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Hagiografia<br />
pois se o fosse o Criador não faria isso.<br />
Não levaria essa alma em estado<br />
de pecado mortal para a própria presença<br />
d’Ele, para ver os Anjos. Evidentemente<br />
eram faltas veniais. Entretanto,<br />
naquela alma, sobretudo,<br />
Deus não queria tolerar essas faltas.<br />
Ele poderia dar graças comuns para<br />
ela se arrepender e ir ao Céu sem<br />
esse milagre. Mas quis fazê-lo para<br />
provar, por essa narração, quanto<br />
Ele ama excepcionalmente as almas<br />
que O amam excelentemente. E não<br />
poderia haver para ela um castigo<br />
mais glorioso do que a punição que<br />
ela recebeu. Ela poderia chamar-se<br />
“a Santa do glorioso castigo”.<br />
Que glória nessa punição! Que<br />
estupendo ser amada de tal maneira<br />
que, para receber esse castigo, ela é<br />
tirada desta vida, colocada<br />
na presença de Deus, sua<br />
alma é novamente reintegrada<br />
a seu corpo, e lhe é<br />
restituída a vida, tendo recebido<br />
do próprio Deus a<br />
lição que precisava receber.<br />
Ele poderia mandar<br />
um Anjo fazer isso, mas<br />
Ele mesmo o realizou. Pode<br />
haver maior glória e<br />
maior prova de amor? Era<br />
castigo, entretanto.<br />
Olhar luminoso<br />
para perceber nossos<br />
próprios defeitos<br />
Mário Shinoda<br />
<strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> em fins da década de 1970<br />
Alguém poderia perguntar:<br />
“Mas por que<br />
Deus fez isso assim? Foi<br />
só por essa Santa?”<br />
Se fosse só por ela já estaria<br />
perfeitamente bem<br />
feito. Isso se deu no século<br />
VII. Nós estamos no<br />
século XX, que já vai caminhando<br />
para seu fim.<br />
Quantos séculos depois,<br />
em terras que ninguém<br />
imaginava, naquele tempo,<br />
que existissem, está-se comentando<br />
essa ficha e a sucessão desses<br />
fatos! E nós ainda estamos nos extasiando<br />
com a maravilha operada por<br />
Deus, com esse jogo complexo e de variados<br />
aspectos de que estou dando<br />
notícia.<br />
Quer dizer, isso foi feito para ficar<br />
brilhando na História da Igreja até<br />
o fim dos tempos. Quando acabar o<br />
mundo e chegar o dia do Juízo Final,<br />
é possível que algum daqueles sobre<br />
os quais meus olhos estão caindo neste<br />
momento, encontre uma Santa que<br />
lhe esteja sorrindo de modo particular.<br />
E a Santa use como insígnia uma<br />
chibata luminosa mais do que muitos<br />
sóis, e feita de uma matéria mais<br />
preciosa do que o ouro. E a Santa se<br />
aproxima de um de nós e diz: “Sabes<br />
quem sou? Eu sou Gibitrudes, a Santa<br />
do glorioso castigo. Rezei por ti naquela<br />
noite em que soubeste do meu<br />
castigo e de minha glória. E agora te<br />
encontras perto de mim e estamos todos<br />
salvos. Olhemos para Nossa Senhora<br />
e glorifiquemo-La e, por meio<br />
d’Ela, Nosso Senhor Jesus Cristo.”<br />
E nós, então extasiados com a glória<br />
de Santa Gibitrudes, nos lembraremos<br />
desta pobre conferência, e daremos<br />
glória a ela. E nos sentiremos<br />
associados à santa alma dela.<br />
Como é bom, então, encerrarmos<br />
esta reunião dizendo: “Santa Gibitrudes,<br />
rogai por nós. Dai-nos a graça<br />
de não nos acontecer o que ia vos<br />
sucedendo, ou seja, ter alguns defeitos<br />
que por culpa nossa não vejamos. Se<br />
não merecemos um castigo tão glorioso<br />
quanto o vosso, é verdade também<br />
que nós tivemos, pelo menos,<br />
uma ajuda luminosa<br />
que foi a vossa. Tínhamos<br />
defeitos ocultos, mas o<br />
vosso exemplo, séculos depois,<br />
nos trouxe à presença<br />
de vossa biografia. E foi<br />
um convite para, na noite<br />
de 26 de outubro de 1976,<br />
nós vos pedirmos: Santa<br />
Gibitrudes, tornai luminoso<br />
nosso olhar no exame<br />
de consciência, de maneira<br />
a percebermos tudo<br />
o que está oculto, e nossas<br />
almas compareçam diante<br />
de Nossa Senhora límpidas<br />
como foi a vossa, na<br />
segunda vez em que diante<br />
de Deus aparecestes. Santa<br />
Gibitrudes, rogai por<br />
nós!”<br />
v<br />
(Extraído de conferência<br />
de 26/10/1976)<br />
1) ROHRBACHER, René<br />
François. Vidas dos Santos.<br />
São Paulo: Editora das<br />
Américas, 1959. Vol. XIX,<br />
p. 42-45.<br />
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