revista_aba_nov_2016_v2
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EDITORIAL<br />
Em sintonia com as<br />
transformações e<br />
tendências<br />
Assumi a presidência da Associação Brasileira<br />
de Anunciantes (ABA) em um<br />
momento crucial do nosso mercado, do<br />
nosso país e do nosso papel como profissionais<br />
que formulam diretrizes de marketing e<br />
comunicação de importantes marcas. E de acordo<br />
com o posicionamento da ABA “Marketing para<br />
Transformar”, mergulhar nas boas práticas que<br />
direcionam nossa atuação e avaliar como podem<br />
ser cumpridas à luz de tantas transformações nos<br />
mostra a complexidade e desafios desta época.<br />
Por esta razão não poderia estar num período<br />
tão fascinante para não só fazer a diferença neste<br />
cenário, como também ser um agente i<strong>nov</strong>ador e<br />
facilitador para endereçar as tendências da sociedade<br />
atual.<br />
Neste horizonte que começa a ser desenhado,<br />
a entidade tem procurado estabelecer uma<br />
postura propositiva, aumentando sua relevância<br />
e presença não só em fóruns que mostram nossa<br />
abrangência institucional como também regionalmente.<br />
Realizamos o ABA Mídia Porto Alegre e<br />
o ABA Comunicação Digital Belo Horizonte, eventos<br />
que nos conectaram a dois importantíssimos<br />
mercados regionais, polos de talentos e riquezas<br />
que vivem uma dinâmica própria e inspiradora.<br />
A troca de experiências e a valorização de cases<br />
e players locais se somam aos eventos que já realizamos<br />
ao longo do ano em Brasília e Rio de<br />
Janeiro, confirmando nossa grande vocação de<br />
representar o Brasil continental e multifacetado.<br />
No calendário de 2017, <strong>nov</strong>os mercados devem<br />
receber a presença da ABA por meio de eventos<br />
e parcerias locais.<br />
Outro ponto de destaque desse primeiro ano à<br />
frente da <strong>nov</strong>a diretoria da ABA é o projeto Millennials,<br />
criado para identificar diversos aspectos de<br />
abordagem dessa geração pelo foco do marketing<br />
e comunicação e suas respectivas vertentes de<br />
negócios e comportamento. A iniciativa tem o objetivo<br />
de promover a aproximação entre profissionais<br />
jovens e seniores, intensificando a troca de<br />
conhecimentos, ideias, experiências e, principalmente,<br />
sugestões. Na pauta está a realização de<br />
uma pesquisa com profissionais de comunicação e<br />
sustentabilidade para entender a visão e as expectativas<br />
das empresas associadas em relação aos<br />
jovens profissionais e também mapear a presença<br />
deles nas companhias. Soma-se à esta iniciativa a<br />
aproximação e parceria com a Academia, iniciada<br />
pelo ABAcademy, em parceria com a ESPM.<br />
Há ainda um tema que tem permeado de forma<br />
mais sistemática a agenda da ABA, por questões óbvias,<br />
e que aponta para um aspecto que vai muito<br />
além da atuação institucional, o empoderamento feminino.<br />
O fato de a ABA ter eleito pela primeira vez<br />
uma mulher para sua presidência e de ter já uma<br />
presidente executiva representa não só um símbolo<br />
de que o equilíbrio de gênero é salutar, mas também<br />
um compromisso com a promoção do diálogo e da<br />
diversidade. O conceito é relativamente <strong>nov</strong>o, ganhou<br />
força em 2010, quando a ONU lançou o documento<br />
“Princípios do Empoderamento das Mulheres”, um<br />
conjunto de sete fundamentos que deve pautar o<br />
mundo corporativo, acadêmico e governamental. O<br />
tema é foco de uma das reportagens desta Revista<br />
ABA ao mostrar que o cenário de igualdade ainda<br />
está longe, mas uma série de medidas e atitudes tem<br />
ajudado a reparar essa lacuna histórica.<br />
Não posso deixar de agradecer a todos que<br />
têm me ajudado nesta jornada transformadora:<br />
conselheiros e integrantes da diretoria, parceiros<br />
estratégicos, patrocinadores e apoiadores de nossas<br />
iniciativas, empresas associadas, presidentes<br />
e integrantes dos Comitês e todo o nosso corpo<br />
diretivo, comandado pela incansável presidente<br />
executiva Sandra Martinelli.<br />
Boa leitura!<br />
Juliana Nunes<br />
Presidente da ABA e vice-presidente de assuntos<br />
corporativos, sustentabilidade, RH e compliance<br />
da Brasil Kirin<br />
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SUMÁRIO<br />
Editorial<br />
Giro Rápido<br />
Ent<strong>revista</strong>: Maria Mujica<br />
Posse da <strong>nov</strong>a diretoria<br />
Conexões ABA<br />
Atividades dos Comitês<br />
Eventos<br />
ENA <strong>2016</strong><br />
O <strong>nov</strong>o papel dos CEOs<br />
Questões sobre o ROI de mídia<br />
Branding@ABA<br />
ABA Mídia<br />
O avanço do adblock<br />
Prejuízos com ad fraud<br />
Eventos Regionais<br />
Global Marketer Week <strong>2016</strong><br />
ABAcademy<br />
Advocacy<br />
Reportagem de capa<br />
Empoderamento feminino<br />
Lições das start-ups<br />
Case Study: O Boticário<br />
Paralimpíada<br />
As lições de Cannes <strong>2016</strong><br />
Social<br />
Relações com entidades<br />
Quem faz a ABA<br />
4<br />
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14<br />
20<br />
22<br />
24<br />
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37<br />
44<br />
48<br />
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61<br />
66<br />
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74<br />
78<br />
86<br />
88<br />
92<br />
98<br />
104<br />
110<br />
122<br />
124<br />
140<br />
143<br />
144<br />
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GIRO RÁPIDO<br />
Aumenta índice de aceitação<br />
da publicidade mobile<br />
possuem um plano de dados também cresceu,<br />
de 60% para 67%. Como esperado, os millennials<br />
têm proximidade maior com seus aparelhos, inclusive<br />
no tempo ocioso. Na média geral, o brasileiro<br />
passa 3 horas e 14 minutos no celular diariamente,<br />
enquanto os mais jovens ficam 4 horas<br />
conectados por seus dispositivos móveis.<br />
Dalton Pastore assume<br />
presidência da ESPM em 2017<br />
Pela primeira vez, uma pesquisa do Instituto<br />
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra<br />
que o acesso à internet por dispositivos móveis<br />
é maior que via desktop. Cerca de 80% dos<br />
lares brasileiros utilizam o celular para navegar.<br />
Com isso, a publicidade mobile tem tudo para<br />
conquistar espaço. De fato, caiu o número de<br />
pessoas que dizem não clicar em nenhuma propaganda<br />
mobile, segundo o MMA Mobile Report<br />
Brasil. No ano passado, 41% dos ent<strong>revista</strong>dos<br />
diziam não clicar em anúncios e hoje só 32%<br />
mantêm essa posição.<br />
O estudo comprova que os tablets vêm perdendo<br />
espaço para os smartphones, que aumentaram<br />
o tamanho da tela. Cerca de 66% preferem<br />
usar seus celulares para navegar – eram apenas<br />
34% em 2015. O número de ent<strong>revista</strong>dos que<br />
A partir do dia 1º de janeiro, a Escola Superior de<br />
Propaganda e Marketing (ESPM) passa a ser liderada<br />
por Dalton Pastore. O atual presidente, José Roberto<br />
Whitaker Penteado, deixa o cargo após sete<br />
anos à frente da instituição. O publicitário fez carreira<br />
em agências e veículos, até abrir seu próprio<br />
negócio, a Carillo Pastore (comprada pelo grupo<br />
Havas em 2007).<br />
O <strong>nov</strong>o líder da ESPM já foi presidente da Asso-<br />
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ciação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap)<br />
e liderou o IV Congresso Brasileiro da Indústria da<br />
Comunicação. Atualmente, exerce essa função no<br />
Fórum Permanente da Indústria da Comunicação<br />
(ForCom), além de ser membro da Comissão de Liberdade<br />
de Expressão da OAB. A mudança na presidência<br />
marca o processo de reposicionamento<br />
da ESPM como uma das principais instituições do<br />
segmento de ensino, aprendizagem e pesquisa em<br />
comunicação, gestão e tecnologia.<br />
YouTube pode ser substituto<br />
para a televisão entre os jovens<br />
Live marketing<br />
movimentou R$ 44 bilhões<br />
O setor de live marketing movimentou R$ 43,9 bilhões<br />
entre julho de 2015 e julho de <strong>2016</strong>, segundo<br />
pesquisa divulgada pela Associação de Marketing<br />
Promocional (Ampro). Ao todo 156 empresas<br />
foram consultadas para passar um panorama das<br />
ações realizadas pelas marcas. Dentre as ações<br />
preferidas pelas companhias estão eventos, feiras<br />
e congressos (77%) seguido de ações promocionais<br />
(62%), marketing de incentivo (56%), ativações<br />
(47%) e trade marketing (38%).<br />
A crise econômica foi um fator determinante<br />
para o resultado, pois em um período de recessão<br />
as ativações tendem a ser maiores. Tanto que<br />
31% das empresas afirmam ter aumentado o uso<br />
de ações de live marketing, 29% mantiveram o nível<br />
de investimento e 40% tiveram que diminuir<br />
este tipo de ativação.<br />
Para 76% dos adolescentes, o YouTube pode ser,<br />
sim, um substituto para a TV aberta e, para 65%,<br />
substituir os canais pagos. É o que revela a segunda<br />
edição da pesquisa Os Novos Influenciadores –<br />
Quem Brilha na Tela dos Jovens Brasileiros, feita pela<br />
Provokers para o Google e o Meio & Mensagem.<br />
Segundo o estudo, Luciano Huck é a personalidade<br />
com o maior índice de influência sobre este<br />
público, seguido pelo youtuber Whindersson Nunes<br />
(que recentemente ultrapassou 13 milhões<br />
de inscritos em seu canal). Leon e Nilce, do Coisa<br />
de Nerd, o apresentador Danilo Gentili, a atriz Taís<br />
Araújo, o youtuber Luba, o ator Lázaro Ramos, a<br />
atriz Tatá Werneck e os youtubers Kéfera e Julio<br />
Coccielo (nesta ordem) integram a lista dos top<br />
10 influenciadores.<br />
Entre as características mais relevantes para<br />
a formação de uma celebridade, a autenticidade<br />
foi o quesito mais importante, apontado por<br />
16% dos jovens. Originalidade (15%), inteligência<br />
(12%) e senso de humor (11%) também pesam.<br />
Esse <strong>nov</strong>o modelo de influenciador proporciona<br />
duas importantes plataformas para as marcas<br />
avaliarem e tr<strong>aba</strong>lharem sua comunicação, uma<br />
vez que estas celebridades da internet possuem<br />
as características mais valorizadas pelo público:<br />
originalidade e autenticidade. Quando o assunto<br />
aparece naturalmente na conversa e está inserido<br />
no contexto do cotidiano do influenciador, a identificação<br />
é quase que imediata.<br />
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Paulo Tonet é o<br />
<strong>nov</strong>o presidente da Abert<br />
Anúncio no Facebook tem recall<br />
maior que na TV aberta entre os jovens<br />
Após quatro anos à frente da Associação Brasileira<br />
de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert),<br />
Daniel Slaviero deixa a presidência da entidade e<br />
será substituído por Paulo Tonet Camargo, que<br />
assumirá o comando no biênio 2017/ 2018. Em<br />
sua gestão, as prioridades serão a flexibilização<br />
permanente da transmissão do programa A Voz<br />
do Brasil; a conclusão do processo de migração<br />
do rádio AM para FM; e a finalização do desligamento<br />
do sinal analógico da TV. A entidade<br />
investirá na valorização da radiodifusão na era<br />
digital. Quem acompanha o executivo na liderança,<br />
ocupando a vice-presidência, é Marise<br />
Westphal Hartke, que já foi presidente do Sindicato<br />
das Empresas de Televisão do Estado de<br />
Santa Catarina (Sert/SC).<br />
A pesquisa Radar Jovem, que conta com auditoria<br />
da agência B2, chega a sua quinta edição comprovando<br />
o que já se dá como certo: digital é o meio<br />
em que os jovens mais são impactados. Foram feitas<br />
2.600 ent<strong>revista</strong>s com jovens de 17 a 30 anos, que<br />
deram sua opinião sobre a publicidade feita por 60<br />
anunciantes.<br />
Apesar de a maior parte dos investimentos publicitários<br />
ter ido para a televisão, 35,2% disseram<br />
que se lembravam das campanhas veiculadas via<br />
Facebook, percentual maior que o da TV (32%). O<br />
YouTube ficou com 14% maior que o da TV por assinatura,<br />
com 10%. Em relação às campanhas mais<br />
lembradas no meio digital, 41% dos jovens compartilharam<br />
ou fizeram comentários com os amigos<br />
sobre o seu conteúdo.<br />
Vale ressaltar que 66% dos respondentes apontam<br />
que as ações mais lembradas foram vistas em<br />
smartphones. No caso dos Millennials (jovens entre<br />
18 e 35 anos), o “horário nobre” de consumo de conteúdo<br />
online se dá no período noturno, entre 23h e<br />
2h. Esse volume é o dobro do verificado no período<br />
entre 12h e 14h, por exemplo. Os dados são da pesquisa<br />
Content Moments, da AOL, que analisou mais<br />
de 55 mil momentos de consumo de conteúdo digital.<br />
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Women to Watch homenageia<br />
mulheres da comunicação<br />
Uma pesquisa de opinião realizada junto a<br />
profissionais de comunicação, seguida de uma<br />
avaliação feita pelo conselho editorial do Meio &<br />
Mensagem, elegeu as mulheres que fizeram a diferença<br />
no mercado durante o ano para homenageá-las<br />
em um encontro que movimentou o setor,<br />
o Women to Watch. As contempladas desta vez<br />
foram Adriana Knackfuss (Coca-Cola Brasil), Aline<br />
Santos (Unilever), Andrea Pinotti Cordeiro (Itaú<br />
Unibanco), Celina Esteves (Africa), Daniela Mignani<br />
(GNT) e Fabia Juliasz (Kantar Ibope Media). O<br />
Women to Watch é uma iniciativa idealizada pelo<br />
Advertising Age e promovida no Brasil pelo M&M,<br />
para reconhecer o talento e a dedicação de mulheres<br />
que se destacam na área de comunicação<br />
e marketing.<br />
Autoatendimento é<br />
tendência para o varejo<br />
Um estudo intitulado High-tech Retail, encabeçado<br />
pela Croma Marketing Solutions, aponta que<br />
o autoatendimento é o caminho para o varejo.<br />
Segundo os dados coletados, 60,4% dos consumidores<br />
estão dispostos a fazer uso deste tipo de<br />
tecnologia em suas compras nos próximos três<br />
anos. Os aplicativos aparecem como os de maior<br />
utilidade (58%), seguidos de <strong>nov</strong>os meios de pagamento<br />
(57%), autoatendimento (56%) e visualização<br />
3D (44%).<br />
A pesquisa também detectou algumas macrotendências,<br />
como “eu, mobile” (integração<br />
dos dois mundos via mobilidade); “varejo selfservice”,<br />
com foco no atendimento; “quem experimenta<br />
compra”, por meio da melhoria da<br />
experiência virtual; “aqui e agora”, aliando utilidade<br />
e entretenimento; além do “plástico”, com<br />
mais opções nos meios de pagamento (de preferência,<br />
i<strong>nov</strong>adores).<br />
Crise afeta hábitos de consumo<br />
Com o cenário econômico de crise, o brasileiro<br />
não tem mantido o bom humor de sempre.<br />
Segundo análise do Kantar Worldpanel, houve<br />
uma mudança de comportamento de consumo<br />
nos últimos anos. Em <strong>2016</strong>, 32% das pessoas<br />
fizeram uma avaliação positiva da situação econômica<br />
do país em relação ao ano anterior. Em<br />
2011, eram 80%. Outro ponto de destaque é o<br />
clima de estresse. Cerca de 46% dos ent<strong>revista</strong>dos<br />
concordam com a frase “eu sofro com o estresse<br />
atualmente”. Como consequência, a busca<br />
pela simplificação das ações cotidianas também<br />
cresce, chegando a 70% dos pesquisados. Com<br />
isso, nos últimos dez anos aproximadamente 15<br />
milhões de casas aderiram a produtos prontos,<br />
como sucos, molhos, pratos congelados e bolos.<br />
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ENTREVISTA<br />
Sem<br />
medo do<br />
desconforto<br />
A argentina Maria Mujica, diretora de marketing e comunicação da Mondelez na América Latina,<br />
formou-se em design gráfico, mas logo se rendeu ao marketing, área pela qual se apaixonou devido<br />
ao seu caráter humano. A executiva tem se dedicado firmemente à i<strong>nov</strong>ação e ao desenvolvimento<br />
de uma cultura digital dentro da corporação. Nesta ent<strong>revista</strong> exclusiva à Revista ABA, ela fala<br />
sobre dois projetos que lidera: a Fly Garage, incubadora de i<strong>nov</strong>ação que surgiu em 2012 em Buenos<br />
Aires e que segue metodologia vinculada à Contagious Insider, de Londres, e o Digital Accelerator,<br />
programa desenvolvido no Brasil em parceria com a Wayra, do Grupo Telefônica, que busca startups,<br />
além de outros parceiros digitais. Inquieta, Maria Mujica aponta que quem atua no marketing<br />
tem de se sentir capaz de enfrentar situações de tentativa e erro. Porque falhas podem acontecer.<br />
No entanto, é fundamental ter a coragem de seguir adiante e arriscar, de <strong>nov</strong>o, ideias ousadas.<br />
Por Lena Castellón<br />
Sua formação é na área de design gráfico. Como<br />
aconteceu a mudança para o marketing? O que<br />
a levou a abraçar essa carreira?<br />
Eu diria que minha formação é muito millennial,<br />
no sentido de que, como experimentei diferentes<br />
atividades, abri <strong>nov</strong>as áreas de interesse que<br />
estudei enquanto me desenvolvia. Tinha certeza<br />
do que queria depois de ter saído do meu primeiro<br />
emprego, mais do que tinha quando comecei<br />
naquele tr<strong>aba</strong>lho. Isso é tão típico! Comecei no<br />
design. Minha primeira experiência de tr<strong>aba</strong>lho<br />
com grandes marcas abriu a caixa de Pandora do<br />
marketing para mim. Eu tinha amado. O marketing<br />
é todo a respeito de buscar direcionar o<br />
comportamento das pessoas para algo por meio<br />
de ideias criativas e bem executadas. É incrível o<br />
quanto você aprende sobre si mesmo durante o<br />
processo de aprender a respeito dos outros.<br />
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Como descreve os principais desafios que vem<br />
enfrentando nos últimos anos como executiva<br />
de marketing de uma região tão complexa<br />
quanto a América Latina?<br />
Como você disse, meu papel para a região envolve<br />
desafios múltiplos e complexos. Um deles<br />
é como ser uma curadora poderosa, a ponto de<br />
saber o que é relevante para a América Latina e o<br />
que é relevante para cada um dos países. É mais<br />
fácil dizer do que fazer, e é preciso tempo e esforço<br />
para encontrar a profundidade necessária para<br />
compreender as diferenças que importam versus<br />
as diferenças que reduzem o potencial de escala.<br />
É complicado.<br />
Mais de uma vez você afirmou que é preciso se<br />
sentir desconfortável. Por que essa disposição<br />
faz a diferença para quem atua no departamento<br />
de marketing de uma grande empresa?<br />
Amo essa questão. Realmente acredito no poder<br />
da transformação por meio do desconforto.<br />
Acho que, para ficar confortável com o desconforto,<br />
você precisa ter a habilidade de lidar com<br />
a ideia de fracasso. Tem de sentir que será capaz<br />
de enfrentar a situação se isso acontecer e ganhar<br />
a coragem necessária para seguir adiante e permitir<br />
que surjam <strong>nov</strong>as ideias ousadas. Acho que<br />
essa postura será cada vez mais importante para<br />
os profissionais de marketing, já que precisamos<br />
ganhar mais e mais a atenção das pessoas em um<br />
contexto de consumo de conteúdo em quatro telas<br />
ao mesmo tempo! Os profissionais de marketing<br />
vão ter de elevar o nível no game e levar toda<br />
sua criatividade para o jogo.<br />
Você ocupa um cargo importante dentro de uma<br />
corporação global. Poucas mulheres desempenham<br />
funções semelhantes no mundo dos negócios.<br />
Como chegar lá e o que fazer para que<br />
outras mulheres atinjam pontos semelhantes?<br />
Eu realmente acredito no poder<br />
da transformação por meio do<br />
desconforto. Acho que, para ficar<br />
confortável com o desconforto,<br />
você precisa ter a habilidade de<br />
lidar com a ideia de fracasso.<br />
Tem de sentir que será capaz<br />
de enfrentar a situação se isso<br />
acontecer e ganhar a coragem<br />
necessária para seguir adiante<br />
e permitir que surjam <strong>nov</strong>as<br />
ideias ousadas<br />
Acredito firmemente no poder da diversidade de<br />
gênero em todos os aspectos da vida. As organizações<br />
líderes devem se certificar de que estão<br />
agindo nesse sentido. Está bem provado que a<br />
diversidade é um grande driver de desempenho.<br />
Cada empresa que deixar de tr<strong>aba</strong>lhar nisso estará<br />
dando uma vantagem aos concorrentes. Este<br />
é um fato para ser visto por aqueles que ainda<br />
duvidam se o esforço para diminuir a lacuna (na<br />
questão sobre igualdade de gênero) vale a pena.<br />
Esse é um tema que deve ser abordado se você<br />
quer ganhar. Se eu tivesse de dar um conselho<br />
com base nas experiências a respeito do que fazer<br />
para crescer, diria: não construa o crescimento<br />
com decisões feitas em cima de gênero. Busque<br />
o crescimento com pessoas que estejam abertas<br />
para a diversidade. Não fique preso em discussões<br />
que são apenas reflexos de paradigmas datados<br />
e estreitos.<br />
Na Mondelez existe algum programa ou política<br />
que estimule a igualdade de gênero?<br />
Sim, temos. Estamos constantemente focando<br />
nele para ter certeza de que está aumentando<br />
a representação feminina nas mais altas hierarquias.<br />
Estou orgulhosa com o progresso. Está claro<br />
para mim que precisamos nos manter concentrados<br />
nisso.<br />
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Acredito firmemente no poder<br />
da diversidade de gênero em<br />
todos os aspectos da vida. As<br />
organizações líderes devem se<br />
certificar de que estão agindo<br />
nesse sentido. Está bem provado<br />
que a diversidade é um grande<br />
driver de desempenho. Cada<br />
empresa que deixar de tr<strong>aba</strong>lhar<br />
nisso estará dando uma<br />
vantagem aos concorrentes<br />
Digital Accelerator: projetos como<br />
esse ajudam a criar um ecossistema<br />
que facilita o tr<strong>aba</strong>lho em equipe<br />
A i<strong>nov</strong>ação é uma tônica em seu tr<strong>aba</strong>lho na<br />
Mondelez. Como vê a i<strong>nov</strong>ação nas empresas de<br />
um modo geral? Como ela deve ser perseguida?<br />
Deve estar atrelada ao marketing?<br />
I<strong>nov</strong>ação é provavelmente a palavra mais usada<br />
no mundo pelas companhias, mas é mais falada<br />
do que praticada! De fato, acho que ela deve estar<br />
fortemente calcada no marketing, porém não<br />
creio que deva estar exclusivamente vinculada à<br />
área. As empresas que são vencedoras tendem a<br />
ter uma cultura de i<strong>nov</strong>ação que perpassa todas<br />
as disciplinas e todos os departamentos e que<br />
promove um ambiente de constante experimentação,<br />
o que é uma medida-chave. Para nós, na<br />
Mondelez, i<strong>nov</strong>ação é um tema estratégico de<br />
liderança. Estamos desenvolvendo projetos específicos,<br />
como o Digital Accelerator, para criar uma<br />
cultura organizacional na qual nossos times possam<br />
aprender fazendo (o programa, que conta<br />
com apoio da Wayra, do Grupo Telefônica, busca<br />
start-ups e parceiros digitais para geração de propostas<br />
pensadas de forma colaborativa de modo<br />
a transformar a companhia e estimular os times<br />
de marketing dentro de uma cultura de criatividade).<br />
Isso gera experiências reais que permitem<br />
que nossos colaboradores adquiram conhecimentos<br />
práticos que poderão ser aplicados em<br />
projetos e, assim, i<strong>nov</strong>ar.<br />
Quais são suas expectativas em relação ao Digital<br />
Accelerator?<br />
Que ele possa acelerar nossa transformação digital.<br />
Que faça com que nossos profissionais de<br />
marketing adquiram altas capacidades para criar<br />
campanhas e serviços pensados no digital. Espero<br />
que possamos desenvolver parcerias sustentáveis<br />
entre a Mondelez e <strong>nov</strong>as start-ups. Estamos investindo<br />
em oito projetos beta este ano e vamos<br />
escalar pelo menos dois para a América Latina na<br />
primeira metade de 2017. São resultados bastante<br />
concretos.<br />
O digital assume um papel cada vez mais vital<br />
dentro das estratégias de marketing? De que<br />
forma os investimentos são direcionados para<br />
isso? Que percentual do budget é destinado<br />
ao digital?<br />
Temos investimentos pesados em digital, já que<br />
estamos bastante focados em conectar a empresa<br />
com os consumidores na forma como eles se<br />
comportam. Hoje a vida acontece no celular. En-<br />
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tão, é totalmente natural que nossas marcas líderes<br />
toquem essas pessoas em suas vidas por meio<br />
do digital. Atualmente, estamos intensificando<br />
nossos investimentos em comunicação digital de<br />
7%, índice que tínhamos, para mais de 30%. Esperamos<br />
manter esse ritmo de crescimento.<br />
E a televisão? Como analisa a importância da TV<br />
– a aberta e a paga – no composto dos investimentos<br />
do marketing?<br />
A TV é uma parte importante dos nossos planos.<br />
Enquanto os consumidores continuarem a gastar<br />
horas diante dela do jeito que gastam, estaremos<br />
lá da maneira mais relevante possível.<br />
Qual o principal objetivo da Fly Garage (incubadora<br />
sediada em Buenos Aires, na qual a<br />
companhia faz experimentações com parceiros<br />
estratégicos)?<br />
A Fly Garage foi nossa primeira incubadora de<br />
i<strong>nov</strong>ação na América Latina. Lá desenvolvemos<br />
uma <strong>nov</strong>a maneira de criar para nossas marcas,<br />
com ideias orientadas para o digital. Abrimos<br />
esse espaço para termos um playground e reinventarmos<br />
o modo como tr<strong>aba</strong>lhamos com nossos<br />
parceiros criativos. Lançamos esse projeto<br />
e o expandimos para a América Latina, criando<br />
para o Brasil, o México e a Colômbia. Para nós,<br />
na Mondelez América Latina, o tr<strong>aba</strong>lho é integrado<br />
com a região, independentemente da localização<br />
geográfica.<br />
Que projetos já surgiram por conta dessa iniciativa?<br />
Do Fly Garage, podemos dizer que geramos semente<br />
para vários programas bem-sucedidos para<br />
Oreo e Sonho de Valsa. São grandes exemplos.<br />
A colaboração, pelo que se vê, tornou-se um<br />
valor importante para a Mondelez. Como selecionar<br />
parceiros nos diferentes países? A que se<br />
deve atentar quando se procura por parceiros?<br />
Estamos dedicando cada vez mais tempo para conhecer<br />
melhor nossos parceiros, para ver o que<br />
eles têm feito na vida real e para termos boas<br />
conversas a respeito do que estamos tentando<br />
aprender no <strong>nov</strong>o contexto em que vivemos. Essas<br />
conversas são fundamentais para identificar o<br />
calibre dos nossos parceiros, mas também para<br />
entender o quanto estamos em harmonia entre<br />
o que precisamos e o que eles estão buscando.<br />
Sempre se necessita de dois para dançar o tango.<br />
Como vê o desempenho das marcas da Mondelez<br />
no Brasil? Investimentos em marketing devem<br />
crescer?<br />
Temos incríveis marcas líderes no Brasil. No nosso<br />
planejamento, teremos i<strong>nov</strong>ação de classe<br />
mundial para promover o desenvolvimento de<br />
categorias, que é o nosso mindset. Nossos investimentos<br />
avançam no sentido de apoiar iniciativas<br />
e projetos nascidos no Brasil e que estão sendo<br />
implementados em outros mercados.<br />
Como é o processo de criação da Fly Garage?<br />
Como as marcas se envolvem nos projetos?<br />
O projeto evoluiu para Fly Fearless, uma iniciativa<br />
global da Mondelez. É um <strong>nov</strong>o modo de tr<strong>aba</strong>lhar<br />
com os parceiros criativos. Buscamos talentos<br />
de diferentes disciplinas e backgrounds para<br />
agitar. Rapidamente idealizamos, cocriamos, fazemos<br />
prototipagem e procuramos gerar ideias<br />
ousadas que possamos escalar com velocidade.<br />
Somos os primeiros no mundo a dar foco a esse<br />
tipo de approach em termos de marcas de atuação<br />
regional. Já temos projetos assim na Ásia, na<br />
Europa, nos Estados Unidos. E na América Latina.<br />
Sem dúvida, estamos nos tornando globais.<br />
Cocriação e prototipagem têm<br />
papel crítico para fazer com que<br />
as ideias cresçam mais fortes.<br />
Elas são impulsionadoras que<br />
podem ajudar a melhorar e<br />
colocar asas em grandes ideias<br />
18
19
ABA EM FOCO<br />
ABA elege pela primeira vez<br />
uma mulher para a presidência<br />
Juliana Nunes discursa<br />
na cerimônia de posse<br />
da <strong>nov</strong>a diretoria<br />
Juliana Nunes, vice-presidente de assuntos corporativos, sustentabilidade, RH<br />
e compliance da Brasil Kirin assumiu comando da entidade em abril. Na pauta<br />
de sua gestão: regionalização, projeto Millennials e igualdade de gêneros<br />
Por Eliane Pereira<br />
Valorizar o marketing como agente transformador<br />
nas empresas e mercado, trazer<br />
para o debate as principais tendências do<br />
que está acontecendo no contexto global,<br />
impulsionar um dos principais pilares, o Advocacy,<br />
agregar ações diferentes na atuação<br />
dos Comitês e continuar o ótimo tr<strong>aba</strong>lho<br />
realizado pela gestão anterior. Essas são algumas<br />
das prioridades de Juliana Nunes, primeira<br />
mulher a ser eleita para a presidência<br />
da Associação Brasileira de Anunciantes desde<br />
a criação da entidade, em 1959.<br />
Vice-presidente de assuntos corporativos,<br />
sustentabilidade, RH e compliance da<br />
Brasil Kirin, Juliana e a <strong>nov</strong>a diretoria tomaram<br />
posse em cerimônia realizada na manhã<br />
do dia 13 de abril, na Escola Superior de Propaganda<br />
e Marketing (ESPM). Ela sucede a<br />
João Campos, presidente da Pepsico Alimentos<br />
Brasil, que passa a atuar como presidente<br />
do Conselho Superior da ABA. O mandato<br />
é válido para o período de <strong>2016</strong> a 2018.<br />
“Começo minha gestão com uma grande<br />
responsabilidade e desafio: melhorar o que<br />
já está excelente. Ou, no mínimo, continuar<br />
o ótimo tr<strong>aba</strong>lho realizado pela gestão anterior.<br />
Por outro lado, tenho a sorte de contar<br />
com uma equipe muito bem estruturada e<br />
eficiente, além dos associados e parceiros<br />
que fazem esta associação ter visibilidade e<br />
resultados tão relevantes”, enfatizou Juliana<br />
em seu discurso de posse. A presidente da<br />
ABA também destacou outros três pontos<br />
importantes de sua agenda: a regionalização<br />
da entidade, o projeto Millennials e a questão<br />
da equidade de gêneros.<br />
Sobre o fato de ser a primeira mulher a<br />
presidir a entidade, ela considera que isso é<br />
a confirmação de uma tendência – no mercado<br />
de marketing e comunicação, essa configuração<br />
já é uma realidade nas empresas<br />
há alguns anos, lembra a executiva. De fato,<br />
o empoderamento feminino é um dos temas<br />
mais atuais em discussão na sociedade, tan-<br />
20
to no meio privado quanto público (leia mais<br />
sobre o assunto na pág. 98). E a ABA é um<br />
exemplo de instituição em que o equilíbrio<br />
se faz cada vez mais presente: hoje são mais<br />
de 15 mulheres no Conselho Superior e na<br />
Diretoria Nacional, além de seis na diretoria<br />
do capítulo Rio, representando no total quase<br />
50% do quadro.<br />
Formada em engenharia de alimentos,<br />
Juliana começou a atuar na ABA em 2006<br />
e participou da criação do primeiro comitê<br />
de relações governamentais da entidade,<br />
do qual foi presidente, e até a eleição para a<br />
presidência era membro da diretoria.<br />
Um olhar para o futuro<br />
Nos últimos dois anos, a ABA passou por<br />
uma série de mudanças, entre elas o <strong>nov</strong>o<br />
caráter dinâmico dos comitês, a criação do<br />
Grupo de Líderes, o fortalecimento do pilar<br />
advocacy, <strong>nov</strong>os canais de comunicação com<br />
associados e uma <strong>nov</strong>a sede administrativa.<br />
Mas o ponto forte foi a valorização do<br />
marketing como agente transformador dentro<br />
das empresas. “Acredito que o conceito<br />
de transformação atingiu todas as áreas de<br />
nossa atuação. Prova disso é a mais recente<br />
iniciativa, ABAcademy, que tem como objetivo<br />
estabelecer parcerias com universidades<br />
para a promoção de atividades nas áreas de<br />
comunicação e marketing. A ESPM/Pós-Graduação<br />
inicia esse projeto, que possibilitará<br />
aos alunos dessas áreas conhecerem melhor<br />
e se inserirem no mercado de tr<strong>aba</strong>lho. (leia<br />
mais sobre o assunto na pág. 86).<br />
Entre os assuntos nos quais a associação<br />
já vem tr<strong>aba</strong>lhando há questões importantes,<br />
envolvendo temas como a publicidade<br />
infantil e as relações entre agências e anunciantes.<br />
Sobre o tr<strong>aba</strong>lho dos comitês (hoje<br />
são <strong>nov</strong>e), a ideia é que eles continuem debatendo<br />
temas prioritários demandados pelos<br />
associados e realizem entregas conclusivas<br />
para essas trocas e conhecimento gerado.<br />
Vale destacar ainda a intensificação da<br />
atuação da entidade em Brasília e no Rio<br />
de Janeiro, através da realização de eventos.<br />
A operação da ABA na capital fluminense<br />
está sob o comando de Eric Albanese,<br />
diretor de comunicação e marca da Oi.<br />
Em Brasília, Graziela Godinho Cavaggione,<br />
assessora da presidência dos Correios, é<br />
a “embaixadora” da Associação. Além da<br />
presidência, a ABA elegeu outros cargos<br />
de liderança que compõem a Diretoria Nacional<br />
e o Conselho Superior (veja lista na<br />
pág. 144). A entidade conta com Sandra<br />
Martinelli na presidência executiva, Márcio<br />
Nery na diretoria financeira e Sandra<br />
Zanetti na diretoria institucional.<br />
Membros da <strong>nov</strong>a diretoria<br />
da ABA, eleitos para o biênio<br />
<strong>2016</strong>/ 212018
22<br />
ABA EM FOCO
23
A força dos Comitês<br />
A ABA organiza e mantém comitês para analisar, debater, propor soluções<br />
e emitir pareceres sobre diversos temas. As reuniões dos grupos são<br />
bimensais e a troca de experiências gera muitos projetos, recomendações<br />
e documentos de melhores práticas, além de possibilitar networking e<br />
benchmark entre os participantes. Nas páginas a seguir, uma visão geral<br />
de todos os comitês nacionais da ABA, cuja gerência está a cargo de Nadja<br />
Sasson. Confira também o que dizem os presidentes de cada um deles sobre<br />
sua importância e os principais temas nos quais tr<strong>aba</strong>lharam em <strong>2016</strong><br />
24
25
26
Branding & Conteúdo<br />
“Com o <strong>nov</strong>o contexto de mudanças rápidas,<br />
os anunciantes têm vivido as mesmas<br />
dores, dúvidas e incertezas. O Comitê de<br />
Branding possibilita esta oportunidade de<br />
troca, de colocar na mesa as dúvidas e aprender<br />
com o outro. Tem sido muito enriquecedora<br />
essa oportunidade”.<br />
Thiago Cesar da Silva, presidente do Comitê de<br />
Branding & Conteúdo e gerente sênior de marketing<br />
institucional, Latam e Atacado do Itaú Unibanco<br />
Temas e entregas <strong>2016</strong><br />
» Branding digital: atualizando o olhar para<br />
o 360° digital e a velha discussão on & off.<br />
Como as marcas estão estruturando essa integração<br />
internamente?<br />
» Marcas publishers: o conteúdo é a <strong>nov</strong>a publicidade?<br />
» Update: tensões sociais e marcas. As conversas<br />
sobre mulheres, gênero e ageism foram<br />
puro modismo?<br />
» Cannes: o que aconteceu de mais impactante?<br />
» Pesquisa, métricas e programática: a matemática<br />
dá espaço para a criação? Quando a<br />
criatividade perde para os dados?<br />
» Construção de marcas para teenagers: conquistar<br />
a atenção de quem não liga a mínima<br />
para propaganda e marcas.<br />
» Branding em tempo de crise. Quando o<br />
dinheiro aperta, como e em que dose equilibrar<br />
estratégias de longo prazo com exigências<br />
de curto prazo?<br />
Missão<br />
» Ampliar o espectro de estudo da marca,<br />
com o aprofundamento de análises,<br />
discussões e recomendações, de forma a<br />
posicionar as marcas como ativos extremamente<br />
importantes para potencializar<br />
resultados e tornar a relação estabelecida<br />
com o consumidor mais efetiva.<br />
» Desenvolver e melhorar a prática de<br />
branding nas empresas, por meio da integração<br />
de suas diversas técnicas de gestão.<br />
» Difundir a cultura e o conhecimento sobre<br />
conteúdo de marca, por meio do compartilhamento<br />
de aprendizados estratégicos<br />
e técnicos. O objetivo é fomentar as<br />
iniciativas dessa área que, nesse momento<br />
de transformação do marketing, tem-se<br />
mostrado grandes aliadas para o almejado<br />
engajamento do consumidor.<br />
» Mergulhar nas visões de planejadores,<br />
criadores, produtores, diretores e autores<br />
de conteúdos publicitários ou não publicitários,<br />
com o objetivo de captar aprendizados<br />
e, a partir daí, gerar materiais que<br />
possam subsidiar as iniciativas das empresas<br />
anunciantes.<br />
Comunicação &<br />
Sustentabilidade<br />
“O Comitê de Comunicação & Sustentabilidade<br />
é de fundamental importância para<br />
que as empresas associadas possam discutir,<br />
aprimorar e implementar boas práticas<br />
nessas áreas. Nosso objetivo é garantir que<br />
tenhamos sempre discussões sobre temas<br />
atuais e de grande relevância. Queremos fortalecer<br />
a agenda de comunicação e sustentabilidade,<br />
tornando a área fundamental para a<br />
construção de reputação e crescimento dos<br />
negócios”.<br />
Cristiane Lopes, presidente do Comitê de Comunicação<br />
& Sustentabilidade e gerente de cidadania<br />
corporativa da Pepsico<br />
27
Missão<br />
» Inspirar, esclarecer, promover e comunicar<br />
conteúdos para que o conhecimento e as<br />
iniciativas em sustentabilidade sejam ferramentas<br />
para as empresas tr<strong>aba</strong>lharem com<br />
marketing para transformar.<br />
» Desenvolver projetos e debater questões<br />
que possam melhorar a eficácia das ferramentas<br />
de comunicação corporativa para a<br />
sustentabilidade. A premissa básica de orientação<br />
das iniciativas é o entendimento de que<br />
a área de comunicação corporativa é estratégica<br />
para que as empresas possam implantar<br />
a transformação através da transversalidade<br />
do tema, fazendo com que sustentabilidade<br />
seja mais do que apenas uma tarefa, e sim<br />
uma maneira de promover resultados.<br />
Temas e entregas <strong>2016</strong><br />
» O papel da comunicação dentro dos prêmios<br />
de responsabilidade social e relatórios<br />
de sustentabilidade.<br />
» Recomendação do comitê dos melhores<br />
prêmios de responsabilidade social existentes<br />
no mercado brasileiro.<br />
» Mapeamento feito junto às associadas de<br />
como o tema dos relatórios de sustentabilidade/<br />
responsabilidade social está sendo tratado<br />
(o uso e benefício, padrões etc.).<br />
» Realização de debate sobre o futuro dos relatórios<br />
sociais.<br />
» Recomendação de como as áreas internas<br />
das associadas devem interagir com a área e<br />
usar o expertise dos profissionais de comunicação<br />
em relação aos prêmios de responsabilidade<br />
social e relatórios de sustentabilidade.<br />
Consumer Experience<br />
“O Comitê de Consumer Experience congrega<br />
gerentes de SAC dos mais diferentes<br />
mercados. As reuniões bimestrais promovem<br />
intensa troca de experiências e reflexões sobre<br />
a excelência em serviços, tendências e<br />
oportunidades em relacionamento com o<br />
mercado. Dentro da visão de marketing para<br />
transformar, proposta pela ABA, é fundamental<br />
este espaço de debates sobre o impacto<br />
que a estratégia das áreas de relacionamento<br />
com consumidores e clientes tem no desenvolvimento<br />
das marcas, dos mercados e da<br />
sociedade como um todo”.<br />
Betânia Gattai, presidente do Comitê de Consumer<br />
Experience e consumer engagement centres<br />
manager Latam & Brazil da Unilever<br />
Missão<br />
» Atuar como agente fortalecedor das relações<br />
consumidor/ marca, promovendo troca<br />
de experiências e debates, desenvolvendo e<br />
disseminando práticas i<strong>nov</strong>adoras, fomentando<br />
políticas de relacionamento com consumidores<br />
que gerem valor de longo prazo<br />
para a sociedade como um todo, contribuindo<br />
assim com a construção de uma <strong>nov</strong>a visão<br />
de marketing para transformar.<br />
Temas e entregas <strong>2016</strong><br />
» Discussão com profissional de Design<br />
Thinking sobre a jornada do consumidor a<br />
partir da sua experiência com as marcas;<br />
como as empresas podem melhorar seus recursos<br />
para i<strong>nov</strong>ar junto com o consumidor;<br />
terceirização etc.<br />
» Estatuto da Pessoa com Deficiência – adequações<br />
de linguagem e atendimento.<br />
» Guia de diretrizes para excelência em serviços<br />
com foco na experiência do consumidor.<br />
» Guia dos principais indicadores para gestão<br />
de consumer experience.<br />
» Parceria com a Fundação Getulio Vargas<br />
(FGV) – Índices de Confiança do Consumidor.<br />
Insights<br />
“O Comitê de Insights tem como objetivo<br />
promover uma mudança na percepção<br />
da área como a única a integrar o comportamento<br />
humano aos movimentos de mercado<br />
para direcionar decisões de negócio.<br />
Neste ano, devemos entregar um programa<br />
que contempla o entendimento dos diferen-<br />
28
tes meios de coletas de dados e aplicações<br />
no negócio; a visão conclusiva do comitê<br />
sobre os diferentes meios de captação de<br />
informações, ferramentas, metodologias, e,<br />
principalmente, identificação de insights; e a<br />
parceria com faculdades para revisão da matéria<br />
de pesquisa de mercado dentro da graduação<br />
de disciplinas como Administração,<br />
Marketing etc., a fim de mudar a percepção<br />
desta área, trazendo mais foco ao negócio<br />
e à aplicação de insights do que puramente<br />
à aprendizagem de metodologias. Tudo isso<br />
fica disponível para todos os associados da<br />
ABA por meio de sessões e reuniões ou dos<br />
conteúdos online”.<br />
Fernanda Uchoa Scozzafave, presidente do<br />
Comitê de Insights e diretora de inteligência de<br />
mercado e insights Latam & Brasil da Avon<br />
de expressão comercial e ao mercado publicitário<br />
em geral. Também é função deste comitê<br />
a elaboração de pareceres e minutas de<br />
contratos para facilitar o relacionamento das<br />
associadas com suas agências e fornecedores,<br />
além de dar suporte jurídico às consultas<br />
feitas pelos demais comitês, sempre respeitando<br />
a legislação do país”.<br />
Vanessa Vilar, presidente do Comitê Jurídico e<br />
gerente jurídica Brasil e Latam da Unilever<br />
Missão<br />
» Integrar e inspirar profissionais da área de<br />
insights para promover seu desenvolvimento,<br />
com o intuito de antecipar necessidades<br />
e contribuir para o crescimento da área e de<br />
seus profissionais.<br />
Temas e entregas <strong>2016</strong><br />
» Promover uma mudança na percepção<br />
da área de insights como a única a integrar<br />
o comportamento humano e movimentos<br />
de mercado para direcionar decisões de<br />
negócio, se apropriando das diversas fontes<br />
de dados e metodologias, como digital<br />
e social listening, análises estatísticas de<br />
bancos de dados até pesquisas com consumidores<br />
e shoppers.<br />
» Entendimento dos diferentes meios de<br />
coletas de dados e aplicações, através de<br />
reuniões com Facebook, Google, Twitter,<br />
In store.<br />
» Visão conclusiva do Comitê sobre os diferentes<br />
meios de captação de informações,<br />
ferramentas, metodologias e, principalmente,<br />
na identificação de insights e aplicação<br />
no negócio.<br />
» Apoio para a realização do ABA Insights.<br />
Jurídico<br />
“O Comitê Jurídico é o mais antigo da<br />
ABA e sua primordial função é a discussão de<br />
questões jurídicas relacionadas à liberdade<br />
Missão<br />
» Discutir e procurar soluções para as iniciativas<br />
que ameaçam o direito de liberdade de<br />
comunicação comercial.<br />
» Elaborar pareceres e contratos para facilitar<br />
o relacionamento das associadas com suas<br />
agências e demais fornecedores que compõem<br />
a cadeia do marketing.<br />
» Dar suporte jurídico às consultas feitas pelos<br />
demais comitês.<br />
Temas e entregas <strong>2016</strong><br />
» Visão conclusiva do comitê sobre o uso de<br />
mídias sociais e pesquisas para levantamentos<br />
de informações, conhecimento do consumidor<br />
e tendências de mercado.<br />
» Novas tendências e legislação no cenário<br />
jurídico que impactam a atuação dos advogados<br />
na área de legal marketing.<br />
» Promoções comerciais.<br />
» Aspectos legais relacionados às Olímpiadas<br />
<strong>2016</strong>.<br />
» Suporte jurídico ao GT de Publicidade<br />
Infantil.<br />
» Atuação jurídica nos projetos de lei que<br />
impliquem restrições à publicidade dirigida a<br />
29
Missão<br />
» Exercer papel de liderança no mercado, dividindo<br />
melhores práticas e conhecimento,<br />
facilitando discussões e tópicos que apoiem<br />
a melhor tomada de decisões sobre mídia.<br />
» Abordagem holística, neutra de canal e voltada<br />
aos temas mais importantes e relevantes<br />
para os associados e o mercado.<br />
crianças e à publicidade em geral.<br />
» Estatuto da Pessoa com Deficiência: coordenação<br />
com a presidência executiva da ABA<br />
e posicionamento da entidade.<br />
» GT Digital: monitoramento das discussões<br />
e impactos legais em proteção de dados, regulamentação<br />
do Marco Civil da Internet e<br />
direito autoral na internet.<br />
» Guideline de como e quando usar cada uma<br />
das ferramentas e metodologias disponíveis.<br />
» Avaliação jurídica da CPI de Crimes Cibernéticos.<br />
» Atualização em temas relevantes: <strong>nov</strong>o<br />
CPC, promoções comerciais, dados pessoais.<br />
Mídia<br />
“A eficiência da mídia sempre foi um dos<br />
temas mais debatidos entre anunciantes,<br />
uma vez que corresponde a um de seus principais<br />
investimentos. Desta forma, promover<br />
a busca por métricas confiáveis, informações<br />
e processos transparentes, além do desenvolvimento<br />
do profissional é, há muitos anos,<br />
o papel do Comitê de Mídia da ABA. No cenário<br />
que vivemos hoje, muito mais complexo e<br />
volátil, a preocupação com a mídia se tornou<br />
ainda maior. Por isso, este ano, estamos tr<strong>aba</strong>lhando<br />
em diversas frentes, incluindo métricas<br />
de vídeo, out of home e os desafios da<br />
mídia digital, promovendo a discussão entre<br />
os associados e contribuindo para a qualificação<br />
e o desenvolvimento do mercado”.<br />
Erica Campbell, presidente do Comitê de Mídia<br />
e diretora de mídia, digital e CRM da L’Oréal<br />
Temas e entregas <strong>2016</strong><br />
» Relação com as agências: <strong>nov</strong>os modelos<br />
de tr<strong>aba</strong>lho, de remuneração e como estabelecer<br />
outros patamares de qualidade.<br />
» Desafios da mídia digital: viewability, target<br />
verification, brand safety, fraude e adblocking<br />
(em parceria com IAB e Comitê Jurídico).<br />
» Métricas: integração de métricas (em parceria<br />
com IAB, ABEP, Comitê de Insights).<br />
» Out of Home: <strong>nov</strong>as tecnologias, métricas<br />
e regulamentação, com players do mercado.<br />
» Capacitação do mercado.<br />
» GT Out of Home conta com Marco Frade,<br />
diretor de mídia da Unilever, como coordenador<br />
e Vanessa Gianotti (Kimberly-Clark), Bárbara<br />
Toscano (LG) e Adriana Morali (Ambev)<br />
como integrantes.<br />
» GT Métricas: Rafael Gonçalez, gerente de<br />
mídia do Itaú Unibanco, é o coordenador<br />
do grupo, que conta com Rodrigo Matheus<br />
(Danone) e Julia Kahn (Nivea) como participantes.<br />
» GT de Relação com Agências tem como coordenador<br />
Thiago Buischi, gerente de mídia<br />
da Nestlé, e integrantes Renata Petrovic (Bradesco)<br />
e Gilson Freitas (Sabesp).<br />
» Projeto #ABAforadaABA: 6 reuniões do<br />
Comitê de Mídia foram realizadas no Twitter,<br />
Grupo RBS, Globosat, Otima, Eletromidia<br />
e Kantar Ibope Media, com a proposta<br />
de aproximar anunciantes dos veículos e do<br />
mercado.<br />
» Apoio ao ABA Midia de São Paulo e Brasília.<br />
Relações Governamentais<br />
“Um importante papel do Comitê de Relações<br />
Governamentais é antecipar as discussões<br />
em andamento no governo. Além disso,<br />
subsidiar a ABA na defesa dos interesses do<br />
setor e informar seus associados dos possíveis<br />
impactos de tais proposições. Com isso,<br />
30
a entidade pode se organizar, dentro da ética<br />
e da transparência, para advogar a favor dos<br />
seus associados”.<br />
Juliana Vansan, presidente do Comitê de Relações<br />
Governamentais e gerente sênior de relações<br />
governamentais da Mondelez do Brasil<br />
Missão do comitê<br />
» Atuar na defesa dos interesses dos associados<br />
perante as funções administrativa,<br />
jurisdicional e legislativa do Estado brasileiro<br />
e, proativamente, na elaboração de políticas<br />
públicas, visando à preservação dos valores<br />
constitucionais da livre manifestação de pensamento,<br />
da criação, da expressão e da informação.<br />
Temas em pauta<br />
» Elaboração de reuniões periódicas com a<br />
diretoria da ABA para melhor sucesso no tr<strong>aba</strong>lho<br />
de advocacy.<br />
» Contratação de uma empresa de assessoria<br />
política em Brasília.<br />
» Advogar em favor da liberdade de expressão<br />
e contra a restrição/ proibição de publicidade.<br />
» Reavaliação da estratégia política da ABA<br />
junto à Secretaria Nacional do Consumidor.<br />
» Estreitar e fortalecer o relacionamento da<br />
ABA com demais entidades de classe.<br />
Entregas em <strong>2016</strong><br />
» Participação nos debates políticos/ regulatórios<br />
que podem influenciar a publicidade<br />
no Brasil.<br />
» Elaboração de um white paper com o posicionamento<br />
da ABA sobre publicidade/ liberdade<br />
de expressão.<br />
» Acompanhamento de projetos de lei sobre<br />
publicidade e publicidade infantil<br />
Sourcing<br />
“O Comitê de Sourcing na ABA reforça o<br />
papel e a importância do procurement de<br />
marketing na cadeia dos anunciantes. Tem o<br />
objetivo de aconselhar, dividir experiências e<br />
disseminar as melhores práticas e processos<br />
na cadeia de marketing, para maior benefício<br />
das empresas participantes e relacionamento<br />
com fornecedores e associações. O grupo<br />
conta com membros de várias organizações,<br />
setores da indústria e serviços, que se reúnem<br />
regularmente para discutir questõeschave<br />
atuais. Conta também com participantes<br />
externos, de fornecedores e associações,<br />
quando a pauta é comum. É responsável<br />
por criar o Guia de Recomendações, que é<br />
compartilhado com todos os associados. Os<br />
participantes trazem uma diversidade de conhecimento<br />
de compras e de marketing e são<br />
reconhecidos como papel-chave nas tomadas<br />
de decisões em suas empresas”.<br />
Claudia Furini, presidente do Comitê de Sourcing<br />
e gerente de operações de marketing e mídia<br />
da JBS<br />
Missão<br />
» Discutir conceitos, definir melhores práticas<br />
e compartilhar informações, otimizando<br />
a competência e a sinergia de compras<br />
e marketing, com visão local, sem perder a<br />
perspectiva global.<br />
» Alinhado com a <strong>nov</strong>a missão da ABA,<br />
“marketing para transformar”, produzir guias<br />
que orientem, de forma efetiva, quais os critérios<br />
que associados e o mercado devam<br />
adotar sobre como comprar melhor para as<br />
diversas disciplinas do marketing, identificando<br />
oportunidades e trazendo i<strong>nov</strong>ações ou<br />
<strong>nov</strong>as formas, sempre atendendo a exigência<br />
31
atual do mercado – a necessidade de otimizar<br />
adequadamente os investimentos feitos<br />
na área de marketing.<br />
Temas e entregas <strong>2016</strong><br />
» Estratégia: realização de palestras curtas<br />
seguidas de debate, sobre temas relevantes<br />
que gerem conhecimento para a área de Procurement.<br />
Participação de anunciante e/ou<br />
fornecedor.<br />
» Disseminação de cases/artigos e práticas<br />
i<strong>nov</strong>adoras da área.<br />
» Conclusão do Guia de Recomendações de<br />
Compra de Eventos<br />
» Frente de discussão: mídia digital - tecnologias<br />
compra e conteúdo digital.<br />
Trade & Shopper Marketing<br />
“O Comitê de Trade & Shopper Marketing<br />
é fundamental para que a estratégia<br />
de marketing se transforme em ação para o<br />
aumento das vendas de qualquer empresa.<br />
Com mais de 70% das decisões de compra<br />
ainda ocorrendo em lojas físicas, segundo<br />
pesquisas, o estudo e entendimento de como<br />
o shopper se comporta no momento da decisão<br />
de compra e quais ferramentas e ações<br />
são necessárias para conquistá-lo em poucos<br />
segundos é fundamental para o negócio. Por<br />
isso, o comitê atua entendendo o ambiente<br />
atual e suas tendências de evolução, discutindo<br />
ações de sucesso, ferramentas de análise<br />
e mensuração de resultados, para que o<br />
mercado cresça de forma sustentável e com<br />
evolução constante. Temos o ideal de contribuir<br />
para que as empresas associadas entendam<br />
e atendam cada vez melhor o público<br />
-alvo, independentemente do segmento em<br />
que atuam”.<br />
Eduardo Castro, presidente do Comitê de<br />
Trade & Shopper Marketing e gerente sênior de<br />
marketing services, trade marketing e serviços ao<br />
mercado da Basf<br />
Missão<br />
» Aprofundar, discutir e compartilhar conhecimento<br />
sobre as melhores estratégias do<br />
marketing na relação da indústria com o varejo<br />
para atender às necessidades das marcas,<br />
produtos, pontos de venda e consumidor.<br />
» Discutir sobre o comportamento atual e<br />
as tendências do shopper, como ele pensa e<br />
age, quais as ferramentas e ações adequadas<br />
para melhorar a experiência da compra e a<br />
estratégia adequada a cada canal e região.<br />
Temas e entregas <strong>2016</strong><br />
» Aprofundamento nas questões apresentadas<br />
na NRF com as tendências do mercado<br />
mundial.<br />
» Proposta de agendamento de visitas técnicas<br />
às empresas associadas da ABA e que<br />
são referência em trade marketing e entendimento<br />
do shopper.<br />
» Reuniões do comitê focadas em análise<br />
de produtividade/ efetividade das ações de<br />
trade marketing e entendimento do shopper<br />
(atual e tendências), com apresentações<br />
de cases de sucesso.<br />
» Discussão sobre quais são os reports e<br />
KPIs que a área de Trade oferece para o<br />
Marketing.<br />
32
33
ABA EM FOCO<br />
GTs do Capítulo Rio de Janeiro<br />
Os Grupos de Tr<strong>aba</strong>lho (GTs) do Capítulo Rio, coordenados por Letícia Zattar,<br />
se debruçaram sobre diversos temas relevantes para o mercado em <strong>2016</strong>.<br />
Eles fazem parte dos comitês nacionais, gerenciados por Nadja Sasson.<br />
Veja um resumo do que foi tratado nas reuniões<br />
Branding & Conteúdo<br />
Coordenador – Marcelo Boschi, coordenador<br />
dos cursos de pós-graduação e<br />
MBA em Gestão e Marketing Empresarial<br />
da ESPM Rio<br />
Subcoordenadora – Alessandra Carreiro,<br />
especialista em marcas na gerência de<br />
comunicação da BR Distribuidora<br />
O grupo começou o ano com uma apresentação<br />
do Comitê Organizador dos Jogos<br />
Rio <strong>2016</strong>, que tratou da política de proteção<br />
às marcas na Olimpíada, abordando<br />
parcerias comercias e orientação para<br />
stakeholders. Outros temas discutidos foram<br />
a conexão das marcas em tempo real<br />
com os usuários no Twitter e qual a melhor<br />
forma de lidar com ações de marketing durante<br />
os Jogos Olímpicos. Os encontros ainda<br />
envolveram uma apresentação sobre a<br />
construção da “marca Rio”, o planejamento<br />
estratégico do marketing territorial ancorado<br />
em uma gestão pública participativa e a<br />
construção de relevância de marca na vida<br />
das pessoas.<br />
Comunicação & Sustentabilidade<br />
Coordenadora – Ana Claudia Esteves, gerente<br />
setorial de planejamento e avaliação da<br />
Petrobras<br />
Novas mídias, experiências e casos práticos<br />
de ações publicitárias com influenciadores<br />
digitais, anônimos e celebridades, este<br />
último com apresentação da Inpress, foram<br />
alguns dos temas abordados pelo grupo. A<br />
agência Quintal fez uma apresentação sobre<br />
possibilidades de abordagem de assuntos específicos,<br />
no lugar de tratar tudo como mídia<br />
de massa. O grupo ainda discutiu o papel da<br />
comunicação nos projetos sobre acessibilidade<br />
nas empresas: adaptações, normas e<br />
orientações gerais.<br />
Consumer Experience<br />
Coordenadora – Teresa Roza, gerente de<br />
relacionamento da Fetranspor<br />
O primeiro encontro de <strong>2016</strong> teve apresentação<br />
da E.life sobre a ferramenta Facebook<br />
Bots, mostrando o que são e para que<br />
34
servem, o passo a passo que a empresa deve<br />
cumprir para ter um bot efetivo no ar, o que<br />
medir e como manter a sua relevância. O grupo<br />
contou também com a participação da Blue<br />
Lab, que falou sobre Atendimento Automático<br />
Avançado – Agentes Virtuais, abordando processos,<br />
resultados e casos práticos. O GT propôs<br />
agendamento de visita técnica a call center,<br />
a ser definido, e organizou discussão sobre<br />
chat eletrônico, mapeando as empresas que já<br />
utilizam a ferramenta, questionando desafios<br />
e resultados. O tema acessibilidade de colaboradores<br />
e clientes com deficiência também<br />
entrou em pauta.<br />
Insights<br />
Coordenadores – Paulo Costa, gerente de<br />
pesquisa e inteligência de mercado da White<br />
Martins, e Adriana Bahia, gerente de marketing<br />
do Bradesco Seguros<br />
O evento ABA Insights Rio, em 10 de março,<br />
deu início a debates de temas como métricas<br />
de marketing digital, coleta de dados e<br />
informações no Twitter, Google, Facebook e<br />
Instagram. Os integrantes fizeram uma reflexão<br />
sobre a movimentação do mercado, com<br />
análises estatísticas e bancos de dados versus<br />
comportamento humano. Foram discutidos,<br />
ainda, casos práticos e resultados de neuromarketing,<br />
além do cenário econômico global<br />
e gestão na crise.<br />
Patrocínios<br />
Coordenadora – Tais Reis, gerente setorial<br />
de relacionamento institucional da Petrobras<br />
O GT apoiou a realização do evento ABA<br />
Marketing Cultural, realizado em junho. Participou,<br />
juntamente com o GT de Branding &<br />
Conteúdo, no encontro com Carla Camurati,<br />
diretora de cultura do Comitê Organizador<br />
Rio <strong>2016</strong>. Durante o ano, também entraram<br />
em pauta os temas marketing cultural e artístico<br />
(com foco em ações e relacionamento<br />
com stakeholders). Foram abordados ainda<br />
conceitos de branding, cultura e conteúdo, e<br />
relacionamento com marketing direto, assim<br />
como ativação da marca com conteúdo, através<br />
de cases de ativação de marca em grandes<br />
eventos. Outro tema tratado foi como alinhar<br />
os interesses das empresas aos interesses da<br />
política pública, com participação de representante<br />
da Secretaria Estadual de Cultura,<br />
que falou sobre modalidades de incentivo e<br />
foi debatido o panorama da Lei Rouanet, resultado<br />
do estudo de Henilton Menezes. O GT<br />
fez uma visita técnica ao Instituto Oi Futuro,<br />
para conhecer suas práticas na condução de<br />
sua política cultural.<br />
Mídia<br />
Coordenadora – Mariana Bieler, gerente<br />
setorial de mídia da Petrobras<br />
O GT de Mídia realizou suas reuniões em<br />
conjunto com os grupos de Branding e Insights,<br />
de acordo com sinergia e transversalidade dos<br />
assuntos. Entre os temas tratados estiveram a<br />
política de proteção às marcas dos Jogos Rio<br />
<strong>2016</strong> e parcerias comercias, a conexão das<br />
marcas em tempo real com os usuários no<br />
Twitter durantes as Olimpíadas, o impacto de<br />
smartphones e mídias digitais sobre o consumidor<br />
em cada etapa da conversão, monitoramento<br />
avançado de redes sociais, aplicativos e<br />
oportunidades de ações publicitárias e quais<br />
os melhores dados para análise e resultados<br />
da gestão de crise.<br />
Trade & Shopper Marketing<br />
Coordenadora – Valeska Gadelha, gerente<br />
de trade marketing da Souza Cruz<br />
Tendências e i<strong>nov</strong>ações tecnológicas nos<br />
processos de comercialização de produtos e<br />
serviços apresentadas na NRF (National Retail<br />
Federation) dos EUA, foi o primeiro tema abordado<br />
nos encontros do GT, que na sequência<br />
falou sobre o planejamento da experiência do<br />
consumidor e como acompanhar as mudanças<br />
na comunicação, liderança de equipe e tendências,<br />
i<strong>nov</strong>ações e experiências do consumidor<br />
nos PDVs. Também foram discutidas<br />
questões ligadas ao canal indireto, como estratégias<br />
de distribuição e ativação de marcas<br />
e distribuição numérica de marcas e categorias<br />
de valor agregado.<br />
35
36<br />
ABA EM FOCO
ENA <strong>2016</strong> analisa<br />
o marketing em mutação<br />
“Fazendo da mudança uma grande aliada de negócios (da esq. p/ a dir):<br />
Juliana Nunes (ABA), Guilherme Ribenboim (Twitter), Julio Zaghini (Google),<br />
Rodrigo Andrade (AlmapBBDO), Aaron Reitkopf (Profero) e Enzo Devoto (Unilever)<br />
Principal encontro da plataforma anual de eventos da ABA, a edição <strong>2016</strong><br />
discutiu do <strong>nov</strong>o papel dos CEOs ao empoderamento feminino, passando<br />
por <strong>nov</strong>os modelos de players de conteúdo e o impacto da revolução digital<br />
nos negócios<br />
Por Eliane Pereira<br />
A ampliação do papel dos CEOs, as lições<br />
de i<strong>nov</strong>ação que se pode tirar da experiência<br />
das start-ups, o crescimento da participação<br />
feminina nos negócios e as transformações<br />
provocadas pela revolução digital<br />
foram algumas das principais tendências<br />
discutidas na edição <strong>2016</strong> do Encontro Nacional<br />
de Anunciantes (ENA). Realizado no<br />
dia 8 de junho, em São Paulo, o evento foi<br />
um convite aos participantes para revisitar<br />
seus conceitos, processos, relações e entregas,<br />
proposta resumida no tema principal,<br />
“Ressignificando o Marketing”.<br />
“Tenho tido a grata surpresa de acompanhar<br />
na ABA as discussões internas dos vários<br />
comitês, os projetos em andamento na<br />
área de advocacy, além dos temas debatidos<br />
pela WFA, e ver o quanto essas provocações<br />
estão nos forçando a evoluir, a ampliar nossos<br />
horizontes e a buscar uma ressignificação<br />
para nossa atividade”, disse Juliana Nunes,<br />
presidente da ABA e vice-presidente<br />
de assuntos corporativos, sustentabilidade,<br />
RH e compliance da Brasil Kirin, na abertura<br />
do encontro, que reuniu profissionais e<br />
lideranças de marketing, além de convidados<br />
internacionais.<br />
Segundo Juliana, o posicionamento da<br />
entidade – “Marketing para Transformar”,<br />
adotado em 2014 – foi mantido porque existe<br />
a convicção de que, ao aportar mais valor<br />
ao marketing, cresce a relevância dos profissionais<br />
e das empresas. “Só por meio da<br />
relevância é que conseguiremos nos manter<br />
competitivos no jogo de influência que permeia<br />
o processo de tomada de decisões e<br />
escolhas daqueles que consomem nossos<br />
produtos e serviços”, completou Juliana.<br />
Os CEOs Juan Carlos Marroquin (Nestlé),<br />
Alberto Carvalho (P&G), Claudia Sender (La-<br />
37
tam), Newton Freire (Diageo), João Campos<br />
(PepsiCo) e André Salles (presidente da Brasil<br />
Kirin), por vídeo, falaram sobre a produtividade<br />
do investimento em comunicação<br />
e marketing dentro das empresas e analisaram<br />
a importância da confiança do público<br />
nos líderes das empresas, os dois temas que<br />
abriram os tr<strong>aba</strong>lhos do congresso.<br />
No mundo todo, e no Brasil mais ainda,<br />
há expectativa quanto à atuação do CEO na<br />
entrega do comportamento empresarial.<br />
Na pesquisa Trust Barometer <strong>2016</strong>, da Edelman,<br />
85% dos ent<strong>revista</strong>dos disseram achar<br />
que os CEOs devem ter visibilidade na discussão<br />
de assuntos de interesse geral, como<br />
desigualdade de renda, políticas públicas e<br />
questões sociais. “O CEO precisa entender<br />
que sua agenda se ampliou, agora ele é<br />
chief engagement officer”, afirmou em sua<br />
apresentação o líder de pesquisa e métricas,<br />
conhecimento e i<strong>nov</strong>ação da Edelman Significa,<br />
Rodolfo Araújo (leia matéria completa<br />
sobre o estudo na página 44).<br />
Outro aspecto importante da tomada de<br />
decisões abordado no painel de abertura foi<br />
a questão do uso de ferramentas de medição<br />
do retorno sobre o investimento em comunicação.<br />
A boa notícia, segundo pesquisa<br />
da Kantar Vermeer Brasil, é que a maioria<br />
(60%) dos executivos de marketing conhecem<br />
a metodologia e cerca de um terço usa<br />
alguma ferramenta de ROI. Porém, só 40%<br />
disseram que o departamento financeiro<br />
de suas empresas tem esse conhecimento,<br />
o que é pouco, na visão do diretor geral da<br />
consultoria, Eduardo Tomiya.<br />
O estudo mostrou ainda que as empresas<br />
não usam o ROI de mídia para direcionar<br />
investimentos em marketing ou mesmo<br />
para dimensionar o orçamento da área em<br />
relação às demais. “Todo esforço que é feito<br />
para determinar o ROI não está sendo utilizado<br />
pelo financeiro. Neste ano de crise,<br />
ninguém usou o ROI para definir investimentos.<br />
Cortou-se budget de comunicação sem<br />
saber qual o retorno sobre investimento das<br />
ações”, lamenta Tomiya (leia mais sobre a<br />
pesquisa na página 48). O estudo foi uma<br />
iniciativa do Grupo de Líderes da ABA, em<br />
parceria com a Kantar Vermeer.<br />
Anders Sjostedt,<br />
fundador 38 da Hyper Island
Inimigo ou aliado?<br />
Numa era de transformações rápidas<br />
e intensas, fazer da mudança um impulso<br />
para os negócios, em vez de um empecilho,<br />
é o único caminho para sobreviver. O tema<br />
é tão importante que foi abordado em dois<br />
blocos do ENA <strong>2016</strong>: na palestra de Anders<br />
Sjostedt, fundador da Hyper Island, e no painel<br />
que reuniu representantes de agências,<br />
anunciantes e veículos.<br />
“As mudanças acontecem rápido, cada vez<br />
mais. É divertido, mas ao mesmo tempo estressante,<br />
porque nenhuma regra de ontem<br />
vale para hoje e você nunca sabe ao certo se<br />
o seu investimento vai funcionar ou não”, reconheceu<br />
Sjostedt. Ele citou como exemplos<br />
a Lego, tradicional fabricante de brinquedos<br />
que se reinventou e virou uma das maiores<br />
do mundo (leia mais sobre esse case na matéria<br />
de capa, à pág. 92) e a BirchBox, um serviço<br />
de assinatura de amostras de produtos<br />
de beleza que distribui 1,3 milhões de caixas<br />
só nos Estados Unidos.<br />
Para o fundador da Hyper Island, as mudanças<br />
devem começar por quem dirige a<br />
empresa. Ele deve dar o exemplo. “O fato é<br />
que ninguém gosta de mudanças, a não ser<br />
que se tenha alguma vantagem”, reconheceu.<br />
O presidente da agência Talent Marcel,<br />
João Livi, lembrou outro ponto importante:<br />
a tolerância ao erro, inerente a qualquer<br />
processo de transformação. “É preciso ter<br />
recursos para experimentar e não esperar<br />
da mudança 100% de sucesso, mas 100% de<br />
aprendizado”, concluiu Livi.<br />
De fato, o mercado publicitário trilha o<br />
caminho da transformação, mas para o diretor<br />
de relacionamento com agências do<br />
Google, Julio Zaghini, está sendo atropelado,<br />
pois as mudanças acontecem com o consumidor<br />
e também se refletem na mídia. O<br />
executivo participou do painel que discutiu<br />
como fazer da transformação um aliado nos<br />
negócios, e que acabou se focando mais nas<br />
mídias sociais.<br />
Frente à afirmação de que as redes sociais<br />
mudaram a comunicação, os profissionais<br />
concordaram que é impossível encontrar<br />
equilíbrio entre o digital e o chamado<br />
tradicional, e que esses dois lados não são<br />
concorrentes, mas complementares. Enzo<br />
Devoto, vice-presidente de marketing de<br />
home care da Unilever, foi categórico: “O<br />
mundo não voltará a mudar tão devagar<br />
como hoje. Se estamos loucos com as mudanças<br />
agora, imagine no futuro”.<br />
Responsável pela inserção de grande<br />
parcela da população no universo digital, a<br />
internet móvel democratiza o acesso à informação.<br />
“A única barreira que encontramos<br />
aqui no Brasil para ampliar a penetração<br />
digital é a educação”, afirmou o convidado<br />
internacional do painel, Aaron Reitkopf, CEO<br />
para as Américas da MullenLowe Profero.<br />
O consumidor é o verdadeiro agente que<br />
muda o mercado, acredita o presidente do<br />
Twitter para a América Latina, Guilherme<br />
Ribenboim. “Os millennials querem vídeos<br />
de cinco segundos, agilidade. Nosso principal<br />
desafio é ajudar a indústria no que<br />
acreditamos que são as tendências”, apontou.<br />
Outro ponto destacado foi a questão<br />
do big data. Para o sócio da AlmapBBDO<br />
Rodrigo Andrade, a quantidade de dados<br />
disponíveis é enorme e torna-se necessário<br />
saber interpretá-los e entender quais<br />
insights tirar deles.<br />
André Garcia, fundador<br />
da Estante Virtual<br />
39
Cota Ouro<br />
40<br />
Cota Prata<br />
Cota Bronze<br />
Cota Apoio Welcome<br />
Turner<br />
Cota Apoio Coffee Break Manhã<br />
Adstream<br />
Latam<br />
Rede Bandeirantes<br />
Cota Apoio Almoço<br />
Facebook/Instagram<br />
Cota Apoio Almoço<br />
Otima<br />
Cota Apoio Coffee Break Tarde<br />
Clear Channel<br />
Google<br />
Santander<br />
Apoio<br />
Granza<br />
In Press | Porter Novelli<br />
MIB Brasil<br />
The Heart Corporation<br />
The Group<br />
Parceiros de Mídia – SP<br />
Adnews<br />
Alpha FM<br />
Carta Capital<br />
GoAd Media<br />
Imprensa Editorial<br />
Kiss FM<br />
Meio & Mensagem<br />
Propmark<br />
Rádio Estadão<br />
Record News<br />
Revista Marketing<br />
Revista Propaganda<br />
Top FM<br />
Novos negócios,<br />
<strong>nov</strong>os personagens<br />
Para mostrar que os grandes podem aprender<br />
com os pequenos, o ENA trouxe dois exemplos<br />
de start-ups que surgiram pequenas, de<br />
uma ideia, e hoje são empresas consolidadas: a<br />
Estante Virtual, e-commerce de livros usados (e<br />
agora <strong>nov</strong>os também) e a eduK, de cursos online<br />
que ensinam atividades geradoras de renda. O<br />
fundador, André Garcia, contou que a Estante<br />
Virtual tem hoje três milhões de livros cadastrados<br />
e vende 15 mil livros por dia. Mas não foi<br />
fácil: ele lembrou que, em dado momento, teve<br />
que fazer grandes alterações no modelo de negócios,<br />
um risco que é preciso correr.<br />
Já Eduardo Lima, sócio da eduK, considera<br />
que sua iniciativa está fazendo uma revolução no<br />
mercado de educação. “Produzimos vídeos com<br />
grandes profissionais, transmitimos aulas ao vivo<br />
e de graça, o que nos rendeu ser um modelo de<br />
i<strong>nov</strong>ação. Gosto de dizer que somos a Netflix da<br />
educação, porque, hoje, qualquer um pode fazer<br />
uma assinatura e assistir aos vídeos do acervo”,<br />
explicou. A eduK tem 3,5 milhões de alunos e oferece<br />
850 cursos, assistidos em mais de 30 países.<br />
As start-ups são exemplos de modelos de<br />
negócio i<strong>nov</strong>adores, mas outra tendência que<br />
vem influenciando a atuação das empresas é a<br />
crescente participação das mulheres, não só nas<br />
áreas operacionais, mas também em postoschave.<br />
No painel sobre o feminino na agenda das<br />
marcas e empresas, Andrea Weichert, sócia da<br />
consultoria EY, apresentou dados que mostram<br />
a importância de se ter mulheres nas lideranças<br />
das empresas e também o quanto a igualdade<br />
de gênero faz diferença na economia: “Para se<br />
ter uma liderança sólida, 30% dos executivos<br />
precisam ser mulheres”, disse Andrea.<br />
Na P&G, há o estímulo de ter mulheres em<br />
lideranças e engajadas em discussões, contou Poliana<br />
Sousa, diretora de marketing, comunicação<br />
e mídia da empresa. “É difícil um homem fazer<br />
uma campanha de absorvente, por exemplo, porque<br />
nunca menstruou. Ter mulheres por perto é<br />
fundamental”, disse ela, que também mostrou cases<br />
de como a P&G investe nas mulheres, que são<br />
seu principal público consumidor (leia mais sobre<br />
o tema em reportagem na página 98).
Stephan Loerke, presidente da WFA<br />
Ainda faremos<br />
publicidade em 2025?<br />
I<strong>nov</strong>ação, regulamentação, transparência,<br />
o desafio digital, a questão das fraudes<br />
e dos bloqueadores de anúncios, além<br />
das expectativas do público com relação<br />
às empresas são todos temas que vão influenciar<br />
o futuro da publicidade, na visão<br />
do presidente da World Federation of<br />
Advertisers (WFA) Stephan Loerke, palestrante<br />
do ENA <strong>2016</strong>.<br />
Falando sobre a questão digital, presente<br />
em quase todas as discussões, Loerke<br />
alertou sobre a dimensão da ad fraud,<br />
lembrando que cerca de 10% dos anúncios<br />
na internet são fraudulentos, movimentando<br />
um montante que fica atrás apenas do<br />
crime organizado. Sobre os adblockers, foi<br />
definitivo: todos devem se preocupar, sim,<br />
pois a evolução do bloqueio de anúncios<br />
no digital cresce exponencialmente, tendo<br />
duplicado do ano passado para cá.<br />
Advogando pela boa imagem das empresas,<br />
o executivo alertou que é preciso<br />
ter cautela com o que os anunciantes prometem<br />
e com o que se comprometem ao<br />
vender ou divulgar um produto, pois nem<br />
sempre as premissas são atingidas e o público<br />
ac<strong>aba</strong> cobrando isso. “Como indústria,<br />
anunciamos promessas, compromissos,<br />
mas nem sempre isso é verdade”, admitiu<br />
Loerke, ao elogiar o tr<strong>aba</strong>lho de entidades<br />
como o Conselho Nacional de Autorregulamentação<br />
Publicitária (Conar) em favor da<br />
credibilidade da propaganda.<br />
Para se manterem ativas e com boa imagem,<br />
as empresas devem sempre i<strong>nov</strong>ar,<br />
afirmou o presidente da WFA. “Precisamos<br />
de respostas, de mais conexão, mais dados<br />
e mais emoção”. Para o futuro, ele vê a necessidade<br />
de muita criatividade e de se tr<strong>aba</strong>lhar<br />
em função de quem se engaja com<br />
a empresa online. “O marketing deverá ser<br />
liderado pelas pessoas e temos que fazer<br />
anúncios que sejam bons o suficiente para<br />
atendê-las. Temos que ter uma relação<br />
mais madura com o consumidor. Acredito<br />
que esse seja o caminho”, finalizou.<br />
41
Um <strong>nov</strong>o jeito de fazer branded content<br />
Buzzfeed e Vice são considerados grandes<br />
cases de empresas de mídia contemporânea<br />
que estão unindo produção de conteúdo<br />
com dados, contemplado marcas sob<br />
uma ótica <strong>nov</strong>a de branded content. Num<br />
dos painéis mais animados do ENA <strong>2016</strong>,<br />
esses dois players mostraram por que estão<br />
fazendo a diferença em produzir conteúdo<br />
engajador e atraindo o investimento dos<br />
anunciantes sem o modelo da interrupção.<br />
Presente em 36 países e com quatro mil<br />
colaboradores, a Vice é hoje a maior media<br />
company do mundo para os jovens, garante<br />
o presidente da operação brasileira, Daniel<br />
Conti. A plataforma, que se define como “a<br />
voz de uma geração”, conta com vários canais<br />
dedicados a diferentes assuntos, como<br />
tecnologia, música, moda, comida, esportes<br />
e notícias. A Vice já nasceu multiplataforma<br />
e sua fórmula é fazer conteúdo com storytelling<br />
imersivo, sempre para contar uma<br />
história. Um bom exemplo foi o caso do repórter<br />
que se infiltrou no Estado Islâmico<br />
para entender como funciona a facção.<br />
“Somos uma mídia sustentável de conteúdo:<br />
não ofertamos espaço, criamos o branded content,<br />
um delivery criativo. Usamos a rede de parceiros,<br />
plano de social media embasado em BI<br />
e ativação de experiência in loco para saber o<br />
que o público quer”, explicou Conti. Para ele,<br />
a Vice mudou o jeito de fazer reportagem,<br />
oferecendo material original e que possibilita<br />
um alto nível de engajamento.<br />
Já o Buzzfeed está presente em dez países<br />
com produção de conteúdo e iniciou suas<br />
operações no Brasil há dez meses. Entre os<br />
grandes sucessos de engajamento da plataforma<br />
está o caso do polêmico vestido que,<br />
para alguns, era azul e preto e, para outros,<br />
branco e dourado – foram 82 milhões<br />
de views em 24 horas. Outro destaque é<br />
o Tasty, canal no YouTube de gastronomia,<br />
criado para descomplicar a culinária<br />
e mostrar que qualquer um pode fazer a<br />
própria comida. Os vídeos, que têm no<br />
máximo 60 segundos, são criados especificamente<br />
para esta plataforma.<br />
A estratégia da empresa é fazer o contrário<br />
da mídia tradicional, que foca no coletivo<br />
para atingir o individual. “Fazemos<br />
conteúdo com o qual cada pessoa se identifica<br />
e então leva para o coletivo. Conteúdo<br />
que interessa a determinados grupos<br />
gera qualidade nas discussões que surgem<br />
sobre o tema. Isso promove alto engajamento<br />
com o público”, afirmou Bruno Belardo,<br />
diretor de estratégia de marca do<br />
Buzzfeed Brasil.<br />
Bruno Belardo, diretor de estratégia de marca do Buzzfeed Brasil<br />
Daniel Conti, presidente do Vice Brasil<br />
42
43
ABA EM FOCO<br />
O <strong>nov</strong>o papel do CEO: chief<br />
engagement officer<br />
Rodolfo Araújo, líder<br />
de pesquisa e métricas,<br />
conhecimento e i<strong>nov</strong>ação<br />
da Edelman Significa<br />
Confiança nas empresas é maior no Brasil, revela pesquisa<br />
Trust Barometer, da Edelman, apresentada no ENA <strong>2016</strong><br />
Por Eliane Pereira<br />
Quando, em abril de <strong>2016</strong>, a Mitsubishi<br />
Motors admitiu ter manipulado resultados de<br />
testes de economia de combustível (para tornar<br />
os níveis de emissão de gases mais favoráveis),<br />
suas ações tiveram queda instantânea<br />
de 15%, com perda de US$ 1,2 bilhão do valor<br />
de mercado da empresa. O mesmo aconteceu<br />
com a Volkswagen, no ano anterior, flagrada<br />
usando um dispositivo para burlar os resultados<br />
de testes de emissão de poluentes em<br />
seus veículos a diesel: perda instantânea de<br />
23% de valor de mercado (US$ 17,6 bilhões).<br />
Os valores dão a dimensão da queda, na<br />
percepção do público, do nível de confiabilidade<br />
dessas companhias. E confiança é um<br />
item fundamental hoje no mundo dos negócios,<br />
pois a atitude do consumidor é orientada<br />
pela credibilidade nas empresas. A boa notícia<br />
é que, no Brasil, elas mantêm a liderança em<br />
termos de confiança da população, segundo<br />
aponta a 16ª edição da pesquisa Trust Barometer,<br />
da Edelman, apresentada na abertura<br />
do Encontro Nacional de Anunciantes<br />
(ENA <strong>2016</strong>).<br />
Realizado em 28 países, o estudo mede o<br />
nível de confiança das sociedades no governo,<br />
nas empresas, em ONGs e na mídia. Comparando-se<br />
o desempenho dessas quatro instituições,<br />
no Brasil as empresas lideram como<br />
as mais confiáveis (com 64 pontos), à frente<br />
das ONGs (62) e da mídia (54). Já a confiança<br />
no governo, de 2015 para <strong>2016</strong>, caiu de 32<br />
para 21 pontos (em uma escala de zero a 100<br />
que pondera a porcentagem obtida por cada<br />
um desses quatro grupos institucionais).<br />
A tendência de as empresas estarem à<br />
frente nesse quesito vem se manifestando já<br />
há alguns anos no mercado nacional. O mo-<br />
44
45
vimento de inclusão social pelo consumo, observado<br />
há pelo menos uma década, fez com<br />
que a relação do público com as marcas se<br />
intensificasse. Hoje, o brasileiro vê as empresas<br />
como o tipo de instituição que reúne mais<br />
recursos para entregar valor à sociedade. São<br />
ainda as entidades que mais se aproximaram<br />
das pessoas, por conta da inclusão de milhões<br />
no mercado consumidor – e as marcas são as<br />
que mais investem em credibilidade. Além<br />
disso, as companhias privadas são vistas pela<br />
população como motores do desenvolvimento<br />
econômico, responsáveis pela geração de<br />
empregos e pela dinamização da economia.<br />
O propósito impacta a confiança de maneira<br />
significativa. As principais razões para<br />
o aumento da confiança nas empresas são<br />
o impulso ao crescimento econômico e a<br />
contribuição delas para um bem maior. De<br />
fato, a proporção dos que concordam que<br />
uma empresa pode tomar atitudes que<br />
aumentem os lucros e, ao mesmo tempo,<br />
contribuem para melhorar as condições<br />
econômicas e sociais na comunidade onde<br />
atua já era alta em 2015 (83%) e cresceu<br />
ainda mais, chegando a 90% em <strong>2016</strong>, segundo<br />
a pesquisa.<br />
CEOs como agentes<br />
de transformação<br />
Além da qualidade de seus produtos e<br />
serviços – que é essencial –, o que qualifica<br />
uma empresa atualmente é o seu comportamento.<br />
E aí entra o papel do líder. No<br />
mundo todo, e no Brasil mais ainda, há uma<br />
grande expectativa no que se refere ao papel<br />
dos CEOs no posicionamento da organização.<br />
“Como no Brasil temos um vácuo de<br />
liderança, sobretudo na política, o CEO ac<strong>aba</strong><br />
se tornando a principal figura do comportamento<br />
empresarial. Além de resultados<br />
financeiros, ele tem que atender às demandas<br />
da sociedade para que seja porta-voz<br />
de causas e se envolva nas questões do seu<br />
setor econômico”, analisa Rodolfo Araújo, líder<br />
de pesquisa e métricas, conhecimento e<br />
i<strong>nov</strong>ação da Edelman Significa.<br />
Não por acaso, a credibilidade dos CEOs<br />
e dos membros da diretoria foi a que mais<br />
aumentou do ano passado para cá, de acordo<br />
com o Trust Barometer (11 e 14 pontos<br />
percentuais, respectivamente). Para os brasileiros,<br />
a palavra dos líderes tem grande<br />
relevância. Eles são considerados os porta-vozes<br />
mais confiáveis para comunicar<br />
investimentos em i<strong>nov</strong>ação, práticas da<br />
empresa e gestão de crises, e ainda na<br />
hora de fornecer informações sobre o lucro<br />
financeiro e o desempenho operacional.<br />
Estão também entre os criadores de conteúdo<br />
com mais credibilidade no meio digital<br />
(mídias sociais, sites de compartilhamento<br />
de conteúdo e mídias online), à frente de<br />
jornalistas e celebridades.<br />
“O CEO precisa entender que sua agenda<br />
se ampliou. Agora ele é chief engagement<br />
officer. Ele vai responder cada vez<br />
mais pelo comportamento das marcas”,<br />
afirma Araújo. No momento, a visão que o<br />
público tem dos líderes empresariais é que<br />
eles estão mais ligados aos aspectos operacionais<br />
do negócio e menos preocupados<br />
com integridade e engajamento. A maioria<br />
(85%) acha que eles devem ter visibilidade<br />
na discussão de temas de interesse geral,<br />
como desigualdade de renda, políticas públicas<br />
e questões sociais.<br />
O desafio, então, é conciliar propósito<br />
e lucro. E confiança é um ativo intangível<br />
de gestão da marca. Quanto mais confiável<br />
a empresa, melhores seus resultados<br />
financeiros. Outro aspecto importante a se<br />
levar em conta é que corporações mais engajadas<br />
são mais bem-sucedidas em reter<br />
seus talentos e fazem com que eles abracem<br />
melhor as estratégias da empresa.<br />
Com o aumento do engajamento interno, a<br />
tendência é os colaboradores entregarem<br />
melhores experiências para o público – e,<br />
quanto melhor ela for, maior a confiança.<br />
46
47
ABA EM FOCO<br />
ROI de mídia ainda é pouco<br />
usado no marketing<br />
Eduardo Tomiya, diretor<br />
geral da Kantar Vermeer<br />
Brasil e América do Sul<br />
Pesquisa da Kantar Vermeer apresentada no ENA <strong>2016</strong> demonstra que, em<br />
60% das empresas, o departamento financeiro desconhece os instrumentos<br />
para medir o retorno sobre investimentos em comunicação<br />
Por Eliane Pereira<br />
No final de março de 2015, a Nestlé estreou<br />
uma <strong>nov</strong>a campanha para o leite Ninho,<br />
assinada pela Publicis Brasil, com o mote “o<br />
que você vai ser quando seu filho crescer?”.<br />
Cerca de 400 mulheres foram ent<strong>revista</strong>das<br />
em todo o Brasil (no comercial para a TV, só<br />
três aparecem). Um ent<strong>revista</strong>dor pergunta à<br />
mãe o que o filho dela quer ser quando crescer.<br />
A mesma pergunta é feita ao filho. A segunda<br />
questão é: o que você vai ser quando<br />
seu filho crescer? Elas têm dificuldade de responder.<br />
Já eles têm todos a mesma resposta:<br />
“Vai ser minha mãe”.<br />
A reação das crianças, é claro, leva as<br />
mães às lágrimas. O resultado final é uma<br />
coleção de depoimentos comoventes, que<br />
repercutiu significativamente nas redes sociais.<br />
Só o vídeo oficial tinha, até o início de<br />
setembro, 284 mil visualizações no YouTube.<br />
Monitorar o desempenho de uma ação nas<br />
mídias sociais já é corriqueiro, mas como medir<br />
o retorno sobre o investimento (ROI, da<br />
sigla em inglês) de algo assim?<br />
O problema é ainda maior: de fato, a<br />
maioria das empresas não mede nem o ROI<br />
de mídia nos meios tradicionais, apesar de<br />
conhecer a metodologia. Pior: nenhuma usa<br />
uma ferramenta de ROI para ajudar a dimensionar<br />
o orçamento de marketing. Mesmo na<br />
hora de decidir sobre a divisão da verba de<br />
48
49
marketing, a maioria só considera o ROI algumas<br />
vezes, não sempre.<br />
Foi isso que mostrou uma pesquisa feita<br />
pela Kantar Vermeer (braço de consultoria<br />
do grupo Kantar) no Brasil, com 28<br />
diretores de marketing de empresas dos<br />
mais variados ramos de atividade. O estudo<br />
foi apresentado na abertura do Encontro<br />
Nacional de Anunciantes (ENA <strong>2016</strong>)<br />
pelo diretor geral da Kantar Vermeer Brasil<br />
e América do Sul, Eduardo Tomiya, como<br />
segunda entrega do Grupo de Líderes da<br />
ABA, integrado por CEOs de empresas associadas.<br />
Os resultados mostram que a questão<br />
não é falta de informação, visto que 60%<br />
dos ent<strong>revista</strong>dos afirmaram conhecer<br />
a metodologia. Mas, mesmo entre estes<br />
que conhecem a ferramenta, metade admite<br />
que não a utiliza, seja por não confiar<br />
nela (29%), pelo custo (24%) ou por outros<br />
motivos (49%). O dado mais preocupante,<br />
no entanto, é que em 60% das empresas<br />
o departamento financeiro desconhece os<br />
instrumentos para medir o ROI de comunicação.<br />
E é aí que as coisas se complicam.<br />
Prova dos <strong>nov</strong>e<br />
“Se é ROI, tem que usar com o financeiro.<br />
Essas ferramentas estão sendo usadas<br />
para tomar decisões dentro do marketing<br />
(como distribuir a verba) e não pelo CEO<br />
ou pelo CFO. Isso é muito sério, pois o esforço<br />
está sendo pouco efetivo na hora de<br />
convencer o financeiro das vantagens da<br />
ferramenta”, analisa Tomiya. Paradoxalmente,<br />
a pesquisa mostra que o CEO e o<br />
CFO reconhecem a importância do tema<br />
e não estão fechados a este tipo de tr<strong>aba</strong>lho,<br />
ao contrário (veja na pág. 52 depoimentos<br />
de presidentes de empresas no<br />
ENA <strong>2016</strong> sobre o assunto).<br />
O maior problema é que, muitas vezes,<br />
eles não são envolvidos ou as empresas<br />
não oferecem treinamento adequado para<br />
o financeiro. Interessante notar ainda que<br />
30% a 40% dos executivos de marketing<br />
que participaram da pesquisa são formados<br />
em engenharia, ou seja, têm familiaridade<br />
com números e cálculos complexos. Ainda<br />
assim, eles não conseguem estabelecer um<br />
diálogo com o financeiro da empresa, observa<br />
o diretor da Kantar Vermeer.<br />
A comprovação disso está no fato de<br />
que 86% das empresas não utiliza as informações<br />
de ROI de mídia para elaborar<br />
o orçamento de comunicação. E em nenhuma<br />
delas o financeiro utilizou o ROI<br />
de comunicação para definir o budget da<br />
área este ano, mesmo com a crise econômica.<br />
É difícil dizer quais são as principais<br />
dificuldades de se implementar o<br />
ROI de comunicação junto ao financeiro,<br />
mas em 12% dos casos alega-se falta de<br />
interesse e em 18%, que nenhuma metodologia<br />
consegue convencer o pessoal<br />
de finanças.<br />
A medição é realmente complexa.<br />
Em geral, as metodologias aferem o<br />
nível de conhecimento, a relevância e<br />
a diferenciação para a marca que a comunicação<br />
alcançou. No caso da ação<br />
da Nestlé com as mães, além de gerar<br />
engajamento nas redes sociais, a campanha<br />
virou notícia, gerando um bom<br />
volume de mídia conquistada.<br />
Segundo Tomiya, existem modelos<br />
matemáticos para medir a efetividade da<br />
comunicação. “O problema não é a matemática,<br />
a questão é como implementar<br />
isso num cenário complexo e traduzir em<br />
dinheiro, para que o financeiro possa entender”,<br />
explica. Há muito por fazer: do<br />
lado dos anunciantes, é preciso entender<br />
com mais profundidade os modelos<br />
e metodologias. Mas empresas que oferecem<br />
este tr<strong>aba</strong>lho precisam tornar estes<br />
modelos didáticos e com condições<br />
comerciais mais favoráveis.<br />
50
51
A visão dos presidentes<br />
CEOs do Grupo de Líderes da ABA destacam seu papel na geração de valor<br />
para as marcas e comentam sobre a importância de mensurar os resultados<br />
Juan Carlos Marroquin,<br />
presidente da Nestlé Brasil<br />
Claudia Sender,<br />
presidente da Latam<br />
Acredito que o mais importante (para o CEO) é<br />
alinhar o pessoal, dar reports a toda a organização<br />
com um esquema de comunicação muito<br />
bem alinhado, muito bem motivado, que permita<br />
alinhar e colocar toda a energia e todas<br />
as forças na missão estratégica que o negócio<br />
precisar. A i<strong>nov</strong>ação, a integridade e a ética são<br />
fatores essenciais. Num país com as dimensões<br />
do Brasil, confirmamos nossa estratégia de criação<br />
de valor compartilhado, que é a criação de<br />
valor através de toda a cadeia de fornecedores.<br />
Isso significa gerar melhores práticas na agricultura,<br />
na nutrição, reformulação de produtos<br />
e meio ambiente para ser um exemplo para a<br />
sociedade e melhorar cada vez mais.<br />
Uma das minhas crenças mais fortes é no poder<br />
transformador de cada um de nós. Para<br />
exercer esse papel de transformar, o líder tem<br />
que ser o grande promotor do engajamento de<br />
todo o time. Cada vez mais, as pessoas buscam<br />
inspiração em líderes colaborativos que têm<br />
uma capacidade muito forte de diálogo, mas,<br />
acima de tudo, de extrair o melhor de cada<br />
um dos seus colaboradores. O líder deve gerar<br />
o compromisso real de toda a equipe em torno<br />
dos propósitos, da vocação e da cultura da<br />
empresa. É fundamental para o CEO conseguir<br />
traduzir com clareza a estratégia da companhia<br />
para o time e, principalmente, engajá-lo em<br />
torno dessa visão. Só é possível construir esse<br />
processo de confiança e consolidar a reputação<br />
de uma marca e de uma companhia a partir de<br />
valores verdadeiros que motivem toda a equipe<br />
em busca dos mesmos objetivos.<br />
52
João Campos,<br />
presidente da PepsiCo Brasil Foods<br />
Newton Freire, presidente da<br />
Diageo para o Brasil, Uruguai e Paraguai<br />
As empresas hoje têm um papel muito mais<br />
amplo do que simplesmente entregar o que<br />
produzem. Seu papel é participar ativamente,<br />
influenciar as comunidades com as quais convivem.<br />
Acho que a nossa preocupação, e a de<br />
qualquer CEO, é como você está impactando<br />
a sociedade em que vive, o meio ambiente. O<br />
consumidor hoje dá muito mais valor à cadeia<br />
como um todo, ele está vendo não só o produto,<br />
mas como esse produto foi feito. Para mim,<br />
esse é um dos critérios mais importantes que<br />
temos atualmente. É como fazemos o nosso<br />
negócio, como tratamos as pessoas e como impactamos<br />
nas comunidades em que estamos<br />
presentes. Não podemos nos isolar do que está<br />
acontecendo à nossa volta. Temos, como empresários<br />
e empresas, a oportunidade e o dever<br />
de trazer um impacto positivo em todas as áreas<br />
em que nos encontramos, desde o começo<br />
da cadeia produtiva até o final.<br />
Estabelecer uma relação de confiança com a sociedade<br />
é fundamental para a sustentabilidade<br />
de qualquer negócio. E a confiança, a credibilidade,<br />
se criam demonstrando propósito, comportamentos<br />
e atitudes em linha com os valores da<br />
empresa. Para isso é fundamental o diálogo da<br />
empresa, por meio de seus líderes, diretamente<br />
com representantes da sociedade, seja a imprensa,<br />
o governo, comunidades, associações, sobre<br />
temas relevantes para todos, incluindo questões<br />
públicas, sociais e ambientais. Acredito que uma<br />
das qualidades mais importantes do CEO seja<br />
liderar pelo exemplo: nossas atitudes, nossos<br />
comportamentos devem ser consistentes com<br />
os valores e o propósito da empresa. Um segundo<br />
ponto importante, principalmente nos dias<br />
de hoje, é que a sociedade espera dos dirigentes<br />
das empresas uma conduta ética e irrepreensível.<br />
Não menos importante, o CEO deve ter<br />
preocupação genuína com o bem-estar e o desenvolvimento<br />
dos funcionários. E também envolvimento<br />
e liderança em questões importantes<br />
para a sociedade, como a preservação do meio<br />
ambiente e a promoção de práticas ou parcerias<br />
que contribuam para o desenvolvimento das comunidades<br />
em que a empresa atua.<br />
53
Alberto Carvalho,<br />
presidente da P&G<br />
André Salles,<br />
presidente da Brasil Kirin<br />
Qualquer investimento feito pela empresa<br />
tem que ter métricas de ROI, qualquer um. Em<br />
marketing não pode ser diferente. Sempre tem<br />
aquela piadinha, que nós sabemos que 50%<br />
do investimento em marketing é desperdiçado,<br />
apenas não sabemos onde e qual é esse<br />
50%. Hoje em dia isso não é mais verdade. Com<br />
as ferramentas de ROI sabemos exatamente<br />
quanto cada um contribui para a empresa.<br />
Isso facilita a tomada de decisões onde investir.<br />
Principalmente, num momento como este, de<br />
crise, no qual a escolha onde você vai investir<br />
tem que ser muito importante. Estamos investindo<br />
em marketing de maneira forte, mas de<br />
maneira mais inteligente do que fazíamos dois<br />
ou três anos atrás, por usar métricas de ROI em<br />
todos os nossos investimentos, sejam eles digitais,<br />
em TV aberta, na loja ou em programa de<br />
experimentação.<br />
Se queremos agregar valor a uma empresa, o investimento<br />
em marca é fundamental, é crítico,<br />
é o que vai assegurar a longevidade da empresa.<br />
E aí fica a questão da apuração do retorno<br />
do investimento em marcas, porque falamos,<br />
em geral, de um investimento e de construção<br />
de longo prazo dessas marcas. Como quantificar<br />
isso, como entender a mudança nos atributos<br />
que vão lá mexer na saúde da marca num<br />
prazo mais longínquo? Com relação ao retorno<br />
de investimento em marketing, precisamos de<br />
metodologias tão embasadas cientificamente<br />
quanto a mensuração de um retorno de investimento<br />
em ativo fixo. Existem formas para se<br />
fazer isso. Precisamos que os profissionais de<br />
marketing entendam isso, tenham um quê de<br />
financeiro para que saibam analisar profundamente<br />
o PNL de uma marca, saibam mensurar<br />
um investimento em trade marketing, numa<br />
ação de curto prazo, numa grande campanha<br />
que vai adicionar valor à marca a longo prazo.<br />
Nesse sentido, a eficiência do investimento em<br />
marketing tem que ser tão perseguida quanto<br />
nos investimentos em ativos como um todo.<br />
54
55
ABA EM FOCO<br />
Branding@ABA debate os<br />
desafios da era digital<br />
Personalização do contato, uso das redes sociais e <strong>nov</strong>as ferramentas<br />
de marketing são as armas para conquistar a atenção e a preferência<br />
do consumidor<br />
Por Eduardo Mustafa<br />
A atuação do branding se tornou fundamental<br />
para a construção do valor de uma<br />
marca e o mundo digital trouxe <strong>nov</strong>as formas<br />
de relacionamento. O Branding na Era da I<strong>nov</strong>ação<br />
foi o tema principal do Branding@ABA,<br />
realizado no dia 31 de agosto, em São Paulo,<br />
com a presença de representantes de grandes<br />
marcas, agências e veículos. O evento<br />
mostrou diversas formas de abordar os pontos<br />
de contato com o público e maneiras de<br />
gerenciar estrategicamente a comunicação,<br />
proporcionando experiência e diferenciação<br />
ao consumidor.<br />
O uso do big data para a personalização do<br />
contato foi um dos temas abordados, em painel<br />
moderado pelo presidente do comitê de<br />
Branding da ABA, Thiago Silva. Para o gerente<br />
de CRM e produtos da Multiplus, Gustavo Luiz<br />
Araújo, uma grande vantagem da empresa é<br />
poder enxergar o ciclo de compra do participante<br />
em todos os parceiros. “Já conseguimos<br />
impactar o cliente que vai resgatar uma<br />
passagem aérea para Miami com informações<br />
sobre hotéis, locadoras de carros, seguro viagem<br />
etc. A Multiplus foca na experiência do<br />
participante, pois queremos que ele tenha<br />
uma boa navegação e consiga boa resposta<br />
ao entrar no site”, explicou Araújo.<br />
Um dos segredos é conseguir decifrar o<br />
tempo ideal para impactar o usuário a partir<br />
das informações comportamentais, de modo<br />
a construir um relacionamento verdadeiro<br />
com os consumidores. “Muitos anunciantes<br />
só querem saber o quanto vão ter de retorno,<br />
mas a resposta é muito maior do que essa. O<br />
mundo digital é onde você consegue todas as<br />
respostas e em tempo real. As empresas precisam<br />
ir para o mundo C2C”, complementou o<br />
executivo da Multiplus.<br />
Já o gerente da Serasa Experian Marketing<br />
Services, Fernando Rosolem, lembrou<br />
que até pouco tempo atrás o responsável por<br />
mídia e o pessoal de CRM nem almoçavam<br />
juntos e hoje não vivem separados. Ele acre-<br />
56
dita que o erro é olhar só para uma dimensão<br />
do comportamento, afinal, existem aspectos<br />
sociodemográficos que dizem muito a respeito<br />
da pessoa.<br />
Hoje existem muitos dados disponíveis e<br />
complementar as informações de forma 360º<br />
é muito importante para aumentar a assertividade.<br />
“O mundo online é o que as pessoas<br />
querem ser e, muitas vezes, não o que elas<br />
realmente são. Por exemplo, muita gente que<br />
curte Harley-Davidson nas redes sociais não<br />
tem uma moto, pois trata-se de uma marca<br />
aspiracional. Nossa preocupação é saber<br />
mais coisas além do check-in e do like”, afirmou<br />
Rosolem.<br />
Araújo orienta as empresas a tr<strong>aba</strong>lharem<br />
comunicação e assertividade em tempo real<br />
com o cliente, tornando isso um diferencial<br />
da marca. “Precisamos direcionar essa conversa<br />
para conseguir apresentar alternativas<br />
relevantes, se não corremos sérios riscos de<br />
perder esse consumidor. Só que isso mistura<br />
todas as áreas da empresa. O mundo online<br />
é bom por isso, a forma como vamos interagir<br />
muda conforme o desejo dele. Temos que<br />
evoluir nesse sentido”, argumentou.<br />
Todo poder ao consumidor<br />
Segundo Luc Osborne, head de mídia para<br />
a América Latina da Dunnhumby (consultoria<br />
especializada em ciência do consumidor),<br />
19% das pessoas acreditam nos posts de marcas<br />
nas mídias sociais e 14% em websites.<br />
Osborne ressaltou que o modelo tradicional<br />
de comunicação das marcas está sendo desafiado<br />
pela massiva distribuição de conteúdo.<br />
“As pessoas ficam receosas quando as marcas<br />
falam com elas, porque já acreditam que é realmente<br />
uma venda – 83% preferem confiar<br />
nas recomendações de amigos e familiares”.<br />
No YouTube, 90% dos 100 primeiros vídeos<br />
são produzidos por usuários. No TripAdvisor, a<br />
Eduardo Tracanella,<br />
superintendente de marketing<br />
institucional do Itaú<br />
cada minuto são postadas 200 avaliações. No<br />
Instagram, 58 milhões de fotos são publicadas<br />
diariamente. Osborne reforça que os compartilhamentos<br />
dos consumidores abriram uma<br />
grande oportunidade para o marketing.<br />
Ele citou os resultados de pesquisa realizada<br />
entre profissionais da área mostrando<br />
que apenas 14% não tinham a intenção de<br />
usar a influência dessas pessoas nas mídias<br />
sociais, ou seja, 86% usarão essas influências<br />
para divulgar sua marca, produtos e serviços.<br />
No Brasil, um estudo apontou que 77% das<br />
decisões de compra dos brasileiros são influenciadas<br />
pelo seu meio social. “Esta é uma<br />
estatística significativa para entender quem<br />
é o consumidor do país”, disse Osborne, que<br />
contou com o consultor Marcos Hiller como<br />
moderador de sua apresentação.<br />
O empoderamento do consumidor e os<br />
desafios de gerir marcas em tempos de profundas<br />
mudanças reuniu os líderes de marketing<br />
da J&J, José Cirilo, e do McDonald´s, João<br />
Branco, com moderação de Igor Puga, da<br />
DM9DDB. A Johnson’s adotou <strong>nov</strong>a estrutura<br />
de marketing há dois anos, para priorizar alguns<br />
produtos dentro das 24 categorias que<br />
compõem o portfólio da empresa.<br />
“Os resultados mostram que estamos no<br />
caminho certo e mais presentes na vida dos<br />
brasileiros. Subimos de 25% para 89% de<br />
57
José Cirilo, da J&J, e<br />
João Branco, do McDonald’s<br />
população atingida de dois anos para cá. Aumentamos<br />
de 69% para 78% a penetração<br />
nos lares brasileiros. E passamos a ser líderes<br />
em 12 categorias em que competimos”, informou<br />
Cirilo.<br />
Uma das mudanças realizadas no departamento<br />
de marketing foi a contratação de profissionais<br />
mais técnicos e com amplo conhecimento<br />
do mercado nacional. “Passamos da<br />
mentalidade de caçador para a de pescador.<br />
Quando lançávamos um produto eu caçava o<br />
consumidor em todos os canais e não deixava<br />
ele escapar da mensagem. Hoje criamos conteúdo<br />
para trazê-lo para dentro dos canais na<br />
primeira fisgada. Depois é preciso <strong>nov</strong>amente<br />
tr<strong>aba</strong>lhar para ele ficar e consumir”, explicou.<br />
Atualmente são 35 milhões de consumidores<br />
que usam os produtos da companhia<br />
todos os dias e o objetivo é chegar aos 100<br />
milhões até 2020. O Brasil é a segunda maior<br />
operação da J&J em consumo no mundo, só<br />
atrás dos Estados Unidos.<br />
“Chegamos à conclusão de que conteúdo<br />
é o melhor jeito de trazer o consumidor.<br />
Hoje, a forma de se conectar mudou, pois ele<br />
é disperso. O consumidor brasileiro tornou-se<br />
multitela. Por isso, precisamos nos adaptar a<br />
essa característica de comunicação, para atingi-lo<br />
com eficiência”, alertou Cirilo.<br />
Novas ferramentas<br />
O diretor de marketing da J&J revelou que<br />
a mídia programática se tornou fundamental<br />
para o negócio. A empresa passou de 2%<br />
de investimento no digital para 20% em dois<br />
anos. “A TV ainda é muito importante e relevante<br />
para nós, pois precisamos da penetração<br />
de 98% da TV nos lares do Brasil. Realmente<br />
acreditamos no potencial do digital”.<br />
João Branco, diretor de marketing do Mc-<br />
Donald´s, reforçou a importância do CRM<br />
para fidelizar e conquistar o consumidor. A<br />
rede de restaurantes é líder em refeições fora<br />
de casa, com share entre 6% e 7%, percentual<br />
que caracteriza um mercado muito pulverizado.<br />
“A forma de comunicar precisa ser<br />
ainda mais precisa, afinal, consigo endereçar<br />
mensagens para pessoas que comem fora de<br />
casa e não no McDonald´s. Por outro lado,<br />
consigo atingir o consumidor que adora Big<br />
Mac. Em tempos de crise fica mais fácil crescer<br />
por frequência, e não por penetração”,<br />
apontou Branco.<br />
Na operação brasileira da empresa o departamento<br />
de marketing conta apenas com<br />
cinco profissionais. A mudança realizada nos<br />
últimos anos foi conceituada na forma de<br />
pensar e de se capacitar para atingir esse consumidor.<br />
“Passamos por um desenvolvimento<br />
profundo de capacitação no digital e de tr<strong>aba</strong>lho<br />
com agências sobre métricas e planos.<br />
A mudança está na forma de pensar”, complementou.<br />
O McDonald´s vende quase mil hamburguers<br />
por minuto no país e o grande desafio<br />
está em aumentar ainda mais as vendas. Ao<br />
final, Branco lançou uma provocação à audiência:<br />
“Se eu tivesse toda a atenção do mundo<br />
do meu consumidor, o que diria para ele?<br />
Alguém sabe a resposta?”, desafiou.<br />
58
Como aproveitar o melhor do<br />
digital para construção de marca<br />
No encerramento do Branding@ABA,<br />
o público pôde acompanhar a sinergia<br />
entre Malu Lopez, diretora de negócios<br />
do Facebook, e Daniela Cachich, ex-vice<br />
-presidente de marketing da Heineken e<br />
atualmente vice-presidente de marketing<br />
da Pepsico. A interação e cumplicidade<br />
entre as duas eram muito claras ao<br />
apresentarem o sucesso do lançamento<br />
da Amstel via mobile e redes sociais. Foi<br />
a primeira vez que uma marca de cerveja<br />
apostou nessa estratégia para entrar no<br />
mercado.<br />
“Fugimos do padrão na promoção de<br />
uma marca de cerveja popular no País. Boa<br />
parte da concorrência objetifica a mulher<br />
para vender esta categoria, principalmente<br />
no segmento de massa. Para nós, o mobile<br />
foi um universo i<strong>nov</strong>ador para explorar o<br />
conteúdo”, disse Daniela sobre o processo<br />
de criação da campanha.<br />
Outro ponto bastante destacado pela dupla<br />
foi a parceria entre cliente, agência e plataforma.<br />
A equipe de criação tr<strong>aba</strong>lhou unida,<br />
para que a campanha pudesse alcançar seu<br />
Malu Lopez, do Facebook, e<br />
Daniela Cachich, ex-Heineken<br />
potencial máximo em todas as áreas. “Deve<br />
haver humildade do lado do anunciante para<br />
entender o que a ferramenta tem para oferecer<br />
e, assim, aproveitá-la da melhor maneira<br />
possível”.<br />
Os grandes desafios do mundo digital estão<br />
nas inúmeras possibilidades de explorar<br />
meios como o Facebook, entre outras plataformas.<br />
“O mobile não é um meio, mas um<br />
comportamento. A tela do celular está mais<br />
próxima do consumidor”, disse Malu, ao ressaltar<br />
que o mundo digital permite interação<br />
com o público. “Isto é um ingrediente primordial<br />
para o sucesso de uma marca”, finalizou.<br />
Conteúdo e integração: como fazer dar certo<br />
Os desafios de unir empresas de culturas<br />
diferentes e fazer a comunicação de maneira<br />
que nem os clientes, nem os colaboradores se<br />
sintam excluídos foi o tema debatido no painel<br />
“Rebranding no setor financeiro”. Contaram<br />
suas experiências e preocupações em relação<br />
ao processo de rebranding de uma instituição<br />
financeira o superintendente de marketing<br />
institucional do Itaú, Eduardo Tracanella; diretora<br />
do Santander Esfera, Paula Nader; e a<br />
executiva da área de i<strong>nov</strong>ação do Bradesco Renata<br />
Petrovic. Daniella Bianchi, da Interbrand,<br />
moderou a discussão.<br />
Em relação às dificuldades de excluir a<br />
marca HSBC após a compra pelo Bradesco, Renata<br />
contou que o cuidado com os clientes é<br />
primordial em todas as etapas. “O maior desafio<br />
está em preservar o relacionamento com<br />
os clientes, sobretudo aqueles que possuem<br />
alta renda. Nosso tr<strong>aba</strong>lho é mostrar que,<br />
além dos serviços já adquiridos no HSBC, eles<br />
encontrarão benefícios na integração com o<br />
Bradesco”.<br />
Já Eduardo Tracanella ressaltou que, apesar<br />
de a logomarca continuar como Itaú, este<br />
já não é como antes da fusão com o Unibanco.<br />
“A grande transformação foi do ponto de vista<br />
de cultura. De um lado tínhamos paulistas<br />
mais racionais; do outro, cariocas com um instinto<br />
mais humano, focado no relacionamento.<br />
O grande desafio foi achar um meio termo.<br />
Quando cuidamos de marcas, precisamos de<br />
59
Cota Ouro<br />
Cota Prata<br />
Cota Bronze<br />
Cota Apoio Welcome<br />
Uol<br />
Cota Apoio Coffee Break Manhã<br />
Heineken<br />
Millward Brown<br />
Cota Apoio Almoço<br />
Facebook/Instagram<br />
Cota Apoio Almoço<br />
Ipsos<br />
Cota Apoio Coffee Break Tarde<br />
Google<br />
Apoio<br />
ESPM<br />
Granza<br />
In Press | Porter Novelli<br />
MIB Brasil<br />
The Heart Corporation<br />
The Group<br />
Parceiros de Mídia – SP<br />
Adnews<br />
Alpha FM<br />
Carta Capital<br />
GoAd Media<br />
Imprensa Editorial<br />
Kiss FM<br />
Meio & Mensagem<br />
Propmark<br />
Rádio Estadão<br />
Record News<br />
Revista Marketing<br />
Revista Propaganda<br />
Top FM<br />
grandes fatos para sermos diferentes. Pensamos<br />
sobre o que elas eram e o que queríamos<br />
que elas fossem”.<br />
O processo de reposicionamento é desgastante<br />
e gera muitas dúvidas sobre as decisões<br />
que devem ser tomadas. Segundo Paula<br />
Nader, relembrando a integração Santander/<br />
Real, a solução para esses impasses é escolher<br />
o caminho de cultura e tomar decisões sem<br />
sofrer. “Se você decidiu, siga em frente. Matou,<br />
morreu, enterra, viva a fase do luto, sofra<br />
pela memória e a vida que segue. O que atrapalha<br />
é a viuvez. O luto tem que ser com respeito,<br />
colaboração. O ponto bom é quando as<br />
pessoas começam a falar em herança. Trocar<br />
o que ‘perdeu’ pelo que ‘ganhou’ ”.<br />
Marcas com conteúdo<br />
O marketing de conteúdo como ferramenta<br />
para construir sua identidade e buscar a<br />
identificação do público reuniu Lucas Mello,<br />
fundador e CEO da LiveAD, Paulo Lima, fundador<br />
e presidente da Trip Editora, e Rodrigo<br />
Flores, diretor de conteúdo do UOL. Com<br />
moderação de Fernando Diniz, da DPZ&T, eles<br />
protagonizaram um debate permeado pela<br />
presença da verdade nas ações das marcas.<br />
“A publicidade desconsiderou esse conceito,<br />
que é super i<strong>nov</strong>ador nos dias de hoje. A<br />
audiência está conectada e apura a verdade”,<br />
destacou Lucas Mello, que apresentou exemplos<br />
de como trazer esses conceitos para o<br />
marketing de conteúdo, entre eles a ação da<br />
Sadia com o chef Jamie Oliver.<br />
Paulo Lima, da Trip, apresentou tr<strong>aba</strong>lho<br />
feito pela Trip para a C&A: um vídeo com uma<br />
ex-colaboradora da companhia que decidiu<br />
abrir mão de seu alto cargo para ocupar um<br />
menor e ter mais tempo para se dedicar a sua<br />
filha. “Hoje a mulher tem que ser magra, bonita,<br />
bem-sucedida e cuidar dos filhos. E isso<br />
não existe, a verdade é bem outra. Foi isso<br />
que mostramos”.<br />
Rodrigo Flores ressaltou a importância de<br />
conectar as pessoas, para que elas se identifiquem<br />
com uma marca, uma causa. “Este é um<br />
desafio de verdade, criar uma conexão com as<br />
pessoas para fazê-las compartilhar”.<br />
60
ABA EM FOCO<br />
Transformação, medição e<br />
superação: os desafios<br />
apresentados pelo ABA Mídia<br />
Orlando Lopes, do Kantar<br />
Ibope Media, e Heródoto<br />
Barbeiro, da Record News<br />
Por Eliane Pereira<br />
61
Julia Lamaison, media<br />
research & insight director<br />
62<br />
da GfK
63
64<br />
Vijay Rao, da AOL
65
ABA EM FOCO<br />
Adblockers, prejuízo para<br />
marcas e publishers<br />
O uso de bloqueadores de publicidade online cresce<br />
exponencialmente no Brasil e no mundo, mas o mercado se<br />
mobiliza para neutralizar ou, ao menos, amenizar os efeitos<br />
dessa prática<br />
Por Eduardo Mustafa<br />
O mundo digital vive um momento conturbado<br />
em se tratando de publicidade online.<br />
De um lado estão os internautas que não<br />
querem ser impactados por anúncios intrusivos.<br />
Do outro, publishers e anunciantes, que<br />
enfrentam uma grande dor de cabeça porque<br />
estão perdendo receita substancial e, frequentemente,<br />
não têm a simpatia de usuários<br />
que ficam irritados com alguns anúncios.<br />
No meio dessa conversa está o advento<br />
dos bloqueadores de anúncios (ou adblockers),<br />
um dos assuntos mais discutidos pelo<br />
mercado nos últimos tempos. O tema permeou<br />
um dos painéis do ABA Mídia <strong>2016</strong>,<br />
realizado em 22 de setembro, em São Paulo.<br />
Os bloqueadores são uma extensão gratuita<br />
para os principais navegadores da web<br />
(Chrome, Firefox, Explorer, Safari, Opera,<br />
Apple Webkit, Maxthon e Yandex). Ao adicionar<br />
o adblocker às extensões do navegador,<br />
a maioria das modalidades de anúncios é<br />
identificada e automaticamente bloqueada<br />
durante o carregamento da página, de<br />
maneira que os anúncios não sejam exibidos<br />
para o usuário, somente o conteúdo.<br />
É possível adicionar ou retirar anúncios da<br />
lista de filtrados (bloqueados), como também<br />
utilizar a configuração de bloqueio<br />
total de propaganda.<br />
Por que a rejeição?<br />
Um estudo realizado pela consultoria Research<br />
Now revelou os motivos pelos quais<br />
os usuários optam por usar bloqueadores de<br />
publicidade online. A principal razão para o<br />
descontentamento são os anúncios intrusivos<br />
e forçados – só no Brasil, 64% dos ent<strong>revista</strong>dos<br />
apontaram esse fator. Além disso,<br />
quando questionados sobre quais formatos<br />
66
são os mais intrusivos, 46% dos usuários com<br />
bloqueadores instalados indicaram o pre-roll.<br />
A pesquisa também deixa clara a aversão<br />
aos anúncios pop-up, com 85% dos ent<strong>revista</strong>dos<br />
aderindo aos bloqueadores para remover<br />
esse tipo de propaganda. No levantamento,<br />
86% afirmaram que reconsiderariam a<br />
opção dos bloqueadores se pudessem fechar<br />
ou ignorar a propaganda.<br />
Para ajudar anunciantes e publishers, o<br />
IVC lançou, no final do ano passado, um serviço<br />
para detectar usuários de sites brasileiros<br />
que usam adblockers. Chamado AdBlock<br />
Detector, o produto foi desenvolvido pelo<br />
próprio IVC, em parceria com a Alliance for<br />
Audited Media (AAM), seu equivalente nos<br />
Estados Unidos. O objetivo é informar os veículos<br />
sobre a interferência na visualização de<br />
campanhas publicitárias em seus sites.<br />
A partir de uma tag própria desenvolvida<br />
pelo IVC, um detector verifica se o browser<br />
do visitante da página bloqueia ou não anúncios.<br />
A tag é um código instalado nas páginas<br />
web para coletar dados sobre todos os acessos.<br />
Esta tecnologia identifica também qual<br />
dispositivo (computador, smartphone ou tablet)<br />
está sendo usado, assim como sistema<br />
operacional, geolocalização e horário.<br />
Como driblar os adblockers<br />
O presidente do IVC, Pedro Silva, alerta<br />
que o nível de adblocking está relacionado<br />
com a tecnologia utilizada e o perfil sociodemográfico<br />
do usuário. “Descobrimos que<br />
tem site com um terço do seu inventário<br />
indisponível. Estamos monitorando o mercado<br />
e vimos uma redução de adblocking a<br />
partir de maio de <strong>2016</strong>. Isso aconteceu por<br />
que vários players detectaram essa tendência<br />
crescente e perceberam que não poderiam<br />
continuar se escondendo do problema.<br />
Vários websites adotaram estratégias para<br />
eliminar o bloqueio e percebemos uma queda<br />
em todo o ecossistema. Isso ainda é uma<br />
tendência, não confirmada em números<br />
concretos. Mas, pelas análises, enxergamos<br />
isso”, acredita Silva.<br />
Pedro Silva, presidente<br />
do Instituto Verificador<br />
de Comunicação<br />
A porcentagem dos usuários de bloqueadores<br />
varia de site para site, dependendo<br />
do alvo. Os que abordam games têm uma<br />
taxa maior de usuários de adblockers do que<br />
outros canais. O estudo conduzido pela PageFair<br />
indica que sites de jogos são os mais<br />
afetados pelos bloqueadores de propaganda,<br />
com 27%. Depois vêm as redes sociais<br />
(19%), sites sobre tecnologia e educação<br />
(17%) e esportes (16%).<br />
No UOL, um dos maiores portais do Brasil,<br />
o maior impacto do bloqueio de anúncios<br />
é na homepage, com 60% de impacto<br />
no inventário, revela o managing director<br />
André Vinicius. Os canais internos representam<br />
cerca de 40% de anúncios bloqueados.<br />
“Nosso posicionamento é de não nos opormos<br />
ao adblock. Não deixamos de oferecer<br />
qualquer tipo de conteúdo para a nossa audiência<br />
porque ela usa bloqueador. Nossa<br />
credibilidade conta muito nessa questão:<br />
4% da audiência UOL utiliza adblocker. Na<br />
internet, são 21%”, argumenta Vinicius.<br />
Entre as iniciativas do UOL para melhorar<br />
a questão de publicidade intrusiva está<br />
a realização constante de pesquisas com a<br />
audiência que utiliza bloqueadores. O objetivo<br />
é entender a relação do internauta com<br />
os anúncios. “Também criamos um manual<br />
para ativar o whitelist e um de boas práticas<br />
para os anunciantes. Essas iniciativas renderam<br />
um crescimento de 73% na adoção do<br />
usuário na whitelist de maio para agosto de<br />
<strong>2016</strong>. A audiência entende a importância do<br />
anúncio e quer contribuir com a sustentabilidade”,<br />
acredita Vinicius.<br />
67
Adblockers x players de mídia digital<br />
A ferramenta mais popular de filtragem de<br />
publicidade online, o AdBlock Plus, anunciou<br />
recentemente a expansão do seu programa<br />
de “anúncios aceitáveis”. O recurso foi criado<br />
para barrar apenas a publicidade mais invasiva<br />
e deixar passar os banners menores, mais<br />
discretos e considerados menos irritantes.<br />
Apesar de controverso, o AdBlock Plus<br />
disponibiliza uma loja que permite que os<br />
players comprem e escolham uma lista de<br />
anúncios aceitáveis que poderão ser exibidos<br />
em sua página. O objetivo é facilitar a mediação<br />
com veículos, anunciantes e redes de<br />
publicidade. Os anunciantes podem simplesmente<br />
entrar na loja, realizar um cadastro,<br />
selecionar os anúncios que poderão exibir e<br />
fazer as alterações no código da página.<br />
O AdBlock Plus reforça que, mesmo assim,<br />
sua plataforma vai continuar barrando o<br />
que for mais abusivo e invasivo. Os banners<br />
oferecidos por meio da plataforma deverão<br />
ter dimensões limitadas, devem ficar em partes<br />
específicas das páginas e não podem rastrear<br />
os usuários do site.<br />
A Forbes, <strong>revista</strong> de negócios e economia,<br />
passou a bloquear usuários que utilizam ferramentas<br />
de adblocking. A Folha de S.Paulo<br />
começou a utilizar a mesma estratégia, mas<br />
em poucos dias surgiu o Anti Adblock Killer.<br />
Os players de mídia não concordam em comprar<br />
das empresas que fornecem os adblockers<br />
e os anti-adblockers, pois isso alimenta<br />
um eterno jogo de gato-rato. Mas o fato é que<br />
não tem volta: para cada bloqueador existirá<br />
um “desbloqueador” ao alcance dos leitores<br />
que se sentem incomodados com banners.<br />
“Quando penso em publicidade online intrusiva,<br />
um dos pontos que sempre me chamou<br />
atenção no passado foi o pop-up. Foi<br />
algo que sofremos como usuários e também<br />
como anunciantes. Era muito utilizado e, realmente,<br />
em alguns casos passava dos limites.<br />
O tempo passou e evoluímos. Na minha opinião,<br />
o mais importante é sempre ter o usuário<br />
no centro da discussão”, analisa Henrique<br />
Belmonte, gerente de mídia da Telefônica<br />
Vivo e vice-presidente do Comitê de Mídia<br />
da ABA.<br />
A liberdade de expressão da audiência, ou<br />
seja, a escolha por usar ou não o bloqueador<br />
de anúncio dentro do portal, é muito respeitada<br />
no UOL, garante o managing diretor<br />
André Vinícius. “A maneira de resolver essa<br />
questão não é restringindo conteúdo para o<br />
usuário. Estamos falando de um problema<br />
global que afeta os principais mercados e não<br />
vejo nenhum outro cenário mundo afora mais<br />
evoluído que o nosso”, aponta.<br />
Para ele, o prejuízo do adblocking, primordialmente,<br />
está no publisher e se reflete em<br />
dois pontos: detrimento futuro ao anunciante<br />
e pressão diária dos anunciantes na busca<br />
por eficiência, melhorias e resultados perante<br />
os publishers. “Encontrar o balanço saudável<br />
do dilema ainda é bem complicado”,<br />
finaliza Vinícius.<br />
68
69
ABA EM FOCO<br />
O mercado bilionário das<br />
fraudes cibernéticas<br />
Por Eduardo Mustafa<br />
Podemos considerar fraude digital algo<br />
que simula o comportamento humano sem<br />
ser detectado. É preciso ficar atento, pois<br />
trata-se de um inimigo invisível, que ataca<br />
marcas de todos os setores. O mercado<br />
norte-americano estima perdas entre US$ 6<br />
bilhões a US$ 8 bilhões por ano, o equivalente<br />
a aproximadamente um terço do mercado<br />
de publicidade digital, de acordo com<br />
o estudo The Bot Baseline, da Association of<br />
National Advertisers.<br />
São bilhões de dólares investidos em publicidade<br />
que nunca tornaram públicas as<br />
mensagens desejadas porque não atingiram<br />
pessoas ou porque elas nem sequer foram<br />
vistas. A fraude digital precisa ser acompanhada<br />
de perto, pois diminui os resultados<br />
dos anunciantes, reduz postos de tr<strong>aba</strong>lho<br />
e limita a capacidade de faturamento dos<br />
veículos.<br />
A fraude robótica é o mais lucrativo crime<br />
cibernético, alerta o consultor de desenvolvimento<br />
de negócios da Tomorr\\\ Américas,<br />
Luiz Kroeff, que participou de painel<br />
sobre o tema no ABA Mídia, realizado em<br />
setembro. “Estamos procurando replicantes.<br />
Este é o tr<strong>aba</strong>lho ao combater o adfraud:<br />
separar o que é um clique sintético e<br />
o que é humano”, disse Kroeff.<br />
Para o consultor, a maioria dos anunciantes<br />
não está lidando de maneira correta<br />
com essa questão, até porque não é um<br />
assunto fácil. “Os autores destas fraudes<br />
são gangues organizadas que se sustentam<br />
da indústria da propaganda. Eles atuam em<br />
todas as mídias digitais – 23% em vídeo,<br />
19% em retargeting, 18% em mobile, 17%<br />
em programática e 11% em display. Os bots<br />
estão ativos em todo o mundo. Para se ter<br />
uma ideia, 30% dos computadores domésticos<br />
nos Estados Unidos estão infetados por<br />
malwares”, lembrou Kroeff.<br />
Como se prevenir<br />
Na companhia aérea Latam, por exemplo,<br />
percebeu-se um volume de visitas bastante<br />
alto no site em relação aos dos concorrentes.<br />
Contudo, o bouncing rate alcançava<br />
mais de 70%. “Vimos que esse tráfego estava<br />
vindo de um de nossos afiliados, sendo<br />
70
que grande parte dessas visitas gerava zero<br />
conversão. Cortamos todos os sites que geraram<br />
zero visitas e, no mês seguinte, elas<br />
caíram 70%. Mas não houve impacto em<br />
conversão ou receita”, conta Renata Safe,<br />
gerente de e-commerce na Latam, durante<br />
um painel sobre o tema organizado pelo Interactive<br />
Advertising Bureau (IAB Brasil).<br />
Já a Unilever busca fazer o investimento<br />
em marca com 100% de retorno. A companhia<br />
optou por acompanhar de perto os<br />
resultados de publicidade digital para evitar<br />
perdas. “Temos meta para checar tudo o<br />
que é entregue e perseguimos esse objetivo<br />
o tempo todo. Em digital, precisamos dos<br />
grandes números, mas nem sempre eles são<br />
mais interessantes. Por exemplo, hoje aceitamos<br />
35% de entrega de não-viewability,<br />
mas pagamos mais pela impressão de qualidade”,<br />
comenta Marco Frade, diretor de mídia<br />
da empresa e membro do Comitê de Mídia<br />
da ABA. Diante de um desafio que custa<br />
bilhões de dólares à indústria global anualmente,<br />
Paris Piedade, diretor de plataforma<br />
tecnológica da TV Globo e presidente do<br />
comitê de combate à fraude do IAB Brasil,<br />
reforça que o combate a essa prática deve<br />
Luiz Kroeff, consultor<br />
de desenvolvimento de<br />
negócios da Tomorro\\\<br />
ser constante. Em três passos, o executivo<br />
recomenda como empresas dos diversos setores<br />
podem elaborar estratégias para uma<br />
compra mais segura.<br />
Em primeiro lugar, exija transparência,<br />
saiba onde a publicidade foi rodada e para<br />
onde foi o dinheiro. Em segundo, deve-se<br />
analisar mais de uma dimensão. “Não olhe<br />
só o custo de conversão ou só o clique.<br />
Quando olhamos mais de uma métrica, é<br />
mais fácil encontrar desvios”, ensina. E, por<br />
fim, siga seu dinheiro. “Saiba para onde está<br />
indo cada centavo, porque o dinheiro investido<br />
em fraude não dá retorno”.<br />
71
Quando a publicidade erra o alvo<br />
Ações fraudulentas não são a única dor<br />
de cabeça para quem tr<strong>aba</strong>lha com publicidade<br />
digital. O tráfego inválido também gera<br />
perdas gigantescas. Segundo a comScore, a<br />
média de impressões dos anúncios que acertaram<br />
o target na América Latina foi de 37%,<br />
sendo que na América do Norte esse número<br />
alcança 43%.<br />
“Grande parte das impressões contabilizadas<br />
pelo lado do ad server são entregues<br />
através de tráfego inválido ou anúncios não<br />
visíveis, distorcendo medições posteriores.<br />
Este problema é específico do setor digital e<br />
gera inconvenientes quando se trata de mostrar<br />
o valor das impressões digitais em relação<br />
a outras mídias”, explica Luciana Burger,<br />
da comScore Brasil.<br />
O Interactive Advertising Bureau (IAB)<br />
avalia que 36% do tráfego online pode ser<br />
inválido – conceito que abrange tanto fraudes<br />
humanas como tecnológicas (robôs). As<br />
compras diretas de publicidade online apresentam<br />
maior visibilidade de tráfego inválido<br />
do que as programáticas, de acordo com a<br />
comScore.<br />
Os sites não premium, ou seja, aqueles<br />
que publicam conteúdo de terceiros, alcançam<br />
cerca de 25% de tráfego inválido. Já os<br />
premium – que sabem de onde vem o conteúdo<br />
e as páginas que fazem parte do seu site<br />
– registram cerca de 5% de tráfego inválido.<br />
David Fischer, vice-presidente mundial de<br />
parcerias de negócios e marketing do Facebook,<br />
informou, em carta aos clientes, que o<br />
sistema que mede a audiência de vídeo deveria<br />
considerar o tempo gasto na visualização<br />
dividido pelo número total de pessoas que<br />
acessaram o conteúdo. Em vez disso, calculou-se<br />
o tempo total gasto dividido somente<br />
pelo número de visualizações. Nos Estados<br />
Unidos, grandes anunciantes e agências cobraram<br />
mais explicações da rede social.<br />
Assim que a falha veio à tona, o Facebook<br />
procurou Erica Campbell, diretora de mídia<br />
da L’Oréal e presidente do Comitê de Mídia<br />
da ABA, para esclarecimentos e a entidade<br />
imediatamente repassou o comunicado a<br />
seus associados. Segundo Erica, uma vez que<br />
o ocorrido não impactou no faturamento das<br />
ações de mídia, e sim em eventuais acordos<br />
de remuneração individuais, não cabe à associação<br />
intervir no caso.<br />
“A falha na métrica de duração média de<br />
visualização de vídeo do Facebook reforça a<br />
importância de anunciantes e agências compreenderem<br />
profundamente o ambiente de<br />
mídia, seja ele digital ou não, além da necessidade<br />
de transparência nos dados e da abertura<br />
para verificação destes por terceiros”,<br />
comenta Erica.<br />
Métricas e o caso Facebook<br />
Às vezes o problema não é gerado nem<br />
por má-fé (caso das fraudes) nem por dispersão,<br />
mas por distorção das métricas. Este<br />
foi um problema que o Facebook precisou<br />
enfrentar recentemente. Em setembro, a<br />
rede social emitiu um comunicado pedindo<br />
desculpas por ter errado nas medições de<br />
audiência dos anúncios em formato de vídeo.<br />
Segundo reportagem do The Wall Street<br />
Journal, a média de tempo gasto em visualizações<br />
de vídeos estava superestimada entre<br />
60% e 80%.<br />
72<br />
Luciana Burger, da comScore
73
ABA EM FOCO<br />
Eventos marcam<br />
presença nacional da ABA<br />
ABA Midia, Brasília<br />
Em <strong>2016</strong>, a ABA estendeu a realização de eventos regionais. Pela<br />
primeira vez, Porto Alegre e Belo Horizonte tiveram edições locais<br />
do ABA Mídia e do ABA Comunicação Digital, respectivamente.<br />
“Estamos ampliando nossa atuação para aproximar ainda mais<br />
os associados dos debates que tratam de temas extremamente<br />
relevantes, tanto local quanto nacionalmente”, afirma a presidente<br />
da ABA, Juliana Nunes. Para 2017, a expectativa é promover mais<br />
iniciativas desse tipo. Confira os destaques dos eventos (com a<br />
logística liderada por Márcia Santos) realizados no Rio de Janeiro,<br />
Brasília e Porto Alegre<br />
10 de março 6 de abril<br />
ABA Insights | Rio de Janeiro<br />
A palestra do economista Sergio Besserman<br />
Vianna, ex-presidente do IBGE e presidente<br />
do Instituto Pereira Passos, sobre o cenário<br />
macroeconômico do Brasil, abriu o evento.<br />
O encontro também tratou de crise, análise<br />
de mercado e tomada de decisão, longevidade,<br />
marcas que fazem a diferença na vida<br />
dos consumidores, futuro das agências, <strong>nov</strong>as<br />
audiências e <strong>nov</strong>os hábitos de consumo<br />
de mídia e celebridades. Participaram das<br />
discussões a diretora comercial da Kantar<br />
World Panel, Christine Pereira; a CEO da<br />
Millward Brown, Valkiria Garré; a CMO da<br />
L’Oréal, Paula Costa; o sócio-diretor de criação<br />
da Pereira&O´Dell, Marcio Callage; e o<br />
diretor geral da GfK Brasil, Flavio Ferrari, entre<br />
outros.<br />
ABA Petrobras de Comunicação<br />
Digital | Rio de Janeiro<br />
Os impactos dos Jogos Rio <strong>2016</strong> foram o<br />
tema de abertura do evento, que teve como<br />
debatedores o CEO da Gael, Gaetano Lops; o<br />
coordenador de estratégia de comunicação<br />
da prefeitura do Rio, Rafael Lisboa; e o diretor<br />
de esportes do Twitter no Brasil, Luan<br />
Knaya. O sócio da Tomorro\\\ de Nova York,<br />
Demian Waldman, apresentou as oportunidades<br />
proporcionadas pela tecnologia. Ainda<br />
foram discutidas soluções para lidar com<br />
as <strong>nov</strong>as demandas digitais e seu impacto<br />
no modelo de negócios das agências, vídeo<br />
como um <strong>nov</strong>o caminho de engajamento, o<br />
desafio de construir marca e perenizar os<br />
aplicativos e os atuais desafios dos profissionais<br />
de marketing.<br />
74
5 de maio 4 de outubro<br />
ABA Mídia | Brasília<br />
O encontro teve início com a palestra do consultor<br />
de learning e insights do Kantar Ibope<br />
Media, Thiago Magalhães, sobre as principais<br />
tendências do mercado para <strong>2016</strong> do ponto<br />
de vista midiático. Também foram discutidos<br />
os desafios para o setor de TV por assinatura,<br />
com apresentação da gerente de pesquisa e<br />
inteligência de mercado da Globosat, Giani<br />
Scarin. O evento contou ainda com debates<br />
sobre comunicação e inteligência preditiva e<br />
mídia programática.<br />
16 de junho<br />
ABA Marketing Cultural | Rio de Janeiro<br />
O terceiro evento carioca da ABA em <strong>2016</strong><br />
reuniu especialistas para discutir critérios<br />
para escolha de projetos culturais, legislação<br />
de incentivo e identidade das marcas no<br />
mundo da cultura. Participaram representantes<br />
do Instituto Cultural Cidade Viva, da BFV<br />
Cultura e Esporte e do Instituto Tomie Ohtake,<br />
entre outros.<br />
ABA Mídia | Porto Alegre<br />
O ABA Mídia na capital gaúcha apresentou<br />
cases de marcas nacionais com estratégias<br />
para o mercado local. Participaram representantes<br />
de Walmart, Fiat e Grupo RBS. Marcas<br />
nascidas no Sul, como Renner e Tramontina,<br />
também relataram suas estratégias e aprendizados<br />
ao se tornarem nacionais.<br />
19 de outubro<br />
ABA Esportes | Rio de Janeiro<br />
Terminada a Olimpíada, foi a hora de avaliar<br />
o desempenho dos patrocinadores na Rio<br />
<strong>2016</strong>. Participaram do debate representantes<br />
de Bradesco, P&G e McDonald’s. A diretora<br />
de marketing e produto dos canais SporTV,<br />
Bianca Maksud, levou informações sobre a<br />
maior transmissão esportiva da TV brasileira.<br />
O evento terminou com apresentação do<br />
head de parcerias em esportes do Twitter,<br />
Luan Knaya, que falou sobre a força do social<br />
na experiência olímpica.<br />
15 de setembro<br />
ABA Comunicação Digital | Brasília<br />
A palestra do diretor de marketing de produtos<br />
do Facebook, Eduardo Villalba, abriu<br />
o evento. No mesmo dia, foram apresentados<br />
os segredos para o planejamento de<br />
uma boa campanha digital, com palestra do<br />
sócio e diretor de <strong>nov</strong>os negócios da Logan,<br />
Marco Scabia. Os participantes também puderam<br />
conhecer melhor o perfil dos usuários<br />
de smartphones no Brasil, apresentado pelo<br />
head de analytics e i<strong>nov</strong>ação da Kantar Insights,<br />
Mauro Fusco.<br />
Fernando Portella, presidente do<br />
Instituto Cultural Cidade Viva, no<br />
ABA Marketing Cultural Rio<br />
75
76
77
ABA EM FOCO<br />
ABA participa do maior encontro<br />
de anunciantes do mundo<br />
Conferência anual da<br />
WFA debateu temas como<br />
adblocking e ad fraud<br />
Pela primeira vez a WFA - Global Marketer Week foi realizada no Sudeste<br />
Asiático, por conta do crescimento acelerado da região<br />
Por Eliane Pereira<br />
As transformações provocadas pela tecnologia,<br />
a questão dos bloqueadores de<br />
anúncios (adblockers) e das fraudes em campanhas<br />
digitais (ad fraud), além de i<strong>nov</strong>ação<br />
nos negócios e nas abordagens ao consumidor<br />
foram alguns dos principais temas discutidos<br />
na última edição da Global Marketer<br />
Week, realizada pela WFA entre os dias 15 e<br />
18 de março, na cidade de Kuala Lumpur, capital<br />
da Malásia.<br />
A presidente executiva da Associação Brasileira<br />
de Anunciantes (ABA), Sandra Martinelli,<br />
que é membro do Conselho Executivo<br />
da WFA, teve participação especial na sessão<br />
National Association Council, que reúne<br />
as associações de todo o mundo. Em sua<br />
apresentação, ela detalhou as estratégias da<br />
entidade em busca de <strong>nov</strong>os caminhos para<br />
expansão, tanto em termos de associados<br />
quanto em engajamento e criação de valor<br />
(leia mais à pág. 84).<br />
Esta foi a primeira vez que a World Federation<br />
of Advertisers (WFA), em conjunto com a<br />
Malaysian Advertising Association (MAA), realizou<br />
seu evento anual no Sudeste Asiático.<br />
A escolha do local é emblemática. Atualmente<br />
a região corresponde a quase 30% do total<br />
global de investimento publicitário, à frente<br />
da Europa (com 27% em 2015).<br />
As estimativas são de que a Ásia-Pacífico<br />
em breve ultrapasse a fatia da América do<br />
Norte (que foi de 31,8% dos investimentos<br />
publicitários globais em 2015), já que mercados<br />
em rápido crescimento, como China,<br />
Indonésia, Vietnam, Tailândia e Malásia, oferecem<br />
grandes oportunidades para marcas<br />
globais, ao mesmo tempo em que o mundo<br />
testemunha o surgimento de grandes marcas<br />
regionais.<br />
A Global Marketer Week acontece numa<br />
cidade diferente a cada ano – em 2017 será<br />
em Toronto, no Canadá –, sempre reunindo<br />
alguns dos mais importantes executivos de<br />
marketing do mundo para compartilhar experiências<br />
e desafios.<br />
Na abertura do evento este ano foram<br />
discutidas questões fundamentais para as<br />
empresas, como ad blocking, o impacto do<br />
marketing nas crianças e o marketing em<br />
setores específicos, como alimentos e cosméticos.<br />
O tema do painel – “Will we still<br />
advertise in 2025? A public affairs challenge”<br />
– refletiu bem a importância desses desafios<br />
agora e no futuro próximo.<br />
78
79
Stephan Loerke, CEO da WFA, abriu a<br />
sessão e Radha Patel, diretora da The Future<br />
Company falou sobre conectividade, um<br />
mundo sem fronteiras e as mulheres como<br />
agentes de transformação.<br />
Digital no centro<br />
As transformações provocadas pela revolução<br />
digital, suas oportunidades e armadilhas<br />
foram discutidas no segundo dia do<br />
evento. Só no caso das fraudes digitais, em<br />
2015 o prejuízo girou entre U$ 10 bilhões e<br />
U$ 50 bilhões, por conta de programas criados<br />
para gerar tráfego falso, entre outras<br />
manobras. As ações fraudulentas estiveram<br />
no top 10 dos crimes internacionais, segundo<br />
o diretor de comunicação de marketing<br />
da WFA, Rob Dreblow. Existe ainda a preocupação,<br />
entre os anunciantes, com a transparência<br />
e visibilidade em relação às negociações<br />
envolvendo mídia programática.<br />
As questões envolvendo o universo online<br />
tiveram grande destaque. “A aceleração<br />
do mundo digital está impactando em nossas<br />
habilidades sociais. Estamos perdendo a<br />
capacidade de julgar as emoções alheias”,<br />
afirmou Jon Wilkins, chairman executivo da<br />
Karmarama. Para ele, um ponto importante<br />
que merece reflexão é o multitasking. “As<br />
pessoas estão tendo que fazer mil coisas ao<br />
mesmo tempo, tudo de maneira repetitiva e<br />
velozmente, sem parar para pensar e analisar.<br />
Isso agrava o estresse mental ”, apontou.<br />
Os princípios do marketing, tr<strong>aba</strong>lho colaborativo<br />
e a questão do ad blocking foram<br />
os temas que dominaram as discussões no<br />
terceiro dia. O presidente da WFA e CMO do<br />
Royal Bank of Scotland, David Wheldon, destacou<br />
duas soluções para o problema dos<br />
bloqueadores de publicidade: a necessidade<br />
de melhorar e padronizar a experiência<br />
do consumidor e de melhorar a qualidade<br />
da publicidade, dando melhor escolha ao<br />
consumidor.<br />
O que muda e o que fica<br />
Wheldon também defendeu que os executivos<br />
e as grandes empresas se concentrem<br />
nos fundamentos do marketing, em<br />
vez de se deixarem levar por modismos. “Se<br />
você acha que a definição de marketing mudou,<br />
está no caminho para ‘matar’ o marketing”,<br />
enfatizou. “Nosso objetivo, como publicitários,<br />
é entender as pessoas. Pessoas<br />
de dentro e de fora de nossas empresas.<br />
Jon Wilkins, chairman<br />
80<br />
executivo da Karmarama<br />
Stephan Loerke, CEO da<br />
World Federation of Advertisers<br />
Maria Mujica, global leader Fly<br />
Fearless da Mondelez Internacional
81
Temos que entender os clientes e possíveis<br />
consumidores. Isso é um princípio que nunca<br />
vai mudar”, afirmou.<br />
Por outro lado, os processos criativos<br />
ac<strong>aba</strong>m fazendo da mudança a sua força<br />
i<strong>nov</strong>adora. Diversas maneiras pelas quais as<br />
empresas podem tr<strong>aba</strong>lhar de forma mais colaborativa,<br />
com parceiros de todo o mundo,<br />
foram mostradas por Maria Mujica, global leader<br />
Fly Fearless da Mondelez Internacional.<br />
Segundo ela, não se trata apenas de criar um<br />
espaço físico descontraído, e sim da liberdade<br />
para explorar e aprender fazendo. “Sim,<br />
fazer mudanças provoca desconforto, mas é<br />
preciso estar confortável com ser desconfortável”,<br />
afirmou (leia ent<strong>revista</strong> na pág.14).<br />
O “Asean Accelerator” foi um dos painéis<br />
de destaque no evento e debateu o potencial<br />
de marketing da região, segundo mercado<br />
que mais cresce na Ásia, depois da China,<br />
com expansão de 300% desde 2001, segundo<br />
Associação de Nações do Sudeste Asiático.<br />
David Wheldon, presidente<br />
da WFA e CMO do RBS<br />
Representantes das associações<br />
de várias partes do mundo<br />
82<br />
no evento anual da WFA
83
Sandra Martinelli, presidente executiva da ABA, fez uma participação especial na sessão National Association Council<br />
ABA mostra seu tr<strong>aba</strong>lho na<br />
Global Marketer Week <strong>2016</strong><br />
Desenvolvimento profissional, advocacy<br />
e conteúdo, as três principais frentes<br />
de ação da Associação Brasileira de Anunciantes,<br />
foram destacadas pela presidente<br />
executiva da entidade, Sandra Martinelli,<br />
em sua palestra no último dia da Global<br />
Marketer Week. Missão central da ABA, o<br />
advocacy concentra-se na defesa da liberdade<br />
de expressão; na representação, defesa<br />
e orientação dos anunciantes; e no diálogo<br />
permanente com seus integrantes e a sociedade.<br />
Para defender essas bandeiras, a ABA<br />
conta com o apoio da WFA.<br />
O tr<strong>aba</strong>lho dos <strong>nov</strong>e comitês mantidos<br />
pela entidade para ajudar no desenvolvimento<br />
profissional dos associados foi detalhado<br />
na apresentação. Eles analisam, debatem,<br />
propõem soluções e emitem pareceres<br />
sobre temas levantados pelos executivos das<br />
empresas associadas e pela diretoria. Entre<br />
2014 e 2015, houve uma reformulação: o<br />
número de comitês foi reduzido de 14 para<br />
<strong>nov</strong>e, eles ganharam <strong>nov</strong>os nomes e foram<br />
realinhados às suas <strong>nov</strong>as missões, objetivos<br />
e agenda. Outra <strong>nov</strong>idade foi a criação<br />
da #ABAforadaABA, iniciativa que passou a<br />
levar as reuniões dos comitês para fora da<br />
sede da entidade. Além destes encontros, a<br />
ABA tem uma programação anual de eventos,<br />
organizados sempre tendo em vista os<br />
principais assuntos em pauta no Brasil e no<br />
mundo.<br />
Destacando a estratégia de comunicação<br />
da ABA com seus diversos públicos, Sandra<br />
apresentou o portal da entidade e a participação<br />
nas mídias sociais, que buscam ampliar<br />
o nível de relacionamento com associados,<br />
parceiros e mercado.<br />
84
85
ABA EM FOCO<br />
ABAcademy aproxima entidade<br />
de <strong>nov</strong>os talentos<br />
Projeto prevê parceria com principais universidades do país para a<br />
promoção da comunicação e marketing. Fiat é parceira de prêmio<br />
promovido em conjunto com a ESPM<br />
A criação do ABAcademy foi uma das<br />
principais realizações da entidade em <strong>2016</strong>.<br />
Idealizado por João Campos, presidente da<br />
Pepsico Brasil, do Conselho Superior da ABA<br />
e ex-presidente da entidade, a iniciativa tem<br />
como objetivo estabelecer parcerias com as<br />
principais universidades e escolas do país<br />
para a promoção conjunta de atividades nas<br />
áreas de comunicação e marketing, além de<br />
incentivar projetos i<strong>nov</strong>adores na área.<br />
Essas parcerias incluem divulgação de<br />
cursos no portal da ABA (com descontos<br />
para associados), elaboração de agenda<br />
com os integrantes dos comitês para apresentação<br />
de cases das suas empresas nas<br />
aulas de pós-graduação e MBA, além da<br />
participação de alunos da pós-graduação e<br />
MBA como ouvintes nas reuniões de comitês<br />
da ABA, entre outros.<br />
A ABAcademy estreou, em uma de suas<br />
frentes, com uma parceria com a graduação<br />
e pós-graduação da Escola Superior de Propaganda<br />
e Marketing (ESPM) que abrange<br />
as unidades de São Paulo. O primeiro fruto<br />
desse tr<strong>aba</strong>lho é o Prêmio ABAcademy –<br />
ESPM 2017, que tem o apoio da Fiat. A iniciativa<br />
possibilitará que alunos da pós-graduação<br />
de São Paulo elaborem projetos de<br />
marketing e comunicação para a empresa a<br />
partir de um briefing.<br />
As soluções serão apresentadas a uma<br />
banca composta por dois professores de<br />
marketing da ESPM e representantes da ABA<br />
e da Fiat. A premiação deve ocorrer no ABA<br />
Summit 2017. “É um privilégio fazer história<br />
ao lado da ABA”, afirmou José Roberto Whitaker<br />
Penteado, presidente da ESPM. “Já estamos<br />
ansiosos pelos próximos passos e para<br />
vermos a participação da ABA e da Fiat efetivamente<br />
em nossa instituição”, declarou.<br />
“Ver o ABAcademy ganhar forma é motivo de<br />
orgulho, pela concretização de um ideal de<br />
transformação e busca de valor para a atividade<br />
de marketing”, afirmou João Campos.<br />
86
Projeto Millennials<br />
O Projeto Millennials também passou a<br />
integrar a ABAcademy. Criado pela atual presidente<br />
para identificar diversos aspectos de<br />
abordagem dessa geração pelo foco do mercado<br />
da publicidade e comunicação e suas<br />
vertentes de negócios e comportamento, a<br />
iniciativa tem o objetivo de facilitar a aproximação<br />
entre profissionais jovens e seniores,<br />
intensificando a troca de conhecimentos,<br />
ideias, experiências e sugestões.<br />
A iniciativa também deve avaliar a publicidade<br />
atual para identificar as tendências<br />
e a linguagem das empresas anunciantes<br />
que buscam atingir esse público. Uma das<br />
etapas do Projeto Millennials, inclusive,<br />
será a realização de pesquisa com profissionais<br />
de comunicação e sustentabilidade<br />
para entender a visão e as expectativas<br />
das empresas associadas em relação aos<br />
jovens profissionais e também mapear a<br />
presença deles nas companhias.<br />
Miami Ad School – ESPM<br />
A proposta é montar um curso ABA com<br />
a marca Miami Ad School “Como avaliar<br />
ideias criativas”.<br />
Auditório com 80 lugares para reuniões<br />
e eventos da ABA, que também contarão<br />
com palestrantes e professores da ESPM.<br />
Young Lions<br />
A competição de jovens profissionais de<br />
publicidade ou comunicação empresarial de<br />
todo mundo tem apoio da ABA, através de<br />
patrocínio que viabilizou a participação do<br />
profissional da Volvo em <strong>2016</strong>.<br />
M-List<br />
O ABAcademy também fechou parceria<br />
com a agência Gume no projeto M-List<br />
– título anual que destaca os executivos de<br />
marketing das maiores empresas do país.<br />
Prêmio Renato Castelo Branco<br />
A ABA, em parceria com a ESPM Social,<br />
está apoiando o Prêmio Renato Castelo<br />
Branco, para a prospecção de parcerias na<br />
Categoria Acadêmica, que tem como participantes<br />
alunos dos cursos de Comunicação<br />
Social de faculdades e universidades em<br />
todo o Brasil. Além de disparos de e-mail<br />
marketing, a ABA contará com Juliana Nunes<br />
e Sandra Martinelli como juradas do prêmio.<br />
João Campos, presidente da PepsiCo Alimentos<br />
e do Conselho Superior da ABA, e José Roberto<br />
Whitaker Penteado, presidente da ESPM<br />
87
ABA EM FOCO<br />
ABA intensifica atuação em temas<br />
relevantes para empresas e sociedade<br />
Advocacy é um dos pilares mais relevantes para a ABA e, por isso, a atuação<br />
da entidade nessa área vem crescendo de modo intenso, especialmente na<br />
defesa da liberdade de expressão, representação, defesa e orientação dos<br />
anunciantes brasileiros e na promoção de diálogo permanente com toda a<br />
sociedade e seus integrantes<br />
As frentes principais de atuação<br />
1 - Publicidade Infantil<br />
A ABA participou da audiência pública<br />
na qual foi discutido o PL 702/11, do deputado<br />
Marcelo Matos (PDT-RJ), que defende<br />
a restrição da veiculação de propaganda sobre<br />
produtos infantis na televisão, em 24 de<br />
maio. O grupo de tr<strong>aba</strong>lho (GT) de Publicidade<br />
Infantil também defendeu o veto à Lei n°<br />
13.582/16, promulgada em 6 de setembro,<br />
na Assembleia Legislativa da Bahia. O texto<br />
proíbe publicidade dirigida a crianças entre<br />
6h e 21h, no rádio e na televisão, publicidade<br />
em escolas públicas e privadas, entre<br />
outras restrições.<br />
No final de setembro, a ABA foi convidada<br />
a ingressar na Câmara Técnica de Publicidade<br />
Infantil do Procon paulistano, onde<br />
foram definidos três pilares de estudo e<br />
discussão: publicidade infantil em mídias<br />
tradicionais, em <strong>nov</strong>as mídias e em escolas.<br />
O GT de Publicidade Infantil conta com suporte<br />
jurídico da drª. Lucia Magalhães, do<br />
escritório Magalhães Dias.<br />
2 - Ancine<br />
Na consulta pública Publicidade Audiovisual<br />
na Internet, que discutiu a Condecine<br />
(Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria<br />
Cinematográfica Nacional), a ABA realizou<br />
consulta e alinhamento com entidades<br />
envolvidas e os comitês Jurídico, de Relações<br />
Governamentais e de Mídia. A entidade se<br />
posicionou contra <strong>nov</strong>as regras que burocratizam<br />
o registro das obras audiovisuais e<br />
contra a Condecine para anúncios divulgados<br />
exclusivamente na internet.<br />
3 - Estatuto da Pessoa com Deficiência<br />
O Estatuto, que entrou em vigor no início<br />
de <strong>2016</strong> (instituído pela Lei nº 13.146/2015),<br />
trouxe uma série de i<strong>nov</strong>ações e regulamentações<br />
visando, entre outros aspectos, aprimorar<br />
a acessibilidade de pessoas com algum<br />
tipo de deficiência à informação. A <strong>nov</strong>idade<br />
afeta a atividade de comunicação, incluindo<br />
publicidade e relacionamento com consumidores,<br />
nos mais diversos meios de veiculação<br />
e interação, como televisão, rádio, mídia impressa,<br />
internet e telefone.<br />
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90
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eportagem de capa<br />
Lewis Tse Pui Lung / Shutterstock.com<br />
Em mundo marcado por transformações cada vez mais<br />
aceleradas, é fundamental estar atento aos sinais de que<br />
é hora de mudar. E isso vale da expansão do portfólio ao<br />
modo de gerenciar talentos e negócios. Reinventar é preciso<br />
Por Lena Castellón<br />
92
Filósofo pré-socrático, Heráclito de Éfeso (535<br />
a. C. - 475 a.C.) é autor de uma frase que se propaga<br />
ao longo dos séculos: “nada é permanente,<br />
exceto a mudança”. Profundo observador da natureza<br />
e chamado de “pai da dialética”, o pensador é<br />
mencionado frequentemente quando se trata de<br />
inspirar a transformação, sobretudo pessoal. Mas<br />
a frase também poderia ser aplicada ao mundo<br />
dos negócios.<br />
Se promover uma mudança pontual pode<br />
gerar insegurança, o que se dirá da reinvenção,<br />
processo que exige alta dose de coragem? Reinventar-se<br />
é uma decisão complexa. Especialmente<br />
porque não está claro para a maioria das empresas<br />
quando é preciso repensar o portfólio de produtos<br />
e serviços, a gestão, o posicionamento da<br />
marca. Além do “quando”, é comum o questionamento<br />
a respeito do “se”. Ou seja, se a reinvenção<br />
é necessária.<br />
Reinvenção não é panaceia. Ela nasce frequentemente<br />
pela necessidade, quando os fatores estão<br />
jogando contra o negócio. Ou pode acontecer<br />
porque a empresa olhou o mundo, percebeu que<br />
algo estava sendo dito e que era preciso ouvir<br />
esse algo.<br />
O fato é que o mundo se transforma e o público<br />
muda, tal qual as forças da natureza, como<br />
dizia Heráclito. E o ponto importante é que as<br />
mudanças vêm ocorrendo de maneira cada vez<br />
mais rápida, salienta Anders Sjöstedt, fundador da<br />
Hyper Island, escola de origem sueca que promove<br />
programas para que empresas compreendam o<br />
impacto da tecnologia sobre os negócios.<br />
Para Sjöstedt, que participou do ENA <strong>2016</strong>,<br />
em junho (leia mais sobre o evento na pág. 37),<br />
esse caráter mais acelerado das transformações<br />
pode ser divertido, mas também é estressante.<br />
“Nenhuma regra de ontem vale para hoje e você<br />
nunca sabe ao certo se o seu investimento vai funcionar<br />
ou não”. Essa ideia pode soar paralisante<br />
para alguns, mas há momentos em que qualquer<br />
movimento é melhor do que nada. Com a Lego,<br />
esse momento se apresentou de forma drástica<br />
em 2003. O contexto compelia a empresa a dois<br />
caminhos: recuperação ou falência. Sjöstedt cita<br />
o case para mostrar como a reinvenção pode ser<br />
bem-sucedida, mesmo diante de um cenário extremamente<br />
adverso.<br />
Desde o final dos anos 1990, a Lego (fundada<br />
em 1932, na Dinamarca), vinha experimentando<br />
uma sucessão de maus resultados. Com a diversidade<br />
de negócios e uma sequência de más decisões<br />
estratégicas – como expandir a produção<br />
a tal ponto que o Natal de 2002 se tornou um<br />
desastre de vendas, com 40% do estoque parado<br />
nas prateleiras –, a empresa viu seu império ruir<br />
tijolo a tijolo.<br />
A margem de lucro saiu de 15% em 1993 para<br />
28% negativos em 2004. Em 2003, o pior ano da<br />
crise, as vendas caíram 26% e o déficit chegou a<br />
US$ 250 milhões. A companhia estava à beira da<br />
falência e especialistas vaticinavam sua morte,<br />
porque o mundo já não era o mesmo. As crianças<br />
do início do século estavam mais entretidas pelo<br />
universo digital.<br />
Volta às raízes<br />
Foi então que veio a grande mudança. A Lego<br />
resolveu voltar às raízes, à brincadeira – mas de<br />
outro jeito. O <strong>nov</strong>o CEO, Jorgen Vig Knudstorp (o<br />
primeiro a comandar a empresa sem ser membro<br />
da família do fundador, Ole Kirk Christiansen),<br />
analisou os erros da companhia e detectou<br />
que havia a necessidade de fazer ajustes fortes.<br />
“Quando ele assumiu, em 2004, foram cortados<br />
1,9 mil postos de tr<strong>aba</strong>lho, o equivalente a 30% da<br />
mão de obra na época. O total de tipos de peças<br />
produzidas caiu de 13 mil para sete mil. A empresa<br />
também se desfez de unidades de negócios não<br />
lucrativas, como a divisão de games”, conta Vivian<br />
Marques, head de marketing da Lego do Brasil.<br />
Para ajudar no caixa, a família Christiansen injetou<br />
o equivalente a US$ 100 milhões na companhia.<br />
Promovidos os ajustes e com o fluxo reestabelecido,<br />
Knudstorp encampou a fase seguinte:<br />
93
94<br />
descobrir o que era necessário para que a Lego<br />
fosse a corporação moderna que tinha de ser.<br />
Uma de suas apostas foi bancar estudos etnográficos<br />
para saber como as crianças estavam realmente<br />
brincando.<br />
A proposta era, a partir daí, inventar o futuro<br />
da brincadeira. Surgiu então o Lego Ideas, plataforma<br />
na qual os fãs podem apresentar projetos que,<br />
se tiverem o apoio de 10 mil pessoas, serão analisados<br />
pela área que avalia a viabilidade da ideia.<br />
Aprovada, ela vai para a produção e se transforma<br />
num produto Lego vendido ao redor do mundo.<br />
Royalties da venda vão para o criador.<br />
Com isso, os fãs foram empoderados, o sentido<br />
de brincar ampliou-se e a empresa estimulou<br />
a cocriação, um dos conceitos mais em voga no<br />
marketing hoje. Além disso, o Lego Ideas tornou-se<br />
uma plataforma propagadora dos valores da marca.<br />
“Você se cadastra no site e pode oferecer um<br />
produto. Se conseguir 10 mil likes, a Lego produz<br />
sua ideia. É claro que todo mundo faz de tudo para<br />
compartilhar com o maior número de pessoas possível”,<br />
comenta Sjöstedt.<br />
Outras estratégias foram adotadas, entre elas o<br />
aumento do portfólio, campeonatos para estímulo<br />
à criatividade, entrada e reforço da marca junto às<br />
mais diferentes classes sociais, conquista de consumidores<br />
adultos, engajamento digital e o lançamento<br />
do filme Lego, dois anos atrás. A empresa se<br />
reergueu e, em 2014, tornou-se a maior fabricante<br />
de brinquedos do mundo. Mas, já no ano seguinte,<br />
a Mattel retomou o posto.<br />
Fora essa disputa com a fabricante americana,<br />
a Lego já conseguiu um feito que não se imaginaria<br />
nos tempos da quase falência. Hoje é reconhecida<br />
Knudstorp, da Lego:<br />
necessidade de fazer<br />
ajustes fortes<br />
como uma das empresas mais i<strong>nov</strong>adoras do cenário<br />
global. Em 2015, foi eleita a marca mais poderosa<br />
do mundo pelo Brand Finance e está sempre<br />
mapeando tendências. Ela sabe que, cada vez mais<br />
cedo, as crianças têm contato com a tecnologia.<br />
Por isso, conta com a divisão de games e incluiu<br />
apps e plataformas digitais a suas linhas.<br />
Detectar tendências é missão do The Future<br />
Lab, grupo talhado para enxergar o mundo de um<br />
modo não convencional e, assim, promover i<strong>nov</strong>ação<br />
mais radical, sem colocar em risco o negócio<br />
ou os pilares da corporação. “O laboratório é<br />
encarregado de inventar o futuro da brincadeira,<br />
de apontar oportunidades de crescimento e assegurar<br />
que a empresa permaneça à frente de seus<br />
concorrentes”, completa Vivian.<br />
Virada à brasileira<br />
Embora muitas histórias de reinvenção sejam<br />
de multinacionais, também em solo nacional existem<br />
cases para mostrar quando virar o jogo com<br />
sucesso. Um deles é o da Positivo. Em 1972, um<br />
grupo de professores de Curitiba decidiu criar um<br />
curso pré-vestibular. Naquela época não se falava<br />
de empreendedorismo, mas eles desafiaram os<br />
tempos. O modelo proposto era acompanhar os<br />
alunos até as vésperas do vestibular, o que não era<br />
hábito até então.<br />
Ao mesmo tempo surgiu a Posigraf, gráfica criada<br />
para produzir o material didático com a qualidade<br />
e a agilidade exigidas pelo grupo de professores.<br />
Dois anos depois surgiu a escola. Em 1979, com a<br />
consolidação da empresa na área educacional,<br />
nasceu o Sistema Positivo de Ensino, que passou a<br />
atender outros estados. Por conta disso, foi lançada<br />
a Distribuidora Positivo, que virou Editora Positivo.<br />
Em 1988, foi a vez de a companhia oferecer aulas<br />
para o ensino superior.<br />
O que para algumas companhias pode dar muito<br />
errado, para outras pode dar certo. Enquanto a pulverização<br />
de negócios foi prejudicial para a Lego na<br />
virada do século, no caso da Positivo a abertura do<br />
leque para outras áreas foi crucial para que a marca<br />
se tornasse o que é hoje. Da mesma forma que<br />
a editora nasceu por necessidade de fazer material<br />
didático e a gráfica para imprimir, a empresa viu a<br />
oportunidade de fornecer computadores para as<br />
escolas que compravam seus produtos e passou a<br />
fabricá-los na Positivo Informática, a partir de 1989.
95
Assim, daquele cursinho pré-vestibular, a<br />
marca passou a ser uma referência da indústria<br />
nacional, tornando-se a maior fabricante de computadores<br />
do Brasil. A Positivo Informática é uma<br />
das principais fontes de receita do grupo, que<br />
fatura cerca de R$ 2 bilhões ao ano. É verdade<br />
que a venda de computadores vem caindo, mas<br />
o share dos celulares, um campo no qual a empresa<br />
apostou, saiu de 7% em 2014 para 13,4%<br />
no quarto trimestre de 2015 – as vendas aumentaram<br />
127%.<br />
Em 2015, a Positivo Informática teve prejuízo<br />
líquido de R$ 79,9 milhões (em 2014, tinha obtido<br />
lucro de R$ 23,3 milhões). Mas algumas medidas<br />
para enfrentar a situação estão sendo tomadas,<br />
como a transferência da produção de computadores,<br />
tablets e celulares para a <strong>nov</strong>a unidade na<br />
Zona Franca de Manaus.<br />
Os smartphones começaram a ser vendidos<br />
em setembro de 2015 sob a marca Quantum. A<br />
participação saiu de 2,3% para 6,1%. Além de investir<br />
na tecnologia móvel, o grupo está atento ao<br />
conceito de Internet das Coisas e conta com uma<br />
start-up de Curitiba, a Hi Technologies, que tem<br />
foco no segmento de medicina.<br />
Além de incentivar que colaboradores de qualquer<br />
departamento tragam ideias, a Positivo tem<br />
um centro que pesquisa os hábitos do consumidor.<br />
Batizado de Human Labs, esse laboratório faz<br />
perguntas que vão do gosto pessoal de um usuário<br />
dos equipamentos da marca até a eficiência<br />
dos recursos embutidos nos dispositivos.<br />
Reinventando talentos<br />
Reinvenção não se restringe a modificar produtos,<br />
ampliar o portfólio ou atuar em um nicho<br />
diferente. Pode estar na revisão de processos, na<br />
implantação de uma <strong>nov</strong>a gestão ou na maneira<br />
como se administram os talentos. A 3M no Brasil<br />
está investindo, por exemplo, na Universidade<br />
Corporativa, fundada em dezembro de 2012 na<br />
sede, em Sumaré, no interior paulista. Trata-se de<br />
um sistema de educação continuada para aprimoramento<br />
dos funcionários. Com <strong>nov</strong>as habilidades<br />
desenvolvidas, os colaboradores podem ajudar a<br />
manter a companhia competitiva.<br />
Notório exemplo de reinvenção, a 3M surgiu<br />
em 1902, nos Estados Unidos, como companhia<br />
mineradora. Era a Minnesota Mining and Manufacturing<br />
Company (3M), nome que foi <strong>aba</strong>ndonado<br />
em 2002 para confirmação e permanência do<br />
acrônimo que a tornou conhecida globalmente.<br />
Em 1921, a companhia colocou no mercado um<br />
produto que não existia, a lixa d’água. Em 1925, foi<br />
a vez da fita crepe.<br />
Em 1940, criou-se o departamento de <strong>nov</strong>os<br />
produtos. Com isso, a companhia expandiu ainda<br />
mais sua atuação. Surgiram a fita magnética, a<br />
fita isolante, as esponjas de limpeza, o fio dental.<br />
Até que, nos anos 1980, entra em cena o Post-It.<br />
Ele começou a ser desenvolvido em 1968,<br />
quando um cientista da 3M, fazendo pesquisas<br />
com colas de fitas adesivas, descobriu uma que<br />
grudava, mas não se fixava com muita firmeza.<br />
O cientista não sabia o que fazer com a descoberta,<br />
mas compartilhou seu experimento<br />
com outros colaboradores. Em 1974, um colega<br />
sugeriu que o tal adesivo fosse utilizado para<br />
prender mais facilmente seus marcadores de livros.<br />
O bloco de notas com o adesivo para fixar<br />
foi lançado em 1977, sem sucesso. A 3M resolveu<br />
então distribuir amostras gratuitas, que fizeram<br />
sucesso. O projeto retornou para a fábrica e<br />
foi relançado em 1980, como Scotch Press and<br />
Peel. No ano seguinte, ganhou o nome de Post-It<br />
Note. O resto é história.<br />
Post-it: uma das inúmeras<br />
patentes da 3M e símbolo<br />
96<br />
de i<strong>nov</strong>ação
97
EMPODERAMENTO FEMININO<br />
Presença feminina cresce entre as lideranças das<br />
empresas, mas executivas e empreendedoras ainda<br />
enfrentam o desafio da igualdade de remuneração<br />
e de oportunidades no mercado de tr<strong>aba</strong>lho<br />
Por Alessandra Gardezani<br />
98
Grazielle Parenti (Mondelez), Poliana Sousa (P&G), Violeta Noya (Otima) e Andrea<br />
Weichert (EY) participaram do painel sobre empoderamento feminino no ENA <strong>2016</strong><br />
(a partir da esquerda)<br />
Pela primeira vez, a ABA tem uma mulher<br />
na presidência da entidade – Juliana Nunes,<br />
vice-presidente de assuntos corporativos, sustentabilidade,<br />
RH e compliance da Brasil Kirin<br />
– mostrando que a capacidade de liderar uma<br />
entidade não depende de gênero, mas sim de<br />
conhecimento e competência. O movimento<br />
está em sintonia com a tendência global de<br />
“empoderamento feminino”. Mas o que de fato<br />
significa essa expressão? Em julho de 2010, a<br />
Assembleia Geral da Organização das Nações<br />
Unidas (ONU) votou por unanimidade a criação<br />
de um órgão que se encarregasse de acelerar<br />
as iniciativas para alcançar a igualdade de gênero<br />
e fortalecer a autonomia das mulheres.<br />
Assim nasceu a Entidade da ONU para a Igualdade<br />
de Gênero e Empoderamento das Mulheres<br />
– ou ONU Mulheres – que reúne o Fundo<br />
de Desenvolvimento das Nações Unidas para a<br />
Mulher (Unifem), a Divisão para o Avanço das<br />
Mulheres (DAW), o Escritório de Assessoria<br />
Especial em Questões de Gênero e o Instituto<br />
Internacional de Treinamento e Pesquisa para<br />
a Promoção da Mulher.<br />
“Empoderamento feminino é o direito igualitário<br />
de demonstrar seu potencial nas organizações”,<br />
define Andrea Weichert, sócia da consultoria<br />
E&Y. O tema fez parte da programação<br />
do Encontro Nacional de Anunciantes (ENA<br />
<strong>2016</strong>) com o painel “O feminino na agenda das<br />
marcas e empresas: muito além do politicamente<br />
correto”, do qual Andrea foi uma das participantes<br />
(leia mais sobre o ENA na pág. 37).<br />
As mulheres que chegaram à posição de liderança<br />
devem ajudar as próximas a chegar lá<br />
também, defende a presidente da Otima, Violeta<br />
Noya, outra participante do painel. “Minha missão<br />
é inspirar outras mulheres a dizer ‘nós podemos’.<br />
Conseguimos equilibrar as tarefas de cuidar<br />
bem da casa, da família e ser bem-sucedidas<br />
no tr<strong>aba</strong>lho. No Ellevate, incentivamos as mulheres<br />
a se conectarem e no Mulheres do Brasil<br />
temos vários comitês com o objetivo de melhorar<br />
nosso país. As mulheres precisam realmente<br />
se unir, trocar experiências, até para ver que<br />
é normal essa vida maluca que levamos. Todas<br />
nós temos os mesmos desafios com o objetivo<br />
de melhorar nosso país”, explica Violeta, ao citar<br />
dois grupos dos quais participa ativamente e que<br />
visam promover, respectivamente, o networking<br />
feminino e discutir a maior participação das mulheres<br />
na agenda do Brasil.<br />
Mulheres no<br />
mercado de tr<strong>aba</strong>lho<br />
Apesar de todo o progresso feito nos últimos<br />
anos, há um longo caminho a ser percorido em<br />
direção à igualdade de gênero. As mulheres ainda<br />
99
são vistas como incapazes de ocupar posições de<br />
liderança ou, quando conseguem, ganham menos<br />
pelo simples fato de serem pessoas do sexo feminino.<br />
No entanto, o potencial é enorme: calcula-se<br />
que a força de tr<strong>aba</strong>lho feminina no mundo<br />
ainda não aproveitada equivale ao contingente<br />
populacional da China ou da Índia.<br />
Quando uma companhia opta por ter mulheres<br />
no quadro de funcionários, pode notar<br />
algumas diferenças em sua estrutura. Diversas<br />
pesquisas já comprovaram que os níveis de rentabilidade,<br />
retorno sobre investimento e i<strong>nov</strong>ação<br />
aumentam quando há presença feminina no corpo<br />
diretivo. “Assim, mais do que um imperativo<br />
social, isto é um imperativo de negócios. O mundo<br />
não pode prescindir desta gama de talentos”,<br />
afirma Andrea.<br />
Segundo relatório divulgado no Fórum Econômico<br />
Mundial, a seguir nesse ritmo, a igualdade de<br />
gêneros só será alcançada por volta de 2095. Além<br />
disso, a disparidade, em se tratando de participação<br />
econômica e oportunidades para o público feminino<br />
é de 60%. Entre os 142 países presentes no<br />
ranking de igualdade salarial, o Brasil ocupa a 124ª<br />
posição. Das nações americanas, somos a penúltima,<br />
ficando à frente apenas do Chile.<br />
Programas de incentivo<br />
“Claro que existem empresas que se destacaram<br />
nesta jornada. A EY Brasil apresentou um<br />
tremendo progresso nos últimos anos. Nosso<br />
percentual de mulheres nas posições de diretoria<br />
e sociedade, que antes não atingia 10%, hoje já<br />
representa 24%”, conta Andrea.<br />
A EY adota o programa Career Watch, cujo<br />
objetivo é promover as mulheres dentro da organização.<br />
Segundo a executiva, a iniciativa tem<br />
sido bem-sucedida. “É notório que os homens<br />
se autopromovem mais que as mulheres e que<br />
a autocrítica delas é muito superior. Deste fato<br />
advém a necessidade de que um ‘sponsor’ a<br />
promova adequadamente, para ficar no mesmo<br />
patamar de visibilidade que seus pares homens”,<br />
explica Andrea.<br />
A Nestlé é outro exemplo de empresa que<br />
busca valorizar a mão de obra feminina, com a implantação<br />
de um programa de equilíbrio de gêneros.<br />
Uma de suas unidades, localizada na cidade<br />
mineira de Montes Claros, já tr<strong>aba</strong>lha com uma<br />
proporção equilibrada entre homens e mulheres.<br />
O resultado tem sido interessante, uma vez que<br />
algumas mudanças de comportamento foram observadas<br />
– por exemplo, o maior cuidado com os<br />
100
101
equipamentos. “A proporção equilibrada de gêneros<br />
vai muito além do discurso, pois tem uma<br />
forte relação com a cultura que estamos construindo<br />
dentro da empresa”, afirma Juan Carlos<br />
Marroquin, presidente da Nestlé Brasil.<br />
Além disso, a Nestlé conta com o Maternidade<br />
Compartilhada, programa no qual as que já tem<br />
filhos dividem suas experiências com as “mães de<br />
primeira viagem” que estão no período de gestação.<br />
E os homens que serão pais têm direito a<br />
licença de 20 dias para auxiliar nos primeiros cuidados<br />
com o bebê.<br />
Perspectivas<br />
Apesar de todos os problemas, a perspectiva<br />
para o futuro é de que este tema esteja cada vez<br />
mais em pauta e que aumente a conscientização<br />
da importância da presença feminina na liderança.<br />
No final de 2015, a EY Global entrevistou 350<br />
líderes empresariais de 51 países sobre como as<br />
empresas estariam abordando o tema diversidade<br />
de gênero. A proporção de homens e mulheres<br />
que responderam à pesquisa foi de 50%.<br />
O levantamento identificou cinco temas de<br />
desconexão que estão impedindo o crescimento<br />
das mulheres nas organizações, entre eles a falta<br />
de conexão entre discurso e prática e as diferenças<br />
de percepção (veja quadro na pág. 100).<br />
“Existe uma grande falta de convergência de<br />
pensamento entre homens e mulheres sobre<br />
como solucionar a questão. E só poderemos mudar<br />
esta história quando existirem mulheres nos<br />
cargos-chave das organizações que possam pensar<br />
da mesma maneira que as que estão buscando<br />
a mesma evolução”, finaliza Andrea.<br />
Publicidade ainda reforça<br />
estereótipos femininos<br />
102<br />
O meio publicitário ainda é um grande desafio<br />
quando se trata de igualdade de gênero e empoderamento<br />
feminino. São diversos os exemplos<br />
de campanhas que colocam a mulher num patamar<br />
inferior, ou que reiteram velhos estereótipos.<br />
Mas as gerações que estão chegando agora às<br />
agências têm tudo para fazer diferente.<br />
Pesquisa feita pela agência Heads estudou<br />
a representatividade de gêneros na publicidade<br />
brasileira para avaliar o comportamento das<br />
campanhas no período pré-Olimpíada. Foram<br />
monitoradas mais de 8 mil inserções comerciais<br />
e chamadas da TV aberta e paga. Mais de 200<br />
marcas de 50 segmentos de mercado foram<br />
analisadas. Em relação ao Facebook, 889 posts<br />
foram estudados, representando 127 marcas de<br />
33 segmentos diferentes.<br />
O estudo apontou maior incidência de comerciais<br />
que reforçam estereótipos, especialmente os<br />
de papéis, padrões de comportamento e padrões<br />
de beleza. “São três padrões que se repetem<br />
constantemente. Em terceiro lugar fica um padrão<br />
de beleza estabelecido para homens e mu-<br />
lheres. Em segundo, o padrão de comportamento<br />
por gênero. E em primeiro lugar, a limitação, com<br />
os homens ocupando determinados papéis na sociedade,<br />
enquanto as mulheres ficam à margem”,<br />
afirma Carla Alzamora, diretora de planejamento<br />
da Heads e presidente do Grupo de Planejamento<br />
e Atendimento do Paraná.<br />
A análise constatou que 74% das campanhas<br />
veiculadas no período não contribuem com a<br />
equidade de gênero. Apenas 5,13% dos comerciais<br />
empoderam as mulheres e 26% reforçam estereótipos<br />
femininos e masculinos. No Facebook,<br />
este número diminui para 14%.<br />
Aproximadamente R$ 21 milhões foram investidos<br />
em comerciais que reforçam estereótipos<br />
de gênero durante o período monitorado. A pesquisa<br />
mostra ainda que a publicidade é parte do<br />
problema. Para Carla, ela tem a responsabilidade<br />
de ser parte da solução. “Os anunciantes podem<br />
exercer um papel importante nesse processo de<br />
mudança, cobrando histórias diferentes das agências.<br />
Todos ganham com a inclusão e equidade de<br />
gênero e racial”, ressalta.
103
Empreendedorismo<br />
Grandes empresas encontram nas start-ups<br />
a oportunidade de aprender a i<strong>nov</strong>ar<br />
Por Alessandra Gardezani<br />
104
A palavra start-up nunca esteve tão presente<br />
em nosso cotidiano como nos últimos cinco anos.<br />
São vários os exemplos de pequenos grupos de<br />
pessoas que estavam à procura de um <strong>nov</strong>o negócio,<br />
dispostas a arriscar em um modelo que<br />
pudesse ser escalável, em um mercado com uma<br />
única garantia: um mar de incertezas.<br />
Muitas dessas experiências provaram que<br />
é possível obter sucesso nos negócios com um<br />
modelo diferente de empresa. O WhatsApp,<br />
por exemplo, começou no modelo start-up e<br />
atualmente é um dos líderes no mercado de<br />
aplicativos, com mais de 500 milhões de usuários.<br />
O setor como um todo, além das redes sociais,<br />
foi diretamente impactado por este player<br />
que, em 2014, foi vendido para o Facebook<br />
por US$ 16 bilhões.<br />
O Facebook já vinha tentando, de diversas maneiras,<br />
se conectar com o público mais jovem via<br />
mobile e o número de falhas era maior que o de<br />
acertos. O WhatsApp o complementava por ser<br />
dominante nas plataformas mobile, tendência<br />
consolidada.<br />
Isso significa que as grandes empresas podem<br />
aprender com os pequenos? Definitivamente,<br />
sim. O tema foi um dos destaques do Encontro<br />
Nacional de Anunciantes (ENA <strong>2016</strong>),<br />
em painel que contou com a participação de<br />
Eduardo Lima, CEO e co-fundador da eduK (especializada<br />
em cursos online), de André Garcia,<br />
fundador da Estante Virtual (e-commerce<br />
de livros usados), e de Leo Kuba, da Inkuba<br />
(agência digital). Os três experimentaram o<br />
processo de iniciar uma start-up e desenvolvê-la<br />
a ponto de virarem exemplos a serem<br />
seguidos por <strong>nov</strong>os empreendedores.<br />
Segundo Leo Kuba, as start-ups são instrumentos<br />
ideais para criar i<strong>nov</strong>ação e disrupção<br />
em mercados e modelos de negócios por<br />
serem agnósticas aos modelos já existentes.<br />
Atentas a isso, grandes empresas, de todos os<br />
segmentos, estão criando iniciativas de i<strong>nov</strong>ação,<br />
incubando ou acelerando start-ups,<br />
para identificar potenciais empresas que<br />
possam transformar seus negócios de dentro<br />
para fora.<br />
Leo Kuba, da<br />
agência digital Inkuba<br />
“Ouvi recentemente de um cliente da minha<br />
agência: ‘não queremos ser a próxima Kodak,<br />
Nokia ou Blockbuster’, empresas dominantes<br />
que perderam relevância por conta de i<strong>nov</strong>ação<br />
e mudança dos paradigmas em seus mercados”,<br />
afirma Kuba.<br />
Entre as grandes empresas, um exemplo<br />
interessante que se apropria dessa tendência<br />
é o Itaú, com a iniciativa do Cubo. Trata-se de<br />
um case de criação de um centro de i<strong>nov</strong>ação,<br />
abrigando start-ups em esquema de coworking<br />
e trazendo iniciativas de conteúdo em seus<br />
eventos num espaço criado para este fim, independente<br />
da estrutura do banco. “Além de<br />
incentivar o ecossistema de start-ups, estão potencializando<br />
o surgimento de i<strong>nov</strong>ação dentro<br />
de uma iniciativa da empresa”, elogia Kuba.<br />
Além disso, escolas de i<strong>nov</strong>ação como a Hyper<br />
Island estão trazendo a cultura de transformação<br />
digital para as grandes empresas. Sem essa<br />
educação interna, dificilmente haverá terreno<br />
fértil para o surgimento de iniciativas de i<strong>nov</strong>ação,<br />
devido à barreira cultural da organização.<br />
105
Experiência + i<strong>nov</strong>ação<br />
Muitas companhias têm visto as start-ups<br />
não como concorrentes, mas como aliadas que<br />
podem auxiliar em seu desenvolvimento e crescimento.<br />
As gigantes identificaram nas pequenas<br />
a possibilidade de aperfeiçoar as opções de<br />
meios de pagamento no país e uma <strong>nov</strong>a maneira<br />
de i<strong>nov</strong>ação, por exemplo.<br />
Em uma parceria com a MasterCard, as empresas<br />
oferecem às start-ups as ferramentas de<br />
quem já tem experiência de mercado. Por sua<br />
vez, estas oferecem <strong>nov</strong>as tecnologias, de acordo<br />
com as necessidades levantadas por MasterCard<br />
e Itaú. A MasterCard fornece sua interface de programação<br />
de aplicativos em tempo integral para<br />
as iniciantes. Estas, além de ocuparem o espaço,<br />
tr<strong>aba</strong>lham na i<strong>nov</strong>ação e desenvolvimento dos<br />
meios de pagamento com uma espécie de coaching<br />
e mentoria de profissionais.<br />
A Telefónica não quis ficar para trás e, em<br />
2014, optou por investir em i<strong>nov</strong>ação, desenvolvimento,<br />
empreendedorismo e treinamento nas<br />
<strong>nov</strong>as tecnologias e na sociedade digital por meio<br />
do Telefónica Open Future. A principal meta é detectar,<br />
desenvolver e melhorar o empreendimento<br />
tecnológico em todas as suas fases.<br />
Juntamente com o Inatel (Instituto Nacional<br />
de Telecomunicações) e a Ericsson, a Telefónica<br />
Open Future montou um crowdworking em Santa<br />
Rita do Sapucaí (no sul de Minas Gerais), intitulado<br />
Vale da Eletrônica. Além disso, a companhia<br />
CUBO, centro de<br />
i<strong>nov</strong>ação do Itaú<br />
conta com uma academia para a aceleradora<br />
Wayra Brasil, que incorporou <strong>nov</strong>as start-ups nos<br />
âmbitos de soluções tecnológicas para agricultura,<br />
emprego, otimização da cadeia de produção<br />
industrial e comunicação remota.<br />
Cerca de 20 projetos de 63 jovens empreendedores<br />
foram selecionados para participar da primeira<br />
turma de start-ups que irão integrar o Vale<br />
da Eletrônica. Dentre os escolhidos estão os que<br />
atuam em segmentos estratégicos da área de tecnologia<br />
da informação e comunicação, internet<br />
das coisas e soluções que podem ser aplicadas<br />
em empresas de qualquer porte.<br />
A ideia é fazer com que essas start-ups consigam<br />
manter a trajetória no caminho do sucesso<br />
e, futuramente, serem parceiras da Vivo por meio<br />
do fornecimento de produtos e serviços. Os empreendedores<br />
escolhidos ficarão alocados em um<br />
espaço compartilhado, criado especialmente para<br />
eles, além de contar com a estrutura de uma incubadora<br />
e do Laboratório de Criatividade, Ideação e<br />
I<strong>nov</strong>ação do Inatel. Os times terão suporte técnico,<br />
capacitação e a mentoria de profissionais da área,<br />
executivos e parceiros do programa. Eles também<br />
farão contato com possíveis futuros investidores e<br />
aceleradoras, como a Wayra.<br />
Para Leo Kuba, falar sobre o universo de<br />
start-ups, i<strong>nov</strong>ação e o impacto nas grandes<br />
empresas é debater o processo de mudança<br />
generalizado que experimentamos atualmente.<br />
Afinal, todos os segmentos de mercado e a<br />
forma como as pessoas se relacionam e consomem<br />
estão sendo impactados por um mundo<br />
cada vez mais digital e tecnológico.<br />
“Talvez vejamos, em poucos anos, um cenário<br />
muito diferente, no qual a maioria das grandes<br />
organizações que são protagonistas nos dias de<br />
hoje podem se tornar irrelevantes ou extintas por<br />
não terem se adaptado em tempo às mudanças<br />
que vieram. É a teoria da evolução de Darwin se<br />
aplicando ao universo dos negócios. Quem sobrevive<br />
não é o maior e mais forte, mas o que melhor<br />
se adapta às mudanças”, avisa.<br />
106
Google e sua fábrica de <strong>nov</strong>idades<br />
O Google possui sua própria incubadora, a<br />
Farm. Considerada a maior aceleradora da América<br />
Latina, tem um andar inteiro no Campus São<br />
Paulo, espaço do Google onde empreendedores<br />
aprendem, se conectam e criam empresas que<br />
podem i<strong>nov</strong>ar. Em seu portfólio constam mais de<br />
230 start-ups, com um valor agregado que ultrapassa<br />
R$ 3,3 bilhões. Cerca de US$ 100 milhões<br />
em investimentos foram captados via Farm Venture<br />
Capital, responsável pelo acompanhamento<br />
e investimentos nas start-ups. Dentre os cases de<br />
sucesso do programa estão empresas como Easy<br />
Taxi, WorldPackers, Social Miner, Nexer, Net-<br />
Show.me, UpPoints, InforPrice e Beauty Date.<br />
Aos que ainda não montaram uma start-up,<br />
mas têm a veia empreendedora, a Farm incentiva<br />
este desejo por meio de um programa que<br />
dura um dia e abre caminho para definir um pla-<br />
no ágil de negócios. São Paulo é o sexto campus<br />
aberto pelo Google. Os demais estão localizados<br />
em Londres, Tel Aviv, Seul, Madri e Varsóvia.<br />
As start-ups que fazem parte do Programa<br />
de Aceleração da Farm ficam no espaço durante<br />
cinco semanas imersivas e têm a oportunidade<br />
de atender clientes, firmar parcerias e acelerar a<br />
validação do modelo de negócios. Após a imersão,<br />
algumas podem continuar no espaço para<br />
aprimorar seus projetos até o início do próximo<br />
programa.<br />
Todas as start-ups que passam por este processo<br />
continuam com acompanhamento por até<br />
dois anos. Durante este período são auxiliadas<br />
em questões como desempenho, metas e métricas,<br />
além de continuar a ter acesso a uma rede<br />
de mentores, empresas e parceiros, de acordo<br />
com a necessidade.<br />
Sede da Farm, incubadora do<br />
Google, em São Paulo<br />
107
Agilidade para mudar<br />
Uma das principais diferenças de perfil entre<br />
start-ups e grandes empresas é que as primeiras<br />
são, por definição, ágeis e interativas. Assim,<br />
conseguem testar suas hipóteses de produtos,<br />
serviços e modelos de negócios e se adaptam<br />
rapidamente até encontrar, se bem-sucedidas,<br />
seus mercados num mundo em constante transformação.<br />
Por outro lado, as grandes empresas<br />
são máquinas focadas primariamente em manter<br />
a eficiência de seus modelos de negócios. Qualquer<br />
mudança de estratégia leva tempo, em função<br />
dos interesses e de toda a cadeia de tomada<br />
de decisão. E essa lentidão pode ser fatal para a<br />
sobrevivência de muitas delas.<br />
Um bom exemplo é a Estante Virtual. O site<br />
de comércio eletrônico de livros nasceu por conta<br />
de uma experiência pessoal de seu fundador,<br />
André Garcia, que identificou uma necessidade<br />
ainda não suprida pelo mercado. Em 2006,<br />
quando era estudante da Pontifícia Universidade<br />
Católica (PUC), precisava de um livro específico.<br />
Buscando na internet, encontrou apenas seis sebos<br />
virtuais. Foi então que veio a ideia de montar<br />
um portal que reunisse todos em um só lugar.<br />
“Eu não sabia o que era marketplace, não tinha<br />
referência. Acho que uma maneira de i<strong>nov</strong>ar é<br />
não ter muitas referências”, avalia.<br />
O site foi ao ar com apenas 12 sebos e 10 mil<br />
livros. Aos poucos, outros sebos começaram a<br />
se cadastrar. Atualmente, a Estante Virtual conta<br />
com um acervo de mais de 15 milhões de volumes,<br />
três milhões de leitores cadastrados e 15<br />
mil livros vendidos diariamente. Isso significa<br />
que a cada dois segundos, é vendido um exemplar<br />
dos mais de 2,2 mil sebos ou livreiros virtuais<br />
cadastrados.<br />
“Somos considerados o maior acervo de língua<br />
portuguesa no mundo, o terceiro maior<br />
vendedor de livros da internet brasileira e nosso<br />
objetivo é alcançar o primeiro lugar. Estamos em<br />
constante preparação para alcançar essa posi-<br />
ção”, explica Garcia. Mais recentemente, a empresa<br />
começou a oferecer livros <strong>nov</strong>os, em parceria<br />
com as editoras.<br />
Netflix da educação<br />
Já Eduardo Lima, da eduK, afirma estar em um<br />
processo de revolução no mercado de educação<br />
e ensino. “Produzimos vídeos com grandes profissionais,<br />
transmitimos aulas ao vivo e de graça,<br />
o que nos rendeu ser um modelo de i<strong>nov</strong>ação.<br />
Gosto de dizer que somos a Netflix da educação<br />
porque qualquer um pode fazer uma assinatura<br />
e começar a assistir nossos vídeos em qualquer<br />
lugar que tenha conexão com a internet”, explica.<br />
Hoje, a eduK disponibiliza mais de 850 cursos<br />
com o intuito de melhorar as habilidades e<br />
competências do público, que tem a educação à<br />
distância como aliada para seu desenvolvimento<br />
pessoal e profissional. O portal tem 3,5 milhões<br />
de alunos e, segundo Lima, é a maior escola online<br />
da América Latina, com 10 estúdios e 200<br />
horas de conteúdo. “A empresa nasceu com a vocação<br />
de ser global e os cursos são assistidos por<br />
pessoas presentes em mais de 30 países ao redor<br />
do mundo”, ressalta.<br />
Eduardo Lima, do portal<br />
de cursos online eduK<br />
durante o ENA <strong>2016</strong><br />
108
109
CASE STUDY: GRUPO BOTICÁRIO<br />
Com estratégia de venda multicanal<br />
e campanhas publicitárias marcantes,<br />
Grupo Boticário conquista mercado<br />
e se aproxima da vice-liderança<br />
no setor de higiene pessoal,<br />
perfumaria e cosméticos<br />
Por Andrea Martins<br />
110
Além de “muito dinheiro no bolso” e “saúde<br />
pra dar e vender”, que todo brasileiro deseja<br />
na virada do ano-<strong>nov</strong>o, ficar bonito e cheiroso<br />
também poderia estar na canção de Réveillon.<br />
A preocupação com a aparência não é <strong>nov</strong>idade<br />
no país e continua impulsionando negócios bilionários<br />
no setor de higiene pessoal, perfumaria e<br />
cosméticos. A crise econômica retraiu em 8% o<br />
mercado no ano passado (a primeira queda em<br />
23 anos) e rebaixou o Brasil no ranking mundial<br />
de consumo, passando da terceira para a quarta<br />
posição, atrás de Estados Unidos, China e Japão,<br />
respectivamente.<br />
Mas a retração do setor não afetou o desempenho<br />
de um dos maiores players deste mercado:<br />
o Grupo Boticário. A empresa, que nasceu<br />
em 1977 como uma farmácia de manipulação em<br />
Curitiba, transformou-se na maior rede de franquias<br />
do país, considerando todos os segmentos,<br />
com cerca de 4 mil lojas somadas. É também a<br />
maior rede de franquias em perfumaria e cosméticos<br />
do mundo.<br />
O Grupo Boticário faturou R$ 10,1 bilhões no<br />
varejo em 2015, um crescimento de 8,8%. Com<br />
um portfólio de mais de 1.100 produtos, O Boticário<br />
respondeu por 10,9% das vendas do setor no<br />
Brasil em 2015, de acordo com dados da Euromonitor<br />
International, uma das principais empresas<br />
de pesquisa de mercado do mundo. Em 2010, a<br />
companhia tinha 6,9% do mercado. A liderança<br />
no ano passado foi da Unilever, com 12,2%.<br />
“Não temos falado em expectativas para <strong>2016</strong>,<br />
pois o ano se mostra muito difícil de prever. Estaremos<br />
bem se repetirmos o desempenho de<br />
2015. O ano está com muitas variações. O primeiro<br />
trimestre é tradicionalmente mais fraco, mas<br />
períodos subsequentes compensam e já tivemos<br />
algumas datas comemorativas, em que somos<br />
muito fortes. Com isso, está bastante difícil de<br />
prever”, diz Alexandre Bouza, diretor de marketing<br />
e comunicação de O Boticário.<br />
“A companhia vem fazendo a lição de casa<br />
há pelo menos cinco anos. O bom desempenho<br />
não é resultado de uma tática pontual em tempos<br />
de crise. É uma estratégia desenvolvida antes<br />
da crise, que já deixou a empresa em posição de<br />
crescimento”, diz Fabio Mariano, sociólogo e professor<br />
do curso de Ciências Sociais e do Consumo<br />
da ESPM.<br />
Com 4 mil lojas, O Boticário é<br />
a maior rede de franquias em<br />
perfumaria e cosméticos do mundo<br />
Várias frentes<br />
A estratégia foi diversificar os canais de vendas<br />
e lançar outras marcas. Além das franquias,<br />
a venda direta e o e-commerce também passaram<br />
a atender os consumidores nos últimos cinco<br />
anos. Sob o comando de Artur Grynbaum, que assumiu<br />
a presidência em 2008, foi criado o Grupo<br />
Boticário, em 2010, organização com proposta de<br />
atuar em outras unidades de negócios. A companhia<br />
lançou a Eudora, em 2011, segunda marca<br />
do grupo e empresa que já nasceu com estratégia<br />
multicanal, com venda direta, lojas próprias para<br />
experimentação e comercialização de produtos e<br />
comércio eletrônico.<br />
Em agosto de 2012, veio a Quem Disse, Berenice,<br />
de olho na classe C. A terceira unidade de<br />
negócios chegou ao mercado trazendo um <strong>nov</strong>o<br />
olhar para a categoria de maquiagem, questionando<br />
padrões pré-estabelecidos e inspirando as<br />
mulheres a encontrarem seu próprio jeito de ficarem<br />
mais bonitas. Em seguida, foi criada a quarta<br />
unidade de negócios, The Beauty Box, voltada<br />
para um público mais seletivo e que vende produtos<br />
multimarcas nacionais e importados, com a<br />
proposta de atender os desejos de consumidores<br />
cada vez mais exigentes e informados sobre as<br />
<strong>nov</strong>idades globais.<br />
“Temos <strong>nov</strong>idades em nossas lojas e para nossas<br />
revendedoras de venda direta, em média, a<br />
cada 20 dias. No ano passado, foram cerca de 400<br />
lançamentos – uma média que deve se manter<br />
este ano”, afirma Cristiane Irigon, diretora de comunicação.<br />
Novidades como a linha de maquiagem<br />
Make B Africaníssima, para peles morenas<br />
111
Cristiane Irigon, diretora de<br />
comunicação do Grupo Boticário<br />
e negras; ou o perfume masculino Malbec Sport,<br />
que sorteou um veículo esportivo BMW 428i Cabrio<br />
Sport entre os consumidores.<br />
A atuação das quatro unidades de negócios,<br />
paralelamente, impulsionou a participação de<br />
mercado crescente do grupo. Não há canibalização<br />
entre as marcas e canais de venda, mas,<br />
sim, um complemento. “A Eudora possibilitou à<br />
empresa internalizar o conhecimento do modelo<br />
de vendas porta a porta, que foi, posteriormente,<br />
implantado na rede O Boticário. Quem Disse,<br />
Berenice, além de ter posicionamento e portfólio<br />
distintos, abre a possibilidade de crescimento e<br />
expansão para franqueados que já não têm mais<br />
espaço para <strong>nov</strong>as unidades O Boticário. No caso<br />
da The Beauty Box, o segmento é muito pulverizado<br />
no Brasil e é uma oportunidade como canal<br />
para produtos de marcas próprias da empresa”,<br />
comenta Alberto Serrentino, fundador da consultoria<br />
Varese Retail, especializada em varejo.<br />
Boas histórias e práticas<br />
Desde sua fundação, na década de 70, O Boticário<br />
vem colecionando boas histórias nos negócios<br />
e na comunicação. Uma delas envolve o<br />
fundador Miguel Krigsner (bioquímico nascido na<br />
Bolívia, mas estabelecido na capital paranaense<br />
desde os 11 anos) e o empresário Silvio Santos.<br />
Em 1979, o dono do SBT tinha 60 mil frascos de vidro<br />
em forma de ânfora estocados em São Paulo,<br />
mas desistiu de lançar uma marca própria de perfumes.<br />
O fundador de O Boticário, mesmo sem ter<br />
todo dinheiro para comprar os vidrinhos – cerca<br />
de US$ 60 mil – levou todo o estoque e se comprometeu<br />
a devolver, caso não pudesse pagar. De<br />
volta à Curitiba, aprovou com a perfumista uma<br />
fragrância ainda em fase de teste. Nascia ali o Acqua<br />
Fresca, um dos perfumes mais vendidos do<br />
mundo e ícone da marca.<br />
O espírito empreendedor de Krigsner, atual<br />
presidente do Conselho de Administração do Grupo<br />
Boticário, estava apenas começando. O empresário<br />
abriu uma segunda loja, em 1979, no Aeroporto<br />
Internacional Afonso Pena, em São José dos<br />
Pinhais (PR), o que permitiu que pessoas de vários<br />
lugares do Brasil conhecessem seus produtos e se<br />
interessassem em revendê-los pelo país. Em 1980<br />
foi a vez de adotar o sistema de franchising, negócio<br />
ainda pouco conhecido naquela época.<br />
A expansão da marca foi expressiva e, já na metade<br />
dos anos 80, O Boticário contava com 800 lojas<br />
no Brasil. Desde então, não parou de crescer e<br />
tem aberto, em média, 100 lojas por ano, gerando<br />
valor para suas quatro unidades de negócio. Este<br />
ano, o ritmo de <strong>nov</strong>as unidades deve ser menor.<br />
“Esperamos abrir de 35 a 50 lojas, o que é um desempenho<br />
bom para um ano de pouca visibilidade<br />
como <strong>2016</strong>”, afirma Alexandre Bouza.<br />
Muito antes do termo “sustentabilidade” virar<br />
regra nas grandes corporações, a empresa já<br />
investia em projetos de proteção da fauna e flora<br />
brasileira. Em 1990, foi criada a Fundação Boticário<br />
de Proteção à Natureza e duas reservas ambientais<br />
foram adotadas, uma no Cerrado e outra na Mata<br />
Atlântica. Mais de 1.400 iniciativas foram apoiadas,<br />
de 480 instituições. A organização nasceu dois<br />
anos antes da Eco-92, evento realizado no Rio de<br />
Janeiro e que deu início aos grandes debates internacionais<br />
sobre sustentabilidade no planeta.<br />
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A empresa está preparada<br />
para crescer no longo prazo<br />
Alexandre Bouza, diretor de marketing e comunicação do Grupo<br />
Boticário, conta principais momentos da trajetória ascendente do grupo<br />
O Boticário teve participação de mercado muito<br />
expressiva em 2015. A companhia deve ultrapassar<br />
a concorrência já em <strong>2016</strong>?<br />
Fazemos o nosso tr<strong>aba</strong>lho para ser o melhor grupo<br />
de beleza do Brasil. Respeitamos os concorrentes,<br />
pois o nosso mercado é de muita qualidade.<br />
Aqui no Grupo Boticário somos orientados a buscar<br />
o resultado, mas também nos preocupamos<br />
bastante com a forma com a qual ele é alcançado<br />
– com respeito às pessoas e aos parceiros, com<br />
sustentabilidade e ética.<br />
Quais foram as principais estratégias de O Boticário<br />
para conquistar mercado em 2015, um<br />
ano marcado pela primeira retração do setor de<br />
higiene e beleza em 23 anos?<br />
O Grupo Boticário cresceu 8,8% em 2015, mantendo<br />
um desempenho acima da média do setor.<br />
Foi um ano difícil para o mercado, no qual fizemos<br />
um redesenho organizacional que nos deu<br />
mais agilidade nas decisões; procuramos buscar<br />
mais eficiência na nossa operação; estivemos<br />
mais próximos dos nossos franqueados; e oferecemos<br />
ao consumidor as propostas de valor mais<br />
assertivas. Esses fatores, combinados, garantiram<br />
o nosso resultado.<br />
Como a diversificação dos negócios (O Boticário,<br />
Eudora, Quem Disse, Berenice e The Beaty<br />
Box) e de canais de venda ajudaram nos bons<br />
resultados da empresa?<br />
O plano de diversificação dos negócios está em<br />
nossas estratégias desde antes da formação do<br />
Grupo Boticário, em 2010. Já naquela época entendíamos<br />
que havia <strong>nov</strong>as propostas que poderíamos<br />
oferecer ao consumidor de produtos de<br />
beleza e que não cabiam em apenas uma unidade<br />
de negócios. A chegada das <strong>nov</strong>as unidades<br />
exigiu investimentos, é claro, e eles foram feitos<br />
simultaneamente a uma expansão da nossa estrutura<br />
de fábricas e centros de distribuição. Todas<br />
as <strong>nov</strong>as unidades têm apresentado os resultados<br />
esperados. Hoje a empresa está preparada<br />
para crescer no longo prazo.<br />
O consumidor está mudando a forma de consumo<br />
de produtos do segmento de higiene e beleza?<br />
Como O Boticário vem se adaptando às necessidades<br />
e anseios deste <strong>nov</strong>o consumidor?<br />
116
Nosso relacionamento com os consumidores<br />
sempre foi muito próximo. Isso é uma premissa<br />
para todos nós. Por meio de pesquisas, estudos<br />
de tendências e desse relacionamento estreito,<br />
conseguimos idealizar <strong>nov</strong>os conceitos e soluções<br />
que atendam efetivamente os anseios do<br />
nosso público. Todo esforço tem como objetivo<br />
estar cada vez mais presente no dia a dia das pessoas,<br />
oferecendo a elas experiências de beleza e<br />
de vivência de marca, algo que vai muito além do<br />
simples fato de oferecer um produto.<br />
Quando o segmento de higiene e beleza brasileiro<br />
deve retomar o posto de terceiro maior<br />
mercado do mundo?<br />
Esta é uma questão que depende de muitos fatores,<br />
como a retomada do crescimento econômico<br />
do país, e também do câmbio, pois os mercados<br />
são comparados pelo desempenho em dólares.<br />
Por toda a conjuntura, é mais um desafio prever<br />
quando isso acontecerá.<br />
Qual a participação do e-commerce nas vendas<br />
da empresa? E no faturamento?<br />
Por se tratar de uma informação estratégica,<br />
não divulgamos as vendas específicas por canais.<br />
Posso te dizer que o e-commerce se consolida<br />
como um canal importante, mas nosso negócio<br />
vem crescendo de maneira significativa também<br />
nos demais – lojas físicas e venda direta. Ou seja,<br />
o crescimento é fruto de uma atuação multicanal<br />
bem-sucedida – que nos permite estar cada<br />
vez mais próximo dos nossos consumidores<br />
em suas mais diversas experiências de compra<br />
– combinada a estratégias de marketing e de<br />
comunicação assertivas, i<strong>nov</strong>adoras e que realmente<br />
encantam.<br />
Comunicação em sintonia<br />
com o consumidor<br />
Comunicação também é assunto sério dentro<br />
da corporação. Um time de peso atua em diversas<br />
frentes. Um pool de agências parceiras desenvolve<br />
as estratégias das marcas mais importantes e<br />
da grife O Boticário como um todo. As agências de<br />
publicidade são AlmapBBDO, Santa Clara e Neogama<br />
(para as marcas Intense e Nativa SPA), além<br />
de três parceiras regionais: Ideia3, OpusMultipla<br />
e Heads. A estratégia digital é comandada pela<br />
W3haus; o Clube Viva O Boticário e todo tr<strong>aba</strong>lho<br />
de CRM estão a cargo da House Cricket; e as relações<br />
públicas, da Burson-Marsteller.<br />
“Estamos sempre muito atentos em ouvir o<br />
que as pessoas têm a nos dizer, quais são suas<br />
demandas e anseios. Da mesma forma, nossa comunicação<br />
é sempre pensada do ponto de vista<br />
do que toca o coração dessas pessoas, do que faz<br />
sentido para elas”, comenta Cristiane Irigon, diretora<br />
de comunicação de O Boticário.<br />
De uma parceria produtiva de 12 anos com a<br />
AlmapBBDO, nasceram <strong>nov</strong>os conceitos e diretri-<br />
zes. “O lançamento do conceito Acredite na Beleza,<br />
oito anos atrás, foi na contramão de todo o discurso<br />
da concorrência que, naquela época, tratava<br />
beleza com receios, minimizando inclusive o efeito<br />
positivo da estética na confiança e na autoestima<br />
das mulheres. Sem dúvida, O Boticário mudou a<br />
dinâmica de comunicação do segmento”, conta<br />
Cintia Gonçalves, sócia e diretora-geral de planejamento<br />
da AlmapBBDO.<br />
A interface da agência com O Boticário é diária<br />
e de muita troca de conteúdo e de ideias. Os times<br />
envolvidos no atendimento da conta têm altíssimo<br />
nível de senioridade e especialização, bem como<br />
suas equipes. Há algum tempo, mas principalmente<br />
desde o ano passado, as campanhas passaram<br />
a retratar ainda mais a realidade das mudanças<br />
sociais. E não passaram despercebidas do público,<br />
mídia e redes sociais. “A empresa passou a investir<br />
em pesquisas de consumo, insights de cunho antropológico<br />
que estudam as pessoas no lado social,<br />
não só o comportamento de compra. É uma<br />
117
tendência para as empresas no século 21”, analisa<br />
Fabio Mariano, da ESPM.<br />
No Dia dos Namorados de 2015, por exemplo,<br />
a marca apostou em um filme emblemático, que<br />
mostrava diversos casais (heterossexuais e homossexuais)<br />
trocando presentes. O filme gerou buzz<br />
nos ambientes on e off-line, ganhou críticos e defensores<br />
e a marca chegou a ser julgada no Conselho<br />
de Autorregulamentação Publicitária (Conar).<br />
“Não queremos levantar bandeiras, mas mostrar<br />
o que está na sociedade, na vida das pessoas. Mas<br />
não se trata de uma mudança de posicionamento,<br />
porque essa sempre foi a nossa preocupação”, comenta<br />
Cristiane Irigon.<br />
Insights humanos<br />
Para a campanha de Natal, a empresa mais<br />
uma vez chamou a atenção ao colocar um casal de<br />
idosos como protagonista do filme. No começo de<br />
<strong>2016</strong>, uma ação de comunicação para mexer com<br />
a autoestima de mulheres recém-separadas voltou<br />
a causar burburinho nas redes sociais, rendeu<br />
críticas e outro processo no Conar. Na sequência,<br />
um filme com a atriz Cléo Pires, em que ela dizia<br />
que a propaganda era mesmo uma encenação,<br />
voltou a ganhar destaque no mundo online.<br />
O processo de criação das campanhas envolve<br />
estudos comportamentais que revisitam e re<strong>nov</strong>am<br />
as estratégias. Para Camilla Massari, vp de<br />
atendimento da AlmapBBDO, as campanhas de O<br />
Boticário têm sempre na sua essência insights humanos<br />
e verdadeiros, além de uma execução de<br />
altíssima qualidade. “O Boticário é um cliente que<br />
busca sempre grandes ideias e, mais do que isso,<br />
tem sempre coragem de fazê-las acontecer”, completa<br />
Camilla.<br />
Novo parceiro<br />
Parte da conta publicitária de O Boticário (as<br />
linhas Nativa Spa e Intense) é atendida pela Neogama.<br />
A parceria foi anunciada em março, após<br />
a agência vencer concorrência feita pelo fabricante.<br />
“O Boticário é uma empresa admirável, com<br />
história, gente e produtos que honram o melhor<br />
do empreendedorismo brasileiro e, por isso, me<br />
identifico pessoalmente com o que eles representam.<br />
Demos o nosso melhor na concorrência<br />
e apresentamos um tr<strong>aba</strong>lho completo – de certa<br />
forma, até um pouco além do pedido. O processo<br />
foi extremamente profissional e respeitoso do<br />
lado deles. Se tivéssemos mais concorrências com<br />
esse alto nível, a indústria da comunicação estaria<br />
melhor”, diz Alexandre Gama, CEO e chief criative<br />
officer da Neogama.<br />
O primeiro filme criado pela agência para Nativa<br />
Spa Ameixa estreou em junho e buscava traduzir<br />
a sensação que o produto transmite às consumidoras,<br />
de acordo com pesquisas. Ao falar sobre<br />
ele, as consumidoras diziam que Nativa Spa Ameixa<br />
tinha um “segredo”, um “mistério”.<br />
“Nativa Spa tr<strong>aba</strong>lha na comunicação da ideia<br />
do ‘um não sei quê’ que certas mulheres têm e<br />
que a consumidora reconhece que existe também<br />
no produto. Traduzimos tudo isso no filme guiado<br />
pelo clássico da MPB ‘O que é que a Baiana Tem’,<br />
de Dorival Caymmi. Quando você consegue dizer<br />
tudo que precisa com uma música, é gol. No Brasil,<br />
música é uma forma poderosa de comunicação”,<br />
conta Gama.<br />
Campanha da AlmapBBDO<br />
para o Natal<br />
Conjunto afinado<br />
Prestes a completar 40 anos em 2017, O Boticário<br />
reforça o papel da comunicação para continuar<br />
avançando no mercado de cosméticos.<br />
Mas outros fatores também contam na hora de<br />
analisar o desempenho positivo. “Nenhum fator<br />
sozinho traz o sucesso. Mesmo a comunicação<br />
tendo a força de ser a voz da marca falando com<br />
as pessoas, ela não é tudo. Vejo uma consistência<br />
de objetivo de negócio, de estratégia de portfólio<br />
de produtos e de conhecimento do consumidor<br />
que faz com que comunicar seja uma decorrência<br />
muito certeira desse conjunto”, analisa Alexandre<br />
Gama.<br />
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Para ele, a breve convivência entre agência e<br />
cliente ainda tem muito a evoluir. “A convivência<br />
tem sido muito boa e produtiva. Como crente na<br />
meritocracia, busco um futuro de sucesso cada<br />
vez maior nessa parceria, baseado nos acertos<br />
que tivermos. Estamos só no começo, mas confio<br />
que vamos estar cada vez mais afinados.<br />
Já para a AlmapBBDO, que atende a empresa<br />
há mais de 12 anos, todo dia é um recomeço<br />
nesta parceria. “Relações longas como essa só se<br />
sustentam e continuam frutificando se ambos os<br />
lados têm valores e crenças comuns. E se todo<br />
o dia, como agência, você encara como o dia de<br />
reconquistar seu cliente, de surpreender e fazer<br />
melhor”, reforça Cintia Gonçalves.<br />
Comercial em que Cléo Pires dizia que<br />
a propaganda era mesmo encenação<br />
ganhou destaque nas redes sociais<br />
Campanha da Neogama<br />
para a linha Nativa Spa<br />
Presença marcante<br />
no meio digital<br />
A W3Haus faz todo o tr<strong>aba</strong>lho digital de O Boticário,<br />
com exceção do e-commerce e do Clube<br />
Viva O Boticário (clube de benefícios gerenciado<br />
pela house Cricket). A agência tr<strong>aba</strong>lha com uma<br />
equipe em Porto Alegre e uma em São Paulo e<br />
cuida de toda estratégia digital anual, assim como<br />
para cada uma das campanhas, sua criação, concepção<br />
e execução. Também administra os canais<br />
proprietários da marca – redes sociais e o portal<br />
Viva Linda.<br />
O contato da empresa com os consumidores é<br />
constante e intenso nas redes sociais. Só o perfil da<br />
marca no Facebook tem mais de 11 milhões de fãs.<br />
Clientes que interferem até no relançamento de<br />
produtos que saíram de linha, como o desodorante<br />
Egeo Choc. A partir do pedido das consumidoras<br />
na redes sociais e canais da marca, as clientes<br />
foram convidadas a participar de um videoclipe,<br />
cantando a música “Gostava tanto de Você”, para<br />
o relançamento do desodorante. O resultado foi<br />
positivo, não só para quem pediu o produto, mas<br />
para todas consumidoras, que interagiam nas redes<br />
agradecendo e comemorando a volta do desodorante.<br />
Atuação intensa no<br />
site e nas redes sociais:<br />
só a página da marca no<br />
Facebook tem mais de<br />
11 milhões de fãs<br />
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QUEM FAZ A ABA
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