valiosa fonte de renda. Com efeito, presumimos que ela<br />
recebeu o dom da salvação e se tornou membro da igreja<br />
filipense.<br />
(2) Reconhecimento. A jovem escrava segue os<br />
missionários. Clamando em alta voz, ela informa ao público<br />
a identidade de Paulo e seus companheiros: “Estes<br />
homens são servos do Deus Altíssimo, que estão<br />
proclamando a vocês o caminho da salvação”. Em si<br />
mesma, essa confissão é nobre e verdadeira, desde que<br />
parta do coração de um crente e na forma de uma<br />
declaração de fé. No entanto, o reconhecimento vem<br />
indiretamente de Satanás que, usando essa moça, tenta<br />
diminuir a eficácia do ministério de Paulo, assim como fez<br />
com Jó. “O temor do Senhor” é o nome da religião<br />
verdadeira, como citei no início deste artigo para identificar<br />
a lealdade de Jó a Deus. A piedade de Jó era fruto de<br />
submissão genuína ao Senhor, diante de quem ele andava<br />
em reverência, rejeitando resolutamente o que Ele tivesse<br />
proibido. Contudo, Satanás tenta de todas as formas<br />
diminuir a eficácia do ministério dos eleitos. Porém, em<br />
relação aos eleitos de Deus, nada Ele pode fazer, pois<br />
somos sustentados pelos méritos de Cristo.<br />
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O apóstolo não pede que a moça lhe prediga o futuro; em<br />
vez disso, ele vê o poder de Satanás em ação sobre uma<br />
escrava indefesa. Não há dúvida de que se Paulo tivesse<br />
aceitado o testemunho de Satanás sem discernimento, ele<br />
teria dado crédito ao diabo e teria aprovado os seus<br />
motivos.<br />
O Diabo de Deus.<br />
A expressão “O Diabo de Deus” do grande reformador<br />
Martinho Lutero, nos lembra da verdade bíblica de que<br />
Satanás não é um ser autônomo, com liberdade plena para<br />
agir e fazer o que lhe interessa. Ao lermos as Escrituras,<br />
especialmente o livro de Jó, fica muito evidente o fato de<br />
que o Satanás continua servo de Deus depois de sua<br />
rebelião, tanto quanto era nos dias de sua doce obediência.<br />
Ali ele é identificado como um dos filhos de Deus, ou como<br />
uma de suas criaturas. E como tal, ele não tem poder<br />
próprio e não age independentemente do Criador; pelo<br />
contrário, ele precisa pedir permissão ao Senhor para fazer<br />
qualquer coisa que deseje. Lembre-se que ele pediu a<br />
Jesus para destruir a vida do apóstolo Pedro (Lucas 22:31,<br />
32). Não sabemos exatamente o que o Diabo pode e não<br />
pode fazer. O que temos certeza é que ele possui<br />
exatamente o poder que Deus permite que ele tenha, e<br />
nada mais. Em todo o livro de Jó percebe-se claramente<br />
que Deus mantém Satanás neste mundo apenas para<br />
desempenhar seu papel no drama da terra e fará isto de<br />
acordo com as regras divinas e não satânicas. Aqueles que<br />
olham para Bíblia e conseguem ver a soberania de Deus<br />
sobre todas as coisas, concordam que Satanás é espécie<br />
de luva divina. Deus o usa, faz o trabalho que tem de fazer,<br />
e no final quem se suja é unicamente o Diabo. No livro de<br />
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Jó, as ações de Satanás, Deus assume com sendo suas<br />
próprias ações (Jó 2:3 – 5). Embora a maldade tenha sido<br />
proposta e executada por Satanás, ele próprio reconhece<br />
que é a mão de Deus, a responsável pelas aflições de Jó.<br />
A provação de Jó teve sua causa imediata em Satanás,<br />
mas a causa final foi Deus (Jó 42:11). Na Bíblia vemos que<br />
Satanás é usado por Deus para causar cegueira nas<br />
mentes daqueles que não aceitam o evangelho (2 Coríntios<br />
4:4); remover pensamentos de dentro das mentes (Marcos<br />
4:15); disciplinar desobedientes (1 Coríntios 5:5; 1 Timóteo<br />
1:20) e para muitas outras obras que o Senhor desejar usálo<br />
como quiser, quando quiser e da maneira que quiser.<br />
Deus não está nem um pouco preocupado em provar se<br />
Ele é maior ou mais forte que o Diabo, e muito menos que<br />
existe esta “guerra travada nas regiões celestiais” para ver<br />
quem vai ficar com o futuro dos seres humanos.<br />
Como disse C.S. Lewis: “Não há uma guerra, mas sim uma<br />
rebelião interna, e o rebelde encontra-se sob controle”.<br />
Quando passamos a enxergar o mundo a partir desta visão<br />
bíblica tudo se modifica. Percebo que nada do que me<br />
acontece foge do controle de Deus. Não preciso mais ficar<br />
com medo de ameaças que são feitas por pregadores<br />
relacionando minha família, emprego, saúde [...] com o<br />
Diabo. Posso descansar em Deus sabendo que Ele possui<br />
o controle de todas as coisas, e por isto, antes de Satanás<br />
intentar qualquer coisa contra mim, como fez com Pedro,<br />
ele precisará pedir permissão ao meu Pai, do contrário ele<br />
nada poderá fazer contra a minha vida.<br />
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Poucos na história da humanidade foram tão tentados pelo<br />
Diabo como Lutero. Ainda assim, Lutero entendia que o<br />
Acusador de nossas almas não pode fazer absolutamente<br />
nada sem a permissão de Deus.<br />
O Diabo, disse Lutero, “é instrumento divino, como uma<br />
enxada, usada para cultivar o jardim de Deus. Embora este<br />
instrumento tenha prazer em destruir as ervas, ele não<br />
pode sair das mãos do Criador, nem capinar onde o Todo-<br />
Poderoso não deseja, nem frustrar Seu propósito de criar<br />
um bonito jardim. Assim, o diabo sempre faz a obra de<br />
Deus”.<br />
Spurgeon disse algo parecido. “De todos os poderes que<br />
realizam os propósitos de Deus no mundo, nenhum o<br />
efetua mais do que o próprio Diabo. Ele é apenas um<br />
serviçal na cozinha do Eterno; sem querer, realiza grande<br />
parte do trabalho que Deus não daria a seus próprios filhos,<br />
tarefas essas tão necessárias quanto às executadas pelos<br />
serafins. Não pensem que o mal é uma potência rival de<br />
idêntico poder ao nosso bom Deus. Não, o pecado e a<br />
morte, à semelhança dos gibeonitas, são cortadores de<br />
lenhas e tiradores de água para os propósitos divinos; e<br />
quando os inimigos do Senhor mais deliram e se zangam,<br />
cumprem seus propósitos eternos para louvor e glória da<br />
Sua sabedoria e graça – mesmo que não o saibam”.<br />
Foi porque entendeu estas verdades bíblicas que Lutero ao<br />
compor o hino Castelo Forte afirmou: “Se nos quisessem<br />
devorar demônios não contados, não nos podiam assustar,<br />
nem somos derrotados. O grande acusador dos servos do<br />
Senhor já condenado está; vencido cairá por uma só<br />
palavra”.<br />
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Mais tarde ele pôde sabiamente dizer: “O Diabo é o Diabo<br />
de Deus”.<br />
CONCLUSÃO<br />
Apesar disso, pode-se ainda achar estranho a maneira<br />
com que Deus se utiliza de Satanás. Porém, já foi dito que,<br />
se não ficarmos bem resolvidos sobre este ponto – que os<br />
demônios estão sob a direção de Deus, de tal modo que<br />
nada podem fazer sem sua licença – derramaremos como<br />
água. Há mais, a saber, que os demônios são como<br />
verdugos para executar os juízos de Deus e as punições<br />
que Ele quer realizar sobre os perversos. Eles são também<br />
como açoites pelos quais Deus castiga Seus filhos<br />
(Hebreus 12:6).<br />
Em resumo, o diabo tem que ser o instrumento da cólera<br />
de Deus, executando a sua vontade. Não que o faça de<br />
bom grado, como é descrito em toda Escritura, mas é por<br />
Deus deter o poder soberano sobre todas as criaturas, as<br />
quais devem se sujeitar a Ele e se voltarem para onde bem<br />
lhe parecer, isso será melhor entendido pela analogia<br />
contrária. Quando Deus consente que Satanás execute<br />
sua ira sobre os incrédulos, não somente “permite” que ele<br />
aflija-os em seus bens, aflija-os com doenças ou de outra<br />
maneira qualquer, mas vai mais além, dando-lhe o poder<br />
do erro e de poder enganar, como podemos ver em 2<br />
Coríntios 4:4, mas também podemos ver em Mateus 24:24<br />
que, em relação aos eleitos, a eficácia do engano é limitada<br />
pelo poder preservador de Deus sobre eles (cf. 2 Pedro 2:1<br />
– 3; 2 Pedro 3:17).<br />
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Pois se levantarão falsos cristos e falsos profetas e<br />
apresentarão grandes milagres e prodígios para, se<br />
possível, iludir até mesmo os eleitos.<br />
Veja Deus dizendo: “Quem seduzirá Acabe por mim?”. E<br />
Satanás diz: “Eu serei um espírito de mentira na boca dos<br />
Profetas dele”. Vemos aqui uma licença que é muito maior<br />
do que esta aqui citada. Não é apenas a questão de que<br />
Acabe seja ludibriado por algum meio exterior, mas os<br />
profetas que o iludem sob aparência de verdade. E é isto o<br />
que Paulo declara em (2 Tessalonicenses 2:10). Quando<br />
os homens não querem obedecer a Deus e à sua verdade,<br />
nem se resignar a isso, sobretudo quando Deus lhes dá a<br />
graça de se manifestar a eles e lhes mostrar o caminho de<br />
salvação, se forem tão desgraçados a ponto de rejeitar e<br />
repelir semelhante graça divina, eis, então, que Deus lhes<br />
envia os falsos profetas e os enganadores, os quais não só<br />
perverterão toda boa doutrina, mas também serão cridos,<br />
porque lhes dará a eficácia do erro. E é Satanás que atua<br />
de forma a levarem todos para condenação, porém os<br />
eleitos serão preservados do bote da antiga serpente.<br />
Louvado seja Deus pela perseverança dos santos, e que<br />
em esferas desconhecidas, em meio às “permissões”,<br />
limita com o Seu imenso poder as investidas de Satanás, e<br />
assim nos guarda para o Dia de Jesus Cristo.<br />
Em um cântico, o salmista declara a fé perfeita em Deus:<br />
Deus é o nosso refúgio e a nossa fortaleza, auxílio sempre<br />
presente na adversidade. Por isso não temeremos, embora<br />
a terra trema e os montes afundem no coração do mar,<br />
embora estrondem as suas águas turbulentas e os montes<br />
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sejam sacudidos pela sua fúria. Há um rio cujos canais<br />
alegram a cidade de Deus, o Santo Lugar onde habita o<br />
Altíssimo. Deus nela está! Não será abalada! Deus vem em<br />
seu auxílio desde o romper da manhã. Nações se agitam,<br />
reinos se abalam; ele ergue a voz, e a terra se derrete. O<br />
Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é a<br />
nossa torre segura. Venham! Vejam as obras do Senhor,<br />
seus feitos estarrecedores na terra. Ele dá fim às guerras<br />
até os confins da terra; quebra o arco e despedaça a lança,<br />
destrói os escudos com fogo. Parem de lutar! Saibam que<br />
eu sou Deus! Serei exaltado entre as nações, serei<br />
exaltado na terra. O Senhor dos Exércitos está conosco; o<br />
Deus de Jacó é a nossa torre segura (Salmos 46:1 – 11).<br />
Estou convencido de que aquele que começou a boa obra<br />
em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus<br />
(Filipenses 1:6).<br />
COMO POSSO RECONHECER UM FALSO<br />
MESTRE?<br />
“A árvore boa não pode dar frutos ruins, nem a árvore ruim<br />
produzir bons frutos” – Mateus 7:18.<br />
Certa vez Martinho Lutero disse:<br />
“Qualquer ensinamento que não se enquadre nas<br />
Escrituras deve ser rejeitado, mesmo que faça chover<br />
milagres todos os dias”.<br />
Aqueles que entram pelo caminho apertado precisam se<br />
precaver contra os falsos profetas, que dizem guiar os<br />
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crentes, mas que na realidade praticam a mentira.<br />
Disfarçados como ovelhas não deve ser entendido como a<br />
vestimenta do profeta, mas é um contraste evidente aos<br />
lobos perversos. O povo de Deus de todas as épocas<br />
precisou estar alerta contra os líderes mentirosos<br />
(Deuteronômio 13:1; Atos 20:29; 1 João 4:1; Apocalipse<br />
13:11 – 14). Pelos seus frutos. As doutrinas proferidas por<br />
esses falsos profetas, mais do que as obras que praticam,<br />
uma vez que a aparência exterior pode não despertar<br />
suspeitas. O teste do profeta é a sua conformidade com as<br />
Escrituras (1 Coríntios 14:37; Deuteronômio 13:1 – 5).<br />
Árvore má.<br />
Uma árvore arruinada, sem valor, inútil. A falta de utilidade<br />
de uma árvore como essa exige a sua imediata retirada do<br />
pomar para que não prejudique as outras.<br />
Nada impede tanto aos homens de passar pela porta<br />
estreita e chegar a serem verdadeiros seguidores de Cristo<br />
como as doutrinas carnais, apaziguadoras e aduladoras<br />
dos que se opõem à verdade. Estes podem ser conhecidos<br />
pelo arrasto e os efeitos de suas doutrinas. Uma parte de<br />
seus temperamentos e condutas resulta contrária à mente<br />
de Cristo. As opiniões que levam a pecar não vêm de Deus.<br />
Jesus nos advertiu que “falsos Cristos e falsos profetas”<br />
virão e tentarão enganar até mesmo os eleitos de Deus,<br />
apesar de não ser possível (Mateus 24:23 – 27; cf. 2 Pedro<br />
3:3 e Judas 17, 18).<br />
A palavra usada para descrever “falsos profetas” é<br />
“pseudoprophētai – ψευδοπροφῆται” que denota a ideia de<br />
quem, agindo como um profeta divinamente inspirado<br />
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declara falsidades como se fossem profecias divinas. O<br />
termo grego usado para apontar “os falsos Cristos” é um<br />
sinônimo “ψευδοχριστος” que significa literalmente falso<br />
Cristo, pretenso Messias, que exalta a si mesmo ao invés<br />
de Cristo, proclamando que é o Cristo. Alguns têm dado o<br />
mesmo sentido à “αντιχριστος”. Mas é muito mais provável<br />
que signifique alguém totalmente oposto a Cristo, alguém<br />
que exalta a si mesmo contra Cristo, proclamando que não<br />
há Cristo. Devemos nos atentar para o ateísmo prático<br />
cristão. Crentes que em meio as suas confissões<br />
meramente religiosas vivem como se Deus não existisse<br />
(cf. Mateus 7:23). O termo usado para descrever a<br />
característica de uma confissão falsa não conhecida de<br />
Cristo é “anomian – ἀνομίαν” denotando o desprezo e<br />
violação da lei, porque não conhece a lei, e por essa razão<br />
a transgride.<br />
Para melhor se prevenir contra a falsidade e contra falsos<br />
mestres, conheça a verdade, ela é libertária e precisa em<br />
suas declarações. Para detectar uma imitação, estude a<br />
“coisa” verdadeira, estude a verdade como ela é exposta,<br />
e aplicada em sua condição real. Qualquer crente que<br />
“maneja bem a palavra da verdade” (2 Timóteo 2:15) e que<br />
faz um estudo cuidadoso da Bíblia pode identificar “falsa<br />
doutrina, falsos mestres e falsos Cristos”. Por exemplo, um<br />
crente que leu as atividades do Deus Pai, Deus Filho<br />
(Jesus Cristo) e Deus Espírito Santo em Mateus 3:16, 17<br />
irá imediatamente questionar qualquer doutrina que negue<br />
a Trindade. Portanto, o “primeiro passo” é estudar a Bíblia<br />
e julgar todo ensino de acordo com o que diz a Escritura.<br />
Jesus disse “pelo fruto se conhece a árvore” (Mateus<br />
12:33). Ao buscar por “frutos”, aqui estão três testes<br />
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específicos para aplicar em qualquer mestre para<br />
determinar a precisão do seu ensino, e a veracidade do<br />
mesmo:<br />
(1) O que esse mestre diz sobre Jesus?<br />
Em Mateus 16:15 Jesus pergunta: “Quem dizeis que eu<br />
sou?”. Pedro responde: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus<br />
vivo”, um dos princípios de confessionalidade cristã, e por<br />
essa resposta Pedro é chamado “bem-aventurado”. Em 2<br />
João 9, lemos: “Todo aquele que ultrapassa a doutrina de<br />
Cristo e nela não permanece não tem Deus; o que<br />
permanece na doutrina, esse tem tanto o Pai como o Filho”.<br />
Em outras palavras, Jesus Cristo e a Sua obra de redenção<br />
são de maior importância, tome cuidado com qualquer um<br />
que nega que Jesus é igual a Deus, desvaloriza a morte de<br />
Jesus no nosso lugar ou rejeita a humanidade de Jesus. 1<br />
João 2:22 diz: “Quem é o mentiroso, senão aquele que<br />
nega que Jesus é o Cristo? Este é o anticristo, o que nega<br />
o Pai e o Filho”, devemos ter cuidado com um evangelho<br />
que não fala sobre as doutrinas da graça, que não combate<br />
o pecado e que não fala da justiça de Deus. Se não falar<br />
desses pontos, não podemos aceitar como o genuíno<br />
evangelho da salvação. Devemos considerar maldito, e<br />
assim, combater se possível com a nossa vida e reputação,<br />
julgando sempre pela reta justiça — a Escritura.<br />
“Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a<br />
reta justiça” – João 7:24.<br />
O termo “julgai” no (v. 24) descrito pelo termo grego “krisin<br />
– κρίσιν” imprime uma ideia de analisar o certo ou errado<br />
por uma fonte verdadeira (a Escritura Sagrada), é um<br />
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julgamento; ou seja, opinião ou decisão proferida acerca<br />
de qualquer coisa, especialmente em matéria de justiça e<br />
injustiça, certo e errado, partindo desses pressupostos<br />
devemos automaticamente ligar a Deus todo esse<br />
processo de julgamento. Pois somente Deus é reto Juiz, e<br />
somente dEle procede reta justiça. E como chegamos?<br />
Somente pela Escritura. A ideia de um julgamento é de<br />
uma análise criteriosa em todas as esferas de acordo com<br />
uma Lei, fazendo-se justiça. Ser chamado a esse<br />
julgamento para que o caso possa ser examinado e<br />
julgado. Assim devemos fazer com todos os expoentes da<br />
Palavra de Deus.<br />
Universalmente o termo grego “krisin – κρίσιν” é usado em:<br />
1 Timóteo 5:24 (em que ver epakolouthousin –<br />
ἐπακολουθέω descrevendo o ato de provar o erro,<br />
declarando culpado os presbíteros em suas ações<br />
pecaminosas) justamente fazendo um paralelo direto dos<br />
textos em que se fala de um julgamento por se viver em<br />
desacordo com a Lei de Cristo (cf. Judas 1:9; 2 Pedro 2:1;<br />
João 7:24; João 8:16).<br />
“Os pecados de alguns homens são manifestos,<br />
precedendo o juízo; e em alguns se manifestam depois” –<br />
1 Timóteo 5:24.<br />
O caráter de uma pessoa, acompanhado de pecados, ou<br />
de boas obras e seus resultados, será revelado mais cedo<br />
ou mais tarde (cf. Mateus 7:22, 23).<br />
(2) Esse mestre prega o evangelho?<br />
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O evangelho é definido como as boas novas concernentes<br />
à morte, ao sepultamento e à ressurreição de Jesus de<br />
acordo com as Escrituras (1 Coríntios 15:1 – 4). Por mais<br />
bonitas que soem as afirmações positivas “Deus lhe ama”<br />
– “Deus quer que alimentemos os famintos [...]” – “Deus<br />
quer que você tenha prosperidade” – “O melhor dessa terra<br />
é para você!”. Não é a mensagem completa do evangelho,<br />
as boas novas da salvação revelam a Justiça de Deus e o<br />
Seu amor. Como Paulo adverte em Gálatas 1:7: “Há alguns<br />
que vos perturbam e querem perverter o evangelho de<br />
Cristo”. Ninguém, nem mesmo um grande pregador, tem o<br />
direito de mudar a mensagem que Deus nos deu. “Se<br />
alguém vos prega evangelho que vá além daquele que<br />
recebestes, seja anátema — Amaldiçoado” (Gálatas 1:9;<br />
cf. 1 Coríntios 16:22), Devemos ter em mente que Jesus<br />
Cristo não morreu para que o homem tenha prosperidade<br />
financeira, e nem cura física, mas para satisfazer a justiça<br />
de Deus, para que assim, existisse a Palavra da<br />
reconciliação entre o homem e Deus, concretizando o seu<br />
propósito determinado desde a fundação do mundo em<br />
salvar um povo para Si, os eleitos. O apóstolo Paulo foi um<br />
santo homem, apto na Palavra de Deus, e mesmo assim<br />
por diversas vezes não teve suas orações respondidas de<br />
acordo com os seus desejos (2 Coríntios 12:8, 9), teve um<br />
“espinho na carne” (profundo sofrimento agonizante), foi<br />
preso, sentiu frio, medo, foi impedido por Satanás não<br />
tendo autoridade sobre ele (1 Tessalonicenses 2:18), teve<br />
fome e sede, foi perseguido e açoitado por diversas vezes,<br />
apedrejado, sofreu perigo de morte, de salteadores, dos<br />
gentios, perigos dos falsos irmãos, sentiu fadiga, em<br />
vigílias, muitas vezes em jejum, muitas vezes em nudez, e<br />
além dessas coisas externas, o oprimia o cuidado de todas<br />
as igrejas, e no final de sua vida depois de passar por<br />
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muitas coisas ruins, foi morto de uma forma cruel,<br />
decapitado em Roma/Itália segundo a tradição. (cf. 2<br />
Coríntios 11:24 – 28; Filipenses 4. Lembremo-nos das<br />
palavras de Jesus, “no mundo tereis aflições” (João 16:33).<br />
“Jesus dizia a todos: Se alguém quiser acompanhar-me,<br />
negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e sigame”<br />
(Lucas 9:23). O evangelho é a renúncia de nossas<br />
vidas por amor a Ele, “Porque aquele que quiser salvar a<br />
sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de<br />
mim, achá-la-á” (Mateus 16:25). “Porque a vós vos foi<br />
concedido, em relação a Cristo, não somente crer nEle,<br />
como também a padecer por Ele” (Filipenses 1:29).<br />
Sabemos que Deus tem prazer em abençoar o Seu povo,<br />
mas nem sempre Ele o fará.<br />
(3) Esse mestre exibe qualidades de caráter que glorificam<br />
ao Senhor?<br />
Falando de falsos mestres, Judas 11 diz: “Prosseguiram<br />
pelo caminho de Caim, e, movidos de ganância, se<br />
precipitaram no erro de Balaão, e pereceram na revolta de<br />
Corá”. Em outras palavras, um falso mestre pode ser<br />
reconhecido pelo seu orgulho (a rejeição dos planos de<br />
Deus por parte de Caim), sua ganância (a profecia de<br />
Balaão por dinheiro) e rebelião (a autopromoção de Corá<br />
contra Moisés), “A árvore boa não pode dar frutos ruins,<br />
nem a árvore ruim produzir bons frutos” (Mateus 7:18).<br />
Para estudar mais, revise os livros da Bíblia escritos<br />
especificamente para combater falsos ensinamentos<br />
dentro da igreja: Gálatas; 2 Pedro; 2 João; e Judas.<br />
Frequentemente é difícil identificar um falso mestre – falso<br />
profeta. É disso que se trata um “lobo em pele de cordeiro”.<br />
“Existem atualmente muitos mercenários” (João 10:10).<br />
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Satanás e seus demônios se mascaram como ministros de<br />
justiça (2 Coríntios 11:15). Apenas sendo inteiramente<br />
familiar com a verdade você será capaz de reconhecer uma<br />
imitação, e facilmente descobrirá um falso mestre (falso<br />
profeta).<br />
CONCLUSÃO<br />
Invocamos a essa conclusão um dos principais pilares da<br />
Teologia Reformada, o Sola Scriptura. Um dos princípios<br />
sustentado pela Reforma Protestante do Século XVI foi à<br />
afirmação da suficiência das Escrituras — Sola Scriptura<br />
significa Somente as Escrituras, em latim. Com isso, os<br />
Reformadores enfatizaram que somente a Bíblia é a única<br />
autoridade infalível dentro da Igreja: Somente as Escrituras<br />
são incondicionalmente autoritativas.<br />
Um dos problemas fundamentais entre os cristãos dos<br />
séculos XX – XXI está na não aceitação teórica<br />
(confessional) e prática (vivencial) da Bíblia como Palavra<br />
autoritativa, inerrante e infalível de Deus.<br />
Uma visão relapsa deste ponto determina o fracasso<br />
teológico e espiritual da Igreja. Este desvio teológico,<br />
acerca destas doutrinas, tem contribuído de forma<br />
acentuada, para que os homens não mais discirnam a<br />
palavra de Deus e, por isso, não possam gozar da sua<br />
operação eficaz levada a efeito pelo Espírito Santo (cf. 1<br />
Tessalonicenses 2:13; João 17:17), caindo assim, na<br />
“rampa escorregadia dos falsos mestres”, sendo<br />
incorrentes na negação de toda Doutrina, recebendo com<br />
eles igual castigo.<br />
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“Maldita seja toda pessoa que não puser em prática as<br />
palavras desta Lei! E todo o povo pactuará, respondendo:<br />
Amém, é verdade, assim seja!” – Deuteronômio 27:26.<br />
O SOLA SCRIPTURA E A TRADIÇÃO CRISTÃ<br />
Certa vez Martinho Lutero disse: A paz, se possível, mas a<br />
verdade, a qualquer preço.<br />
Qual a nossa base de fé? Qual o nosso manual de vida<br />
cristã? O que deve ser nosso oráculo diário? E onde estará<br />
nosso conselheiro em horas de aflições?<br />
O credo “Sola Scriptura” é um princípio doutrinal<br />
fundamental da Reforma Protestante e é um dos cinco<br />
ensinamentos sobre os quais o protestantismo foi<br />
edificado. Este princípio sustenta que as Sagradas<br />
Escrituras não necessitam de elementos interpretativos<br />
alheios, o que necessariamente contraria os ensinamentos<br />
da Igreja Ortodoxa, das Igrejas Orientais, da Igreja Copta,<br />
da Igreja Católica e do Anglo-Catolicismo, as quais pregam<br />
que as Divinas Letras só podem ser fielmente interpretadas<br />
por meio da Tradição Apostólica.<br />
Sobre isso, Martinho Lutero, fundador do protestantismo,<br />
era enfático:<br />
“Um simples leigo armado com as Escrituras é maior<br />
que o mais poderoso papa sem elas”.<br />
Martinho Lutero e a disputa teológica de Leipzig com João<br />
Maier – Em 14 de julho de 1519.<br />
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A intenção dos reformadores era a de corrigir aquilo que<br />
julgava equivocado no catolicismo por meio da unicidade<br />
da autoridade da Bíblia, de modo a tentar abolir todos os<br />
dogmas proclamados pela Santa Sé “Sancta Sedes<br />
Apostolica” (especificamente para fazer referência à Sé de<br />
Roma e utilizado para destacar o papel do papa como<br />
sucessor de São Pedro), depois dos primeiros cinco<br />
concílios ecumênicos da Igreja. Para isso, os pensadores<br />
do Protestantismo se baseavam na afirmação paulina de<br />
que:<br />
“Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa<br />
para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em<br />
justiça”.<br />
“πᾶσα γραφὴ θεόπνευστος καὶ ὠφέλιμος πρὸς<br />
διδασκαλίαν, πρὸς ἐλεγμόν πρὸς ἐπανόρθωσιν, πρὸς<br />
παιδείαν τὴν ἐν δικαιοσύνῃ” — Segunda Epístola a Timóteo<br />
3:16.<br />
Nos movimentos de inspiração “protestante” considerados<br />
historicamente como fundamentalistas, como os<br />
anabatistas e puritanos, e outros surgidos durante o século<br />
XIX, esse princípio foi severamente condensado como<br />
“Nuda Scriptura¹”, de modo que a Bíblia deveria ser<br />
entendida ao pé da letra, adotando-se a ideia de que a “A<br />
Escritura interpreta a própria Escritura”, e, como tal, seria<br />
“suficiente como única fonte de doutrina e práticas cristãs”<br />
em todos os aspectos. O dogma Sola Scriptura não<br />
descarta por completo aspectos relevantes da Tradição<br />
apostólica, no entanto, quando há divergências entre esta<br />
e a Escritura, a última deve ter a primazia. A base dessa<br />
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doutrina é de que as escrituras são perfeitas, e que<br />
ninguém pode pôr outro fundamento além do que está<br />
proposto, o qual é Jesus Cristo, A Palavra (o logos) de<br />
Deus, e que qualquer que pregar outro evangelho, mesmo<br />
se for um anjo, ou o maior dos expoentes seja anátema<br />
(maldito). (cf. NOTA).<br />
(1) No decorrer do artigo de Matthew, aconteceu em um<br />
termo que eu não tinha visto usado antes, Matthew usa<br />
para descrever a posição de muitos protestantes em se<br />
colocarem em uma posição de abandono total das<br />
tradições, mas não é isso o que as escrituras ensinam:<br />
“Scriptura nuda – Escritura nua” — que como eu estou<br />
começando a pensar mais e mais, descreve mais<br />
apropriadamente sobre todo o conceito de Sola Scriptura:<br />
“a roupa nova do imperador que ninguém ousa admitir, não<br />
são roupas em tudo, mas a fina cobertura de sua própria<br />
autoconfiança”. Eu ainda tenho que ouvir quaisquer<br />
respostas oferecidas para o meu desafio: Se é suposto<br />
para manter toda a doutrina à palavra da Escritura, e<br />
rejeitar quaisquer coisas não encontradas lá, porque não é<br />
o ensino encontrado nas próprias Escrituras? Por que não<br />
encontramos os primeiros cristãos a seguir esse preceito?<br />
Se os Pais da Igreja eram tão fiéis seguidores do Sola<br />
Scriptura, por que cada um deles aceitava ensinar e passar<br />
sem contestação os muitos ensinamentos “não bíblicos” da<br />
tradição? Devemos pensar atualmente em alguns pontos.<br />
NOTA: Calvino acreditava que a Sagrada Escritura é a<br />
Palavra de Deus e serve como a única regra infalível de fé<br />
e prática, e deve servir como a autoridade final para julgar<br />
a doutrina e prática cristã, mas não era o seu único recurso<br />
para a Teologia. Por isso, ele regularmente consultou e<br />
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apelou aos documentos cristãos e a autoridades da Igreja<br />
nomeadamente agostiniana para obter uma visão teológica<br />
e clara sobre as questões doutrinais em litígio. Ele<br />
reconheceu a importância estratégica de demonstrar a<br />
continuidade do ensino protestante com as convicções<br />
fundamentais da Igreja primitiva. Assim, o seu refrão<br />
comum era: “A antiga igreja está do nosso lado!”.<br />
Sendo a Sola Scriptura uma doutrina que já se torna<br />
autorefutável por não haver na Bíblia nenhum versículo<br />
que a prove, seus adeptos hoje tentam usar-se de<br />
malabarismos exegéticos para poder explicá-la, negando<br />
assim a tradição oral, que é ensinada pela própria bíblia,<br />
colocando o valor desta como inútil para o Cristão, não<br />
devemos pensar assim, pois uma boa tradição, em<br />
conformidade com a Escritura faz bem à toda comunidade.<br />
Também tentam fazer uma exegese barata das palavras<br />
de Paulo, (2 Tessalonicenses 2:15; 3:6) dizendo que tal<br />
tradição oral que Paulo fala nada mais é que o próprio<br />
conteúdo da Bíblia, ora Paulo fala claramente “tradições<br />
que aprendestes, ou por nossas palavras, ou por nossa<br />
carta”, será que é difícil entender? Vejamos:<br />
O significado da palavra grega “paradoseis — παραδόσεις”<br />
usado para tradições denota literalmente uma dádiva que<br />
é entrege pela palavra falada ou escrita, tradição pela<br />
instrução ou preceito, diferentemente do significado da<br />
palavra grega “dikaiosynē — δικαιοσύνῃ” usada em 2<br />
Timóteo 3:16 para “escritura” que significa doutrina que<br />
trata do modo pelo qual o homem pode alcançar um estado<br />
aprovado por Deus, significa integridade, virtude, pureza<br />
de vida, justiça, pensamento, sentimento e ação correta, e<br />
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num sentido restrito significa: justiça ou virtude que dá a<br />
cada um o que lhe é devido. Denota a ideia do Sola<br />
Scriptura. (v. 17). “As tradições que vos foram ensinadas”<br />
descreve crenças estabelecidas emergentes e práticas<br />
que, por fim, formam o esboço de uma ortodoxia<br />
apostólica. Paulo se refere à mesma idéia quando, seis<br />
anos depois, ele comunica a tradição para igreja de Corinto<br />
(1 Coríntios 11:2, 17; 15:3) e cita a prática das igrejas como<br />
fonte de seu conselho pastoral (1 Coríntios 4:17; 7:17; 11:6;<br />
14:33). Uma tradição da igreja como essa, já no início da<br />
missão paulina, foi violada pelos irmãos desordenados<br />
mencionados em (3:6), e as palavras de Paulo em (3:4)<br />
ilustram o nascimento da má tradição, essa devemos<br />
rejeitar. A celebração da Festa do Amor ou Ágape pertence<br />
a mais autêntica tradição cristã, exemplo de uma boa<br />
tradição. (cf. NOTA).<br />
NOTA: Ao que tudo indica os cristãos do período apostólico<br />
que participavam de uma mesma igreja local, tinham o<br />
costume de reunir-se pelo menos uma vez por semana<br />
para comerem juntos e durante a refeição celebrarem a<br />
Ceia do Senhor. Esse costume teve sua origem no fato que<br />
o Senhor Jesus instituiu o sacramento durante uma<br />
refeição com seus discípulos, (cf. Mateus 26:17 – 30;<br />
Marcos 14:22 – 24; Lucas 22:19, 20; João 13:1 – 4).<br />
Aparentemente o alvo dos “ágapes” era a comunhão cristã,<br />
o compartilhar de alimentos entre os mais pobres e<br />
especialmente, lembrar-se do Senhor Jesus e participar<br />
espiritualmente da sua morte e ressurreição pelo pão e<br />
pelo vinho (elementos da Ceia).<br />
A igreja apostólica em Jerusalém seguiu o exemplo, de<br />
forma que o “partir do pão” se dava num ambiente em que<br />
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as refeições eram tomadas em comum (Atos 2:42 – 47;<br />
20:7). Eventualmente, essas refeições comunais que<br />
vieram a ser conhecidas como “ágape”, da palavra grega<br />
para “amor”, se tornou uma prática regular nas igrejas<br />
cristãs espalhadas pelo mundo.<br />
Judas se refere a elas em sua carta como “festas do amor<br />
(fraternidade)”, mas também identifica falsos crentes,<br />
libertinos participantes nestas festas como, introdutores de<br />
comportamentos contrários à sã doutrina (Judas 12; 2<br />
Pedro 2:13). Sempre devemos identificá-los a luz da<br />
Escritura tais crentes.<br />
Por causa de abusos, alguns dos quais mencionados no<br />
Novo Testamento (1 Coríntios 11:17 – 34; 2 Pedro 2:13), a<br />
festa do “ágape” foi separada da celebração da Ceia do<br />
Senhor a partir do século II. É provável que o que Paulo<br />
escreveu sobre esses abusos tenha sido o começo dessa<br />
separação. Pelo que sabemos, o “ágape” continuou ainda<br />
por alguns séculos, até desaparecer ao final do século VII<br />
da Igreja Cristã, ao ser proibido pelo Concílio de Cartago.<br />
Uma tradição nascida da Palavra de Cristo (como uma boa<br />
tradição expressada pelo amor solidário) e destruída pela<br />
deturpação, e depravação do coração humano.<br />
As boas tradições escritas e orais são bem-vindas a<br />
comunidade dos santos, devemos nos atentar para suas<br />
riquezas. Por exemplo, estes livros podem ter sido usados<br />
como ajuda no processo de registro da Escritura. São<br />
exemplos bem claros disto os seguintes livros: O Livro das<br />
Guerras do SENHOR (Números 21:14). O Livro dos Justos<br />
(Josué 10:13; 2 Samuel 1:18). O Livro das Crônicas de<br />
Samuel, o vidente; Natã, o vidente; e Gade, o vidente (1<br />
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Crônicas 29:29). O Livro da História de Salomão (1 Reis<br />
11:41). O Livro da História de Semaías, o profeta e de Ido,<br />
o vidente (2 Crônicas 12:15). Você já havia pensado a<br />
respeito desses livros citados? Não é interessante que os<br />
escritores bíblicos os tenham mencionado? Porém, eles<br />
não eram inspirados. Todos esses livros se perderam, e<br />
nenhum mais existe, porém, foram úteis no registro da<br />
revelação de Deus. Excelente exemplo do uso de tradições<br />
escritas e orais para o entendimento do registro da<br />
revelação de Deus foram esses livros antigos. Se foram<br />
úteis para ajudar acerca da revelação de Deus, de Sua<br />
santa Palavra, quanto mais a nós, limitados e pobres<br />
acerca da revelação de Deus, devemos ser gratos com<br />
tradições piedosas, zelosas e devocionais. O Sola<br />
Scriptura não imprime uma posição legalista, mas piedosa.<br />
A doutrina da Sola Scriptura é um dos cinco pilares<br />
fundamentais do pensamento da Reforma Protestante,<br />
conhecidos como “Quinque Solae” (Cinco Solas). As<br />
palavras “Sola Scriptura” são do latim: “Sola” que tem a<br />
idéia de “somente”, “chão”, “base”, e a palavra “Scriptura”<br />
que significa “escritos”, em referência às Escrituras. Sola<br />
Scriptura significa que somente as Escrituras são<br />
autoridade de fé e prática do cristão.<br />
A Bíblia é completa, dotada de autoridade e verdade<br />
absoluta. “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para<br />
o ensino, para a repreensão, para a correção, para a<br />
educação na justiça” 2 Timóteo 3:16. O Sola Scriptura foi o<br />
“grito de guerra” da Reforma Protestante. Durante séculos<br />
a Igreja Católica Romana colocou suas tradições (más) em<br />
posição de autoridade superior a Bíblia, tal posição<br />
resultou em muitas práticas que foram, de fato,<br />
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contraditórias à Bíblia. Alguns exemplos são: orações aos<br />
santos (ídolos – idolatria) e a Maria, a Imaculada<br />
Conceição (que afirma que Maria, mãe de Jesus, foi imune<br />
de toda a mancha do pecado original), a transubstanciação<br />
(mudança da substância do pão e do vinho na substância<br />
do Corpo e sangue de Jesus Cristo no ato da consagração.<br />
Isto significa que esta doutrina defende e acredita na<br />
presença real de Cristo nos elementos), indulgências<br />
(compra do perdão), simonia (favores) e autoridade papal<br />
através de suas bulas papais. Martinho Lutero, o fundador<br />
da Igreja Luterana e pai da Reforma Protestante foi há<br />
público reprovar a Igreja Católica por seus ensinos não<br />
bíblicos, totalmente heréticos. A Igreja Católica ameaçou<br />
Martinho Lutero com a excomunhão (e morte) se ele não<br />
se retratasse formalmente. A resposta de Martinho Lutero<br />
foi:<br />
“Portanto, a menos que eu seja convencido pelo<br />
testemunho das Escrituras ou pelo mais claro<br />
raciocínio; a menos que eu seja persuadido por meio<br />
das passagens que citei; a menos que assim<br />
submetam minha consciência pela Palavra de Deus,<br />
não posso retratar-me e não me retratarei, pois é<br />
perigoso a um cristão falar contra a consciência. Aqui<br />
permaneço, não posso fazer outra coisa; Deus queira<br />
ajudar-me. Amém”.<br />
O principal argumento católico contra a Sola Scriptura é<br />
que a Bíblia não ensina a Sola Scriptura explicitamente. Os<br />
católicos argumentam: “A Bíblia, em lugar algum, afirma<br />
que ela própria é o único guia dotado de autoridade para fé<br />
e prática”. Mesmo sendo isto verdadeiro, isto falha em<br />
reconhecer uma questão crucialmente importante.<br />
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Sabemos que a Bíblia é a Palavra de Deus. A Bíblia se<br />
autoproclama inspirada por Deus, inerrante e dotada de<br />
autoridade.<br />
Também sabemos que Deus não muda de idéia ou Se<br />
contradiz. Portanto, apesar do fato de que a Bíblia não se<br />
autointitula “Sola Scriptura”, ela, com certeza, não deixa<br />
espaço para tradições que possam contradizer sua<br />
mensagem. Sola Scriptura não é tanto um argumento<br />
contra a tradição, mas mais ainda um argumento contra<br />
doutrinas não bíblicas ou antibíblicas (tradições más). A<br />
única maneira de saber com certeza o que Deus espera de<br />
nós é permanecermos fiéis ao que sabemos que Ele<br />
revelou, a Bíblia.<br />
“A igreja, longe de ter prioridade sobre a Escritura, é na<br />
realidade uma criação da Escritura, nascida do ventre da<br />
Escritura”. O lema de Calvino “Orare et Labutare” expressa<br />
a ideia: Portanto, todo aquele que medita na Palavra de<br />
Deus, a fim de ser devidamente alimentado, e evitar<br />
interpretações equivocadas, precisa fazer isto sob oração.<br />
O lema de Calvino empurra-nos para fora das falsas<br />
doutrinas e más tradições.<br />
Podemos saber, além de qualquer sombra de dúvida, que<br />
as Escrituras são verdadeiras, dotadas de autoridade e<br />
confiáveis. O mesmo não se pode dizer da tradição. Os<br />
homens cometeram muitos erros em meio às tradições,<br />
como a exemplo, os ágapes.<br />
A Palavra de Deus é a única autoridade para a fé cristã. As<br />
tradições são válidas apenas quando são baseadas nas<br />
Escrituras e estão em total concordância com as<br />
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Escrituras. As tradições que estão em contradição com a<br />
Bíblia não vêm de Deus e não constituem em um aspecto<br />
válido da fé cristã. Sola Scriptura é a única forma de evitar<br />
que a subjetividade e a opinião pessoal tirem a prioridade<br />
dos ensinamentos da Bíblia. A essência da Sola Scriptura<br />
é basear sua vida espiritual somente na Bíblia, e rejeitar<br />
qualquer tradição ou ensino que não esteja em completa<br />
concordância com a Bíblia. 2 Timóteo 2:15 declara:<br />
“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que<br />
não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra<br />
da verdade”.<br />
Sola Scriptura não torna nulo o conceito das tradições da<br />
igreja. Mas ao contrário, Sola Scriptura nos dá um sólido<br />
alicerce no qual podemos basear as tradições da igreja. Há<br />
muitas práticas, tanto na Igreja Católica quanto na<br />
Protestante, que são resultado de tradições, e não de<br />
ensinamentos explícitos das Escrituras. É bom, e mesmo<br />
necessário, que a igreja tenha tradições.<br />
As tradições têm um papel importante em tornar clara a<br />
doutrina cristã, e organizar a prática cristã. Ao mesmo<br />
tempo, para que estas tradições sejam válidas, não<br />
poderão estar em desacordo com a Palavra de Deus.<br />
Devem ser baseadas no sólido alicerce dos ensinamentos<br />
das Escrituras. O problema com a Igreja Católica Romana<br />
(e muitas das igrejas cristãs) é que ela baseia as tradições<br />
em tradições, que também se baseiam em tradições,<br />
também baseadas em tradições, e frequentemente a<br />
tradição inicial não estava em completa harmonia com as<br />
Escrituras. É por isso que os cristãos devem sempre<br />
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consultar a Sola Scriptura, a excelente e confiável Palavra<br />
de Deus, como a única base sólida para fé e prática.<br />
Para os reformadores, a Bíblia não era um livro de<br />
doutrinas e proposições a serem aceitas intelectualmente<br />
ou mediante a autoridade da igreja, mas uma revelação<br />
direta, viva e pessoal de Deus, acessível a qualquer<br />
pessoa.<br />
Na prática, uma objeção frequente ao conceito de Sola<br />
Scriptura é o fato de que o cânone da Bíblia não foi<br />
oficialmente acordado por pelo menos 250 anos após a<br />
fundação da igreja. Além disso, as Escrituras não estavam<br />
disponíveis em quantidades significativas por mais de 1500<br />
anos após a fundação da igreja. Como, então, poderiam os<br />
cristãos primitivos usar a Sola Scriptura, quando nem ao<br />
menos possuíam as Escrituras por completo? Como,<br />
então, os cristãos que viveram antes da invenção da<br />
imprensa (Em 1455 pelo alemão Johannes Gutemberg)<br />
poderiam basear sua fé e prática nas Escrituras somente,<br />
se não havia um jeito de possuírem uma cópia completa<br />
das Escrituras? Esta questão se faz ainda mais complicada<br />
devido aos altos índices de analfabetismo através da<br />
história. Como o conceito de Sola Scriptura lida com estas<br />
questões? Simples!<br />
O problema com esta discussão é que ela está<br />
essencialmente dizendo que a autoridade das Escrituras<br />
está baseada na disponibilidade. Este não é o caso. A<br />
autoridade das Escrituras é universal, pois é a Palavra de<br />
Deus, é Sua autoridade.<br />
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O fato de que as Escrituras não estavam prontamente<br />
disponíveis, ou até mesmo o fato de que as pessoas não<br />
pudessem lê-las não muda o fato de que as Escrituras são<br />
a Palavra de Deus. Além disso, ao invés de isto ser um<br />
argumento contra a Sola Scriptura, é na verdade uma<br />
questão a respeito do que a igreja deveria ter feito, ao invés<br />
do que o que ela fez.<br />
A Igreja primitiva deveria ter dado alta prioridade à<br />
produção de cópias das Escrituras. Apesar de ser fora da<br />
realidade que cada cristão possuísse uma cópia completa<br />
da Bíblia, era possível que cada igreja pudesse ter um<br />
pouco, a maioria ou todas as Escrituras prontamente<br />
disponíveis. Os líderes da igreja primitiva deveriam ter feito<br />
do estudo das Escrituras sua mais alta prioridade, para que<br />
pudessem ensiná-las com precisão. Mesmo que as<br />
escrituras não pudessem ser disponibilizadas para as<br />
massas, pelo menos os líderes da igreja poderiam ter sido<br />
bem treinados na Palavra de Deus. Ao invés de construir<br />
tradições em cima de tradições, e passá-las de geração em<br />
geração, a Igreja deveria ter copiado as Escrituras e as<br />
ensinadas (2 Timóteo 2:4).<br />
Mais uma vez repito as tradições não são problemas.<br />
Tradições não-bíblicas são o problema. A disponibilidade<br />
das Escrituras através dos séculos não é o fator<br />
determinante. As próprias Escrituras são o fator<br />
determinante. Nós agora temos as Escrituras prontamente<br />
disponíveis a nós. Estudando a Palavra de Deus, fica claro<br />
que muitas tradições da igreja que se desenvolveram<br />
através dos séculos são de fato contraditórias à Palavra de<br />
Deus. Isto é onde a Sola Scriptura se aplica.<br />
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As tradições que são baseadas e estão em concordância<br />
com a Palavra de Deus podem ser mantidas. As tradições<br />
que não estão baseadas ou estão em desacordo com a<br />
Palavra de Deus devem ser rejeitadas. Sola Scriptura<br />
resgata o que Deus nos revelou em Sua Palavra. Sola<br />
Scriptura, definitivamente, nos mostra Deus que sempre<br />
fala a verdade, nunca Se contradiz e sempre demonstra<br />
ser de confiança.<br />
Voltemos às escrituras, voltemos ao grito de guerra da<br />
reforma protestante “Sola Scriptura” somente as escrituras,<br />
e voltemos a “guerra” pelas verdades bíblicas de forma<br />
piedosa!<br />
OS CREDOS DA REFORMA<br />
Importância e objetivo dos Credos.<br />
Os credos da Reforma são as confissões de fé e os<br />
catecismos produzidos nesse período ou sob sua<br />
inspiração teológica.<br />
Os séculos IV e V foram para a elaboração dos credos<br />
(Credo de Nicéia, Credo de Calcedônia) o que os séculos<br />
XVI e XVII foram para a feitura das confissões e dos<br />
catecismos.<br />
(1) Credo de Nicéia.<br />
O Credo Niceno é uma profissão de fé adotada do Primeiro<br />
Concílio Ecumênico reunido na cidade de Niceia da Bitínia<br />
(atual İznik, é uma cidade situada na região de Mármara,<br />
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província de Bursa, Turquia em 325. Chama-se também o<br />
Símbolo Niceno em latim: “Symbolum Nicaenum”), e a<br />
Profissão de fé dos 318 Padres, referência aos 318 bispos<br />
que participaram do Primeiro Concílio de Niceia.<br />
O propósito de um credo é agir como um critério de crença<br />
correta, ou ortodoxia. Os credos do cristianismo foram<br />
elaborados em momentos de conflito sobre a doutrina: a<br />
aceitação ou rejeição de um credo serviu para distinguir os<br />
crentes e negadores de uma doutrina específica ou um<br />
conjunto de doutrinas. Por essa razão, um credo foi<br />
chamado em grego σύμβολον (symbolon), que significava<br />
a metade de um objeto quebrado para que, colocada junto<br />
com a outra metade, verificasse a identidade do portador.<br />
A palavra grega passou para symbolum em latim (“símbolo”<br />
em português). O Credo de Niceia foi adotada em face do<br />
arianismo. Ário, um presbítero da Igreja de Alexandria,<br />
natural da Líbia, havia declarado que, embora o Filho fosse<br />
divino, ele era um ser criado no tempo e, portanto, não coessencial<br />
com o Pai. Isto fez com que Jesus fosse<br />
considerado inferior ao Pai, que posou desafios<br />
soteriológicos para a doutrina nascente da Trindade. O<br />
Credo Niceno explicitamente afirma a divindade coessencial<br />
do Filho, aplicando-lhe o termo “consubstancial”.<br />
Termina com as palavras “(Cremos) no Espírito Santo” e<br />
com um anátema contra os arianos.<br />
“Cremos em um só Deus, Pai todo-poderoso, criador de<br />
todas as coisas visíveis e invisíveis. Ε em um só Senhor<br />
Jesus Cristo, o Filho de Deus, gerado unigênito do Pai, isto<br />
é, da substância do Pai; Deus de Deus, luz de luz, Deus<br />
verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não feito,<br />
consubstancial ao Pai; por quem foram feitas todas as<br />
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coisas que estão no céu ou na terra. O qual por nós<br />
homens e para nossa salvação, desceu, se encarnou e se<br />
fez homem. Padeceu e ressuscitou ao terceiro dia e subiu<br />
aos céus. Ele virá para julgar os vivos e os mortos. E no<br />
Espírito Santo. E quem quer que diga que houve um tempo<br />
em que o Filho de Deus não existia, ou que antes que fosse<br />
gerado ele não existia, ou que ele foi criado daquilo que<br />
não existia, ou que ele é de uma substância ou essência<br />
diferente (do Pai), ou que ele é uma criatura, ou sujeito à<br />
mudança ou transformação, todos os que falem assim, são<br />
anatematizados pela Igreja Católica”.<br />
(2) Credo de Calcedônia.<br />
O Credo da Calcedônia foi escrito no Concílio de<br />
Calcedônia (situada junto a Bizâncio – atual Istambul –<br />
Cidade na Turquia), na Ásia menor, em 451. Ele foi<br />
resultado do Concílio de Calcedônia no que trata da<br />
controvérsia entre as igrejas ocidentais e orientais a<br />
respeito da encarnação e a natureza de Jesus Cristo (união<br />
hipostática). Algumas igrejas não aceitam esse credo. Por<br />
exemplo as igrejas ortodoxas orientais.<br />
“Fiéis aos santos Pais, todos nós, perfeitamente unânimes,<br />
ensinamos que se deve confessar um só e mesmo Filho,<br />
nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito quanto à divindade, e<br />
perfeito quanto à humanidade; verdadeiramente Deus e<br />
verdadeiramente homem, constando de alma racional e de<br />
corpo, consubstancial com o Pai, segundo a divindade, e<br />
consubstancial a nós, segundo a humanidade; em tudo<br />
semelhante a nós, excetuando o pecado; gerado segundo<br />
a divindade pelo Pai antes de todos os séculos, e nestes<br />
últimos dias, segundo a humanidade, por nós e para nossa<br />
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salvação, nascido da Virgem Maria, mãe de Deus; um e só<br />
mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, que se deve<br />
confessar, em duas naturezas, inconfundíveis, imutáveis,<br />
indivisíveis, inseparáveis; a distinção de naturezas de<br />
modo algum é anulada pela união, antes é preservada a<br />
propriedade de cada natureza, concorrendo para formar<br />
uma só pessoa e em uma subsistência; não separado nem<br />
dividido em duas pessoas, mas um só e o mesmo Filho, o<br />
Unigênito, Verbo de Deus, o Senhor Jesus Cristo,<br />
conforme os profetas desde o princípio acerca dele<br />
testemunharam, e o mesmo Senhor Jesus nos ensinou, e<br />
o Credo dos santos Pais nos transmitiu”.<br />
(3) Credo dos Apóstolos.<br />
Primeiro artigo (da criação).<br />
Creio em Deus Pai, todo-poderoso, Criador do céu e da<br />
terra.<br />
Segundo artigo (da salvação).<br />
E em Jesus Cristo, seu Filho unigênito, nosso Senhor, o<br />
qual foi concebido pelo Espírito Santo, nasceu da virgem<br />
Maria, padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi<br />
crucificado, morto e sepultado, desceu ao mundo dos<br />
mortos, ressuscitou no terceiro dia, subiu ao céu, e está<br />
sentado à direita de Deus Pai, todo-poderoso, de onde virá<br />
para julgar os vivos e os mortos.<br />
Terceiro artigo (da santificação).<br />
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Creio no Espírito Santo, na santa Igreja cristã, a comunhão<br />
dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição do<br />
corpo e na vida eterna. Amém.<br />
(4) Credo de Atanásio.<br />
O Credo de Atanásio, subscrito pelas maiores confissões<br />
do cristianismo (Igreja Católica Apostólica Romana, Igreja<br />
Ortodoxa e a maior parte dos protestantes), é geralmente<br />
atribuído a Santo Atanásio, Bispo de Alexandria (século<br />
IV), mas estudiosos do assunto conferem a ele data<br />
posterior (século V). Sua forma final teria sido alcançada<br />
apenas no século VIII. O texto grego mais antigo deste<br />
credo provém de um sermão de Cesário de Arles, no início<br />
do século VI. O credo de Atanásio, com quarenta artigos, é<br />
um tanto longo para um credo, mas é considerado por<br />
Archibald A. Hogde “um majestoso e único monumento da<br />
fé imutável de toda a igreja quanto aos grandes mistérios<br />
da divindade, da Trindade de pessoas em um só Deus e<br />
da dualidade de naturezas de um único Cristo”. Apesar de<br />
a data ser incerta, este credo foi elaborado para combater<br />
o arianismo e reafirmar a doutrina cristã tradicional da<br />
Trindade. (Confira o Credo de Atanásio).<br />
(5) Credo Niceno-constantinopolitano.<br />
O Credo Niceno-constantinopolitano, ou Símbolo Nicenoconstantinopolitano,<br />
é uma declaração de fé cristã aceite<br />
pela Igreja Católica, Igreja Ortodoxa, Igrejas ortodoxas<br />
orientais, Igreja Anglicana e pela maioria das<br />
denominações protestantes. O nome “Nicenoconstantinopolitano”<br />
indica uma suposta relação com o<br />
Primeiro Concílio de Niceia 325 d.C., no qual foi adaptado<br />
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um credo semelhante (o Credo Niceno), e com o Primeiro<br />
Concílio de Constantinopla (381 d.C.), o qual teria revisto o<br />
texto de 325. Na Igreja Católica Romana, o Credo de Niceia<br />
faz parte da profissão de fé exigida daqueles que realizam<br />
funções importantes na Igreja. Alguns cristãos protestantes<br />
consideram o Credo Niceno-constantinopolitano útil e em<br />
certa medida autoritário, mas dão a prioridade à obrigação<br />
de interpretar individualmente as Escrituras no seio da<br />
comunidade cristã. Outros grupos, por exemplo, a Igreja de<br />
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e as<br />
Testemunhas de Jeová (Seitas), rejeitam explicitamente<br />
algumas das afirmações contidas no credo.<br />
A razão parece evidente: na Reforma, as igrejas logo<br />
sentiram a necessidade de formalizar a fé, apresentando<br />
sua interpretação sobre diversos assuntos que as<br />
distinguiam da Igreja Romana. Com o tempo, surgem<br />
outras denominações, que discordavam entre si sobre<br />
alguns pontos, o que gerou a necessidade de estabelecer<br />
princípios doutrinários próprios. Calvino afirmou que a fé<br />
deve ser “explícita”, mas ressaltou que muito do que<br />
cremos permanecerá nesta vida de forma implícita por<br />
duas razões: (a) nem tudo foi revelado por Deus e (b)<br />
nossa ignorância e pequenez espiritual. Por isso, o ensino<br />
e estudo constantes da Palavra do Senhor são<br />
necessários, a fim de que cada homem, responsável diante<br />
de Deus, tenha condições de se posicionar diante do<br />
Criador de forma consciente. A fé explícita é patenteada<br />
pela Igreja mediante o ensino da Palavra. Essa<br />
necessidade determina o uso da razão, a fim de apresentar<br />
a doutrina de forma mais razoável possível e simples ao<br />
mesmo tempo. Amplitude e simplicidade são dois marcos<br />
do ensino ortodoxo. O ser humano é responsável diante de<br />
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Deus, a quem dará contas de si mesmo, portanto, tendo<br />
oportunidade, ele precisa conhecer devidamente a Palavra<br />
do Senhor em toda a plenitude revelada. Essas<br />
declarações de fé precisavam ser até certo ponto,<br />
completas e simples, para que o cristão não iniciado nas<br />
questões teológicas pudesse entender o que estava sendo<br />
dito, confrontar esse ensinamento com as Escrituras e<br />
assim compreender biblicamente sua fé. Esta não deveria<br />
ser apenas “implícita”, mas “explícita”.<br />
Os Catecismos.<br />
Nesse contexto e com objetivos eminentemente didáticos<br />
surgem os catecismos (Grego katekhéo = “ensinar”,<br />
“instruir”, “informar” – “katēchoumenos – κατηχούμενος”:<br />
catecúmeno significa uma pessoa sendo instruída). (cf.<br />
Lucas 1:4; Atos 18:25; 21:21, 24; Romanos 2:18; 1<br />
Coríntios 14:19; Gálatas 6:6), constituídos, em boa parte,<br />
de perguntas e respostas. Até o século XVI, a palavra<br />
catecismo não fora usada nesse sentido. Os catecismos<br />
visavam à instrução de crianças e adultos, e isso contribuiu<br />
decisivamente para sua proliferação, sendo que a maioria<br />
jamais passou da forma manuscrita, visto que muitos<br />
pastores os elaboravam apenas para a congregação local,<br />
objetivando atender necessidades doutrinárias.<br />
A primeira obra a receber o título catecismo foi o de<br />
Andreas Althamer um humanista alemão e reformador<br />
Luterano (1500 – 1539) em 1528. Os mais influentes no<br />
século XVI foram, porém, os de Lutero (1483 – 1546): O<br />
Catecismo maior (1529) e o Catecismo menor (1529), em<br />
cujo prefácio Lutero declara por que o redigiu e apresenta<br />
sugestões de como ensiná-lo à congregação. Ele quase<br />
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sempre inicia os capítulos com este teor: “Como o chefe de<br />
família deve ensiná-lo com toda a simplicidade à sua casa”,<br />
e outras expressões afins. A respeito de suas motivações,<br />
ele declarou: A lamentável e mísera necessidade<br />
experimentada recentemente, quando também eu fui<br />
visitador, é que me obrigou e impulsionou a preparar este<br />
catecismo ou doutrina cristã nesta forma breve, simples e<br />
singela. Meu Deus, quanta miséria não vi! O homem<br />
comum simplesmente não sabe nada da doutrina cristã,<br />
especialmente nas aldeias. E, infelizmente, muitos<br />
pastores são de todo incompetentes e incapazes para a<br />
obra do ensino. [...] Não sabem nem o Pai-Nosso, nem o<br />
Credo, nem os Dez Mandamentos.<br />
Mais tarde, Calvino elaborou um catecismo intitulado<br />
Instrução e confissão de fé, segundo o uso da Igreja de<br />
Genebra (1536 – 1537). Desde 1561, todo ministro da<br />
igreja deveria jurar fidelidade aos ensinamentos nele<br />
expressos e comprometer-se a ensiná-los.<br />
No início da sua estada em Genebra, João Calvino<br />
produziu dois importantes documentos para a cidade, uma<br />
confissão de fé a ser subscrita pelos residentes e um<br />
catecismo para a instrução religiosa das crianças. Esses<br />
dois textos tinham grande afinidade entre si e com a obra<br />
que o reformador havia publicado alguns meses antes, a<br />
Instituição da Religião Cristã ou Institutas. Os catecismos<br />
protestantes representaram um novo gênero de literatura<br />
cristã. A palavra “catecismo” vem do grego que significa<br />
“instruir” (1 Coríntios 14:19). O método da catequese foi<br />
amplamente utilizado na igreja antiga como preparação<br />
para o batismo (catecumenato), conforme descrito na obra<br />
Tradição Apostólica (c. 215), de Hipólito. O primeiro texto<br />
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desse gênero no contexto da Reforma foi o Pequeno<br />
Catecismo de Lutero (1529). Entre os reformados, os<br />
primeiros a escreverem catecismos foram Leo Jud<br />
(Zurique) bem como Wolfgang Capito e Martin Bucer<br />
(Estrasburgo). Todos esses documentos foram eclipsados<br />
pelo catecismo de Calvino, também conhecido como<br />
“catecismo anterior” ou Catecismo de Genebra.<br />
No dia 16 de janeiro de 1537, Calvino e seu colega<br />
Guilherme Farel apresentaram ao conselho municipal os<br />
“Artigos concernentes à organização da igreja e do culto<br />
em Genebra”. Esses artigos propunham a celebração<br />
frequente da Ceia do Senhor, a disciplina da excomunhão<br />
e também normas sobre o cântico de salmos e sobre a<br />
educação cristã.<br />
O resultado foi o catecismo conhecido como Instrução na<br />
Fé, cujo título mais completo era Instrução e Confissão de<br />
Fé que são utilizados na Igreja de Genebra, descrito como<br />
“um sumário breve e simples da fé cristã, a ser ensinado a<br />
todas as crianças”. Esse texto é um testemunho da<br />
importância que o reformador francês atribuía ao ensino ou<br />
educação na fé cristã, mediante o qual as crianças e<br />
adolescentes pudessem alcançar maturidade em sua vida<br />
moral e espiritual.<br />
O documento também é valioso por representar uma<br />
síntese da teologia inicial de Calvino conforme refletida na<br />
primeira edição das Institutas. Embora tecnicamente<br />
distintos das confissões de fé, os catecismos também<br />
foram documentos através dos quais os reformados<br />
declararam e confessaram a sua fé.<br />
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As Confissões.<br />
Basicamente, as confissões não foram feitas para a<br />
instrução na fé cristã (essa era a função dos catecismos).<br />
Elas poderiam ser produzidas individualmente para uso<br />
privado (A segunda confissão helvética), por um concílio de<br />
uma igreja em particular (Cânones de Dort), por um<br />
indivíduo que age como representante de sua igreja<br />
(Confissão de Augsburgo), por um grupo de teólogos<br />
convocados pelo Estado (Confissão de Westminster), ou<br />
escrita como defesa de sua fé durante terrível perseguição<br />
(A confissão dos valdenses) etc.<br />
Não havia regra para a elaboração de uma confissão, os<br />
contextos eram variados. Apesar de haver motivações<br />
comuns a todas elas, existiam circunstâncias especiais que<br />
conduziam a determinadas ênfases, especialmente no que<br />
se refere às questões relativas ao governo e à Igreja<br />
Romana. Isso levanta o problema da unificação das<br />
confissões. Em 1530, Carlos V, imperador da Alemanha,<br />
convoca a Dieta de Augsburgo, cujo objetivo era a<br />
unificação político-religiosa dos seus domínios. Nasceu<br />
então a Confissão de Augsburgo, redigida por<br />
Melanchthon, com o consentimento de Lutero.<br />
O imperador não a aceitou e proibiu sua divulgação,<br />
mesmo assim, em pouco tempo, ela foi propagada em toda<br />
a Alemanha. Calvino entende que a divergência em<br />
questões secundárias não deve servir de pretexto para a<br />
divisão da igreja, afinal, todos, sem exceção, estão<br />
envoltos de “alguma nuvenzinha de ignorância”. Após<br />
argumentar contra aqueles que chamavam os reformados<br />
de hereges, ele ressalta que a unidade cristã deve ser na<br />
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Palavra, baseando-se em Efésios 4:5, Filipenses 2:1, 5 e<br />
Romanos 15:5.<br />
Para os irmãos refugiados em Wezel (Alemanha), que<br />
sofriam diversas pressões dos luteranos e sobreviviam<br />
numa pequena igreja reformada, Calvino, em 1554, os<br />
consola mostrando que, apesar dos grandes problemas<br />
pelos quais passavam o mundo, Deus lhes havia<br />
concedido um lugar onde poderiam adorar a Deus em<br />
liberdade. Também os desafia a não abandonarem a igreja<br />
por pequenas divergências nas práticas cerimoniais, sendo<br />
tolerantes a fim de preservar a unidade.<br />
Contudo, os exorta a jamais fazerem acordos em pontos<br />
doutrinários. Mesmo desejando a paz e a concórdia,<br />
Calvino entendia que essa paz nunca poderia ser em<br />
detrimento da verdade, pois, se assim fosse, essa “paz”<br />
seria maldita. Respondendo a uma carta de Thomas<br />
Cranmer (1489 – 1556) convidando-o para uma reunião<br />
com o objetivo de preparar um credo que fosse consensual<br />
para as igrejas reformadas, Calvino, mesmo não podendo<br />
ir, o encoraja a manter esse objetivo. A certa altura diz:<br />
“[...] Estando os membros da Igreja divididos, o corpo<br />
sangra. Isso me preocupa tanto que, se pudesse fazer<br />
algo, eu não me recusaria a cruzar até dez mares, se<br />
necessário fosse por essa causa”.<br />
Já no século XVII, algum progresso nesse sentido é<br />
evidente, através de formulações doutrinárias mais<br />
completas e também após passar o primeiro ardor<br />
apaixonado e exclusivista, ainda que surgissem novos<br />
debates teológicos nos séculos XVII e XVIII, no período<br />
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denominado “ortodoxia protestante”. Mesmo assim, as<br />
diferenças permaneceram, mas não ferem pontos cruciais<br />
da Reforma, como:<br />
A Bíblia como autoridade final, a justificação pela graça<br />
mediante a fé, o sacerdócio universal dos santos, a<br />
suficiência do sacrifício de Cristo para nos salvar, etc.<br />
Assim, os Credos da Reforma tinham três objetivos<br />
específicos.<br />
(1) Evidenciar os fundamentos bíblicos de seus ensinos.<br />
(2) Demonstrar que suas doutrinas estavam em acordo<br />
com os principais credos da Igreja (Apostólico, Niceno,<br />
Constantinopolitano).<br />
(3) Demarcar sua posição teológica em relação à Teologia<br />
Romana e às demais correntes provenientes da Reforma.<br />
As confissões provenientes da Reforma (séculos XVI e<br />
XVII) são divididas em dois grupos: luteranas e calvinistas<br />
(reformadas).<br />
PRINCIPAIS CATECISMOS E CONFISSÕES:<br />
SUBSÍDIOS HISTÓRICOS<br />
Confissão Gaulesa (1559).<br />
Foi escrita por Calvino e seu discípulo Antoine de la Roche<br />
Chandieu (De Chandieu) (1534 – 1591), provavelmente<br />
com a ajuda de Theodore Beza (1519 – 1605) e Pierre Viret<br />
(1511 – 1571). No Sínodo Geral de Paris (26 – 28/05/1559),<br />
reunido secretamente, ela foi revista e ampliada. Calcula-<br />
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se que a França possuía 400 mil protestantes, existindo em<br />
fins de 1561 mais de 670 Igrejas calvinistas. Em 1571,<br />
realizou-se o Sétimo Sínodo Nacional de La Rochelle, no<br />
qual essa confissão foi revisada, reafirmada e solenemente<br />
sancionada por Henrique IV, passando a ser chamada<br />
também de Confissão de Rochelle. A Confissão gaulesa<br />
influenciou profundamente a Confissão Belga (1561) e a<br />
Confissão dos Valdenses (1655).<br />
Confissão Escocesa (1560).<br />
Foi escrita sob a liderança de John Knox (1505 – 1572) e<br />
adotada pelo Parlamento escocês em 17/08/1560, sendo<br />
ratificada em 1567. Em 1572, todos os ministros tiveram de<br />
subscrevê-la. Ela permaneceu como confissão oficial da<br />
Igreja Reformada Escocesa até 1647, quando então a<br />
Igreja adotou a Confissão de Westminster.<br />
Confissão Belga (1561).<br />
Inspirada na Confissão gaulesa foi escrita em francês em<br />
1561 por Guido (ou Guy, Wido) de Brès (1523 – 1567) e<br />
outros, sendo revisada e publicada em holandês em 1562,<br />
chegando a ocupar lugar de suma importância na Igreja<br />
Reformada Holandesa. Foi aprovada no Sínodo de<br />
Antuérpia (1566), no de Ambères (1566 – após revisão) e<br />
em Wessel (1568), e adotada pelo Sínodo Reformado de<br />
Emden (1571), pelo Sínodo Nacional de Dort (1574),<br />
Middelburg (1581) e pelo grande Sínodo de Dort<br />
(29/04/1619), que a sujeitou a minuciosa revisão,<br />
comparando a tradução holandesa com o texto francês e<br />
latino. Foi traduzida para o holandês (1562) e para o inglês<br />
(1768). A Confissão Belga e o Catecismo de Heidelberg<br />
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(Confira mais adiante) são os símbolos de fé das Igrejas<br />
Reformadas na Holanda e Bélgica, sendo também o<br />
padrão doutrinário da Igreja Reformada na América e na<br />
Igreja Evangélica Reformada Holandesa no Brasil.<br />
Trinta e Nove Artigos da Igreja da Inglaterra (1563).<br />
Em 1552, o arcebispo de Cantebury, Thomas Cranmer,<br />
elaborou com outros clérigos Quarenta e Dois Artigos da<br />
Religião, após minuciosa revisão, foram publicados em<br />
1553 sob a autoridade do rei da Inglaterra, Eduardo VI.<br />
Mais tarde, esses Artigos foram revistos e reduzidos a 39<br />
pelo arcebispo de Cantebury, Matthew Parker (1504 –<br />
1575), e outros bispos. Esse trabalho de revisão e redução<br />
foi ratificado pelas duas Casas de Convocação, sendo os<br />
Trinta e nove artigos publicados por autoridade do rei em<br />
1563. Em 1571, tornou-se obrigatória a subscrição desses<br />
Artigos por todos os ministros ingleses. Os Trinta e nove<br />
artigos e o Livro de oração comum (1549) são os símbolos<br />
de fé da Igreja da Inglaterra e, com algumas alterações,<br />
das demais igrejas da Comunhão Anglicana.<br />
Catecismo de Heidelberg (1563).<br />
Foi escrita por dois jovens teólogos: Caspar Olevianus<br />
(1536 – 1587), professor de Teologia na Universidade de<br />
Heidelberg, que recebeu influência de Melanchton e de<br />
Peter Martyr Vermigli (1560 – 1562), e Zacharias Ursinus<br />
(1534 – 1583), ex-aluno de Melanchton, em Wittenberg<br />
(1550 – 1557), e amigo de Calvino.<br />
No prefácio da primeira edição, Frederico III, o “Piedoso”<br />
(1515 – 1576), estabeleceu três propósitos para esse<br />
catecismo:<br />
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(1) Instrução catequética.<br />
(2) Guia para pregação.<br />
(3) Forma confessional de unidade.<br />
Ele foi o primeiro príncipe alemão a adotar um credo<br />
reformado distinto do luterano. Adotado por um Sínodo de<br />
Heidelberg (19/01/1563), esse catecismo foi aceito<br />
também na Escócia, servindo de modo especial para o<br />
ensino das crianças. O Sínodo de Dort também o aprovou.<br />
Heidelberg é o símbolo das Igrejas reformadas da<br />
Alemanha, da Holanda, dos Estados Unidos e do Brasil. Os<br />
dois pontos fortes desse catecismo são o aspecto não<br />
polêmico (com exceção da pergunta 80) e o tom pastoral,<br />
suas respostas são uma declaração pessoal de fé, tendo<br />
as verdades teológicas aplicação bem direta às<br />
necessidades cotidianas do povo de Deus. Por ter sido<br />
traduzido para todas as línguas europeias e muitas<br />
asiáticas, P. Schaff (1819 – 1893) diz que Heidelberg “tem<br />
o dom pentecostal de línguas em raro grau”.<br />
Segunda Confissão Helvética (1562 – 1566).<br />
Foi primariamente elaborado em latim, em 1562, pelo<br />
amigo, discípulo e sucessor de Zwínglio (1484 – 1531),<br />
Henry Bullinger (1504 – 1575). Em 1564, quando a peste<br />
voltou a atacar em Zurique, Bullinger perdeu a esposa e as<br />
três filhas. Ele mesmo ficou doente, mas foi curado. Nesse<br />
ínterim, fez a revisão da confissão de 1562.<br />
Como espécie de testamento espiritual, anexou-a ao seu<br />
testamento, para ser entregue ao magistrado da cidade,<br />
caso falecesse. Essa confissão foi traduzida para vários<br />
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idiomas (incluindo o árabe) e teve ampla aceitação em<br />
diversos países, sendo também adotada na Escócia<br />
(1566), Hungria (1567), França (1571) e Polônia (1578).<br />
Tornou-se “o elo [...] para as igrejas calvinistas espalhadas<br />
por toda a Europa”.<br />
Cânones de Dort (1618 – 1619).<br />
O Sínodo de Dort reuniu-se por autoridade dos Estados<br />
Gerais dos Países Baixos, em Dordrecht, Holanda, de<br />
13/11/1618 a 9/05/1619.<br />
O Sínodo foi constituído de 35 pastores, um grupo de<br />
presbíteros das igrejas holandesas, 5 catedráticos de<br />
Teologia dos Países Baixos, 18 deputados dos Estados<br />
Gerais e 27 estrangeiros, de diversos países da Europa,<br />
tais como Inglaterra, Alemanha, França e Suíça. Dort<br />
rejeitou os chamados “Cinco pontos do arminianismo”.<br />
Os Cânones de Dort foram aceitos por todas as Igrejas<br />
reformadas como expressão correta do sistema calvinista.<br />
CINCO PONTOS DO ARMINIANISMO E DO<br />
CALVINISMO.<br />
Arminianismo.<br />
(1) O homem nunca é de tal modo corrompido pelo pecado<br />
que não possa crer salvaticiamente no evangelho, uma vez<br />
que este lhe seja apresentado.<br />
Calvinismo.<br />
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(1) O homem decaído, em seu estado natural, não tem<br />
capacidade alguma para crer no evangelho, tal como lhe<br />
falta toda a capacidade para dar crédito à lei, a despeito de<br />
toda indução externa que sobre ele possa ser exercida.<br />
Arminianismo.<br />
(2) O homem nunca é de tal modo controlado por Deus que<br />
não possa rejeitá-lo.<br />
Calvinismo.<br />
(2) A eleição de Deus é uma escolha gratuita, soberana e<br />
incondicional de pecadores, como pecadores, para que<br />
venham a ser redimidos por Cristo, para que venham a<br />
receber fé e para que sejam conduzidos à glória.<br />
Arminianismo.<br />
(3) A eleição divina dos que serão salvos alicerça-se sobre<br />
o fato da provisão divina de que eles haverão de crer, por<br />
sua própria deliberação.<br />
Calvinismo.<br />
(3) A obra remidora de Cristo teve como sua finalidade e<br />
alvo a salvação dos eleitos.<br />
Arminianismo.<br />
(4) A morte de Cristo não garantiu a salvação para<br />
ninguém, pois não garantiu o dom da fé para ninguém (e<br />
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nem mesmo existe tal dom), o que ela fez foi criar a<br />
possibilidade de salvação para todo aquele que crê.<br />
Calvinismo.<br />
(4) A obra do Espírito Santo, ao conduzir os homens à fé,<br />
nunca deixa de atingir o seu objetivo.<br />
Arminianismo.<br />
(5) Depende inteiramente dos crentes manterem-se em um<br />
estado de graça, conservando a sua fé, os que falham<br />
nesse ponto desviam-se e se perdem.<br />
Calvinismo.<br />
(5) Os crentes são guardados na fé na graça pelo poder<br />
inconquistável de Deus, até que eles cheguem à glória.<br />
Confissão de Westminster e Catecismos (1647 – 1648).<br />
A Confissão de Westminster, o Catecismo maior (1648) e<br />
o Catecismo menor (1647) foram redigidos na Inglaterra,<br />
na Abadia de Westminster, por convocação do Parlamento.<br />
A assembleia funcionou de 01/07/1643 a 22/02/1649. O<br />
objetivo primário era a revisão dos Trinta e nove artigos.<br />
Trabalharam no texto da confissão 121 teólogos e 30 leigos<br />
nomeados pelo Parlamento (20 da Casa dos Comuns e 10<br />
da Casa dos Lordes), 8 representantes escoceses, 4<br />
pastores e 4 presbíteros, “os melhores e mais preclaros<br />
homens que possuía”. Os principais debates não foram de<br />
ordem teológica (quase todos eram calvinistas), mas sobre<br />
o governo da Igreja. “Embora houvesse diversidade quanto<br />
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à Eclesiologia, havia unidade quanto à Soteriologia”. Nesse<br />
ponto, havia quatro partidos: episcopais, presbiterianos,<br />
independentes (congregacionais) e erastianos (Os<br />
erastianos consideram a igreja como uma sociedade que<br />
deve sua existência e sua forma às regulamentações<br />
promulgadas pelo estado. Os oficiais da igreja são meros<br />
instrutores ou pregadores da Palavra, sem nenhum direito<br />
ou poder de governar, exceto o que eles derivam dos<br />
magistrados civis). Os erastianos entendiam que o trabalho<br />
do pastor era o de ensino, o pastor é o mestre. Prevaleceu,<br />
no entanto, o sistema presbiteriano de governo. O Breve<br />
catecismo foi elaborado para instruir as crianças. O<br />
Catecismo maior, especialmente para a exposição no<br />
púlpito, mas não exclusivamente. Eles substituíram em<br />
grande parte os catecismos e as confissões mais antigos<br />
adotados pelas igrejas reformadas de fala inglesa. Apesar<br />
de a Teologia dos catecismos e da Confissão de<br />
Westminster ser a mesma, sendo por isso sempre adotado<br />
os três, parece que os mais usados são o Catecismo menor<br />
e a Confissão.<br />
Esses credos foram logo aprovados pela Assembleia Geral<br />
da Igreja da Escócia. Eles tiveram e têm grande influência<br />
no mundo de fala inglesa, máxime entre os presbiterianos<br />
embora também tenham sido adotados por diversas igrejas<br />
batistas e congregacionais. No Brasil, esses credos são<br />
adotados pela Igreja Presbiteriana do Brasil, Presbiteriana<br />
Independente e Presbiteriana Conservadora.<br />
A RELIGIÃO É A CAUSA DAS GUERRAS?<br />
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“Ele julgará entre os povos e corrigirá muitas nações; estas<br />
converterão as suas espadas em relhas de arados e suas<br />
lanças, em podadeiras; uma nação não levantará a espada<br />
contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra” –<br />
Isaías 2:4.<br />
Com certeza muitos conflitos ao longo da história têm sido<br />
ostensivamente por motivos religiosos, com muitas<br />
religiões diferentes envolvidas. Por exemplo, no<br />
Cristianismo, tem havido (para citar algumas):<br />
AS CRUZADAS – Uma série de campanhas entre os<br />
séculos XI e XIV, com o objetivo declarado de reconquistar<br />
a Terra Santa dos invasores muçulmanos e vir em auxílio<br />
do Império Bizantino.<br />
Introdução.<br />
As cruzadas foram tropas ocidentais enviadas à Palestina<br />
para recuperarem a liberdade de acesso dos cristãos à<br />
Jerusalém. A guerra pela Terra Santa, que durou do século<br />
XI ao XIV, foi iniciada logo após o domínio dos turcos<br />
seljúcidas sobre esta região considerada sagrada para os<br />
cristãos. Após domínio da região, os turcos passaram<br />
impedir ferozmente a peregrinação dos europeus, através<br />
da captura e do assassinato de muitos peregrinos que<br />
visitavam o local unicamente pela fé.<br />
Organização.<br />
Em 1095, Urbano II, em oposição a este impedimento,<br />
convocou um grande número de fiéis para lutarem pela<br />
causa. Muitos camponeses foram a combate pela<br />
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promessa de que receberiam reconhecimento espiritual e<br />
recompensas da Igreja, contudo, esta primeira batalha<br />
fracassou e muitos perderam suas vidas em combate.<br />
Após a Primeira Cruzada foi criada a Ordem dos Cavaleiros<br />
Templários que tiveram importante participação militar nos<br />
combates das seguintes Cruzadas.<br />
Após a derrota na 1ª Cruzada, outro exército ocidental,<br />
comandado pelos franceses, invadiu o oriente para lutar<br />
pela mesma causa. Seus soldados usavam, como<br />
emblema, o sinal da cruz costurado sobre seus uniformes<br />
de batalha. Sob liderança de Godofredo de Bulhão, estes<br />
guerreiros massacraram os turcos durante o combate e<br />
tomaram Jerusalém, permitindo novamente livre para<br />
acesso aos peregrinos.<br />
Outros confrontos deste tipo ocorreram, porém, somente a<br />
sexta edição (1228 – 1229) ocorreu de forma pacífica. As<br />
demais serviram somente para prejudicar o relacionamento<br />
religioso entre ocidente e oriente. A relação dos dois<br />
continentes ficava cada vez mais desgastada devido à<br />
violência e a ambição desenfreada que havia tomado conta<br />
dos cruzados, e, sobre isso, o clero católico nada podia<br />
fazer para controlar a situação.<br />
Embora não tenham sido bem-sucedidas, a ponto de até<br />
crianças terem feito parte e morrido por este tipo de luta,<br />
estes combates atraíram grandes reis como Ricardo I,<br />
também chamado de Ricardo Coração de Leão, e Luís IX.<br />
Relação de todas as Cruzadas Medievais.<br />
Cruzada Popular ou dos Mendigos (1096).<br />
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Primeira Cruzada (1096 a 1099).<br />
Cruzada de 1101.<br />
Segunda Cruzada (1147 a 1149).<br />
Terceira Cruzada (1189 a 1192).<br />
Quarta Cruzada (1202 a 1204).<br />
Cruzada Albigense (1209 a 1244).<br />
Cruzada das Crianças (1212).<br />
Quinta Cruzada (1217 a 1221).<br />
Sexta Cruzada (1228 a 1229).<br />
Sétima Cruzada (1248 a 1250).<br />
Cruzada dos Pastores (1251 a 1320).<br />
Oitava Cruzada (1270).<br />
Nona Cruzada (1271 a 1272).<br />
Cruzadas do Norte (1193 a 1316).<br />
Consequências.<br />
Elas proporcionaram também o renascimento do comércio<br />
na Europa. Muitos cavaleiros, ao retornarem do Oriente,<br />
saqueavam cidades e montavam pequenas feiras nas<br />
rotas comerciais. Houve, portanto, um importante<br />
reaquecimento da economia no Ocidente. Estes guerreiros<br />
inseriram também novos conhecimentos, originários do<br />
Oriente, na Europa, através da influente sabedoria dos<br />
sarracenos. Não podemos deixar de lembrar que as<br />
Cruzadas aumentaram as tensões e hostilidades entre<br />
cristãos e muçulmanos na Idade Média. Mesmo após o fim<br />
das Cruzadas, este clima tenso entre os integrantes destas<br />
duas religiões continuou.<br />
Já no aspecto cultural, as Cruzadas favoreceram o<br />
desenvolvimento de um tipo de literatura voltado para as<br />
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guerras e grandes feitos heróicos. Muitos contos de<br />
cavalaria tiveram como tema principal estes conflitos.<br />
Curiosidade.<br />
A expressão “Cruzada” não era conhecida nem mesmo foi<br />
usada durante o período dos conflitos. Na Europa, eram<br />
usados termos como, por exemplo, “Guerra Santa” e<br />
Peregrinação para fazerem referência ao movimento de<br />
tentativa de tomar a “terra santa” dos muçulmanos.<br />
AS GUERRAS RELIGIOSAS FRANCESAS – Uma<br />
sucessão de guerras na França durante o século 16 entre<br />
os católicos e os protestantes huguenotes. As Guerras<br />
religiosas na França constituem uma série de oito conflitos<br />
que devastaram o reino da França na segunda metade do<br />
século XVI, opondo católicos e protestantes, marcando um<br />
período de declínio do país.<br />
Antecedentes.<br />
O desenvolvimento do humanismo no renascimento<br />
permitiu o florescimento de um pensamento crítico e<br />
individualista e é um fator importante para o surgimento de<br />
uma corrente da Reforma na França, embora outros<br />
fatores devam ser considerados, a ignorância do clero, a<br />
vida pouco exemplar dos clérigos e o acúmulo de<br />
privilégios eclesiásticos, como causas da contestação dos<br />
princípios tradicionais da religião cristã, ensinados pela<br />
Igreja de Roma.<br />
Vale ressaltar que o Catolicismo também sofrera um<br />
importante processo de reforma, cujas causas apesar de<br />
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não estarem totalmente ligadas à Reforma protestante (há<br />
“reformas” na Igreja desde o século XI, por exemplo, a<br />
Reforma Gregoriana), foram apressadas por essa. Ao<br />
catolicismo tradicional, opôs-se assim o protestantismo,<br />
oposição que, na França, desemboca em terrível guerra<br />
civil. Evidentemente, tais perturbações de motivação<br />
religiosa supõem também enfrentamentos políticos, lutas<br />
sociais e divergências culturais, em um contexto europeu<br />
extremamente tenso.<br />
Períodos de conflitos.<br />
As guerras religiosas ocorreram entre 1562 e a<br />
promulgação do Édito de Nantes (1599), entrecortadas por<br />
curtos períodos de paz, conforme segue:<br />
Primeira: 1562 – 1563.<br />
Segunda: 1567 – 1568.<br />
Terceira: 1568 – 1570.<br />
Quarta: 1572 – 1573.<br />
Quinta: 1574 – 1576.<br />
Sexta: 1576 – 1577.<br />
Sétima: 1579 – 1580.<br />
Oitava: 1585 – 1598.<br />
Todavia, ainda haveria prolongamentos desses conflitos,<br />
ao longo dos séculos XVII (O Cerco de La Rochelle), ou,<br />
nas suas formas portuguesas de Rochela ou de Arrochela,<br />
ordenado por Luís XIII de França e comandado pelo<br />
Cardeal de Richelieu, começa em 10 de Setembro de 1627<br />
e acaba com a capitulação da cidade, em 28 de Outubro<br />
de 1628, e novas perseguições aos protestantes, após a<br />
revogação do Édito de Nantes, em 1685 “O Édito de<br />
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Nantes ou Edito de Nantes foi um documento histórico<br />
assinado em Nantes a 13 de abril de 1598 pelo rei da<br />
França Henrique IV”. O édito concedia aos huguenotes a<br />
garantia de tolerância religiosa após 36 anos de<br />
perseguição e massacres por todo o país, com destaque<br />
para o Massacre da noite de São Bartolomeu de 1572.<br />
Com este édito ficava estipulado que a confissão católica<br />
permanecia a religião oficial do Estado, mas era agora<br />
oferecida aos calvinistas franceses a liberdade de<br />
praticarem o seu próprio culto. (Nos séculos XVI e XVII o<br />
édito ficou conhecido como “édito de pacificação”).<br />
E XVIII (Guerra dos Camisards: Camisards eram<br />
protestantes calvinistas franceses “huguenote” da região<br />
de Cevenas, no centro-sul da França, que levantaram uma<br />
insurreição contra as perseguições que se seguiram após<br />
o Édito de Fontainebleau: “O Édito de Fontainebleau foi um<br />
decreto histórico assinado em outubro de 1685 pelo rei Luis<br />
XIV da França pelo qual revogava o Édito de Nantes de<br />
1598 e ordenava a destruição de Igrejas huguenotes e o<br />
fechamento de escolas protestantes”. Como resultado, um<br />
grande número de protestantes – estimativas varia entre<br />
200 – 500 mil deixaram a França nas duas décadas<br />
seguintes, procurando refúgio na Inglaterra, as Províncias<br />
Unidas (nos atuais Países Baixos), África do Sul,<br />
Dinamarca, e em territórios que hoje pertencem à<br />
Alemanha e Estados Unidos. Em 1685. A revolta dos<br />
Camisards eclodiu em 1702, com o pior dos combates em<br />
1704, houve batalhas dispersas até 1710 e um tratado de<br />
paz em 1715), até o Édito de tolerância (1787), sob Luís<br />
XVI, considerado como um marco do fim dos confrontos:<br />
“O Édito de Tolerância de 29 de novembro de 1787,<br />
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também chamado Édito de Versalhes foi um ato de Luís<br />
XVI que concedia aos protestantes o direito ao registro civil.<br />
Marca o fim das perseguições aos huguenotes”.<br />
A GUERRA DOS TRINTA ANOS – Outra guerra entre<br />
católicos e protestantes durante o século 17 no território<br />
que é hoje a Alemanha. A Guerra dos Trinta Anos (1618 –<br />
1648) é a denominação genérica de uma série de guerras<br />
que diversas nações europeias travaram entre si a partir de<br />
1618, especialmente na Alemanha, por motivos variados,<br />
rivalidades religiosas, dinásticas, territoriais e comerciais.<br />
As rivalidades entre católicos e protestantes e assuntos<br />
constitucionais germânicos foram gradualmente<br />
transformados numa luta europeia. Apesar de os conflitos<br />
religiosos serem a causa direta da guerra, ela envolveu um<br />
grande esforço político do Império Sueco e da França para<br />
procurar diminuir a força da dinastia dos Habsburgos, que<br />
governavam a Monarquia de Habsburgo (futuro Império<br />
Austríaco).<br />
As hostilidades causaram sérios problemas econômicos e<br />
demográficos na Europa Central e tiveram fim com a<br />
assinatura, em 1648, de alguns tratados (Münster e<br />
Osnabrück) que em bloco, são chamados de Paz de<br />
Westfália.<br />
Os conflitos religiosos ocorridos na Alemanha e<br />
solucionados em 25 de setembro de 1555 com a assinatura<br />
da Paz de Augsburgo inauguraram um período no qual<br />
cada príncipe podia impor sua crença aos habitantes de<br />
seus domínios. O equilíbrio manteve-se enquanto os<br />
credos predominantes restringiam-se à religião católica e<br />
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luterana, mas o advento do calvinismo complicaria o<br />
cenário.<br />
Considerada uma força renovadora, a nova linha religiosa<br />
conquistou diversos soberanos. Os jesuítas e a<br />
Contrarreforma, por outro lado, contribuíram para que o<br />
catolicismo recuperasse forças. Assim nasceu o projeto<br />
expansionista dos Habsburgos, idealizado por Fernando,<br />
duque de Estíria, que fora educado pelos jesuítas. O perigo<br />
ameaçava tanto as potências protestantes no norte como<br />
a vizinha França.<br />
O Imperador Rodolfo II.<br />
À medida que o conflito se desenhava, a luta estava sendo<br />
influenciada por muitos outros temas colaterais, tais como<br />
as rivalidades e ambições dos príncipes alemães e a<br />
teimosia de alguns dirigentes europeus, sobretudo dos<br />
franceses e suecos, em abater o poderio do catolicíssimo<br />
Sacro Império Romano-Germânico, o instrumento político<br />
da família dos Habsburgos.<br />
Esta conjuntura fora desencadeada na segunda metade do<br />
século XVI pelas fraquezas do Tratado de Augsburgo, um<br />
acordo concluído em 1555 entre o Sacro Império católico e<br />
a Alemanha luterana.<br />
As tensões religiosas agravaram-se na Alemanha no<br />
decurso do reinado do imperador Rodolfo II (1576 – 1612),<br />
período durante o qual foram destruídas muitas igrejas<br />
protestantes. As liberdades religiosas dos crentes<br />
protestantes foram limitadas, nomeadamente as relativas à<br />
liberdade de culto, os oficiais do governo lançaram as<br />
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ases do Tratado de Augsburgo: “A Paz de Augsburgo foi<br />
um tratado assinado entre Carlos V e as forças da Liga de<br />
Esmalcalda em 25 de setembro de 1555 na cidade de<br />
Augsburgo, na atual Alemanha”.<br />
O resultado da Paz de Augsburgo foi o estabelecimento da<br />
tolerância oficial dos luteranos no Sacro Império Romano-<br />
Germânico. De acordo com a política de “Cujus regio, eius<br />
religio” é uma frase latina que significa literalmente “De<br />
quem (é) a região, dele (se siga) a religião”, ou seja, os<br />
súditos seguem a religião do governante, a religião<br />
(católica ou luterana) do príncipe (príncipe-eleitor) da<br />
região seria aquela à qual os súditos desse príncipe se<br />
deveriam converter.<br />
Foi concedido um período de transição no qual os súditos<br />
puderam escolher se não preferiam mudar-se com família<br />
e houver para uma região governada por um príncipe da<br />
religião de sua escolha (Artigo 24: “No caso de os nossos<br />
súditos, quer pertencentes à velha religião ou à confissão<br />
de Augsburgo, pretendam deixar suas casas com suas<br />
mulheres e crianças por forma a assentar noutra, eles não<br />
serão impedidos quer na venda do seu imobiliário desde<br />
que pagas às devidas taxas, nem magoados na sua<br />
honra”).<br />
Apesar de a Paz de Augsburgo ter sido moderadamente<br />
bem-sucedida em aliviar a tensão no império e ter<br />
aumentado a tolerância, ela deixou coisas importantes por<br />
fazer. Nem os anabatistas nem os calvinistas ficaram<br />
protegidos sob esta paz, muitos grupos protestantes<br />
vivendo sob o domínio de um príncipe luterano ainda se<br />
encontravam em perigo de acusação de heresia.<br />
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(Artigo 7: “No entanto, todas as religiões que não aquelas<br />
duas mencionadas acima não serão incluídas na presente<br />
paz, e estão totalmente excluídas dela”).<br />
A tolerância não foi oficialmente estendida a calvinistas<br />
antes do Tratado de Westfália (A chamada Paz de<br />
Westfália ou de Vestefália), também conhecida como os<br />
Tratados de Münster e Osnabrück (ambas as cidades<br />
atualmente na Alemanha), designa uma série de tratados<br />
que encerraram a Guerra dos Trinta Anos e também<br />
reconheceram oficialmente as Províncias Unidas e a<br />
Confederação Suíça em 1648, que criou condições para o<br />
refortalecimento do poder católico.<br />
Com a fundação da União Evangélica em 1608, uma<br />
aliança defensiva protestante dos príncipes e das cidades<br />
alemãs, e a criação, no ano seguinte, da Liga Católica, uma<br />
organização semelhante, mas dos católicos romanos,<br />
tornava-se inevitável o recurso à guerra para tentar<br />
resolver o conflito latente, o qual foi desencadeado pela<br />
secção da Boêmia da União Evangélica.<br />
Esta lista não é de forma alguma exaustiva. Além disso,<br />
pode-se adicionar a Rebelião Taiping: A Rebelião Taiping<br />
(1851 – 1864) foi um dos conflitos mais sangrentos da<br />
história, um confronto entre as forças da China imperial e<br />
um grupo inspirado por um místico autoproclamado,<br />
chamado Hong Xiuquan (ou Hung Hsiu-ch’uan) (1813 –<br />
1864), que se dizia cristão e também se intitulava irmão de<br />
Jesus Cristo. Seu objetivo era criar uma nova cultura,<br />
substituindo a tradição confucionista e budista por algo<br />
“novo”, moldado conforme as suas ideias. E o Conflito da<br />
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Irlanda do Norte. O Cristianismo tem certamente sido um<br />
fator em muitos conflitos ao longo de sua história de 2.000<br />
anos.<br />
No Islã, vemos o conceito de jihad, ou “guerra santa”. A<br />
palavra jihad significa, literalmente, “luta”, mas o conceito<br />
tem sido usado para descrever a guerra na expansão e<br />
defesa do território islâmico. A guerra quase contínua no<br />
Oriente Médio ao longo do último meio século certamente<br />
tem contribuído para a ideia de que a religião é a causa de<br />
muitas guerras. Os ataques de 11 de setembro nos<br />
Estados Unidos têm sido vistos como uma luta “jihad”<br />
contra o “Grande Satã” América, que, aos olhos<br />
muçulmanos, é quase sinônimo do Cristianismo. No<br />
Judaísmo, as guerras de conquista narradas no Antigo<br />
Testamento (em especial o livro de Josué), sob o comando<br />
de Deus, conquistaram a Terra Prometida.<br />
O ponto é bem óbvio de que a religião tem certamente<br />
exercido um papel significativo em grande parte do<br />
combate na história humana. No entanto, isso prova a<br />
afirmação feita pelos críticos da religião de que a própria<br />
religião é a causa da guerra? A resposta é “sim” e “não”.<br />
“Sim” no sentido de que, como uma causa secundária, a<br />
religião, pelo menos na superfície, tem sido o ímpeto por<br />
trás de muitos conflitos. No entanto, a resposta é “não” no<br />
sentido de que a religião não é a causa principal da guerra.<br />
Para demonstrar isso, vamos examinar o século 20. De<br />
acordo com todos os registros, o século 20 foi um dos<br />
séculos mais sangrentos da história da humanidade. Duas<br />
grandes guerras mundiais, que nada tinham a ver com a<br />
religião, o Holocausto judeu e as revoluções comunistas na<br />
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Rússia, China, Sudeste da Ásia e Cuba, foram<br />
responsáveis por cerca de 50 – 70 milhões de mortes<br />
(alguns estimam bem perto de 100 milhões). A única coisa<br />
que esses conflitos e genocídios têm em comum é o fato<br />
de que eram de natureza ideológica e não religiosa.<br />
Poderíamos facilmente argumentar que mais pessoas<br />
morreram ao longo da história humana devido à ideologia<br />
do que à religião. A ideologia comunista exige governar<br />
sobre os outros. A ideologia nazista exige a eliminação de<br />
raças “inferiores”. Essas duas ideologias, quando<br />
combinadas, são responsáveis pela morte de milhões de<br />
pessoas e a religião não tem nada a ver. Na verdade, o<br />
comunismo é, por definição, uma ideologia ateísta.<br />
A religião e ideologia são as duas causas secundárias para<br />
a guerra. No entanto, a principal causa para toda guerra é<br />
o pecado.<br />
Considere as seguintes passagens.<br />
“De onde procedem guerras e contendas que há entre vós?<br />
De onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne?<br />
Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e nada podeis<br />
obter; viveis a lutar e a fazer guerras. Nada tendes, porque<br />
não pedis; pedis e não recebeis, porque pedis mal, para<br />
esbanjardes em vossos prazeres” – Tiago 4:1 – 3.<br />
“Porque do coração procedem maus desígnios,<br />
homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos<br />
testemunhos, blasfêmias” – Mateus 15:19.<br />
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“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e<br />
desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” –<br />
Jeremias 17:9.<br />
“Viu o SENHOR que a maldade do homem se havia<br />
multiplicado na terra e que era continuamente mau todo<br />
desígnio do seu coração” – Gênesis 6:5.<br />
Qual é o testemunho da Escritura quanto à principal causa<br />
da guerra?<br />
São os nossos corações maus. A religião e ideologia são<br />
simplesmente os meios através dos quais exercitamos a<br />
maldade em nossos corações. Pensar como muitos ateus<br />
sinceros fazem, que se pudermos de alguma forma retirar<br />
a nossa “nada prática necessidade para a religião”,<br />
poderemos de alguma forma criar uma sociedade mais<br />
pacífica, é ter uma visão equivocada da natureza humana.<br />
O testemunho da história humana é que se removermos a<br />
religião, outra coisa tomará o seu lugar, e esse algo nunca<br />
é positivo. A realidade é que a verdadeira religião mantém<br />
a humanidade caída em certa ordem, sem ela, a maldade<br />
e o pecado reinariam de modo supremo.<br />
Mesmo com a influência da verdadeira religião, o<br />
Cristianismo, nunca teremos paz na era atual. Nunca há<br />
um dia sem algum conflito em algum lugar do mundo. A<br />
única cura para a guerra é o Príncipe da Paz, Jesus Cristo!<br />
Quando Cristo retornar assim como prometeu, Ele vai dar<br />
um fim a essa era atual e estabelecer a paz eterna:<br />
“Ele julgará entre os povos e corrigirá muitas nações; estas<br />
converterão as suas espadas em relhas de arados e suas<br />
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lanças, em podadeiras; uma nação não levantará a espada<br />
contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra” –<br />
Isaías 2:4.<br />
CONCLUSÃO<br />
Agora que fomos aceitos por Deus pela fé nEle, temos paz<br />
com Ele por meio do nosso Senhor Jesus Cristo. Foi Cristo<br />
quem nos deu, por meio da fé, esta vida na graça de Deus.<br />
E agora continuamos firmes nessa graça e nos alegramos<br />
na esperança de participar da glória de Deus. E também<br />
nos alegramos nos sofrimentos, pois sabemos que os<br />
sofrimentos produzem a paciência, a paciência traz a<br />
aprovação de Deus, e essa aprovação cria a esperança.<br />
Essa esperança não nos deixa decepcionados, pois Deus<br />
derramou o Seu amor no nosso coração, por meio do<br />
Espírito Santo, que Ele nos deu – Romanos 5:1 – 5.<br />
Justificados temos paz com Deus! Amém.<br />
OS REFORMADORES<br />
Introdução – John Huss.<br />
John Huss (Husinec, 1369 — Constança, 6 de julho de<br />
1415) foi um pensador e reformador religioso. Ele iniciou<br />
um movimento religioso baseado nas ideias de John<br />
Wycliffe. O seus seguidores ficam conhecidos como os<br />
Hussitas. A Igreja Católica não perdoou tais rebeliões e ele<br />
foi excomungado em 1410. Condenado pelo Concílio de<br />
Constança, foi queimado vivo e morreu cantando um<br />
cântico (Cântico de Davi: “Jesus filho de Davi tem<br />
misericórdia de mim”) Um precursor do movimento<br />
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protestante, a sua extensa obra escrita concedeu-lhe um<br />
importante papel na história literária checa. Também é<br />
responsável pela introdução do uso de acentos na língua<br />
checa por modo a fazer corresponder cada som a um<br />
símbolo único. Hoje em dia a sua estátua pode ser<br />
encontrada na praça central de Praga, a Praça da Cidade<br />
Velha, em checo Staroměstské náměstí.<br />
John Huss – Semente da Reforma.<br />
Dizem que política, futebol e religião são temas que “não<br />
se discutem”, depende da opinião de cada um, afinal, “cada<br />
cabeça, uma sentença”. As pessoas preferem acreditar em<br />
muitas “verdades” do que numa verdade absoluta. Dessa<br />
forma, o conceito de “certo” e “errado” vai desaparecendo<br />
da sociedade.<br />
Contrapondo-se a este ensino temos as palavras de Jesus<br />
“[...] a tua palavra é a verdade” (João 17:17). E foi a essa<br />
Verdade a que John Huss se submeteu. Em sua época,<br />
havia uma “verdade” oficial e inquestionável –, a verdade<br />
da Igreja Católica Apostólica Romana. No entanto, John<br />
Huss, conhecendo a legítima Verdade não se calou e fez<br />
com que muitos homens e mulheres tivessem acesso à<br />
verdadeira libertação dada por Jesus.<br />
Um homem comum, mas sonhador –, infância pobre.<br />
John Huss (1369 – 1415) foi um homem de origem simples.<br />
Nasceu no vilarejo de Hussinecz, sul da Boêmia. Seus pais<br />
eram camponeses. Sua mãe, muito religiosa, quis que o<br />
filho fosse sacerdote. Mais tarde, Huss admitiu ter iniciado<br />
a carreira religiosa pelo dinheiro e prestígio que ela dava,<br />
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mas seu interesse por Deus veio quando ele começou a<br />
estudar mais profundamente.<br />
Aluno médio.<br />
Huss não foi um aluno brilhante, mas parecia determinado<br />
a estudar e crescer. Assim, formou-se na universidade,<br />
tornou-se Mestre e dirigente da Capela de Belém, em<br />
Praga, cidade importante em seu país. Nesta Igreja, Huss<br />
pregava na língua do povo. Nas outras, o serviço religioso<br />
era feito em latim.<br />
Pastor preocupado.<br />
Huss foi um pastor dedicado. Sua preocupação era<br />
agradar a Deus com uma vida santa e prover sólida<br />
alimentação espiritual ao povo. Criticava duramente os<br />
líderes da Igreja por usarem seus ofícios em benefício<br />
próprio, vivendo no conforto e na imoralidade. Para Huss,<br />
a autoridade de um líder religioso vinha do seu caráter e<br />
não da sua posição. Huss insistia que o povo deveria viver<br />
em total dependência de Deus, numa vida simples e<br />
consagrada ao trabalho.<br />
Deus sempre levanta homens simples que sonham em ver<br />
a verdade de Deus como luz e guia dos homens. Muitos<br />
jovens, homens e mulheres de hoje buscam realizar seu<br />
sonho pessoal ou projeto de vida, mas poucos estão<br />
dispostos a abraçar a vontade de Deus e lutar contra o erro<br />
e o engano. É sobre isso que tratamos no próximo ponto.<br />
Você está disposto a abraçar a vontade de Deus? Você<br />
está disposto a lutar pelo erro e pelo engano nessa geração<br />
pós-moderna?<br />
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Um homem que enfrentou a oposição em nome da verdade<br />
– Deus agindo na história.<br />
Deus é Soberano. Ele é Senhor da história. Age na história<br />
e a dirige segundo a Sua vontade. Aquele filho de<br />
camponeses foi ferramenta importante. Pela providência<br />
de Deus, Huss fora colocado como o dirigente da Capela<br />
de Belém, na importante cidade de praga. A rainha Zofie<br />
costumava frequentar aquela igreja. Ela era esposa do rei<br />
Václav da Boêmia. Zofie influenciou o rei para que<br />
facilitasse as reformas pretendidas por Huss. Com isso, a<br />
reforma cresceu, tendo Huss como líder e o rei como<br />
escudo contra as investidas do papa.<br />
Coragem para estabelecer a verdade.<br />
Apesar da cobertura do rei, surge no cenário o Arcebispo<br />
de praga, chamado Zbynek, um ex-militar e agora superior<br />
de Huss. Um estrategista, que usou de seus recursos<br />
financeiros e políticos para obter este poderoso cargo no<br />
arcebispo de Praga. Zbynek não teve qualquer preparo<br />
teológico ou formação eclesiástica. A missão dele era a de<br />
erradicar a heresias de Wycliff naquela região e com isso<br />
ganhar favores do papa. Zbynek tornou-se grande inimigo<br />
da causa reformista de Huss.<br />
Radicalismo ou Fidelidade a Deus?<br />
Huss, influenciado pelos escritos de John Wycliff, tornavase<br />
cada vez mais um apaixonado pela reforma da Igreja de<br />
Jesus Cristo. Começa então a andar em terreno perigoso.<br />
Em 1405 declara que a suposta aparição do sangue de<br />
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Cristo (transubstanciação) nos elementos da comunhão<br />
não passava de embuste. Em seus sermões, condenava o<br />
pecado dos padres, bispos e arcebispos. Declarava que os<br />
crentes tinham o mesmo direito que os sacerdotes de<br />
participarem do cálice na ceia, e não somente do pão.<br />
Ridicularizava o pretenso poder dos sacerdotes de<br />
concederem o Espírito Santo a uma pessoa ou mandaremna<br />
para o inferno. Foram muitas e duras às críticas<br />
expostas por Huss do púlpito de sua igreja e da tinta de sua<br />
pena. Huss via a Igreja de Cristo em uma situação de<br />
calamidade e não pôde se conter diante de tantas<br />
irregularidades. Consequentemente a liderança da Igreja<br />
começou a reagir. Zbynek ficou enfurecido ao saber que<br />
muitos pregadores, seguidores de Huss, acusavam Zbynek<br />
de simonia (venda de milagres) e imoralidade. Zbynek<br />
resolveu calá-los prendendo-os. Entretanto, Huss<br />
respondeu: “Como pode haver sacerdotes imorais e<br />
criminosos andando pelas ruas livremente, enquanto que<br />
os humildes homens de Deus estão enjaulados como<br />
hereges e sofrendo privações por causa da proclamação<br />
do Evangelho?”. O arcebispo Zbynek passou a enviar<br />
espias à igreja de Huss para ouvirem seus sermões. Huss<br />
sabia disso, mas não se intimidava.<br />
Com a força do Espírito de Deus Huss tornou-se um<br />
gigante em plena Idade Média. Huss enfrentou o poder<br />
corrupto dentro de sua própria Igreja e não temeu. Seu<br />
único temor era reservado àquele que é Senhor da Igreja e<br />
da História. Ao constatarmos isso podemos perceber quão<br />
omissos somos nós hoje! Diante de corrupção, da violência<br />
e injustiça que verificamos em nossos dias, a coragem e<br />
audácia de John Huss não deveria nos mover em favor do<br />
reino de Deus?<br />
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Um homem que perdeu a batalha, não a guerra –, uma<br />
cilada para John Huss.<br />
Huss recebeu ordens do próprio papa para se calar, mas<br />
não se calou. Em 1412, o papa João XXIII proclamou uma<br />
cruzada contra o rei Nápoles, que se tornara rebelde. Para<br />
levantar fundos contra a guerra, o papa institui a venda de<br />
indulgências (perdão) em larga escala por todo o império.<br />
Huss ficou horrorizado com isso e declarou: “mesmo que o<br />
fogo para queimar o meu corpo seja colocado diante dos<br />
meus olhos, eu não obedecerei”. E ainda, diante de grande<br />
pressão, declarou: “Ficarei em silêncio? Deus não permita!<br />
Ai de mim, se me calar. É melhor morrer, do que não me<br />
opor diante desta impiedade, o que me faria participante da<br />
culpa e do inferno”. Excomungado já quatro vezes, Huss<br />
resolveu exilar-se voluntariamente, para que sua Igreja não<br />
privada das ministrações. Foi para o sul da Boêmia, onde<br />
escreveu livro e pregou em alguns vilarejos. Dois anos<br />
depois, o papa convocou um concílio em Constança e<br />
convidou Huss. Depois de receber garantias do imperador<br />
da Boêmia, Sigismund, meio irmão do rei Václav, que<br />
prometeu conceder-lhe salvo conduto enquanto estivesse<br />
em Constança, Huss aceitou o convite. Na segunda<br />
semana que estava em Constança, Huss foi preso e ficou<br />
nesta condição vários meses enquanto o Concílio<br />
prosseguia.<br />
Uma triste ironia.<br />
Huss sofria amargamente numa prisão onde hoje se<br />
encontra um luxuoso hotel. As condições na sela eram tão<br />
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precárias que Huss ficou seriamente enfermo e quase<br />
morreu. Nenhuma oportunidade de defesa lhe foi dada.<br />
A morte de Huss.<br />
Finalmente Huss foi chamado ao Concílio. Advertiram:<br />
“Reconsidere seus escritos, ou morre”. Huss não voltou<br />
atrás. Então, rasgaram suas vestes e colocaram em sua<br />
cabeça uma mitra de papel com três demônios desenhado<br />
e escrito “Eis um herege”. Acompanhado por uma multidão,<br />
Huss, amarrado e puxado pelas ruas de Constança foi ao<br />
local de sua morte. Na presença de homens, mulheres,<br />
velhos e crianças, Huss foi amarrado numa estaca e lhe<br />
deram mais uma oportunidade para rever seu ensino. Mas<br />
em um grito respondeu: “Deus é minha testemunha de que<br />
a principal intenção foi tão somente libertar os homens de<br />
seus pecados e baseado na verdade do Evangelho que<br />
preguei e ensinei, estou realmente feliz em morrer hoje”.<br />
Com estas palavras um sinal foi dado ao executor que<br />
acendeu a fogueira. Por entre chamas e fumaças Huss<br />
entoou uma melodia “Jesus, Filho do Deus vivo, tem<br />
misericórdia de mim”. Huss morreu cantando. Huss<br />
enfrentou pressões terríveis. Poderia viver uma vida<br />
confortável, desfrutando de seu status de mestre e líder<br />
religioso, mas, com Moisés, “preferiu ser maltratado [...] a<br />
usufruir os prazeres transitórios de pecado, porquanto<br />
considerou o opróbrio de Cristo por maiores riquezas do<br />
que os tesouros do Egito, porque contemplava o galardão”<br />
(Hebreus 11:25, 26).<br />
Antes de ser queimado, Hus disse as seguintes palavras<br />
ao carrasco: “Vocês hoje estão queimando um ganso (Hus<br />
significa “ganso” na língua boêmia), mas dentro de um<br />
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século, encontrar-se-ão com um cisne. E este cisne vocês<br />
não poderão queimar”. Costuma-se identificar Martinho<br />
Lutero com esta profecia (que 102 anos depois pregou<br />
suas 95 teses em Wittenberg), e costumeiramente se<br />
costuma identificá-lo com um cisne.<br />
Aplicação.<br />
Apesar de morto, John Huss não foi derrotado. Deixou um<br />
legado para a causa da Reforma Protestante que surgiria<br />
décadas depois, com Martinho Lutero. Tanto Wycliff como<br />
Huss foram sementes semeadas há seu tempo, que<br />
brotaram anos mais tarde, cujos frutos colhemos ainda<br />
hoje. Que possamos, como verdadeiros cristãos, defender<br />
a verdade do Evangelho e, se preciso for, assim como John<br />
Huss, morrer por ela. Você está disposto a morrer pelo<br />
Santo Evangelho?<br />
Introdução – John Wycliff.<br />
John Wycliffe (1320 — 31 de dezembro 1384) foi professor<br />
da Universidade de Oxford, teólogo e reformador religioso<br />
inglês, considerado precursor das reformas religiosas que<br />
sacudiram a Europa nos séculos XV e XVI. Trabalhou na<br />
primeira tradução da Bíblia para o idioma inglês, que ficou<br />
conhecida como a Bíblia de Wycliffe.<br />
Família e I nfância.<br />
Sua família era tradicional na região de Yorkshire, sendo<br />
que, à época do seu nascimento as propriedades familiares<br />
cobriam amplo território nas redondezas de Ipreswell (hoje<br />
Hipswell), seu local de nascimento. Não há certeza sobre<br />
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o ano de seu nascimento, um dos anos mais citados é<br />
1320, mas há variações de 1320 a 1328. Não se sabe,<br />
ainda, o ano em que ele foi enviado pela família para<br />
estudar na Universidade de Oxford, mas há certeza de que<br />
estava lá desde pelo menos 1345.<br />
Na Universidade, aplicou-se nos estudos de Teologia,<br />
Filosofia e Legislação Canônica. Tornou-se sacerdote e<br />
depois serviu como professor no Balliol College, ainda em<br />
Oxford. Por volta de 1365 tornou-se Bacharel em Teologia<br />
e, em 1372, Doutor em Teologia.<br />
Como teólogo, logo destacou-se pela firme defesa dos<br />
interesses nacionais contra as demandas do papado,<br />
ganhando reputação de patriota e reformista. Wycliffe<br />
afirmava que havia um grande contraste entre o que a<br />
Igreja era e o que deveria ser, por isso defendia reformas.<br />
Suas idéias apontavam a incompatibilidade entre várias<br />
normas do clero e os ensinos de Jesus e seus apóstolos.<br />
John Wycliff –, a luz começa a brilhar.<br />
“Ao anoitecer, pode vir o choro, mas a alegria vem pela<br />
manhã” (Salmos 30:5). Depois das trevas, do medo e da<br />
perseguição, chega o alívio com os primeiros raios de luz.<br />
A Bíblia, escondida na era das trevas, começa agora a<br />
aparecer. A bem-sucedida participação na história da<br />
reforma de homens como Martinho Lutero e João Calvino,<br />
parece apagar um pouco da importante contribuição de<br />
John Wycliff e John Huss. Mas estes foram os precursores<br />
do movimento reformado. São chamados de préreformadores.<br />
Depois de uma época de descontentamento<br />
contra os abusos da Igreja Romana por toda a Europa,<br />
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Deus, pela Sua misericórdia, começa a levantar homens<br />
para fazer a Igreja de Cristo, a noiva, voltar a ser pura,<br />
santa e sem mancha. John Wycliff é chamado de a “Estrela<br />
d’alva da Reforma” por ser o primeiro instrumento usado<br />
por Deus a enfrentar o sistema papal antibíblico e as<br />
injustiças da Igreja Católica. Foi ele quem deu o “pontapé<br />
inicial” na triunfante história da volta da Igreja às Escrituras<br />
Sagradas. O presente texto pretende mostrar o valor do<br />
ensino Bíblico para a Igreja de Cristo e a importância de<br />
servos que se colocam como verdadeiras ferramentas nas<br />
mãos do Senhor.<br />
John Wycliff –, um grande erudito.<br />
O que marcou a vida deste homem foi sua erudição e<br />
dedicação ao estudo da Teologia. Nasceu em Hipswell,<br />
Yorkshire na Inglaterra, em 1329. Foi estudar em Oxford e<br />
logo se notabilizou por sua inteligência e erudição.<br />
Dominou a filosofia e os ensinos de Agostinho (ensinos que<br />
mais tarde influenciariam homens com Lutero e Calvino).<br />
Por ser um grande teólogo, tornou-se capelão do rei da<br />
Inglaterra, Ricardo II. Nesta posição pôde fazer muito pela<br />
reforma de sua Igreja.<br />
A Presença de Deus na história.<br />
Deus é o Senhor da História. Nela Ele mostra o Seu amor<br />
e cuidado pela Igreja. Estando numa posição de grande<br />
destaque, Wycliff pôde ter acesso ao Parlamento e traduzir<br />
a Vulgata (Bíblia em Latim) para o Inglês. Essa tradução foi<br />
de fundamental importância, tanto para a vida espiritual do<br />
povo, como também para o próprio inglês. Como fez com<br />
a rainha Ester, Deus ainda hoje eleva homens e mulheres<br />
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para posições de grande destaque, conforme seus<br />
soberanos propósitos, para o engrandecimento do Seu<br />
nome e crescimento de sua Igreja. Vemos aqui a distinção<br />
entre o homem de Deus e o homem sem Deus. Wycliff<br />
usou sua autoridade para a glória de Deus, enquanto que<br />
o papa perdeu sua autoridade diante de Deus, pois, a<br />
usava para si próprio.<br />
Ensinos voltados para a Bíblia.<br />
Wycliff defendeu as seguintes idéias para obter a reforma<br />
da sua Igreja:<br />
Sobre a Bíblia.<br />
Wycliff ensinava que os concílios e a liderança da Igreja<br />
deveriam ser provados pelas Escrituras Sagradas. A<br />
palavra do papa e a tradição da Igreja não poderiam ter<br />
uma autoridade de maior do que a da Bíblia. Para o<br />
reformador Inglês, a Bíblia é a única regra de fé e prática.<br />
Ela é suficiente para suprir as necessidades da alma<br />
humana, sem que sejam necessárias as intervenções da<br />
Igreja e as mágicas de seus sacerdotes. Wycliff entendia<br />
também que as Sagradas Escrituras deveriam ser<br />
colocadas na mão do povo e não ficarem limitadas ao clero<br />
(liderança da Igreja).<br />
Sobre o Papa e seus Sacerdotes.<br />
Wycliff ensinava que os papas eram homens sujeitos ao<br />
erro e ao engano. Assim como dentro da Igreja de Cristo<br />
havia joio e o trigo, ser líder da Igreja não era garantia de<br />
salvação, muito menos de perfeição. Ensinava que o ofício<br />
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do papado era invenção do homem e não de Deus e que o<br />
papa seria o anticristo se não seguisse fielmente os<br />
ensinamentos de Cristo. Censurou monges quanto à<br />
preguiça e ignorância deles no que dizia respeito ao estudo<br />
das Escrituras.<br />
Sobre a Ceia.<br />
Segundo a Igreja Católica Romana, no momento da ceia o<br />
pão e o vinho se transformam no corpo e no sangue de<br />
Cristo. Este dogma é chamado de transubstanciação.<br />
Wycliff declarou que esta doutrina era antibíblica, pois<br />
Cristo está presente nos elementos de forma espiritual e<br />
não física. O historiador E. E. Cairns diz que “se a idéia de<br />
Wycliff fosse adotada, significaria que o sacerdote não<br />
mais reteria a salvação de alguém por ter em suas mãos o<br />
corpo e o sangue de Cristo na comunhão”. Com sua<br />
inteligência e posição dadas por Deus, a pregação de<br />
Wycliff começava a ser ouvida nos mais distantes cantões<br />
da Inglaterra, chegando a atravessar o mar em direção ao<br />
continente. Muitas pessoas devem ter recebido seus<br />
ensinos ou ganhado uma Bíblia na sua própria língua<br />
conhecendo assim a vontade de Deus para suas vidas.<br />
Influência que atravessou fronteiras –, os Lolardos.<br />
Contrário à rígida hierarquia eclesiástica, Wycliffe defendia<br />
a pobreza dos padres e os organizou em grupos para<br />
divulgar os ensinos de Cristo. Estes padres (mais tarde<br />
chamados de “Lolardos”) não faziam votos nem recebiam<br />
consagração formal, mas dedicavam sua vida a ensinar o<br />
Evangelho ao povo. Estes pregadores itinerantes<br />
espalharam os ensinos de Wycliffe pelo interior da<br />
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Inglaterra, agrupados dois a dois, de pés descalços,<br />
usando longas túnicas e carregando cajados nas mãos.<br />
Para que o ensino bíblico fosse transmitido por toda<br />
Inglaterra, Wycliff fundou um grupo de pregadores leigos<br />
(Lolardos), o trabalho de expansão deu certo, mas o papa<br />
não gostou. Em um decreto, a Igreja condenou os<br />
Lobardos à pena de morte. Apesar disto, Deus não permitiu<br />
que nenhum desses pregadores fossem mortos.<br />
Os Boêmios.<br />
Estudantes da região da Boêmia, no centro da Europa,<br />
foram para Oxford e lá tiveram contato com os escritos de<br />
Wycliff e com alguns dos Lolardos. Ao regressarem para a<br />
sua terra, os boêmios levaram as novas informações e<br />
ensinos que acabaram influenciando aquele que seria um<br />
outro grande reformador, John Huss.<br />
Ao tomar os primeiros contatos com os escritos de Wycliff,<br />
Huss escreve na margem de seus papéis: “Wycliff, Wycliff,<br />
você vai virar muitas cabeças”. Anos mais tarde, Huss teria<br />
sido acusado pela Igreja de Wicliffismo. A história nos<br />
mostra que Deus vai espalhando sua semente. Assim<br />
como na Igreja Primitiva, crentes foram influenciando<br />
pessoas, autoridades e até reis, a ponto de ocupar todo o<br />
mundo. Temos a Bíblia em nossas mãos hoje porque<br />
servos e servas de Deus se dedicaram para isto. A<br />
mensagem continua viva. Será que a Igreja tem<br />
influenciado? O Evangelho de Cristo tem de fato sido<br />
pregado?<br />
Condenado depois de morto.<br />
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Próximo aos 55 anos de idade, Wycliff sofreu um derrame<br />
e morreu. Passados 30 anos, o Concílio de Constança,<br />
convocado pelo papa João XXIII, reuniu-se em 1415 e, sob<br />
a condenação de heresia, decidiu exumar o corpo de<br />
Wycliff e queimá-lo em praça pública. Como se pode<br />
observar, o poder arbitrário tomou conta da Igreja.<br />
Absurdos como a punição de um homem depois de morto<br />
e outros mais preencheram a sua história. Mas tudo isso<br />
não foi suficiente para calar a voz do Evangelho. O clero<br />
não percebeu que estava lutando contra o próprio Deus.<br />
Aplicação.<br />
Vimos que a escuridão da Idade Média começa a ser<br />
vencida pelos primeiros raios de luz de manhã. Deus<br />
prepara um homem, coloca-o numa posição de influência<br />
e autoridade e começa a trazer a Igreja de volta para o seu<br />
noivo. John Wycliff envolve-se numa batalha de fé pela<br />
Verdade das Escrituras, coloca a Bíblia na mão do povo,<br />
ensina-a e tenta tirar este povo das mãos daqueles que<br />
exploravam suas vidas. Morre, mas deixa uma mensagem<br />
viva, um exemplo de luta pelo Evangelho.<br />
Certo autor escreveu que a luta dos pré-reformadores<br />
terminou com insucesso. Entretanto, devemos crer que a<br />
perseguição e morte de homens com Wycliff e Huss não<br />
foram empreendimentos frustrados, e sim o plano<br />
soberano de Deus abrindo caminho para acontecimentos<br />
maiores. Anos mais tarde os reformadores levantaram a<br />
bandeira da “Sola Scriptura”, em favor da suficiência e<br />
autoridade exclusiva da Palavra de Deus sobre qualquer<br />
dogma ou direção humana. A semente do ensino de Wycliff<br />
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e Huss estava lá e, até hoje, dá os seus frutos. O presente<br />
texto serve como um alerta para a Igreja de hoje. Os<br />
crentes devem viver uma vida santa e, ao mesmo tempo,<br />
devem estar prontos para reformar a Igreja sempre que ela<br />
se afastar do ensino bíblico. Agindo assim seremos<br />
encontrados por Deus fiéis. Quão disposto você está a<br />
sacrificar sua vida por amor do Evangelho?<br />
Martinho Lutero (1483 – 1546).<br />
Martinho Lutero nasceu no dia 10 de novembro de 1483.<br />
Sua família era pobre e ele lutou com muita dificuldade<br />
para estudar. Preparava-se para ingressar no curso de<br />
Direito, quando resolveu tornar-se monge. Entrou para o<br />
mosteiro agostiniano de Erfurt, em 1505, antes de<br />
completar 22 anos de idade. Dois anos depois foi ordenado<br />
sacerdote. No ano seguinte foi para Wittenberg prepararse<br />
para ser professor na recém-criada universidade<br />
daquela cidade. Foi lá que Lutero dedicou-se ao estudo das<br />
Escrituras. E ao estudar a Epístola aos Romanos,<br />
descobriu que “O justo viverá por fé” (Romanos 1:17). Ele<br />
já havia feito tudo que a Igreja indicava para alcançar a paz<br />
com Deus. Mas sua situação interior só piorava. Ao<br />
descobrir a graça redentora, entregou-se a Jesus Cristo,<br />
pela fé, e encontrou a paz e a segurança de salvação. No<br />
dia 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero afixou, na porta<br />
da capela de Wittenberg, as suas 95 teses, era o início da<br />
Reforma. Lutero tentou reformar a Igreja, mas Roma não<br />
quis se reformar. Antes o perseguiu violentamente. Em<br />
1521 ele foi excomungado. Neste mesmo ano teve que se<br />
esconder durante 10 meses no castelo de Wartburgo, perto<br />
de Eisenach, para não ser morto. Depois voltou para<br />
Wittenberg, de onde comandou a expansão do movimento<br />
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de Reforma. Lutero faleceu em Eisleben, no dia 18 de<br />
fevereiro de 1546.<br />
Lutero e Sant’ana –, o Decreto misterioso de Deus.<br />
Martinho Lutero, cujo nome em alemão era Martin Luther<br />
ou Luder, era filho de Hans Luther e Margarethe<br />
Lindemann. Mudou-se para Mansfeld, onde seu pai dirigia<br />
várias minas de cobre. Tendo sido criado no campo, Hans<br />
Luther desejava que seu filho viesse a se tornar um<br />
funcionário público, melhorando, assim, as condições da<br />
família. Com esse objetivo, enviou o já velho Martinho para<br />
escolas em Mansfeld, Magdeburgo e Eisenach.<br />
Aos dezessete anos, em 1501, Lutero ingressou na<br />
Universidade de Erfurt, onde tocava alaúde e onde recebeu<br />
o apelido de “O Filósofo”. Ainda na Universidade de Erfurt,<br />
estudou a filosofia nominalista de Ockham (as palavras<br />
designam apenas coisas individuais, não atingem os<br />
“universais”, as realidades presentes em todos os<br />
indivíduos, como por exemplo, a natureza humana, em<br />
consequência, nada pode ser conhecido com certeza pela<br />
razão natural, exceto as realidades concretas: esta pessoa,<br />
aquela coisa). Esse sistema dissolvia a harmonia<br />
multissecular entre a ciência e a fé que tanto havia sido<br />
defendida pela escolástica de “São Jesus Cristo”, pois essa<br />
filosofia baseava-se unicamente na vontade de Deus. O<br />
jovem estudante graduou-se bacharel em 1502 e concluiu<br />
o mestrado em 1505, sendo o segundo entre dezessete<br />
candidatos. Seguindo os desejos maternos, inscreveu-se<br />
na escola de Direito da mesma universidade. Mas tudo<br />
mudou após uma grande tempestade com descargas<br />
elétricas, ocorrida naquele mesmo ano (1505): um raio caiu<br />
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próximo de onde ele estava passando, ao voltar de uma<br />
visita à casa dos pais. Aterrorizado, teria, então, gritado:<br />
“Sant’Ana, salva-me e tornar-me-ei monge!”. Tendo<br />
sobrevivido aos raios, deixou a faculdade, vendeu todos os<br />
seus livros, com exceção dos de Virgílio, e entrou para a<br />
ordem dos Agostinianos, de Frankfurt, em 17 de julho de<br />
1505. Lutero chamava a esse incidente “A minha estrada,<br />
caminho de Damasco” e não tardou em cumprir a sua<br />
promessa feita a Sant’Ana. Convidou então os seus<br />
colegas para cearem com ele. Depois da refeição,<br />
enquanto eles se divertiam com palestras e música,<br />
repentinamente anunciou-lhes que dali em diante poderiam<br />
considerá-lo como morto, pois ia entrar para o convento.<br />
Debalde os seus companheiros procuraram dissuadi-lo do<br />
seu plano. Na escuridão da mesma noite, o moço, antes de<br />
completar vinte e dois anos, dirigiu-se ao convento dos<br />
agostinianos e bateu à porta, e Lutero entrou para os<br />
monges. O professor admirado e festejado, a glória da<br />
universidade, aquele que passara os dias e as noites<br />
curvado sobre os livros, tornara-se irmão agostiniano!<br />
Assim se justificou Lutero: “Fiz a promessa a Sant’Ana,<br />
para salvar a minha alma. Entrei para o convento e aceitei<br />
esse estado espiritual somente para servir a Deus e serlhe<br />
agradável durante a eternidade”. Mais tarde, após ter<br />
se colocado contra a Igreja Romana, Lutero refutou a<br />
devoção a Sant’Ana, alegando que ela não possuía base<br />
bíblica, atacou, principalmente, as imagens de Ana (avó de<br />
Jesus) com Jesus e Maria, favorita dos pintores<br />
renascentistas.<br />
Ulrico Zwínglio (1484 – 1531).<br />
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Ulrico Zwínglio, em alemão Huldreych, Huldreich ou Ulrich<br />
Zwingli (Wildhaus, Cantão de São Galo, 1 de janeiro de<br />
1484 — Kappel am Albis, 10 de outubro de 1531), foi um<br />
teólogo suíço e principal líder da Reforma Protestante na<br />
Suíça. Zwínglio foi o líder da reforma suíça e fundador das<br />
Igrejas Reformadas suíças. Independentemente de<br />
Martinho Lutero, que era “doctor biblicus”, Zwínglio chegou<br />
a conclusões semelhantes pelo estudo das escrituras do<br />
ponto de vista de um erudito humanista (Erasmo de<br />
Roterdã). Zwínglio não deixou uma Igreja organizada, mas<br />
as suas doutrinas influenciaram as Confissões Calvinistas.<br />
Ulrico Zwínglio. Era mais novo do que Lutero apenas 50<br />
dias, mas tinha formação e idéias diferentes do reformador<br />
alemão. Seu pai era magistrado provincial. Sua família<br />
tinha uma boa posição social e financeira, o que lhe<br />
permitiu estudar em importantes escolas daquela época.<br />
Estudou na Universidade de Viena, de Basiléia e de Berna.<br />
Graduou-se Bacharel em Artes, em 1504, e Mestre dois<br />
anos depois. Em 1506 Zwínglio tornou-se padre, embora o<br />
seu interesse pela religião fosse mais intelectual do que<br />
espiritual. Em 1520 Zwínglio passou por uma profunda<br />
experiência espiritual, causada pela morte de um irmão<br />
querido. Dois anos depois iniciou um trabalho de pregação<br />
do Evangelho, baseando-se tão somente na Escritura<br />
Sagrada. O Papa Adriano VI proibiu-o de pregar. Poucos<br />
meses depois, o governo de Zurique, na Suíça, resolveu<br />
apoiar Zwínglio e ordenou que ele continuasse pregando.<br />
Em 1525 Zwínglio casou-se com uma viúva chamada Ana<br />
Reinhard. Nesse mesmo ano Zurique tornou-se,<br />
oficialmente, protestante. Outros cantões (estados) suíços<br />
também aderiram ao protestantismo. As divergências entre<br />
estes cantões e os que permaneceram fiéis a Roma iamse<br />
aprofundando. Em 1531 estourou a guerra entre os<br />
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cantões católicos e os protestantes, liderados por Zurique.<br />
Zwínglio, homem de gênio forte, também foi para o campo<br />
de batalha, onde morreu no dia 11 de outubro de 1531.<br />
Zwínglio morreu, mas o movimento iniciado por ele não<br />
morreu. Outros líderes deram continuidade ao seu<br />
trabalho. Suas idéias foram reestudadas e aperfeiçoadas.<br />
As igrejas que surgiram como resultado do movimento<br />
iniciado por Zwínglio são chamadas de igrejas reformadas<br />
em alguns países, e igrejas presbiterianas em outros.<br />
Dentre os líderes que levaram avante o movimento iniciado<br />
por Zwínglio destacam-se Guilherme Farel e João Calvino.<br />
Guilherme Farel (1489 – 1565).<br />
Guilherme Farel nasceu em Gap, província francesa do<br />
Delfinado, no ano de 1489. Os seus biógrafos o descrevem<br />
como um pregador valente e ousado. Embora sua família<br />
fosse aristocrática, ele era rude e tosco. Sua eloquência<br />
era como uma tempestade. Farel converteu-se em Paris.<br />
O homem que o levou a Jesus Cristo era seu professor na<br />
universidade e se chamava Jacques LeFévre. Parece que<br />
Farel inicialmente não pretendia deixar a Igreja Católica,<br />
pois em 1521 ele iniciou um trabalho de pregação sob a<br />
proteção do bispo de Meaux, Guilherme Briçonnet. Mas<br />
logo depois foi proibido de pregar e expulso da França,<br />
acusado de estar divulgando idéias protestantes.<br />
Em 1524 estava em Basiléia fazendo as suas pregações.<br />
Mas a sua impetuosidade o levou a ser expulso da cidade.<br />
Em 1526 Farel iniciou o seu trabalho de pregação na Suíça<br />
de fala francesa. Ligou-se aos seguidores de Zwínglio.<br />
Conseguiu implantar o protestantismo em vários cantões<br />
(estados) suíços. E em 1532 entrou em Genebra pela<br />
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primeira vez. Sua pregação causou tumulto na cidade.<br />
Teve que se retirar [...]. Mas voltou logo depois. E no dia<br />
21 de maio de 1536, a Assembleia Geral declarou a cidade<br />
oficialmente protestante. Mas Genebra aceitara o<br />
protestantismo mais por razões políticas que espirituais. E<br />
agora Farel tinha uma grande tarefa pela frente –<br />
reorganizar a vida religiosa da cidade. Guilherme Farel era<br />
um homem talhado para conquistar uma cidade para o<br />
protestantismo. Mas se perdia completamente no trabalho<br />
que vinha a seguir. Não sabia planejar, nem organizar, nem<br />
liderar, nem pastorear. Mas, felizmente, conhecia suas<br />
limitações e convidou João Calvino para reorganizar a vida<br />
religiosa de Genebra, sobre uma frase altamente<br />
impactante e convicta: “Deus amaldiçoe teu descanso e a<br />
tranquilidade que buscas para estudar, se diante de uma<br />
necessidade tão grande te retiras e te negas a prestar<br />
socorro e ajuda”.<br />
“Eles influenciaram o governo de Genebra até o ponto de<br />
ele se tornar um estado teocrático, a “Roma protestante”,<br />
onde se refugiaram os protestantes e os não-protestantes<br />
foram perseguidos”.<br />
No dia 23 de abril de 1538, Farel e Calvino foram expulsos<br />
da cidade. Calvino foi para Estrasburgo, onde pastoreou<br />
uma igreja formada por refugiados franceses. Farel foi para<br />
Neuchâtel, uma cidade que havia sido conquistada por ele<br />
para o Evangelho. Calvino voltou para Genebra em 1541.<br />
Farel permaneceu em Neuchâtel, onde faleceu em 1565,<br />
com 76 anos de idade.<br />
John Knox (1505/15 – 1587).<br />
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Os seguidores do movimento iniciado por Zwínglio e<br />
estruturado por Calvino se espalharam imediatamente por<br />
toda a Europa. Na França eles eram chamados de<br />
huguenotes, na Inglaterra, puritanos, na Suíça e Países<br />
Baixos, reformados, na Escócia, presbiterianos. A Escócia<br />
é um país muito importante na história do protestantismo<br />
reformado. Foi lá que surgiu o nome presbiteriano. Por isto,<br />
alguns livros de história afirmam que o presbiterianismo<br />
nasceu na Escócia.<br />
O grande nome da reforma escocesa é John Knox. Pouco<br />
se sabe a respeito dos primeiros anos de sua vida. Supõese<br />
que tenha nascido entre os anos 1505 a 1515. Estudou<br />
Teologia e foi ordenado sacerdote, possivelmente em<br />
1536. Não se sabe quando e em que circunstâncias<br />
ocorreu a sua conversão. Em 1547 foi levado para a<br />
França, onde ficou preso 1 (um) ano e 7 (sete) meses, por<br />
causa de sua fé. Libertado, foi para a Inglaterra, onde<br />
exerceu o pastorado por dois anos. Em 1554 teve que fugir<br />
da Inglaterra, indo, inicialmente, para Frankfurt, e depois<br />
para Genebra, onde foi acolhido por João Calvino. Em<br />
1559 voltou para a Escócia, onde liderou o movimento de<br />
Reforma Religiosa. Sua influência extrapolou a área<br />
religiosa, atingindo também a vida política e social do país.<br />
Sob a sua influência, o parlamento escocês declarou o país<br />
oficialmente protestante, em dezembro de 1567. A Igreja<br />
organizada por ele e seus auxiliares recebeu o nome de<br />
Igreja Presbiteriana. John Knox faleceu no dia 24 de<br />
novembro de 1587. O presbiterianismo foi levado da<br />
Escócia para a Inglaterra, de lá, para os Estados Unidos da<br />
América. Em 1726 teve início um grande despertamento<br />
espiritual nos Estados Unidos. Este despertamento levou<br />
os presbiterianos a se interessarem por missões<br />
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estrangeiras. Missionários foram enviados para vários<br />
países, inclusive o Brasil. No dia 12 de agosto de 1859<br />
chegou ao nosso país o primeiro missionário presbiteriano:<br />
Ashbel Green Simonton. (Este foi fundador da Igreja<br />
Presbiteriana do Brasil – IPB).<br />
João Calvino (1509 – 1564).<br />
O homem responsável pela sistematização doutrinária e<br />
pela expansão do protestantismo reformado foi João<br />
Calvino. O “pai do protestantismo reformado” é Zwínglio.<br />
Mas o homem que moldou o pensamento reformado foi<br />
João Calvino. Por isso, o sistema de doutrinas adotado<br />
pelas Igrejas Reformadas ou Presbiterianas chama-se<br />
Calvinismo ou Calviniano ligado à sua Teologia. João<br />
Calvino nasceu em Noyon, Picardia, França, no dia 10 de<br />
julho de 1509. Seu pai, Geraldo Calvino, era advogado e<br />
secretário do bispado de Noyon. Sua mãe, Jeanne le<br />
Franc, faleceu quando ele tinha três anos de idade. A<br />
família Calvino tinha amizade com pessoas importantes. E<br />
a convivência com essas famílias levou João Calvino a<br />
aprender as maneiras polidas da elite daquela época.<br />
Geraldo Calvino usou o seu prestígio junto ao bispado para<br />
conseguir a nomeação de seus filhos para cargos<br />
eclesiásticos, conforme os costumes daquela época. Antes<br />
de completar doze anos, João Calvino foi nomeado<br />
Capelão de Lá Gesine, próximo de Noyon. Não era padre,<br />
mas seu pai pagava um padre para fazer o trabalho de<br />
Capelania e guardava os lucros para o filho. Mais tarde<br />
essa Capelania foi trocada por outras mais rendosas. Em<br />
agosto de 1523, logo depois de ter completado 14 anos,<br />
João Calvino ingressou na Universidade de Paris. Ali<br />
completou seus estudos de pré-graduação no começo de<br />
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1528. A seguir foi para a Universidade de Orléans onde<br />
formou-se em Direito. Em maio de 1531 faleceu Geraldo<br />
Calvino. E João, que estudara Direito para satisfazer o pai,<br />
resolveu tornar-se pesquisador no campo de literatura e<br />
filosofia. Para isto, matriculou-se no Colégio de França,<br />
instituição humanista fundada pelo rei Francisco I. Estudou<br />
Grego, Latim e Hebraico. Tornou-se profundo conhecedor<br />
dessas línguas. Em 1532 João Calvino lançou o seu<br />
primeiro livro: Comentários ao Tratado de Sêneca sobre a<br />
Clemência. Os intelectuais elogiaram muito a obra. Era um<br />
trabalho de grande erudição. Mas o público ignorou o<br />
lançamento – poucos compraram o livro. João Calvino<br />
converteu-se a Jesus Cristo entre abril de 1532 e o início<br />
de 1534. Não se sabe detalhes da sua experiência. Mas a<br />
partir daí Deus passou a ocupar o primeiro lugar em sua<br />
vida. No dia 1 de novembro de 1533 Nicolau Cop, amigo<br />
de Calvino, tomou posse como reitor da Universidade de<br />
Paris. O seu discurso de posse falava em reformas, usando<br />
linguagem semelhante às idéias de Lutero. E o comentário<br />
geral era que o discurso tinha sido escrito por Calvino. O<br />
rei Francisco I resolveu agir contra os luteranos. Calvino e<br />
Nicolau Cop foram obrigados a fugir de Paris. No dia 4 de<br />
maio de 1534 Calvino compareceu ao palácio do bispo de<br />
Noyon, a fim de renunciar ao cargo de Capelão. Foi preso,<br />
embora por um período curto. Libertado logo depois, achou<br />
melhor fugir do país. E no final de 1535 chegava a Basiléia<br />
cidade protestante, onde se sentiu seguro. Em março de<br />
1536 Calvino publicou a sua mais importante obra –<br />
Instituição da Religião Cristã (As Institutas). O prefácio da<br />
obra era uma carta dirigida ao rei da França, Francisco I,<br />
defendendo a posição protestante. Mas a Instituição era<br />
apenas uma apresentação ordenada e sistemática da<br />
doutrina e da vida cristã. A edição definitiva só foi publicada<br />
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em 1559. A Instituição da Religião Cristã, conhecida como<br />
Institutas de Calvino, é a mais completa e importante obra<br />
produzida no período da Reforma. Em julho de 1536<br />
Calvino chegou a Genebra. A cidade tinha se declarado<br />
oficialmente protestante no dia 21 de maio daquele ano. E<br />
Guilherme Farel lutava para reorganizar a vida religiosa da<br />
cidade. Calvino estava hospedado em uma pensão,<br />
quando Farel soube que ele estava na cidade. Foi ao seu<br />
encontro e o convenceu a permanecer ali para ajudá-lo na<br />
reorganização da cidade. Calvino era bem jovem – tinha<br />
apenas 27 anos. A publicação das Institutas fizera dele um<br />
dos mais importantes líderes da Reforma na França. Mas<br />
o seu início em Genebra foi muito modesto. Inicialmente<br />
ele era apenas um preletor de Bíblia. Um ano depois foi<br />
nomeado pregador. Mas enquanto isso elaborava as<br />
normas que pretendia implantar e fazer de Genebra uma<br />
comunidade modelo. João Calvino teve muitos adversários<br />
e opositores em Genebra. À medida que ele ia<br />
apresentando às normas que pretendia implantar na<br />
cidade, a fim de torná-la uma comunidade modelo, a<br />
oposição ia crescendo. Finalmente a oposição venceu as<br />
eleições. E no dia 23 de abril de 1538, Calvino e Farel<br />
foram banidos de Genebra. Calvino foi para Estrasburgo,<br />
onde pastoreou uma igreja constituída de refugiados<br />
franceses. Ali viveu os dias mais felizes de sua vida, casouse<br />
com uma viúva anabatista chamada Idelette de Bure.<br />
Ela era holandesa que tinha sido previamente adepta do<br />
anabatismo. Traz duas crianças do seu prévio casamento.<br />
Genebra, enquanto isso passava por várias mudanças. Os<br />
adversários de Calvino foram derrotados. E, no dia 13 de<br />
setembro de 1541, ele entrava novamente em Genebra.<br />
Voltava por insistência de seus amigos. Voltava fortalecido.<br />
E, enfim, pôde reorganizar a vida religiosa da cidade.<br />
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Calvino introduziu o estudo do seu catecismo, o uso de<br />
uma nova liturgia, um governo eclesiástico presbiterial,<br />
disciplinou a vida civil, estabeleceu normas para o<br />
funcionamento do comércio e fez de Genebra uma cidade<br />
modelo. No dia 29 de março de 1549 Idelette faleceu. Mas<br />
Calvino continuou o seu trabalho. Pesquisava, escrevia<br />
comentários bíblicos e tratados teológicos, administrava,<br />
pastoreava, incentivava [...]. Escreveu a edição final das<br />
Institutas e, no decorrer de seus poucos anos de vida,<br />
escreveu tratados, centenas de cartas, e comentários<br />
sobre quase todos os livros da Bíblia.<br />
“Calvino produziu também vários volumes de comentários<br />
sobre a maioria dos livros da Bíblia. Para o Antigo<br />
Testamento, ele publicou os comentários de todos os<br />
livros, exceto as histórias depois de Josué (embora ele fez<br />
publicar seus sermões sobre 1 Samuel) e da literatura da<br />
Sabedoria que não seja o Livro dos Salmos. Para o Novo<br />
Testamento, ele omitiu apenas as Epístolas breve segunda<br />
e terceira de João e o Livro do Apocalipse. Estes<br />
comentários, também, têm-se revelado de valor duradouro<br />
para os estudantes da Bíblia, e eles ainda estão em papel,<br />
após mais de 400 anos. Calvino também escreveu mais de<br />
1.300 cartas em uma ampla gama de temas”.<br />
Dos 101 volumes do “Corpus Reformatorum” (série que<br />
reúne as composições literárias dos principais<br />
reformadores do século XVI), os escritos de João Calvino<br />
totalizam 59 obras volumosas. Martin Lloyd-Jones, prolífico<br />
escritor calvinista, disse acerca do trabalho literário de<br />
Calvino: “Como um só homem pôde fazer tudo isso, e em<br />
acréscimo pregar com regularidade, é-nos espantoso<br />
contemplar”.<br />
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O espanto é ainda maior quando se descobre que João<br />
Calvino, além de muito atarefado, tinha uma saúde física<br />
bastante fragilizada. Segundo Wilson Castro Ferreira,<br />
Calvino “escreveu doente, escreveu em meio às mais<br />
acirradas lutas, escreveu no leito, ditando aos seus<br />
secretários, escreveu até altas horas da noite, mesmo<br />
enfermo e, segundo testemunho do seu primeiro biógrafo,<br />
Theodoro Beza, escreveu até oito horas antes da sua<br />
morte”.<br />
Em 1559 fundou a Academia Genebrina – a Universidade<br />
de Genebra. Jovens de vários países vieram estudar ali e<br />
levaram a semente do evangelho na volta à sua terra.<br />
Esses jovens se espalharam pela França, Países Baixos,<br />
Inglaterra, Escócia, Alemanha e Itália.<br />
“O grande Teólogo da Reforma, usado por Deus,<br />
influenciou o mundo com seus escritos. Sua piedade e<br />
dedicação ao estudo da Palavra são inspiradores. Ele<br />
viveu cinquenta e quatro anos, dez meses, e dezessete<br />
dias, e dedicou metade de sua vida ao sagrado ministério.<br />
Ele tinha estatura mediana, a aparência sombria e pálida,<br />
os olhos eram brilhantes até mesmo na morte,<br />
expressando a agudez da sua compreensão”. (Theodoro<br />
Beza)<br />
Eu poderia feliz e proveitosamente assentar-me e passar o<br />
resto de minha vida somente com Calvino. Carta de Karl<br />
Barth ao amigo Eduard Thurneysen, escrita em 8 de junho<br />
de 1922.<br />
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Calvino, falando das diversas calúnias que levantavam<br />
contra ele, partindo, inclusive, de falsos irmãos, diz:<br />
“Só porque afirmo e mantenho que o mundo é dirigido e<br />
governado pela secreta providência de Deus, uma multidão<br />
de homens presunçosos se ergue contra mim alegando<br />
que apresento Deus como sendo o autor do pecado. [...]<br />
Outros tudo fazem para destruir o eterno propósito divino<br />
da predestinação, pelo qual Deus distingue entre os<br />
réprobos e os eleitos”.<br />
O que nos chama a atenção na aproximação bíblica de<br />
Calvino é, primeiramente, o seu amplo e em geral preciso<br />
conhecimento dos clássicos da exegese bíblica, os quais<br />
citam com abundância, especialmente Crisóstomo,<br />
Agostinho e Bernardo de Claraval. Outro aspecto é o<br />
domínio de algumas das principais obras dos teólogos<br />
protestantes contemporâneos, tais como Melanchton – a<br />
quem considerava um homem de “incomparável<br />
conhecimento nos mais elevados ramos da literatura,<br />
profunda piedade e outros dons (e que por isso) merece<br />
ser recordado por todas as épocas” – Bucer e Bullinger.<br />
Contudo, o mais fascinante é o fato de que ele, mesmo se<br />
valendo dos clássicos – o que, aliás, nunca escondeu –<br />
conseguiu seguir um caminho por vezes diferente,<br />
buscando na própria Escritura o sentido específico do<br />
texto: a Escritura interpretando-se a si mesma.<br />
Não nos é possível precisar as circunstâncias e data da<br />
“súbita conversão” de Calvino. No que se refere à sua<br />
conversão, em 1539 diz: “Contrariado com a novidade, eu<br />
ouvia com muita má vontade e, no início, confesso, resisti<br />
com energia e irritação; porque (tal é a firmeza ou<br />
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descaramento com os quais é natural aos homens resistir<br />
no caminho que outrora tomaram) foi com a maior<br />
dificuldade que fui induzido a confessar que, por minha<br />
vida, eu estivera na ignorância e no erro”. Na Introdução do<br />
seu comentário de Salmos (1557), diz que: “Inicialmente,<br />
visto eu me achar tão obstinadamente devoto às<br />
superstições do papado, para que pudesse desvencilharme<br />
com facilidade de tão profundo abismo de lama, Deus,<br />
por um ato súbito de conversão, subjugou e trouxe minha<br />
mente a uma disposição suscetível, a qual era mais<br />
empedernida em tais matérias do que se poderia esperar<br />
de mim naquele primeiro período de minha vida”.<br />
Na véspera do Natal de 1559, quando pregava na Igreja de<br />
São Pedro, abarrotada de gente, Calvino teve de forçar a<br />
voz. No dia seguinte, atacou-o uma tosse violenta e<br />
começou a escarrar sangue. O médico diagnosticou-lhe<br />
uma doença contra a qual ainda não existia nenhuma<br />
arma: a tuberculose. O enfermo tinha apenas cinqüenta<br />
anos, e o seu caso não teria sido desesperado se o seu<br />
organismo, atacado desde há muito tempo por muitos<br />
inimigos, desgastados pelo trabalho e pelas preocupações,<br />
não fosse na realidade, o de um velho precoce - o velho<br />
cuja máscara trazia. Despertados pelo novo abalo, todos<br />
os males que já lhe eram familiares lançaram-se ao ataque:<br />
pulmões, rins, intestinos, encéfalo e até os braços e as<br />
pernas. Dentro em breve, não houve uma única parte<br />
desse organismo que não fosse motivo e foco de dores<br />
terríveis.<br />
Calvino suportaria essa provação durante cinco anos, com<br />
uma coragem física e uma firmeza admirável. Torturado<br />
pelas cólicas, pela febre e pela gota, nem por isso deixou<br />
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de dar prosseguimento aos seus trabalhos, à sua<br />
correspondência, aos seus livros e mesmo à sua pregação,<br />
que, no entanto, lhe exigia um esforço sobre-humano. Nos<br />
dias em que não podia manter-se em pé, pregava sentado,<br />
e, se não conseguia andar, dois homens o levavam à igreja<br />
numa cadeira. Por vezes, as dores eram tão fortes que o<br />
ouviam, como numa prece a pedir a libertação: “Até<br />
quando, Senhor, até quando?”.<br />
João Calvino faleceu em Genebra, no dia 27 de maio de<br />
1564 e antes, já havia sofrido a perda de um filho (Jacques)<br />
ainda na infância “[...] uma perda que suportou pelo resto<br />
da vida – Herman Hanko”. Nesse momento Calvino disse:<br />
“Deus é pai e sabe o que é bom para seus filhos [...]. Ele<br />
levou meu menino [...]”. Consolava-se ao pensar que tinha<br />
inúmeros filhos espirituais por todo o mundo. Dois anos<br />
mais tarde, esperava uma filha, que morreu ao nascer.<br />
Uma terceira criança também não sobreviveu. E por fim, no<br />
ano de 1549, a saúde de Idelete piorou e ela já não podia<br />
deixar a cama. Calvino, escrevendo a Farel, pedia-lhe que<br />
orasse em favor dela. Mas a morte veio e a dor também,<br />
Calvino: “Fui privado da melhor companhia da minha vida”,<br />
escreveu. Nos dias que antecederam e se seguiram à sua<br />
morte, em meio às inúmeras atividades que o absorviam,<br />
fazia o possível para não ser dominado pela angústia e<br />
tristeza. “Que o Senhor Jesus me sustente”, dizia. Afinal,<br />
suas palavras buscando consolo foram estas: “Minha<br />
esposa, mulher de raras qualidades, morreu há um ano e<br />
meio [...] e eu agora livremente optei por uma vida solitária”,<br />
ambos viveram apenas 9 (nove) anos em matrimônio. Mas<br />
a sua obra e vida piedosa permanece viva até os tempos<br />
atuais.<br />
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A sepultura de João Calvino em consequência de sua<br />
Teologia, segundo a qual toda honra deve ser dada a Deus,<br />
ficou desconhecida.<br />
“Soli Deo Gloria”. Glória seja dada somente a Deus pela<br />
vida desses homens.<br />
Síntese biográfica do reformador João Calvino.<br />
João Calvino nasceu em Noyon, nordeste da França, no<br />
dia 10 de julho de 1509. Seu pai, Gérard Calvin (Geraldo<br />
Calvino), era advogado dos religiosos e secretário do bispo<br />
local. Aos 12 anos, Calvino recebeu um benefício<br />
eclesiástico cuja renda serviu-lhe de bolsa de estudos.<br />
Em 1523, foi residir em Paris, onde estudou latim e<br />
humanidades (Collège de la Marche) e Teologia (Collège<br />
de Montaigu). Em 1528, iniciou seus estudos jurídicos,<br />
primeiro em Orléans e depois em Bourges, onde também<br />
estudou grego com o erudito luterano Melchior Wolmar.<br />
Com a morte do pai em 1531, retornou a Paris e dedicouse<br />
ao seu interesse predileto –, a literatura clássica. No ano<br />
seguinte publicou um comentário sobre o tratado de<br />
Sêneca De Clementia.<br />
Calvino converteu-se à fé evangélica por volta de 1533,<br />
provavelmente sob a influência do seu primo Robert<br />
Olivétan. No final daquele ano, teve de fugir de Paris sob<br />
acusação de ser o co-autor de um discurso simpático aos<br />
protestantes, proferido por Nicholas Cop, o reitor da<br />
universidade. No ano seguinte, voltou a Noyon e renunciou<br />
ao benefício eclesiástico. Escreveu o prefácio do Novo<br />
Testamento traduzido para o francês por Olivétan (1535).<br />
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Em 1536 veio a lume primeira edição da sua grande obra,<br />
As Institutas ou Tratado da Religião Cristã, introduzidas por<br />
uma carta ao rei Francisco I da França contendo um apelo<br />
em favor dos evangélicos perseguidos. Alguns meses mais<br />
tarde, o reformador suíço Guilherme Farel o convenceu a<br />
ajudá-lo na cidade de Genebra, que acabara de abraçar a<br />
Reforma. Logo, os dois líderes entraram em conflito com<br />
as autoridades civis sobre questões eclesiásticas, sendo<br />
expulsos em 1538.<br />
Calvino foi para Estrasburgo, onde residia o reformador<br />
Martin Bucer. Atuou como pastor, professor, participante<br />
de conferências e escritor. Produziu uma nova edição das<br />
Institutas (1539), o Comentário da Epístola aos Romanos,<br />
a Resposta a Sadoleto (uma apologia da Fé Reformada) e<br />
outras obras. Casou-se com a viúva Idelette de Bure<br />
(falecida em 1549).<br />
Em 1541, Calvino retornou a Genebra por insistência dos<br />
governantes da cidade. Assumiu o pastorado da Igreja<br />
Reformada e escreveu para a mesma as célebres<br />
Ordenanças Eclesiásticas. Por catorze anos, enfrentou<br />
grandes lutas com as autoridades civis e algumas famílias<br />
influentes (os “libertinos”). Apesar de estar constantemente<br />
enfermo, desenvolveu intensa atividade como pastor,<br />
pregador, administrador, professor e escritor. Produziu<br />
comentários sobre quase toda a Bíblia.<br />
Em 1555, os partidários de Calvino finalmente derrotaram<br />
os “libertinos”. Os conselhos municipais passaram a ser<br />
constituídos de homens que o apoiavam. A Academia de<br />
Genebra, embrião da futura universidade, foi inaugurada<br />
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em 1559. Nesse mesmo ano, Calvino publicou a última<br />
edição das Institutas. O reformador faleceu aos 55 anos em<br />
27 de maio de 1564.<br />
Rev. Ashbel Green Simonton (1833 – 1867) – Fundador da<br />
Igreja Presbiteriana do Brasil – IPB.<br />
Ashbel Green Simonton (1833 – 1867), o fundador da<br />
Igreja Presbiteriana do Brasil – IPB, nasceu em West<br />
Hanover, no sul da Pensilvânia, e passou a infância na<br />
fazenda da família, denominada Antigua. Eram seus pais o<br />
médico e político William Simonton e a D. Martha Davis<br />
Snodgrass (1791 – 1862), filha de um pastor presbiteriano.<br />
Ashbel era o mais novo de nove irmãos. Os irmãos homens<br />
(William, John, James, Thomas e Ashbel) costumavam<br />
denominar-se os “quinque fratres” (cinco irmãos). Um<br />
deles, James Snodgrass Simonton, quatro anos mais velho<br />
que Ashbel, viveu por três anos no Brasil e foi professor na<br />
cidade de Vassouras, no Rio de Janeiro. Uma das quatro<br />
irmãs, Elizabeth Wiggins Simonton (1822 – 1879),<br />
conhecida como Lille, veio a casar-se com o Rev.<br />
Alexander Latimer Blackford, vindo com ele para o Brasil.<br />
Em 1846, a família mudou-se para Harrisburg, a capital do<br />
estado, onde Ashbel concluiu os estudos secundários.<br />
Após formar-se no Colégio de Nova Jersey (a futura<br />
Universidade de Princeton), em 1852, o jovem passou<br />
cerca de um ano e meio no Mississipi, trabalhando como<br />
professor. Voltando para o seu estado, teve profunda<br />
experiência religiosa durante um avivamento em 1855 e<br />
ingressou no Seminário de Princeton, fundado em 1812.<br />
No primeiro semestre de estudos, ouviu na capela do<br />
seminário um sermão do Dr. Charles Hodge, um dos seus<br />
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professores, que despertou o seu interesse pela obra<br />
missionária no exterior. Concluídos os estudos, foi<br />
ordenado em 1859 e chegou ao Brasil no dia 12 de agosto<br />
do mesmo ano.<br />
Pouco depois de organizar a Igreja Presbiteriana do Rio de<br />
Janeiro (12/01/1862), o jovem missionário seguiu em<br />
viagem de férias para os Estados Unidos, vindo a casar-se<br />
com Helen Murdoch, em Baltimore. Regressaram ao Brasil<br />
em julho de 1863. No final de junho do ano seguinte, Helen<br />
faleceu nove dias após o nascimento da sua filhinha, que<br />
recebeu o seu nome. Helen Murdoch Simonton, a filha<br />
única do Rev. Simonton, nunca se casou e faleceu aos 88<br />
anos no dia 7 de janeiro de 1952. Com o passar dos anos,<br />
Simonton criou o jornal Imprensa Evangélica (1864),<br />
organizou o Presbitério do Rio de Janeiro (1865) e fundou<br />
o Seminário Primitivo (1867), este último localizado em um<br />
edifício de vários pavimentos junto ao Campo de Santana.<br />
No final de 1867, sentindo-se adoentado, o missionário<br />
pioneiro seguiu para São Paulo, onde sua irmã e seu<br />
cunhado criavam a pequena Helen. Seu estado de saúde<br />
agravou-se e ele veio a falecer no dia 9 de dezembro,<br />
acometido de “febre biliosa”, conforme consta do seu<br />
registro de sepultamento. Seu túmulo foi um dos primeiros<br />
do ainda recente Cemitério dos Protestantes, no bairro da<br />
Consolação. Anos depois, foram sepultados perto dele os<br />
ossos do ex-sacerdote Rev. José Manoel da Conceição<br />
(1822 – 1873), o primeiro pastor evangélico brasileiro.<br />
Simonton e Conceição, um americano e um brasileiro,<br />
foram os personagens mais notáveis dos primórdios do<br />
presbiterianismo no Brasil.<br />
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“O sangue dos mártires é a semente da Igreja” –<br />
Tertuliano.<br />
IGREJA NA REFORMA E A REFORMA<br />
Introdução.<br />
Reforma Protestante foi um movimento reformista cristão<br />
culminado no início do século XVI por Martinho Lutero,<br />
quando através da publicação de suas 95 teses, em 31 de<br />
outubro de 1517 na porta da Igreja do Castelo de<br />
Wittenberg, protestou contra diversos pontos da doutrina<br />
da Igreja Católica Romana, propondo uma reforma no<br />
catolicismo romano. Os princípios fundamentais da<br />
Reforma Protestante são conhecidos como os Cinco Solas:<br />
Sola Fide (somente a fé), Sola Scriptura (somente a<br />
Escritura), Solus Christus (somente Cristo), Sola Gratia<br />
(somente a graça), Soli Deo Gloria (glória somente a<br />
Deus). Lutero foi apoiado por vários religiosos e<br />
governantes europeus provocando uma revolução<br />
religiosa, iniciada na Alemanha, estendendo-se pela Suíça<br />
(com Ulrico Zwínglio), França (com Guilherme Farel e João<br />
Calvino – posteriormente conhecidos como Huguenotes),<br />
na Inglaterra – com os Puritanos, Países Baixos – com os<br />
Reformados, na Escócia (Reino Unido) – com os<br />
presbiterianos, Escandinávia (norte europeu) e algumas<br />
partes do Leste europeu, principalmente os Países Bálticos<br />
e a Hungria.<br />
A resposta da Igreja Católica Romana foi o movimento<br />
conhecido como Contrarreforma ou Reforma Católica,<br />
iniciada no Concílio de Trento.<br />
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Concílio de Trento.<br />
O Concílio de Trento, realizado de 1545 a 1563, foi o 19º<br />
concílio ecuménico da Igreja Católica. Foi convocado pelo<br />
Papa Paulo III para assegurar a unidade da fé e a disciplina<br />
eclesiástica, no contexto da Reforma da Igreja Católica e<br />
da reação à divisão então vivida na Europa devido à<br />
Reforma Protestante, razão pela qual é denominado<br />
também de Concílio da Contrarreforma. O Concílio foi<br />
realizado na cidade de Trento, no antigo Principado<br />
Episcopal de Trento, região do Tirol italiano.<br />
O Concílio de Trento, atrasado e interrompido várias vezes<br />
por divergências políticas ou religiosas, foi um conselho de<br />
uma grande reforma, uma personificação dos ideais da<br />
Contrarreforma. Mais de 300 anos se passaram até ao<br />
Conselho Ecumênico seguinte.<br />
Ao anunciar o Concílio Vaticano II, o Papa João XXIII<br />
afirmou que os preceitos do Concílio de Trento continuam<br />
nos dias modernos, uma posição que foi reafirmada pelo<br />
Papa Paulo VI.<br />
A Reforma Católica.<br />
Contrarreforma, que ficou também conhecida por Reforma<br />
Católica, é o nome dado ao movimento que surgiu no seio<br />
da Igreja Católica a partir de 1545, e que, segundo alguns<br />
autores, teria sido uma resposta à Reforma Protestante (de<br />
1517) iniciada por Lutero. Em 1545, a Igreja Católica<br />
Romana convocou o Concílio de Trento (na cidade italiana<br />
de Trento) estabelecendo entre outras medidas, a<br />
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etomada do Tribunal do Santo Ofício – Inquisição (um<br />
grupo de instituições dentro do sistema jurídico da Igreja<br />
Católica Romana, cujo objetivo é combater a heresia), a<br />
criação do “Index Librorum Prohibitorum – Índice dos Livros<br />
Proibidos”, com uma relação de livros proibidos pela Igreja<br />
e o incentivo à catequese dos povos do Novo Mundo, com<br />
a criação de novas ordens religiosas, dentre elas a<br />
Companhia de Jesus (Jesuítas). Outras medidas incluíram<br />
a reafirmação da autoridade papal, a manutenção do<br />
celibato eclesiástico, a reforma das ordens religiosas, a<br />
edição do catecismo tridentino, reformas e instituições de<br />
seminários e universidades, a supressão (ato ou efeito de<br />
eliminar) de abusos envolvendo indulgências e a adoção<br />
da Vulgata (tradução para o latim da Bíblia, escrita entre<br />
fins do século IV início do século V, por São Jerônimo, a<br />
pedido do bispo Dâmaso I) como tradução oficial da Bíblia.<br />
Podemos dizer que a contrarreforma foi uma resposta<br />
direta à Reforma Protestante.<br />
O resultado da Reforma Protestante foi à divisão da<br />
chamada Igreja do Ocidente entre os católicos romanos e<br />
os reformados ou protestantes, originando o<br />
protestantismo.<br />
Durante muito, os primeiros cristãos foram perseguidos e<br />
até mortos por causa de Cristo. A situação mudou quando<br />
o imperador romano Constantino (313 d.C.), institui uma<br />
série de benefícios ao Cristianismo, tais como: isenção de<br />
impostos, terras, pagamento dos bispos e ajuda na<br />
construção de templos. Poder e dinheiro passaram a<br />
influenciar a vida da Igreja, que, em 392 d.C., se fundiu com<br />
o Estado, tornando-se a mesma coisa. Com isso, muitos<br />
passaram a fazer parte da “nova religião”, não por<br />
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convicção e fé, mas por favores e benefícios. Aquela vida<br />
comunitária, aquele amor cristão, o partir o pão de casa em<br />
casa e o socorrer aos necessitados viraram práticas do<br />
passado. O Cristianismo começou a decair moralmente, e<br />
seus fiéis não corresponderem à Palavra e à vontade de<br />
Deus. Na Idade Média, quem mandava na Igreja era o<br />
Papa. Naquela época, ele tinha plenos poderes para<br />
instituir e derrubar reis e reinos: A igreja passou de<br />
perseguida a perseguidora, e muitos sofreram nas mãos<br />
dessa “Igreja Cristã”. Foi criado o “clero”, que era uma<br />
liderança muito mais política que espiritual, e mantinha<br />
uma distância enorme do povo. O clero não parecia de<br />
forma alguma com o grupo dos apóstolos, que viviam em<br />
meio ao povo. Veja alguns erros da Igreja neste período:<br />
380 d.C. – Oração pelos mortos.<br />
535 d.C. – Instituição das procissões.<br />
538 d.C. – Celebração da missa de costa para o povo.<br />
757 d.C. – Adoração de imagens.<br />
884 d.C. – Canonização de santos.<br />
885 d.C. – Adoração da “Virgem Maria”.<br />
1022 d.C. – Legalização da penitência por dinheiro.<br />
1059 d.C. – Aceitação da transubstanciação dos elementos<br />
da Ceia (acreditar que o pão e o vinho se transformam<br />
verdadeiramente no corpo e sangue de Cristo, de forma tal,<br />
que embora pareça pão e vinho, o que você esta comendo<br />
e bebendo é o próprio e real corpo e sangue de Jesus).<br />
1215 d.C. – Adoção da confissão auricular (Os fiéis<br />
católicos aprendem que devem confessar seus pecados<br />
mortais pelo menos uma vez por ano a um sacerdote<br />
humano).<br />
1470 d.C. – Invenção do rosário.<br />
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Diante de tantas coisas erradas e corrompidas uma<br />
Reforma era urgente. Quando falamos em reforma logo<br />
pensamos em algo que será melhorado. Você não<br />
começaria uma reforma em sua casa para que ela ficasse<br />
em um estado pior. Foi isso o que aconteceu com a Igreja<br />
no período da Reforma Protestante – buscou-se consertar<br />
o que estava errado, voltar à Palavra de Deus sempre foi o<br />
objetivo. A Igreja precisava ser restaurada no reto caminho<br />
e abandonar os desvios que havia tomado. Veremos um<br />
pouco do que aconteceu naquele período e,<br />
principalmente, os importantes ensinos bíblicos resgatados<br />
pelos reformadores.<br />
1 – REFORMA NA IGREJA<br />
É preciso entender a Reforma Protestante, não como<br />
alguns sugerem, apenas um ato político, em que príncipes<br />
e nobres puderam rebelar-se contra o poder dominante da<br />
Igreja Católica.<br />
A Reforma envolveu, principalmente, a vida espiritual da<br />
época. Martinho Lutero era um monge católico que, a partir<br />
do estudo das Escrituras, descobriu a verdade de que “o<br />
justo deveria viver pela fé” (Romanos 1:17). Transformado<br />
por essa verdade da Palavra de Deus, Lutero desejava<br />
agora corrigir os erros que encontrava na Igreja Católica.<br />
No dia 31 de outubro de 1517, véspera do “Dia de todos os<br />
Santos”, ele afixou suas 95 teses à porta da Igreja do<br />
Castelo, na cidade alemã de Wittemberg, combatendo<br />
principalmente a venda de indulgência praticada pela<br />
Igreja.<br />
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As indulgências eram documentos que, quando<br />
comprados, concediam perdão pelos pecados, tanto para<br />
vivos, quanto para parentes já mortos. Na doutrina católica,<br />
Indulgência (do latim “indulgentia”, que provém de<br />
“indulgeo” – “para ser gentil”) é o perdão fora dos<br />
sacramentos, total ou parcial, e “da pena temporal devida,<br />
para a justiça de Deus, pelos pecados que foram<br />
perdoados, ou seja, do mal causado como consequência<br />
do pecado já perdoado, a remissão é concedida pela Igreja<br />
Católica no exercício do poder das chaves, por meio da<br />
aplicação dos superabundantes méritos de Cristo e dos<br />
santos, por algum motivo justo e razoável”.<br />
Martinho Lutero combateu Johann Tetzel, um alemão<br />
católico romano, frade dominicano e pregador, que tornouse<br />
o grande comissário da Igreja Católica Romana para<br />
pregar a indulgência “cristã” no século XVI, o que ele fez<br />
ao longo de sua vida. Em 1509, exerceu a função de<br />
inquisidor da Polônia e, em 1517, o Papa Leão X o fez<br />
comissário de indulgências para toda a Alemanha.<br />
A igreja Romana reagiu duramente a esse ato de Martinho<br />
Lutero, mas iniciava-se ali o movimento da Reforma<br />
Protestante. Lutero foi excomungado e perseguido pela<br />
Igreja Católica, mas contou com o apoio do povo alemão.<br />
A verdade da justificação pela fé estava apenas<br />
começando a percorrer a Europa. Sucederam a Lutero<br />
outros grandes reformadores, como João Calvino,<br />
Melanchton, Ulrico Zwínglio e John Knox.<br />
João Calvino pode ser considerado o grande<br />
sistematizador da Teologia da Reforma com a sua obra:<br />
“As institutas da Religião Cristã”, Deus conduziu homens<br />
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para que a Igreja voltasse à verdade da sua Palavra. Os<br />
discípulos de Cristo do período da Reforma deixaram<br />
marcas profundas na sociedade e na Igreja. Podemos<br />
entender melhor essas marcas estudando as “bandeiras”<br />
levantadas pelos reformadores – os Solas da Reforma.<br />
2 – OS SOLAS DA REFORMA<br />
A palavra latina Solas significa “somente”. Os reformadores<br />
definiram cinco lemas usando essas palavras e suas<br />
variações. Vejamos:<br />
(1) SOLA SCRIPTURA – SOMENTE AS ESCRITURAS<br />
Sola Scriptura, segundo a Reforma Protestante, é o<br />
princípio no qual a Bíblia tem primazia ante a Tradição<br />
legada pelo magistério da Igreja, quando, os princípios<br />
doutrinários entre esta e aquela forem conflitantes. Na<br />
Reforma, não se rejeita a Tradição, ela continua a ser<br />
usada como legitimadora para qualquer assunto omitido<br />
pela Bíblia. Quando houver divergências entre Bíblia e<br />
tradição, a Bíblia terá sempre primazia.<br />
A Bíblia era conhecida somente pelos estudiosos da Igreja<br />
Católica que a utilizavam como bem entendiam. A Igreja<br />
defendia práticas totalmente estranhas à Palavra de Deus<br />
ensinando “doutrinas que são preceitos de homens”<br />
(Marcos 7:7). O movimento da Reforma disse “não” a esse<br />
procedimento da Igreja Romana e afirmou Sola Scriptura,<br />
ou seja, somente cremos e praticamos o que a Bíblia<br />
ensina somente a Bíblia deve ser a nossa regra de fé e<br />
prática. Os reformadores se empenharam em traduzir a<br />
Bíblia para que todas as pessoas tivessem acesso a ela e<br />
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pudessem julgar os ensinos da Igreja por meio do próprio<br />
estudo da Palavra. Muitas vezes não damos o devido valor<br />
ao fato de hoje termos a facilidade da Palavra de Deus<br />
impressa em nossa própria língua e não a estudamos tanto<br />
quanto deveríamos. Lembre-se: devemos ser guiados<br />
somente pelas Escrituras. Nos movimentos de inspiração<br />
protestante considerado historicamente como, por<br />
exemplo, na Inglaterra os puritanos, e outros surgidos<br />
durante o século XIX, esse princípio foi resignificado como<br />
“nuda Scriptura – (Escritura por si somente)”, passando a<br />
ser entendido ao pé da letra, adotando-se a ideia de que a<br />
“Escritura interpreta a própria Escritura”, bem como a que<br />
a mesma era suficiente como única fonte de doutrina e<br />
prática cristãs em todos os aspectos. O modelo “Nuda<br />
Scriptura” veio a reproduzir-se na máxima “nenhum credo<br />
senão a Bíblia”. Certamente há uma diferença entre o<br />
debate acerca dos usos dos credos e confissões de fé, e o<br />
debate propriamente dito acerca da legitimidade ou<br />
propriedade de se elaborar e sustentar um credo. O debate<br />
sobre o uso de credos e confissões de fé – “Em que<br />
contextos ou em que situações?” – rege-se pela regra da<br />
“prudência cristã”, e o uso prático pode diferir de Igreja para<br />
Igreja, de ministro para ministro, ou de uma comunhão de<br />
Igrejas para outra. Já o modelo anticredalista e<br />
anticonfessionalista, por si mesmo, é, segundo<br />
entendimento, inteiramente equivocado. As confissões de<br />
fé e os credos são de extrema importância para a vida da<br />
Igreja e para uma saudável espiritualidade atrelada à<br />
piedade.<br />
(2) SOLUS CHRISTUS – SOMENTE CRISTO<br />
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Solus Christus, (às vezes usado na sua forma ablativa Solo<br />
Christo). Esta expressão latina refere-se ao termo:<br />
“salvação somente por Cristo”.<br />
Cremos que a Bíblia é a nossa única regra de fé e prática<br />
e, estudando-a, verificamos que Cristo é o tema central das<br />
Escrituras. Quando a Palavra de Deus é tomada como<br />
regra de vida, obrigatoriamente temos Cristo como centro<br />
de nosso viver. Jesus mesmo afirmou que as Escrituras<br />
testificam dEle (João 5:39). Ao caminhar com os discípulos<br />
de Emaús, após ter ressuscitado, Cristo falou sobre o fato<br />
de que toda a Escritura testificava dEle e que aquelas<br />
coisas deveriam acontecer (Lucas 24:25 – 27). A Teologia<br />
não pode estar centrada no homem, mas em Cristo. A<br />
Igreja Romana, jeitosamente, colocava o homem no<br />
centro. Eram as necessidades do homem que precisavam<br />
ser atendidas e não a vontade de Deus expressa em Sua<br />
Palavra. Devemos nos lembrar das palavras do apóstolo<br />
Paulo aos gálatas: “Porventura, procuro eu, agora, o favor<br />
dos homens ou o de Deus? Ou procuro agradar a homens?<br />
Se agradasse ainda a homens, não seria servo de Cristo”<br />
(Gálatas 1:10). Somos servos de Cristo e não de homens.<br />
Portanto, somente Cristo.<br />
A Teologia Reformada afirma que a Escritura e sua<br />
doutrina sobre a graça e fé enfatizam que a salvação é<br />
Solus Christus, “somente por Cristo”, isto é, Cristo é o único<br />
Salvador (Atos 4:12). B. B. Warfield escreveu: “O poder<br />
salvador da fé reside, portanto, não em si mesma, mas<br />
repousa no Salvador Todo Poderoso”.<br />
A centralidade de Cristo é o fundamento da fé protestante.<br />
Martinho Lutero disse que Jesus Cristo é o “centro e a<br />
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circunferência da Bíblia” — isso significa que quem Ele é e<br />
o que Ele fez em sua morte e ressurreição são o conteúdo<br />
fundamental da Escritura. Ulrico Zwínglio disse: “Cristo é o<br />
Cabeça de todos os crentes, os quais são o seu corpo e,<br />
sem ele, o corpo está morto”.<br />
Sem Cristo, nada podemos fazer, nEle, podemos fazer<br />
todas as coisas (João 15:5; Filipenses 4:13). Somente<br />
Cristo pode trazer salvação. Paulo deixa claro em<br />
Romanos 1 – 2 que, embora haja uma automanifestação<br />
de Deus além da sua obra salvadora em Cristo, nenhuma<br />
porção de Teologia natural pode unir Deus e o homem. A<br />
união com Cristo é o único caminho da salvação.<br />
Nós precisamos urgentemente ouvir Solus Christus em<br />
nossos dias de Teologia pluralista. Muitas pessoas hoje<br />
questionam a crença de que a salvação é somente pela fé<br />
em Cristo. Como Carl E. Braaten (1929) diz, eles “estão<br />
voltando à velha e falida forma de abordagem cristológica<br />
do século XIX, do liberalismo protestante, e chamando-a<br />
de “nova”, quando, na verdade, é pouco mais que uma<br />
“Jesusologia” superficial”. O resultado final é que,<br />
atualmente, muitas pessoas, como Helmut Richard<br />
Niebuhr (1962) disse em sua famosa frase a respeito do<br />
liberalismo — proclamam e adoram “um Deus sem ira, o<br />
qual trouxe homens sem pecado para um reino sem<br />
julgamento por meio de ministrações de um Cristo sem a<br />
cruz”.<br />
“Arrependei-vos, e crede no evangelho de Jesus Cristo –<br />
Marcos 1:15.<br />
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Nossos antepassados reformados, aproveitando uma<br />
perspectiva que rastreia todo o caminho de volta aos<br />
escritos de Eusébio de Cesaréia, no século IV, acharam útil<br />
pensar a respeito de Cristo como Profeta, Sacerdote e Rei.<br />
A Confissão Batista de Londres de 1689, por exemplo,<br />
coloca isso da seguinte forma: “Cristo, e somente Cristo,<br />
está apto a ser o mediador entre Deus e o homem. Ele é o<br />
Profeta, Sacerdote e Rei da Igreja de Deus” (8.9).<br />
Observemos mais detalhadamente esses três ofícios.<br />
Cristo, o Profeta.<br />
Cristo é o Profeta que precisamos para nos instruir nas<br />
coisas de Deus, a fim de curar a nossa cegueira e<br />
ignorância. O Catecismo de Heidelberg o chama de “nosso<br />
principal Profeta e Mestre, que nos revelou totalmente o<br />
conselho secreto e a vontade de Deus a respeito da nossa<br />
redenção” (A. 31). “O Senhor, teu Deus”, Moisés declarou<br />
em Deuteronômio 18:15, “te suscitará um profeta do meio<br />
de ti, de teus irmãos, semelhante a mim; a Ele ouvirás”. Ele<br />
é o Filho de Deus, e Deus exige que nós o escutemos<br />
(Mateus 17:5).<br />
Como o Profeta, Jesus é o único que pode revelar o que<br />
Deus tem planejado na história “desde a fundação do<br />
mundo”, e que pode ensinar e manifestar o real significado<br />
das “escrituras dos profetas” (o Antigo Testamento, cf.<br />
Romanos 16:25, 26). Podemos esperar progredir em nossa<br />
vida cristã apenas se dermos ouvidos à sua instrução e<br />
ensino.<br />
Cristo, o Sacerdote.<br />
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Cristo é também o Sacerdote — nosso extremamente<br />
necessário Sumo Sacerdote que, como diz o Catecismo de<br />
Heidelberg: “pelo sacrifício de Seu corpo, nos redimiu, e faz<br />
contínua intercessão junto ao Pai por nós” (A. 31). De<br />
maneira resumida, “por causa do nosso afastamento de<br />
Deus e da imperfeição de nossos melhores serviços,<br />
precisamos de seu ofício sacerdotal para nos reconciliar<br />
com Deus e nos tornar aceitáveis por Ele”.<br />
A salvação está somente em Jesus Cristo, porque há duas<br />
condições que, não importa o quanto nos esforcemos,<br />
nunca poderemos satisfazer. No entanto, elas devem ser<br />
cumpridas se estamos para ser salvos. A primeira é<br />
satisfazer a justiça de Deus pela obediência à lei. A<br />
segunda é pagar o preço de nossos pecados. Nós não<br />
podemos cumprir nenhuma dessas condições, mas Cristo<br />
as cumpriu perfeitamente. Romanos 5:19 diz: “por meio da<br />
obediência de um só, muitos se tornarão justos”. Romanos<br />
5:10 diz: “nós, quando inimigos, fomos reconciliados com<br />
Deus mediante a morte do seu Filho”. Não há outra<br />
maneira de entrar na presença de Deus a não ser por meio<br />
de Cristo somente.<br />
O sacrifício de Jesus ocorreu apenas uma vez, mas Ele<br />
ainda continua sendo o nosso grande Sumo Sacerdote,<br />
aquele através do qual toda a oração e louvor são feitos<br />
aceitáveis a Deus. Nos lugares celestiais, Ele continua<br />
sendo nosso constante Intercessor e Advogado (Romanos<br />
8:34; 1 João 2:1). Não é de se admirar, então, que Paulo<br />
diz que a glória deve ser dada a Deus “por meio de Jesus<br />
Cristo pelos séculos dos séculos” (Romanos 16:27). O<br />
gozo de achegarmo-nos a Deus pode crescer apenas por<br />
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uma confiança profunda nEle como nosso sacrifício e<br />
intercessor.<br />
Cristo, o Rei.<br />
Finalmente, Cristo é o Rei, que reina sobre todas as coisas.<br />
Ele reina sobre sua Igreja por meio de Seu Espírito Santo<br />
(Atos 2:30 – 33). Ele soberanamente dá o arrependimento<br />
ao impenitente e concede perdão ao culpado (Atos 5:31).<br />
Cristo é “[...] o nosso Rei eterno que nos governa por Sua<br />
Palavra e Espírito, e que defende e preserva-nos no gozo<br />
da salvação que Ele adquiriu para nós” (O Catecismo de<br />
Heidelberg, P&R. 31 – cf. Salmos 2:6; Zacarias 9:9; Mateus<br />
21:5; Lucas 1:33; Mateus 28:18; João 10:28; Apocalipse<br />
12:10, 11). Como o Herdeiro real da nova criação, Ele nos<br />
levará a um reino de eterna luz e amor. Neste sentido,<br />
podemos concordar com João Calvino quando ele diz:<br />
“Nós podemos passar pacientemente por esta vida com<br />
sua miséria, frieza, desprezo, injúrias e outros problemas<br />
— satisfeitos com uma coisa: que o nosso Rei nunca nos<br />
deixará desamparados, mas suprirá as nossas<br />
necessidades, até que, ao terminar nossa luta, sejamos<br />
chamados para o triunfo”. Podemos crescer na vida cristã<br />
apenas se vivermos obedientemente sob o domínio de<br />
Cristo e pelo Seu poder.<br />
Se você é um filho de Deus, Cristo em seu tríplice ofício<br />
como Profeta, Sacerdote e Rei significará tudo para você.<br />
Você ama Solus Christus? Você o ama em Sua pessoa,<br />
ofícios, naturezas e benefícios? Ele é o Seu Profeta para<br />
ensinar-lhe, o Seu Sacerdote para sacrificar e interceder<br />
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por você e lhe abençoar, e o Seu Rei para governá-lo e<br />
guiá-lo?<br />
Depois de uma execução empolgante da Nona Sinfonia de<br />
Beethoven, o famoso maestro italiano Arturo Toscanini<br />
disse à orquestra: “Eu não sou nada. Você não é nada.<br />
Beethoven é tudo”. Se Toscanini pode dizer isso sobre um<br />
compositor brilhante, mas que está morto, quanto mais os<br />
cristãos, devem dizer o mesmo sobre o Salvador que vive,<br />
o qual, no que diz respeito à nossa salvação, é o<br />
compositor, músico e até mesmo a própria bela música.<br />
(3) SOLA GRATIA – SOMENTE A GRAÇA<br />
Sola Gratia é um do Cinco Solas propostos pelos<br />
reformadores para resumir as crenças fundamentais do<br />
cristianismo. Esta expressão latina significa: “Graça<br />
somente”, a ênfase se dava em razão da doutrina católica<br />
vigente de que as boas obras ajudariam na salvação do<br />
homem, e que tal ensino é diametralmente oposto do<br />
ensinamento Bíblico. Pois a Escritura afirma: “Não vem das<br />
obras para que ninguém se glorie” – Efésios 2:9, e o<br />
versículo anterior responde a “ordem” e motivo da salvação<br />
que tem fonte em seu doador – Deus “Porque pela graça<br />
sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós; é dom<br />
de Deus”. As boas obras em Si testificam de uma Fé<br />
genuína dada por Deus, sem contribuir em nada para<br />
salvação do homem.<br />
“As obras não contribuem em nada para a salvação do<br />
homem, mas o poder de Deus faz com que homens façam<br />
aquilo que jamais seriam capazes de fazer por uma graça<br />
dada de forma incondicional, e para gozarem pela fé<br />
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daquilo que jamais seriam capazes de realizar, pela<br />
pessoa e obra de Jesus o Cristo – foi realizado o<br />
cumprimento da justiça de Deus para salvação e resgate<br />
daqueles que não eram resgatáveis”. Por isso a salvação<br />
é pela graça de Deus e não por obras.<br />
“A Lei dizia: Faça e viva! – a graça diz: Viva e faça!”.<br />
A Igreja Romana ensinava que a graça de Deus era<br />
concedida ao crente à medida que ele cooperava com ela.<br />
Os reformadores se levantaram contra isso afirmando a<br />
verdade bíblica de que a graça é imerecida.<br />
Em momento algum, mesmo que realizando um ato de<br />
extrema bondade aos olhos dos homens, somos indignos<br />
de qualquer merecimento da parte de Deus – não<br />
merecemos absolutamente nada da parte de Deus, apenas<br />
a condenação pelos os nossos pecados. Afirmar que o<br />
homem coopera com a graça de Deus é buscar uma<br />
pregação centrada no homem e não em Deus, “porque<br />
Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar,<br />
segundo a Sua boa vontade” (Filipenses 2:13).<br />
Lembramos, ainda, das palavras de Paulo aos Romanos:<br />
“Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem<br />
corre, mas de usar Deus a sua misericórdia” (Romanos<br />
9:16).<br />
Mesmo no meio evangélico, por vezes, há o equívoco de<br />
se pregar uma graça divina submissa à vontade do homem.<br />
Dizem os pregadores que, pedindo com insistência,<br />
fazendo jejuns, “correntes”, e coisas parecidas, Deus vai<br />
responder ao que se está pedindo. Dificilmente se fala<br />
sobre a condição miserável do homem em sua natureza<br />
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pecaminosa e sua necessidade total da maravilhosa graça<br />
de Deus. Precisamos urgentemente reafirmar: Somente a<br />
graça.<br />
(4) SOLA FI<strong>DE</strong> – SOMENTE PELA FÉ<br />
Sola Fide é o ensinamento de que a justificação<br />
(interpretada na Teologia protestante como “sendo<br />
declarada apenas por Deus”) é recebida somente pela fé,<br />
sem qualquer interferência ou necessidade de boas obras,<br />
embora na Teologia protestante clássica, a fé salvadora é<br />
sempre evidenciada, mas não determinada, pelas boas<br />
obras. Alguns protestantes veem esta doutrina como sendo<br />
o resumo da fórmula “fé produz justificação e boas obras”<br />
e em contraste com a fórmula católica romana “fé e boas<br />
obras rendem justificação”. O argumento católico é<br />
baseado de forma equivocada na Epístola de Tiago (Tiago<br />
2:14 – 17).<br />
É importante a comparação do que católicos e protestantes<br />
entendem como “justificação”: ambos concordam que o<br />
termo invoca a comunicação dos méritos de Cristo para<br />
com os pecadores, e não uma declaração de ausência de<br />
pecado. Lutero usou a expressão “simul justus et peccator”<br />
(“ao mesmo tempo, justo e pecador”). O Catolicismo<br />
Romano vê a justificação como uma comunicação de vida<br />
de Deus ao ser humano, limpando-o do pecado e<br />
transformando-o realmente em filho de Deus, de modo que<br />
não é apenas uma declaração, mas a alma é tornada de<br />
fato objetivamente justa.<br />
A visão protestante da justificação é que ela é a obra de<br />
Deus através dos meios da graça. A fé é a justiça de Deus,<br />
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que é realizada em nós através da palavra e dos<br />
sacramentos. Lei e evangelho trabalham para matar o ego<br />
pecaminoso e para realizar a nova criação dentro de nós<br />
(Regeneração – novo nascimento). Esta nova criação<br />
dentro de nós é a fé de Cristo. Se não temos essa fé, então<br />
somos ímpios. Indulgências, ou orações não acrescentam<br />
nada e nada são. Todos possuem algum tipo de fé<br />
(geralmente a fé em si mesmos). Mas precisamos de Deus<br />
para destruir continuamente fé hipócrita e substituí-la com<br />
a vida de Cristo. Precisamos da fé que vem de Deus<br />
através da lei e do evangelho, palavra, obras e<br />
sacramentos. No documento fundador da Reforma, as 95<br />
teses, Lutero diz que:<br />
1 – Dizendo nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo:<br />
“Arrependei-vos [...]” – Mateus 4:17, certamente quer que<br />
toda a vida dos seus crentes na terra seja contínuo<br />
arrependimento.<br />
95 – E assim esperem mais entrar no Reino dos céus<br />
através de muitas tribulações do que facilitados diante de<br />
consolações infundadas. (Atos 14:22).<br />
A verdadeira distinção, portanto, entre as visões<br />
protestante e católica não é uma questão de “ser declarado<br />
justo” versus “ser feito justo”, mas sim o meio pelo qual um<br />
é justificado.<br />
Na Teologia católica obras de justiça são consideradas<br />
meritórias para a salvação além da fé, enquanto que na<br />
Teologia protestante, obras de justiça são vistos como o<br />
resultado e evidência de uma verdadeira justificação e<br />
regeneração que o crente recebeu somente pela fé. Os<br />
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meios eficazes reais pelos quais uma pessoa recebe a<br />
justificação são também uma divisão fundamental entre a<br />
crença católica e protestante. Na Teologia católica, o meio<br />
pelo qual a justificação é aplicada para a alma é o<br />
sacramento do batismo.<br />
No batismo, mesmo das crianças, a graça da justificação e<br />
santificação são “infundidas” na alma, tornando o<br />
destinatário justificado, mesmo antes que ele exerça sua<br />
própria fé (ou mesmo no caso de uma criança que é<br />
batizada, antes mesmo que ele tenha a capacidade de<br />
compreender conscientemente o Evangelho e responder<br />
com fé). Na Teologia católica, a fé não é um pré-requisito<br />
para a justificação. Para os católicos, a função do batismo<br />
é “ex operere operato” ou “por obra do ato”, e, portanto, é<br />
o ato eficaz e suficiente para trazer justificação. Na<br />
Teologia protestante, no entanto, é absolutamente<br />
necessária a fé do indivíduo e é por si mesma a resposta<br />
eficiente e suficiente do indivíduo para os efeitos da<br />
justificação.<br />
A doutrina Sola Fide é às vezes chamada de princípio<br />
formal e material da Teologia da Reforma, porque era a<br />
questão doutrinal central para Martinho Lutero e os outros<br />
reformadores. Lutero chamou de “doutrina pela qual a<br />
Igreja permanece ou cai – latim: “articulus stantis et<br />
cadentis ecclesiae”.<br />
A Igreja Romana não negou a necessidade da fé para a<br />
salvação. Porém, eles referiam-se a uma fé que, na<br />
verdade, era um mero consentimento ao ensino da Igreja.<br />
Não é essa a fé da qual fala bíblia. Os reformadores<br />
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demonstraram que a fé que traz a salvação é a confiança<br />
na promessa de Deus e Cristo de salvar pecadores.<br />
Somos tornados justos pelo sacrifício perfeito de Cristo,<br />
pois somente Ele é perfeitamente justo. A justiça de Cristo<br />
é imputada a nós pela fé. Não se trata de uma fé, que<br />
também seria “cooperativa”, mas da fé que nos é<br />
concedida por Deus: “Porque pela graça sois salvos,<br />
mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus”<br />
(Efésios 2:8). Como antes já citado.<br />
Devemos ter fé, mas é preciso esforço, empenho, pois<br />
podemos “cair da graça” de forma definitiva a sermos<br />
condenados, é o que dizem muitas pregações que não são<br />
sustentadas pela Escritura, de fato podemos “cair da<br />
graça” temporariamente, mas seremos salvos como eleitos<br />
de Deus pela fé em Cristo Jesus. A palavra de Deus nos<br />
ensina: Somente pela fé (em Cristo) seremos salvos,<br />
“Quem crer [...] será salvo” – Marcos 16:16.<br />
(5) SOLI <strong>DE</strong>O GLORIA – SOMENTE GLÓRIA A <strong>DE</strong>US<br />
“Pregar a Escritura é pregar a Cristo, pregar Cristo é pregar<br />
a cruz, pregar a cruz é pregar a graça, pregar a graça é<br />
pregar a justificação, pregar a justificação é atribuir o todo<br />
da salvação à glória de Deus e responder a essa Boa Nova<br />
em grata obediência por meio de nossa vocação no<br />
mundo”. (Michael Horton, “Os Solas da Reforma” in<br />
Reforma Hoje, Editora Cultura Cristã, 1999, pág. 124).<br />
Essa frase de Michael Horton resume bem o que<br />
representam os Solas da Reforma. Tudo resulta na glória<br />
de Deus. Toda a glória é devida ao Seu nome. Deus<br />
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evelou-se através das Escrituras, enviou Seu Filho para<br />
morrer no lugar de Seus escolhidos, concedendo, somente<br />
por Sua graça, a salvação pela fé. Os alcançados pela<br />
graça divina rendem louvores em espírito e em verdade ao<br />
Deus Todo-Poderoso.<br />
Devemos nos perguntar se reconhecemos de fato que<br />
somente Deus é digno de adoração. É isso que<br />
transparece em nossos cultos? Neles, exalta-se o nome de<br />
Deus, ou o “grande” pregador, o pastor que cura, e o<br />
conjunto musical? Os pregadores, em seus púlpitos, estão<br />
preocupados em render glória a Deus por meio de sua<br />
pregação ou somente em fornecer mensagens<br />
“confortadoras” ou intelectuais para o rebanho, servindo<br />
como um momento de “relaxamento”, vaidades e<br />
“descontração”? Devemos ter em mente que toda Glória<br />
deve ser dada Somente a Deus. Sola Gratia é o<br />
ensinamento de que salvação vem por graça divina ou<br />
“favor imerecido” apenas, e não como algo merecido pelo<br />
pecador. Isto significa que a salvação é um dom imerecido<br />
de Deus por causa de Jesus o Cristo.<br />
CONCLUSÃO<br />
A Reforma Protestante foi marcada por homens que<br />
decidiram seguir a Jesus, que fizeram de suas vidas um<br />
testemunho do que Deus pode fazer na vida de qualquer<br />
um de nós. Devemos estar dispostos a, assim como<br />
aqueles homens, defender as doutrinas principais da bíblia<br />
e proclamá-la em alto e bom som em amor e justiça.<br />
Que Deus nos conceda ousadia e coragem para<br />
anunciarmos a verdade de sua palavra àqueles que estão<br />
em caminhos tortuosos.<br />
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AMILENISMO<br />
“E lançou-o no abismo, e ali o encerrou, e pôs selo sobre<br />
ele, para que não mais engane as nações, até que os mil<br />
anos se acabem. E depois importa que seja solto por um<br />
pouco de tempo” – Apocalipse 20:3.<br />
Há dois tipos de amilenismo: (1) O Amilenismo Clássico<br />
que considera o Reino de Deus como sendo o domínio de<br />
Deus sobre os santos que estão nos céus, fazendo do<br />
Reino de Deus um reino celestial – o Reino dos Céus (B. B<br />
Warfield). (2) O Amilenismo Agostiniano, que também é o<br />
ponto de vista defendido pela Igreja Católica Romana,<br />
considera o cumprimento de todas as promessas do Antigo<br />
Testamento com respeito ao Reino, como sendo o reinado<br />
de Cristo do trono do Pai sobre a Igreja, que está na terra<br />
(Santo Agostinho).<br />
Esses dois pontos de vista são considerados ortodoxos,<br />
pois ainda defendem uma interpretação literal das<br />
doutrinas da ressurreição, do juízo, do castigo eterno, e<br />
outros temas relativos. O Amilenismo Modernista, no<br />
entanto, nega as doutrinas da ressurreição, do juízo, da<br />
segunda vinda, do castigo eterno, e outros assuntos<br />
relativos. O amilenismo romano produziu o sistema de<br />
purgatório, o limbo, e outras doutrinas não bíblicas. A<br />
ênfase será apenas no amilenismo ortodoxo.<br />
<strong>DE</strong>SCRIÇÃO E ORIGEM<br />
O Amilenismo Agostiniano ensina que não haverá um<br />
milênio de paz e justiça na terra antes do fim do mundo. Os<br />
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amilenistas crêem que haverá um crescimento contínuo de<br />
bem e mal no mundo que culminará na Segunda Vinda de<br />
Cristo quando os mortos serão ressuscitados e se<br />
processará o último julgamento. Os amilenistas crêem que<br />
o Reino de Deus está presente agora no mundo, enquanto<br />
o Cristo vitorioso governa Seu povo através de sua Palavra<br />
e Espírito. Este conceito de amilenismo recebe o nome<br />
agostiniano porque foi defendido por Agostinho de Hipona<br />
(354 – 430 d.C.). Inicialmente Agostinho era pré-milenista,<br />
mas abandonou esta posição “em vista do extremismo e<br />
carnalidade imoderada daqueles que sustentaram o prémilenismo<br />
em sua época”.<br />
Agostinho foi também influenciado por Ticônio “Ticonius”<br />
(370 – 390) e pelo método de interpretação alegórica de<br />
Orígenes (185 – 253). Durante os primeiros três séculos a<br />
interpretação pré-milenista dominou sobre a Igreja<br />
Primitiva, mas a partir do século IV o amilenismo ganhou<br />
força, principalmente porque a Igreja Cristã recebeu uma<br />
posição favorável do Imperador Constantino, que deu fim à<br />
perse-guição da Igreja. A “conversão” de Constantino e o<br />
reco-nhecimento político do cristianismo foram<br />
interpretados como o princípio do reino milenial sobre a<br />
terra. No Concí-lio de Éfeso, em 431, o pré-milenismo foi<br />
condenado como superstição. Embora o amilenismo tenha<br />
dominado na his-tória da Igreja por treze séculos (do século<br />
IV a XVII), especialmente porque tinha o respaldo dos<br />
Reformadores, o pré-milenismo continuou a existir e a ser<br />
defendido por certos grupos de crentes.<br />
Durante o século XIX o pré-milenismo atraiu novamente a<br />
atenção. Este interesse foi nutrido pelo violento transtorno<br />
das instituições políticas e sociais europeias na época da<br />
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Revolução Francesa. O Amilenismo Agostiniano angariou<br />
expressão no seio da Igreja, dominando por treze séculos.<br />
Ainda hoje o Amilenismo Agostiniano encontra adeptos em<br />
todas as denominações religiosas.<br />
O Dr. Pentecost (1915 – 2004) alista sete razões porque o<br />
Amilenismo Agostiniano é tão popularmente aceito: (1) É<br />
um sistema inclusivo, que pode abraçar todas as esferas<br />
de pensamento teológico: protestante modernista, protestante<br />
ortodoxo e católico romano. (2) Com exceção do prémilenismo,<br />
é a teoria relativa ao milênio mais antiga; e,<br />
portanto, tem a proteção ou a cobertura da antiguidade<br />
sobre ela. (3) Tem o selo da ortodoxia, porquanto foi o sistema<br />
adotado pelos reformadores e chegou a ser o fundamento<br />
de muitas declarações de fé. (4) Se conforma com<br />
o eclesiasticismo moderno, que tem acampado na igreja<br />
visível que é, para o amilenismo, o centro de todo o<br />
programa de Deus. (5) Apresenta um simples sistema escatológico,<br />
com uma somente ressurreição, um juízo, e<br />
muito pouco programa profético futuro. (6) Se conforma<br />
facilmen-te com as pressuposições da chamada “teologia<br />
do pacto”. (7) Atrai a muitos por ser uma interpretação<br />
“espiritual” da Escritura, em vez de ser uma interpretação<br />
literal, a qual seria um “conceito carnal” do milênio.<br />
APOIO DO NOVO TESTAMENTO<br />
Notamos nesta definição que o termo amilenismo é infeliz,<br />
pois sugere que os amilenistas não crêem em qualquer tipo<br />
de milênio. É verdade que os amilenistas agostinianos<br />
rejeitam a idéia de um reino terreno literal de mil anos que<br />
se seguirá ao retorno de Cristo, mas também é verdade<br />
que eles crêem que o milênio de Apocalipse 20 não é ex-<br />
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clusivamente futuro, mas está em processo de realização<br />
hoje, não literalmente, mas de forma espiritual. Cristo reina<br />
hoje na terra, através da Igreja, pois os amilenistas crêem<br />
que o reino de Deus está no seio da Igreja.<br />
“Certa vez, tendo sido interrogado pelos fariseus sobre<br />
quando viria o Reino de Deus, Jesus respondeu: O Reino<br />
de Deus não vem de modo visível, nem se dirá: Aqui está<br />
ele, ou Lá está; porque o Reino de Deus está entre vocês”<br />
– Lucas 17:20, 21.<br />
Os amilenistas crêem que os crentes já reinam com Cristo<br />
no presente, pois Ele “nos constituiu reino, sacerdotes para<br />
o seu Deus e Pai” (Apocalipse 1:6). A Igreja de Cristo é<br />
“sacerdócio real” (1 Pedro 2:9), e nessa qualidade reina,<br />
expandindo o Reino de Deus no mundo, através da<br />
proclamação “das virtudes daquele que vos chamou das<br />
trevas para a sua maravilhosa luz”. Para os Amilenistas<br />
Agostinianos o Reino de Deus prometido ao povo de Israel,<br />
foi transferido para a Igreja (Mateus 25:42, 43), porque<br />
Israel rejeitou o seu Messias. Por causa disso a Igreja<br />
agora é o novo “Israel de Deus” (Gálatas 6:16).<br />
Os amilenistas crêem na expansão do evangelho, porque<br />
acreditam que Apocalipse 20:3 já se cumpriu. Para eles<br />
Satanás está preso agora. Figueredo citando Agostinho diz<br />
que em sua exegese concluiu que Cristo o prendeu na sua<br />
1ª vinda, Ele “manietou o valente” (Mateus 12:26 – 29),<br />
desfez as obras dele (1 João 3:8), aniquilou-o na cruz (Hebreus<br />
2:14) e triunfou dele na cruz (Colossenses 2:15).<br />
Expulsou e julgou o príncipe deste mundo (João 12:31;<br />
16:11). Em Lucas 10:17,18 ele é “lançado à terra” quando<br />
os discípulos pregavam.<br />
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Para explicar a ação de Satanás na presente era Figueredo<br />
explica que a palavra “preso” (ἔκλεισεν – ekleisen) usado<br />
em Apocalipse 20:3 não significa inativo, mas apenas<br />
limitado. “Sua prisão, cremos, é relacionada com o<br />
impedimento de sua ação contra a Igreja (Mateus 18:16 –<br />
18), ele não pode impedir o avanço da Igreja e do<br />
Evangelho”.<br />
Figueredo prossegue dizendo que esta limitação de<br />
Satanás terá fim, quando ele for solto novamente, fato que<br />
será concomitante com a grande tribulação (Mateus<br />
24:29,30) e com a apostasia (2 Tessalonicenses 2:8).<br />
Depois o Senhor descerá do céu e destruirá o Anticristo.<br />
“Então se seguirão o novo céu e a nova terra, onde os<br />
salvos reinarão, não apenas por mil anos, mas para<br />
sempre”. (cf. NOTA).<br />
“O Dr. Russel Shedd informa que Agostinho interpretou a<br />
prisão de Satanás à maneira da Escatologia Realizada de<br />
Dodd. Shedd diz que para Agostinho, Marcos 3:27 continha<br />
a chave da compreensão certa do milênio, explicou este<br />
verso assim: ninguém poderá entrar na casa do poderoso<br />
e tomar os seus bens sem primeiramente amarrá-lo. O<br />
homem forte era Satanás.<br />
Seus bens são os cristãos (antes da conversão) que<br />
estavam sob o seu domínio. Cristo o dominou, amarrandoo<br />
e segurando-o durante todo o período entre a primeira e<br />
a segunda vinda. No fim desta época Satanás será posto<br />
em liberdade para testar a Igreja. Em seguida será<br />
absolutamente dominado, iniciando a era eterna” – NOTA.<br />
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O Amilenismo Agostiniano, portanto, prevê o completo<br />
domínio do bem sobre o mal, através da pregação do<br />
evangelho. À medida que o Reino de Deus está sendo<br />
expandido na terra, através da Igreja, a situação do mundo<br />
vai melhorando.<br />
AS DUAS RESSURREIÇÕES<br />
A interpretação que se dá as duas ressurreições<br />
mencionadas em Apocalipse 20:4 – 6 direcionam para uma<br />
das posições escatológicas existentes. Aqueles que<br />
interpretam as duas ressurreições como sendo ambas<br />
corporais, ocorridas interpoladamente entre um período de<br />
mil anos, inclinam-se para o pré-milenismo. Os que<br />
defendem ser a primeira ressurreição, uma ressurreição<br />
espiritual, e a segunda uma ressurreição corporal, adotam<br />
o amilenismo ou o pós-milenismo.<br />
Os amilenistas, tanto quanto os pós-milenistas, alegam<br />
que as pessoas mencionadas em Apocalipse 20:4 que<br />
“viveram e reinaram com Cristo durante mil anos”<br />
passaram por uma ressurreição espiritual, ocorrida no novo<br />
nascimento, e agora reinam espiritualmente com Cristo.<br />
Para fundamentar esta interpretação apelam para a<br />
exegese do texto. Afirmam que o verbo grego “ἔζησαν”<br />
(ezēsan que significa viver, ter vida verdadeira, ser ativo,<br />
abençoado, eterno no reino de Deus) aplica-se tanto a uma<br />
ressurreição espiritual, da alma, como a uma ressurreição<br />
literal, do corpo. Aqui em Apocalipse 20 o “viveram” do<br />
versículo 4 faz referência à uma ressurreição espiritual,<br />
enquanto que o “reviveram” (ἔζησαν) do versículo 5 se<br />
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efere a uma única ressurreição corporal, tanto dos salvos<br />
quanto dos perdidos.<br />
Para dar amparo à interpretação espiritual, citam outras<br />
passagens do Novo Testamento onde o mesmo verbo<br />
grego é utilizado com esse sentido. Em João 5:21 é usado<br />
o verbo grego “ζωοποιεῖ” (zōopoiei) significa fazer viver, dar<br />
vida) com sentido espiritual. Este mesmo verbo é usado em<br />
1 Coríntios 15:22, 36, 45; 2 Coríntios 3:6; 1 Pedro 3:18;<br />
Romanos 4:17. Efésios 2:1 – 6 também dá apoio a uma<br />
ressurreição espiritual. Mas a passagem de maior<br />
expressão, mencionada pelos alegoristas, para comprovar<br />
a ocorrência de uma ressurreição espiritual e outra física<br />
no mesmo contexto, encontra-se em João 5:25 – 29 “Em<br />
verdade, em verdade vos digo, que vem a hora, e já<br />
chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus;<br />
e os que ouvirem viverão (“ζήσουσιν – zēsousin”) [...] Não<br />
vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os<br />
que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão – os<br />
que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida: E os<br />
que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo”.<br />
O Dr. Ladd diz que “aqui há primeiramente uma<br />
ressurreição espiritual, seguida por uma ressurreição física<br />
escatológica. Intérpretes amilenistas argumentam que<br />
Apocalipse 20 deveria ser interpretado de forma análoga a<br />
João 5.<br />
Para o grupo dos que vivem a hora já chegou. Isto deixa<br />
claro que a referência é aos que estão espiritualmente<br />
mortos e entram na vida ouvindo a voz do Filho de Deus.<br />
O outro grupo (todos), são os que se acham nos túmulos,<br />
são tanto aqueles que estão espiritualmente mortos, como<br />
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aqueles que vivem e já tiveram parte na primeira<br />
ressurreição. Ambos serão trazidos à vida,<br />
simultaneamente, uns para a ressurreição da vida e outros<br />
para a ressurreição do juízo. “Desse modo fica claro que o<br />
texto está falando de dois tipos de “viver”: uma ressurreição<br />
espiritual no presente e uma ressurreição física no futuro”.<br />
PROFECIAS DO ANTIGO TESTAMENTO<br />
Um dos principais argumentos dos amilenistas para a<br />
interpretação das profecias do Antigo Testamento acerca<br />
dos últimos tempos é que as profecias do Antigo<br />
Testamento acerca da primeira vinda de Jesus cumpriramse<br />
espiritualmente.<br />
A hermenêutica adotada pelos amilenistas, para as<br />
profecias, é o método alegórico de interpretação. Para os<br />
amilenistas o conteúdo histórico da Bíblia deve ser<br />
entendido literalmente; o material doutrinário também deve<br />
ser interpretado desta maneira; a informação moral e<br />
espiritual, do mesmo modo, segue este padrão, entretanto,<br />
o material profético deve ser interpretado alegoricamente.<br />
Os defensores do amilenismo argumentam que há<br />
diversas profecias, no Antigo Testamento, acerca da<br />
primeira vinda de Jesus, que se cumpriram<br />
espiritualmente. Como exemplo, podemos citar uma<br />
profecia de Oséias onde lemos: “Quando Israel era<br />
menino, eu o amei; e do Egito chamei o meu filho” (Oséias<br />
11:1). Esta afirmação histórica que Deus chamou Israel do<br />
Egito no Êxodo foi aplicada espiritualmente, no Novo<br />
Testamento, a Jesus Cristo, em Mateus 2:15.<br />
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“[...] para que se cumprisse o que foi dito da parte do<br />
Senhor pelo profeta, que diz: Do Egito chamei o meu Filho”.<br />
Outro exemplo citado pelos exegetas amilenistas é a<br />
profecia de Isaías 53:5, 6. Em seu contexto, no Antigo<br />
Testamento, esta passagem não é uma profecia do<br />
Messias, mas sim um servo anônimo, pois o servo sofredor<br />
nunca é chamado de Messias. Muitas passagens<br />
identificam o servo sofredor com o próprio povo de Israel<br />
(Isaías 45:3; 49:3 – 5; 52:13). Entretanto os escritores do<br />
Novo Testamento aplicaram o texto de Isaías 53:5, 6 a<br />
Jesus Cristo (Ma-teus 8:17; Atos 8:30 – 35). Portanto à luz<br />
do Novo Testamento o servo sofredor é ao mesmo tempo<br />
Israel e o seu Messias. Nota-se o princípio da interpretação<br />
espiritual aplicável ao texto.<br />
Vemos este mesmo princípio aplicado à Igreja (Oséias 1:9,<br />
10; 2:23 em Romanos 9:25, 26; Jeremias 31:33, 34 em<br />
Hebreus 8:8 – 12) como também em relação a João Batista<br />
(Malaquias 3:1; 4:5 em Mateus 11:13, 14; 17:11, 12).<br />
Assim, dentro da perspectiva amilenista “o que une o<br />
Antigo e o Novo Testamento é a unidade do pacto da<br />
graça. Os amilenistas não crêem que a história deve ser<br />
dividida em uma série de dispensações distintas e<br />
discrepantes, mas veem um único pacto da graça que<br />
percorre toda a história. Este pacto da graça ainda está em<br />
efeito hoje, e culminará na convivência eterna de Deus e<br />
seu povo redimido na nova terra”.<br />
O Dr. J. Dwight Pentecost, em sua obra Eventos do Porvir<br />
explica as implicações da teologia do pacto “Considera<br />
todo o programa de Deus como um programa redentor de<br />
maneira que todas as eras são variações na revelação<br />
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progressiva do pacto da redenção. No que se refere à<br />
escatologia, considera que todos os santos de todas as<br />
eras são membros da Igreja. Isto perde de vista todas as<br />
distinções que há entre o programa que Deus tem para<br />
Israel e que tem para a Igreja, e requer a negação do<br />
ensino da Escritura de que a Igreja é um mistério, não<br />
revelado até a era presente”.<br />
Vejamos ainda mais dois exemplos de passagens<br />
proféticas do Antigo Testamento, que são interpretadas<br />
como sendo a descrição do reino milenial. O amilenista<br />
Anthony A. Hoekema dá a sua interpretação. A primeira<br />
está em Isaías 11:6 – 9 onde lemos que “o lobo habitará<br />
com o cordeiro, e o leopardo se deitará junto ao cabrito”<br />
Hoekema argumenta que “no fim dos tempos haverá uma<br />
nova terra (por exemplo, Isaías 65:17; 66:22; Apocalipse<br />
21:1). Por que não podemos entender os detalhes que<br />
encontramos nestes versos como descrições da vida na<br />
nova terra? Por que temos de pensar nestas palavras como<br />
se tivessem aplicação apenas a um período de mil anos<br />
precedendo a nova terra?”.<br />
A outra passagem que Hoekema faz referência é Isaías<br />
65:17 – 25. Ele argumenta que o verso 18 chama o leitor a<br />
exultar “perpetuamente” não apenas por mil anos nos novos<br />
céus e nova terra que acabaram de ser descritos.<br />
Isaías não está falando aqui de uma novidade para durar<br />
apenas mil anos, mas uma novidade eterna.<br />
AMILENISMO CLÁSSICO – <strong>DE</strong>SCRIÇÃO<br />
Contrariando o amilenismo agostiniano, o amilenismo<br />
clássico não defende um futuro tão otimista para a<br />
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humanidade. Para eles a presente era vai piorando cada<br />
vez mais até a Segunda Vinda de Cristo, o qual virá para<br />
dar fim a apostasia. Isto acontece porque este tipo de<br />
amilenismo ensina que o milênio mencionado em<br />
Apocalipse 20 é distinto da era da Igreja, mesmo que<br />
preceda ao Segundo Advento. Esta posição parece ter<br />
surgido, como uma tendência alternativa, em substituição<br />
ao Amilenismo Agostiniano, para explicar a realidade de<br />
que o mundo não vai melhorar, mesmo diante da pregação<br />
do evangelho. Pelo contrário, perpetua-se a incredulidade,<br />
o pecado e a rejeição de Cristo.<br />
Desse modo os amilenistas clássicos asseveram que o<br />
milênio não é tanto um período de tempo, mas sim de um<br />
estado de bem-aventurança dos santos nos céus.<br />
Pentecost citando mais uma vez o pré-milenista John F.<br />
Walvoord (1910 – 2002), que por sua vez cita o amilenista<br />
B. B. Warfield (1851 – 1921) escreve, com a reconhecida<br />
ajuda de Theodor Kliefoth (1810 – 1895), define o milênio<br />
com estas palavras:<br />
“A visão, em poucas palavras, é uma visão da paz<br />
daqueles que estão mortos no Senhor, e Sua mensagem<br />
para nós está incorporada nas palavras de Apocalipse<br />
14:13: Bem-aventurados de agora em diante os que<br />
morrem no Senhor, passagem da qual a era presente é em<br />
verdade somente uma aplicação.<br />
O quadro que se nos apresenta aqui é, enfim, o quadro do<br />
estado intermediário dos santos de Deus reunidos no céu,<br />
longe do ruído confuso e das vestes banhadas em sangue<br />
que simbolizam a guerra sobre a terra, para que eles<br />
possam aguardar com segurança o fim”.<br />
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Para os amilenistas clássicos o Reino de Deus é o Reino<br />
dos Céus, e este foi inaugurado na 1ª vinda de Jesus “Se,<br />
porém, eu expulso os demônios pelo dedo de Deus, certamente<br />
é chegado o reino de Deus sobre vós”. (Lucas<br />
11:20). Outro versículo usado para defender o amilenismo<br />
encontra-se naquela passagem quando Jesus enviou seus<br />
discípulos para pregarem o Reino de Deus aos seus<br />
compatriotas judeus, “anunciai-lhes: a vós outros está<br />
próximo o reino de Deus”. (Lucas 10:9). Desse modo, o<br />
reino prometido a Israel foi transferido para a Igreja<br />
(Mateus 21:43).<br />
Cristo reina nos céus agora. Enquanto Ele reina, o<br />
evangelho será pregado na terra, até que seja divulgado a<br />
todas as nações (Mateus 24:14). O evangelho, porém, será<br />
rejeitado, pois os homens “não suportarão a sã doutrina” (2<br />
Timóteos 4:3), a iniquidade se multiplicará e os crentes se<br />
esfriarão “E, por multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará<br />
de quase todos”. (Mateus 24:12).<br />
Nos últimos tempos “sobrevirão tempos difíceis” (2 Timóteo<br />
3:1), e por isso, surgirão doutrinas de demônios, para as<br />
quais “alguns apostatarão da fé” (1 Timóteo 4:1). Nesse<br />
estado caótico Jesus voltará “quando vier o Filho do<br />
Homem, achará porventura fé na terra?” – Lucas 18:8. Em<br />
sua segunda vinda julgará os povos, separará o trigo do<br />
joio, e criará os novos céus e a nova terra. É nesta nova<br />
terra que o reino dos céus será implantado.<br />
Interpretação de Apocalipse.<br />
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O sistema de interpretação do livro de Apocalipse é o<br />
mesmo adotado pelo pós-milenismo, conhecido como<br />
paralelismo progressivo, que foi defendido por William<br />
Hendriksen (1900 – 1982), em seu livro: “More Than<br />
Conquerors” (Mais do que vencedores: uma interpretação<br />
do livro do Apocalipse). Este método de interpretação<br />
divide o livro de apocalipse em seções, geralmente sete,<br />
“cada uma das quais recapitula os eventos do mesmo<br />
período ao invés de descrever os eventos de períodos<br />
sucessivos. Cada uma delas trata da mesma era – o<br />
período entre a primeira e a segunda vinda de Cristo –<br />
retomando temas anteriores, elaborando-os e<br />
desenvolvendo-os ainda mais. Apocalipse 20, portanto,<br />
não fala de eventos muitos removidos para o futuro, e o<br />
significado dos mil anos deve ser achado nalgum fato<br />
passado e/ou presente”.<br />
Anthony Andrew Hoekema (1913 – 1988) utilizando-se do<br />
paralelismo progressivo interpreta Apocalipse como segue:<br />
A primeira destas seções está nos capítulos 1 a 3. [...]<br />
Conforme lemos estas cartas (dirigidas às sete Igrejas)<br />
somos impressionados por duas coisas. Primeiramente, há<br />
referência a eventos, pessoas e lugares da época em que<br />
o livro de Apocalipse foi escrito. Em segundo lugar, os<br />
princípios, recomendações e avisos contidos nestas cartas<br />
valem para a Igreja de todos os tempos.<br />
A segunda destas seções é a visão dos sete selos que se<br />
encontra nos capítulos 4 a 7. [...] Nesta visão vemos a<br />
igreja sofrendo provas e perseguições sobre o pano de<br />
fundo da vitória de Cristo.<br />
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A terceira seção, nos capítulos 8 a 11, descreve as sete<br />
trombetas de julgamento. Nessa visão vemos a Igreja<br />
vingada, protegida e vitoriosa.<br />
A quarta seção, capítulos 12 a 14, começa com a visão da<br />
mulher dando à luz um filho enquanto o dragão espera para<br />
devorá-lo logo que ele nasça – uma referência óbvia ao<br />
nascimento de Cristo.<br />
A quinta seção encontra-se nos capítulos 15 e 16.<br />
Descrevem as sete taças da ira, representando desta<br />
forma de maneira bem vívida a visitação final da ira de<br />
Deus sobre os que permanecem impenitentes.<br />
A sexta seção, capítulos 17 a 19, descreve a queda da<br />
Babilônia e das bestas. Babilônia representa a cidade do<br />
mundo –, as forças do secularismo e impiedade que se<br />
opõem ao reino de Deus.<br />
A sétima seção, narra o fim do dragão, descreve o juízo, o<br />
triunfo final de Cristo e Sua Igreja e o universo restaurado,<br />
chamado aqui de os novos céus e nova terra. Observe que<br />
apesar destas seções serem paralelas entre si, revelam<br />
também um certo grau de progressão escatológica. A<br />
última seção, por exemplo, leva-nos mais além para o<br />
futuro que as outras.<br />
Apesar do juízo final já ter sido anunciado em (1:7), e<br />
brevemente descrito em (6:12 – 17), não é apresentado<br />
detalhadamente senão quando chegamos a (20:11 – 15).<br />
Apesar do gozo final dos redimidos já ter sido insinuado em<br />
(7:15 – 17), não encontramos uma descrição detalhada e<br />
elaborada da bênção da vida na nova terra senão quando<br />
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chegamos ao capítulo 21 (21:1; 22:5). Por esta razão, este<br />
método de interpretação é chamado paralelismo<br />
progressivo.<br />
CONCLUSÃO<br />
Acredito ser essa a posição escatológica menos<br />
complicada, esse texto fez a exposição resumida da<br />
posição amilenista, para a maioria dos cristãos que sequer<br />
tem uma posição escatológica bem definida acerca do<br />
futuro da Igreja, segue a explicação da escatologia,<br />
infelizmente não há exposição acerca desse assunto<br />
atualmente, espero ter ajudado a esclarecer a esse<br />
assunto de difícil compreensão por muitos cristãos. O<br />
presente estudo não tem a pretensão de esgotar o assunto,<br />
pois quando se trata de profecias não há ninguém neste<br />
mundo com autoridade vinda de Deus, para explicar, sem<br />
margens de erros, os acontecimentos futuros. A profecia<br />
está selada. É verdade que “O Senhor Deus não fará coisa<br />
alguma, sem primeiro revelar o seu segredo aos seus<br />
servos, os profetas” (Amós 3:7; cf. Gênesis 18:17).<br />
Também é verdade que as coisas reveladas “pertencem a<br />
nós e a nossos filhos para sempre...” (Deuteronômio<br />
29:29b). Porém “[...] as coisas enco-bertas pertencem ao<br />
Senhor nosso Deus [...]” (Deuteronômio 29:29a), e “Não<br />
nos compete conhecer os tempos ou épocas que o Pai<br />
reservou para a sua exclusiva autoridade” (Atos 1:7).<br />
Devemos nos lembrar das palavras de Jesus: “[...] a<br />
respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos<br />
dos céus, nem o Filho, senão somente o Pai” (Mateus<br />
24:36).<br />
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Com estas coisas em mente, devemos percorrer o caminho<br />
das profecias com muito cuidado e humildade. Porém, não<br />
devemos nos desanimar, acreditando, como afirmam<br />
alguns, que é impossível conhecermos os tempos e<br />
épocas profetizadas. É claro que não ousaríamos<br />
descrever os detalhes das profecias, pois estes a Deus<br />
pertencem, mas a nós foi dado o privilégio e também o<br />
dever de estudá-las “[...] para que cumpramos todas as<br />
palavras desta lei” (Deuteronômio 29:29).<br />
Portanto ao nos dirigirmos às profecias, como crentes, é<br />
nosso dever decidir qual sistema hermenêutico que vamos<br />
adotar, se é amilenismo, pós-milenismo ou pré-milenismo.<br />
Entretanto não devemos fazê-lo com arrogância, achando<br />
que somos infalíveis. Deus só revela seus segredos<br />
àqueles que se humilham perante Ele (1 Pedro 5:5).<br />
Quando fizermos nossas escolhas não devemos desprezar<br />
nossos irmãos em Cristo que adotam sistemas diferentes.<br />
Portanto, cabe aqui o velho, mas bem apropriado axioma<br />
(provérbio) cristão:<br />
“Unidade no essencial, tolerância no secundário, e<br />
amor em tudo!”.<br />
Não devemos contender com nossos irmãos de opiniões<br />
diferentes, sobre questões que somente a Deus compete<br />
decidir. Podemos presumir, mas não somos infalíveis. “E<br />
esperemos pela volta de nosso Senhor Jesus Cristo para<br />
reinarmos com Ele eternamente” Amém.<br />
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O MILÊNIO<br />
“Vi descer do céu um anjo que trazia na mão a chave do<br />
abismo e uma grande corrente” – Apocalipse 20:1.<br />
Reflexão Exegética – Apocalipse 20:1 – 3.<br />
A visão começa com um conhecido “vi” (Καὶ εἶδον – Kai<br />
eidon) que indica uma nova visão em vez de uma<br />
sequência cronológica de eventos.<br />
“Então vi” (Kai eidon; lit., “e eu vi”) é usada trinta vezes no<br />
Apocalipse para introduzir uma nova narrativa visual, ou<br />
como aqui, para dar sentido a uma nova cena dentro de<br />
uma visão continuada, ou para ressaltar uma figura<br />
importante ou ação dentro de uma narrativa visual.<br />
Outra vez, João vê “um anjo descendo dos céus” (cf.10:1;<br />
18:11) com autoridade para o cumprir os propósitos de<br />
Deus. “A chave do abismo” foi usada anteriormente na<br />
narrativa para abrir o poço e liberar uma praga de<br />
gafanhotos (cf. 9:1 – 11). Em Apocalipse as chaves (1:18;<br />
3:7; 9:1; 20:1) são símbolos do julgamento de Deus e de<br />
seu poder sobre Satanás. Aqui é usada para encarcerar<br />
Satanás (v. 3). A “grande corrente” (ἅλυσιν – halysin; lit.<br />
“corrente” ou “algema”) necessária para um adversário tão<br />
formidável está “na” sua “mão” pronta para ser usada.<br />
O Anjo toma o “dragão” que foi introduzido anteriormente<br />
(12:3, 4, 7, 9, 13, 16, 17; 13:2 e 4) e aqui é identificado<br />
como “a antiga serpente”, o “diabo” e “Satanás” (cf. 12:9).<br />
O verbo (ἐκράτησεν – ekratēsen – “κρατεω – krateo”<br />
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significa literalmente agarrar alguém a fim de mantê-lo sob<br />
domínio) inclui a ideia de dominação e controle. Isso<br />
combina com prisão (δεω – deo), assim como a prisão de<br />
João Batista (Marcos 6:17). Prender Satanás ou demônios<br />
era uma metáfora comum nos escritos judeus (por<br />
exemplo, 1 Enoque 10:4; 11:12; Jubileu 5:6; 2 Enoque 7:2;<br />
2 Baruque 56:13) “Naquele tempo eles que agiu como este<br />
eram atormentados em cadeias” – 2 Baruque 56:13. (At<br />
that time they who acted like this were tormented in chains)<br />
muito embora apenas aqui o período de tempo de “mil<br />
anos” seja designado.<br />
Uma vez que o Diabo foi preso e acorrentado, ele jogado<br />
“no abismo” (ἄβυσσον – abysson – Abismo que significa a<br />
profundidade imensurável, de Orco, um golfo muito<br />
profundo ou uma fenda nas partes mais profundas da terra<br />
usado como o receptáculo comum dos mortos e<br />
especialmente como a habitação dos demônios) que é<br />
trancado com a “chave” (κλεῖν – Klein no N.T., denota poder<br />
e autoridade. (cf. Lucas 11:52; Mateus 16:19; Apocalipse<br />
1:18; 3:7; 9:1; Isaías 22:22) do anjo (20:1). Selar a serpente<br />
no e insondável abismo a impede de enganar ainda mais<br />
“as nações” (eti) conforme fez no Jardim do Éden (Gênesis<br />
3:1; cf. também Gênesis 3:15) e durante seu tempo na terra<br />
(cf. Apocalipse 12:9 e 12).<br />
Contudo, a influência de Satanás não acabou. No fim “dos<br />
mil anos” [...] Ele deve (dei) “ser solto”. O uso de “dei”<br />
sugere permissão Divina (cf. 1:1; 4:1; 10:11; 11:5; 13:10;<br />
17:10; 22:6). Essa liberdade descrita em Apocalipse 20:7 –<br />
10 dura apenas “um curto período de tempo” (μικρὸν<br />
χρόνον – mikron chronon) literalmente “um pouco de<br />
tempo”.<br />
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No início da narrativa, sua falta de tempo na terra encheu<br />
Satanás de fúria (Apocalipse 12:12). Alguns equiparam o<br />
tempo aos três anos e meio de opressão da quarta besta<br />
de Daniel 7:25; 8:14; 9:27).<br />
Agostinho especula que a razão pela qual Satanás deve<br />
ser solto é para que todos possam ver o poder dentro do<br />
adversário de Deus, mas isso não encontra indicação nas<br />
escrituras e conjecturar é infrutífero. A humildade também<br />
ocorre em prol da interpretação do milênio, uma vez que<br />
textos comprobatórios podem ser juntados para<br />
posicionamentos díspares e a argumentação a favor de um<br />
ponto de vista em detrimento de outro é sempre baseada<br />
nos posicionamentos hermenêuticos mais abrangentes e<br />
preconceitos teológicos. O assunto é complexo e tem<br />
ocupado intérpretes por toda história da interpretação<br />
bíblica, incluindo os da Igreja Primitiva.<br />
Aplicação por Anthony A. Hoekema.<br />
Concordo que Apocalipse 19:11 – 16 descreve a Segunda<br />
Vinda de Cristo. Mas não concordo que o que é descrito no<br />
capítulo 20 segue-se necessariamente de forma<br />
cronológica ao que é descrito no capítulo 19, da mesma<br />
forma que o que é descrito no capítulo 12 (o nascimento do<br />
filho varão) ao que é descrito nos últimos versos do capítulo<br />
11 (o julgamento dos mortos e a entrega de recompensas<br />
aos santos).<br />
Concentrando-me em Apocalipse 20:1 – 6, devo admitir<br />
que a interpretação de Ladd (George Eldon Ladd ) destes<br />
versos faz sentido e é coerente com a interpretação que<br />
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ele adotou ao relacionamento entre os capítulos 19 e 20.<br />
Não tenho dificuldades em reconhecer sua exegese desta<br />
passagem como uma opção válida para os evangélicos, e<br />
gosto da maneira cuidadosa e lúcida, própria de um<br />
estudioso, em que ele expõe seus pontos de vista.<br />
Mas discordamos, realmente, em nossa interpretação<br />
desta passagem. Confio, porém, que ele e os outros que<br />
partilham de seus pontos de vista estejam prontos a<br />
reconhecer que minha interpretação não vem de uma<br />
abordagem liberal da escritura nem de um arrogante<br />
abandono do texto, mas de um modo diferente de entender<br />
as palavras que estão diante de nós.<br />
Discordo quanto aos seguintes quatro assuntos:<br />
Primeiramente, Ladd não nos diz muita coisa do<br />
acorrentamento de Satanás descrito nos versos 1 a 3. Ele<br />
não diz exatamente o que pensa significar o<br />
acorrentamento nem mostra com precisão o que entende<br />
por “não mais engane as nações”. Ele não relaciona o<br />
acorrentamento de Satanás mencionado aqui com as<br />
passagens nos Evangelhos que falam de tal<br />
acorrentamento como tendo começado já no tempo da<br />
primeira vinda de Cristo. Tentei mostrar que é possível<br />
entender-se o acorrentamento de Satanás em Apocalipse<br />
20:1 – 3 como significando que Satanás não pode impedir<br />
a propagação do Evangelho durante a presente era, não<br />
pode reunir os inimigos de Cristo para atacar a igreja, e que<br />
esse acorrentamento acontece durante toda a era da igreja<br />
do Novo Testamento.<br />
Em segundo lugar, Ladd traduz a palavra grega “ezesan”,<br />
em ambas as suas ocorrências nesta passagem, por<br />
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“tornaram à vida”. Esta é, confirmada, uma tradução<br />
possível.<br />
Outra tradução igualmente possível, porém, é como faz a<br />
American Standard Version (Nota do tradutor: assim como<br />
as versões mais utilizadas em português): “viveram”.<br />
Em terceiro lugar, Ladd interpreta “ezesan” em ambos os<br />
casos como ressurreição física. Concordo com ele que a<br />
palavra precisa ter o mesmo significado as duas vezes que<br />
é utilizada, e que é uma exegese irresponsável dar um<br />
significado à primeira ocorrência da palavra e outro à<br />
segunda. Porém, entendo a palavra como é utilizada aqui<br />
com o significado não de regeneração, mas transição da<br />
morte física para a vida com Cristo no Céu durante o<br />
período entre a morte e a ressurreição. Os crentes<br />
falecidos tomam parte nessa vida, mas os incrédulos não.<br />
Ladd entende “ezesan” nos versos 4 e 5 como o significado<br />
de ressurreição física em ambos os casos. Para apoiar<br />
essa interpretação ele indica duas outras passagens no<br />
livro de Apocalipse onde “ezesan” tem este significado: 2:8<br />
e 13:14. Concordo com ele sobre 2:8, mas não 13:14. A<br />
segunda passagem fala da besta...<br />
“[...] que recebera a ferida da espada e vivia”.<br />
Ladd comenta que a ferida foi “ferida mortal”, ou ferida que<br />
levou à morte, e que “vivia” aqui, portanto, significa<br />
ressurreto dentre os mortos. Mas o verso 3, a que se refere,<br />
não diz que a besta morreu, mas que uma de suas cabeças<br />
foi [...], como ferida de morte, e a sua chaga mortal foi<br />
curada”.<br />
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A palavra grega “hõs” usada aqui diz-nos que a besta não<br />
foi morta, mas apenas pareceu ter sido morta. Por esta<br />
razão creio que “vive”, no verso 14, não pode significar<br />
ressurreição física. Há, no entanto, outros usos do verbo<br />
“zao” (de onde vem “ezesan”) no livro de Apocalipse que<br />
não tem o significado de ressurreição física. Em 7:2 e 15:7,<br />
por exemplo, a palavra é usada para descrever o fato que<br />
Deus vive para sempre; em 3:1 é usada para descrever o<br />
que poderíamos chamar de uma vida espiritual:<br />
“[...] tens nome de que vives, e estás morto”.<br />
A referência a outros usos do verbo “zao”, portanto, não<br />
pode ter força decisiva neste assunto. Eu prefiro fazer<br />
alusão ao paralelo de Apocalipse 20:4,5 e que<br />
encontramos no capítulo 6:9 – 11. Aqui, João viu [...] – as<br />
almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus<br />
e por amor do testemunho que deram” (veja a semelhança<br />
na linguagem, com 20:4: “as almas daqueles que foram<br />
degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de<br />
Deus”).<br />
Essas almas de mártires falecidos estão aparentemente<br />
conscientes e podem se comunicar; são-lhes dadas<br />
vestiduras brancas e lhes dizem que repousem. As<br />
vestiduras brancas e o descanso sugerem que eles estão<br />
gozando um tipo de bênção provisória, que aponta para o<br />
“eschaton” final. Esta é exatamente a situação das almas<br />
descritas do capítulo 20, que se diz que reinam com Cristo<br />
enquanto esperam a ressurreição do corpo, que ainda não<br />
ocorreu (cf. 20:11 – 13). Apesar da palavra “viveram”<br />
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(ezesan) não ser usada em 6:9 – 11, a situação descrita<br />
nestes versos é paralela à situação descrita em 20:4.<br />
Minha interpretação do significado de “ezesan”, portanto,<br />
não está em desarmonia com o restante do livro de<br />
Apocalipse. Também não está em desarmonia com o<br />
restante do capítulo 20, que prediz a ressurreição do corpo<br />
e o julgamento final no fim do capitulo, após a descrição do<br />
reinado de mil anos. Apesar dos pré-milenistas<br />
costumarem entender a ressurreição descrita nos versos<br />
11 – 15 como ressurreição dos incrédulos mortos apenas,<br />
não há indicação nestes versos que a ressurreição<br />
mostrada aqui limita-se a eles. Na verdade, o verso 15 diz:<br />
“E aquele que não foi achado escrito no livro da vida<br />
foi lançado no lago de fogo”.<br />
Mas há alguma indicação de que nenhum dos que diz-se<br />
aqui foram ressuscitados dos mortos foi achado inscrito no<br />
livro da vida?<br />
Em quarto lugar, concordo que o governo de Cristo agora<br />
é praticamente invisível (embora não inteiramente) e que<br />
esperamos a expressão visível total desse governo após o<br />
retorno de Cristo. Mas porque limitar essa expressão<br />
visível a um período de mil anos? Por que essa expressão<br />
visível do governo de Cristo precisa ainda acontecer, como<br />
Ladd diz, na História (quer dizer, “no mundo como nós o<br />
conhecemos”)? Por que, por exemplo, os crentes precisam<br />
ser ressuscitados para viver num mundo que ainda não foi<br />
glorificado e ainda geme por causa da presença do pecado,<br />
rebelião e morte (cf. 8:19 – 22)? Por que o Cristo glorificado<br />
precisaria voltar a terra para governar sobre seus inimigos<br />
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com vara de ferro e assim ter de suportar ainda oposição à<br />
sua soberania? Esta fase de sua obra não ficou completa<br />
durante seu estado de humilhação? Não está Cristo<br />
voltando na plenitude de sua glória para introduzir, não um<br />
período intermediário de paz e bênçãos limitadas, mas o<br />
estado final da perfeição ilimitada?<br />
ABORTO E SALVAÇÃO<br />
“Tu criaste o íntimo do meu ser e me teceste no ventre de<br />
minha mãe. Eu te louvo porque me fizeste de modo<br />
especial e admirável. Tuas obras são maravilhosas! Digo<br />
isso com convicção; Os filhos são herança do Senhor, uma<br />
recompensa que Ele dá; [...] Antes de formá-lo no ventre<br />
eu (Deus) o escolhi; antes de você nascer, eu o separei e<br />
o designei profeta às nações” – Salmos 139:13, 14; Salmos<br />
127:3; Jeremias 1:5.<br />
Estava me perguntando: uma alma é uma alma –, incluindo<br />
mente, intelecto e vontade –, no momento da concepção,<br />
e se sim, o que acontece com bebês que são abortados?<br />
Penso que a resposta é sim. Creio que quando Deus cria<br />
vida, cria-a de fato. E, creio que essa vida começa na<br />
concepção, e, portanto, a personalidade começa aí. João<br />
o Batista, no ventre de sua mãe, é-nos dito, que foi cheio<br />
do Espírito Santo. E você se lembra de que o bebê pulou<br />
de alegria no ventre? Recorde o que Davi disse: “em<br />
pecado me concebeu minha mãe” – Salmos 51:5; cf.<br />
Salmos 139:13, 14. Assim, de um lado, você tem embriões<br />
e fetos que são cheios do Espírito Santo, e do outro, você<br />
tem um feto pecaminoso. Isso indica personalidade. Indica<br />
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esponsabilidade. Indica que existe uma alma ali, existe<br />
vida. Essa é a minha posição, essa é a verdade contida na<br />
Escritura Sagrada, na Palavra de Deus.<br />
Se você estudar as passagens sobre os caminhos, um<br />
largo e outro estreito, sendo poucos os que encontram o<br />
último, pode ser que o céu será mais populado pela taxa<br />
de mortalidade e de aborto, do que será pela fé. O motivo<br />
é que, eu creio, que quando as crianças morrem, em algum<br />
ponto no tempo após sua personalidade ser iniciada, elas<br />
estarão com Deus. Assim, pode ser que encontremos no<br />
céu uma grande quantidade dessas pessoas, e, talvez,<br />
essa é a razão da taxa de mortalidade ser tão alta em<br />
países não cristãos. Deus é misericordioso, e a salvação<br />
pertence, e vem do Senhor.<br />
Então, os bebês e outros incapazes de professar a fé em<br />
Cristo vão automaticamente para o céu?<br />
As pessoas frequentemente se perguntam sobre o destino<br />
eterno dos bebês e daqueles “incapazes” de entender<br />
intelectualmente o Evangelho. A questão é difícil.<br />
Infelizmente, a Bíblia não nos oferece nenhuma resposta<br />
explícita. Contudo, baseado em várias passagens, bem<br />
como num entendimento do caráter de Deus e Seus<br />
tratamentos com os homens, podemos desenvolver uma<br />
boa idéia de como Ele age em tais situações.<br />
2 Samuel 12:23 é uma das passagens frequentemente<br />
citadas para implicar que os bebês vão para o céu. Embora<br />
o versículo não diga isso explicitamente, Davi claramente<br />
espera um dia reunir-se com sua criancinha falecida. Visto<br />
sabermos que Davi é um crente cujo destino foi o céu,<br />
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podemos inferir que sua esperança de reunião significa<br />
que ele esperava que sua criança estivesse no céu. Assim,<br />
2 Samuel 12:23 sugere forte evidência para um destino<br />
celestial dos ainda não-nascidos e das crianças que<br />
morrem na infância.<br />
Se esse versículo fosse tudo que apoiasse a nossa<br />
posição, admitidamente ela não seria muito convincente.<br />
Contudo, existem outras evidências que apontam para a<br />
mesma conclusão. Primeiro, a Bíblia ensina claramente<br />
que Deus se preocupa profundamente com as crianças.<br />
Passagens como Mateus 18:1 – 6 e 19:13 – 15 afirmam o<br />
amor do Senhor por elas. Esses versículos não declaram<br />
que as crianças vão para o céu, mas mostram o coração<br />
de Deus por elas. Ele criou e cuida delas, e, além disso,<br />
sempre realiza Sua perfeita vontade em cada<br />
circunstância.<br />
O salmista nos lembra de que Deus é “cheio de compaixão,<br />
e piedoso, sofredor, e grande em benignidade e em<br />
verdade” – Salmos 86:15. Ele é o Deus que se tornou<br />
carne, para que pudesse levar nossos pecados por Sua<br />
morte na cruz (2 Coríntios 5:21). Ele é o Deus que<br />
confortará os crentes no céu, pois, “limpará de seus olhos<br />
toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem<br />
clamor, nem dor” (Apocalipse 21:4). Podemos estar<br />
seguros que Deus fará o que é certo e amável, pois, Ele é<br />
o padrão de justiça e amor. Apenas essas considerações<br />
parecem ser evidência suficiente do amor particular e<br />
eletivo de Deus, mostrado para com aqueles que morrem<br />
na infância, ou mesmo antes dela.<br />
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Contudo, outro ponto pode ser útil ao responder essa<br />
pergunta.<br />
Embora os infantes e crianças pequenas não tenham<br />
senso do pecado e da necessidade de salvação, nem<br />
colocam sua fé em Cristo, a Escritura ensina que a<br />
condenação é baseada na clara rejeição da revelação de<br />
Deus – quer geral ou específica – não na simples<br />
ignorância dela (Lucas 10:16; João 12:48; 1<br />
Tessalonicenses 4:8).<br />
Podemos dizer definitivamente que os infantes e crianças<br />
pequenas compreenderam a verdade demonstrada pela<br />
revelação geral de Deus, que os torna “inescusáveis –<br />
indesculpáveis” (Romanos 1:18 – 20)?<br />
Eles serão julgados de acordo com a luz que receberam. A<br />
Escritura é clara que as crianças e os ainda não-nascidos<br />
possuem o pecado original –, incluindo a propensão ao<br />
pecado, bem como a culpa inerente do pecado original.<br />
Mas poderia ser que de alguma forma a expiação de Cristo<br />
pagou pela culpa desses pequeninos indefesos? Sim, e,<br />
portanto, é uma suposição aceitável que uma criança que<br />
morra numa idade muito precoce para ter uma rejeição<br />
consciente e deliberada de Jesus Cristo, será levada para<br />
estar com o Senhor.<br />
R. C. Sproul ao ser questionado: Quando um bebê morre,<br />
ou é abortado, para onde vai a sua alma? Respondi:<br />
A maneira como esta pergunta foi feita indica uma certa<br />
ambiguidade a respeito do relacionamento entre aborto e<br />
morte. Se a vida começa na concepção, então aborto é um<br />
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tipo de morte. Se a vida não começa senão com o<br />
nascimento, então, obviamente, o aborto não envolve<br />
morte. A visão clássica do assunto é que a vida começa<br />
com a concepção. Se isto é certo, então a questão da<br />
morte da criança ou da morte pré-natal envolve a mesma<br />
resposta.<br />
A qualquer hora que um ser humano morre antes de<br />
alcançar a idade da responsabilidade (que varia de acordo<br />
com a capacidade mental), precisamos confiar em<br />
provisões especiais da misericórdia de Deus. A maioria das<br />
igrejas crê que existe tal provisão especial da misericórdia<br />
de Deus. Esta posição não envolve a suposição que as<br />
crianças são inocentes. Davi declara que ele nasceu em<br />
pecado e foi concebido em pecado. Com isto ele estava se<br />
referindo obviamente à noção bíblica de pecado original.<br />
Pecado original não se refere ao primeiro pecado de Adão<br />
e Eva, mas ao resultado daquela transgressão inicial.<br />
Pecado original refere-se à condição de decaídos que afeta<br />
todo ser humano. Nós não somos pecadores porque<br />
pecamos, mas pecamos porque somos pecadores. Isto é,<br />
nós pecamos porque nascemos com uma natureza<br />
pecaminosa. Embora os infantes não sejam culpados de<br />
um pecado real, estão manchados com o pecado original.<br />
Por isso, insistimos em que a salvação das crianças<br />
depende não de sua suposta inocência, mas da graça de<br />
Deus.<br />
Minha igreja em particular (Presbiterian Church in America)<br />
crê que os filhos de crentes, que morrem na infância, vão<br />
para o céu pela graça especial de Deus. O que acontece<br />
aos filhos dos não-crentes é deixado na esfera do mistério.<br />
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Talvez haja uma provisão especial da graça de Deus para<br />
eles também. Certamente esperamos que sim. Embora<br />
tenhamos esperança nessa graça, há pouco ensino bíblico<br />
específico sobre a matéria. As palavras de Jesus: “Deixai<br />
vir a mim os pequeninos porque dos tais é o Reino dos<br />
céus” (Mateus 19:14), nos dão algum consolo, mas não<br />
oferecem uma promessa categórica da salvação das<br />
crianças.<br />
Quando o filho de Davi e Bate-Seba foi levado por Deus,<br />
Davi lamentou: “Vivendo ainda a criança jejuei e chorei<br />
porque dizia: Quem sabe se o Senhor se compadecerá de<br />
mim, e continuará viva a criança? Porém, agora que é<br />
morta, por que jejuaria eu? Poderei eu fazê-la voltar? Eu<br />
irei a ela, porém ela não voltará para mim” (2 Samuel 12:22,<br />
23).<br />
Aqui Davi declara sua confiança de que “eu irei a ela”. É<br />
uma referência levemente velada à sua esperança de<br />
reunir-se com seu filho no futuro, como já dito antes e<br />
ratificado a esta altura. Esta esperança de uma reunião<br />
futura é a esperança gloriosa de todos os pais que<br />
perderam seus filhos. É a esperança reforçada pelo ensino<br />
do Novo Testamento sobre a ressurreição.<br />
Talvez uma grande proporção desta geração, em algum<br />
tempo ou outro, tenha derramado lágrimas sobre caixões<br />
de criancinhas, e talvez, através deste artigo, consolação<br />
seja dada a estes. Esse é o objetivo.<br />
C. H. Spurgeon declara:<br />
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(2 Reis 4:8 – 41) Geazi perguntou a essa boa Sunamita se<br />
estava bem quanto a ela. Ela estava lamentando o filho que<br />
havia morrido, e mesmo assim ela disse “Vai bem”, ela<br />
sentia que sua provação seria certamente abençoada (no<br />
final das contas). Geazi também perguntou: “Vai bem com<br />
teu marido?”. Este era velho e avançado em dias, e estava<br />
já no processo de amadurecimento final para a morte, mas<br />
ainda assim ela disse “Sim, vai bem”. Então veio a pergunta<br />
sobre o filho que estava morto em casa, e a pergunta<br />
renovaria as suas dores: “Está tudo bem com a criança?”.<br />
Ela ainda disse: “Vai bem”, talvez respondendo assim<br />
porque tinha uma fé que ele logo deveria ser restaurado<br />
para ela, e que a ausência temporária estava bem, ou ela<br />
respondeu assim porque estava persuadida de que fosse<br />
o que fosse que tivesse acontecido com o espírito do seu<br />
filho, ele estava seguro debaixo do cuidado de Deus, ele<br />
(seu filho) estava feliz à sombra das Suas asas. Portanto,<br />
não temendo que ele estivesse perdido, não tendo<br />
qualquer suspeita de que seu filho foi lançado para longe<br />
do lugar de gozo — porque tal suspeita teria impedido ela<br />
de dar tal resposta — ela disse “Sim, o meu filho está<br />
morto, mas vai bem”.<br />
Agora, que toda mãe e todo pai, saibam com segurança<br />
que tudo está bem com o seu filho, se Deus o tirou de vocês<br />
nos dias da infância. Vocês nunca ouviram a sua<br />
declaração de fé (pois ele não era capaz de tal coisa), ele<br />
não foi batizado no Senhor Jesus Cristo, não foi sepultado<br />
com Ele em batismo, não foi capaz de dar aquela “resposta<br />
de uma boa consciência para com Deus”, todavia, vocês<br />
podem descansar seguros de que tudo vai bem com a<br />
criança, bem em um sentido mais alto e melhor do que está<br />
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em com vocês mesmos, bem sem limitação, bem sem<br />
exceção, bem infinitamente, “bem” eternamente.<br />
Talvez vocês irão dizer “Quais razões temos para crer<br />
que tudo vai bem com o nosso filhinho (já morto)?”.<br />
Antes que eu entre nisso eu faria uma observação. Tem<br />
sido maliciosamente, enganosamente e caluniosamente<br />
dito a respeito dos Calvinistas, que nós cremos que<br />
algumas crianças (mortas) perecem. Aqueles que fazem<br />
esta acusação sabem que tal denúncia é falsa. Eu não<br />
ouso mesmo esperar, embora desejasse assim poder<br />
fazer, que é com ignorância que tais acusadores nos<br />
deturpam. Eles impiamente repetem (e nos atribuem) o que<br />
(por nós) tem sido negado mil vezes, o que eles sabem não<br />
é a verdade. No conselho de Calvino para Omit, ele toma<br />
a promessa justificativa em Êxodo 20:6 “E faço misericórdia<br />
a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus<br />
mandamentos”, dada por Deus para o segundo<br />
mandamento, “Não farás para ti imagem de escultura, nem<br />
alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em<br />
baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te<br />
encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SENHOR<br />
teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais<br />
nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me<br />
odeiam” – Êxodo 20:4, 5 – ACF, e a interpreta como se<br />
referindo a gerações, e então ele parece ensinar que<br />
crianças que têm ancestrais piedosos, isto é, verdadeiros<br />
salvos, não obstante quão remotamente na árvore<br />
genealógica, morrendo como crianças são salvas. Isso<br />
certamente incluirá as crianças mortas de toda a raça<br />
humana. Dos Calvinistas modernos, não conheço<br />
nenhuma exceção, mas todos nós esperamos e cremos<br />
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que todos que morrem quando crianças são eleitos. Dr. Gill<br />
que tem sido recentemente visto como sendo o padrão de<br />
Calvinismo, e talvez do ultra-Calvinismo, nunca dá a<br />
mínima dica em nenhum momento, nem afirma que<br />
qualquer criança tem perecido, mas afirma que isto é um<br />
assunto misterioso e nebuloso, mas que é a sua posição,<br />
e ele crê que tem as Escrituras para justificar, que os<br />
natimortos (feto quando morre dentro do útero materno ou<br />
durante o trabalho de parto) não pereceram, mas foram<br />
contados com os escolhidos de Deus, e, portanto, entraram<br />
no descanso eterno. Nunca temos ensinado<br />
contrariamente, e quando somos taxados assim eu o<br />
rejeito e digo: “Você pode ter dito assim, mas nós nunca<br />
dissemos assim, e você sabe que nunca dissemos tal<br />
coisa. Se você ousar repetir tal difamação de novo, então<br />
que a mentira marque na sua face em escarlata, se você<br />
ainda tiver a capacidade de sentir vergonha”. Nós nunca<br />
nem sequer sonhamos com tais coisas. Com poucas e<br />
raras exceções, tão raras que eu nunca ouvi delas a não<br />
ser da boca de difamadores, nunca imaginamos que as<br />
crianças que morreram em tenra idade têm perecido, e<br />
temos crido que entram no paraíso de Deus.<br />
Pontos convictos acerca da salvação de bebês –<br />
nascidos e mortos em tenra idade ou natimorto.<br />
(1) Alguns apoiam a idéia do gozo eternal da criancinha na<br />
sua inocência. Não fazemos ou mencionamos tal coisa,<br />
cremos que a criancinha caiu em pecado dentro do<br />
primeiro Adão, “Assim como todos morrem em Adão”. A<br />
posteridade inteira de Adão, infante ou adulta, era<br />
representada por ele – ele representou todos, e, quando<br />
ele caiu, caiu em lugar de todos os seres humanos (todos<br />
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caíram dentro dele). Não houve nenhuma exceção na<br />
aliança das obras feita com Adão (e no alcance das<br />
consequências de sua queda) a respeito das criancinhas<br />
morrendo, e estes que estavam incluídos em Adão, mesmo<br />
que não tinham pecado à semelhança da transgressão de<br />
Adão, têm a sua culpa original. Estes são “nascidos no<br />
pecado e inteiramente em iniquidade, em pecado são<br />
concebidos pelas suas mães”, assim diz Davi de si mesmo,<br />
e (por inferência) de toda a raça humana. Se são salvas<br />
não cremos que seja por inocência natural. Entram no céu<br />
pelo mesmo caminho que entramos, são recebidas no<br />
nome de Cristo. “Ninguém pode pôr outro fundamento além<br />
do que já está posto”, e não penso nem sonho que haja um<br />
fundamento diferente para a criancinha além do que aquele<br />
posto para o adulto.<br />
Por qual razão, então, cremos que as criancinhas<br />
mortas são salvas?<br />
Cremos que uma criancinha viva está tão perdida como<br />
toda a humanidade, e totalmente condenada pela sentença<br />
que disse “no dia em que dela comeres, certamente<br />
morrerás”. Ela é salva por ser eleita. No escopo da eleição,<br />
no livro da vida do Cordeiro, cremos que serão achadas<br />
milhões de almas que só brevemente apareceram sobre a<br />
terra e depois voaram para o céu. Todas elas são salvas<br />
por terem sido também, como nós, redimidas pelo precioso<br />
sangue de Jesus Cristo. Aquele que derramou Seu sangue<br />
para todo Seu povo comprou-as com o mesmo preço com<br />
o qual redimiu os pais delas e, portanto, elas são salvas<br />
porque Cristo representou-as e sofreu por elas no seu<br />
lugar. São salvas não sem regeneração, pois “aquele que<br />
não nascer de novo [...]” — o texto não designa um homem<br />
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adulto, mas uma pessoa, qualquer um ser da raça humana<br />
— “aquele que não nascer de novo não pode ver o reino<br />
de Deus”. Sem dúvida, numa maneira misteriosa o Espírito<br />
de Deus regenera a alma da criancinha e ela entra na glória<br />
e é feita adequada para ser participante da herança dos<br />
santos da luz. Que isto é possível é comprovado nas<br />
Escrituras. João o Batista, foi cheio do Espírito Santo desde<br />
o ventre da sua mãe. Lemos de Jeremias também, que a<br />
mesma coisa ocorreu a ele, e de Samuel encontramos que<br />
ainda criança o Senhor o chamou. Cremos, portanto, que<br />
antes que o intelecto possa funcionar plenamente, Deus o<br />
qual não opera segunda a vontade do homem, nem do<br />
sangue, mas pela agência misteriosa do Seu Espírito<br />
Santo, cria na alma da criancinha uma nova criatura em<br />
Cristo Jesus, e então ela entra naquele “repouso para o<br />
povo de Deus”. Pela eleição, pela redenção, pela<br />
regeneração, e em nenhuma outra maneira, a criança entra<br />
na glória pela mesmíssima porta pela qual cada crente em<br />
Cristo espera entrar. Se não pudéssemos crer que crianças<br />
podiam ser salvas como os adultos, se fosse necessário<br />
propor que a justiça de Deus tem que ser infringida, ou que<br />
o Seu plano da salvação deveria ser ajustado para<br />
responder em particular ao caso das criancinhas, então<br />
estaríamos em dúvida, mas podemos perceber que é com<br />
os mesmos meios, pelo mesmo plano, apoiados no mesmo<br />
fundamento, e através das mesmas agências, que a alma<br />
da criancinha morta pode contemplar a face do Salvador<br />
na eterna glória, e, portanto somos consolados neste<br />
assunto.<br />
(2) Primeiramente, temos que deixar bem claro que a<br />
nossa convicção sobre salvação de crianças está<br />
fundamentada sobre a bondade da natureza de Deus.<br />
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Dizemos que a doutrina oposta, que diz que algumas<br />
criancinhas perecem e estão perdidas, é inteiramente<br />
repugnante ao entendimento que temos sobre Aquele cujo<br />
nome é Amor. Se tivéssemos um Deus cujo nome era<br />
Moloque, se Deus fosse um tirano arbitrário, sem<br />
benevolência ou graça, poderíamos supor algumas<br />
criancinhas sendo lançadas no inferno, mas nosso Deus,<br />
que dá sustento aos filhos dos corvos quando clamam,<br />
certamente não achará nenhum regozijo no clamor e gritos<br />
das criancinhas lançadas para longe da Sua presença.<br />
Lemos dEle que Ele é tão bondoso que cuida dos bois, que<br />
não teria atada a boca do boi que trilha o cereal. Sim, Ele<br />
cuida do passarinho no seu ninho e não deixaria morrer a<br />
mãe deles enquanto aninhando está os seus pequenos.<br />
Ele deu mandamentos e ordenanças até para as criaturas<br />
irracionais. Ele providencia comida para o animal mais<br />
bruto, e também não negligencia nenhuma minhoca mais<br />
do que um anjo, e podemos nós crer que, com tal bondade<br />
universal quanto essa, que Ele lançaria a alma da<br />
criancinha, digo eu, seria contrário a tudo que temos lido e<br />
crido dEle, que a nossa fé enfraqueceria diante de uma<br />
revelação que afirmaria um fato tão singularmente<br />
excepcional ao grau usual de Seus outros feitos. Temos<br />
aprendido humildemente a submeter-nos à Sua vontade e<br />
não nos atreveremos a criticar ou acusar o SENHOR de<br />
tudo, nós confiamos que Ele é justo em tudo que Ele quer<br />
fazer. Portanto, qualquer coisa que é revelada por Ele,<br />
aceitaremos, mas Ele nunca pediu, e eu acho que Ele<br />
nunca pedirá de nós, tão desesperada fé quanto imaginar<br />
bondade de Deus na miséria eterna de uma criancinha<br />
lançada no inferno. Lembremos que, quando Jonas — o<br />
petulante e espontâneo Jonas — desejou a perdição de<br />
Nínive, Deus disse a razão pela qual Nínive não deveria<br />
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ser destruída, ou seja, que continha mais de 120 mil<br />
“criancinhas” – pessoas, Ele disse, que não sabiam<br />
discernir entre a sua mão direita e a sua mão esquerda. Se<br />
Deus poupou a Nínive, cuja vida mortal seria poupada,<br />
pensaria você que as almas imortais delas, das criancinhas<br />
mortas seriam descartadas desnecessariamente? Eu deixo<br />
tudo ao seu raciocínio. Não é um caso que devemos ter<br />
muitos argumentos. O seu Deus lançaria fora uma<br />
criancinha? Se o seu Deus faria isto, então eu estou feliz<br />
em dizer que Ele não é o Deus que eu adoro.<br />
Novamente, cremos que lançar no inferno a criancinha que<br />
morre seria grosseiramente inconsistente com o caráter<br />
revelado do nosso Senhor Jesus Cristo. Quando os Seus<br />
discípulos impediram os meninos cujas mães ansiosas lhe<br />
trouxeram, Jesus disse: “Deixai vir os meninos a mim e não<br />
os impeçais; porque dos tais é o Reino de Deus”. Assim<br />
Ele nos ensinou, como John Newton corretamente afirma:<br />
“que tais como estes meninos constituem grande parte do<br />
Reino de Deus. E, quando consideramos, usando as<br />
melhores estatísticas, que é calculado que mais de um<br />
terço da raça humana morre ainda criança, e quando<br />
consideramos aquelas vastas regiões onde prevalece o<br />
infanticídio e os abortos, naturais ou por assassinato, como<br />
nos países pagãos tais como a China e outros assim, de<br />
modo que talvez metade da população mundial morra<br />
antes de chegar à idade da razão —, então a instrução do<br />
Salvador carrega grande força de fato, dos tais é o reino de<br />
Deus”. Se alguns me relembram que o Reino de Deus<br />
significa a dispensação da Sua graça sobre a terra, eu<br />
respondo: Sim, é verdade, mas também significa a mesma<br />
dispensação no céu, pois enquanto parte do Reino de Deus<br />
está sobre a terra na Igreja, então, desde que a Igreja é<br />
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sempre uma, aquela outra parte da Igreja que já está no<br />
alto céu também é o reino de Deus. Contudo, o texto prova<br />
isto: que criancinhas compõem uma grande parte da<br />
família de Cristo e que Jesus Cristo tem amor e<br />
amabilidade para com os pequeninos. Quando os meninos<br />
clamavam no templo: Hosana! Ele os reprovou? Não, mas<br />
regozijou-se nas infantis exclamações. “Pela boca dos<br />
meninos e das criancinhas de peito tiraste o perfeito<br />
louvor”. Este texto também parece afirmar que no céu<br />
haverá “perfeito louvor” dado a Deus pela multidão dos<br />
“querubins” (as criancinhas mortas) que estavam aqui na<br />
terra — aqueles pequeninos acariciados no seio dos pais<br />
— e subitamente e prematuramente levado ao céu. Não<br />
posso crer que Jesus diria às criancinhas “Apartai-vos de<br />
mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo<br />
e seus anjos!”. Eu não posso pensar que seja possível que<br />
Aquele que é amoroso e terno, quando Ele se assentar a<br />
julgar as nações, coloque as criancinhas na Sua esquerda<br />
e as bana para sempre da Sua presença. Como imaginar<br />
que Ele poderia dizer às criancinhas “Tive fome e não me<br />
destes de comer; tive sede, e não me destes de beber;<br />
estando nu, não me vestistes, e enfermo, e na prisão, não<br />
me visitastes?”. Como poderiam as criancinhas ter feito<br />
isto? Se a maior razão de condenação está nos pecados<br />
de consciente e deliberada omissão, então como iria Cristo<br />
condenar os infantes e lançá-los na perdição por um<br />
pecado que as criancinhas não tinham a possibilidade de<br />
cometer, por não terem o poder de fazerem o dever?<br />
Ademais, pensamos que a natureza da graça de Deus, se<br />
a consideramos, faz com que seja muito improvável, para<br />
não dizer impossível, que uma alma de uma criancinha<br />
morta devia ser destruída. O que diz as Escrituras? “Onde<br />
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abundou o pecado, superabundou à graça”. Tal verdade<br />
não pode ser dita a respeito de uma criancinha lançada na<br />
perdição. Sabemos que Deus é abundantemente gracioso,<br />
que tais expressões como “as riquezas incompreensíveis<br />
de Cristo”, “Deus, que é riquíssimo em misericórdia”,<br />
“grande em benignidade”, “abundantes riquezas da Sua<br />
graça”, e outras tais, são verdadeiras sem exageração e<br />
sem hipérbole. Sabemos que Deus é bom para com todos,<br />
e que as Suas misericórdias são sobre todas as Suas<br />
obras, e que, na Sua graça, Ele pode fazer tudo muito mais<br />
abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos.<br />
A graça de Deus buscou no mundo o pior dos pecadores.<br />
Não se desviou do mais vil de todos os vis. Aquele que se<br />
auto-intitulou o maior dos pecadores tornou-se participante<br />
do banquete do amor de Cristo. Todo tipo de pecado e<br />
blasfêmia tem sido perdoado ao homem.<br />
Ele já salvou perfeitamente os que por Cristo se chegaram<br />
a Ele e, pergunto: será consistente com tal graça que ela<br />
deve ignorar as multidões de multidões de pequeninos que<br />
têm a imagem do Adão terrestre, e não coloque sobre eles<br />
a imagem do Adão celestial? Eu não posso conceber tal<br />
coisa. Todo aquele que tem provado, experimentado e<br />
tocado da graça de Deus, penso eu, vai instintivamente<br />
sentir repugnância e se afastar de qualquer outra doutrina<br />
senão esta: que, muito seguramente, aqueles que morrem<br />
como criancinhas estão salvos.<br />
CONCLUSÃO<br />
E, ainda, um dos mais fortes argumentos de sã inferência<br />
se acha no fato que as Escrituras positivamente afirmam<br />
que o número das almas salvas, no final das contas, será<br />
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muito grande. No livro de Apocalipse, lemos a respeito de<br />
uma multidão a qual ninguém podia contar. O salmista fala<br />
dos tais como sendo tão numerosos com as gotículas de<br />
orvalho no ventre da manhã. Muitas passagens Bíblicas<br />
profetizam para Abraão, como o pai dos crentes, uma<br />
semente tão numerosa quanto às estrelas do céu, ou<br />
quanto a areia nas praias. Cristo verá o trabalho da Sua<br />
alma e será satisfeito, asseguradamente, não é um pouco<br />
que o satisfará. O poder e a beleza da preciosa redenção<br />
incluem a redenção de uma grande multidão. Em todo lugar<br />
nas Escrituras aparece o ensino de que o céu não será um<br />
mundo pequeno, e que a sua população não será como um<br />
punhado rabiscado nos campos de uma grande fazenda,<br />
mas que Cristo será glorificado por dez milhares de dez<br />
milhares que foram redimidos pelo Seu sangue. De onde<br />
virão estes? Considerando o mundo geográfico, somente<br />
uma pequena parte dele é usualmente chamada de<br />
cristandade! Observe num mapa. Daqueles países que são<br />
considerados como sendo de crentes em Cristo, quão<br />
poucos de seus cidadãos sequer cogitam em carregar o<br />
nome de crente verdadeiro. De quão poucos poderia ser<br />
dito que têm pelo menos uma ligação nominal com a igreja<br />
de Cristo? Entre aqueles membros ativos de alguma das<br />
poucas igrejas verdadeiras e fiéis, muitos são hipócritas e<br />
não conhecem a verdade! Eu não vejo como possível, a<br />
não ser que o milênio seja verdadeiramente literal e<br />
terrestre, (que não creio) e assim venha muito em breve e<br />
que se estenda muito além de mil anos e seja muito grande<br />
a taxa de natalidade e a percentagem dos salvos, eu não<br />
entendo como pode ser possível que um número tão<br />
grande deve entrar nos céus a não ser a possibilidade de<br />
que as almas das criancinhas mortas constituem sua<br />
grande maioria. É uma doce crença para a minha mente<br />
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que serão mais os salvos do que os perdidos, pois em<br />
todas as coisas a preeminência será dada a Cristo,<br />
portanto, por que não nisto também, isto é, no aspecto<br />
quantitativo? Foi um pensamento de um grande teólogo<br />
que talvez naquele dia o número dos perdidos não será em<br />
proporção maior em relação ao número dos salvos, do que<br />
hoje, o número dos criminosos nas penitenciárias não é em<br />
maior proporção em relação a aqueles que estão livres. A<br />
minha esperança é que seja assim. De qualquer modo, não<br />
é o meu dever perguntar: “Senhor, são poucos os que<br />
serão salvos?”. A porta é estreita, mas o Senhor sabe<br />
trazer milhares por ela sem fazê-la mais larga, e nós não<br />
devemos tentar esbarrar qualquer pessoa por a<br />
estreitarmos ainda mais. Sim! Eu sei que Cristo terá a<br />
vitória e que Ele é seguido por hostes inumeráveis, sei que<br />
o vil príncipe do inferno nunca terá tantos seguidores<br />
quanto Cristo no Seu triunfo resplandecente. E, se isto é<br />
assim, então as almas dos que morrem como criancinhas<br />
têm que estar salvas, numeradas como abençoadas, e irão<br />
morar com Cristo no porvir, no céu.<br />
Apenas para terminar: Suponhamos uma mulher que<br />
sofreu um aborto. Posso lhe dizer que a criança está salva<br />
agora?<br />
Bem, essa é a minha crença, pois Jesus disse: “Deixai os<br />
meninos, e não os estorveis de vir a mim; porque dos tais<br />
é o reino dos céus” – Mateus 19:14. E, creio, está dentro<br />
do desígnio de Deus que Ele redime aqueles que não<br />
sabem diferenciar a sua mão direita da esquerda (Jonas<br />
4:11). E, esse é um dos sinais da infância. Jesus toma-os<br />
para estar consigo.<br />
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Isso é confortador para uma pessoa que passou por isso.<br />
Que maravilha!<br />
“Enquanto escrevia este artigo, visitei o meu filho Abraão<br />
de sete meses enquanto dormia, e dormindo serenamente<br />
sorriu sem saber que observava-o, em seu rosto vejo o<br />
verdadeiro semblante de um filho de Deus, e<br />
definitivamente não posso conceber, nem apoiar a ideia de<br />
que meu Senhor lançaria Abraão no mais profundo abismo,<br />
onde em meio às trevas, ele mesmo sem saber falar, em<br />
suas balbuciações gemeria de tormento, e pelos tormentos<br />
e fogo eterno sentiria em sua alma a ira de Deus, a ira do<br />
Cordeiro, certamente Deus o ama, sou convicto, pois se<br />
Deus não amar uma criancinha de meses, seja viva ou<br />
morta (pois Deus é Senhor dos vivos), que não sabe<br />
diferenciar absolutamente nada, a não ser a mãe que<br />
alimenta-a, e o pai que embala-a, não posso crer que Deus<br />
me ame, e toda a minha fé seria uma mentira. Certamente,<br />
que se Deus me amou uma vez, Ele me amará para<br />
sempre, juntamente com o meu filhinho, quer ele esteja<br />
vivo, quer ele esteja morto, Deus é bom, amoroso e<br />
misericordioso para com os Seus”.<br />
Sim! Ouça, o Antigo Testamento diz que Ele reúne os<br />
cordeirinhos em Seu peito e suavemente guia as que<br />
amamentam. (Isaías 66:10 – 13) Assim, creio, Deus cuida<br />
delas.<br />
A CEIA DO SENHOR<br />
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“Eu sou o Pão Vivo que desceu do céu; se alguém comer<br />
deste pão, viverá eternamente; e o pão que deverei dar<br />
pela vida do mundo é a minha carne” – João 6:51.<br />
O que é ensinado nas Igrejas atualmente é<br />
verdadeiramente, o que Jesus Cristo ensinou na noite em<br />
que foi traído? A Ceia do Senhor é um ato importante na<br />
vida do cristão, e por esse motivo iremos estudar todo o<br />
contexto bíblico, sobre todas as tradições da cidade, a qual<br />
a Igreja de Corinto estava inserida, para assim chegarmos<br />
à conclusão da forma correta de se instituir a Ceia do<br />
Senhor, aconteceu nas Igrejas em um longo período de<br />
tempo o ensinamento totalmente equivocado acerca do<br />
que é Ceia.<br />
Muitos Teólogos irão ter trabalho em corrigir tais erros<br />
cometidos no passado acerca da Ceia do Senhor, assim<br />
também como outros assuntos bíblicos, como dom de<br />
línguas, a relação do cabelo da mulher no Culto a Deus, o<br />
Dízimo ensinado como forma de lei a Igreja de Cristo<br />
(cristianismo), os dois batismos (no Espírito, e no fogo)<br />
pregado por João Batista, e muitos outros.<br />
A forma atualmente da instituição da Ceia em algumas<br />
igrejas, não se tem origem bíblica, mas totalmente pagã.<br />
Existe grande influência do catolicismo romano (a<br />
transubstanciação¹, por exemplo), é uma prática na<br />
instituição desse sacramento (Ceia), em algumas igrejas<br />
ditas evangélicas.<br />
(1) A visão do Catolicismo Romano, chamada<br />
transubstanciação, ensina que o pão e o vinho da ceia do<br />
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Senhor são “transformados no” corpo e sangue de Cristo<br />
quando abençoados pelo sacerdote.<br />
Essa visão coloca a fé de lado, pois tudo o que alguém<br />
precisa para receber a Cristo é comer o pão e beber o<br />
vinho. Isso também lança o fundamento para a Missa, pois<br />
quando o pão, que supostamente não é mais pão, mas sim<br />
corpo, é partido, então o sacrifício de Cristo é repetido<br />
novamente. A própria palavra Missa significa “sacrifício”.<br />
A festa do amor ágape na Igreja Primitiva.<br />
Ao que tudo indica os cristãos do período apostólico que<br />
participavam de uma mesma igreja local, tinham o costume<br />
de reunir-se pelo menos uma vez por semana para<br />
comerem juntos e durante a refeição celebrarem a Ceia do<br />
Senhor. Esse costume teve sua origem no fato que o<br />
Senhor Jesus instituiu o sacramento durante uma refeição<br />
com seus discípulos, (cf. Mateus 26:17 – 30; Marcos 14:22<br />
– 24; Lucas 22:19, 20; João 13:1 – 4). Aparentemente o<br />
alvo dos “ágapes” era a comunhão cristã, o compartilhar de<br />
alimentos entre os mais pobres e especialmente, lembrarse<br />
do Senhor Jesus e participar espiritualmente da sua<br />
morte e ressurreição pelo pão e pelo vinho (elementos da<br />
Ceia).<br />
A igreja apostólica em Jerusalém seguiu o exemplo, de<br />
forma que o “partir do pão” se dava num ambiente em que<br />
as refeições eram tomadas em comum (Atos 2:42 – 47;<br />
20:7). Eventualmente, essas refeições comunais que<br />
vieram a ser conhecidas como “ágape”, da palavra grega<br />
para “amor”, se tornou uma prática regular nas igrejas<br />
cristãs espalhadas pelo mundo.<br />
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Judas se refere a elas em sua carta como “festas do amor<br />
(fraternidade)”, mas também identifica falsos crentes,<br />
libertinos participantes nestas festas como, introdutores de<br />
comportamentos contrários à sã doutrina (Judas 12; 2<br />
Pedro 2:13). Sempre devemos identificá-los a luz da<br />
Escritura tais crentes.<br />
Por causa de abusos, alguns dos quais mencionados no<br />
Novo Testamento (1 Coríntios 11:17 – 34; 2 Pedro 2:13), a<br />
festa do “ágape” foi separada da celebração da Ceia do<br />
Senhor a partir do século II.<br />
É provável que o que Paulo escreveu sobre esses abusos<br />
tenha sido o começo dessa separação. Pelo que sabemos,<br />
o “ágape” continuou ainda por alguns séculos, até<br />
desaparecer ao final do século VII da Igreja Cristã, ao ser<br />
proibido pelo Concílio de Cartago.<br />
Os “ágapes” na Igreja de Corinto.<br />
Os problemas no culto na época de Paulo, a festa da<br />
confraternização e os “ágapes” estavam em pleno vigor<br />
nas igrejas cristãs. O apóstolo tinha ouvido que havia<br />
várias irregularidades nos “ágapes” da Igreja de Corinto.<br />
Na carta que lhes escreveu, ele elogia os coríntios por<br />
acatarem as tradições (boas tradições), que ele lhes havia<br />
entregado (1 Coríntios 11:2). Mas, esse acatamento era<br />
incompleto e superficial. Eles estavam negligenciando<br />
tradições de grande importância, como relativo à Ceia<br />
(11:23). Nisso, Paulo não podia louvá-los. O apóstolo tem<br />
sérias reservas quanto à maneira pela qual eles estavam<br />
celebrando a festa da confraternização (Ágape). Na<br />
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verdade, Paulo está descontente pela maneira com que<br />
eles estavam realizando seus cultos em geral.<br />
A insatisfação do apóstolo Paulo era provocada pela<br />
atitude amotinada das mulheres “espirituais” nos cultos<br />
(11:3 – 16), pela falta de fraternidade e reverência na<br />
celebração da Ceia (11:17, 22) e pelo uso impróprio dos<br />
dons espirituais (capítulos 12 – 14). Paulo chega mesmo a<br />
dizer que as suas reuniões faziam mais mal do que bem<br />
(11:17), visto produzia um resultado bem inferior, na<br />
verdade, oposto ao desejado.<br />
Em vez de serem para o melhor, isto é, para a edificação,<br />
instrução, cuidado dos menos afortunados e conforto de<br />
suas almas, eram para o pior, isto é, para estimular e<br />
encorajar a glutonaria, a embriaguez, as divisões e a<br />
carnalidade em geral. Como resultado, a participação na<br />
Ceia, que deveria trazer bênção, estava trazendo fome, e<br />
por causa da fome, doenças e por causa da fraqueza por<br />
não ter o que comer, mortes, e mortes por Juízo Divino<br />
(11:29, 30). (cf. Gálatas 5:19 – 21).<br />
Divisões na Igreja.<br />
Quando se reuniam para o “ágape”, havia “divisões”<br />
(11:18), estavam “partidos” na (11:19) Igreja. Essas<br />
divisões a que Paulo se refere não eram os partidos de<br />
Paulo, Pedro, Apolo e Cristo, dos quais havia tratado nos<br />
capítulos 1 – 4. Eram alienações mútuas que se<br />
manifestavam por ocasião do “ágape” entre ricos e pobres,<br />
entre os que tinha dons e os que não tinham e,<br />
possivelmente, entre judeus, que só comiam “KOSHER”, e<br />
os gentios.<br />
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Para piorar, havia ainda glutonaria e bebedeiras (11:21),<br />
atenção nesse ponto, estamos falando de uma igreja, e da<br />
Ceia do Senhor! Os ricos avançavam gulosamente na<br />
abundância do que haviam trazido, e não compartilhavam<br />
com os pobres. O resultado era um ambiente mesclado de<br />
espírito faccioso, embriaguez, glutonaria, egoísmo,<br />
ressentimentos e invejas. A Ceia do Senhor era um alvo<br />
secundário nestas reuniões para os que estavam mais<br />
interessados na comida (11:20).<br />
Alguns pensavam no “ágape” primeiramente, como uma<br />
ocasião de matar sua fome (11:34). Quando comiam o pão<br />
e bebiam o vinho em nome do Senhor Jesus, era uma mera<br />
atividade fisiológica. E nada de devoção e espiritualidade<br />
era manifesto por partes dos “cristãos”. Não é muito<br />
diferente dos tempos atuais, a Ceia do Senhor é fisiológica,<br />
e economicamente rentável na igreja contemporânea. O<br />
real significado não é proclamado.<br />
Era Corinto realmente uma Igreja Espiritual?<br />
A Igreja de Corinto pensava ser uma Igreja espiritual. Essa<br />
espiritualidade, para eles, se manifestava primeiramente<br />
em seus cultos, pelas manifestações associadas aos dons<br />
espirituais.<br />
Entretanto, era exatamente durante a celebração de uma<br />
das partes mais significativas do culto, que a falta de<br />
verdadeira espiritualidade dos coríntios se manifestava em<br />
sua forma mais extrema. Como era possível uma igreja que<br />
tinha membros bêbados na Ceia pensar que era espiritual?<br />
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Hoje existem cristãos ébrios de iniquidades no seio da<br />
igreja, pessoas espiritualmente mortas, egoístas, más,<br />
facciosas, tenebrosas, mentirosas, e que fazem parte da<br />
mesa do Senhor e da mesa dos demônios. (1 Coríntios<br />
10:21). A resposta é que o seu conceito de espiritualidade<br />
era errado. O apóstolo Paulo irá demonstrar mais adiante<br />
em sua carta. A falta de fraternidade e o egoísmo presente<br />
nas reuniões (11:33), e quanto a falta de dignidade e<br />
discernimento espiritual que essas atitudes causavam<br />
(11:27 – 29).<br />
A igreja já estava debaixo do julgamento de Deus. Muitos<br />
estavam doentes e fracos, outros já haviam morrido em<br />
decorrência de suas consequências más, até mesmo<br />
podendo considerar um castigo divino (11:30). Isto deveranos<br />
alertar de quão seriamente Deus requer o modo<br />
apropriado de participarmos dos cultos. Os coríntios<br />
conseguiram corromper o Culto a Deus em menos de 20<br />
anos do surgimento do Cristianismo, e isto enquanto os<br />
apóstolos ainda estavam vivos. Portanto, não devemo-nos<br />
impressionar muito com a rápida corrupção ocorrida na<br />
Igreja depois que os apóstolos morreram (séculos<br />
posteriores à era apostólica). E hoje, continuam a introduzir<br />
práticas e costumes, e a torcer o propósito dos cultos, ao<br />
ponto de suas reuniões, como as dos coríntios, fazerem<br />
mais mal do que bem.<br />
Entre as muitas implicações práticas que poderíamos tirar<br />
da carta aos corintos, é destacar apenas uma. O conceito<br />
da Igreja de Corinto em relação à verdadeira<br />
espiritualidade tinha um defeito fatal, enfatizava as<br />
manifestações carismáticas, acima de conceitos básicos<br />
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como, a simplicidade, a fraternidade, e a pureza, virtudes<br />
necessárias na Ceia do Senhor.<br />
Aprendamos com o apóstolo Paulo que um culto<br />
verdadeiramente espiritual, entre outras coisas, é o que<br />
promove condições para que os crentes se aproximem da<br />
mesa do Senhor lúcidos, sóbrios, aptos para discernir o<br />
que estão fazendo, devidamente instruídos quanto ao<br />
sentido da Ceia, e capazes de participar dela de forma<br />
digna.<br />
Cabe a pergunta: É assim que nos aproximamos da Mesa<br />
do Senhor?<br />
Comunhão com Deus e com nossos irmãos.<br />
Quase todas as Igrejas que proclamam seguir a Cristo<br />
observam a Ceia do Senhor. O pão e o fruto da videira são<br />
elementos comuns nas assembleias de adoração de vários<br />
grupos religiosos. Mas há diferença no entendimento a<br />
respeito desta comemoração. O que a Bíblia ensina sobre<br />
a Ceia do Senhor? O que é a Ceia do SENHOR? Como<br />
devemos participar dela hoje em dia?<br />
A PRIMEIRA CEIA – O EXEMPLO <strong>DE</strong> JESUS.<br />
Quatro textos registram os pormenores da primeira “Ceia<br />
do Senhor”. Três destes relatos estão nos evangelhos<br />
(Mateus 26:26 – 29; Marcos 14:22 – 25 e Lucas 22:19 –<br />
20), e o outro está em 1 Coríntios 11:23 – 26 como já citado<br />
acima. Podemos aprender como Jesus e os Apóstolos<br />
celebraram a Ceia do Senhor, comparando estes relatos.<br />
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“Por gentileza! Pare por algum tempo, e faça a leitura dos<br />
textos acima citados, antes de continuarmos a leitura<br />
deste. Por gentileza observe as minúcias”.<br />
O propósito: “fazei isto em memória de mim” (Lucas 22:19).<br />
A Ceia do Senhor é ocasião para lembrarmo-nos do<br />
sacrifício que Jesus fez na cruz, pelo qual Ele nos oferece<br />
a esperança da vida eterna: “Porque todas as vezes que<br />
comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte<br />
do Senhor, até que Ele venha” (1 Coríntios 11:26).<br />
A Ceia do Senhor é igualmente um ato de obediência pelos<br />
quais os membros da Igreja participam do pão e do vinho,<br />
comemorando juntos à morte de Jesus Cristo, e apontando<br />
para a sua vinda. Esta ordenança da Igreja representa<br />
também a nossa comunhão espiritual com Ele, a nossa<br />
participação na Sua morte, e o testemunho vivo da nossa<br />
esperança, na ressurreição, e glorificação de nossos<br />
corpos.<br />
“Ora, se morremos com Cristo, cremos que também com<br />
Ele viveremos” – Romanos 6:8.<br />
Os símbolos.<br />
1) A Ceia é uma Aliança (Mateus 26:28) – O Senhor Jesus<br />
declara que é um contrato que foi celebrado. Ele é o fiador,<br />
e é quem outorga a mesma. É um testamento onde o ser<br />
humano é o beneficiário. Esta nova aliança é celebrada no<br />
sangue de Cristo. No Antigo Testamento, a celebração das<br />
alianças e contratos, era natural sacrificar animais como<br />
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testemunha (Gênesis 15:1 – 18). Esta é a nova aliança, que<br />
foi prometida na antiguidade, mas é sancionada pelo<br />
sangue de Cristo, pelo Cordeiro de Deus (Romanos 11:27;<br />
Hebreus 8:10).<br />
2) A Ceia é um Ato Memorial (Lucas 22:19) – Quando<br />
celebramos este ato recordamos o sacrifício do Senhor.<br />
Celebrar este rito é trazer à lembrança o que o Senhor fez<br />
por nós. Aqui recordamos a encarnação, morte e<br />
ressurreição do Senhor. Lembramos o modo pelo qual o<br />
Senhor nos comprou para Si. Devemos celebrar o ato para<br />
que possamos sempre reviver este aspecto e nunca<br />
apagar da lembrança o que o Senhor fez por nós.<br />
3) A Ceia é uma Proclamação (1 Coríntios 11:26) – Paulo<br />
diz que celebrar este ato é anunciar, declarar o evangelho.<br />
O sentido também é de ensinar. Quando celebramos a<br />
Ceia do Senhor estamos a falar do sacrifício redentor do<br />
Mestre por amor de nós. O símbolo traz a mensagem da<br />
graça de Deus.<br />
Neste sentido, é pertinente o que diz Alan Richardson<br />
(Richardson – 1966), mesmo que não usemos o termo<br />
Eucaristia. Ele declara: “A eucaristia sempre que é<br />
oferecida, dá testemunho não somente a respeito da<br />
história, mas também, de sua interpretação. É a<br />
proclamação da morte salvadora de Cristo. Cada eucaristia<br />
proclama o começo da era da salvação de Deus”.<br />
Dr. Martin Lloyd-Jones (LLOYD–JONES – 1999), sobre<br />
esta realidade, declara. Ceia é proclamação:<br />
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“Ainda que o púlpito haja fracassado, a Ceia do Senhor<br />
continua ainda declarando, proclamando, pregando a<br />
morte do Senhor, e com frequência tem havido grande<br />
desarmonia, para não dizer contradição, entre a pregação<br />
do homem e a pregação do pão e do vinho à mesa da<br />
comunhão”.<br />
A celebração da ceia nos faz ver os perdidos, pois ela<br />
manifesta a graça de Deus.<br />
Celebrar a ceia é perceber a realidade missional da Igreja.<br />
É entender que esta celebração anuncia a mensagem da<br />
graça de Deus. Paulo diz o seguinte: “Porque todas as<br />
vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice<br />
anunciais a morte do Senhor, até que venha” (1 Coríntios<br />
11:26). O termo “anunciar” (“καταγγέλλετε – katangellete”),<br />
também pode ser traduzido como proclamar. Sendo assim,<br />
quando celebramos a Ceia do Senhor, a mensagem do<br />
evangelho está sendo anunciada.<br />
4) A Ceia é uma Ordenança (Mateus 26:26 – 27; Lucas<br />
22:17 – 20) – Ordenança é um mandamento que deve ser<br />
cumprido. O Senhor deu uma ordem para que possamos<br />
fazer este ato em sua memória “Fazei isso em memória de<br />
mim” – Lucas 22:19. Em momento algum o Novo<br />
Testamento não utiliza o termo “Ordenança”, em relação à<br />
Ceia ou Batismo. Contudo, existem seis vocábulos no<br />
Antigo Testamento para o termo ordenança: לְׁ חָ ק־“ – choq”,<br />
estatuto, decreto (Êxodo 12:24; 18:20, Malaquias 3:7);<br />
– chuqqah”, estatuto, decreto (Êxodo 12:14, 17; Jó חֻ קִ֣ ֹות“<br />
mitsvah” – מִ צְׁ ֹוֹ֔ת“ 3:10); – yad” mão (Esdras ֵ֖ יְׁדי“ 38:33);<br />
ִּ֗ י“ 10:32); mandamento, preceito, encargo (Neemias<br />
– mishmereth”, guarda, tutela, observação (Levítico 18:30;<br />
מִ שְׁ מַ רְׁ תִ<br />
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22:9; Malaquias 3:14); ּומִ שְׁ פֵָ֖ט“ – mishpat” julgamento<br />
(Êxodo 15:25, Josué 24:25; Salmos 119:91; Ezequiel<br />
11:20). Entretanto, o Novo Testamento apresenta cinco<br />
vocábulos para ordenança: “διαταγῇ – diatagē” disposição,<br />
acordo, decreto (Romanos 13:2); “δικαιώμασιν –<br />
dikaiōmasin” decreto judicial (Lucas 1:6; Hebreus 9:1,10);<br />
“δόγμασιν – dogmasin” decreto, ordenança (Efésios 2:15;<br />
Colossenses 2:14); “κτίσει – ktisei” qualquer coisa feita (1<br />
Pedro 2:13), “παρέδωκα – paredōka/παραδόσεις –<br />
paradoseis” entrega, coisa confiada a alguém (1 Coríntios<br />
11:2). Portanto, ordenança é um decreto, mandamento. A<br />
ordenança também é um símbolo e como tal, faz a<br />
concretização de uma ideia abstrata.<br />
5) Sacramento – é um mistério, uma verdade revelada.<br />
Para a igreja é um rito instituído por Cristo, que serve como<br />
um sinal externo e visível, através dos símbolos, e de uma<br />
graça interna e espiritual pela Palavra.<br />
A visão Reformada da Ceia do Senhor é que Cristo está<br />
realmente presente, mas espiritualmente, não fisicamente.<br />
Ele está, em outras palavras, presente à fé do povo de<br />
Deus e tem comunhão com eles, alimentando-os consigo<br />
mesmo através da fé. Ele usa o pão e o vinho para dirigir a<br />
fé deles em direção a Ele.<br />
Essa visão Reformada é claramente ensinada em 1<br />
Coríntios 11:29, que fala de “discernir o corpo do Senhor”<br />
na Ceia do Senhor, e está implicada também nas próprias<br />
palavras de Jesus na instituição da Ceia do Senhor: “Este<br />
é o meu corpo”. Somente porque Cristo está presente na<br />
Ceia, uma pessoa pode comer ou beber julgamento para si<br />
quando comendo ou bebendo sem o devido auto-exame.<br />
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Somente porque Cristo está presente pode haver alguma<br />
bênção na Ceia. A visão Reformada, que é também bíblica,<br />
dá muito maior significado e benefício à Ceia do Senhor.<br />
Então, no sacramento encontramos e desfrutamos de<br />
Cristo em sua plenitude, como nosso Salvador e Redentor.<br />
Que assim o façamos!<br />
Ceia do Senhor e a Confissão de Fé de Westminster (1643-<br />
46).<br />
Como a Confissão de Fé de Westminster (1643 – 46)<br />
define?<br />
Os sacramentos são santos sinais e selos do pacto da<br />
graça, imediatamente instituídos por Deus para<br />
representar Cristo e os seus benefícios, e confirmar o<br />
nosso interesse nEle, bem como para fazer uma diferença<br />
visível entre os que pertencem à Igreja e o resto do mundo,<br />
e solenemente obrigá-los ao serviço de Deus em Cristo,<br />
segundo a sua palavra.<br />
Romanos 6:11; Gênesis 17:7 – 10; Mateus 28:19; 1<br />
Coríntios 11:23 e 10:16, e 11:25 – 26; Êxodo 12:48; 1<br />
Coríntios 10:21; Romanos 6:3 – 4; 1 Coríntios 10:2 – 16.<br />
Em todo o sacramento há uma relação espiritual ou união<br />
sacramental entre o sinal e a coisa significada, e por isso<br />
os nomes e efeitos de um são atribuídos ao outro.<br />
Gênesis 17:10; Mateus 26:27 – 28; Tito 3:5.<br />
A graça significada nos sacramentos ou por meio deles,<br />
quando devidamente usados, não é conferida por<br />
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qualquer, poder neles existentes; nem a eficácia deles<br />
depende da piedade ou intenção de quem os administra,<br />
mas da obra do Espírito e da Palavra da instituição, a qual,<br />
juntamente com o preceito que autoriza o uso deles,<br />
contém uma promessa de benefício aos que dignamente o<br />
recebem.<br />
Romanos 2:28 – 29; 1 Pedro 3:21; Mateus 3:11; 1 Coríntios<br />
12:13; Lucas 22:19 – 20; 1 Coríntios 11:26.<br />
Há só dois sacramentos ordenados por Cristo, nosso<br />
Senhor, no Evangelho - O Batismo e a Ceia; nenhum<br />
destes sacramentos deve ser administrado senão pelos<br />
ministros da palavra legalmente ordenados.<br />
Mateus 28:19; 1 Coríntios 11:20, 23 – 34; Hebreus 5:4.<br />
Os sacramentos do Velho Testamento, quanto às coisas<br />
espirituais por eles significados e representados, eram em<br />
substância os mesmos que do Novo Testamento.<br />
1 Coríntios 10:1 – 4.<br />
A Ceia do Senhor na Igreja Primitiva.<br />
O livro de Atos e as cartas escritas às Igrejas nos ajudam<br />
há aprender um pouco mais sobre a Ceia do Senhor. Os<br />
discípulos se reuniam no primeiro dia da semana para<br />
participarem da Ceia (Atos 20:7). Esta Ceia era entendida<br />
como um ato de comunhão com o Senhor (1 Coríntios<br />
10:14 – 22). Era tomada quando toda a congregação se<br />
reunia, como um ato de fraternidade entre os irmãos (1<br />
Coríntios 11:17 – 20) um ato simbólico (Ceia), e o<br />
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derramamento de amor entre os santos, e nesse momento<br />
acontecia que toda a Igreja lembrava das Palavras de Seu<br />
Senhor, e nascia a gloriosa esperança da “grande Ceia<br />
vindoura”, as bodas do Cordeiro por toda a eternidade.<br />
Cada cristão era obrigado a examinar-se (v. 28), para ter<br />
certeza de que estava participando da Ceia do Senhor de<br />
um modo digno, e o modo digno é, a fé¹, esperança² e o<br />
amor sendo o alicerce da vida cristã (1 Coríntios 13:13), o<br />
cuidado dos pobres necessitados, alimentando-os (2<br />
Coríntios 8:12 – 15), o amor fraterno e não fingido<br />
(Romanos 12:10), a proclamação (e estudo diligente) do<br />
santo Evangelho (2 Timóteo 4:13; João 5:39; 1<br />
Tessalonicenses 5:20), e a vida de oração (1<br />
Tessalonicenses 5:17; Romanos 12:12; Atos 2:42; Efésios<br />
6:18; Colossenses 4:2; 1 Pedro 4:7; Lucas 18:1).<br />
Em suma, o modo digno, é: “Amarás o Senhor, teu Deus,<br />
de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas<br />
forças e com toda a tua capacidade intelectual’ e Amarás o<br />
teu próximo como a ti mesmo”.<br />
(1) Fé¹: palavra grega “πίστιν – pistin/pistis” denota uma<br />
convicção ou crença que diz respeito ao relacionamento do<br />
homem com Deus, e com as coisas divinas, geralmente<br />
com a idéia inclusa de confiança e fervor santo nascido da<br />
fé, e unido com ela relativo a Deus a convicção de que<br />
Deus existe e é o criador, e governador de todas as coisas,<br />
o provedor e doador da salvação eterna em Cristo. Ela<br />
expressa fidelidade, lealdade, e o caráter de alguém em<br />
quem se pode confiar.<br />
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(2) Esperança²: palavra grega “ἐλπίδος – elpidos/elpis”<br />
denota expectativa do bem, esperança no sentido cristão,<br />
são regozijo e expectativa confiante da eterna salvação.<br />
Sob a esperança, em esperança, tendo esperança,<br />
acreditando no autor da esperança, que é o fundamento,<br />
Cristo Jesus nosso Senhor.<br />
O pão sem fermento.<br />
Ainda que o ensinamento da Bíblia sobre a Ceia do Senhor<br />
não seja complicado, muitas diferenças de entendimento<br />
apareceram depois do tempo do Novo Testamento. O<br />
único modo de sabermos se estamos seguindo o Senhor<br />
Jesus, é estudarmos as instruções, e imitarmos os<br />
exemplos que encontramos no Novo Testamento. Nunca<br />
estamos livres para irmos além do que o Senhor revelou<br />
na Escritura (Colossenses 3:17; 1 Coríntios 4:6 e 2 João<br />
9).<br />
Consideremos o que a Bíblia diz em resposta a algumas<br />
questões sobre a Ceia do Senhor. Porque pão sem<br />
fermento? Jesus instituiu a Ceia do Senhor durante os dias<br />
judaicos dos pães asmos, uma festa anual na qual somente<br />
pão sem fermento era permitido entre os judeus (Lucas<br />
22:15; Êxodo 12:18 – 21). Podemos apreciar mais<br />
claramente o significado do pão sem fermento quando<br />
consideramos o significado simbólico do fermento na<br />
Bíblia.<br />
Não era permitido fermento nos sacrifícios oferecidos a<br />
Deus, no Antigo Testamento (Levítico 2:11). A idéia de<br />
impureza ou pecado é claramente associada com fermento<br />
em vários textos. Por exemplo, Jesus usou fermento para<br />
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falar simbolicamente de falsas doutrinas (Mateus 16:11,<br />
12). Paulo usou fermento para representar falsa doutrina e<br />
corrupção moral (Gálatas 5:7 – 9, 13, 16; 1 Coríntios 5:6 –<br />
9). É plenamente adequado, então, que o sacrifico perfeito<br />
e sem pecado do próprio Filho de Deus seja representado<br />
por pão sem fermento: “Lançai fora o velho fermento, para<br />
que sejais nova massa, como sois, de fato, sem fermento”<br />
(2 Coríntios 5:17). Cristo nosso Cordeiro pascal foi imolado,<br />
e por essa razão celebramos a Ceia do Senhor, não mais<br />
com o “velho fermento”, o “fermento da maldade e da<br />
malícia”, mas sim com os “asmos da sinceridade e da<br />
verdade” (1 Coríntios 5:7, 8). Devemos entender o sentido<br />
da espiritualidade, e não um mero ritual sem significado,<br />
algo totalmente fisiológico.<br />
Participantes da Ceia do Senhor.<br />
A Ceia do Senhor é um ato espiritual partilhado pelo<br />
Senhor com aqueles que estão em comunhão com Ele.<br />
Jesus não ofereceu o pão e o cálice a todos, mas aos Seus<br />
discípulos (Mateus 26:26). Aqueles que estão servindo ao<br />
Diabo não tem o direito de partilhar desta refeição com o<br />
Senhor (1 Coríntios 10:16 – 22).<br />
Somos aptos a participar com Deus em comunhão<br />
espiritual, somente se andarmos na luz (em Sua Palavra),<br />
“Esta é a mensagem que dEle ouvimos e transmitimos a<br />
vocês: Deus é luz; nEle não há treva alguma. Se<br />
afirmarmos que temos comunhão com Ele, mas andamos<br />
nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Se,<br />
porém, andamos na luz, como<br />
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Ele está na luz, temos comunhão uns com os outros, e o<br />
sangue de Jesus, Seu Filho, nos purifica de todo pecado”<br />
– 1 João 1:5 – 7.<br />
O que significa participar indignamente?<br />
Cada um que participa da Ceia do Senhor deverá<br />
examinar-se para está certo de que está participando de<br />
maneira correta, discernindo o verdadeiro significado do<br />
memorial em nome do Senhor. “Por isso, aquele que comer<br />
o pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será réu<br />
do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o<br />
homem a si mesmo, e assim, coma do pão e beba do<br />
cálice; pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come<br />
e bebe juízo para si” (1 Coríntios 11:27 – 29).<br />
A palavra grega “ἀναξίως – anaxiōs” para descrever<br />
“indignamente” significa “de um modo indigno”. Ela não<br />
descreve a dignidade de uma pessoa (ninguém é<br />
verdadeiramente digno de comunhão com Cristo). Esta<br />
palavra descreve o modo de participar. A pessoa que não<br />
leva a sério esta comemoração está brincando com o<br />
sacrifício de Cristo, e está se condenando por não discernir<br />
o corpo de Cristo. Por esta razão, devemos ser muito<br />
cuidadosos cada vez que participarmos da Ceia do Senhor.<br />
É imperativo que esqueçamos as preocupações mundanas<br />
e prestemos atenção exclusivamente à morte de Cristo. Se<br />
tratarmos a Ceia do Senhor como um mero ritual, ou se a<br />
tomarmos levianamente e deixarmos de meditar no seu<br />
significado, nos condenamos diante de Deus.<br />
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“Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe<br />
para sua própria condenação, não discernindo o corpo do<br />
Senhor” – 1 Coríntios 11:29.<br />
A Ceia em alguns aspectos.<br />
Quando celebramos a Ceia, o nosso primeiro foco é o<br />
passado. A Igreja à volta da mesa celebra em memória do<br />
Senhor (1 Coríntios 11:23 – 25). Celebramos a Ceia em<br />
memória do Senhor. Somos um povo com história, mas<br />
acima de tudo, um povo com lembrança. Não esquecemos<br />
o nosso passado e muito menos o agir de Deus. Este olhar<br />
retrospectivo fala-nos do quê? Em primeiro lugar, ele<br />
declara o agir de Deus na história e o cumprimento de Sua<br />
Palavra.<br />
Celebrar a Ceia do Senhor é afirmar que Deus não nos<br />
abandonou. É afirmar que Ele, e a sua aliança permanece<br />
inalterável em relação ao ser humano. É declarar que Deus<br />
continua a comunicar-se conosco através de Sua Palavra.<br />
Quando celebramos a Ceia, olhamos para o Calvário.<br />
Vemos a morte do Senhor Jesus. “O partir do pão e o tomar<br />
ou beber do vinho são uma representação do corpo partido<br />
de nosso Senhor, Seu sangue derramado”. Celebrar a Ceia<br />
é olhar para trás e ver a vergonha da cruz. Ao celebrarmos<br />
a Ceia, olhamos para o passado e vemos que a morte foi<br />
vencida. É ver a ressurreição. O texto citado fala que<br />
anunciamos a morte até que Ele venha. Ou seja, o texto<br />
declara que o Senhor ressuscitou. Olhando para trás,<br />
vemos este acontecimento histórico, mas também<br />
contemplamos a vida.<br />
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Celebrar a Ceia é olhar para o passado e ver toda a graça<br />
de Deus. É poder contemplar o amor imensurável de um<br />
Deus que age na história e cumpre as Suas promessas.<br />
Celebrar a Ceia não é apenas visualizar e recordar o<br />
passado. É também fazer uma viagem interior. É olhar para<br />
si mesmo. O apóstolo Paulo declara: “Examine, pois, o<br />
homem a si mesmo, e assim coma deste pão, e beba deste<br />
cálice” (1 Coríntios 11:28). Paulo ordena que façamos uma<br />
viagem interior. Devemos lembrar que a fé é individual. A<br />
salvação foi para todos, mas não somos salvos aos grupos<br />
e sim individualmente. Portanto, cada um de si, deve fazer<br />
essa viagem interior. Mas qual o sentido da mesma? Em<br />
primeiro lugar, para ver se existe real compreensão deste<br />
memorial. Devemos nos fazer a seguinte pergunta: Será<br />
que entendo todo o sentido deste memorial? É preciso uma<br />
auto-avaliação para saber se há entendimento da<br />
intervenção histórica de Deus, e que este momento<br />
representa a maneira pela qual Ele, Deus através de Jesus<br />
Cristo nos redimiu.<br />
Este exame serve para que se traga à memoria a<br />
misericórdia de Deus, e para percepção (consciência)<br />
também de que este momento é muito mais que um rito, é<br />
a expressão visual de tudo quanto Deus fez por nós, e para<br />
nós em Cristo Jesus. E se Cristo me amou, devo amar ao<br />
meu irmão (João 13:34, 35; 1 João 4:12, 20, 21;), e por fim<br />
devemos nos perguntar: Será que tenho discernido o<br />
corpo? O que significa discernir o corpo de Cristo? Wayne<br />
Grudem (Grudem, 1999), declara:<br />
“Assim, a frase “sem discernir o corpo” significa sem<br />
entender a unidade e a interdependência das pessoas<br />
na igreja, que é o corpo de Cristo. Significa não dar<br />
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atenção aos nossos irmãos e irmãs quando vamos<br />
participar da Ceia do Senhor, na qual devemos refletir<br />
o caráter de Cristo”.<br />
Celebrar a Ceia é viver a esperança. É olhar para cima na<br />
expectativa da chegada do Senhor. O apóstolo Paulo<br />
declara: “Porque todas as vezes que comerdes este pão e<br />
beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que<br />
venha” (1 Coríntios 11:26). Aqui há a certeza de que o<br />
Senhor vai regressar. Ele voltará para os Seus.<br />
Estamos a dizer ao mundo que o Senhor vai retornar.<br />
Declaramos que somos o povo da esperança, e que<br />
aguardamos a chegada do nosso Mestre. Aguardamos<br />
porque foi o próprio Senhor a garantir que voltaria. Ele<br />
disse: “E quando Eu for, e vos preparar lugar, virei outra<br />
vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde Eu<br />
estiver estejais vós também”. (João 14:3).<br />
Esta é a promessa que Ele nos fez. Celebrar a Ceia do<br />
Senhor é saber que o Senhor que subiu aos céus<br />
regressará. Lucas declara: “E, estando com os olhos fitos<br />
no céu, enquanto Ele subia, eis que junto dEle se puseram<br />
dois homens vestidos de branco. Os quais lhes disseram:<br />
Homens galileus, por que estais olhando para o céu? Esse<br />
Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de<br />
vir assim como para o céu o vistes ir” (Atos 1:10, 11). O<br />
Senhor vai voltar!<br />
A celebração da Ceia é o momento em que voltamos os<br />
nossos olhos para o alto, conscientes que o regresso do<br />
Senhor será glorioso, e será também um dia de justiça.<br />
Aqueles que o receberam como Senhor e Salvador<br />
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desfrutarão da Sua graça. Entretanto, todos aqueles que o<br />
rejeitaram, sofrerão a ira do Senhor, o “ódio” Santo de<br />
Deus.<br />
CONCLUSÃO<br />
A Ceia não é um simples rito. É mais que um momento<br />
litúrgico. A celebração da Ceia do Senhor manifesta toda a<br />
graça de Deus. Desta forma, quando celebramos a Ceia,<br />
precisamos olhar para o passado, perceber seu contexto<br />
histórico. Deus entrou em nossa história. Ele cumpriu a Sua<br />
Palavra. Deus é fiel. Quando celebramos a Ceia estamos<br />
a dizer que o Senhor age na história e que recordamos a<br />
Sua manifestação.<br />
Quando celebramos a Ceia devemos fazer uma viagem<br />
interior. Precisamos olhar para nós próprios para ver se<br />
percebemos a intervenção histórica de Deus, mas também<br />
para ver se as nossas vidas estão retas diante do Senhor<br />
e, para sabermos se mantemos comunhão com nossos<br />
irmãos. Celebrar a Ceia é manter viva a proclamação do<br />
Evangelho. É anunciar a morte do Senhor até que Ele<br />
venha. É garantir que jamais a mensagem da graça será<br />
adulterada.<br />
Celebrar a Ceia do Senhor é olhar para o alto. É ter o<br />
coração expectante pela gloriosa manifestação do Senhor<br />
ao Seu povo. Ele vai voltar. Quando formos celebrar a Ceia<br />
do Senhor, devemos fazer o seguinte: 1) Olhar para trás,<br />
Ver a manifestação histórica do Senhor, 2) Olhar para<br />
dentro de nós próprios para saber se estamos aptos, 3)<br />
Olhar para fora. Declarar ao mundo a graça de Deus e, 4)<br />
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Olhar para o alto. Tendo o desejo ardente do regresso do<br />
Senhor.<br />
“Eu sou o Pão Vivo que desceu do céu; se alguém<br />
comer deste pão, viverá eternamente; e o pão que<br />
deverei dar pela vida do mundo é a minha carne” – João<br />
6:51.<br />
DÍZIMO<br />
A ideia de que todo crente é obrigado a dizimar 10% da sua<br />
renda para a obra do Senhor é largamente difundida nas<br />
igrejas evangélicas de hoje. Já bem cedo na vida espiritual,<br />
praticamente todo crente é ensinado que tem que dizimar.<br />
Algumas igrejas crêem tão fortemente em dizimar que seus<br />
membros regularmente recitam o Credo do Dizimista – “O<br />
dízimo é do Senhor. Em a verdade, o aprendemos. Em a<br />
fé, o cremos. Em a alegria, o damos. O dízimo!” Outros<br />
muitos pregadores têm clamado que qualquer crente que<br />
não dá o dízimo para o trabalho do Senhor está roubando<br />
Deus e está sob maldição, de acordo com Malaquias 3:8 –<br />
10, mas isso não é verdade. É uma forma de amedrontar<br />
os crentes ignorantes em relação ao conhecimento.<br />
Examinaremos o que a própria Bíblia ensina sobre o<br />
assunto do dízimo, sendo nosso propósito entendermos<br />
somente pela Bíblia qual a real relevância que o dízimo tem<br />
para os crentes no Senhor Jesus Cristo, vivendo sob o<br />
Novo Pacto. Faremos isto examinando o que a própria<br />
Bíblia tem a dizer sobre o dízimo: 1) Antes da Lei ser dada,<br />
2) Sob a Lei Mosaica, 3) Nas Escrituras do Novo<br />
Testamento.<br />
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O DÍZIMO ANTES DA LEI – TODAS AS CITAÇÕES SÃO<br />
DA ALMEIDA CORRIGIDA FIEL<br />
Há duas passagens Bíblicas que falam de um dízimo sendo<br />
dado antes que a Lei fosse instituída no Sinai. As<br />
passagens envolvem Abraão e Jacó, dois dos patriarcas de<br />
Israel. Gênesis 14:17 – 20: E o rei de Sodoma saiu-lhe ao<br />
encontro (depois que voltou de ferir a Quedorlaomer e aos<br />
reis que estavam com ele) até ao Vale de Savé, que é o<br />
vale do rei. 18 E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão<br />
e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo. 19 E<br />
abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus<br />
Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra; 20 E bendito<br />
seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas<br />
tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo. Nesta<br />
passagem, somos ditos que Abraão deu um dízimo a<br />
Melquisedeque, presumivelmente como uma expressão de<br />
gratidão a Deus por capacitar-lhe e conceder-lhe resgatar<br />
seu sobrinho Ló, que tinha sido levado cativo. Aqueles que<br />
crêem que o dízimo é mandatório para os crentes do Novo<br />
Testamento argumentam que, uma vez que o dízimo foi<br />
praticado antes que a Lei Mosaica fosse dada, ele<br />
forçosamente também tem que ser praticado depois da Lei<br />
Mosaica, que tem sido feita obsoleta pelo estabelecimento<br />
do Novo Pacto, através do sacrifício de Cristo, Hebreus 8:<br />
13. No entanto, antes que cheguemos a qualquer decisão<br />
dura e apressada, olhemos de mais perto o texto [acima] e<br />
façamos algumas observações pertinentes.<br />
Não há nenhuma evidência neste texto de que dizimar foi<br />
ordenado por Deus. De fato, tudo no texto nos leva a crer<br />
que dar o dízimo foi, completamente, uma decisão e (livre)<br />
escolha de Abraão. Como tal, foi completamente<br />
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voluntária. Como veremos pouco depois em nosso estudo,<br />
o dízimo, na Lei, de modo algum era voluntário, mas sim<br />
obrigatório a todo o povo de Deus.<br />
Ademais, este é o único dízimo que as Escrituras<br />
mencionam que Abraão jamais deu [em toda a sua vida].<br />
Não temos nenhuma evidência de que dizimar era sua<br />
prática geral (habitual, constante).<br />
Ainda mais, este dízimo proveio do despojo da vitória que<br />
Abraão adquiriu por poderio militar. Como notaremos<br />
depois em nosso estudo, o dízimo exigido sob a Lei<br />
Mosaica era sobre o lucro da colheita, dos frutos e dos<br />
rebanhos, e para ser dado em uma base anual, não o<br />
despojo de uma vitória militar!<br />
Gênesis 28:20 – 22: E Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus<br />
for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der<br />
pão para comer, e vestes para vestir; 21 E eu em paz tornar<br />
à casa de meu pai, o SENHOR me será por Deus; 22 E<br />
esta pedra que tenho posto por coluna será casa de Deus;<br />
e de tudo quanto me deres certamente te darei o dízimo.<br />
Jacó, nesta passagem, está fazendo um voto em resposta<br />
a uma visitação que recebeu de Deus, em um sonho. Neste<br />
sonho, Jacó viu uma escada alcançando o céu, com os<br />
anjos de Deus subindo e descendo por ela. No sonho,<br />
Deus estava de pé, acima da escada, e disse a Jacó “[...]<br />
Eu sou o SENHOR Deus de Abraão teu pai, e o Deus de<br />
Isaque; esta terra, em que estás deitado, darei a ti e à tua<br />
descendência; 14 E a tua descendência será como o pó da<br />
terra, e estender-se-á ao ocidente, e ao oriente, e ao norte,<br />
e ao sul, e em ti e na tua descendência serão benditas<br />
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todas as famílias da terra; 15 E eis que estou contigo, e te<br />
guardarei por onde quer que fores, e te farei tornar a esta<br />
terra; porque não te deixarei, até que haja cumprido o que<br />
te tenho falado” (v. 13 – 15). Em resposta, Jacó fez o voto<br />
que, se Deus guardasse Sua promessa, ele, por sua vez,<br />
daria a Deus um dízimo. Novamente, em semelhança ao<br />
exemplo de Abraão, parece que este dízimo foi voluntário<br />
da parte de Jacó. Se ele de fato começou a dizimar [a Bíblia<br />
não o registra] depois que Deus cumpriu a promessa que<br />
lhe fez, Jacó ainda adiou o dizimar por 20 anos! (Até depois<br />
da volta a Canaã).<br />
Estes dois são os únicos exemplos de dizimar que pode<br />
ser encontrado no Velho Testamento antes da Lei ser<br />
dada. Ambos são exemplos de algo voluntário, e nenhum<br />
desses dois dizimaram a pedido de Deus. Em nenhum dos<br />
personagens (Abraão e Jacó, que deram estes dois<br />
dízimos), vemos um exemplo de dizimar como uma prática<br />
geral (habitual, constante) das suas vidas. De fato, na vida<br />
de Abraão, parece que temos um dízimo como algo que ele<br />
só deu uma única vez em sua vida, e foi (um dízimo) dos<br />
despojos de uma vitória militar, dado a um sacerdote de<br />
Deus. Se nossa única evidência para obrigar crentes sob o<br />
Novo Pacto a dizimarem se apoia nestas duas passagens<br />
de Gênesis, parece-me que estamos nos apoiando em um<br />
fundamento muitíssimo inseguro.<br />
DIZIMANDO SOB A LEI MOSAICA<br />
Que ensina a Bíblia sobre o dízimo sob a Lei Mosaica?<br />
Nesta parte do nosso estudo, examinaremos todas as<br />
passagens significantes que descrevam o dízimo sob a Lei,<br />
nas Escrituras.<br />
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Levítico 27:30 – 33: “Também todas as dízimas do campo,<br />
da semente do campo, do fruto das árvores, são do<br />
SENHOR; santas são ao SENHOR. 31 Porém, se alguém<br />
das suas dízimas resgatar alguma coisa, acrescentará a<br />
sua quinta parte sobre ela. 32 No tocante a todas as<br />
dízimas do gado e do rebanho, tudo o que passar debaixo<br />
da vara, o dízimo será santo ao SENHOR. 33 Não se<br />
investigará entre o bom e o mau, nem o trocará; mas, se<br />
de alguma maneira o trocar, tanto um como o outro será<br />
santo; não serão resgatados”.<br />
Note que, nesta passagem, o dízimo é descrito como<br />
sendo parte do produto da terra, da semente do campo, do<br />
fruto das árvores, do gado, e do rebanho. O dízimo não era<br />
o dar dinheiro. Em local algum das Escrituras você<br />
encontrará que dizimar era o dar dinheiro para Deus.<br />
Ademais, o dízimo era provavelmente dado em uma base<br />
anual. Cada ano, depois que a terra tinha sido colhida, as<br />
pessoas traziam para os sacerdotes as décimas partes de<br />
suas colheitas e do aumento na manada e no rebanho. Daí,<br />
penso que podemos imediatamente ver que nossa<br />
contribuição semanal (ou mensal) de dez por cento de<br />
nossa renda monetária difere muito da prática do dízimo<br />
que encontramos na Bíblia.<br />
Números 18:21 – 24 (“O Dízimo para os Levitas”): E eis que<br />
aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel<br />
por herança, pelo ministério que executam o ministério da<br />
tenda da congregação. 22 E nunca mais os filhos de Israel<br />
se chegarão à tenda da congregação, para que não levem<br />
sobre si o pecado e morram. 23 Mas os levitas executarão<br />
o ministério da tenda da congregação, e eles levarão sobre<br />
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si a sua iniquidade; pelas vossas gerações estatuto<br />
perpétuo será; e no meio dos filhos de Israel nenhuma<br />
herança terão 24 Porque os dízimos dos filhos de Israel,<br />
que oferecerem ao SENHOR em oferta alçada, tenho dado<br />
por herança aos levitas; porquanto eu lhes disse: No meio<br />
dos filhos de Israel nenhuma herança terão.<br />
Note, neste texto, que o dízimo foi planejado para ser o<br />
sustento dos levitas. Uma vez que estes não tinham<br />
nenhuma herança (terra para atividade agro-pastoril) na<br />
Terra Prometida, tal como a tinha as outras tribos, Deus fez<br />
provisão para o sustento deles através do dízimo das<br />
outras famílias de Israel. De fato, em Números 18:31<br />
somos ditos “E o comereis em todo o lugar, vós e as vossas<br />
famílias, porque vosso galardão é pelo vosso ministério na<br />
tenda da congregação”. O dízimo foi o pagamentorecompensa<br />
que Deus supriu para os levitas, pelos seus<br />
serviços sacerdotais. Isto é similar ao sustento que os<br />
funcionários do governo recebem hoje no nosso país,<br />
através dos impostos e taxas pagos pelo trabalhador<br />
comum.<br />
Deuteronômio 14:22 – 27 (“O Dízimo para o Festival”):<br />
Certamente darás os dízimos de todo o fruto da tua<br />
semente, que cada ano se recolher do campo. 23 E,<br />
perante o SENHOR teu Deus, no lugar que escolher para<br />
ali fazer habitar o seu nome, comerás os dízimos do teu<br />
grão, do teu mosto e do teu azeite, e os primogênitos das<br />
tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas a temer<br />
ao SENHOR teu Deus todos os dias. 24 E quando o<br />
caminho te for tão comprido que os não possas levar, por<br />
estar longe de ti o lugar que escolher o SENHOR teu Deus<br />
para ali pôr o seu nome, quando o SENHOR teu Deus te<br />
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tiver abençoado; 25 Então vende-os, e ata o dinheiro na<br />
tua mão, e vai ao lugar que escolher o SENHOR teu Deus;<br />
26 E aquele dinheiro darás por tudo o que deseja a tua<br />
alma, por vacas, e por ovelhas, e por vinho, e por bebida<br />
forte, e por tudo o que te pedir a tua alma; come-o ali<br />
perante o SENHOR teu Deus, e alegra-te, tu e a tua casa;<br />
27 Porém não desampararás o levita que está dentro das<br />
tuas portas; pois não tem parte nem herança contigo.<br />
Este texto fala de um dízimo sendo usado para prover para<br />
as festas e festivais religiosos de Israel. Números 18:21<br />
nos diz que Deus deu todo o dízimo em Israel para ser a<br />
herança para os Levitas. Se todo o dízimo foi dado aos<br />
Levitas, então como é que este dízimo (em Deuteronômio<br />
14) é dito para ser usado para as festas e festivais<br />
religiosos de Israel? A resposta tem que ser que este é um<br />
segundo dízimo. O primeiro era usado para o sustento dos<br />
Levitas e o segundo para prover para os festivais<br />
religiosos, tanto assim que chegou a ser referido como “O<br />
Dízimo para o Festival”. O povo de Israel devia usar este<br />
dízimo para comer na presença do Senhor, em Jerusalém<br />
(o local que Ele escolheu para estabelecer seu nome). Se<br />
fosse demasiadamente incômodo para as pessoas de<br />
longe trazerem seus dízimos todo o caminho até<br />
Jerusalém, seria permitido que elas o vendessem e<br />
trouxessem o dinheiro [apurado] até Jerusalém, onde<br />
poderiam comprar aquilo de necessidade para os festivais.<br />
Deus expressamente encoraja as pessoas a gastarem o<br />
dinheiro deles em "tudo o que deseja a tua alma", incluindo<br />
bebida forte! O propósito era que o povo de Israel pudesse<br />
aprender (ambas as coisas) a temer o Senhor e a regozijar<br />
ante Ele. Note que ter um sentimento de temor do Senhor,<br />
e regozijar ante Ele, não são mutuamente exclusivos, mas,<br />
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na realidade, são complementares, deveriam acompanhar<br />
um ao outro! Este “Dízimo Para o Festival” tornou possível<br />
ao povo de Israel ter toda a comida e bebida necessárias<br />
para que pudesse usufruir gozosamente das festas<br />
religiosas de Israel, e adorar ante o Senhor.<br />
Deuteronômio 14:28, 29 (“O Dízimo para os Pobres”): Ao<br />
fim de três anos tirarás todos os dízimos da tua colheita no<br />
mesmo ano, e os recolherás dentro das tuas portas; 29<br />
Então virá o levita (pois nem parte nem herança tem<br />
contigo), e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estão<br />
dentro das tuas portas, e comerão, e fartar-se-ão; para que<br />
o SENHOR teu Deus te abençoe em toda a obra que as<br />
tuas mãos fizerem.<br />
Aqui, somos ensinados a respeito de um terceiro dízimo<br />
que é coletado a cada terceiro ano. Os comentaristas<br />
Bíblicos estão divididos quanto a se este é realmente um<br />
terceiro dízimo, em separado, ou apenas é o segundo<br />
dízimo usado de um modo diferente, no terceiro ano. O<br />
historiador judeu Flávio Josefo apoia o ponto de vista de<br />
que este foi um terceiro dízimo, em separado. Outros<br />
antigos comentaristas judeus têm escrito em apoio a que é<br />
[apenas] o segundo [tipo de] dízimo que, a cada três anos,<br />
eram coletados e usados com outro fim. É impossível se<br />
determinar com absoluta certeza quem está certo. De<br />
qualquer modo, o povo judeu tinha sido ordenado a dar<br />
pelo menos (10 + 10 = ) 20 por cento das suas colheitas e<br />
rebanhos, e talvez tanto quanto (10 + 10 + 10/3) = 23,3%<br />
(por cento)! Este dízimo particular bem poderia ser<br />
chamado “O Dízimo para os Pobres”. Não devia ser<br />
ajuntado em Jerusalém, mas nas aldeias. As pessoas de<br />
cada aldeia deviam trazer uma décima parte de suas<br />
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colheitas e rebanhos e ajuntar tudo, para prover para os<br />
pobres da aldeia, incluindo os estrangeiros, os órfãos, e as<br />
viúvas.<br />
Em muitos aspectos, parece que o dízimo exigido sob a Lei<br />
é hoje similar à taxação que o governo impõe sobre nós.<br />
Israel era governado por uma teocracia. Sob ela, o povo<br />
era responsável por prover para os trabalhadores do<br />
governo (os sacerdotes e os levitas em geral), para os dias<br />
santificados (festas de alegria ao Senhor), e para os pobres<br />
(estrangeiros, viúvas e órfãos).<br />
Neemias 12:44: Também no mesmo dia se nomearam<br />
homens sobre as câmaras, dos tesouros, das ofertas<br />
alçadas, das primícias, dos dízimos, para ajuntarem nelas,<br />
dos campos das cidades, as partes da lei para os<br />
sacerdotes e para os levitas; porque Judá estava alegre por<br />
causa dos sacerdotes e dos levitas que assistiam ali. Note<br />
que o texto diz que os dízimos eram exigências “da Lei”.<br />
Estes dízimos não eram voluntários como o foi nas vidas<br />
de Abraão e Jacó. Similarmente, lemos em Hebreus 7:5 “E<br />
os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm<br />
ordem, segundo a lei, de tomar o dízimo do povo, isto é, de<br />
seus irmãos, ainda que tenham saído dos lombos de<br />
Abraão”. (Indiscutivelmente) o dízimo nunca foi voluntário,<br />
sob a Lei de Moisés. Note, aqui, que, nos dias de Neemias,<br />
homens eram indicados para ajuntarem as ofertas e os<br />
dízimos em câmaras designadas para aquele propósito<br />
particular. Estas câmaras eram para os bens<br />
armazenados, e depois se tornaram conhecidas como<br />
“casas do tesouro”. Isto se tornará importante quando<br />
olharmos para o nosso próximo texto, em Malaquias 3.<br />
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Malaquias 3:8 – 12: Roubará o homem a Deus? Todavia<br />
vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos<br />
dízimos e nas ofertas. 9 Com maldição sois amaldiçoados,<br />
porque a mim me roubais, sim, toda esta nação. 10 Trazei<br />
todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja<br />
mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim<br />
nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as<br />
janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal<br />
até que não haja lugar suficiente para a recolherdes. 11 E<br />
por causa de vós repreenderei o devorador, e ele não<br />
destruirá os frutos da vossa terra; e a vossa vide no campo<br />
não será estéril, diz o SENHOR dos Exércitos. 12 E todas<br />
as nações vos chamarão bem-aventurados; porque vós<br />
sereis uma terra deleitosa, diz o SENHOR dos Exércitos.<br />
Examinemos esta passagem verso por verso, para que<br />
dela possamos extrair algumas importantes verdades. 3:8<br />
Este verso nos diz que quando um homem retém seus<br />
dízimos ele está roubando, na realidade, a Deus. Isto<br />
porque ele está retendo algo que não lhe pertence, antes é<br />
propriedade de Deus Sob o Velho Pacto, o dízimo era<br />
mandatório, portanto retê-lo era se tornar um ladrão. Note<br />
também que Deus diz que o povo o estava roubando em<br />
dízimos. Ele não disse no “dízimo”, mas sim nos “dízimos”<br />
(plural). Estes “dízimos” têm que se referir aos diferentes<br />
dízimos requeridos do povo de Deus (o Dízimo para o<br />
Levita, o Dízimo para as Festas ao Senhor, e o Dízimo para<br />
os Pobres). Adicionalmente, observe que Deus não está<br />
condenando o reter apenas dos dízimos, mas também das<br />
ofertas. Estas, sem dúvida, referem-se às ofertas<br />
especificadas em Levíticos 1 – 5, tais como a oferta<br />
queimada (holocausto), a oferta dos manjares, a oferta de<br />
paz, a oferta pelos pecados, e a oferta pelas culpas. Todas<br />
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estas ofertas eram constituídas, principalmente, de<br />
sacrifícios de animais. O suprimento de comida e<br />
mantimento para os Levitas era provido, em grande parte,<br />
através destes sacrifícios de animais, dos quais os Levitas<br />
eram permitidos participar (comendo-os), em certos casos.<br />
Uma importante pergunta emerge a este ponto. Por que é<br />
que reconhecemos que o sacrifício de animais não é coisa<br />
para o Novo Pacto, mas dizemos que o dízimo o é? Se<br />
estivéssemos sob a obrigação de pagar dízimos hoje,<br />
então, certamente, ainda estaríamos obrigados a oferecer<br />
sacrifícios de animais. Deus amarrou um ao outro (os<br />
dízimos e os sacrifícios), e disse que Seu povo O estava<br />
roubando por reter a ambos. Não podemos decidir “pegar<br />
e escolher” qual dos dois ofereceremos a Deus, hoje. Das<br />
duas uma: (a) estamos sob a obrigação de oferecer ambos,<br />
tanto dízimos como ofertas de animais (sacrifícios), ou (b)<br />
ambos (dízimo e sacrifício) têm sido abolidos pela abrogação<br />
da Lei Mosaica.<br />
3:9 Aqui, somos ditos que, como o povo de Israel estava<br />
retendo os dízimos e ofertas, consequentemente estava<br />
amaldiçoado com uma maldição. Note que o verso não diz<br />
“Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me<br />
roubais, sim, toda a humanidade”. Ao contrário, diz “Com<br />
maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais,<br />
sim, toda esta nação”. Se dizimar fosse um mandamento<br />
moral e eterno para todos os povos de todos os tempos,<br />
então todos estes estariam sob maldição. Mas nosso texto<br />
somente diz que é toda nação de Israel que estava sob a<br />
maldição. Agora, o que é interessante sobre esta<br />
“maldição” é que, em Deuteronômio 28, somos ditos que<br />
se Israel, sob a Lei Judaica, desobedecesse aos<br />
mandamentos de Deus, então a nação seria amaldiçoada.<br />
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Note os seguintes textos: Deuteronômio 28:18 “Maldito o<br />
fruto do teu ventre, e o fruto da tua terra, e as crias das tuas<br />
vacas, e das tuas ovelhas. 23 E os teus céus, que estão<br />
sobre a cabeça, serão de bronze; e a terra que está<br />
debaixo de ti, será de ferro. 24 O SENHOR dará por chuva<br />
sobre a tua terra, pó e poeira; dos céus descerá sobre ti,<br />
até que pereças. 38 Lançarás muita semente ao campo;<br />
porém colherás pouco, porque o gafanhoto a consumirá.<br />
39 Plantarás vinhas, e cultivarás; porém não beberás<br />
vinho, nem colherás as uvas; porque o bicho as colherá. 40<br />
Em todos os termos terás oliveiras; porém não te ungirás<br />
com azeite; porque a azeitona cairá da tua oliveira. E todas<br />
estas maldições virão sobre ti, e te perseguirão, e te<br />
alcançarão, até que sejas destruído; porquanto não ouviste<br />
à voz do SENHOR teu Deus, para guardares os seus<br />
mandamentos, e os seus estatutos, que te tem ordenado<br />
[...]” (Deuteronômio 28:18, 23, 24, 38 – 40, 45). Nestes<br />
versos, Deus adverte que, se o Seu povo desobedecesse<br />
A Seus mandamentos e estatutos, então as ceifas dele<br />
falhariam, as chuvas não viriam, as colheitas seriam<br />
pequenas, a locusta (tipo de grilos ou gafanhotos)<br />
consumiria a comida, e o fruto das árvores falharia. E os<br />
pastores e pregadores dizem que são demônios. Uma<br />
grande mentira para amedrontar.<br />
3:10 Nesta passagem, Deus fala da “casa do tesouro”.<br />
Com base em Neemias 12:44, sabemos que isto se refere<br />
às câmaras no Templo, postas à parte e designadas para<br />
guardar os dízimos dados pelo povo para o sustento dos<br />
sacerdotes (e a todos os demais levitas). Não existe sequer<br />
um fiapo de evidência de que devemos associar estas<br />
“casas do tesouro” aos prédios das igrejas para os quais<br />
os crentes do Novo Pacto devem trazer seus dinheiros.<br />
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Ademais, a razão pela qual Israel devia trazer todos os<br />
dízimos para dentro da casa do tesouro era que houvesse<br />
(bastante) alimento na casa de Deus. Deus estava<br />
interessado em que os levitas tivessem comida para<br />
comer. Este era o propósito daqueles dízimos que eram<br />
trazidos para o Templo de Deus. Somos ditos, também,<br />
que se o povo de Deus fosse fiel em trazer seus dízimos<br />
para a casa do tesouro, Deus abriria as janelas do céu e<br />
derramaria para eles uma bênção até que transbordasse.<br />
Isto sem dúvidas refere-se à promessa de Deus de trazer<br />
abundantes chuvas para produzir a bênção de uma<br />
transbordante ceifa.<br />
3:11 Neste verso, Deus promete que se Israel trouxer os<br />
dízimos (e as ofertas), Ele repreenderá o devorador para<br />
que não destrua o fruto da terra. Sem dúvidas, o<br />
“devorador” é uma referência às locustas que Deus adverte<br />
que virão sobre os campos de Israel se o povo falhar em<br />
trazer o dízimo (Deuteronômio 28:38, como acima citado).<br />
3:12 Neste verso, Deus graciosamente promete que, se<br />
Israel for obediente no dar os seus dízimos e ofertas, todas<br />
as nações a chamarão abençoada. É interessante que<br />
Deus não apenas advertiu Israel de que seria amaldiçoada<br />
se desobedecesse a Lei Mosaica, mas também prometeu<br />
que seria abençoada se a obedecesse. Note estes textos,<br />
“1 E será que, se ouvires a voz do SENHOR teu Deus,<br />
tendo cuidado de guardar todos os seus mandamentos que<br />
eu hoje te ordeno, o SENHOR teu Deus te exaltará sobre<br />
todas as nações da terra. 2 E todas estas bênçãos virão<br />
sobre ti e te alcançarão, quando ouvires a voz do SENHOR<br />
teu Deus; (Deuteronômio 28:1, 2). 4 Bendito o fruto do teu<br />
ventre, e o fruto da tua terra, e o fruto dos teus animais; e<br />
as crias das tuas vacas e das tuas ovelhas. 8 O SENHOR<br />
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mandará que a bênção (esteja) contigo nos teus celeiros,<br />
e em tudo o que puseres a tua mão; e te abençoará na terra<br />
que te der o SENHOR teu Deus. 11 E o SENHOR te dará<br />
abundância de bens no fruto do teu ventre, e no fruto dos<br />
teus animais, e no fruto do teu solo, sobre a terra que o<br />
SENHOR jurou a teus pais te dar. 12 O SENHOR te abrirá<br />
o seu bom tesouro, o céu, para dar chuva à tua terra no<br />
seu tempo, e para abençoar toda a obra das tuas mãos; e<br />
emprestarás a muitas nações, porém tu não tomarás<br />
emprestado”. (Deuteronômio 28:1, 2, 4, 8, 11, 12). Aqui,<br />
Deus prometeu abençoar Israel materialmente, se ela<br />
fosse obediente. A promessa inclui abundantes colheitas,<br />
copiosas chuvas, e grandes aumentos nas manadas e nos<br />
rebanhos.<br />
Portanto, é minha convicção que as bênçãos e maldições<br />
escritas em Malaquias 3:8 – 12 referem-se às bênçãos<br />
materiais que Deus prometeu a Israel, se ela obedecesse<br />
seus mandamentos e estatutos. Dizimar foi um destes<br />
mandamentos. Portanto, que podemos concluir sobre o<br />
dízimo, sob a Lei Mosaica? Penso que, com segurança,<br />
podemos concluir que o dízimo não tinha nada a ver com o<br />
dar dinheiro regularmente, numa base semanal ou mensal,<br />
mas, ao contrário, tinha a ver com a adoração a Deus<br />
conforme ordenada no tempo do Velho Pacto. O<br />
mandamento para dizimar, tal como os mandamentos para<br />
não comer camarão nem ostras, tornou-se obsoleto e foi<br />
colocado de lado, pela inauguração do Novo Pacto, na<br />
morte de Cristo. O dízimo foi o sistema de impostos e taxas<br />
ordenado por Deus sob o sistema teocrático (Deus como<br />
Governo) do Velho Testamento. Se alguém deseja dizimar<br />
realmente (literalmente) de acordo com as Escrituras, teria<br />
que fazer o seguinte:<br />
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(1) Deixar seu trabalho e comprar uma terrinha, de modo<br />
que possa criar seu gado e plantar e colher (grãos,<br />
verduras e frutas).<br />
(2) Encontrar algum descendente de Leví, para sustentá-lo<br />
sendo este um descendente do levita Arão (que realmente<br />
seja sacerdote, no Templo, em Jerusalém).<br />
(3) Usar suas colheitas para observar as festas religiosos<br />
do Velho Testamento (tais como Páscoa, Pães Asmos,<br />
Pentecostes, Tabernáculos), quando, como e onde Deus<br />
ordenou. Literalmente.<br />
4) Começar por dar pelo menos 20 por cento de todas as<br />
suas colheitas e rebanhos a Deus, e 5) Esperar que (com<br />
toda certeza) Deus amaldiçoe sua nação em oposição ao<br />
próprio crente com grande insuficiência material, se ela for<br />
infiel, ou a abençoe com grande abundância material, se<br />
for fiel.<br />
Penso que todos nós concluiríamos que isto é<br />
completamente absurdo. Todos reconhecemos que Cristo<br />
tem abolido o sacerdócio levítico, os sacrifícios de animais,<br />
e as festas religiosas, em Cristo. Bem, se isto é verdade,<br />
por que estamos tentando segurar (manter) o dízimo, que<br />
foi parte e parcela de todas essas ordenanças do Velho<br />
Testamento? Acredito que o dízimo está sendo para<br />
manter templos luxuosos, ao qual a Bíblia diz que Deus não<br />
habita mais em tais lugares e principalmente sustentar a<br />
vida de pastores, pregadores e cantores que esses sim,<br />
estão usando o nome de Deus para ganhar seus milhões.<br />
Uma coisa totalmente fora das prescrições bíblicas.<br />
DIZIMANDO, NO NOVO TESTAMENTO<br />
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A coisa mais interessante sobre o conceito de dizimar,<br />
debaixo do Novo Testamento, é que é quase que<br />
virtualmente ausente. No N.T., há (somente) quatro<br />
diferentes passagens que fazem alguma menção ao<br />
dízimo. Examinemo-las.<br />
Mateus 23:23: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas!<br />
pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e<br />
desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia<br />
e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir<br />
aquelas”.<br />
Esta passagem em Mateus é também repetida de uma<br />
forma similar em Lucas 11:42. Em ambos os casos é<br />
importante notar que o dízimo tinha a ver com ervas que<br />
serviam de condimentos e eram cultivadas no quintal (o<br />
produto do campo), ao invés de ter a ver com dinheiro.<br />
Adicionalmente, Jesus falou estas palavras aos fariseus,<br />
que eram muito religiosos e guardadores da Lei, e o fez<br />
enquanto a Lei ainda estava em vigor. Dizer que, uma vez<br />
que Jesus falou a estes fariseus que deviam dizimar isto<br />
força que também nós devemos dizimar, ignora o fato que<br />
aqueles fariseus viviam sob pacto e leis diferentes<br />
daqueles de um salvo do Novo Testamento. Cristo, através<br />
da sua morte, inaugurou o Novo Pacto, assim efetivando<br />
uma mudança na Lei (Lucas 22:20; Hebreus 7:12),<br />
Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia,<br />
dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue,<br />
que é derramado por vós. (Lucas 22:20). Porque,<br />
mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz<br />
também mudança da lei. (Hebreus 7:12). Finalmente,<br />
notemos que o dízimo aqui mencionado não foi voluntário<br />
em nenhum sentido da palavra. Jesus lhes diz que<br />
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“deveis”, como tendes o dever de dizimar. (O dízimo) era<br />
mandamento, ordem para todos os judeus e, assim, era<br />
obrigatório.<br />
Lucas 18:12: “Jejuo duas vezes na semana, e dou os<br />
dízimos de tudo quanto possuo”. Jesus, nesta passagem,<br />
está ensinando a parábola acerca do fariseu e do cobrador<br />
de impostos. Cristo põe estas palavras na boca do fariseu<br />
que se via a si mesmo como justo: “dou os dízimos de tudo<br />
quanto possuo”. Cristo está enfatizando, não o dever do<br />
crente neo-testamentário pagar o dízimo mosaico aos<br />
levitas, mas que o homem se vê a si mesmo como justo,<br />
confia em suas obras para ser aceitável ante Deus, todavia,<br />
a despeito do melhor que faça, não é justificado aos olhos<br />
de Deus. Repetimos: Cristo está falando acerca de um<br />
fariseu que dá o dízimo, ao tempo em que vivia sob a Lei<br />
Mosaica, não de um crente da Dispensação da Igreja<br />
dizimando sob o Novo Pacto.<br />
Hebreus 7:1 – 10: “1 Porque este Melquisedeque, que era<br />
rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, e que saiu ao<br />
encontro de Abraão quando ele regressava da matança<br />
dos reis, e o abençoou; 2 A quem também Abraão deu o<br />
dízimo de tudo, e primeiramente é, por interpretação, rei de<br />
justiça, e depois também rei de Salém, que é rei de paz; 3<br />
Sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de<br />
dias nem fim de vida, mas sendo feito semelhante ao Filho<br />
de Deus, permanece sacerdote para sempre. 4 Considerai,<br />
pois, quão grande era este, a quem até o patriarca Abraão<br />
deu os dízimos dos despojos. 5 E os que dentre os filhos<br />
de Levi recebem o sacerdócio têm ordem, segundo a lei,<br />
de tomar o dízimo do povo, isto é, de seus irmãos, ainda<br />
que tenham saído dos lombos de Abraão. 6 Mas aquele,<br />
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cuja genealogia não é contada entre eles, tomou dízimos<br />
de Abraão, e abençoou o que tinha as promessas. 7 Ora,<br />
sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo maior.<br />
8 E aqui certamente tomam dízimos homens que morrem;<br />
ali, porém, aquele de quem se testifica que vive. 9 E, por<br />
assim dizer, por meio de Abraão, até Levi, que recebe<br />
dízimos, pagou dízimos. 10 Porque ainda ele estava nos<br />
lombos de seu pai quando Melquisedeque lhe saiu ao<br />
encontro”.<br />
Nesta longa passagem, o objetivo do autor é mostrar a<br />
superioridade do sacerdócio de Cristo sobre o sacerdócio<br />
levítico e, portanto, exortar seus leitores para não<br />
retornarem às suas formas judaicas de adorar, repletas<br />
com seus sacerdócio, Templo e sacrifícios. O autor<br />
menciona o relato de Abraão pagando dízimos a<br />
Melquisedeque, (somente para o autor) mostrar que, desde<br />
que Levi estava nos lombos do patriarca Abraão, na<br />
realidade Levi pagou dízimos a Melquisedeque e foi<br />
abençoado por ele. Uma vez que é óbvio que o menor é<br />
sempre abençoado pelo maior, Melquisedeque e seu<br />
sacerdócio são maiores que os levitas e o sacerdócio<br />
deles. Aqui, o autor de Hebreus não está mais que<br />
reafirmando o fato que Abraão pagou dízimos a<br />
Melquisedeque, um fato que já temos analisado (acima).<br />
Esta passagem não está exortando os crentes neotestamentários<br />
a darem o dízimo como Abraão o fez,<br />
mesmo que só do despojo de guerra e só uma vez na vida.<br />
Ao contrário, está instruindo os crentes a perceberem a<br />
excelência de Cristo, o qual ministra como um sacerdote<br />
muitíssimo superior aos levitas. Portanto, esta passagem<br />
não pode ser usada para forçar o dízimo sobre os cristãos.<br />
Simplesmente, ela não foi escrita para tratar deste assunto.<br />
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Ela não tem nada a ver com cristãos dadivando das suas<br />
rendas para Deus e sua obra, mas, ao contrário, tem tudo<br />
a ver com a superioridade de Cristo.<br />
Bem, aí você tem a totalidade do ensino do Novo<br />
Testamento sobre o dízimo. Não há nem sequer uma, uma<br />
só palavra em todo o Novo Testamento que ordene ou<br />
mesmo sugira que se espera que crentes, dentro do Novo<br />
Pacto, dizimem. Mas, enquanto o Novo Testamento fica<br />
em total silêncio sobre o dever dos cristãos dizimarem, não<br />
o fica sobre o assunto de dadivar, sobre isto o N.T., fala<br />
muito e muito alto.<br />
O Novo Testamento nunca estipula certo valor percentual<br />
como um padrão obrigatório e exigido para nossas<br />
contribuições. Ao contrário, as Escrituras declaram: “Cada<br />
um contribua segundo propôs no seu coração; não com<br />
tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá<br />
com alegria”. (2 Coríntios 9:7). O dízimo do Velho<br />
Testamento foi exigência legal. Os judeus estavam sob<br />
obrigação de dá-lo. O ensino do Novo Testamento sobre o<br />
contribuir focaliza o seu caráter voluntário “Porque,<br />
segundo o seu poder (o que eu mesmo testifico) e ainda<br />
acima do seu poder, deram voluntariamente”. (2 Coríntios<br />
8:3). Esta contribuição voluntária é exatamente o que<br />
Abraão e Jacó estavam praticando antes da instituição da<br />
Lei, e é o que todos os cristãos devem estar praticando<br />
hoje. Os crentes de hoje têm a liberdade de dadivar tanto<br />
quanto decidam. Se quiser dar dez por cento como Abraão<br />
e Jacó o fizeram, já vimos à ocasião e através de quem o<br />
fizeram, eles estão perfeitamente livres para tal. No<br />
entanto, se decidirem dar 9 por cento ou 11 por cento ou<br />
20 por cento ou 50 por cento, então podem muito bem fazê-<br />
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lo. O padrão de suas contribuições não é uma percentagem<br />
fixa, mas o exemplo de um maravilhoso Salvador “Porque<br />
já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo<br />
rico, por amor de vós se fez pobre; para que pela sua<br />
pobreza enriquecêsseis”. (2 Coríntios 8:9).<br />
Nosso exemplo padrão de contribuir é o próprio Cristo, o<br />
qual não deu 10 por cento nem 20 por cento nem mesmo<br />
50 por cento, mas 100 por cento! Ele deu tudo que tinha<br />
inclusive sua própria vida, para redimir homens e mulheres<br />
pecadores como eu e como você.<br />
Algumas vezes aqueles que são ricos sentem que, se<br />
pagarem apenas seus dez por cento, Deus estará alegre<br />
com eles. No entanto, um rico que dá apenas dez por cento<br />
de seus rendimentos pode na verdade desagradar a Deus,<br />
se estiver vivendo uma vida de luxo extravagante enquanto<br />
dá talvez mesmo de má vontade uma mera “ração de fome”<br />
para a obra de Deus e para as necessidades dos outros. A<br />
vontade de Deus em relação a este homem pode ser que<br />
dadive de 50 a 80 por cento de seus rendimentos, ao invés<br />
de 10 por cento. Cada pessoa deve buscar a Deus sobre o<br />
quanto e o como ela deve dadivar.<br />
Ademais, aqueles que são pobres não devem se sentir<br />
culpados se não forem capazes de dar dez por cento de<br />
seus rendimentos. É verdade que Deus honrará o homem<br />
que dá sacrificialmente, mas se uma pessoa decide que<br />
não pode dar dez por cento dos seus rendimentos e ainda<br />
assim satisfazer as necessidades mais básicas suas e de<br />
sua família, nós temos que permiti-lo aquela liberdade, sem<br />
julgá-lo. Afinal, em lugar nenhum Deus falou aos cristãos<br />
que é dever deles dar qualquer percentagem fixa.<br />
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Que o efeito deste estudo seja libertar-nos dos grilhões das<br />
tradições dos homens que não possam ser substanciadas<br />
pela Palavra de Deus (Marcos 7:1 – 13) 7 Em vão, porém,<br />
me honram, Ensinando doutrinas que são mandamentos<br />
de homens. 8 Porque, deixando o mandamento de Deus,<br />
retendes a tradição dos homens; como o lavar dos jarros e<br />
dos copos; 9 E dizia-lhes: Bem invalidais o mandamento<br />
de Deus para guardardes a vossa tradição. 13 Invalidando<br />
assim a palavra de Deus pela vossa tradição, que vós<br />
ordenastes. Olhai para Jesus como o padrão e exemplo do<br />
vosso contribuir.<br />
Procurai a Deus diligentemente, sede generosos e prontos<br />
a compartilhar, para que entesoureis para vós mesmos o<br />
tesouro de uma boa fundação para o futuro, de modo que<br />
alcanceis aquela que é a verdadeira vida. (1 Timóteo 6:18,<br />
19) 18 Que façam bem, enriqueçam em boas obras,<br />
repartam de boa mente, e sejam comunicáveis; 19<br />
Queentesourem para si mesmos um bom fundamento para<br />
o futuro, para que possam alcançar a vida eterna.<br />
DADIVANDO, NO NOVO TESTAMENTO<br />
Se é verdade que dizimar foi parte da adoração de Israel<br />
no Velho Testamento, e que não tem nenhuma injunção<br />
prática sobre os crentes do Novo Testamento, então vem<br />
à tona, naturalmente, a pergunta “Que é que o Novo<br />
Testamento realmente ensina sobre o dar das nossas<br />
rendas a Deus?”<br />
Seguramente, o local de partida para os crentes do Novo<br />
Pacto começarem a entender qual é a revelada vontade de<br />
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Deus para o dadivar deles, está nas Escrituras do Novo<br />
Testamento. É exatamente para lá que eu gostaria de lhe<br />
levar, para juntos examinarmos a vontade de Deus para o<br />
dadivar do verdadeiro cristão.<br />
O QUANTO DO NOSSO DADIVAR<br />
Uma vez que já temos estabelecido que o dízimo não é o<br />
padrão para crentes na Nova Aliança, como então<br />
determinarmos quanto os verdadeiros cristãos devem<br />
contribuir? Examinemos três diferentes textos, para<br />
colhermos, com esforço e cuidado, algum (real e profundo)<br />
entendimento sobre este importante assunto.<br />
1 Coríntios 16:1, 2: “1 Ora, quanto à coleta que se faz para<br />
os santos, fazei vós também o mesmo que ordenei às<br />
igrejas da Galácia. 2 No primeiro dia da semana cada um<br />
de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua<br />
prosperidade, para que não se façam as coletas quando eu<br />
chegar”.<br />
Em nosso texto, o apóstolo Paulo dá direções à igreja de<br />
Corinto: é em proporção ao quanto cada um tem<br />
prosperado que eles devem dar na coleta para os santos<br />
em Jerusalém, os quais estão em grande pobreza e<br />
passando por enormes aflições. Embora não exista<br />
nenhuma menção dos santos em Corinto darem um dízimo<br />
ou qualquer outra percentagem imposta, eles são<br />
instruídos a darem proporcionalmente à sua prosperidade.<br />
O ponto em foco é simples aqueles com mais dinheiro<br />
dêem mais, aqueles com menos dinheiro, podem dar<br />
menos. Nada mais claro nem mais simples. Será que é isso<br />
que acontece? Lógico que não.<br />
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Atos 11:27 – 30 “29 E os discípulos determinaram mandar,<br />
cada um conforme o que pudesse socorro aos irmãos que<br />
habitavam na Judéia”.<br />
Note, na narrativa, que foi proporcionalmente aos seus<br />
meios que os irmãos em Antioquia dadivaram para os<br />
irmãos que sofriam na Judéia. Em outras palavras, deram<br />
de acordo com suas capacidades. Aqueles com mais<br />
dinheiro deram mais, aqueles com menos dinheiro deram<br />
menos. Nada mais claro nem mais simples.<br />
2 Coríntios 9:7: “Cada um contribua segundo propôs no seu<br />
coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque<br />
Deus ama ao que dá com alegria”. Aqui, Paulo dá direções<br />
à igreja, para que dêem aquilo que têm proposto em seus<br />
corações. Note que o apóstolo não lhes diz quanto dar,<br />
nem lhes impõe uma percentagem fixa como padrão. Ele<br />
simplesmente lhes diz que, o que quer que tenham<br />
decidido dadivar deve ir em frente e efetivarem o dadivar.<br />
Muitas vezes, no instante em que vemos uma<br />
necessidade, determinamo-nos a dar certa quantia, mas<br />
depois, quando o tempo de dar nos alcança, somos<br />
tentados a voltar atrás ou ficar aquém. Paulo ensina que<br />
devemos ser fiéis em fazer o bem segundo o que já<br />
tínhamos proposto em nosso coração. Mas note<br />
igualmente que o apóstolo Paulo deixa o valor a critério dos<br />
Coríntios. Não devemos permitir que outras pessoas<br />
indevidamente nos manipulem, ou nos intimidem<br />
(psicologicamente ou de qualquer outra forma, levandonos)<br />
a dar por um sentimento de culpa ou de pressão. Tem<br />
que não haver nenhuma compulsão (externa) em nosso<br />
dar; o valor tem que ser nossa própria decisão.<br />
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Estes textos do Novo Testamento nos ensinam que Deus<br />
deixa a nós o decidirmos sobre o valor das nossas<br />
contribuições. Sim, devemos dar em proporção aos nossos<br />
meios e a como Deus nos tem prosperado; mas, ao final,<br />
somos livres para darmos aquilo que temos o desejo de<br />
dar. Quão libertador isto é, quando consideramos as táticas<br />
manipulativas de arrancar dinheiro que muitas igrejas de<br />
hoje tão frequentemente usam. Tenho estado em igrejas<br />
onde os líderes são induzidos a tomar empréstimos de 22<br />
a 44 salários mínimos cada líder, para dar oferta extra à<br />
igreja, em certas campanhas. (Conheço ministérios que<br />
fazem tais coisas, Foram ditos que, se não derem o<br />
estipulado) a obra de Deus fracassará. Os membros da<br />
congregação são pressionados a escrever e telefonar para<br />
parentes, pedindo dinheiro. Há campanhas pressionando<br />
para promessas assinaturas de carnês, notas promissórias<br />
e outros documentos morais e legais e para o fundo de<br />
construção, com grandes gráficos coloridos. À medida que<br />
o tempo passa, todos são pressionados a dar mais e mais.<br />
Permita-me submeter-lhe que tudo isto corre em direção<br />
contrária aos ensinos do Apóstolo em 2 Coríntios 9:7, ver<br />
acima quando citei. A vontade de Deus é que, quando<br />
vemos uma necessidade, oremos ferventemente por<br />
direção sobre como podemos satisfazer aquela<br />
necessidade. Então, com base na nossa situação<br />
financeira, dadivamos com um coração prazeroso e alegre.<br />
O PROPÓSITO DO NOSSO DADIVAR<br />
A quais tipos de necessidades devemos usar nosso<br />
dinheiro para satisfazer? Será que o Novo Testamento nos<br />
dá alguma luz sobre este importante assunto? Creio que<br />
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as Escrituras são muito claras nesta área. O Novo<br />
Testamento ensina que há três propósitos para nosso<br />
dadivar.<br />
SATISFAZER AS NECESSIDA<strong>DE</strong>S DOS SANTOS<br />
Este tema é como um fio que vai através de [toda] a<br />
Escritura. Consideremos alguns textos:<br />
Atos 2:44, 45 “44 E todos os que criam estavam juntos, e<br />
tinham tudo em comum. 45 E vendiam suas propriedades<br />
e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de<br />
mister”. O espírito de amor e generosidade era tão grande,<br />
na igreja primitiva, que os crentes, de própria vontade e<br />
alegremente, abriram mão de suas próprias propriedades<br />
e possessões, para ministrarem às necessidades dos<br />
outros santos. Eles chegaram mesmo ao ponto de vender<br />
suas terras e casas para tomarem conta um do outro (Atos<br />
4: 34). 1 João 3:17 “Quem, pois, tiver bens do mundo, e,<br />
vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas<br />
entranhas, como estará nele o amor de Deus?”. Gálatas<br />
6:9, 10 “9 E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu<br />
tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido. 10<br />
Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas<br />
principalmente aos domésticos da fé”. Embora o “façamos<br />
bem” não seja claramente definido, seguramente incluiria o<br />
dadivar para satisfazer as necessidades dos domésticos<br />
da fé.<br />
Em adição a estes claros textos, lemos também, em<br />
Mateus 25:31 – 40, que, quando Cristo voltar, separará as<br />
ovelhas dos bodes. As ovelhas são descritas como aqueles<br />
que alimentaram Cristo quando ele estava faminto, deram-<br />
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lhe de beber quando estava sedento, vestiram-no quando<br />
estava nu. Quando as ovelhas replicam: “Senhor, quando...<br />
e te demos de comer? [...] e te demos de beber? 38 [...] e<br />
te hospedamos? [...] e te vestimos? 39 [...] e fomos ver-te?"<br />
Cristo responde “Em verdade vos digo que quando o<br />
fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o<br />
fizestes”. Aqui, Jesus nos diz claramente que quando<br />
usamos nosso dinheiro para vestir e alimentar os irmãos<br />
de Cristo (crentes, de acordo com Mateus 12:50 “qualquer<br />
que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, este é<br />
meu irmão, e irmã e mãe”), estamos ministrando a ele.<br />
Ademais, 1 Timóteo 5:16 “para que se possam sustentar<br />
as que deveras são viúvas”. Dá instruções sobre como a<br />
igreja deve sustentar viúvas desvalidas. Ainda mais, temos<br />
visto, nos textos já citados, as muitas exortações do<br />
apóstolo Paulo para dadivar aos santos pobres em<br />
Jerusalém. Portanto, é bastante claro que uma das<br />
prioridades do dadivar no Novo Testamento é satisfazer as<br />
necessidades dos santos.<br />
SATISFAZER AS NECESSIDA<strong>DE</strong>S DOS OBREIROS<br />
CRISTÃOS<br />
Além de usarmos nosso dinheiro para satisfazer as<br />
necessidades dos nossos irmãos e irmãs em Cristo, as<br />
Escrituras também nos levam a usar nosso dinheiro para<br />
sustentar os que trabalham na obra do Senhor.<br />
Consideremos as seguintes passagens:<br />
1 Timóteo 5:17, 18: “17 Os presbíteros que governam bem<br />
sejam estimados por dignos de duplicada honra,<br />
principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina;<br />
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18 Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que<br />
debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário”.<br />
Neste texto, "honra" tem que significar mais que meras<br />
estima e respeito, pois, no verso 3 do mesmo capítulo,<br />
Paulo manda a Timóteo “Honra as viúvas que<br />
verdadeiramente são viúvas”. Honrar estas viúvas é prover<br />
para elas (v. 8) e assisti-las (v. 16). Portanto, quando Paulo<br />
menciona “honrar” os anciãos que trabalham duramente na<br />
pregação e ensino (da Palavra), imediatamente depois que<br />
ele mencionou honrar as viúvas, Paulo tem que ter a<br />
mesma coisa em mente, prover e assistir aos anciãos<br />
financeiramente, de modo que possam se dedicar ao<br />
trabalho de labutarem na Palavra. Um ancião ensinador é<br />
como um boi que deve ser permitido comer enquanto está<br />
debulhando. Em outras palavras, deve ser sustentado e<br />
cuidado enquanto está trabalhando com todo esforço. Ele<br />
também é como um operário, o qual é digno de seu salário.<br />
A uniforme prática apostólica do Novo Testamento foi a de<br />
apontar anciãos para superintenderem as igrejas que os<br />
apóstolos plantavam. Paulo simplesmente está dirigindo as<br />
igrejas a proverem e assistirem financeiramente estes<br />
anciãos, de modo que possam dar seu tempo à tarefa de<br />
ministrarem ao rebanho.<br />
1 Coríntios 9:6 – 14 “6 Ou só eu e Barnabé não temos<br />
direito de deixar de trabalhar? 7 Quem jamais milita à sua<br />
própria custa? Quem planta a vinha e não come do seu<br />
fruto? Ou quem apascenta o gado e não se alimenta do<br />
leite do gado? 8 Digo eu isto segundo os homens? Ou não<br />
diz a lei também o mesmo? 9 Porque na lei de Moisés está<br />
escrito: Não atarás a boca ao boi que trilha o grão.<br />
Porventura tem Deus cuidado dos bois? 10 Ou não o diz<br />
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certamente por nós? Certamente que por nós está escrito;<br />
porque o que lavra deve lavrar com esperança e o que<br />
debulha deve debulhar com esperança de ser participante.<br />
11 Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito<br />
que de vós recolhamos as carnais? 12 Se outros participam<br />
deste poder sobre vós, por que não, e mais justamente,<br />
nós? Mas nós não usamos deste direito; antes suportamos<br />
tudo, para não pormos impedimento algum ao evangelho<br />
de Cristo. 13 Não sabeis vós que os que administram o que<br />
é sagrado comem do que é do templo? E que os que de<br />
contínuo estão junto ao altar, participam do altar? 14 Assim<br />
ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho,<br />
que vivam do evangelho”.<br />
Nesta passagem Paulo está clamando que os apóstolos<br />
tinham todo o direito de abster-se de viverem de trabalhos<br />
seculares e todo o direito de receberem o sustento material<br />
daqueles a quem serviam. De fato, Paulo assevera que o<br />
Senhor mandou àqueles que proclamam o evangelho que<br />
obtenham seu viver do evangelho.<br />
Filipenses 4:15 – 18 “15 E bem sabeis também, ó<br />
filipenses, que, no princípio do evangelho, quando parti da<br />
Macedônia, nenhuma igreja comunicou comigo com<br />
respeito a dar e a receber, senão vós somente; 16 Porque<br />
também uma e outra vez me mandastes o necessário a<br />
Tessalônica. 17 Não que procure dádivas, mas procuro o<br />
fruto que cresça para a vossa conta. 18 Mas bastante tenho<br />
recebido, e tenho abundância. Cheio estou, depois que<br />
recebi de Epafrodito o que da vossa parte me foi enviado,<br />
como cheiro de suavidade e sacrifício agradável e<br />
aprazível a Deus”.<br />
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Neste texto o apóstolo declara expressamente que a<br />
dádiva que os filipenses lhe haviam enviado foi um<br />
fragrante aroma, um sacrifício aceitável, e foi agradável a<br />
Deus. O próprio Deus nos tem dado sua aprovação para<br />
usarmos nosso dinheiro para sustento de fiéis obreiros<br />
cristãos. Portanto, é importante que o povo de Deus utilize<br />
seus recursos financeiros para sustentar obreiros cristãos,<br />
quer sejam anciãos de uma igreja local, ou evangelistas<br />
itinerantes, ou missionários.<br />
SATISFAZER AS NECESSIDA<strong>DE</strong>S DOS POBRES<br />
Em adição ao uso do nosso dinheiro para satisfazer às<br />
necessidades dos santos e dos obreiros cristãos, as<br />
Escrituras também nos mandam usar nosso dinheiro na<br />
satisfação das necessidades dos pobres. Considere os<br />
seguintes textos:<br />
Lucas 12:33, 34 “33 Vendei o que tendes, e dai esmolas.<br />
Fazei para vós bolsas que não se envelheçam; tesouro nos<br />
céus que nunca acabe, aonde não chega ladrão e a traça<br />
não rói. 34 Porque, onde estiver o vosso tesouro, ali estará<br />
também o vosso coração”.<br />
Efésios 4:28 “Aquele que furtava, não furte mais; antes<br />
trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que<br />
tenha o que repartir com o que tiver necessidade”.<br />
Aqui a pessoa que sofre a necessidade não é identificada<br />
como crente, mas presumivelmente pode ser qualquer um<br />
padecendo privação.<br />
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Tiago 1:27 “A religião pura e imaculada para com Deus, o<br />
Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas<br />
tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo”.<br />
Visitar órfãos e viúvas em suas necessidades tem que<br />
significar mais que fazer-lhes uma mera visitinha social.<br />
Está implícita, na declaração, a idéia de ajudar estes órfãos<br />
e viúvas, o que, sem dúvidas, requereria dadivar<br />
sacrificialmente.<br />
Como temos visto, podemos desta maneira sumariar o<br />
ensino do Novo Testamento sobre o propósito do dadivar:<br />
(a) satisfazer as necessidades dos santos,<br />
(b) satisfazer as necessidades dos obreiros cristãos, e<br />
(c) satisfazer as necessidades dos pobres.<br />
Note que o dadivar, no Novo Testamento, é sempre para<br />
satisfazer as necessidades das pessoas. É interessante<br />
que aquela coisa na qual a igreja na América gasta a maior<br />
parte do seu dinheiro, depois de pagar o salário do seu<br />
pessoal, não é de modo algum mencionada no Novo<br />
Testamento, prédios da igreja. A Bíblia simplesmente não<br />
fala de nenhuma igreja entrando em débito para comprar<br />
ou construir caros prédios, pela simples razão de que a<br />
igreja primitiva não se reunia em prédios especiais. Eles se<br />
reuniam em casas. Assim, não havia despesa “não estrita<br />
e diretamente com o evangelho e com pessoas”, tal<br />
despesa, só faria drenar a energia e as finanças da igreja.<br />
Desta maneira, todas as dádivas do povo de Deus podiam<br />
ir diretamente para satisfazer as necessidades de pessoas.<br />
Incidentalmente, não há nas Escrituras nada de que eu<br />
tenha conhecimento e que exija que todo nosso dadivar ao<br />
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Senhor tem que ser primeiramente entregue aos líderes da<br />
igreja, e depois distribuídos por eles conforme eles o<br />
prefiram. De fato, creio que algumas das nossas dádivas<br />
devem ser feitas diretamente de pessoa para pessoa, para<br />
preservarmos o anonimato (Mateus 6:1 – 4). É razoável,<br />
portanto, colocar de lado (em casa ou numa conta bancária<br />
separada e especial) uma parte da sua dádiva total, de<br />
modo que, quando uma necessidade especial ou uma<br />
emergência surgir, tenhamos alguns recursos financeiros<br />
de que possamos sacar para satisfazer aquela<br />
necessidade.<br />
O MODO DO NOSSO DADIVAR<br />
Além de nos iluminar sobre o valor total e sobre o propósito<br />
do nosso dadivar, as Escrituras nos ensinam diversas<br />
coisas sobre como devemos dadivar.<br />
<strong>DE</strong>VEMOS DADIVAR ANONIMAMENTE<br />
Em Mateus 6:1 – 4 “1 Guardai-vos de fazer a vossa esmola<br />
diante dos homens, para serdes vistos por eles; aliás, não<br />
tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus”.<br />
2 Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta<br />
diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas<br />
ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade<br />
vos digo que já receberam o seu galardão. 3 Mas, quando<br />
tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz<br />
a tua direita; 4 Para que a tua esmola seja dada em<br />
secreto; e teu Pai, que vê em secreto, ele mesmo te<br />
recompensará publicamente.<br />
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Jesus nos ensina a dadivar em segredo, para que aquele<br />
que vê em segredo nos recompense. Este tipo de dadivar<br />
é preferível, pois protege o dadivador de orgulho espiritual.<br />
Quando você quiser dar uma dádiva a alguém, procure<br />
maneiras de satisfazer a necessidade que você percebeu,<br />
sem que o beneficiário jamais saiba quem deu o dinheiro.<br />
<strong>DE</strong>VEMOS DADIVAR VOLUNTARIAMENTE POR NOSSA<br />
VONTA<strong>DE</strong> E COM AMOR<br />
2 Coríntios 8:3, 4 diz “3 Porque, segundo o seu poder (o<br />
que eu mesmo testifico) e ainda acima do seu poder, deram<br />
voluntariamente. 4 Pedindo-nos com muitos rogos que<br />
aceitássemos a graça e a comunicação deste serviço, que<br />
se fazia para com os santos”.<br />
Somos aqui ensinados que as igrejas da Macedônia deram<br />
de suas próprias vontades. Ninguém os estava<br />
manipulando (emocional e psicologicamente, nem lhes<br />
torcendo o braço, obrigando-os). Em 2 Coríntios 9:7 Paulo<br />
diz “Cada um contribua segundo propôs no seu coração;<br />
não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama<br />
ao que dá com alegria”. Se não devemos dadivar com<br />
tristeza ou sob compulsão (externa), então devemos<br />
dadivar voluntariamente, de ânimo pronto, com prazer e<br />
alegria. Deus quer que nosso dadivar provenha do nosso<br />
coração. Ele quer que dadivemos porque temos todo o<br />
desejo de fazê-lo.<br />
<strong>DE</strong>VEMOS DADIVAR EXPECTATIVAMENTE<br />
Quando dadivamos, devemos esperar que Deus nos<br />
abençoe nesta presente vida. Consideremos os ensinos do<br />
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apóstolo Paulo. 2 Coríntios 9:6 “E digo isto: Que o que<br />
semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em<br />
abundância, em abundância ceifará”.<br />
Quando alguém semeia por girar seu braço e espalhando<br />
abundantemente as sementes com a mão aberta, parece<br />
que está apenas jogando fora bom grão. Mas, se ele<br />
firmemente prendesse as sementes na sua mão (não<br />
deixando nenhuma escapar), ou se apenas jogasse uma<br />
ou duas sementes, teria uma ceifa muito pequena. Assim<br />
também com o dadivar do crente. Se não dermos nada ou<br />
se dermos muito pouco, só podemos esperar muito poucas<br />
bênçãos. Mas, se dermos com uma mão aberta e<br />
generosa, podemos esperar que colhamos<br />
abundantemente. John Bunyan disse uma certa vez: “Um<br />
santo nunca dizia ‘esta moeda é minha’, e, quanto mais ele<br />
dadivava, mais ele tinha”. Muitos têm torcido 2 Coríntios<br />
9:9 como se ensinasse que Deus quer que dadivemos<br />
tendo, dentro de nós mesmos, o objetivo de recebermos.<br />
Este tipo de ensino apela para a carne, e faz crescer um<br />
espírito de avareza e cobiça nos crentes. Mas, ao contrário<br />
disto, Paulo nesta passagem está ensinando que devemos<br />
dadivar com o objetivo de recebermos mais para podermos<br />
dadivar ainda mais. Vejamos como Paulo expressa isto,<br />
nos versos 8 – 11: “8 E Deus é poderoso para fazer<br />
abundar em vós toda a graça, a fim de que, tendo sempre,<br />
em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda a boa obra;<br />
9 Conforme está escrito: Espalhou, deu aos pobres; A sua<br />
justiça permanece para sempre. 10 Ora, aquele que dá a<br />
semente ao que semeia, também vos dê pão para comer,<br />
e multiplique a vossa sementeira, e aumente os frutos da<br />
vossa justiça; 11 Para que em tudo enriqueçais PARA toda<br />
a beneficência, a qual faz que por nós se dêem graças a<br />
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Deus”. Notemos, nesta passagem, que Paulo está<br />
asseverando que Deus abençoará o dadivador generoso<br />
fazendo toda a graça abundar sobre ele, para que, em<br />
consequência, este tenha uma abundância para toda boa<br />
obra. Ademais, Deus promete multiplicar a semente do<br />
dadivador para semear e (promete) aumentar a colheita de<br />
sua retidão. Estas passagens sem dúvida alguma apontam<br />
para o fato de que Deus abençoa aqueles que dadivam, de<br />
modo que possam dar ainda mais. Uma vez que Deus é o<br />
maior dadivador de todos, devemos nos esforçar para<br />
sermos na semelhança dele. E a única maneira de<br />
podermos ser maiores dadivadores no futuro é<br />
começarmos a dar generosamente agora. É muito<br />
interessante que isto seja exatamente o que os Provérbios<br />
de Salomão nos ensinam, embora tenham sido escritos<br />
centenas de anos antes.<br />
Provérbios 19:17 “Ao SENHOR empresta o que se<br />
compadece do pobre, Ele lhe pagará o seu benefício”.<br />
Provérbios 11:24, 25 “24 Ao que distribui mais se lhe<br />
acrescenta, e ao que retém mais do que é justo, é para a<br />
sua perda. 25 A alma generosa prosperará e aquele que<br />
atende também será atendido”.<br />
Em adição, também devemos esperar que Deus nos<br />
abençoará na vida futura. Se há uma coisa que a Bíblia<br />
deixa muito clara é que, quando dadivamos, estamos<br />
entesourando para nós mesmos tesouros no céu. Note a<br />
ênfase nos tesouros celestiais, futuros, nas seguintes<br />
passagens:<br />
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Mateus 6:19 – 21 “19 Não ajunteis tesouros na terra, onde<br />
a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões<br />
minam e roubam; 20 Mas ajuntai tesouros no céu, onde<br />
nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões<br />
não minam nem roubam. 21 Porque onde estiver o vosso<br />
tesouro, aí estará também o vosso coração”.<br />
Lucas 12:33 “Vendei o que tendes, e dai esmolas. Fazei<br />
para vós bolsas que não se envelheçam; tesouro nos céus<br />
que nunca acabe, aonde não chega ladrão e a traça não<br />
rói”.<br />
1 Timóteo 6:18, 19 “18 Que façam bem, enriqueçam em<br />
boas obras, repartam de boa mente, e sejam<br />
comunicáveis; 19 Que entesourem para si mesmos um<br />
bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar<br />
a vida eterna”.<br />
Em todas estas passagens (quer dirigidas aos discípulos,<br />
ao rico jovem proprietário, ou aos opulentos crentes de<br />
Éfeso) a mensagem é a mesma, o generoso dadivar será<br />
recompensado por tesouros celestiais. Preferirias tu ter seu<br />
tesouro na terra, onde perecerá, ou no céu, onde o gozarás<br />
eternamente? Tua resposta a esta pergunta terá muito a<br />
ver com o como verás e usarás tuas riquezas.<br />
<strong>DE</strong>VEMOS DADIVAR ANIMADAMENTE COM ÂNIMO E<br />
ALEGRIA<br />
Em 2 Coríntios 9:7 nós aprendemos qual espírito devemos<br />
ter ao dadivarmos “Cada um contribua segundo propôs no<br />
seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque<br />
Deus ama ao que dá com alegria”.<br />
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Se cada crente soubesse quão grande chuva de bênçãos<br />
gozaríamos através do dadivar, seríamos como os crentes<br />
da Macedônia, que imploraram a Paulo para terem a<br />
oportunidade de dadivar (2 Coríntios 8:3, 4). Dadivar<br />
deveria ser visto como um grande privilégio, não como uma<br />
pesada carga ou um doloroso dever. Deus não deseja que<br />
seu povo dadive movido por um sentimento de compulsão<br />
ser empurrado à força e contra a vontade, mas sim movido<br />
por uma atitude de alegria e animação. A suprema e<br />
definitiva passagem no NT que declara a atitude com a qual<br />
devemos dadivar descreve – a como “com alegria”. Que<br />
Deus nos ajude a dadivar em um espírito que O honre!<br />
<strong>DE</strong>VEMOS DADIVAR SACRIFICIALMENTE<br />
Nas Escrituras temos vários exemplos onde Deus olha com<br />
aprovação para o nosso dadivar sacrificial:<br />
2 Coríntios 8:1 – 5 “1 Também, irmãos, vos fazemos<br />
conhecer a graça de Deus dada às igrejas da Macedónia;<br />
2 Como em muita prova de tribulação houve abundância<br />
do seu gozo, e como a sua profunda pobreza abundou em<br />
riquezas da sua generosidade. 3 Porque, segundo o seu<br />
poder (o que eu mesmo testifico) e ainda acima do seu<br />
poder, deram voluntariamente. 4 Pedindo-nos com muitos<br />
rogos que aceitássemos a graça e a comunicação deste<br />
serviço, que se fazia para com os santos. 5 E não somente<br />
fizeram como nós esperávamos, mas a si mesmos se<br />
deram primeiramente ao Senhor, e depois a nós, pela<br />
vontade de Deus”.<br />
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Logo de partida, notemos que os crentes macedônicos<br />
tinham pouquíssimos dinheiro e bens. São descritos como<br />
estando suportando muita aflição e experimentando<br />
profunda pobreza. Apesar de tudo, também é dito que<br />
tinham dadivado além das suas possibilidades! Que Deus<br />
nos habilite a os imitarmos em nossas próprias vidas!<br />
Marcos 12:41 – 44 “41 E, estando Jesus assentado<br />
defronte da arca do tesouro, observava a maneira como a<br />
multidão lançava o dinheiro na arca do tesouro; e muitos<br />
ricos deitavam muito. 42 Vindo, porém, uma pobre viúva,<br />
deitou duas pequenas moedas, que valiam meio centavo.<br />
43 E, chamando os seus discípulos, disse-lhes: Em<br />
verdade vos digo que esta pobre viúva deitou mais do que<br />
todos os que deitaram na arca do tesouro; 44 Porque todos<br />
ali deitaram do que lhes sobejava, mas esta, da sua<br />
pobreza, deitou tudo o que tinha todo o seu sustento”.<br />
Jesus escolheu esta mulher para servir aos seus discípulos<br />
de maravilhoso exemplo do dadivar. Quando Cristo viu o<br />
espírito sacrificial dela amoroso e de vontade livre e boa,<br />
Ele chamou os Seus discípulos para se aproximarem,<br />
observarem, e aprenderem uma lição, através da vida dela.<br />
Que também aprendamos, e saiamos, e façamos<br />
semelhantemente.<br />
Podes tu afirmar que teu dadivar é caracterizado por um<br />
espírito de sacrifício com felicidade? Teu dadivar realmente<br />
te é custoso? Realmente representa um sacrifício? Na<br />
realidade, não é quanto dadivamos que é tão importante,<br />
mas sim quanto é que resta e guardamos para nós<br />
mesmos, depois de dadivarmos. Que nosso grande e<br />
glorioso Deus nos habilite a praticarmos um gozoso e<br />
sacrificial dadivar!<br />
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A MOTIVAÇÃO DO NOSSO DADIVAR<br />
Agora que já temos visto os que as Escrituras nos ensinam<br />
com referência ao total, ao propósito, e à maneira de<br />
dadivarmos, voltemo-nos para examinar o que a Bíblia nos<br />
ensina sobre qual deve ser a motivação do nosso dadivar.<br />
O EXEMPLO <strong>DE</strong> CRISTO<br />
Justo na metade da mais extensa exposição do Novo<br />
Testamento sobre o dadivar (2 Coríntios 8:9), o apóstolo<br />
Paulo lança mão do exemplo de Jesus Cristo para<br />
estabelecer qual deve ser nossa maior motivação.<br />
Considere as palavras de Paulo em 2 Coríntios 8:9,<br />
“Porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo<br />
que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre; para que<br />
pela sua pobreza enriquecêsseis”. Cristo era infinitamente<br />
rico em sua existência pré-encarnação, no céu. Era<br />
incessantemente adorado por uma grande hoste de seres<br />
angelicais. Sendo Deus, exercia onipotência, onisciência e<br />
onipotência. Juntamente com o Pai e o Espírito Santo,<br />
reinava sobre todo o universo que tinham criado. Todavia,<br />
Cristo de livre vontade escolheu se tornar pobre. Jogou no<br />
chão seu direito ao exercício independente de seus<br />
atributos. Nasceu em um estábulo e foi criado por pais<br />
muito pobres. Viveu uma vida obscura e simples.<br />
Dependeu do Deus Pai para toda a sua sobrevivência.<br />
Nunca acumulou possessões durante todo o tempo de sua<br />
vida; na verdade, parece que as únicas possessões que<br />
ele podia chamar de suas foram às roupas sobre suas<br />
costas. Ao final de sua vida, pela própria vontade ele<br />
entregou a única coisa que ainda lhe restava, sua própria<br />
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vida. Ao depor sua vida Jesus estava dando tudo, para nos<br />
livrar dos nossos pecados. Embora fosse rico, tornou-se<br />
pobre. E qual foi o propósito deste grande ato de sacrifício?<br />
Foi que, através de sua pobreza, nós nos tornássemos<br />
ricos. Nós, aqueles que cremos nele, temos herdado<br />
grandes riquezas: perdão, adoção, justificação, Deus o<br />
Espírito Santo habitando em nós, paz com Deus, acesso a<br />
Deus, santificação, e a glória eterna que em breve virá!<br />
Note que Cristo não nos deu apenas dez por cento dos<br />
seus recursos ao nos comprar e presentear tamanhos<br />
tesouros. Ele deu 100%! Um discípulo naturalmente deseja<br />
ser como seu senhor. Portanto, empenhemo-nos<br />
esforçadamente para imitar nosso Senhor. Não nos<br />
contentemos em dar uma pequena fração de nossa renda.<br />
Oremos que Deus nos habilite a dar mais e mais, para<br />
ajudar pessoas sofrendo e para expandir o reino de Deus<br />
através do mundo!<br />
A OR<strong>DE</strong>M <strong>DE</strong> CRISTO<br />
Não apenas temos o exemplo de Cristo para nos motivar,<br />
como também temos sua ordem. Jesus expressou-se<br />
muito claramente em João 15:12, 13, “12 O meu<br />
mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim<br />
como eu vos amei. 13 Ninguém tem maior amor do que<br />
este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos”. Jesus,<br />
nesta passagem, está ordenando aos seus seguidores que<br />
amem um ao outro de modo idêntico àquele com que Ele<br />
os amou, a saber, sendo totalmente dedicado a eles. Este<br />
tipo de dedicação tem que, pela própria natureza do caso,<br />
incluir a vontade de darmos dos nossos recursos para<br />
ajudarmos um ao outro. Jesus deu tudo, inclusive sua<br />
própria vida, por nós. É deste modo que somos ordenados<br />
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amar um ao outro. Saberemos se realmente amamos<br />
nossos irmãos e irmãs quando estivermos desejosos de<br />
abrir nossas carteiras ou talões de cheque e dar para<br />
satisfazer suas reais necessidades. Que Deus nos habilite<br />
a seguirmos seu Filho em obediência!<br />
CONCLUSÃO<br />
As Escrituras não ensinam que o dízimo é obrigatório sobre<br />
os crentes durante, a dispensação de o Novo Testamento.<br />
No entanto, as mesmas Escrituras decididamente ensinam<br />
que os crentes devem ser dadivadores generosos,<br />
sacrificiais, expectantes, e muito animados.<br />
Será que isto descreve você? É minha sincera oração que<br />
o Espírito Santo use este artigo para desafiá-lo a repensar<br />
os seus padrões de dadivar, e para verificar se eles se<br />
alinham com a vontade de Deus, conforme expressa no<br />
Novo Testamento. Se não estiverem, vá ao Senhor em<br />
oração e peça-lhe o poder e a graça para lhe obedecer<br />
plenamente em todas as coisas.<br />
Lembre-se que muitos viriam em nome do SENHOR, mas<br />
são ladrões. Lobos devoradores, Estrelas errantes,<br />
Amantes de si mesmos, falsos mestres, Falsos Pastores,<br />
Falsos sábios, pois, não tem temor a Deus, logo não pode<br />
ter a Sabedoria do alto, porque o princípio da Sabedoria é<br />
o temor a Deus.<br />
Sou pastor e não dou o dízimo, pelo contrário transformo<br />
minha o meu dadivar em oferta, e em alimento para pobres<br />
e mendigos, acreditando em uma porta aberta para<br />
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pregação do Santo Evangelho, contribua de acordo com o<br />
que vocês podem, não 10%, mas o que vocês podem, se<br />
possível dê até 100%, mas para o cuidado de pessoas que<br />
morrem de fome, e de doenças, de pessoas necessitadas<br />
em geral.<br />
Ó ADVENTISTAS SEM JUÍZO!<br />
“Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber,<br />
ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos<br />
sábados, Que são sombras das coisas futuras, mas o<br />
corpo é de Cristo” – Colossenses 2:16, 17.<br />
“Exposição da Epístola do Apóstolo São Paulo aos<br />
Gálatas”.<br />
O fim deste mandamento é que, mortos para os nossos<br />
próprios interesses e obras, meditemos no Reino de Deus<br />
e a essa meditação nos apliquemos com os meios por ele<br />
estabelecidos. Contudo, uma vez que tem este<br />
mandamento uma consideração peculiar e distinta dos<br />
outros, ele requer ordem de exposição um pouco diferente.<br />
Os antigos costumam chamá-lo um mandamento<br />
prefigurativo, porque contém a observância externa de um<br />
dia, a qual foi abolida, com as demais figuras, na vinda de<br />
Cristo, o que certamente é dito por eles com verdade, mas<br />
ferem a questão apenas pela metade. Por isso tem-se de<br />
buscar uma exposição mais profunda e levar em<br />
consideração três causas pelas quais, a mim me parece<br />
ficar patente, eles têm observado este mandamento.<br />
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Primeira, pois o Celeste Legislador quis que sob o<br />
descanso do sétimo dia prefigurasse ao povo de Israel um<br />
repouso espiritual, pelo qual devem os fiéis descansar de<br />
suas próprias atividades para que deixem Deus operar<br />
neles. Segunda, quis Ele que um dia fosse estabelecido no<br />
qual se reunissem para ouvir a lei e realizar os atos de<br />
culto, ou, pelo menos, o consagrassem particularmente à<br />
meditação de suas obras, de sorte que, por esta<br />
rememoração, fossem exercitados à piedade. Terceira,<br />
ordenou um dia de repouso no qual se concedesse aos<br />
servos e aos que vivem sob o domínio de outros para que<br />
tivessem alguma relaxação de seu labor.<br />
Devemos guardar a Lei para que haja justificação diante de<br />
Deus? A guarda do sábado, por exemplo, é uma ordenação<br />
para igreja de Cristo? Faz parte da graça obedecermos a<br />
preceitos da lei para que assim sejamos aceitos por Deus?<br />
Porque os adventistas “obrigam” as pessoas a guardarem<br />
um dia como se isso fosse uma condição de aceitação por<br />
parte de Deus? Eles estão com a verdade? O que a<br />
escritura nos diz a respeito?<br />
Primeiro, devemos entender que a guarda dos sábados<br />
existiam dois princípios: 1) moral e 2) cerimonial, o único<br />
princípio que devemos guardar é o moral, pois, a<br />
perpetuidade da guarda de um dia para adorarmos a Deus<br />
existem evidências bíblicas, e acompanha a Teologia<br />
histórica, mas já a cerimonial já foi cumprida em Cristo de<br />
acordo com Colossenses 2:17 onde diz “(que os ritos<br />
cerimoniais), são sombras das coisas futuras, mas o corpo<br />
é de Cristo”.<br />
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Nesse texto refutaremos a questão “judaizante” pregada<br />
pelos adventistas, onde ensinam que para que um cristão<br />
tenha verdadeiramente fé e real espiritualidade, é<br />
necessário que se observe a preceitos da Lei. Será? A<br />
epístola escrita pelo Apóstolo São Paulo aos Gálatas<br />
responderá a essa questão.<br />
Paulo inicia sua argumentação acerca de como um<br />
pecador é aceito ou não por Deus a partir do capítulo 2:15:<br />
“O fato é que nós somos judeus de nascimento e não<br />
“pecadores não judeus”, como eles são chamados. Mas<br />
sabemos que todos são aceitos por Deus somente pela fé<br />
em Jesus Cristo, e não por fazerem o que a lei manda”,<br />
aqui notamos por qual meio todos são aceitos por Deus, e<br />
é nessa parte que está à chave para toda a interpretação<br />
acerca das doutrinas da graça, “a fé – Sola Fide”, em Jesus<br />
Cristo, pois, “o justo viverá pela fé”. (Romanos 1:17). Assim<br />
nós também temos crido em Cristo Jesus a fim de sermos<br />
aceitos por Deus pela nossa fé em Cristo e não por<br />
fazermos o que a Lei ordena. Pois ninguém é aceito por<br />
Deus por fazer o que a lei ordena. Ao procurarmos ser<br />
aceitos por Deus por estarmos unidos com Cristo, fica claro<br />
que somos pecadores como os não judeus. Mas será que<br />
isso quer dizer que Cristo trabalha em favor do pecado?<br />
Não! Claro que não! Se eu, depois de ter destruído a lei,<br />
começar a construí-la de novo como meio de ser aceito por<br />
Deus, aí, sim, fica claro que eu havia quebrado a Lei. Pois,<br />
quanto à Lei, estou morto, morto pela própria Lei, a fim de<br />
viver para Deus. Eu fui morto com Cristo na cruz.<br />
Assim já não sou eu quem vive, mas Cristo é quem vive em<br />
mim. E esta vida que vivo agora, eu a vivo pela fé no Filho<br />
de Deus, que me amou e se deu a Si mesmo por mim. Eu<br />
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me recuso a rejeitar a graça de Deus. Pois, se é por meio<br />
da Lei que as pessoas são aceitas por Deus, então a morte<br />
de Cristo não adiantou nada!<br />
E não é isso que os adventistas ensinam quando obrigam<br />
aos crentes a guardarem o sábado, ou a se abster de<br />
determinados alimentos? Dessa forma não negam a graça<br />
de Deus? Reconstruindo a lei como uma forma de serem<br />
aceitos por Deus por obras da Lei? O ensinamento de<br />
Paulo não é claro acerca da nossa aceitação mediante a<br />
fé? Sim! Claro que sim!<br />
Lei e Fé.<br />
Paulo na exposição do evangelho de Jesus Cristo no<br />
terceiro capítulo aos Gálatas inicia dizendo da insensatez<br />
de reverte-se ao legalismo. Ó gálatas sem juízo! E ainda,<br />
para os tempos atuais Paulo diria: “Ó adventistas sem<br />
juízo!” Quem foi que enfeitiçou vocês?<br />
Na pregação de Paulo ele diz: Eu fiz uma descrição perfeita<br />
da morte de Jesus Cristo na cruz, por assim dizer, vocês<br />
viram Jesus na cruz, e até mesmo o Seu sangue sendo<br />
derramado. E hoje temos a plenitude de toda revelação<br />
disponível e iluminada em nosso entendimento por meio do<br />
Espírito Santo, e vocês adventistas preferiram uma<br />
“profetisa” (Ellen G.White). Talvez esteja aqui à fonte de<br />
toda deterioração acerca da interpretação bíblica por parte<br />
dos Adventistas.<br />
Adventistas respondam: Vocês receberam o Espírito de<br />
Deus por terem feito o que a lei manda ou por terem ouvido<br />
a mensagem do evangelho e terem crido nela? Como é que<br />
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vocês podem ter tão pouco juízo? Vocês começaram a sua<br />
vida cristã pelo poder do Espírito de Deus e agora querem<br />
ir até o fim pelas suas próprias forças? Será que as coisas<br />
pelas quais vocês passaram não serviram para nada? Não<br />
é possível! Será que, quando Deus dá o seu Espírito e faz<br />
milagres entre vocês, é porque vocês fazem o que a Lei<br />
manda? Não será que é porque vocês ouvem a mensagem<br />
e creem nela?<br />
Lembrem-se do que as Escrituras Sagradas dizem a<br />
respeito de Abraão: “Ele creu em Deus, e por isso Deus o<br />
aceitou”. Portanto, vocês devem saber que os verdadeiros<br />
descendentes de Abraão são os que têm fé. Antes que isso<br />
acontecesse, viram nas Escrituras que Deus iria aceitar os<br />
“não judeus” por meio da fé. Por isso, antes de chegar o<br />
tempo, elas anunciaram a boa notícia a Abraão, dizendo:<br />
“Por meio de você, Deus abençoará todos os povos”.<br />
Abraão creu e foi abençoado, portanto, todos os que creem<br />
são abençoados como ele foi.<br />
Os que confiam na sua obediência à lei estão debaixo da<br />
maldição de Deus. Pois as Escrituras Sagradas dizem:<br />
“Quem não obedece sempre a tudo o que está escrito no<br />
Livro da Lei está debaixo da maldição de Deus”. (Gálatas<br />
3:10) E vocês adventistas, obedecem a tudo o que a Lei<br />
manda? É claro que não! É claro que ninguém é aceito por<br />
Deus por meio da Lei, pois as Escrituras dizem: “Viverá<br />
aquele que, por meio da fé, é aceito por Deus”. Mas a lei<br />
não tem nada a ver com a fé. Pelo contrário, como dizem<br />
as Escrituras: “Viverá aquele que fizer o que a lei manda”.<br />
Porém Cristo, tornando-se maldição por nós, nos livrou da<br />
maldição imposta pela Lei. Como dizem as Escrituras:<br />
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“Maldito todo aquele que for pendurado numa cruz!” Cristo<br />
fez isso para que a bênção que Deus prometeu a Abraão<br />
seja dada, por meio de Cristo Jesus, aos não judeus, a nós<br />
cristãos, e para que todos nós recebamos por meio da fé o<br />
Espírito que Deus prometeu. E vocês não querem essa<br />
liberdade por achar que podem agradar a Deus por suas<br />
próprias obras? Acham que receberam a aprovação de<br />
Deus por méritos próprios? “Como está escrito: Não há um<br />
justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; não<br />
há ninguém que busque a Deus”. (Romanos 3:10, 11).<br />
E vocês adventistas, esqueceram-se dessa situação em<br />
que o homem natural se encontra? Vocês eram assim!<br />
Vocês foram aceitos por Deus pelas obras da lei ou pela<br />
obra de Cristo? Vocês são salvos por seus esforços ou pela<br />
obra do Calvário? Vocês esqueceram o que Tiago disse:<br />
“Pois qualquer que guardar toda a lei, mas tropeçar em um<br />
só ponto, tem-se tornado culpado de todos”.<br />
Adventistas, vou usar um exemplo cotidiano: quando duas<br />
pessoas combinam alguma coisa e assinam um contrato,<br />
ninguém pode quebrá-lo ou acrescentar qualquer coisa a<br />
ele. Pois Deus fez as suas promessas a Abraão e ao seu<br />
descendente. Quando as Escrituras dizem que Deus fez as<br />
suas promessas a Abraão “e à sua descendência”, elas<br />
não querem dizer que se trata de muitas pessoas, mas de<br />
uma só, isto é, Cristo Jesus. O que eu quero dizer é: que<br />
Deus fez uma aliança com Abraão e prometeu cumpri-la. A<br />
lei, que foi dada quatrocentos e trinta anos depois, não<br />
pode quebrar aquela aliança, nem anular a promessa de<br />
Deus. Porque, se aquilo que Deus dá depende da Lei,<br />
então o que ele dá já não depende da sua promessa. Mas<br />
o que Deus deu a Abraão, Ele deu porque havia prometido.<br />
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E porque vocês acham que Deus lhes dará alguma coisa<br />
mediante da Lei? O que vocês não conseguem entender?<br />
Porque vocês negam a graça de Deus? Na Lei morremos!<br />
E em Cristo vivemos!<br />
Então, por que é que foi dada a Lei? Ela foi dada para<br />
mostrar as coisas que são contra a vontade de Deus. Em<br />
primeiro lugar, a Lei tinha a intenção de revelar o pecado,<br />
e não de assegurar a justiça (Romanos 4:15; 5:20). Uma<br />
medida temporária, introduzida para convencer as pessoas<br />
de sua necessidade de justificação e de sua incapacidade<br />
de se salvar a si mesmos, levando-os, assim, a<br />
necessidade urgente de uma Salvador (redenção), Cristo<br />
Jesus! Em segundo lugar, a Lei é inferior à promessa, vinda<br />
pelos anjos e por Moisés (Deuteronômio 33:2; Salmos<br />
68:17; Atos 7:53; Hebreus 2:2) em contraste à promessa<br />
que veio direto de Deus para Abraão.<br />
Lembremo-nos desta ocasião: “O povo, ao ver que Moisés<br />
demorava a descer do monte, juntou-se ao redor de Arão<br />
e lhe disse: Venha, faça para nós deuses que nos<br />
conduzam, pois a esse Moisés, o homem que nos tirou do<br />
Egito, não sabemos o que lhe aconteceu”. (Êxodo 32:1).<br />
Vocês (adventistas) se acham diferentes desse povo? A<br />
resposta é não! Vocês se acham possuidores da verdade?<br />
A resposta é não! A semelhança de vocês (adventistas), e<br />
desse povo é que vocês sentem a mesma vontade, só que<br />
em tempos diferentes, à volta escravidão!<br />
Se nenhum homem conseguiu cumprir a Lei, e porque<br />
vocês acham que conseguirão? O mais perfeito dos Rabis,<br />
conseguiu apenas observar 230 pontos dos 613 preceitos<br />
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da Lei, a Lei diz: “Faça e viva!”, no entanto a Graça diz:<br />
“Viva e Faça!”.<br />
A lei devia durar até que viesse o descendente de Abraão,<br />
pois a promessa foi feita a esse descendente. A lei foi<br />
entregue por anjos, e um homem serviu de intermediário.<br />
Porém não é preciso haver intermediário quando se está<br />
falando de uma só pessoa, e Deus é um só (Deus Pai,<br />
Deus Filho e Deus Espírito Santo). Aleluia!<br />
Será que isso quer dizer que a Lei é contra as promessas<br />
de Deus? É claro que não! Porque, se tivesse sido dada<br />
uma Lei que pudesse dar vida às pessoas, então elas<br />
seriam aceitas por Deus, pois, obedeceriam a Ele pela Lei,<br />
e porque vocês não entendem isso? A Lei não pode nos dá<br />
a vida, na verdade estamos mortos por causa da Lei.<br />
Porém as Escrituras Sagradas afirmam que o mundo<br />
inteiro está dominado pelo pecado, e isso para que as<br />
pessoas receba o que Deus promete aos que têm fé em<br />
Jesus Cristo, a salvação: “Porque pela graça sois salvos,<br />
por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus”.<br />
(Efésios 2:8).<br />
Mas, antes que chegasse o tempo da fé, nós éramos<br />
prisioneiros da Lei, até que fosse revelada a fé que devia<br />
vir. Assim, a Lei ficou tomando conta de nós até que Cristo<br />
viesse para podermos ser aceitos por Deus por meio da fé<br />
no Filho de Deus. Agora que chegou o tempo da fé, não<br />
precisamos mais da Lei para tomar conta de nós.<br />
Pois, por meio da fé em Cristo Jesus, todos são filhos<br />
(adotados) de Deus por eleição, segundo o beneplácito de<br />
Sua vontade. Porque vocês foram batizados para ficarem<br />
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unidos com Cristo e assim se revestiram com as<br />
qualidades do próprio Cristo. Desse modo não existe<br />
diferença entre judeus e não judeus, entre escravos e<br />
pessoas livres, entre homens e mulheres, “Portanto,<br />
ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por<br />
causa dos dias de festa (dias sagrados anuais), ou da lua<br />
nova (dias sagrados mensais), ou DOS SÁBADOS (dias<br />
sagrados semanais), Que são sombras das coisas futuras,<br />
mas o corpo é de Cristo”. (Colossenses 2:16, 17).<br />
Todos nós somos um só (corpo) por estarmos unidos com<br />
Cristo Jesus, o cabeça. E, já que vocês pertencem a Cristo,<br />
se é que pertencem, então são descendentes de Abraão e<br />
receberão aquilo que Deus prometeu, mas não digam que<br />
para receber tal promessa obrigatoriamente se faz<br />
necessário guardar os sábados ou qualquer outro preceito<br />
da Lei, porque não encontramos nenhum fundamento<br />
bíblico para a sustentação dessa doutrina “judaizante”, na<br />
dispensação da graça, no pacto da graça.<br />
Vocês que querem estar debaixo da Lei, me digam uma<br />
coisa: Vocês não estão ouvindo o que a Lei diz? Ela diz<br />
que Abraão teve dois filhos: um de uma escrava, Agar; e<br />
outro, de uma mulher livre, Sara. O filho da escrava foi<br />
gerado como todas as crianças são geradas, mas o filho<br />
da mulher livre foi gerado por causa da promessa de Deus.<br />
Isto serve como um símbolo: as duas mulheres<br />
representam as duas alianças. Uma aliança é a do monte<br />
Sinai e está representada por Agar. Os que são dessa<br />
aliança nascem escravos (réprobos). Por teimosia,<br />
obstinação: Será que vocês adventistas não são desta<br />
aliança representa por Agar? Já que são escravos da Lei?<br />
Pois, Agar representa o monte Sinai, na Arábia, e Agar é o<br />
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símbolo da Jerusalém atual, que é escrava com todo o seu<br />
povo. Mas a Jerusalém celestial é livre, e ela é a nossa mãe<br />
(nossa pátria). Pois as Escrituras Sagradas dizem:<br />
“Você, mulher que nunca teve filhos, fique alegre! Você que<br />
nunca sentiu dores de parto, grite de alegria! Pois a mulher<br />
abandonada terá mais filhos do que a que mora com o<br />
marido”.<br />
Vocês são “judaizantes”, vocês adventistas negam<br />
totalmente a graça de Deus, mas lembrem-se vocês<br />
podem ser como Isaque, filhos de Deus por causa da<br />
promessa divina. Arrependam-se e creia no Evangelho de<br />
Jesus Cristo! Voltem para Graça!<br />
Naquela época o filho que havia sido gerado como todas<br />
as crianças são geradas perseguiu o que havia sido gerado<br />
por causa do Espírito de Deus, e a mesma coisa está<br />
acontecendo agora. Mas o que é que as Escrituras<br />
Sagradas dizem? Elas dizem: “Mande embora a escrava e<br />
o filho dela, pois o filho da escrava não herdará a<br />
propriedade do pai, junto com o filho da mulher livre”.<br />
Crentes que se voltam para a Lei negando a graça de<br />
Deus, em Cristo, no fim se tornaram escravos e não<br />
herdarão o Reino dos céus. Portanto, nós não somos filhos<br />
de uma escrava (como os adventistas), mas de uma mulher<br />
livre (a igreja universal fundamentada na nova aliança feita<br />
no Sangue de Cristo, salvos pela graça mediante a fé, e<br />
somente a fé “Sola Fide”). Cristo é a nossa rocha<br />
inamovível! Amém.<br />
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ROMANOS 14<br />
Respeito pelos escrúpulos – 14:1.<br />
Tolerância com as opiniões alheias – 14:2 – 4.<br />
Diferentes caminhos para uma mesma meta – 14:5, 6.<br />
A impossibilidade do isolamento – 14:7 – 9.<br />
Os homens sob juízo – 14:10 – 12.<br />
O homem e a consciência de seu próximo – 14:13 – 16.<br />
O perigo da liberdade cristã – 14:17 – 20.<br />
Respeito pelo irmão mais fraco – 14:21 – 23.<br />
RESPEITO PELOS ESCRÚPULOS<br />
Romanos 14:1<br />
Neste capítulo, Paulo trata de um problema que pode ter<br />
sido um problema transitório e local na Igreja romana, mas<br />
que é também um problema que continuamente a Igreja<br />
enfrenta, e que está sempre pedindo uma solução. Na<br />
Igreja de Roma havia aparentemente duas linhas de<br />
pensamento. Havia pessoas que criam que com a<br />
liberdade cristã tinham desaparecido os velhos tabus;<br />
criam que o que um homem pudesse comer ou beber não<br />
fazia diferença; que as antigas leis sobre comidas careciam<br />
de pertinência; e que as listas de animais limpos e imundos<br />
em que se deleita o Levítico não tinham nada que ver com<br />
os cristãos. O cristianismo não consistia na observância<br />
especial de um dia ou dias; que o sábado judeu, tão<br />
meticulosamente observado, já não tinha vigência. Agora,<br />
indubitavelmente, Paulo deixa claro que este é o ponto de<br />
vista da fé cristã real e plena. Mas, por outro lado, havia<br />
aqueles que estava cheios de escrúpulos. Criam que era<br />
mau comer carne, e que o homem devia ser vegetariano;<br />
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criam na estrita e rígida observância de um dia, até que o<br />
dia se convertia em uma tirania. Paulo o chama o ultra<br />
escrupuloso de fraco na fé. O que quer dizer com isto? E<br />
por que o chama fraco na fé? Esses homens são fracos em<br />
sua fé por duas razões.<br />
(1) Por não ter descoberto ainda o significado da liberdade<br />
cristã; no fundo de seu coração, ainda são legalistas; vêem<br />
o cristianismo como uma questão de regras e<br />
regulamentos. Seu meta é governar sua vida com uma<br />
série de leis e observâncias; estão é obvio, atemorizados<br />
perante a liberdade cristã.<br />
(2) Porque não se libertaram ainda da crença na eficácia<br />
das obras. Em seu coração, crêem que pode ganhar o<br />
favor de Deus fazendo certas coisas e abstendo-se de<br />
fazer outras. Basicamente, estão tentando ganhar uma<br />
correta relação com Deus, e ainda não aceitaram o<br />
caminho da graça. Ainda estão pensando mais no que<br />
podem fazer por Deus que no que Deus tem feito por eles.<br />
Paulo ordena os irmãos mais fortes, que acolham essas<br />
pessoas, e não as cerquem e ataquem com contínuas<br />
critica.<br />
Este problema não está circunscrito à época de Paulo. Até<br />
nossos dias há na Igreja dois pontos de vista. Um é o ponto<br />
de vista mais amplo e liberal que não vê nenhum perigo em<br />
muitas coisas, e que aceitam que muitos prazeres<br />
inocentes — a seu modo de ver — se desenvolvam na<br />
Igreja. E há o ponto de vista mais estreito, mais estrito, que<br />
se escandaliza e ofende com muitas coisas nas quais a<br />
pessoa liberal não vê dano alguém. As simpatias de Paulo<br />
estão com o ponto de vista mais amplo; mas, ao mesmo<br />
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tempo, diz que, quando um destes irmãos de miras<br />
estreitas entra na Igreja, deve ser recebido com fraternal<br />
simpatia. Quando estamos diante de alguém que tem um<br />
ponto de vista mais estreito, devemos evitar três atitudes.<br />
(1) Devemos evitar a atitude de irritação. Estar incomodado<br />
e impaciente com tal pessoa não conduz a nada. Não<br />
importa quanto possamos dissentir e quanto possamos<br />
diferir, primeiro devemos nos esforçar por ver o ponto de<br />
vista dessa outra pessoa, de simpatizar com ela, de<br />
entendê-la.<br />
(2) Devemos evitar a tentativa de ridicularizar. Ninguém<br />
permanece inalterado quando o que ele crê precioso<br />
desperta risadas. Não é pequeno pecado o rir das crenças<br />
de outrem. Poderão parecer-nos preconceitos mais que<br />
crenças; isso não importa; ninguém tem direito de rir do que<br />
outro considera sagrado. Em todo caso, a risada nunca o<br />
conduzirá a uma visão mais ampla; só o fará enquadrar-se<br />
mais decididamente ainda em sua rigidez.<br />
(3) Devemos evitar a atitude de desdém. É um grande<br />
engano qualificar a uma pessoa com pontos de vista<br />
estreitos, como um parvo antiquado cujas opiniões podem<br />
ser tratadas com desprezo. As crenças de um homem<br />
devem ser tratadas com respeito. Não é possível sequer<br />
ganhar alguém para nossa posição a menos que tenhamos<br />
um genuíno respeito pela sua. De todas as atitudes para<br />
com nossos semelhantes, a menos cristã é o desdém.<br />
Antes de deixar este versículo, devemos fazer notar que há<br />
outra tradução perfeitamente possível. “Recebam ao fraco<br />
na fé, mas não o introduzam diretamente numa discussão<br />
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de questões que só podem criar dúvidas”. Há pessoas que<br />
têm uma fé tão sólida, que não há debate ou<br />
questionamento que possa comovê-la. Há pessoas cuja<br />
aproximação à religião é intelectual, e que se deleitam na<br />
discussão de temas difíceis. Mas há outros que possuem<br />
uma fé simples que uma discussão engenhosa e ardilosa<br />
só consegue alterar desnecessariamente. Bem pode ser<br />
que nossa época seja muito afeita a discutir por discutir. É<br />
sempre fatal dar a impressão de que o cristianismo<br />
consiste só em uma série de questões em debate.<br />
“Achamos”, diz G. K. Chesterton, “todas as perguntas que<br />
se podem achar. É tempo de que deixemos de buscar<br />
perguntas e comecemos a buscar respostas”. “Diga-me<br />
suas certezas”, disse Goethe, “tenho suficientes dúvidas<br />
próprias”. Há uma excelente regra que deveria dirigir e<br />
guiar o processo de toda discussão — toda discussão,<br />
mesmo que tenha sido uma discussão confusa e embora<br />
tenha versado sobre temas que não têm solução, sempre<br />
deve finalizar com uma afirmação. Em um grupo de<br />
discussão de uma Igreja ou de uma sociedade, nunca<br />
devemos ir com uma série de perguntas que permanecem<br />
escuras. Podem ficar muitos pontos sem resposta, mas, ao<br />
mesmo tempo, deve ficar alguma certeza incomovível.<br />
TOLERÂNCIA COM AS OPINIÕES ALHEIAS<br />
Romanos 14:2 – 4.<br />
Aqui surge um dos pontos definidos em debate na Igreja<br />
de Roma. Havia aqueles que não observavam nenhuma<br />
regra com respeito a comidas e a tabus e comiam qualquer<br />
coisa; os que conscientemente se abstinham de comer<br />
carne, que só comiam vegetais. Existiam no mundo antigo<br />
muitas seitas e religiões que observavam as mais estritas<br />
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leis alimentares. Os próprios judeus as possuíam. Levítico<br />
11 dá uma lista dos animais que se pode comer e dos que<br />
não se podem. Uma das seitas judias mais estritas eram<br />
os essênios. Eles em suas comunidades realizavam<br />
comidas comunais para as quais se banhavam e usavam<br />
objetos especiais. As comidas eram especialmente<br />
preparadas por sacerdotes, e, a menos que essas comidas<br />
estivessem assim preparadas não às comiam. No mundo<br />
pagão, os pitagóricos tinham suas próprias leis distintivas<br />
sobre comidas. Pitágoras ensinava que a alma de um<br />
homem era uma deidade caída que tinha ficado confinada<br />
em um corpo como em uma tumba. Cria na reencarnação<br />
através da qual a alma podia habitar num homem, num<br />
animal, ou numa planta, numa cadeia interminável de<br />
seres. A libertação dessa cadeia achava-se mediante a<br />
absoluta pureza e a disciplina; e esta disciplina incluía o<br />
silêncio, o estudo, a autocontemplação e a abstenção de<br />
toda carne. É correto afirmar que em quase todas as<br />
congregações cristãs, achavam-se alguns que<br />
observavam leis especiais sobre mantimentos. Aqui<br />
aparece novamente o mesmo problema. Dentro da Igreja<br />
havia um partido estrito, estreito, e um partido mais amplo<br />
e liberal. Paulo expõe sem equívocos o perigo que poderia<br />
apresentar-se. Quase com certeza, o partido liberal<br />
desprezaria os escrúpulos do partido estrito, e, mais<br />
certamente, o partido estreito emitiria juízos censurando o<br />
que cria ser uma lassidão do partido liberal. Esta é uma<br />
situação tão real e arriscada na Igreja de nossos dias,<br />
como o era nos tempos de Paulo. Para encarar este<br />
problema, Paulo estabelece um grande princípio. Ninguém<br />
tem direito a criticar o servo de outro. O servo responde só<br />
a seu amo. Agora, todos os homens são servos de Deus.<br />
Não temos direito de criticá-los, achar falhas neles, e muito<br />
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menos, condená-los. Esse direito só pertence a Deus. Não<br />
é por nosso juízo que um homem se eleva ou cai; é pelo<br />
juízo de Deus. E, continua, Paulo, se um homem vive<br />
honestamente segundo seus princípios, tal como o<br />
entende, Deus pode capacitá-lo para manter-se firme. Há<br />
na Igreja quantidade de congregações que se dividiram em<br />
duas porque os que sustentam opiniões mais amplas e<br />
liberais, são rudemente desdenhosos com aqueles que<br />
consideram conservadores retrógrados e puritanos,<br />
enquanto os mais estritos, são críticos e condenatórios em<br />
suas apreciações para com aqueles que se crêem com<br />
direito de fazer coisas que eles consideram más. Não<br />
corresponde a nós criticar e condenar uns aos outros.<br />
“Rogo-lhes pelas vísceras de Cristo”, disse Cromwell aos<br />
rígidos escoceses de seus dias, “que pensem que é<br />
possível que estejam equivocados”. Devemos eliminar da<br />
comunidade da Igreja tanto a censura como o menosprezo.<br />
Devemos deixar a Deus o juízo de outros, e buscar só<br />
simpatias e entendimentos.<br />
DIFERENTES CAMINHOS PARA UMA MESMA META<br />
Romanos 14:5 – 6.<br />
Aqui Paulo introduz outro tema em que os partidos liberal<br />
e estrito podem diferir. Os mais rígidos dão grande<br />
importância à observância do dia especial. Esta era, por<br />
certo, uma característica dos judeus. Mais de uma vez,<br />
Paulo teve que preocupar-se com pessoas que faziam um<br />
fetiche do dia especial. Aos Gálatas escreveu: “Guardais<br />
dias, e meses, e tempos, e anos. Receio de vós tenha eu<br />
trabalhado em vão para convosco” (Gálatas 4:10, 11).<br />
Escreve também aos colossenses: “Ninguém, pois, vos<br />
julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou<br />
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lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra<br />
das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo”<br />
(Colossenses 2:16, 17).<br />
Os judeus tinham feito uma tirania do sábado, rodeando-o<br />
de um matagal de regras e regulamentos e proibições. Não<br />
era que Paulo queria eliminar o dia do Senhor — longe<br />
disso; mas temia uma atitude que de fato fazia consistir o<br />
cristianismo na observância de um determinado dia. O<br />
cristianismo é muito mais que a observância do dia do<br />
Senhor.<br />
Quando a famosa missionária Maria Slessor, passou três<br />
solitários anos em meio da selva, frequentemente os dias<br />
se mesclavam, já que não tinha calendário. Uma vez a<br />
acharam realizando os cultos na segunda-feira, e, outra<br />
vez, acharam-na um domingo martelando no telhado,<br />
convencida de que era segunda-feira. Ninguém pode<br />
argumentar que os serviços de Maria Slessor foram menos<br />
válidos porque foram realizados numa segunda-feira; ou<br />
que ela houvesse de algum modo quebrantado os<br />
mandamentos porque estivesse trabalhando num<br />
domingo.<br />
Paulo nunca teria negado que o dia do Senhor é um dia<br />
precioso e que, com efeito, na prática, é o dia que deve ser<br />
ofertado a Deus, mas teria insistido igualmente em que,<br />
nem sequer o dia do Senhor deve converter-se numa<br />
tirania, e muito menos transformar-se em um fetiche; não é<br />
o dia que devemos adorar, mas Àquele que é Senhor de<br />
todos os dias. Ainda assim, a despeito de tudo isso, Paulo<br />
roga que reine a simpatia entre os irmãos mais liberais e<br />
os mais estreitos. Seu ponto de vista é que, não importa<br />
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quão diferentes sejam as práticas, suas metas são as<br />
mesmas. Em suas diferentes atitudes para com os dias,<br />
ambos crêem servir a Deus; quando se sentarem a comer,<br />
um come carne e o outro não, mas ambos dão graças a<br />
Deus. Faremos bem em lembrar isto. Se tento chegar<br />
desde Glasgow a Londres, há muitas rotas que posso usar.<br />
Não estou constrangido a escolher uma em particular.<br />
Posso, com efeito, chegar ali sem usar meia milha que use<br />
outro homem. Paulo advoga por que a meta comum nos<br />
una, e que não permitamos que as diferentes práticas nos<br />
dividam. Mas Paulo insiste numa coisa. Qualquer que seja<br />
o curso que alguém escolha, deve fazê-lo com plena<br />
convicção. Suas ações devem ser ditadas, não pelo<br />
costume, muito menos pela superstição, mas sim pela<br />
convicção. Não devemos fazer coisas simplesmente<br />
porque outros as fazem, e simplesmente porque seja "o<br />
que se faz". Não devemos fazê-las porque, no íntimo de<br />
nosso coração, estamos governados por um sistema de<br />
tabus semi-supersticiosos. Devemos fazê-las por ter<br />
meditado e ter alcançado a convicção de que ao menos<br />
para nós, são o que corresponde fazer. E Paulo poderia ter<br />
agregado a isto algo mais — que ninguém pode fazer de<br />
sua própria prática a norma universal para todos os outros.<br />
Esta é, com efeito, uma das calamidades da Igreja;<br />
estamos tão inclinados a pensar que nossa maneira de<br />
adorar, nossa prática, são a única maneira de adorar e a<br />
única prática.<br />
T. R. Glover em algum lado cita uma declaração de<br />
Cambridge: “Qualquer coisa que sua mão encontre para<br />
fazer faça-a com todas suas forças, mas lembra que algum<br />
pensa diferente”. Faríamos bem em lembrar que, em<br />
muitos assuntos, é um dever ter nossas próprias<br />
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convicções, mas que igualmente é um dever permitir a<br />
outros que tenham as suas, sem considerá-los como<br />
pecadores e párias.<br />
A IMPOSSIBILIDA<strong>DE</strong> DO ISOLAMENTO<br />
Romanos 14:7 – 9.<br />
Aqui Paulo estabelece a grande verdade de que é<br />
impossível viver uma vida de isolamento. Não existe neste<br />
mundo tal coisa como um indivíduo completamente<br />
isolado. Isto é, com efeito, duplamente certo. “O homem”,<br />
diz M’Neile Dixon, “tem uma relação com os deuses e uma<br />
relação com os mortais”. Nenhum homem pode<br />
desentender-se com seus semelhantes nem de Deus. O<br />
homem não pode desligar-se de seus semelhantes em três<br />
sentidos.<br />
(1) Não pode isolar-se do passado. Ninguém se tem feito<br />
totalmente a si mesmo. “Sou uma parte”, dizia Ulisses, “de<br />
tudo o que encontrei”. O homem é um receptor de<br />
tradições, de descendência de uma herança. É um<br />
amálgama de tudo o que seus antepassados dele fizeram.<br />
É certo que ele mesmo contribui a tal amálgama; mas não<br />
parte de zero. Para bem ou para mal, vem da base de tudo<br />
o que o passado lhe legou. Uma nuvem invisível de<br />
testemunhas, não só o rodeia, mas também habita nele.<br />
Um homem não pode dissociar-se do tronco de que<br />
emerge e da rocha da que foi desprendido.<br />
(2) Tampouco pode isolar-se do presente. Vivemos em<br />
uma civilização que diariamente está estreitando mais e<br />
mais os vínculos entre os homens. Ninguém pode fazer<br />
nada, que só o afete a ele mesmo. Tem o terrível poder de<br />
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fazer a outros felizes ou tristes por meio de sua conduta;<br />
tem o poder ainda mais terrível de fazer bem ou mal a<br />
outros com sua conduta. De todo homem surge uma<br />
influência que torna mais fácil para outros tomar o bom<br />
caminho ou o caminho mau. Os atos de todo homem têm<br />
consequências que afetam mais ou menos de perto a<br />
outros homens. O homem está preso no feixe da vida, e<br />
dele não pode escapar.<br />
(3) Não pode isolar-se do futuro. Assim como recebe a<br />
vida, o homem a transmite. Entrega a seus filhos uma<br />
herança de vida física e de caráter espiritual. O homem não<br />
é uma unidade auto-suficiente e individual, é só um elo de<br />
uma cadeia.<br />
Alguém conta de um jovem que vivia despreocupadamente<br />
e que começou a estudar biologia. Através do microscópio,<br />
observava algumas dessas coisas vivas que se pode<br />
observar vivendo, morrendo e gerando a outras num<br />
momento. Ele se levantou do microscópio. “Agora o vejo”,<br />
disse. “Eu sou um elo da cadeia e já não serei mais um elo<br />
fraco”. É nossa terrível responsabilidade que deixemos<br />
algo de nós mesmos no mundo ao deixar em outros algo<br />
de nós mesmos. O pecado seria muito menos terrível se<br />
afetasse só ao que o comete. O terrível de todo pecado é<br />
que começa uma nova corrente de maldade no mundo.<br />
Mas, menos ainda pode alguém desprender-se de Jesus<br />
Cristo.<br />
(1) Nesta vida, Jesus Cristo é para sempre uma presença<br />
viva. Não precisamos falar de viver como se Cristo nos<br />
visse; Cristo nos vê. Toda vida se vive diante de seus<br />
olhos. O homem não pode escapar do Cristo ressuscitado<br />
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e sempre vivo, mais do que pode escapar de sua própria<br />
sombra. Não há lugar onde possa deixar para trás a Cristo,<br />
e não pode fazer nada sem ser visto.<br />
(2) Nem sequer a morte rompe essa presença. Neste<br />
mundo vivemos na presença invisível de Cristo; no próximo<br />
o veremos em sua presencia real e viva. A morte não é o<br />
abismo que termina na extinção; é a porta que leva a<br />
Cristo.<br />
Nenhum ser humano pode seguir uma política de<br />
isolamento. Está unido ao resto dos homens e ligado a<br />
Cristo por laços que nem o tempo nem a eternidade podem<br />
romper. Não pode viver para si, nem morrer para si.<br />
OS HOMENS SOB JUÍZO<br />
Romanos 14:10 – 12.<br />
Há uma razão fundamental, básica por que não temos<br />
direito de julgar a outros; e essa razão é que nós mesmos<br />
estamos sob o juízo. É a própria essência da humanidade<br />
que nós não sejamos os juízes, mas os julgados. Para<br />
provar isto, Paulo cita Isaías 45:23. Este era um<br />
pensamento com aquele que todo judeu estaria de acordo.<br />
Há uma declaração rabínica: “Não deixe que sua<br />
imaginação te faça crer que a tumba é um refúgio; por<br />
mandato foste feito, por mandato nasceste, por mandato<br />
vives, por mandato morres e por mandato deves agir e<br />
reconhecer o Rei dos reis, o Santo, bendito seja”. A única<br />
pessoa que tem direito a julgar alguém é Deus e, menos<br />
que ninguém, o homem, que deverá confrontar no tribunal<br />
o juízo de Deus, tem direito alguém de julgar a um<br />
semelhante que também estará perante esse tribunal.<br />
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Justamente antes disto Paulo tinha estado refletindo sobre<br />
a impossibilidade de uma vida isolada. Mas há uma<br />
situação em que o homem está isolado, e é quando o<br />
homem deve comparecer perante o trono do juízo de Deus.<br />
Nos antigos tempos da república romana, na esquina do<br />
Fórum mais afastada do Capitólio, estava o tribunal, o<br />
assento da justiça, onde o pretor urbano se sentava a<br />
administrar justiça. Nos tempos de Paulo, a justiça requeria<br />
mais de um assento; de modo que também nas grandes<br />
basílicas, nos grandes pórticos de colunas ao redor do<br />
Fórum, os magistrados sentavam-se para administrar<br />
justiça. O romano conhecia muito bem o espetáculo que<br />
oferecia um homem, de pé em frente do assento da justiça.<br />
Isto é o que acontece a todo homem; e é um juízo que cada<br />
qual deve confrontar sozinho. Às vezes, neste mundo,<br />
pode usar-se méritos de outra pessoa. Muitas vezes um<br />
jovem se salvou de alguma pena ou condenação, por<br />
consideração de seus pais; muitas vezes um marido foi<br />
perdoado por consideração a sua esposa ou seu filho; mas<br />
no juízo perante Deus, o homem comparece sozinho. Às<br />
vezes, quando morre algum grande, o ataúde, no serviço<br />
fúnebre, está na frente da congregação que chora por ele<br />
sobre ele jazem suas togas acadêmicas, ou as insígnias de<br />
suas dignidades oficiais; mas não pode levá-las consigo.<br />
Nus viemos ao mundo, e nus o abandonamos.<br />
Comparecemos perante Deus na terrível solidão de nossa<br />
alma; a Deus não podemos levar nada mais que o eu e o<br />
caráter que estivemos construindo na vida. Mas não é esta<br />
ainda toda a verdade. Não estamos sozinhos perante o<br />
tribunal de Deus, porque a nosso lado está Jesus Cristo.<br />
Não precisamos ir despojados de tudo; podemos ir<br />
revestidos com os méritos que lhe pertencem. Collin<br />
Brooks, o famoso escritor e jornalista, escreve em um de<br />
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seus livros: “Deus pode ser mais bondoso do que<br />
pensamos. Se não puder dizer: Bem, servo bom e fiel!,<br />
pode ser que enfim exclame: Não se preocupe, servo mau<br />
e infiel; não me desagrada totalmente”.<br />
Esta foi uma curiosa maneira de declarar sua fé; mas não<br />
é só isso. Não é que Deus simplesmente não se desgoste,<br />
é que, pecadores como somos, ama-nos pela graça de<br />
Jesus Cristo nosso Senhor. Verdade é que, devemos<br />
confrontar o juízo perante Deus sozinhos, na nudez de<br />
nossas almas; mas se tivermos vivido com Cristo na vida,<br />
estaremos a seu lado na morte, e, diante de Deus, ele será<br />
nosso advogado defensor.<br />
O HOMEM E A CONSCIÊNCIA <strong>DE</strong> SEU PRÓXIMO<br />
Romanos 14:13 – 16.<br />
Os estóicos estavam acostumados a ensinar que existem<br />
muitas coisas que eles chamavam adiafora, isto é,<br />
indiferentes. Essas coisas, em si mesmos, eram<br />
completamente neutras, não eram nem boas nem más.<br />
Tudo depende — diziam — do cabo por onde alguém tome.<br />
Esta é uma profunda verdade. Um quadro para um<br />
estudante de arte pode ser uma obra de arte; para outra<br />
pessoa pode parecer um desenho obsceno. Uma<br />
discussão, para um grupo de pessoas, pode ser uma<br />
experiência interessante, estimulante da mente; para<br />
outros, a mesma discussão pode parecer uma sucessão de<br />
heresias, e inclusive blasfêmias. Uma atividade, uma<br />
diversão, um prazer ou um passatempo, pode parecer para<br />
alguns algo genuinamente inofensivo e para outros uma<br />
coisa proibida. Mais ainda, há prazeres que não são<br />
perigosos para alguns, mas para outros podem significar a<br />
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uína. As coisas em si, não são nem limpas nem sujas; seu<br />
caráter está determinado pela pessoa que a vê ou a faz.<br />
Paulo chega a esta conclusão aqui. Há certas coisas a<br />
fazer que a pessoa forte na fé pode não ver dano algum;<br />
mas se as vê serem feitas por uma pessoa com uma<br />
posição mais escrupulosa e estreita, sua consciência será<br />
comovida ou ferida; e se tal pessoa fosse persuadida a<br />
fazê-las, sua consciência se veria ultrajada e violada.<br />
Podemos tomar um exemplo muito simples. Um homem<br />
poderá genuinamente não ver nenhum mal no fato de jogar<br />
algum jogo ao ar livre no domingo, e pode estar certo, mas<br />
a consciência de outro homem pode ser escandalizada por<br />
uma coisa assim, e, se o persuadisse a tomar parte nele,<br />
todo o tempo estaria acompanhado do furtivo e<br />
perseguidor sentimento de estar fazendo algo mau. Há<br />
muitos prazeres e passatempos que alguém pode estar<br />
genuína e sinceramente convencido por princípio de que<br />
são inteiramente legítimos, mas a pessoa mais<br />
escrupulosa e estreita os verá como pecados, e, se fosse<br />
persuadida a tomar parte neles, não poderia livrar-se do<br />
sentimento de estar participando de um pouco proibido.<br />
O conselho de Paulo é muito claro. É um dever cristão<br />
pensar em tudo, não como nos afeta, mas também como<br />
afeta a outros.<br />
Agora, notemos que Paulo não diz que devamos sempre<br />
deixar que nossa conduta seja dominada e ditada pelas<br />
opiniões, ou até os preconceitos de outros; há questões<br />
que são essencialmente questões de princípios, e nelas a<br />
pessoa deve escolher seu próprio caminho. Mas há muitas<br />
coisas que são neutras ou indiferentes; há muitas coisas<br />
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que não são em si mesmas nem boas nem más; há<br />
muitíssimas coisas que são realmente prazeres e<br />
passatempos, hábitos e costumes, que a pessoa não<br />
precisa fazer, a menos que queira. Não são partes<br />
essenciais da vida e da conduta; pertencem ao que<br />
poderíamos chamar extras da vida, e, é a convicção de<br />
Paulo, que em tais coisas, não temos o direito de ofender<br />
a um irmão mais escrupuloso. Não temos direito de afligir<br />
e ultrajar sua consciência pelo ato de nós mesmos fazê-las<br />
ou persuadindo a essa pessoa que as faça. A vida deve ser<br />
guiada pelo princípio do amor; se fizermos isto, nosso guia<br />
na vida será pensar, não tanto em nossos supostos direitos<br />
a fazer o que quisermos, como em nossas<br />
responsabilidades para com os outros. Não temos direito a<br />
afligir a consciência de outro nas coisas que realmente não<br />
importam.<br />
A liberdade cristã nunca deve ser usada como uma<br />
desculpa para atropelar os sentimentos genuínos de<br />
outros. Nenhum prazer é tão importante que justifique o<br />
ofender e angustiar e até causar a ruína de outros.<br />
Agostinho costumava a dizer que toda a ética cristã, podia<br />
incluir-se no dito "Ame a Deus e faça o que quiser." Em<br />
certo sentido é verdade, mas o cristianismo não consiste<br />
só em amar a Deus, consiste também em amar o próximo<br />
como a nós mesmos.<br />
O PERIGO DA LIBERDA<strong>DE</strong> CRISTÃ<br />
Romanos 14:17 – 20.<br />
Em essência Paulo trata aqui do perigo e abuso da<br />
liberdade cristã. Para um judeu, especialmente, a liberdade<br />
cristã tinha seus perigos. Toda sua vida tinha sido regulada<br />
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por uma multiplicidade de regras e regulamentações. Tais<br />
coisas eram impuras e tais coisas eram puras. Tais animais<br />
não deviam ser comidos e tais animais podiam ser<br />
comidos; tais leis de purificação deviam ser observadas.<br />
Quando o judeu chegou ao cristianismo, viu que de repente<br />
eram abolidas todas as regras e regulamentações, e o<br />
perigo era que interpretasse a liberdade cristã como<br />
liberdade para fazer exatamente o que quisesse. Os<br />
homens devem lembrar que a liberdade cristã e a caridade<br />
cristã devem ir de mãos dadas, devem aferrar-se à verdade<br />
de que a liberdade cristã e o amor fraternal e a<br />
consideração mútua estão intimamente ligados. Paulo<br />
lembra a seu povo que o cristianismo, o Reino dos céus,<br />
não consiste em comer ou beber o alguém imagina.<br />
Consiste em três grandes coisas, todas as quais são<br />
essencialmente alheias ao egoísmo. Uma é a justiça, e a<br />
justiça consiste em dar aos homens e a Deus o que lhes<br />
corresponde. Então, o primeiro que devemos oferecer a um<br />
semelhante na vida cristã é simpatia e consideração; no<br />
momento em que nos transformamos em cristãos, os<br />
sentimentos de outros se tornam mais importantes que os<br />
nossos próprios; o cristianismo significa colocar primeiro a<br />
outros e depois o eu. Não podemos dar a outro o que<br />
corresponde e, ao mesmo tempo, fazer o que queremos.<br />
Logo vem a paz. No Novo Testamento, a paz não significa<br />
somente ausência de problemas; a paz não é algo<br />
negativo, é intensamente positiva; significa tudo aquilo que<br />
tende ao bem supremo do homem. Os próprios judeus<br />
frequentemente pensavam que a paz significava um<br />
estado de corretas relações entre homem e homem. Se<br />
insistirmos em que a liberdade cristã significa fazer tudo o<br />
que queiramos, isto é precisamente um estado de coisas<br />
que nunca poderemos alcançar. O cristianismo consiste<br />
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inteiramente em relações pessoais com os homens e com<br />
Deus. A ilimitada liberdade cristã está condicionada pela<br />
obrigação cristã de viver em boas relações, em paz, com<br />
nossos semelhantes. Logo vem a alegria. No cristianismo,<br />
a alegria nunca pode ser egoísta. A alegria cristã não<br />
consiste em que sejamos felizes, consiste em fazer os<br />
outros felizes. Uma má chamada felicidade que angústia e<br />
ofende a outros, não é uma felicidade cristã. Se em sua<br />
própria busca da felicidade alguém machuca o coração ou<br />
fere a consciência de outro, o fim último de sua busca não<br />
será alegria, mas tristeza. A alegria cristã não é<br />
individualista; é algo interdependente. A liberdade cristã<br />
não é liberdade para pisar os sentimentos de outros. O<br />
cristão se alegra só quando dá alegria a um semelhante,<br />
embora seja à custa de limitações pessoais para ele.<br />
Quando a pessoa segue este princípio, transforma-se em<br />
escravo de Cristo. Eis aqui a verdadeira essência da<br />
questão. A liberdade cristã significa que somos livres, para<br />
fazer, não o que queremos, mas o que Cristo quer.<br />
Significa que somos livres, não para fazer algo, mas para<br />
nos abster de fazê-lo. Sem Cristo, um homem é escravo de<br />
seus hábitos, de seus prazeres, de suas práticas. Não faz<br />
realmente o que quer. Faz o que as coisas às quais se<br />
mantém sujeito o levam a fazer. Uma vez que o poder de<br />
Cristo penetra nele, transforma-se em dono de si mesmo e<br />
então, só então, entra em sua vida a plena liberdade. Então<br />
somos livres, não para tratar aos homens e para viver como<br />
nos dita nossa natureza humana egoísta e tempestuosa,<br />
mas sim com a mesma atitude de amor que Jesus mostrou<br />
por nós. Paulo termina, pois, reafirmando a meta do cristão<br />
dentro da congregação.<br />
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(a) Existe a meta da paz; a meta deveria ser que todos os<br />
membros da irmandade estivessem em boas relações<br />
entre si. Uma Igreja onde há lutas e contendas, onde há<br />
disputas e amarguras, onde há divisões e fissuras, perdeu<br />
todo direito a chamar-se Igreja. Já não é um fragmento do<br />
Reino dos céus, é simplesmente uma sociedade ligada a<br />
Terra.<br />
(b) Logo está a meta da edificação. A descrição da Igreja<br />
como um edifício corre ao longo de todo o Novo<br />
Testamento. Os membros são pedras dentro do edifício.<br />
Tudo aquilo que afrouxa a estrutura da Igreja, está contra<br />
Deus; tudo o que a torna mais forte e segura, é de Deus. A<br />
tragédia é que, em muitos casos, as pequenas coisas sem<br />
importância são as que perturbam a paz da irmandade,<br />
questões de leis e procedimentos, de precedentes e<br />
prestígios. Uma nova época amanheceria na Igreja se<br />
lembrássemos de que nossos direitos são muito menos<br />
importantes que nossas obrigações, se lembrássemos de<br />
que, enquanto temos a liberdade cristã, sempre será uma<br />
ofensa usá-la como se nos outorgasse o direito de ferir e<br />
danificar o coração ou a consciência de outros. A menos<br />
que a Igreja seja um conjunto de pessoas que se respeitam<br />
mutuamente em amor, não tem direito a chamar-se Igreja.<br />
RESPEITO PELO IRMÃO MAIS FRACO<br />
Romanos 14:21 – 23.<br />
Mais uma vez voltamos ao tema de que o que é justo para<br />
um pode ser a ruína de outro. O conselho de Paulo é muito<br />
prático.<br />
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(1) Tem conselhos para o homem de sólida fé. Aquele que<br />
tem uma fé sólida sabe que as comidas e bebidas não<br />
fazem diferença alguma. Compreendeu o princípio da<br />
liberdade cristã. Sendo assim, então, que essa liberdade<br />
seja algo entre ele e Deus. Alcançou esse estágio da fé; e<br />
Deus sabe bem que o tem feito. Mas essa não é uma razão<br />
pela qual ele possa lançar essa liberdade na cara do que<br />
ainda não a obteve. Muitos insistiram em seu direito de ser<br />
livres, e logo tiveram que lamentar o tê-lo feito, quando<br />
viram as consequências. A pessoa pode chegar à<br />
conclusão de que sua liberdade cristã lhe dá perfeito direito<br />
a fazer um uso razoável do álcool. E, no que respeita a ele,<br />
pode ser um prazer perfeitamente seguro, e não corre<br />
perigo alguém. Mas pode ser que um jovem que o admire,<br />
observe-o e tome como exemplo. E pode também ser que<br />
este jovem seja uma dessas pessoas para quem o álcool é<br />
algo fatal, e àquelas que uma pequena quantidade afeta<br />
muito. Pode o homem mais velho usar sua liberdade cristã<br />
para continuar dando um exemplo que pode ser a ruína do<br />
jovem admirador? Ou deve limitar-se, não por si mesmo,<br />
mas sim por causa daquele que segue seus passos?<br />
Certamente, a limitação consciente por causa de outros, é<br />
o mais cristão. Aquele que não a exercita pode encontrarse<br />
com que algo que ele creu genuinamente permissível,<br />
trouxe a ruína a algum outro. É certamente melhor limitarse<br />
deliberadamente que ter o remorso de saber que o que<br />
alguém considerou um prazer, causou a morte de outra<br />
pessoa. Várias vezes, em todas as esferas da vida, o<br />
cristão se vê confrontado com o fato de que deve examinar<br />
as coisas, não só na medida em que o afetam, mas<br />
também na medida em que afetam a outros. O homem, em<br />
certa medida, é sempre o guardião de seu irmão. É<br />
responsável, não só por si mesmo, mas também por todo<br />
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aquele que esteja em contato com ele. “Sua amizade me<br />
prejudicou”, diz Burns do homem de idade que encontrou<br />
em Irvine quando estudava a arte de trabalhar o linho.<br />
Queira Deus que ninguém possa dizer isto de nós, por<br />
termos usado mal a glória da liberdade cristã!<br />
(2) Paulo tem um conselho para o homem de fé fraco, o<br />
homem de consciência escrupulosa. Pode ser que este<br />
homem desobedeça ou silencie seus escrúpulos. Pode às<br />
vezes fazer algo porque outros o fazem. Pode fazê-lo<br />
porque não quer ser a exceção. Pode fazê-lo porque não<br />
deseja ser diferente. Pode fazê-lo porque não quer parecer<br />
ridículo e impopular. A resposta de Paulo é que, se por<br />
qualquer destas razões, um homem desafia a sua<br />
consciência, é culpado de pecado. Se a pessoa crer, no<br />
fundo de seu coração, que algo é mau, se não puder livrarse<br />
do sentimento certo de que é algo proibido, então, se o<br />
fizer, para ele é pecar.<br />
Uma coisa neutra só se torna boa, quando se faz por fé,<br />
com a real e pensada convicção de que é o que<br />
corresponde. O único motivo para fazer algo é que aquele<br />
que o fizer o considere correto. Quando se faz algo porque<br />
é um convencionalismo social, por medo à impopularidade,<br />
para agradar os homens, então é mau. Ninguém é guardião<br />
da consciência alheia, e a consciência de cada um deve<br />
ser nas coisas indiferentes, o árbitro do que é correto ou<br />
errado.<br />
QUER SER UM APOLOGETA?<br />
“Então, esse capítulo é para você”.<br />
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“[...] Sabendo que fui posto para defesa do evangelho, mas<br />
outros, na verdade, anunciam a Cristo por contenção, não<br />
puramente, julgando acrescentar aflição às minhas<br />
prisões” – Filipenses 1:16, 17.<br />
As prisões de Paulo outrora já produziam crentes<br />
(pregadores) falsos, que pregavam o Evangelho não<br />
puramente, por “contenção”, “eritheia” (Filipenses 1:16,<br />
17), uma palavra que antes significava trabalho honrado e<br />
passou a significar intriga desonrosa. A mesma palavra,<br />
depois passou a descrever uma pessoa que só estava<br />
preocupada com o seu bem-estar, uma pessoa suscetível<br />
a ser subornada, uma pessoa ambiciosa e rebelde<br />
procurando oportunidades de promoção. Deixe-me<br />
problematizar por um momento.<br />
“Será mesmo que as atuais posições apologéticas<br />
contribuirão para que o Reino de Deus avance sobre a<br />
atual cristandade, e o mundo perdido?”.<br />
É evidente, que o avanço se dê somente em<br />
denominações, em realizações no âmbito pessoal, nos<br />
institutos teológicos vinculados as denominações, e por<br />
fim, as editoras que patrocinam a logística. De fato, é o que<br />
acontece. São grandes fábricas de “bezerros de ouro”,<br />
existem até funcionários aptos para fundição.<br />
Você diz ser um apologeta? Um cristão maduro? Um<br />
cristão reformado? Sabe sobre as doutrinas da graça? Mas<br />
me responda algo: Você sabe o que é o amor de Deus,<br />
ama o Seu próximo como Jesus Cristo o amou, e ordenou?<br />
(João 13:34, 35). Se ainda não sabe, você nada pode ser<br />
(1 Coríntios 13:1, 2), e se você não ama o Seu próximo não<br />
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se considere um cristão (1 João 4:20; 3:17; 4:12; 1 João<br />
3:10). Do contrário, não será diferente de muitos dos falsos<br />
líderes “neopentecostais”, simplesmente pelo fato de dizer<br />
que é reformado. Será mais um pseudo-cristão.<br />
A MAIORIA DOS “LÍ<strong>DE</strong>RES REFORMADOS”<br />
Como um cristão reformado, que subscreve uma confissão<br />
reformada, e segue com muito esforço a confessionalidade<br />
de erudição e a prática com piedade, posso dizer, a até<br />
mesmo afirmar, que o Espírito que estava por de trás de<br />
toda reforma, não é o mesmo espírito que atua no coração<br />
desses “líderes reformados” atuais. Vejo o Diabo usando<br />
vocês, se escondem atrás das grandes Confissões de Fé.<br />
De fato, sabem na teoria, mas envergonham o Espírito que<br />
guiava os antigos. Vejo em vocês o orgulho em suas<br />
disputas vaidosas de conhecimento. Vocês querem a<br />
estima e as honrarias dos homens, e terão, os homens<br />
adoram qualquer coisa.<br />
Jesus condenou os fariseus pelo interesse deles em<br />
impressionar os outros (Mateus 23:5 – 12; Marcos 12:38 –<br />
40; Lucas 16:15; 20:46, 47). Eles tinham aperfeiçoado<br />
diversas técnicas de chamar atenção, como usar roupas<br />
especiais para fazê-los parecer mais religiosos, orar e<br />
jejuar de modos muito visíveis (Mateus 6:1 – 18), e disputar<br />
pelas posições mais elevadas tanto na sinagoga como no<br />
mercado. Eles insistiam em que os outros lhes dessem<br />
títulos especiais de respeito, quando os saudassem,<br />
porque queriam ser notados e admirados.<br />
O Diabo não é muito criativo, vejo em vocês apenas uma<br />
nova roupagem, mas o fermento (hipocrisia) é o mesmo.<br />
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“São como um grande bolo solado (ruim), pouco trigo e<br />
muito fermento”. “Vós tendes por pai ao diabo, e quereis<br />
satisfazer os desejos de vosso pai” (João 8:44). O Diabo<br />
tem Seus filhos em todas as partes, e não seria diferente<br />
no meio “reformado”.<br />
Não sou confundido por ventos de “doutrinas de homens”,<br />
ensinadas por mentirosos, por falsos teólogos, falsos<br />
pastores reformados. Você sabe o que é teologia<br />
reformada? Faz bem! O Diabo sabe mais que todos vocês<br />
juntos, e no fim ele ainda usa vocês. (2 Coríntios 11:14,<br />
15).<br />
“Então você tem uma soteriologia reformada? Grande<br />
coisa. O diabo também tem. Não existe Reforma até que a<br />
Palavra de Deus penetre no fundo da Sua alma e<br />
transforme todos os aspectos de sua vida” – Paul Washer.<br />
O ateísmo prático é o mais perigoso, mesmo acreditando<br />
em Deus, vive como se Deus não existisse, assim são<br />
vocês, tão malditos que duvidam de Suas próprias<br />
posições. A fé acompanha absoluta abstinência de dúvida<br />
pelo antagonismo inerente à natureza dos fenômenos<br />
psicológicos e da lógica conceitual. Ou seja, é impossível<br />
duvidar e ter fé ao mesmo tempo. Como vocês podem dizer<br />
ter fé? Vocês fazem de tudo para provar a fé, a todo tempo<br />
à fé!<br />
“Se não podes entender, crê para que entendas. A fé<br />
precede, o intelecto segue”. Não podem mudar o que já<br />
está posto, o que é natural não pode ser superior o que é<br />
sobrenatural!<br />
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No fim o resultado é a confusão das mentes jovens. Eles<br />
não criam raízes, são árvores que não suportarão<br />
vendavais, são pequenas embarcações que não<br />
suportarão tormentas. São fracos e superficiais. Os jovens<br />
reformados realmente entenderam o que é Teologia<br />
Reformada?<br />
Eles não conseguem suportar os inimigos de suas páginas<br />
sociais, e se falarmos de amar a esses inimigos como<br />
seria? Triste situação! Nos jovens está a força e o futuro,<br />
sabemos disso, mas também sabemos que uma árvore<br />
que não cria raízes profundas, será possivelmente uma<br />
árvore fraca e infrutífera. O Diabo sabe fazer isso bem, criar<br />
uma teologia para conduzir a destruição e a morte. Lembrome<br />
da teologia de Satanás no jardim do Éden:<br />
“Porque Deus sabe que, no dia em que dele comerdes, se<br />
abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo do<br />
bem e do mal” – Gênesis 3:5, 22.<br />
O Diabo mentiu? Claro que não! Sabemos que às vezes<br />
ele fala “verdades” (cf. Mateus 4), “verdades” que não são<br />
plenas, são incompletas e no fim produzem morte. Na<br />
tentação de Jesus Cristo não foi muito diferente, ele citou<br />
textos sagrados.<br />
“Está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito, e<br />
tomar-te-ão nas mãos, para que nunca tropeces em<br />
alguma pedra”. (Mateus 4:6; Salmos 91:11).<br />
Alguns pontos me chamam atenção:<br />
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(1) O Diabo sabe da escritura (Mateus 4:6); 2) Quando o<br />
Diabo entrou em Judas Iscariotes, nada foi alterado,<br />
permanece “voz, aparência e força” intactos (Lucas 22:3 –<br />
6). Atente para a parte depois da negociata de Judas com<br />
os chefes dos sacerdotes e aos oficiais da guarda do<br />
templo, diz que: “Judas aceitou e ficou aguardando uma<br />
oportunidade [...]”. Vocês aguardam somente pelas<br />
oportunidades, se a primeira vinda de Cristo fosse ao<br />
século XXI vocês o crucificariam por algumas moedas<br />
(Hebreus 6:6).<br />
Vocês não me enganam! O mestre de vocês é Satanás, o<br />
orgulho é a fonte de todas as fraquezas, por que é a fonte<br />
de todos os vícios, e vocês são viciados em debates.<br />
Vocês estão fazendo os jovens achar que parecem com o<br />
Altíssimo, vocês fazem os jovens comerem da árvore do<br />
mal todos os dias, pois, o bem já não existe mais e muitos<br />
estão morrendo. Se colocarmos muitos deles,<br />
simplesmente desaparecem diante a Santidade de Deus,<br />
não se ver o caráter de Deus em nenhum deles, são<br />
vaidosos, maus e débeis. Jovens que gastam mais com<br />
livros, que com missões, o que falar? De quem é a culpa?<br />
“O mundo é um livro, e quem fica sentado em casa lê<br />
somente uma página” – Santo Agostinho.<br />
Vocês falam de soteriologia (salvação), mas esquecem de<br />
falar do amor de Deus, pois, a motivação de Deus para dar<br />
foi o amor (agapao/agape), o amor de Deus transformouse<br />
em um ato de doação (João 3:16), e vocês dizem em<br />
Seus debates: Deus não é só amor, e eu lhe digo: “e de<br />
tudo que vocês falarem, vocês não serão nada, e não farão<br />
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nada sem o amor” – 1 Coríntios 13. Vocês são como um<br />
sino que tine, nada mais.<br />
Vejo muitas movimentações nas páginas sociais, mas são<br />
águas como de um esgoto sujo a céu aberto que tem sua<br />
fonte proveniente dos corações corruptos e enganosos de<br />
líderes em estado de “putrefação”, que se gabam por terem<br />
se casado somente uma vez, e por terem filhos sobre sua<br />
obediência (tutela), não delinquentes, ótimo! Mas seguem<br />
conselhos teológicos de homens como Agostinho de<br />
Hipona (uma vida familiar totalmente arruinada, por atos<br />
desastrosos), Hipócritas!<br />
Longe de mim denigrir a imagem de Santo Agostinho,<br />
adoto em todas as instâncias a sua teologia, mas não muito<br />
diferente no sentido de como decorreu sua vida, em muitas<br />
vezes encontro consolo na vida de Agostinho em saber que<br />
não sou o único que teve uma vida totalmente depravada<br />
antes da conversão, com tropeços, grandes tropeços, e<br />
consequências desastrosas na vida presente.<br />
Por outro lado, são ignorados requisitos como, por<br />
exemplo, “moderado” (epieikes) uma palavra que sugere<br />
um caráter equitativo, razoável, controlado, moderado,<br />
justo e considerável. É o oposto de severo, abrasivo,<br />
sarcástico (designa um escárnio ou uma zombaria,<br />
intimamente ligado à ironia, com um intuito mordaz quase<br />
cruel, muitas vezes ferindo a sensibilidade da pessoa que<br />
o recebe), cruel e contencioso. E não é isso que notamos<br />
nos debates “apologéticos” atualmente? Tratam-se até<br />
como irmãos, mas no final acaba indo a hospitais depois<br />
de seus longos e “respeitosos” debates, não são piedosos,<br />
apenas se escondem atrás de uma falsa piedade, pessoas<br />
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falsas com rótulos falsos como um CD pirata vendido a<br />
qualquer esquina por um traficante, até ouvimos suas<br />
“músicas”, mas sabemos que tal ato é errado e fere leis, e<br />
por esse motivo devemos ignorar.<br />
Decoram cartilhas de soteriologia, mas não entendem que<br />
a aliança são promessas feitas antes da Lei. São como<br />
jovens irresponsáveis que não estudaram diligentemente<br />
os assuntos dados por seus mestres, e na véspera das<br />
provas decoram os assuntos para se sair bem! Eles irão<br />
dizer em alta voz naquele grande dia (Mateus 7:21 – 23):<br />
Senhor! Senhor! Não debatemos nós em teu nome? Não<br />
lutamos nós contra os pecadores em teu nome? Não o<br />
aceitamos Senhor! Eles eram falsos e mentirosos. Não<br />
combatemos nós jogadores como Neymar Jr., da seleção<br />
brasileira de futebol, jogadores estes que usavam de faixas<br />
com escritos relacionados a teu nome (“100% Jesus”), mas<br />
eles não mereciam teu perdão, pois, os tais usavam de<br />
xingamentos posteriormente. Não sondamos nós as suas<br />
más intenções Senhor, as intenções de seus corações?<br />
Eram pecadores, homens promíscuos, que viviam em<br />
festas, e depois diziam ser crentes, não deixamos de forma<br />
nenhuma eles zombarem da cruz Senhor! Senhor! Senhor!<br />
Não aumentamos a velocidade de nossas internets, e até<br />
compramos livros em teu nome para melhor expressar<br />
nossas posições teológicas a homens de nossas mesmas<br />
posições, apenas para recebermos estima e honrarias?<br />
Senhor! Não pregamos nós salvação para aqueles que já<br />
eram alcançados por ti, aqueles que já eram entendidos<br />
acerca da salvação, aqueles que já faziam parte de nossa<br />
congregação há anos? – Hipócritas! Sabe o que ouviram<br />
não é?<br />
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São pastores de gabinetes e se gabam por isso. Vocês são<br />
sujos, vocês não são apologetas, apenas definem bem<br />
etimologicamente a palavra, conseguem ver como falo<br />
bem (ironia)? Mas o meu coração ao tempo que escrevo<br />
se enche de ira, sei o que vocês estão ajudando a produzir<br />
na cristandade pós-moderna, principalmente no meio<br />
reformado.<br />
Uma legião de homens com os corações de demônios,<br />
dizem crer, e eu digo: “Fazes bem; também os demônios<br />
crêem e estremecem” (Tiago 2:19). Pergunto-me: por que<br />
tantos debates, tantas discursões e tanto ódio, será que<br />
não leram 1 Coríntios 13:4? Vocês se colocam acima da<br />
verdade da escritura e acham que sabem alguma coisa.<br />
Deparo-me com “verdades” que não transformam a vida de<br />
ninguém, “verdades” que dividem a Igreja, uma sabedoria<br />
tão maldita, tão terrena, tão diabólica que não pode vim do<br />
céu, e certamente não vem de Deus (Tiago 3:14 – 16).<br />
Pois, a sabedoria que vem de Deus é “antes de tudo pura;<br />
depois, pacífica, amável, compreensiva, cheia de<br />
misericórdia e de bons frutos, imparcial e sincera” – Tiago<br />
3:17.<br />
Penso, devemos ser perseguidos por uma verdade que<br />
não pode ser achada, nem encontrada por compêndios e<br />
livros, muito menos pode ser compreendida. Essa verdade<br />
é Pessoa, Jesus Cristo o Filho de Deus.<br />
“Deus nos escolhe e nos chama com a Sua graça<br />
irresistível, e tudo (Graça e Fé) provém dEle, e como vocês<br />
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acham que vão fazer as pessoas acharem Deus por meio<br />
de seus debates pobres, e seus péssimos sentimentos?”.<br />
Vocês acham que a exposição da Palavra de Deus é isso?<br />
Os jovens que seguem aos seus ensinamentos, e os seus<br />
exemplos já conseguem dizer: “Sou totalmente depravado,<br />
um mísero pecador!”. Para assim ter a certeza que é um<br />
eleito, um crente que alcançou a verdade da escritura, são<br />
superficiais até em suas declarações, também dizem:<br />
compreendi todos os documentos confessionais<br />
(reformados), agora mais do que nunca sou um eleito!<br />
Triste situação. Vai para o inferno sabendo sobre toda obra<br />
de João Calvino e os reformadores!<br />
Não existe nada de irresistível em seus debates, confesso<br />
que alguns me enojam, e outros muitos me fazem desligar<br />
meu computador, outros me fazem dormir, é<br />
diametralmente oposto há sermões (ensinamentos)<br />
expostos por pregadores como Paul Washer, C. H.<br />
Spurgeon, Dr. Martyn Lloyd-Jones, Leonard Ravenhill e<br />
outros apaixonados por Cristo (evangelho) e por almas,<br />
viviam e vivem para saquear o inferno, e que por sinal<br />
odeiam palmas e holofotes, do contrário, um desses não<br />
passaria 10 anos dentro de uma selva, e em subida de<br />
montanhas completamente congeladas, arriscando sua<br />
vida por amor a Jesus Cristo.<br />
Pobres “cristãos” vocês são! Vejo no final, bem no final,<br />
“reformados” cansarem dessa “modinha teológica”, jovens<br />
com depressão me procuram, dizendo não aguentar mais<br />
esses debates e essa teologia vazia.<br />
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“Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da<br />
ciência de Deus! Quão insondáveis são os teus juízos, e<br />
quão inescrutáveis, os seus caminhos” (Romanos 11:33).<br />
Esse versículo deveria colocá-los em seus devidos<br />
lugares.<br />
Acham que são ricos de entendimento, mas são tão<br />
desgraçados, pobres e nus, não conseguem ver nem a sua<br />
própria nudez, e lutam para tirar o cisco dos olhos alheios,<br />
mas existe uma trave em seus próprios olhos que os<br />
impedem.<br />
“Eu prefiro ter um Leonard Ravenhill (arminiano) do que<br />
vinte calvinistas apáticos, pois, eu observei algo na vida de<br />
Ravenhill [...] Ele era um pregador perigoso!” — Paul<br />
Washer.<br />
Pobres apologetas! Deparo-me até com jovens “expentecostais”<br />
que dizem ser confessionais (reformados),<br />
mas que ainda não são “modelados” pela verdade da<br />
Palavra de Deus, será mesmo que compreenderam o<br />
espírito da reforma protestante que paira sobre as páginas<br />
sociais? Ou são ondas impetuosas do mar, que escumam<br />
as suas mesmas abominações, estrelas errantes, para os<br />
quais está eternamente reservada a negrura das trevas?<br />
(Judas 13)<br />
O que disse sobre o espírito da reforma? Paira! Mas<br />
respondam-me apologetas:<br />
O que resiste na adversidade e mostra prudência na<br />
prosperidade? O que é forte no sofrimento e alegra-se com<br />
boas novas? O que está acima da tentação? O que é<br />
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generoso na hospitalidade, agradável entre verdadeiros<br />
irmãos? O que é paciente com a falta de fé (entendimento<br />
acerca de algumas doutrinas)? Respondam-me! O que é o<br />
espírito dos livros sagrados, a virtude da profecia, a<br />
salvação dos mistérios? O que é à força do conhecimento,<br />
a generosidade da fé, a riqueza para os pobres, e vida aos<br />
moribundos?<br />
Vocês não devem saber que é o amor, o amor é tudo! Mas<br />
vocês até falam do amor, mas ele é frio e calculista em seus<br />
corações, podemos até dizer que o amor de vocês é<br />
maquiavélico (pérfido), e fingido.<br />
Os cristãos em toda a história foram perseguidos e mortos<br />
por pregarem o evangelho, e no presente século XXI<br />
cristãos a todo o momento são queimados, crucificados,<br />
decapitados, degolados e apedrejados, e vocês acham ser<br />
um reformado radical, um apologeta porque pessoas<br />
excluem e bloqueiam vocês em páginas sociais? Vocês se<br />
acham apologetas por causarem uma certa repercussão<br />
ao irem em um programa de TV? Quão débeis vocês se<br />
tornaram! Onde se perderam? Voltem! Façam esses<br />
jovens desejarem em seus corações morrerem por Jesus,<br />
incentivem aos jovens a glória de padecer pelo nome Santo<br />
do Rei da glória.<br />
Os jovens estão seguindo seus péssimos exemplos,<br />
querem condenar os programas de TV neopentecostais<br />
por divulgarem um evangelho falso e híbrido, querem<br />
condenar os “pentecostais/arminianos”, querem condenar<br />
como heresia qualquer movimento que fuja das<br />
prescrições escriturística, ótimo, fazem muito bem! Mas<br />
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vocês não estão fazendo do evangelho algo híbrido e falso,<br />
do mesmo modo por outro viés?<br />
Existe um encorajamento para se pregar o evangelho a<br />
toda criatura? As nações, por exemplo?<br />
Os jovens estão aprendendo Teologia para debater em<br />
páginas sociais, eles não conseguem pregar nem ao<br />
menos para seus familiares ignorantes e condenados, eles<br />
não conseguem pregar o evangelho aos seus vizinhos, são<br />
tímidos, eles não conseguem pregar para os “amigos”<br />
ímpios, são medrosos, temem a solidão. Como posso dizer<br />
que eles são reformados, se são totalmente deformados<br />
em sua vida cristã? Reformados morreriam pelo<br />
evangelho, qualquer um sem exceção.<br />
Eles não aprenderam ainda o significado das palavras<br />
misericórdia, fé e amor, como pode um crente dito<br />
reformado não saber dessas virtudes? O corpo até<br />
cresceu, mas o pensamento ainda é de menino, não sabem<br />
como desenvolver a salvação (Filipenses 2:12), não<br />
lembram que o que moveu o coração de Martinho Lutero<br />
de íntima compaixão, foi justamente essas virtudes<br />
características da Pessoa de Cristo, misericórdia e amor<br />
que vivia em suas entranhas.<br />
Quando vocês irão acordar para suas vidas “cristãs” falsas<br />
e superficiais? Vocês compram livros, e mais livros, de<br />
valores altos, mas não se sensibilizam com a necessidade<br />
de seu próximo, seja lá quem for, e qual a sua necessidade.<br />
“Mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a<br />
minha fé pelas minhas obras” (Tiago 2:18; Mateus 25:34 –<br />
46; Tiago 2:15, 16), vocês acham que as obras são livros?<br />
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Pois, compram mais livros do que qualquer outra coisa,<br />
gastam mais com livros do que com qualquer outra coisa.<br />
Não sou contra os livros, mas quero trazer o assunto para<br />
o que é importante, compre livros e ame o próximo, ou<br />
melhor, ame o próximo e se der compre livros. Devemos<br />
viver sem egoísmo, devemos nos afastar de qualquer<br />
ambição egoísta ou atitude presunçosa. Devemos estimar<br />
os outros como mais importantes e valiosos que nós<br />
mesmos. (“Kenosis – é um conceito na teologia cristã que<br />
trata do esvaziamento da vontade própria de uma pessoa<br />
e a aceitação do desejo divino de Deus”).<br />
“Que ninguém procure somente os seus próprios<br />
interesses, mas também os dos outros” – Filipenses 2:4.<br />
Sabemos que as obras não atuam como méritos para<br />
salvação, mas como evidência de uma fé salvífica dada<br />
como um dom divino e amoroso, para uma pessoa que<br />
outrora estava morta, sem sentir, ouvir e ver, mas que<br />
agora está viva, que sentindo, vendo e ouvindo as<br />
instruções de um Pai zeloso.<br />
Os gritos de um mundo que caminha por lugares<br />
escorregadios e quebradiços, onde a qualquer momento<br />
pode-se em algum lugar quebrar, e pessoas “escorregarem<br />
com o seu próprio peso (pecados)”, para o mais profundo<br />
do inferno.<br />
Se você não consegue ouvir a voz por trás da voz de um<br />
morador de rua pedindo comida, que grita por salvação,<br />
você nunca terá a “mente” de Cristo, Jesus conseguia ouvir<br />
gritos no silêncio, e gemidos nos sorrisos, não estou<br />
falando de Cristo como ser divino (onisciente), mas como<br />
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um ser humano sensível que foi, e é, e longe desse texto<br />
separar as naturezas de Deus-Homem, apenas destaca<br />
uma de suas naturezas. Preciso explicar-me antes que<br />
vocês exijam a minha cabeça, ou me confundam com<br />
Nestório.<br />
JOVENS<br />
Jovens debatedores! Os corações de vocês não ardem<br />
pelo genuíno leite espiritual, antes almejam popularidade,<br />
um orgulho espiritual, algo que certamente levará vocês a<br />
apostasia e a frieza espiritual. Perda da salvação? Talvez<br />
não, se é um eleito, como a salvação pertence e vem de<br />
Deus, posso lhe garantir que não, mas isso não é garantia<br />
de que vocês não passarão pelas consequências de suas<br />
más escolhas, e porque não de suas rebeldias.<br />
Suas páginas são recheadas de frases, textos de Paul<br />
Washer, C. H. Spurgeon, João Calvino e muitos outros,<br />
mas se colocarem vocês ao lado desses homens vocês<br />
desaparecem. Vocês não se parecem nada com eles!<br />
Despertem jovens! Pensem que na Teologia não existe<br />
“formação acadêmica”, e acalme os seus corações afoitos,<br />
vocês nunca se formaram em Teologia. E porque essa<br />
correria para mostrar conhecimento? Mostre amor! Mostre<br />
verdade! Mostre sinceridade!<br />
Se o fundamento posto é Cristo, porque não notamos<br />
mudanças? Porque vocês são ainda a mesmas pessoas de<br />
antes? Terrenas, animais e diabólicas? Olhem para si,<br />
“examine-se o homem a si mesmo” (1 Coríntios 11:28),<br />
vocês são cristãos? E porque vocês acham isso? Por favor,<br />
não se comparem com crentes de sua Igreja, nem com<br />
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seus pais, e irmãos de internet, nem com o seu líder, nem<br />
com ninguém do meio evangélico, nem com a sua<br />
congregação, apenas com Jesus Cristo e com a Escritura,<br />
nada garante que essas pessoas sejam verdadeiramente<br />
cristãs, ou salvas.<br />
O que lhe garante que tais pessoas sejam verdadeiras<br />
cristãs? Porque elas falam que são? Porque elas têm<br />
muitos anos de conversão? Porque elas têm títulos<br />
acadêmicos? Ou porque elas são parecidas com a maioria<br />
das pessoas de sua Igreja (congregação)? Mas se elas se<br />
compararam com crentes que não eram cristãos? Que se<br />
compararam com outros crentes que não eram, e assim por<br />
diante? Devemos apenas nos comparar com a Escritura e<br />
com a Pessoa de Cristo Jesus. Se colocar Cristo a seu lado<br />
você se parece com Ele? Ou você se parece com a maioria<br />
dos “cristãos” a sua volta? Você age como Cristo? Fala<br />
como Cristo? Pensa como Cristo? Você realmente é uma<br />
nova criatura com uma santa vocação? Você é<br />
irrepreensível? (2 Coríntios 5:17; Efésios 1:4; 2 Timóteo<br />
1:9).<br />
Jovens! Por exemplo, se nesse exato momento surgisse<br />
um convite para vocês embarcarem em viagens<br />
missionárias em países longínquos, longe de tudo e de<br />
todos, e se fosse para fazer exposições bíblicas em uma<br />
praça pública, e se o convite tratasse de um programa<br />
voluntário para cuidar de pessoas doentes e refugiadas de<br />
um país em guerra, sabendo que ali haveria oportunidade<br />
de se pregar o evangelho, e se fosse para ensinar o<br />
evangelho a detentos (presidiários) e doentes de sua<br />
cidade, o que vocês fariam? Sejam sinceros!<br />
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Acredito que muitos de vocês não sairiam de suas casas,<br />
não sairiam de seus computadores, nem dos seus<br />
Smartphones, não conseguiriam nem ao menos levantar<br />
de suas cadeiras estofadas confortáveis. Acredito que<br />
muitos de vocês irão ler esse texto e continuar com suas<br />
vidas miseráveis, enganando-o a si mesmo, e sendo<br />
enganados por outros miseráveis.<br />
Acredito que muitos de vocês não falaram sequer do<br />
evangelho para os vizinhos, colegas de escolas e colegas<br />
de trabalho. Acabei de descrever 99% dos jovens “cristãos<br />
reformados”. Falam de jogos de futebol, de times, de livros,<br />
de autores, de política, de filmes, e o restinho que sobra é<br />
dado realmente para o evangelho da glória de Cristo! Mas<br />
tudo que faço é para glória de Deus! Vocês dizem, e eu<br />
digo: sim continuem. A juventude (mocidade) logo passará,<br />
e vocês se arrependerão por não terem feito aquilo que<br />
deveria.<br />
“A melhor garantia para conhecer a vontade de Deus no<br />
futuro é estar dentro da sua vontade no presente”— T. B.<br />
Maston.<br />
Vocês podem dizer que fazem tudo para glória de Deus,<br />
Salomão viu vaidade em tudo “Vaidade de vaidades, diz o<br />
pregador, vaidade de vaidades! Tudo é vaidade” –<br />
Eclesiastes 1:2. Salomão descreve o presente dos jovens,<br />
mas é enfático com o fim:<br />
“Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua<br />
mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os<br />
anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles<br />
contentamento [...] De tudo o que se tem ouvido, o fim é:<br />
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Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto<br />
é o dever de todo o homem. Porque Deus há de trazer a<br />
juízo toda a obra, e até tudo o que está encoberto, quer<br />
seja bom, quer seja mau” – Eclesiastes 12:1, 13, 14.<br />
Deus sempre sonda corações e intenções, e Ele sempre<br />
tocará no coração de seus amados filhos, e de forma doce<br />
falará: “Levante-se filho meu, vá e pregue a minha Palavra,<br />
cuidarei de ti onde quer que pise a planta de vossos pés”.<br />
E como um filho obediente, sempre responderá: “Sim Pai,<br />
já estou indo falar do SENHOR, e das Suas grandes<br />
obras”. Aleluia!<br />
Mas sempre vai haver murmurações, e indagações: existe<br />
algo de mal em fazer todas essas coisas? Claro que não!<br />
Mas deixo vocês a pensar nessa frase de Leonard<br />
Ravenhill:<br />
“Como você pode derrubar as fortalezas de Satanás, se<br />
você não tem nem a força para desligar a TV?”.<br />
E por isso muitos de vocês não deveriam está em uma<br />
posição de meninos inconstantes levados em roda por todo<br />
vento de doutrina, pelo engano de homens que, com<br />
astúcia, enganam fraudulosamente? (Efésios 4:14) E<br />
vocês podem falar: Espere um pouco irmão Plínio, as<br />
doutrinas que eu defendo em minhas páginas sociais são<br />
verdadeiras! E eu lhe respondo: Até que ponto? São<br />
completas? São iguais as “verdades” pregadas pelo Diabo<br />
no jardim do Éden e no deserto? Devemos saber o: “Está<br />
escrito”, e “Também está escrito”. O amor, e a justiça é<br />
realmente o plano de fundo de sua vida cristã?<br />
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Senão, aconselho-te que releia sua bíblia, e digo mais,<br />
pare agora mesmo de ler biografias, até que você se torne<br />
mestre nos personagens bíblicos, principalmente na<br />
Pessoa de Jesus Cristo. Ter a Sua mente (de Cristo) exigese<br />
muito tempo de meditação.<br />
Existe um grande perigo em ler biografias, elas te fazem<br />
viver a vida de outros homens, que nem ao menos vocês<br />
se parecem com eles. Pelo simples fato de você concordar<br />
com as suas vidas piedosas, não lhe certifica como um<br />
cristão piedoso, se vocês compartilham de suas<br />
experiências devocionais, como fervor e vida de oração,<br />
não significa que vocês tenham essa vida. Jovens!<br />
Respondam-me algumas perguntas, e eu lhes trarei a<br />
realidade: Hoje, quantas horas vocês passaram de joelhos<br />
em oração? E no estudo diligente quantas horas se<br />
debruçaram sobre a escritura sob oração (orare et<br />
labutare)? Quando foi a sua última consagração ao<br />
Senhor, com jejuns, rogos e prantos? Partindo do<br />
pressuposto que sabem sobre a escritura, quando foi que<br />
os ímpios ouviram o brado de suas vozes “Arrependei-vos<br />
e crede no Evangelho!” – Marcos 1:15, “Raça de víboras,<br />
quem vos ensinou a fugir da ira vindoura?” – Mateus 3:7.<br />
E por fim, muitos usariam de várias “desculpas” para negar<br />
o convite. E por isso muitos de vocês não deveriam está<br />
em uma posição de “cristãos” falsos (mentirosos) e<br />
superficiais? A questão não é se você foi desafiado. A<br />
questão é: “você foi transformado?”.<br />
Que ser um defensor da verdade bíblica? Primeiro,<br />
examine-se a si mesmo nesse exato momento. Segundo,<br />
peça a Deus para que Ele lhe dê um Espírito de poder,<br />
amor e equilíbrio (2 Timóteo 1:7; Romanos 8:15; 1 João<br />
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4:18). E por último, esteja certo que você não é um<br />
apologeta por postar textos e frases em páginas sociais.<br />
Acredito que as páginas sociais sejam de grande valia na<br />
divulgação do Evangelho, mas existe um perigo iminente,<br />
atualmente as páginas sociais estão disseminando o mal e<br />
atuando na divisão do corpo de Cristo. Sinceramente é o<br />
Reino do mal levado em bolsos de pessoas despreparadas<br />
e não aptas no manuseio da espada da verdade (Palavra<br />
de Deus). Devemos ter cuidado e prudência. (Efésios 6:10<br />
– 20).<br />
Ainda quer ser um apologeta? Ame a Deus acima de todas<br />
as coisas, e de todas as pessoas. Cresça, desenvolva a<br />
vossa salvação, primeiramente em Temor e Tremor,<br />
desenvolva uma vida piedosa e devota a Cristo Jesus.<br />
Quanto das escrituras tem sido o seu banquete diário?<br />
Quanto tempo de oração você tem passado de joelhos<br />
diante o trono de Deus? Quanto você tem visto pessoas<br />
serem quebradas pela verdade contida na Palavra de<br />
Deus? Quantas rótulas quebradas você tem visto diante o<br />
Rei da glória? Quantos crentes, você tem visto dividindo o<br />
pão com os necessitados? Você tem dividido? Realmente<br />
estamos em um mesmo Espírito? Em uma mesma<br />
verdade? Tenho me assustado com o que tenho visto no<br />
meio cristão. E tudo isso colocado nesse texto, não é nem<br />
um terço do que tenho sentido, essa exortação veio<br />
primeiramente a mim. Acredito que “Deus corrige a quem<br />
Ele ama, e castiga quem Ele aceita como filho” (Hebreus<br />
12:6; Provérbios 3:12). Não leve a exortação como algo<br />
ruim, mas leve tudo isso como um sinal do grande amor e<br />
misericórdia de Deus.<br />
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AOS JOVENS DA ZUEIRA<br />
Jovens da “Zueira”, vocês estão levando Cristo ao<br />
vitupério, acredito que se a “plenitude dos tempos” fosse o<br />
presente século XXI, vocês seriam os primeiros a gritarem:<br />
Crucifica-o! Crucifica-o! Vocês zombariam de Cristo (“Rei<br />
dos judeus!”), Vocês produziriam a coroa de Espinho, é<br />
nítido ver o mesmo espírito de zombaria que atuava<br />
naqueles soldados romanos atuar em vocês. Vocês<br />
prestam o desfavor (desprezo) ao genuíno Evangelho, não<br />
consigo ver nada de “Zueira” no sacrifício de Cristo e nem<br />
em pessoas sendo condenadas ao inferno. C.H. Spurgeon<br />
disse que “no lugar de pastores alimentando ovelhas,<br />
haveria palhaços entretendo bodes”, eu faço uma leve<br />
adaptação para essa geração: “Jovens Palhaços<br />
entretendo bodes!” É isso que vocês são.<br />
Convertam-se meninos! Os jovens foram os que mais<br />
sofreram em toda a história. Se colocarmos o jovem José,<br />
o jovem Davi, o jovem Estevão, o jovem Timóteo e muitos<br />
outros ao lado de vocês, vocês simplesmente se<br />
envergonhariam e pediriam o mais profundo do abismo<br />
(inferno). Pena que a “Zueira” arrancou de vocês o Temor<br />
e Tremor a Deus. Será que vocês não lêem suas bíblias?<br />
Se lêem são rebeldes, pois, não vivem de acordo, se não<br />
lêem são crentes falsos, porque fazem “graça” da Graça de<br />
Deus! E um dia vocês verão que Deus nos deu a Graça,<br />
mas nunca “brincou” com a humanidade, de forma a fazer<br />
que pessoas rissem de suas instruções (Doutrinas), essa<br />
com toda certeza é a pior geração de crentes de todos os<br />
tempos, e a minha opinião é que vocês contribuem muito<br />
para isso. Provérbios é um livro que apresenta conselhos<br />
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importantíssimos para uma vida sábia. Em Provérbios<br />
26:18, 19, a bíblia diz:<br />
“Como o louco que lança fogo, flechas e morte, assim é o<br />
homem que engana a seu próximo e diz: Fiz isso por<br />
brincadeira”.<br />
Este conselho nos ajuda a zelarmos por relacionamentos<br />
sadios. Ele apresenta uma pessoa que promove desordem<br />
social por meio do engano e o compara com um louco. O<br />
personagem ilustrado, tudo que faz, o faz de forma velada,<br />
com uma má intenção, mas a oculta dizendo que fez tal<br />
ação “por brincadeira”.<br />
Bruce K. Waltke (2011) chama a atenção para o fato que o<br />
texto fala de alguém que se diverte em meio a uma<br />
“distorção inesperada” e que o verbo enganar mostra que<br />
o brincalhão tem a intensão de “prejudicar o seu vizinho”.<br />
Para o brincalhão, o praticar maldade é divertimento,<br />
tornando-se assim um insensato (Provérbios 10:23).<br />
Este versículo sempre cativou a minha atenção, pois<br />
sempre que eu fazia alguma coisa e dizia “foi brincadeira”,<br />
ele vinha em meu pensamento e de imediato eu refletia<br />
sobre tal ação ou palavra que havia dito, pois às vezes,<br />
minhas brincadeiras, sem que eu percebesse, acabavam<br />
por maltratar alguma pessoa. Portanto, tome cuidado com<br />
brincadeiras que enganam o próximo e o prejudica. Pense<br />
como está o seu “fiz por brincadeira”.<br />
Não brinquem com o nome de Deus. “Não tomarás o nome<br />
do Senhor teu Deus em vão” (Êxodo 20:7). Muitas vezes<br />
vocês “cristãos da zueira” não atentam para a preciosidade<br />
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desse texto. Mesmo sendo um mandamento atrelado ao<br />
Antigo Testamento, o principio extraído desta passagem<br />
contínua válido. No terceiro mandamento, não tomar o<br />
nome do Senhor em vão, é não banalizá-lo, não torná-lo<br />
vulgar, pois, o que está em questão não é apenas o Seu<br />
nome, mas sim a sua natureza e atributos. Por isso ao usar<br />
o nome de Deus, temos que ter certeza de que o que<br />
iremos falar dá o devido reconhecimento de Deus em todo<br />
Seu ser. Sendo assim, devemos fazer conforme Jesus nos<br />
ensina na oração do Pai–Nosso, e orar “santificado seja o<br />
teu nome” (Mateus 6:9). Isso quer dizer que “nós<br />
santificamos Seu nome quando honramos algum aspecto<br />
de Seu caráter”. Será que vocês têm honrado a Deus por<br />
meio de seus comportamentos, de suas palavras? Lembrese<br />
que o nome de Deus não é motivo para piada e deve<br />
ser honrado em atitudes e palavras.<br />
Uma das causas que tem levado muitos rirem e brincarem<br />
dentre o povo cristão, são os erros e heresias na Igreja de<br />
Cristo. Conquanto para muitos pareça algo engraçado,<br />
Jesus não acharia graça. Houve uma ocasião que Jesus,<br />
passando pela cidade, chora sobre Jerusalém. A bíblia diz<br />
que “quando Jesus se aproximou de Jerusalém e viu a<br />
cidade, começou a chorar. E disse: “Se tu também<br />
compreendesses hoje o que te pode trazer a paz!” – Lucas<br />
19:42. Ele, quando observou a incredulidade do povo de<br />
Jerusalém, não achou nisso motivo para graça, mas sim<br />
para choro. Se ao menos eles compreendessem!,<br />
lamentou Jesus. Isto porque aquelas pessoas não davam<br />
ouvidos à sua mensagem. “Jerusalém, Jerusalém, quantas<br />
vezes eu quis juntar o teu povo como uma galinha junta os<br />
seus pintinhos debaixo das suas asas e você não quis!”<br />
disse Ele.<br />
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Jesus não foi o único a ter dor no coração ao se preocupar<br />
com a incredulidade dos outros. Paulo em certa ocasião<br />
disse que possuía grande tristeza e incessante dor no<br />
coração por causa da incredulidade dos judeus (Romanos<br />
9:2). Aos gálatas ele diz que sentia dores de parto (Gálatas<br />
4:19) pelos irmãos que haviam se desviado do caminho.<br />
Aos coríntios, ele expressa a preocupação com eles,<br />
possuído de angústia no coração (2 Coríntios 2:4). Aos<br />
colossenses, ele menciona a grande luta em sua alma por<br />
causa dos irmãos (Colossenses 2:1) que estavam<br />
expostos a falsos ensinos (Colossenses 2:8). O exemplo<br />
que a bíblia nos ensina diante do falso ensino e heresia na<br />
Igreja não é fazer disso motivo de riso e chacota, mas sim<br />
de choro e preocupação. Afinal de contas, a Igreja de Cristo<br />
vale o Seu sangue e a ordenança à obediência, pois Jesus<br />
ordenou que amassemos até os nossos inimigos, e a Sua<br />
palavra enfatizou que a nossa luta não é contra carne e<br />
sangue.<br />
Mais uma vez digo-lhes: Palhaços! Vocês não são nada,<br />
além disso! Vocês através de suas “zueiras”, não estão<br />
ajudando a desenvolver a salvação de nenhum crente,<br />
apenas deixa-os em seus pecados de uma forma mais<br />
confortável.<br />
Ainda estão em seus medos e conflitos internos, mas ao<br />
mesmo tempo estão camufladas em seus risos secos que<br />
mostram a secura de suas almas vazias. “Arrependei-vos<br />
e crede no Evangelho!”. Ainda há tempo!<br />
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Quer ser um defensor da Palavra de Deus? Respeite-a,<br />
Reverencie-a, Tema e Trema diante do poder de Deus!<br />
(Romanos 1:16).<br />
“A Palavra de Deus não precisa de defesa, ela é como um<br />
leão faminto preso em uma jaula. Abra somente a porta da<br />
jaula, e deixe-a livre. Mas respeite-a, caso contrário, será<br />
despedaçado (a)”.<br />
CONCLUSÃO<br />
Pelo simples fato de somente abrir a essa jaula. Preparese<br />
para viver sozinho, perder amigos, e irmãos que na<br />
maioria das vezes você o ajudou. Prepare-se para passar<br />
por momentos de depressão e de tristeza profundos onde<br />
os elogios não serão suficientes. Prepare-se para perder o<br />
sono durante toda a sua vida. Prepare-se para dormir mal,<br />
e ter muitos pesadelos. Prepare-se para acordar sem<br />
ânimo. Prepare-se para perder o humor. Prepare-se para<br />
estudar horas e mais horas de sua vida, ao ponto de perder<br />
a noção de dias, meses e anos, vivendo como se já<br />
estivesse na eternidade. Prepare-se para ter os seus<br />
joelhos ensanguentados e calejados. Prepare-se para<br />
retirar o pano de saco e cinzas escondidos debaixo de sua<br />
cama onde você disse certa vez: Não preciso! Digo: Irá<br />
precisar. Prepare-se para muitas noites de choro sozinho<br />
na cabeceira de sua cama. Prepare-se para gemer muitas<br />
vezes no chão do banheiro em silêncio, com vergonha das<br />
suas covardias, elas serão suas mestras de Teologia.<br />
Prepare-se em não ser compreendido pelos próprios<br />
irmãos em Cristo. Aconselho-te que grave esse versículo<br />
em sua mente: “Fiz-me acaso, vosso inimigo, dizendo a<br />
verdade?” – Gálatas 4:16 irá precisar. Prepare-se por não<br />
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ser compreendido em muitas vezes por sua própria família,<br />
ela será sua cruz por muito tempo. Prepare-se por não ser<br />
aceito e muito menos compreendido pela sociedade, pois,<br />
você é Luz em meio a densas trevas. Prepare-se para amar<br />
os inimigos, pois, serão muitos. Prepare-se para dividir<br />
aquilo que na maioria das vezes você não tem. Prepare-se<br />
para consolar as pessoas, mesmo não estando consolado.<br />
Prepare-se para animar as pessoas, mesmo estando<br />
desanimado. Prepare-se para não ser aceito pelo próprio<br />
meio “evangélico”. Prepare-se para as críticas, pois, serão<br />
muitas. Prepare-se para ser odiado, maltratado e<br />
humilhado. Prepare-se para viver as maiores guerras<br />
íntimas e pessoais de sua vida. Prepare-se para ter sua<br />
mente sendo atacada diariamente pelos seus piores<br />
desejos e pensamentos, e claro por nosso adversário<br />
Satanás.<br />
Prepare-se para perder o apetite e consequentemente<br />
emagrecer sem nenhuma saúde, e nessa situação a<br />
enfermidade pode ser sua aliada. Prepare-se para ser<br />
abatido pelas aflições desse mundo, pois, são muitas.<br />
Prepare-se para enfrentar lutas ferrenhas contra a carne, e<br />
o pecado.<br />
Prepare-se para as derrotas, pois, serão muitas. Preparese<br />
para as vitórias que serão poucas, mas elas poderão lhe<br />
corromper. Prepare-se para os elogios, pois, eles tentarão<br />
sua vaidade, e seu orgulho espiritual. Prepare-se para ser<br />
perseguido.<br />
Prepare-se para uma guerra diária e constante, onde a sua<br />
única arma será a Escritura Sagrada, e será nela e<br />
somente nela que se manifestará a graça de Deus na<br />
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evelação de Seu Filho Jesus Cristo. Prepare-se para a<br />
solidão mesmo tendo muitos a sua volta.<br />
Mas acima de tudo prepare-se para o porvir. Prepare-se<br />
para ser consolado e recebido pelo Deus-Homem, o Cristo<br />
ressurreto com uma coroa incorruptível, com uma glória<br />
que mui excede a todas as nossas tribulações. Aleluia!<br />
VIDA ETERNA<br />
“Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que<br />
está no meio do paraíso de Deus”. (Apocalipse 2:7b).<br />
NÃO SOFRER O DANO DA SEGUNDA MORTE (LAGO<br />
<strong>DE</strong> FOGO)<br />
“O que vencer não receberá o dano da segunda morte”.<br />
(Apocalipse 2:11b).<br />
NOVO NOME<br />
“Ao que vencer darei a comer do maná escondido, e darlhe-ei<br />
uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito,<br />
o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe”.<br />
(Apocalipse 2:17b).<br />
JULGAR AS NAÇÕES<br />
“E ao que vencer, e guardar até ao fim as minhas obras, eu<br />
lhe darei poder sobre as nações, E com vara de ferro as<br />
regerá; e serão quebradas como vasos de oleiro; como<br />
também recebi de meu Pai”. (Apocalipse 2:26, 27).<br />
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VESTES BRANCAS, NÃO RISCAR O NOME DO LIVRO<br />
DA VIDA E TER O NOME CONFESSADO DIANTE <strong>DE</strong><br />
<strong>DE</strong>US E DOS SEUS ANJOS<br />
“O que vencer será vestido de vestes brancas, e de<br />
maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e<br />
confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos<br />
seus anjos”. (Apocalipse 3:5, 6).<br />
UMA COLUNA NO TEMPLO <strong>DE</strong> <strong>DE</strong>US, COM O NOME <strong>DE</strong><br />
<strong>DE</strong>US O NOME DA CIDA<strong>DE</strong>: A NOVA JERUSALÉM E O<br />
SEU NOVO NOME<br />
“A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus,<br />
e dele nunca sairá; e escreverei sobre ele o nome do meu<br />
Deus, e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém,<br />
que desce do céu, do meu Deus, e também o meu novo<br />
nome”. (Apocalipse 3:12).<br />
ASSENTAR COM JESUS NO SEU TRONO<br />
“Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no<br />
meu trono; assim como eu venci, e me assentei com meu<br />
Pai no seu trono”. (Apocalipse 3:21).<br />
“Se um cristão não está tendo tribulação do mundo, há algo<br />
errado! Não somos chamados para sermos aceitos, somos<br />
chamados para glorificar a Deus”.<br />
O QUE É SER BATIZADO COM FOGO?<br />
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“[...] disse João a todos: Eu, na verdade vos batizo com<br />
água, mas vem o que é mais poderoso do que eu, do qual<br />
não sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias; ele<br />
vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. A sua pá,<br />
ele a tem na mão, para limpar completamente a sua eira e<br />
recolher o trigo no seu celeiro; porém queimará a palha em<br />
fogo inextinguível”. (Lucas 3:16, 17).<br />
Você sabe o que é batismo com fogo? Você em suas<br />
petições desejou esse batismo? Vamos ver o que significa<br />
batismo com fogo? O batismo com o Espírito Santo é<br />
identificado em outras passagens. Em Atos 1:4 – 5, Jesus<br />
o prometeu aos apóstolos. Ele cumpriu essa promessa em<br />
Atos 2:1 – 4. Outra vez, ele concedeu o batismo com o<br />
Espírito Santo à família de Cornélio (Atos 10:44 – 48; 11:15<br />
– 17). Mas, o que é o batismo com fogo? Alguns sugerem<br />
que o fogo se refere às “línguas, como de fogo” que<br />
pousaram sobre os apóstolos em Atos 2:3. Mas, tal<br />
interpretação não explica adequadamente o comentário de<br />
João Batista.<br />
No contexto imediato (Lucas 3:17; Mateus 3:12), João<br />
explica que o fogo representa castigo em fogo<br />
inextinguível. Alguns de seus ouvintes seriam batizados<br />
com o Espírito Santo, e outros deles seriam imersos no<br />
fogo do castigo eterno.<br />
João mencionou esses batismos principalmente para<br />
ensinar a superioridade de Jesus (veja João 3:30). João,<br />
sendo mero homem, tinha autoridade para controlar as<br />
águas que ele usava nos batismos de milhares de judeus.<br />
Mas Jesus, sendo o Filho de Deus, mostraria seu poder<br />
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ilimitado. Ele enviaria o Espírito Santo e, também, rejeitaria<br />
algumas pessoas eternamente.<br />
A primeira pergunta que temos de responder é a seguinte:<br />
Para quem João Batista dirigiu essa palavra? Observando<br />
o contexto, vemos que muitos iam até João Batista e,<br />
arrependidos de seus pecados, eram batizados por ele<br />
com água (Mateus 3:5 – 7). Mas entre estes, alguns iam<br />
até João com outros propósitos; estes são identificados<br />
como os fariseus e saduceus (Mateus 3:7). Foi diretamente<br />
a eles que João disse essa palavra, que começa no verso<br />
7: “Vendo ele, porém, que muitos fariseus e saduceus<br />
vinham ao batismo, disse-lhes: Raça de víboras, quem vos<br />
induziu a fugir da ira vindoura?”.<br />
João questiona veementemente a falsidade e hipocrisia do<br />
arrependimento dos fariseus e saduceus (Mateus 3:8, 9).<br />
Eles estavam ali com outros objetivos, não com o de se<br />
arrependerem dos seus pecados e viver uma nova vida.<br />
Nesse contexto João diz algo interessante a eles que nos<br />
ajudará a compreender o que significa batismo com fogo:<br />
“Já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore,<br />
pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada ao<br />
fogo” (Mateus 3:10). O fogo citado aqui, claramente aponta<br />
para o julgamento de Deus e a justa condenação dos<br />
ímpios.<br />
Dentro desse contexto João continua sua fala aos fariseus<br />
e saduceus e, claro, para aqueles que deveriam estar ali<br />
ouvindo toda essa conversa, explicando a eles da vinda do<br />
Messias, que seria maior do que ele (Mateus 3:11). Esse<br />
Messias estaria apto a oferecer dois batismos, sendo: o<br />
batismo com o Espirito Santo: é o batismo do<br />
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arrependimento, a morte para a velha vida, a purificação<br />
dos pecados, a nova vida em Cristo. E o batismo com fogo:<br />
Esse é o batismo no qual os perversos serão batizados,<br />
conforme o próprio João explica na sequência: “A sua pá,<br />
Ele a tem na mão e limpará completamente a sua eira;<br />
recolherá o seu trigo no celeiro, mas queimará a palha em<br />
fogo inextinguível” (Mateus 3:12).<br />
Esse trigo que será recolhido no celeiro são os salvos, os<br />
batizados com o Espírito Santo, os selados pelo Espírito<br />
Santo da promessa (Efésios 1:13). Já a palha que será<br />
jogada em fogo inextinguível são os ímpios, batizados com<br />
o fogo do juízo de Deus. Como vimos, todo o contexto usa<br />
o fogo como símbolo do juízo de Deus sobre os perversos.<br />
Sabemos que nas Escrituras Sagradas o fogo é usado com<br />
diversos significados. Por exemplo, como símbolo de<br />
purificação, da provação, do juízo, etc. Para que o sentido<br />
da palavra fogo seja corretamente atribuído a um texto é<br />
importante avaliar cada contexto para não cometer erros.<br />
Como vimos claramente nesse texto que analisamos neste<br />
sucinto estudo, o batismo com fogo é claramente<br />
identificado como o batismo que Deus aplica nos ímpios,<br />
um batismo de condenação justa.<br />
Assim, o crente verdadeiro não deve ser batizado com esse<br />
fogo citado nesse texto, pois se o for, nem mesmo poderá<br />
mais ser chamado de crente, pois, na verdade, nunca o foi.<br />
Antes, se for batizado com esse fogo citado por João<br />
Batista, será um batismo de condenação.<br />
Se essa é a sua petição. Arrependa-se e volte-se a<br />
escritura, pois, cuidais ter nela a vida eterna.<br />
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“Se Deus amou você uma vez, Ele amará para sempre”.<br />
Agostinho, onde isto mesmo se ensina: “Incompreensível”,<br />
diz ele, “e imutável é o amor de Deus. Pois ele começou a<br />
amar-nos, não desde que fomos reconciliados com Ele<br />
pelo sangue de Seu Filho; pelo contrário, Ele nos amou<br />
antes da formação do mundo, para que também nós lhe<br />
fôssemos filhos juntamente com Seu Unigênito, mesmo<br />
antes que viéssemos a ser algo. Que, portanto, fomos<br />
reconciliados pela morte de Cristo, não se deve entender<br />
como se o Filho nos reconciliasse com o Pai para que este<br />
começasse a nos amar, porque antes nos odiava; mas foi<br />
reconciliado com quem já antes nos amava, ainda que,<br />
pelo pecado, nutria inimizade para conosco.<br />
O Apóstolo é testemunha de que afirma a verdade: ‘Deus<br />
prova Seu amor para conosco em que, enquanto éramos<br />
ainda pecadores, Cristo morreu por nós’ (Romanos 5:8).<br />
Tinha Ele, portanto, amor para conosco ainda quando,<br />
exercendo inimizades para com ele, praticávamos a<br />
iniquidade. E assim, de modo maravilhoso e divino, ainda<br />
quando nos odiava, Ele nos amava. Pois Ele nos odiava<br />
enquanto éramos como ele nos fizera. E porque nossa<br />
iniquidade não havia consumido de todo sua obra em nós,<br />
sabia, a um só tempo, em cada um de nós, não só odiava<br />
o que fazíamos, mas também amava o que Ele havia feito”.<br />
É isso o que diz Agostinho.<br />
O CULTO VERDA<strong>DE</strong>IRO E O CULTO FALSO<br />
Texto Base:<br />
1 Coríntios 14.<br />
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O culto verdadeiro e o culto falso – 14:1 – 19.<br />
Os efeitos da verdadeira e da falsa adoração – 14:20 – 25.<br />
Conselhos práticos – 14:26 – 33.<br />
Inovações proibidas – 14:34 – 40.<br />
1 Coríntios 14:1 – 19.<br />
Este capítulo é muito difícil de entender, devido ao fato de<br />
que se refere a um fenômeno que, para a maioria de nós,<br />
está totalmente fora de nossa experiência. Em todo o<br />
capítulo Paulo compara entre si dois dons espirituais. Em<br />
primeiro lugar o falar em línguas. Este fenômeno era muito<br />
comum na Igreja primitiva. Durante ele a pessoa se<br />
excitava até chegar a um êxtase e um delírio e nesse<br />
estado lançava uma incontrolável corrente de sons em<br />
linguagem desconhecida. A não ser que esses sons<br />
fossem interpretados e, em realidade, traduzidos, ninguém<br />
sabia o que significavam. Embora nos pareça estranho na<br />
Igreja primitiva isto era um dom altamente cobiçado. Era<br />
um dom perigoso. Por um lado, era anormal e muito<br />
admirado; portanto a pessoa que o possuía podia tender a<br />
desenvolver um certo orgulho espiritual por seu dom. E por<br />
outro lado, o próprio desejo de possuí-lo produzia, ao<br />
menos em alguns, certo auto-hipnotismo e certa histeria<br />
deliberadamente induzida que resultava ser um falar em<br />
línguas completamente falso, enganoso e fabricado.<br />
Contra este falar em línguas Paulo antepõe o dom de<br />
profecia. Preferimos não utilizar este termo, cujo emprego<br />
pode complicar mais uma situação já complicada. Neste<br />
caso, e em realidade a maioria das vezes, a profecia não<br />
tem nada que ver com a predição do futuro, mas sim<br />
significa proclamar a vontade e a mensagem de Deus.<br />
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Como já dissemos, pregar se aproxima deste significado.<br />
Em toda esta seção Paulo trata o perigo do dom de falar<br />
em línguas, e a superioridade de interpretar a verdade em<br />
forma tal que todos podem entendê-la. Podemos seguir<br />
melhor a linha do pensamento de Paulo analisando toda a<br />
seção. Paulo começa dizendo que as línguas se dirigem a<br />
Deus, e não aos homens, devido ao fato de que eles não<br />
podem entender. Se alguém exercitar o dom de línguas<br />
pode estar enriquecendo sua própria experiência espiritual,<br />
mas com segurança não está enriquecendo as almas da<br />
congregação, devido ao fato de que para eles resulta<br />
ininteligível; por outro lado, o dom de anunciar a verdade<br />
produz algo que todos podem entender e que é de proveito<br />
para a alma de cada um. Em seguida Paulo continua<br />
usando ilustrações e alegorias. Pensa ir a eles; mas se o<br />
faz falando em línguas que utilidade terá sua visita? Não<br />
saberiam do que estaria falando. Tomemos o caso de um<br />
instrumento musical. Se obedece as leis normais da<br />
harmonia, pode produzir uma melodia que todos podem<br />
reconhecer; mas, se não, simplesmente produz um som<br />
caótico. Tomemos o caso do clarim. Se tocar o chamado<br />
correto poderá convocar os homens a avançar, retroceder,<br />
dormir ou despertar. Mas se simplesmente produz um som<br />
confuso, sem significado, ninguém saberá o que fazer.<br />
Neste mundo existem muitas formas de falar; mas se dois<br />
homens que não compreendem o idioma um do outro se<br />
encontram, se falam um ao outro, a linguagem de cada um<br />
deles soará a jargão sem sentido, e não obterão nada do<br />
encontro. De modo que Paulo não nega a existência do<br />
dom de línguas. Ninguém pode dizer que nele se cumpre a<br />
fábula da raposa e as uvas, pois ele possui o dom mais que<br />
nenhum outro, mas insiste em que para que um dom seja<br />
valioso deve beneficiar a toda a congregação, e, portanto,<br />
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se utiliza-se o dom de línguas, este não terá sentido a não<br />
ser que seja interpretado. Assim, seja que o homem fale,<br />
ore ou cante, deve fazê-lo não só com seu espírito, mas<br />
com sua mente. Deve saber o que acontece e outros<br />
devem poder compreendê-lo. Desta maneira Paulo chega<br />
à brusca conclusão de que numa congregação cristã é<br />
melhor pronunciar umas poucas orações compreensíveis<br />
que emitir uma corrente de sons ininteligíveis em línguas.<br />
Desta seção muito difícil e remota surgem certas verdades<br />
valiosas. O versículo 3 muito sucintamente estabelece o<br />
fim de toda pregação e ensino. Tem três fases.<br />
(1) Deve tender a edificar. Deve ter como fim aumentar o<br />
conhecimento que o homem tem da verdade cristã e sua<br />
capacidade para viver uma vida cristã. Deve outorgar-lhe<br />
uma mente melhor instruída e uma vida melhor equipada.<br />
Seu fim deve ser repartir força para o caminho cristão.<br />
(2) Deve tender a alentar. Em todo grupo de pessoas há os<br />
que se sentem deprimidos e desanimados. Seus sonhos<br />
não se convertem em realidade; seu esforço pareceria ter<br />
obtido muito pouco; o exame pessoal só mostra fracassos<br />
e incapacidades. Dentro da comunidade cristã o homem<br />
teria que encontrar algo que alegrasse seu coração,<br />
temperasse seu braço, e fizesse elevar a fronte.<br />
Comentava-se a respeito de um pregador que dava a<br />
conhecer o evangelho como se fosse um meteorologista<br />
que anunciava o avanço de uma profunda depressão. Um<br />
culto poderá começar humilhando o homem ao lhe mostrar<br />
seu próprio pecado, mas será um fracasso a não ser que<br />
termine assinalando a graça e o Deus que o capacitará a<br />
conquistar esse pecado.<br />
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(3) Deve confortar. “Nunca a manhã passou a ser tarde<br />
sem que algum coração se destroçasse”. Existe o que<br />
Virgilio chamou “as lágrimas das coisas”. Em todo grupo de<br />
pessoas haverá sempre alguém a quem a vida danificou e<br />
para quem a primavera já não existe. E dentro da<br />
comunidade cristã deve poder encontrar beleza para suas<br />
cinzas, óleo de alegria para seu luto, e um vestido de louvor<br />
para o espírito em sua opressão. O versículo 5 nos<br />
menciona as coisas que para Paulo eram o pano de fundo<br />
e a substância de toda pregação e ensino.<br />
(1) Provém de uma revelação direta de Deus. Ninguém<br />
pode falar com outros a não ser que Deus tenha falado a<br />
ele em primeiro lugar. Diz-se que um grande pregador se<br />
detinha cada tanto como se estivesse ouvindo uma voz.<br />
Nunca damos aos homens ou aos alunos verdades que<br />
nós produzimos, nem mesmo descobrimos; transmitimos a<br />
verdade que nos foi dada.<br />
(2) Pode outorgar um conhecimento especial. Ninguém<br />
pode ser perito em tudo, mas cada um tem um<br />
conhecimento especial em alguma matéria. Tem-se dito<br />
que qualquer pessoa poderia escrever um livro<br />
interessante se simplesmente descrevesse completa e<br />
honestamente tudo o que lhe aconteceu. As experiências<br />
da vida dão algo especial a cada um de nós, e a pregação<br />
e o ensino mais efetivo é simplesmente dar testemunho do<br />
que sabemos que é certo porque o achamos certo.<br />
(3) Consiste em proclamar a verdade. Na Igreja primitiva a<br />
primeira pregação que se dava perante qualquer<br />
congregação era uma proclamação simples e direta dos<br />
fatos da história cristã. Há algumas costure que estão mais<br />
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além de todo argumento. Goethe disse: “Conte-me suas<br />
certezas, tenho suficientes dúvidas das minhas”. Qualquer<br />
que seja a forma em que terminemos, é bom começar com<br />
os fatos de Cristo e do cristianismo.<br />
(4) Continuará ensinando. Chega o momento em que o<br />
homem pergunta: “O que querem dizer estes fatos? Qual é<br />
seu significado?”. Simplesmente porque somos criaturas<br />
pensantes a religião implica em teologia. E pode ser que a<br />
fé de muitos decaia e a fidelidade de muitos se esfrie<br />
devido ao fato de que não analisaram as coisas e não as<br />
pensaram em sua totalidade.<br />
De toda a passagem surgem dois amplos princípios<br />
referentes ao culto cristão.<br />
(1) A adoração nunca deve ser egoísta. Tudo o que se faça<br />
durante o culto deve realizar-se para o bem de todos.<br />
Ninguém durante ele, já seja quem o dirija ou o<br />
compartilhe, tem direito a fazê-lo de acordo com suas<br />
próprias preferências e predileções pessoais. Deve buscar<br />
o bem de toda a comunidade de adoradores. A grande<br />
prova de qualquer parte do culto é a seguinte: “Ajudará a<br />
todos?”. Não é: “Exporá meus dons especiais?”, mas sim:<br />
“Fará isto com que todos os presentes se sintam mais perto<br />
uns de outros e mais perto de Deus?”.<br />
(2) A adoração deve ser inteligível. As grandes coisas são<br />
essencialmente as coisas simples, a linguagem mais nobre<br />
é em essência a mais simples. Em última instância só o<br />
que satisfaz minha mente pode confortar meu coração, e<br />
só o que minha mente pode captar pode outorgar força a<br />
minha vida.<br />
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OS EFEITOS DA VERDA<strong>DE</strong>IRA E DA FALSA<br />
ADORAÇÃO<br />
1 Coríntios 14:20 – 25.<br />
Paulo ainda está tratando da questão do falar em línguas.<br />
Começa com um chamado aos coríntios para que não ajam<br />
de maneira infantil. Essa paixão pelo falar em línguas e sua<br />
sobrevalorização era em realidade uma sorte de<br />
ostentação infantil, o produto do desejo de exibir-se como<br />
meninos precoces. Paulo acha então um argumento no<br />
Antigo Testamento. Vimos várias vezes como a exegese<br />
rabínica — e Paulo era um rabino — podia encontrar no<br />
Antigo Testamento significados escondidos que com<br />
segurança não tinham sido previstos originalmente. Paulo<br />
se refere a Isaías 28:9 – 12. Nessa passagem, Deus,<br />
através de seu profeta, ameaça ao povo. Isaías lhes<br />
pregou em seu próprio idioma hebreu e não o escutaram<br />
nem o compreenderam. Devido a sua desobediência os<br />
assírios virão sobre eles e os conquistarão e ocuparão<br />
suas cidades. Então terão que ouvir um idioma que não<br />
poderão compreender. Terão que ouvir a língua<br />
estrangeira de seus conquistadores falando coisas<br />
ininteligíveis; e nem sequer essa experiência terrível fará<br />
com que os que não crêem se voltem a Deus. De modo<br />
que Paulo utiliza o argumento de que as línguas foram<br />
utilizadas para pessoas de coração duro e incrédulas e<br />
que, finalmente, foram ineficazes. Logo Paulo utiliza um<br />
argumento muito prático. Se qualquer estranho, ou<br />
qualquer pessoa simples, entrasse numa reunião cristã em<br />
que todos emitissem uma corrente de sons ininteligíveis ao<br />
falar em línguas, pensaria ter chegado a Babel e encontrar-<br />
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se num manicômio Mas se a verdade de Deus estivesse<br />
sendo proclamada sóbria e compreensivelmente, o<br />
resultado seria muito distinto. O homem se encontraria face<br />
a face consigo mesmo e com Deus. Os versículos 24 e 25<br />
nos dão um vívido resumo dos efeitos da pregação cristã,<br />
e do que acontece quando a verdade de Deus se proclama<br />
inteligivelmente.<br />
(1) Convence o homem de seu próprio pecado. Pela<br />
primeira vez vê o que é e se sentirá consternado.<br />
Alcibíades, o preferido malcriado de Atenas, era amigo de<br />
Sócrates, e algumas vezes estava acostumado a lhe dizer:<br />
“Sócrates, odeio-te, devido ao fato de que cada vez que me<br />
encontro contigo me fazes ver o que sou”. A mulher de<br />
Samaria disse com surpresa envergonhada: “Vinde comigo<br />
e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito”<br />
(João 4:29). O primeiro que faz a mensagem de Deus é<br />
fazer com que o homem tome consciência de que é um<br />
pecador.<br />
(2) Leva o homem a juízo. Pela primeira vez o homem se<br />
dá conta de que deve responder pelo que realizou. Até<br />
esse momento pode ter vivido sem pensar nas finalidades<br />
da vida. Pode ter vivido o dia, seguindo seus impulsos e<br />
aproveitando seus prazeres. Mas agora vê que o dia tem<br />
um fim, e ali está Deus.<br />
(3) Mostra ao homem os segredos de seu próprio coração.<br />
O homem geralmente não se vê a si mesmo. Enfrentamos<br />
nossos corações em último lugar. Como diz o provérbio:<br />
“Não há ninguém tão cego como aquele que não quer ver”.<br />
A mensagem cristã obriga o homem a ter essa severa<br />
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honestidade que humilha, que o faz enfrentar-se a si<br />
mesmo.<br />
(4) Faz com que o homem se ajoelhe perante Deus. Todo<br />
o cristianismo começa com o homem ajoelhado na<br />
presença de Deus. A porta de entrada à sua presença é<br />
tão baixa que só podemos atravessá-la sobre nossos<br />
joelhos. Quando um homem enfrentou a Deus e a si<br />
mesmo, tudo o que fica por fazer é ajoelhar-se e orar: “Ó<br />
Deus, tem misericórdia de mim, pecador”. Então o homem<br />
sai seguro de que esteve na presença de Deus. A prova de<br />
todo ato de adoração é a seguinte: “Faz-nos sentir a<br />
presença de Deus?”. Joseph Twitchell nos relata como foi<br />
visitar Horácio Bushnell quando este era ancião. De noite<br />
Bushnell o levou a caminhar pelas ladeiras. Enquanto<br />
caminhavam na escuridão, Bushnell disse de repente.<br />
Ajoelhemo-nos e oremos. E ele orou. Twitchell disse ao<br />
relatá-lo depois: “Tinha medo de estirar minha mão na<br />
escuridão, pois temia tocar em Deus”. Quando nos<br />
sentimos assim tão perto de Deus, compartilhamos e<br />
experimentamos real e verdadeiramente um ato de<br />
adoração.<br />
CONSELHOS PRÁTICOS<br />
1 Coríntios 14:26 – 33.<br />
Paulo chega no final desta seção com alguns conselhos<br />
muito práticos. Está decidido a que todo aquele que possui<br />
um dom receba todas as oportunidades possíveis para<br />
exercitá-lo, mas está igualmente decide que os cultos da<br />
Igreja não se convertam por isso numa sorte de<br />
desordenada competição. Só dois ou três devem exercitar<br />
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o dom de línguas, e só se houver alguém presente que<br />
possa interpretá-los. Todos têm o dom de profetizar a<br />
verdade, mas mais uma vez, só dois ou três podem exercêlo,<br />
e se alguém da congregação tem a convicção de que<br />
recebeu uma mensagem especial, aquele que dirige deve<br />
dar-lhe a oportunidade de expressá-lo. Aquele que dirige<br />
pode fazê-lo perfeitamente, e não precisa dizer que se vê<br />
miserável pela inspiração e não pode deter-se, porque o<br />
pregador pode controlar seu próprio espírito. Deve haver<br />
liberdade, mas não desordem. O Deus de paz deve ser<br />
adorado em paz. Não é exagerado dizer que nenhuma<br />
seção desta carta é tão interessante como a presente,<br />
devido ao fato de que arroja abundante luz sobre o culto tal<br />
como era na Igreja primitiva. Obviamente existia nele uma<br />
liberdade e uma informalidade completamente estranha a<br />
nossas idéias. Desta passagem surgem duas grandes<br />
questões.<br />
(1) Evidentemente, a Igreja primitiva não tinha um<br />
ministério profissional. Na verdade, os apóstolos se<br />
sobressaíam com uma autoridade muito especial; mas<br />
nesta etapa a Igreja não tinha pastores locais profissionais.<br />
Estava aberta a todo aquele que tinha um dom para que o<br />
utilizasse. Fez bem ou mal a Igreja em instituir um<br />
ministério profissional? Em realidade há algo essencial<br />
que, em nossa era tão cheia de atividades, quando os<br />
homens estão tão preocupados com as coisas materiais,<br />
deve-se apartar a um homem para que viva perto de Deus<br />
e brinde a seu próximo à verdade, a guia e o fôlego que<br />
Deus outorga a ele. Mas por outro lado está o perigo óbvio<br />
de que quando um homem se converte em pregador<br />
profissional às vezes está obrigado a ter que dizer algo<br />
quando em realidade não tem nada que dizer. Seja como<br />
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for, deve ficar claro que se alguém tiver uma mensagem<br />
para dar a seus próximos, nenhuma norma nem<br />
regulamento eclesiástico deveria impedi-lo de fazê-lo. É<br />
sem dúvida alguma um engano pensar que só o ministro<br />
profissional pode transmitir a verdade de Deus aos<br />
homens.<br />
(2) Obviamente na Igreja primitiva a ordem de culto tinha<br />
uma flexibilidade que atualmente nos falta. Evidentemente<br />
não havia uma ordem estabelecida. Tudo era o<br />
suficientemente informal para deixar que qualquer pessoa<br />
que sentisse que tinha uma mensagem para dar poderia<br />
fazê-lo. Pode ser que em nossos dias demos muita<br />
importância à ordem e à dignidade. Pode ser que nos<br />
tenhamos convertido em escravos das ordens de culto. O<br />
realmente notável num culto de uma Igreja primitiva deve<br />
ter sido que quase todos chegavam sentindo que tinham<br />
tanto o privilégio como a obrigação de contribuir com algo<br />
nele. Não se chegava a ele com a única intenção de ser<br />
um ouvinte passivo. Não se ia só para receber, mas<br />
também para dar. Obviamente isto apresentava seus<br />
perigos, porque é claro que em Corinto havia alguns que<br />
estavam apaixonados pelo som de suas vozes; entretanto,<br />
nesses dias a Igreja deve ter sido muito mais uma<br />
possessão real do cristão comum. Bem pode ser que a<br />
Igreja tenha perdido algo quando delegou tanto no<br />
ministério profissional e deixou tão pouco em mãos dos<br />
membros comuns; e pode ser que a culpa não resida no<br />
fato de que os pastores se anexaram esses direitos, mas<br />
em que os leigos os abandonaram; porque é muito certo<br />
que existem muitos membros de igreja cuja atitude os leva<br />
a pensar muito mais no que a igreja pode fazer por eles do<br />
que no que eles podem fazer pela igreja, e que estão<br />
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sempre preparados para criticar o que se faz, mas nunca<br />
dispostos a compartilhar o trabalho na mesma.<br />
INOVAÇÕES PROIBIDAS<br />
1 Coríntios 14:34 – 40.<br />
Na Igreja de Corinto existiam inovações que a ameaçavam<br />
e que não eram do agrado de Paulo. Com efeito, exige<br />
deles que esclareçam que direitos tinham de fazê-las.<br />
Eram acaso eles os criadores da Igreja cristã? Tinham um<br />
monopólio da verdade do evangelho e de sua história?<br />
Tinham recebido uma tradição e deviam ser obedientes a<br />
ela. Ninguém se livrou jamais por completo das idéias e do<br />
pano de fundo da era em que viveu e da sociedade na qual<br />
cresceu, e Paulo, em sua concepção do lugar que deviam<br />
ocupar as mulheres dentro da Igreja, não podia livrar-se<br />
das idéias que tinha conhecido toda sua vida. Já<br />
assinalamos que no mundo antigo o lugar das mulheres era<br />
baixo. No mundo grego Sófocles havia dito “O silêncio<br />
confere graça a uma mulher”. Na Grécia as mulheres, a<br />
não ser que fossem muito pobres ou de moral relaxada,<br />
levavam uma vida de reclusão. Os judeus tinham uma idéia<br />
ainda mais baixa das mulheres. Entre as declarações<br />
rabínicos há muitos que diminuem o lugar das mulheres.<br />
“Com respeito a ensinar a lei a uma mulher, o mesmo seria<br />
ensinar-lhe impiedade”. Ensinar a lei a uma mulher era<br />
“jogar pérolas aos porcos”. O Talmud menciona entre as<br />
pragas do mundo “a viúva conversadora e inquisitiva e a<br />
virgem que perde seu tempo orando”. “Não se deve pedir<br />
um favor a uma mulher, nem saudá-la”. Paulo escreveu<br />
esta passagem numa sociedade como a descrita. É bem<br />
possível que o que acima de tudo estivesse em sua mente<br />
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fosse a moral relaxada de Corinto e o sentimento de que<br />
não devia fazer-se nada, nada absolutamente, que<br />
trouxesse sobre a Igreja infante a menor suspeita de falta<br />
de modéstia. Com segurança seria muito equivocado tirar<br />
estas palavras de Paulo do contexto em que foram escritas<br />
e fazer delas uma regra universal para a Igreja. Paulo<br />
continua falando com certa severidade. Estava muito<br />
seguro de que, embora as pessoas tenham dons<br />
espirituais, isto não lhes dá nenhum direito para rebelar-se<br />
contra a autoridade. Paulo é consciente de que os<br />
conselhos que deu e as leis que estabeleceu, ele as<br />
recebeu diretamente de Jesus Cristo e de seu Espírito, e<br />
que se alguém se negar a compreendê-lo deve ser deixado<br />
em sua voluntária ignorância. Assim, pois, Paulo chega no<br />
final. Esclarece que não deseja afogar o dom de ninguém,<br />
a única coisa que quer fazer possível é que exista uma boa<br />
ordem dentro da Igreja. A grande norma que, com efeito,<br />
estabelece é que o homem recebeu de Deus todos os dons<br />
que possui, não para seu próprio benefício, mas para o<br />
benefício da Igreja, não para sua própria glória, mas para<br />
a maior glória de Deus. Quando um homem pode dizer:<br />
“Seja Deus glorificado”, então e só então utilizará seus<br />
dons corretamente dentro e fora da Igreja.<br />
Pode dizer ao Senhor: “Tu és o meu refúgio e a minha<br />
fortaleza, o meu Deus, em quem confio” – Salmos 91:2.<br />
CONSELHOS PARA UMA IGREJA SEM AMOR<br />
“Amados, amemos uns aos outros, pois o amor procede<br />
de Deus; e todo aquele que ama é nascido e conhece a<br />
Deus” – 1 João 4:7.<br />
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“Saudação aos queridos e amados irmãos da igreja de<br />
Tessalônica, capital da província romana da Macedônia,<br />
Eu, Paulo, Silas e Timóteo escrevemos esta carta a vocês<br />
por está alegre em ter a certeza que vocês estão unidos<br />
com Deus, o Pai, e com o Senhor Jesus Cristo”.<br />
Ao iniciar a carta aos irmãos tessalonicenses Paulo elogia<br />
a robustez da fé dos irmãos e a fidelidade da igreja<br />
estabelecida por ele mesmo em sua segunda viagem<br />
missionária, (Atos 17:1 – 10), nessa ocasião os judeus<br />
fizeram grande oposição aos cristãos e por isso Paulo e<br />
Silas foram forçados a fugir para a cidade de Beréia.<br />
Mais tarde já na cidade de Corinto Paulo recebeu do jovem<br />
e bom ministro Timóteo, o seu companheiro de trabalho<br />
notícias a respeito da situação dos cristãos em<br />
Tessalônica.<br />
Paulo então escreve a primeira carta a esses irmãos para<br />
lhes dizer como está contente com o progresso espiritual<br />
deles e para animá-los a continuarem firmes na fé em<br />
Cristo e a viverem de uma maneira que agrade a Deus.<br />
Paulo pede que esses irmãos não fiquem preocupados em<br />
relação aos mortos, de quando vão ressuscitar e quando<br />
Jesus Cristo vai voltar. Paulo pede que confiem no amor<br />
de Deus, o qual “não nos escolheu para sofrermos o<br />
castigo da sua ira, mas para nos dar a salvação por meio<br />
de nosso Senhor Jesus Cristo” (5:9).<br />
Ao lermos a primeira carta escrita para os tessalonicenses<br />
notamos o amor de Paulo com os irmãos, sentimos a<br />
mesma alegria que Paulo sentiu ao descrever a situação<br />
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que todos os irmãos se encontravam, sentimos a sensação<br />
que nos é transmitida, é o primeiro amor que está nas<br />
entranhas da fé desses tão queridos e amados irmãos. A<br />
robustez na fé em Cristo não é somente para aquela<br />
província, ou para alegria de Paulo, mas para todas as<br />
cidades circunvizinhas que comunicava aos quatro ventos<br />
de tamanha mudança na vida desses cristãos de<br />
Tessalônica, acredito que a maior alegria para Paulo como<br />
um servo de Cristo a favor do evangelho, é saber que a<br />
igreja de Cristo avançava em graça, e continuamente se<br />
conformando a imagem de Jesus Cristo. Paulo começa a<br />
carta com um tom de pai, ele diz “sempre damos graças a<br />
Deus por vós todos fazendo menção de vós em nossas<br />
orações”. (1:2), a lembrança na mente de Paulo é algo<br />
verdadeiro, acompanhado de um amor puro, é o cuidado<br />
de um pai com o seu filho amado e obediente. Ao mudar<br />
de assunto, em relação à fé Paulo está tão certo que diz,<br />
“Desse assunto não precisarei falar com vocês”. Mas como<br />
em todas as cartas paulinas, Paulo cita alguns<br />
acontecimentos e começa dizendo sobre o quanto que ele<br />
padeceu perseguição na cidade de Filipos, até chegar à<br />
cidade de Tessalônica. E lembra que Deus deu a eles<br />
coragem para levar a boa notícia vinda dele para aquela<br />
cidade. E afirma que essa notícia não é baseada em erros,<br />
nem em enganos, mas baseada naquilo que Deus confiou<br />
a eles para que fosse anunciado. O santo evangelho.<br />
Seria bom se todos os líderes atuais estivessem a grande<br />
postura do apóstolo Paulo, integridade em pregar um<br />
evangelho sem palavras lisonjeiras, nem com interesses,<br />
de igual modo, pela exposição escriturística não<br />
procurasse elogios dos homens, e que somente sentisse a<br />
vontade de dar a própria vida a favor daqueles que ouvem<br />
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o evangelho de Cristo, nos mesmos moldes da vida de<br />
Paulo, se assim fosse, certamente a igreja não estaria<br />
como está.<br />
O tom dessa primeira escrita é de alívio e gratidão a Deus,<br />
essa gratidão que Paulo, Silas e Timóteo sentiam era pelo<br />
crescimento da igreja na ausência forçada de Paulo.<br />
Deveria ser assim com a igreja de Cristo, na ausência de<br />
Seu Senhor, ela deveria crescer em graça e conhecimento<br />
acerca da revelação, mas não é isso que acontece, ela<br />
cresce em intelecto e falsa espiritualidade, essa igreja atual<br />
é fraca, débil e sincrética, ela está doente e não existe um<br />
médico em seu seio, é como um caso de câncer terminal,<br />
não se pode fazer mais nada, a não ser aliviar a dor com<br />
paliativos, sabemos que não haverá cura, mas a dor dela é<br />
paulatinamente aliviada com um placebo, e sem nenhuma<br />
certeza de cura, assim ela caminha moribunda e infeliz, ela<br />
não pode se alegrar na morte. Ela até cresceu, o seu corpo<br />
até se desenvolveu, mas ainda pensa, e age como menina.<br />
Nesse caso o casamento é lícito?<br />
Podemos descrever a igreja assim, como guia ela sempre<br />
teve a Cristo, não por sua fidelidade, mas pela fidelidade<br />
de Cristo, mas nesse exato momento, a igreja precisa<br />
ainda mais, ela é guiada pelos homens, ela precisa do<br />
Senhor Jesus como guia e salvador, ela precisa voltar-se a<br />
Deus, outrora Cristo guiava os salvos, nesta era “os salvos”<br />
guia “os salvos”, ela está doente e a única cura é Cristo. A<br />
ignorância acerca da Deidade de Jesus é a sua<br />
enfermidade maior, e o conhecimento acerca da<br />
manifestação do amor de Deus na pessoa de Cristo Jesus<br />
em justiça deve ser a sua cura. Carregam a Cristo como<br />
um acessório dispensável, volumoso e muitas vezes<br />
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desconfortável, mas quando necessário, Ele está ali pronto<br />
para ser usado. De uma forma ou de outra, os membros<br />
dessa igreja visível estão dispostos a viverem até o último<br />
momento de suas vidas como meros bastardos – pessoas<br />
que nasceram de um casal que ainda não está casado, e<br />
que nunca se casarão, serão sempre órfãos de Pai,<br />
desamparados, desvalidos, e privados de um protetor e<br />
provisor.<br />
“É um longo caminho até o altar, e por esse caminho se<br />
manifestará os verdadeiros convidados, e os convidados<br />
participarão com o anfitrião da celebração do casamento.<br />
Não sabemos o dia nem a hora, mas sabemos que está<br />
marcada a cerimônia, e esse casamento já se deu na<br />
eternidade, é uma aliança eternal. Maranata! vem,<br />
Senhor!”.<br />
A carta aos Tessalonicenses não tem uma teologia<br />
apurada, ou bem elaborada como Romanos, também não<br />
encontramos nenhuma repreensão ou heresia<br />
ameaçadora como Gálatas, e nem conselhos pastorais<br />
como nas cartas aos Coríntios, a Timóteo e Tito. Podemos<br />
notar, que em 1 Coríntios é mencionado “o amor” como<br />
algo primeiro, oposto as outras questões dadas como<br />
secundárias.<br />
“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos,<br />
e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o<br />
sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e<br />
conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda<br />
que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os<br />
montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que<br />
distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres,<br />
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e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e<br />
não tivesse amor, nada disso me aproveitaria. O amor é<br />
sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não<br />
trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta<br />
com indecência, não busca os seus interesses, não se<br />
irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas<br />
folga com a verdade; Tudo sofre tudo crê, tudo espera, tudo<br />
suporta”.<br />
É interessante notar que essa igreja de Tessalônica não<br />
tinha uma adversidade de dons espirituais, ou ministeriais<br />
da igreja de Corinto, nem tinha o conhecimento teológico<br />
que a igreja dos Romanos possuía, mas nela havia uma<br />
amor sem fingimento, uma fidelidade ao amor de Deus, que<br />
se manifestava pela genuína fé em Cristo, uma fé nascida<br />
do ventre das escrituras, existia ali verdadeiramente o<br />
amor ao próximo, e o temor e tremor pelo santo evangelho,<br />
uma característica real que os acompanhavam, a total<br />
dedicação ao serviço do Reino dos céus.<br />
Então logo aprendemos que os dons passarão e o<br />
conhecimento teológico também, mas o amor é o único<br />
dom que irá nos acompanhar por toda a eternidade.<br />
Defino o amor em algumas palavras, não exaustivas.<br />
Amor resiste na adversidade, mostra prudência na<br />
prosperidade, é forte no sofrimento, alegra-se com boas<br />
novas, está acima da tentação, ele é generoso na<br />
hospitalidade, agradável entre verdadeiros irmãos,<br />
paciente com a falta de fé, este é o espírito dos livros<br />
sagrados, a virtude da profecia, a salvação dos mistérios,<br />
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é à força do conhecimento, a generosidade da fé, a riqueza<br />
para os pobres, vida aos moribundos. O amor é tudo!<br />
O modelo comum das cartas de Paulo, que se baseava em<br />
ensinamento teológico acompanhado de aplicação prática,<br />
é ligeiramente modificado na carta aos Tessalonicenses.<br />
Os capítulos 1 – 3 ensaiam as lembranças de Paulo sobre<br />
seu ministério entre eles, sua preocupação com os estado<br />
da fé que eles tinham. E o seu consolo e alívio vem pelo<br />
jovem e compromissado Timóteo.<br />
A comissão de Timóteo para voltar para a igreja e trazer a<br />
notícia que seria sua coroa de glória, seu deleite notável<br />
em saber da fé inabalável deles, os amados irmãos da<br />
igreja de Tessalônica.<br />
Os capítulos 4 – 5 contêm as exortações características<br />
sobre assuntos como pureza sexual (4:1 – 8; 5:23), a<br />
caridade responsável (4:9 – 12), estima e apoio aos líderes<br />
(5:12 – 13), paciência e prestabilidade em relação às várias<br />
necessidades humanas (5:14 – 15). Quanto dessas<br />
instruções observa-se nas igrejas atuais? Deixo a resposta<br />
com você querido (a) leitor (a).<br />
EXORTAÇÕES SOBRE A PUREZA SEXUAL<br />
“Finalmente, irmãos, vos rogamos e exortamos no Senhor<br />
Jesus, que assim como recebestes de nós, de que maneira<br />
convém andar e agradar a Deus, assim andai, para que<br />
possais progredir cada vez mais. Porque vós bem sabeis<br />
que mandamentos vos temos dado pelo Senhor Jesus.<br />
Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação;<br />
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que vos abstenhais da fornicação; Que cada um de vós<br />
saiba possuir o seu vaso em santificação e honra; Não na<br />
paixão da concupiscência, como os gentios, que não<br />
conhecem a Deus.<br />
Ninguém oprima ou engane a seu irmão em negócio algum,<br />
porque o Senhor é vingador de todas estas coisas, como<br />
também antes vo-lo dissemos e testificamos. Porque não<br />
nos chamou Deus para a imundícia, mas para a<br />
santificação. Portanto, quem despreza isto não despreza<br />
ao homem, mas sim a Deus, que nos deu também o seu<br />
Espírito Santo.<br />
E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o<br />
vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente<br />
conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor<br />
Jesus Cristo”.<br />
UMA CARIDA<strong>DE</strong> RESPONSÁVEL E CONTÍNUA<br />
“Quanto, porém, ao amor fraternal, não necessitais de que<br />
vos escreva, visto que vós mesmos estais instruídos por<br />
Deus que vos ameis uns aos outros; Porque também já<br />
assim o fazeis para com todos os irmãos que estão por<br />
toda a macedônia. Exortamo-vos, porém, a que ainda nisto<br />
aumenteis cada vez mais. E procureis viver quietos, e tratar<br />
dos vossos próprios negócios, e trabalhar com vossas<br />
próprias mãos, como já vo-lo temos mandado; Para que<br />
andeis honestamente para com os que estão de fora, e não<br />
necessiteis de coisa alguma”.<br />
ESTIMA E APOIO AOS LÍ<strong>DE</strong>RES<br />
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“E rogamo-vos, irmãos, que reconheçais os que trabalham<br />
entre vós e que presidem sobre vós no Senhor, e vos<br />
admoestam; E que os tenhais em grande estima e amor,<br />
por causa da sua obra. Tende paz entre vós”.<br />
PACIÊNCIA E PRESTABILIDA<strong>DE</strong> EM RELAÇÃO ÀS<br />
VÁRIAS NECESSIDA<strong>DE</strong>S HUMANAS<br />
“Rogamo-vos, também, irmãos, que admoesteis os<br />
desordeiros, consoleis os de pouco ânimo, sustenteis os<br />
fracos, e sejais pacientes para com todos. Vede que<br />
ninguém dê a outrem mal por mal, mas segui sempre o<br />
bem, tanto uns para com os outros, como para com todos”.<br />
Pela falta dessas instruções, a Igreja contemporânea<br />
naufraga na fé, a pureza não é levado a sério, o cuidado<br />
aos necessitados não é levada a sério, a estima e apoio a<br />
líderes é impossível de se ter, pois, são dos tais que<br />
procedem todos os tipos de abominações, e abandono das<br />
sagradas escrituras, líderes descompromissados, gerando<br />
assim uma Igreja descompromissada com o Reino de<br />
Deus, e por último a prestabilidade em relação a todas as<br />
necessidades humanas, isso não se têm pelo amor de<br />
muitos ter se esfriado.<br />
A grande diferença da Igreja de Tessalônica e a Igreja<br />
atual, é que a Igreja dos Tessalonicenses já seguia esses<br />
conselhos quando Paulo ainda estava com eles, e essa<br />
Igreja atual não segue a tais conselhos, Paulo só encoraja<br />
que eles deveriam fazer cada vez mais (4:1) “assim andai,<br />
para que possais progredir cada vez mais”, enquanto essa<br />
igreja atual nem começou a fazer.<br />
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E a Igreja de Tessalônica até aquele exato momento<br />
continuava a fazer a vontade de Deus (5:11) “Por isso<br />
exortai-vos uns aos outros, e edificai-vos uns aos outros,<br />
como também o fazeis”.<br />
Das frases cuidadosamente balanceadas em 1:3<br />
“Lembrando-nos sem cessar da obra da vossa fé, do<br />
trabalho do amor, e da paciência da esperança em nosso<br />
Senhor Jesus Cristo, diante de nosso Deus e Pai”, e das<br />
repetições em 5:8 “Mas nós, que somos do dia, sejamos<br />
sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé e do amor, e tendo<br />
por capacete a esperança da salvação”, está claro que<br />
Paulo e, provavelmente, outros antigos cristãos<br />
missionários falavam repetidamente da fé, esperança e<br />
amor como um trio favorito das virtudes cristãs.<br />
Devemos nos voltar à pregação sadia, e a uma piedade<br />
que acompanha a essa pregação, voltarmos com todas as<br />
nossas forças ao conselho bíblico, devemos agora mesmo<br />
como cristãos restaurar a pureza nos cultos públicos,<br />
devemos voltar a falar das virtudes cristãs que alicerçaram<br />
a igreja de Tessalônica, a fé genuína em Cristo, a<br />
esperança que Cristo voltará para nos buscar e o amor que<br />
esse sentimento tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo<br />
suporta.<br />
Assim seremos salvos e agradaremos o coração de nosso<br />
Deus, único e verdadeiro, fiel e digno de toda exaltação, de<br />
todo louvor, de toda honra e majestade, para todo sempre,<br />
louvado seja para sempre.<br />
Porque dEle, e por Ele, e para Ele são todas as coisas;<br />
glória, pois, a Ele eternamente. Amém!<br />
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BENEDICTUS<br />
“Naquele dia farei brotar o poder na casa de Israel, e abrirei<br />
a tua boca no meio deles; e saberão que eu sou o<br />
SENHOR” – Ezequiel 29:21.<br />
A Profecia de Zacarias.<br />
PROFECIA – propheteia – προφητεια.<br />
Você sabe o que é profecia? Será que existe alguma<br />
profecia ainda a ser revelado da vontade de Deus?<br />
A palavra profecia tem alguns significados, como predição<br />
do futuro, que se crê de inspiração divina, vaticínio.<br />
Predição feita por indivíduo que pretende saber ler o futuro,<br />
previsão. Anúncio de um acontecimento futuro, feito por<br />
conjetura. É justamente por esses significados que<br />
examinaremos o “Benedictus” (Cântico de Zacarias).<br />
A palavra profecia para o grego “prophētéia” que significa<br />
predição, profecia, dom da profecia, explicação dos livros<br />
sagrados pela inspiração do Espírito Santo.<br />
O cântico de Zacarias pode ser dividido em duas partes. A<br />
primeira dos versículos 67 a 75 é uma canção de<br />
agradecimento pelo cumprimento das esperanças<br />
messiânicas da nação judaica, mas com um tom cristão<br />
característico. Como há muito, na família de Davi nasceria<br />
o poder para defender a nação contra seus inimigos e<br />
agora, novamente, aquele que há tanto lhes havia sido<br />
privado e há tanto esperavam lhes fora restaurado, mas<br />
num sentido mais elevado e espiritual. O corno (chifre) é<br />
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um sinal de poder e o “corno da salvação” significava o<br />
poder de libertação. Ao mesmo tempo em que os judeus<br />
impacientemente suportaram o fardo do domínio romano,<br />
eles continuaram esperando pela época em que a Casa de<br />
Davi seria seu libertador. Esta libertação agora estaria<br />
próxima e Zacarias notou que esta seria o cumprimento do<br />
juramente do Deus de Abraão, mas ela é descrita como<br />
uma libertação não em termos de poderes terrenos, mas<br />
“em santidade e justiça diante dele por todos os nossos<br />
dias”.<br />
A segunda parte do cântico é um discurso de Zacarias ao<br />
seu próprio filho, que teria um importante papel no<br />
esquema da redenção, pois, ele seria um profeta e pregaria<br />
a remissão dos pecados antes da “vida da Aurora lá do<br />
alto”. A profecia de que ‘irás ante a face do Senhor preparar<br />
os seus caminhos’ era uma alusão às já muito conhecidas<br />
palavras do profeta Isaías “Preparai no deserto o caminho<br />
de Jeová, endireitai no ermo uma estrada para o nosso<br />
Deus” – Isaías 40:3, que depois João irá assumir como sua<br />
própria missão “Eu sou a voz do que clama no deserto:<br />
Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta<br />
Isaías” – João 1:23, e que todos os três evangelhos<br />
sinóticos adotaram, “Pois é a João que se refere o que foi<br />
dito pelo profeta Isaías: Voz do que clama no deserto:<br />
Preparai o caminho do Senhor, Endireitai as suas veredas”.<br />
– Mateus 3:3, “Conforme está escrito no profeta Isaías: Eis<br />
aí envio eu ante a tua face o meu anjo, que há de preparar<br />
o teu caminho”. – Marcos 1:2 e “Como está escrito no livro<br />
das palavras do profeta Isaías: Voz do que clama no<br />
deserto: Preparai o caminho do Senhor, Endireitai as suas<br />
veredas” – Lucas 3:4.<br />
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Assim como o cântico de Maria, o cântico de Zacarias tem<br />
uma introdução (v. 68), uma estrutura (v. 96 – 75) e uma<br />
conclusão (v. 80). Ele tem outra estrutura dupla: os<br />
versículos 68 – 75 referem-se ao Messias vindouro; os<br />
versículos 76 – 79 referem-se a João Batista.<br />
(67) “Então, seu pai Zacarias foi cheio do Espírito Santo e<br />
profetizou”.<br />
Agora, Zacarias também foi cheio do Espírito Santo e<br />
profetizou, assim como Isabel e o bebê João haviam sido<br />
cheios do Espírito Santo na visita de Maria (v. 15, 41). Os<br />
verbos para encher estão na voz passiva (eplēsthē),<br />
indicando que Isabel, Zacarias e João são os receptáculos,<br />
e não os indicadores da ação divina. Na narrativa de Maria,<br />
o Espírito Santo a “cobrirá” (v. 35).<br />
De uma forma quase contagiosa, a presença do Espírito<br />
Santo está espalhando-se na narrativa, engolfando todos<br />
aqueles envolvidos no drama.<br />
Essa visitação do Espírito na vida pessoal é o aspecto<br />
definidor da nova comunidade. Quando as pessoas entram<br />
na comunidade, elas compartilham uma experiência<br />
comum no Espírito. A obra do Espírito é tanto pessoal<br />
como coletiva. Isso antecipa um tema de Lucas,<br />
especialmente evidente em Atos. Neste, a plenitude do<br />
Espírito sempre trata da entrada na comunidade cristã<br />
(Atos 2:1 – 4; 8:14 – 25; 9:17 – 19; 19:1 – 6).<br />
Esse Espírito contagioso é reminiscente da profecia<br />
israelita primária, na qual a inundadora presença divina<br />
tinha e si uma fisicalidade, afetando os que estavam na<br />
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proximidade do fato (cf. 1 Samuel 10:9 – 13). Assim como<br />
um profeta dominado por uma compulsão divina (Jeremias<br />
4:19), Zacarias experimentou uma santidade extática,<br />
difusora, que arrasta tudo em seu caminho.<br />
Lucas define o discurso de Zacarias como uma profecia<br />
(Lucas 1:67), em vez de uma oração ou hino de ação de<br />
graças. Como um sacerdote que profetiza, ele é uma<br />
raridade na tradição israelita. Aqui, Zacarias traz ao drama<br />
a influência de sua posição como sacerdote, com a<br />
autoridade do templo e o poder profético do Espírito. O<br />
Espírito opera pela instituição do templo, além de inundar<br />
diretamente a vida dos nossos personagens.<br />
É evidente que o versículo relata que a fala do sacerdote<br />
Zacarias era uma fala inspirada pelo Espírito Santo. E que<br />
Zacarias está cheio do Espírito de Deus.<br />
Na profecia proclamadora o porta voz tem a certeza de que<br />
Deus está usando-o para sua vontade, como o profeta<br />
Jeremias que sabia que Deus estava usando-o para<br />
profetizar para Israel. “Não deis ouvidos às palavras dos<br />
profetas, que entre vós profetizam; fazem-vos desvanecer;<br />
falam da visão do seu coração, não da boca do Senhor”. –<br />
Jeremias 23:16. Mas Deus não anula a humanidade, todos<br />
os profetas tinham sua intimidade intacta. Um Deus<br />
pessoal, lidando com seres dotados de personalidade.<br />
Zacarias tem uma fala inspirada por Deus, ele, sabendo<br />
que João Batista foi o predecessor do Messias. Então<br />
entendemos nesse versículo que uma profecia deve ser<br />
inspirada por Deus, pois, o primeiro ponto que nos chama<br />
atenção é o enchimento do Espírito Santo em Zacarias. E<br />
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outra coisa é que Zacarias não era profeta, mas um<br />
sacerdote. Nesse momento Deus usaria a qualquer um,<br />
Deus não se limita aos profetas. No tempo dá graça todos<br />
podem profetizar, 1 Coríntios 14:31 “Porque todos podereis<br />
profetizar, uns depois dos outros; para que todos<br />
aprendam, e todos sejam consolados”.<br />
Hoje a igreja atual é atacada com muitas “profecias”, será<br />
que isso está certo? Será que a “profecia” está ligada<br />
somente ao que vai acontecer no futuro, “predição”? Pois,<br />
geralmente o que se ver são “profecias futuras”, predições,<br />
quase sempre ligadas às soluções de problemas terrenos.<br />
Será que isso é profecia?<br />
(68 – 70) “Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, pois, que<br />
visitou e redimiu o Seu povo. Ele concedeu poderosa<br />
salvação na casa de Davi, seu servo. Assim como<br />
prometera por meio dos seus santos profetas desde a<br />
antiguidade”.<br />
Lucas usa o tempo aoristo para seus verbos no versículo<br />
68, novamente indicando que a redenção já está realizada<br />
no sentido profético (como nos v. 51 – 53) e o texto de<br />
Apocalipse 13:8. Deus visitou e redimiu o seu povo (v.68b).<br />
O grego “epeskepsato”, “Já veio” ou “visitou”, ocorre no<br />
início e no fim do cântico (v. 68b, 78b), criando<br />
delimitadores literários em torno do hino.<br />
Lucas cita uma frase da LXX identificando Deus: “Bendito<br />
seja o Senhor, Deus de Israel” (v. 68a ARA; cf. Salmos<br />
41:13; 106:48; 1 Reis 8:15). O anúncio de que Ele já<br />
redimiu o seu povo (Lucas 1:68b) é uma incrível declaração<br />
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de fé e esperança messiânicas, dadas as terríveis<br />
circunstâncias políticas de Israel na época.<br />
Essa é a primeira vez que Lucas usa a palavra “lytrōsin”,<br />
redenção ou resgate, que ocorre somente aqui e em 2:38<br />
(“Redenção de Jerusalém”) e, ademais, no N.T., somente<br />
em Hebreus 9:12. A palavra ocorre na LXX referindo-se à<br />
vida (Salmos 49:8), ao povo (Salmos 111:9; 130:7) e as<br />
obras do Senhor (Isaías 63:4). O uso dela aqui é uma<br />
declaração teológica significativa sobre a importância do<br />
nascimento de João e de Jesus.<br />
Ele promoveu poderosa salvação para nós (Lucas 1:69; cf.<br />
2 Samuel 22:3; Salmos 18:2). Na literatura bíblica, o chifre<br />
do animal simboliza poder (Lucas 1:63 NVI usa “horn of<br />
salvation, “o chifre de salvação”). O se tamanho denota seu<br />
relativo poder (cf. Daniel 7:8; 8:21). Quando ele é cortado,<br />
isso significa uma perda de poder (Jeremias 48:25). O<br />
messias é “um poderoso Salvador” (Lucas 1:69 NTLH), isto<br />
é, Ele “trará um poderoso resgate”. A linhagem do seu<br />
servo Davi (v. 69) reitera os versículos 29 e 32. Zacarias<br />
não tem seu próprio filho João em vista (já que ele é da<br />
linhagem de Abias), mas um novo rei davídico que vem<br />
após João (veja a genealogia de Jesus 3:23 – 37).<br />
O que entendemos nos versículos 68 e 70 é que profecia é<br />
a interpretação de acontecimentos para entender as obras<br />
das mãos de Deus, por enquanto não existe nada em<br />
relação ao futuro. Esses versículos é uma interpretação do<br />
que o profeta Jeremias tinha predito no capítulo (23:5, 6)<br />
“Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi<br />
um Renovo justo; e, sendo rei, reinará e agirá sabiamente,<br />
e praticará o juízo e a justiça na terra, Nos seus dias Judá<br />
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será salva, e Israel habitará seguro; e este será o seu<br />
nome, com o qual Deus o chamará: O SENHOR JUSTIÇA<br />
NOSSA”.<br />
Ele fala do passado, e interpreta o nascimento de seu filho<br />
João Batista como cumprimento da profecia messiânica.<br />
“Pois é a João que se refere o que foi dito pelo profeta<br />
Isaías: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho<br />
do Senhor, Endireitai as suas veredas” – Mateus 3:3,<br />
“Conforme está escrito no profeta Isaías: Eis aí envio eu<br />
ante a tua face o meu anjo, que há de preparar o teu<br />
caminho”. – Marcos 1:2 e “Como está escrito no livro das<br />
palavras do profeta Isaías: Voz do que clama no deserto:<br />
Preparai o caminho do Senhor, Endireitai as suas veredas”.<br />
– Lucas 3:4.<br />
Nesses versículos fica claro a interpretação de Zacarias do<br />
passado, quando o mesmo cita “santos profetas da<br />
antiguidade”, mas a pergunta é: Como era feito essa<br />
interpretação? Como Zacarias interpretou a essa situação<br />
que acontecia no presente? Por Moisés (Livro da<br />
lei/Instrução – Pentatêuco), pelos profetas e pelo livro de<br />
Salmos, ou seja, para se entender o que é profecia<br />
devemos recorrer sempre às escrituras sagradas. Zacarias<br />
nesse momento também interpreta a situação do que<br />
estava acontecendo no presente, que era o nascimento do<br />
seu filho, algo predito pelas escrituras, algo que acontecera<br />
no passado dito pelos santos profetas. Vejamos, até agora<br />
nada de predição, somente passado e presente.<br />
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Aprendemos que o “profeta” de Deus é aquele que<br />
interpreta a vontade de Deus pelas escrituras, e somente<br />
pela escritura.<br />
Então, chegamos a um ponto crucial, que profecia é<br />
analisar o presente, entender o que está acontecendo no<br />
presente, e sempre interpretar o presente a luz da vontade<br />
de Deus, nesse versículo fica muito claro que a profecia é<br />
a análise do presente, e não somente predizer o futuro,<br />
Zacarias analisa o presente interpretando o passado, isso<br />
certamente levará a uma “visão” do que acontecerá no<br />
futuro.<br />
(71) “Salvando-nos dos nossos inimigos e das mãos de<br />
todos os que nos odeiam [...]”.<br />
Salvando-nos dos nossos inimigos e da mão de todos os<br />
que nos odeiam é uma linguagem bíblica. Isso tinha<br />
ressonância com o fato de os judeus viverem sob ocupação<br />
romana na época de Zacarias (cf. 2:38 e Salmos 106:10).<br />
Além disso, também era bem-vindo pela comunidade de<br />
Lucas, que vivia em um mundo pós-templo de hegemonia<br />
romana. A reiteração desse tema em Lucas 1:74 reforça a<br />
significância política da profecia como um acontecimento<br />
de médio prazo. Zacarias não está falando de inimigos<br />
espirituais em séculos vindouros, mas de inimigos<br />
seculares da época atual.<br />
NOTA: Os judeus na sociedade romana no primeiro século.<br />
Os judeus sofriam perseguições no interior do Império<br />
Romano do primeiro século, por muitas razões (veja<br />
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Hadas-Lebel, 1993, p. 200 – 206). Na antiguidade, não se<br />
ficava um dia sem trabalhar. Os judeus eram considerados<br />
preguiçosos e desleais ao império, porque descansavam<br />
por um dia em honra ao Senhor. Já dissemos que a<br />
circuncisão era uma prática por que eles sofriam escárnio<br />
(cf. 1:59). Os judeus eram também considerados ateístas<br />
por causa da recusa de adorar aos deuses romanos ou ao<br />
imperador. Os tumultos políticos que se levantavam por<br />
causa da imposição de Roma ao reinado vassalo de<br />
Herodes, o Grande, e subsequentemente o governo direto<br />
da Judeia depois de 6 d.C., aumentavam essas<br />
dificuldades. A grande revolta de 66 – 70 d.C. Foi uma<br />
expressão da angústia nacional, que já fazia parte da vida<br />
de judaica nos dias de Zacarias. Essa angústia aumentou<br />
com uma crise na sétima década do primeiro século. Logo,<br />
a destruição de Jerusalém e do templo, sete décadas<br />
depois do nascimento de João, mostra que as palavras de<br />
Zacarias tinham um significado real. Sua esperança pela<br />
salvação era de natureza política e religiosa. Vivendo na<br />
era da pós-destruição, a comunidade de Lucas continuava<br />
a esperar por uma redenção política, uma esperança que<br />
somente retrocedia com o passar do tempo.<br />
(72 – 75) “[...] para mostrar sua misericórdia aos nossos<br />
antepassados e lembrar sua santa aliança, o juramento<br />
que fez ao nosso pai Abraão: resgatar-nos da mão dos<br />
nossos inimigos para servi-lo sem medo, em santidade e<br />
justiça, diante dele todos os nossos dias”.<br />
Uma referência é feita pela segunda vez no capítulo ao<br />
juramento que Deus fez ao nosso pai Abraão (v. 73; cf. v.<br />
55). Nas narrativas do nascimento, a promessa de<br />
fertilidade é a ideia principal em foco. O miraculoso<br />
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nascimento do filho de Zacarias e Isabel é uma renovada<br />
afirmação da antiga promessa de fertilidade para o povo de<br />
Israel (Gênesis 12:1 – 4; 22:19, 17). O nascimento de João<br />
afirma o cumprimento da promessa de procriação. Deus<br />
agora mostrará misericórdia a Israel e lembrar sua santa<br />
aliança (v. 72).<br />
O tema do resgate no versículo 72 é reiterado no versículo<br />
74, no contexto dessa promessa de fertilidade. Compare<br />
com “da mão de todos que nos odeiam”, no versículo 71,<br />
com “resgatar-nos da mão dos nossos inimigos”, no<br />
versículo 74. A fertilidade e a segurança nacional são dois<br />
eixos da existência de Israel. Sem elas, a nação não<br />
consegue sobreviver; sem elas, o conceito de poderosa<br />
salvação é impossível para Zacarias.<br />
Nesses versículos mostra o quanto é importante à<br />
interpretação das escrituras para se entender o que se<br />
passa no presente, e consequentemente o que acontecerá<br />
no futuro. Uma pergunta deve ser levantada nessa altura<br />
do texto: Como Zacarias sabia que Deus havia outrora feito<br />
um pacto com Abraão? O Pentatêuco é a resposta para<br />
Zacarias, especialmente o livro de Gênesis, pois, o mesmo<br />
era um sacerdote que examinava a lei (Escritura Sagrada),<br />
quer ter certeza do que irá acontecer no futuro? Examine<br />
diariamente as escrituras. Por isso Zacarias sabia o que<br />
estava acontecendo em sua época, e tinha uma visão<br />
muito clara do que iria acontecer em um futuro breve. E<br />
você pode perguntar: Como isso se chama? A resposta é<br />
simples: Isso se chama profecia bíblica, a examinação da<br />
escritura para entender de forma clara o presente ao qual<br />
estamos inseridos, e, o futuro que nos espera. Você<br />
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consegue perceber o que significa profecia? Está ficando<br />
claro?<br />
Por exemplo, o que é profecia, e como se define? Se faça<br />
a essa pergunta: O profeta Isaías profetizou algo novo? A<br />
resposta é não! Claro que não. Vejamos a ideia das<br />
profecias no tempo de Isaías “Arrependam-se e obedeça<br />
ao seu <strong>DE</strong>US, ao único Deus”. Essa profecia era algo novo<br />
para Israel? Mas uma vez a resposta é não! Moisés já tinha<br />
falado isso em Deuteronômio 28 (Livro das Instruções),<br />
benção “obediência”, maldição “desobediência”, você<br />
consegue perceber que na maioria das profecias bíblicas,<br />
não existe uma mensagem nova embutida, mas sempre a<br />
Palavra de Deus em todos os tempos? “Arrependei-vos e<br />
crede no Evangelho” – Marcos 1:15.<br />
A profecia raramente trazia algo novo, mas sempre<br />
construía algo em cima de um acontecimento anterior, algo<br />
que havia acontecido no passado. A maior testificação que<br />
profecias nascem de outras antigas profecias, são as<br />
referências em relação às promessas messiânicas e seu<br />
cumprimento, tudo que foi profetizado no passado se<br />
cumpriu no presente sem nada de novo.<br />
Seria a semente de uma mulher, profecia no passado,<br />
Gênesis 3:15 e seu cumprimento no presente, Lucas 2:7.<br />
Seria descendente de Abraão profecia no passado,<br />
Gênesis 18:18 e seu cumprimento no presente, Mateus<br />
1:1.<br />
Seria descendente de Isaque profecia no passado,<br />
Gênesis 17:19 e seu cumprimento no presente, Mateus<br />
1:2.<br />
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Seria descendente de Jacó profecia no passado, Gênesis<br />
28:14 e seu cumprimento no presente, Mateus 1:2.<br />
Descenderia da tribo de Judá profecia no passado,<br />
Gênesis 49:10 e seu cumprimento no presente, Mateus<br />
1:2,3.<br />
Seria o herdeiro do trono de Davi profecia no passado,<br />
Isaías 9:7 e seu cumprimento no presente, Lucas 1:32,33.<br />
Seu lugar de nascimento profecia no passado, Miquéias<br />
5:2 e seu cumprimento no presente, Mateus 2:1; Lucas 2:4<br />
– 7.<br />
A época de seu nascimento profecia no passado, Daniel<br />
9:25 e seu cumprimento no presente, Lucas 2:1 – 2; 2:3 –<br />
7.<br />
Nasceria de uma virgem profecia no passado, Isaías 7:14<br />
e seu cumprimento no presente, Mateus 1:18.<br />
A matança dos meninos profecia no passado, Jeremias<br />
31:15 e seu cumprimento no presente, Mateus 2:16 – 18.<br />
A fuga para o Egito profecia no passado, Oséias 11:1 e seu<br />
cumprimento no presente, Mateus 2:13 – 15.<br />
Notou algo novo sendo mudado no presente? Não! Porque<br />
não se pode mudar algo que Deus desde a eternidade<br />
decretou. O que é isso? A resposta é: Profecia. Se<br />
examinarmos o passado teremos um presente vivo e cheio<br />
de sentido, isso aconteceu com o sacerdote Zacarias que<br />
interpretou o passado para entender o presente, um<br />
acontecimento profético extraordinário que estava para se<br />
cumprir, o nascimento daquele que seria o predecessor do<br />
Salvador, não somente dos judeus, mas também dos<br />
gentios. O nascimento do profeta João Batista era uma viva<br />
esperança para o povo de Israel naquele vil momento.<br />
Então, concluímos nesses versículos que primeiro<br />
Zacarias observou o presente, ele entendeu o<br />
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cumprimento da profecia pelo nascimento de seu filho.<br />
Segundo, com a interpretação da escritura, Zacarias<br />
compreendeu o presente, e teve uma “visão” do que<br />
aconteceria no futuro, e uma frase define bem essa visão<br />
de um futuro esperançoso e próximo: “Aquele menino seria<br />
um profeta do Altíssimo”, não há nada de novo para o<br />
futuro de Israel, apenas o entendimento de um renovo<br />
prometido (uma promessa de redenção), pela<br />
interpretação da vontade de Deus que vem desde o<br />
passado sendo proclamado pelos santos profetas,<br />
Zacarias entende o momento presente de sua época.<br />
(76 – 80) “E você, menino, será chamado profeta do<br />
Altíssimo, pois irá adiante do Senhor, para lhe preparar o<br />
caminho, para dar ao seu povo o conhecimento da<br />
salvação, mediante o perdão dos seus pecados, por causa<br />
das ternas misericórdias de nosso Deus, pelas quais do<br />
alto nos visitará o sol nascente para brilhar sobre aqueles<br />
que estão vivendo nas trevas e na sombra da morte, e guiar<br />
nossos pés no caminho da paz. E o menino crescia e se<br />
fortalecia no espírito; e viveu no deserto, até aparecer<br />
publicamente a Israel”. Aqui, a ênfase desvia-se do<br />
Messias vindouro (v. 69 – 75) de volta para o precursor<br />
João (76, 77). “E você menino, será chamado profeta do<br />
Altíssimo, pois, irá adiante do Senhor, para lhe prepara o<br />
caminho” (v. 76). O texto amplifica as palavras de Gabriel<br />
em 1:7: “No espírito e no poder de Elias [...] para deixar um<br />
povo preparado para o Senhor”. Isso também prefigura os<br />
temas proféticos que surgirão no ministério de João, em<br />
3:1 – 6 e 7:26,27.<br />
Certamente, existem aqui ecos de Malaquias 3:1: “Vejam,<br />
eu enviarei o meu mensageiro, que preparará o caminho<br />
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diante de mim. E então, de repente, o Senhor que vocês<br />
buscam virá para o seu templo” (cf. Malaquias 4:5; Lucas<br />
1:17; Mateus 11:14). Lucas 1:76 também antecipa a<br />
citação de João sobre Isaías 40:3-5 no início de seu<br />
ministério (Lucas 3:4 – 6): “Preparem o caminho para o<br />
Senhor”.<br />
Lucas tem a intenção de que a proclamação de João, sem<br />
dúvida, seja entendida como o cumprimento dessa profecia<br />
de Isaías.<br />
No versículo 77 continua com esta frase: “Para dar ao seu<br />
povo o conhecimento da salvação, mediante o perdão dos<br />
seus pecados”. O tema do perdão dos pecados era central<br />
no ministério público de João. (Como indicado em Josefo<br />
em Ant. 18.5.2 §§ 116 – 119 – João “exortava os judeus a<br />
levarem uma vida justa”. Veja Lucas 3:1 – 21; 7:18 – 36<br />
para algo mais sobre o ministério de João).<br />
A linguagem no versículo 77 prefigura a importância que o<br />
perdão assumirá no mundo histórico mais amplo e Lucas à<br />
medida que sua narrativa progride.<br />
Para Lucas, o tema do arrependimento e do perdão dos<br />
pecadores é o paradigma condutor da salvação. O<br />
versículo 78a mostra o meio pelo qual o perdão dos<br />
pecados se tornará disponível: “Por causa das ternas<br />
misericórdias de nosso Deus” (v. 78). As misericórdias de<br />
Deusnão são simplesmente a causa do perdão dos<br />
pecados (como na NVI). Ela é a agência pela qual o perdão<br />
é encontrado (“pelas entranhas da misericórdia do nosso<br />
Deus”, ARC). O perdão é uma jornada empreendida pelo<br />
exercício do arrependimento, como as muitas histórias de<br />
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Lucas sobre os pecadores ilustrarão. Perceba novamente<br />
os parênteses criados pelo uso de “episkepsetai”, visitado,<br />
nos versículos 68b e 78b. Na narração de Lucas, somos<br />
visitados por uma ofuscante presença de Deus nesses<br />
eventos. A visitação nos vem como um amanhecer “pelas<br />
quais do alto visitará o sol nascente” (v. 78b). Nós não<br />
causamos isso, nem o procuramos; simplesmente é a hora<br />
de sua chegada – sua hora marcada. Como em todas as<br />
epifanias (v. 11 – 15a), esse sol nascente tem a ver com<br />
Deus agindo primeiro, entrando no drama humano<br />
espontaneamente. Para Lucas, o advento do Messias<br />
significa que a luz de Deus brilhará sobre “aqueles que<br />
estão vivendo nas trevas” (v. 79). Essa imagem é<br />
dependente da profecia de Isaías sobre a Galileia, em<br />
Isaías 9:1, 2 (cf. Mateus 4:5 – 16). É uma continuação da<br />
metáfora do sol nascente em Lucas 1:78b. No Salmo<br />
107:10 e em Isaías 42:7, os prisioneiros que Deus resgata<br />
estão “nas trevas”. O hodon eirēnēs, “o caminho da paz”<br />
(Lucas 1:79 ARC), é aquele prometido pelo “Príncipe da<br />
Paz” de Isaías 9:6,7 (Lucas 1:32; veja Isaías 59:8;<br />
Romanos 3:17). Em uma característica estilística padrão,<br />
Lucas conclui a narrativa do nascimento de João Batista<br />
como uma declaração sintetizadora: “E o menino crescia e<br />
se fortalecia em espírito; e viveu no deserto, até aparecer<br />
publicamente a Israel”. A mesma fórmula aparecerá ao<br />
final da narrativa do nascimento de Jesus e também ao<br />
final da narrativa de sua juventude (Lucas 2:40, 52). Essas<br />
declarações sintetizadoras devem seu formato a 1 Samuel<br />
2:26: “E o menino Samuel continuava a crescer, sendo<br />
cada vez mais estimado pelo Senhor e pelo povo”. João<br />
viveu uma vida ascética no deserto (cf. 3:2, 4; 7:24) até<br />
entrar em seu ministério público. Ele evoca comparações<br />
com outras figuras importantes do AT, tias como: Abraão,<br />
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Moisés e Elias. Cada um deles também peregrinos no<br />
deserto enquanto seguia a Deus. João parece ter sido<br />
ascético de um tipo diferente, entretanto, já que ele<br />
aparentou ser um residente permanente no deserto (3:2, 3:<br />
7:24). As pessoas iam até ele naquele local; ele não ia às<br />
cidades delas. O Evangelho de João coloca as atividades<br />
dele nessa época em um lugar ao sudeste de Jericó (cf.<br />
João 1:28). Existe uma afinidade entre o modo de vida de<br />
João e os adeptos do Qumrã, uma comunidade ascética<br />
também localizada ao sudeste de Jericó, no litoral do mar<br />
morto. Assim como João, esse grupo se separava daquilo<br />
que acreditavam ser a corrupção de Jerusalém e do<br />
sacerdócio de seu templo. João Batista e a comunidade<br />
Qumrã eram ambos representantes de movimentos de<br />
protestos dentro do Judaísmo na época de Jesus. Eles<br />
tinham pensamentos similares ascéticos e contrários ao<br />
sistema e usavam uma linguagem sobrenatural<br />
semelhante. Os movimentos religiosos, porém, não<br />
surgem em um vácuo social. Eles surgem no contexto de<br />
conflitos sociais e religiosos complexos. A motivação que<br />
impulsionava João para o deserto pode ter tido origens<br />
parecidas com aquelas que levaram os protestantes de<br />
Qumrã para os litorais do mar morto.<br />
CONCLUSÃO<br />
O ministério de João Batista é teologicamente importante<br />
para Lucas, porque João enfatiza que o arrependimento e<br />
o perdão dos pecados são exigidos da comunidade para a<br />
vinda do Messias (1:77; 3:8). Nessa teologia, a mera ideia<br />
de um messias inspira a contrição, porque o seu advento<br />
deve ser a consumação da busca humana pelo perdão dos<br />
pecados. Mais amplamente no N.T., essa consumação é a<br />
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esolução de toda a história da rebelião humana, desde<br />
Adão até Cristo (cf. Romanos 4:15; 1 Coríntios 15:22, 45).<br />
Se o ministério de João parece rígido nessa insistência de<br />
penitência nos próximos capítulos (cf. 3:1 – 21), é porque<br />
nada menos do que penitência é arrogância, na presença<br />
do Messias. Do ponto de vista teológico, a mensagem de<br />
João é tão rígida quanto é francamente realística. A<br />
comunidade seja a de Zacarias, a de Lucas ou a nossa não<br />
pode apresentar-se diante de Deus com uma atitude<br />
insincera sobre o pecado e a rebelião. Essa falta de<br />
sinceridade era uma afronta a todos os profetas anteriores<br />
a João. Lucas, por intermédio de João, renova essa<br />
chamada profética a Israel para um arrependimento<br />
pessoas e nacional. No nível nacional, os ouvintes de João<br />
foram chamados a apresentarem-se ao Messias como um<br />
povo santo – uma nação de penitentes preparados para o<br />
Seu advento. João Batista foi o último profeta e o<br />
predecessor de Jesus, mas mesmo assim, ele nunca<br />
anunciou o futuro de ninguém como forma adivinhação, e<br />
muito menos algo de caráter terreno. Pelo contrário, ele foi<br />
um porta-voz de Deus, a voz que clamou no deserto<br />
arrependimento, anunciou as “boas novas”, gritou em alta<br />
voz: “O reino de Deus é chegado!”, pregou a salvação,<br />
Jesus Cristo como o Filho enviado de Deus Pai para<br />
salvação de Seu povo escolhido, para consumação de um<br />
decreto eterno, para resgatar do pecado aqueles que foram<br />
predestinados à salvação desde antes a fundação do<br />
mundo, resgatar os não resgatáveis, afirmar a salvação de<br />
todo àquele que creria no Cordeiro “[...] o Cordeiro de<br />
Deus, que tira o pecado do mundo” – João 1:29; João 3:16;<br />
Atos 13:48; Efésios 1:4, 5. E condenação para todos<br />
aqueles que negariam a mensagem do evangelho. Então o<br />
que podemos dizer em relação à Profecia? A profecia é<br />
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interpretar as escrituras de forma realística para se<br />
entender a concretude do presente, tendo uma visão da<br />
eternidade que nos espera, sendo para “alguns”<br />
condenação eterna, e para outros vida eterna. Se você<br />
examina as escrituras você pode “profetizar”, ou seja, o ato<br />
de “profetizar” é simplesmente a proclamação da vontade<br />
de Deus, e sabemos que a vontade de Deus é que o<br />
Evangelho seja anunciado em todas as nações. Profecia é<br />
a escritura, profecia é a autoridade da escritura sendo<br />
anunciada. Profecia é a exposição da escritura a<br />
pecadores, é a exposição da vontade de Deus, é a<br />
salvação por Cristo Jesus, o único caminho, a única<br />
verdade e o único meio de vida eterna, que nos é dada pela<br />
Graça mediante a fé, e isto não vem de nenhum homem,<br />
mas é um dom de Deus, uma dádiva, oferecido pelo livre<br />
conselho de Sua vontade (Beneplácito) – Efésios 2:8, 9. A<br />
nossa “profecia” futura é: Cristo voltará para nos levar para<br />
junto dEle para todo sempre. Amém. Devemos orar para<br />
que haja uma ação iluminadora do Espírito Santo em<br />
nossas mentes, para que possamos interpretar as<br />
escrituras de forma correta, devemos “profetizar”<br />
arrependimento e vida eterna, e não algo que está fadado<br />
à destruição, algo temporal. A escritura já nos fora<br />
revelada, temos acesso às reveladas para nossa instrução<br />
em justiça e toda perfeita obra. Assim seremos verdadeiros<br />
“profetas” de Deus, verdadeiros bereanos, cristãos que<br />
estudam diligentemente as escrituras (Atos 17:10 – 12).<br />
“Orare et Labutare” – João Calvino.<br />
Agora você sabe o que é profecia?<br />
Paz e graça.<br />
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______________________________________________<br />
SOBRE O AUTOR<br />
Plínio Sousa é fundador do Instituto Reformado<br />
Santo Evangelho — IRSE; Pastor Reformado;<br />
Bacharel em Teologia e Mestre em Teologia do<br />
Novo Testamento.<br />
Apologista, atua como conteudista do Instituto Êxito de Teologia<br />
(SP), da WRF — World Reformed Fellowship onde também é<br />
membro e do Santo Evangelho onde é Diretor Geral e Professor,<br />
também atua como co-editor do Reformados 21. É membro da TDI<br />
— Sociedade Brasileira do Design Inteligente sob nº de registro<br />
1057. É Psicólogo Cristão, Professor de Grego, Sociologia e<br />
Filosofia da educação, Juiz de Paz Eclesiástico, (Autoridade<br />
Eclesiástica e Ministro de Confissão Religiosa, Conforme Decreto<br />
Lei 3.689/41, artigo 295 VIII §ª 4º), Capelão Cristão, Missionário,<br />
Palestrante e Escritor. Adepto e muito abrangente com a defesa da<br />
Teologia Reformada e a herança Puritana. Acredita na inspiração<br />
verbal e plenária, na revelação proposicional, infalibilidade,<br />
inerrância, clareza e suficiência das Sagradas Escrituras. É<br />
Supralapsarianista, Calvinista, Aliancista [Teologia Pactual],<br />
Pedobatista, Amilenista, e Cessacionista –, rejeita a crença no<br />
livre–arbítrio, no apostolado contemporâneo, pastorado feminino e<br />
nos dons revelacionais. Quanto à liturgia, adota o Princípio<br />
Regulador do Culto –, como entenderam os Reformadores.<br />
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REFERÊNCIAS<br />
[1] Comentário Bíblico do Evangelho de Lucas – Moody;<br />
[2] William Barclay;<br />
[3] David A. Neale;<br />
[4] Fritz Rienecker.<br />
[5] O NOVO TESTAMENTO Comentado por William<br />
Barclay;<br />
[6] Hebreus – Série comentários bíblicos;<br />
[7] Citações de João Calvino;<br />
[8] Comentário Bíblico Moody;<br />
[9] Comentário Expositivo de R. C. Sproul;<br />
[10] David A. Neale – Novo Testamento;<br />
[11] Citações: Do texto extraído do site<br />
https://gotquestions.org/<br />
[12] Dicionário Grego Strong;<br />
[13] Comentário de João D. A. Carson;<br />
[14] PEDROZA, Naor, QUANDO <strong>DE</strong>US ESTÁ COM<br />
FOME, ed. 2013, Pedroza Publicações;<br />
[15] Comentário de Simon Kistemaker sobre 2 Coríntios;<br />
[16] A GRAÇA II – Santo Agostinho;<br />
[17] A Doutrina da Eleição – João Calvino;<br />
[18] Santo Agostinho – Solilóquios, p. 31;<br />
[19] Sermão de C. H. Spurgeon – Uma defesa do<br />
Calvinismo;<br />
[20] Comentário do Novo Testamento – Exposição de Atos<br />
dos Apóstolos por Simon Kistemaker;<br />
[21] CITAÇÕES, Sermão sobre Jó 1:9 – 12 por João<br />
Calvino;<br />
[22] CITAÇÕES, Pr. David Marcos – Igreja Batista<br />
Reformada;<br />
[23] Comentário Matthew Henry;<br />
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[24] CITAÇÕES, Fundamentos da Teologia Reformada –<br />
Hermisten Maia – Editora Mundo Cristão;<br />
[25] CITAÇÕES, As Confissões Reformadas – Alderi<br />
Souza de Matos;<br />
[26] Daniel-Rops, da Academia Francesa, autor católicoromano,<br />
escritor de “História da Igreja” em 10 Volumes;<br />
[27] CITAÇÕES, Declaração de Cambridge;<br />
[28] Sproul, Robert Charles (2013), Sola Gratia;<br />
[29] A controvérsia sobre o livre arbítrio ao longo da<br />
história;<br />
[30] Sola Scriptura: A Doutrina Reformada das Escrituras;<br />
[31] Lutero, Martinho, As 95 Teses;<br />
[32] CITAÇÕES, Resposta do amilenista Anthony A.<br />
Hoekema ao ensaio do pré-milenista histórico George<br />
Eldon Ladd;<br />
[33] Trecho do livro Milênio, de Robert G. Clouse;<br />
[34] CITAÇÕES, R. C. Sproul – Surpreendido pelo<br />
sofrimento: Ouça o chamado de Seu Pai amoroso para<br />
suportar o sofrimento. São Paulo: Cultura Cristã – 1998. p.<br />
184 – 185;<br />
[35] John MacArthur Jr – A salvação dos bebês e outros<br />
“incapazes”;<br />
[36] Sermão pregado por C. H. Spurgeon (1834 – 1892):<br />
Salvação Infantil.<br />
[37] CITAÇÕES, Título original: Doctrine according to<br />
Godliness (p. 255 – 280), Tradução: Felipe Sabino de<br />
Araújo Neto.<br />
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