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revista_aba_nov_2016_v2

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EDITORIAL<br />

Em sintonia com as<br />

transformações e<br />

tendências<br />

Assumi a presidência da Associação Brasileira<br />

de Anunciantes (ABA) em um<br />

momento crucial do nosso mercado, do<br />

nosso país e do nosso papel como profissionais<br />

que formulam diretrizes de marketing e<br />

comunicação de importantes marcas. E de acordo<br />

com o posicionamento da ABA “Marketing para<br />

Transformar”, mergulhar nas boas práticas que<br />

direcionam nossa atuação e avaliar como podem<br />

ser cumpridas à luz de tantas transformações nos<br />

mostra a complexidade e desafios desta época.<br />

Por esta razão não poderia estar num período<br />

tão fascinante para não só fazer a diferença neste<br />

cenário, como também ser um agente i<strong>nov</strong>ador e<br />

facilitador para endereçar as tendências da sociedade<br />

atual.<br />

Neste horizonte que começa a ser desenhado,<br />

a entidade tem procurado estabelecer uma<br />

postura propositiva, aumentando sua relevância<br />

e presença não só em fóruns que mostram nossa<br />

abrangência institucional como também regionalmente.<br />

Realizamos o ABA Mídia Porto Alegre e<br />

o ABA Comunicação Digital Belo Horizonte, eventos<br />

que nos conectaram a dois importantíssimos<br />

mercados regionais, polos de talentos e riquezas<br />

que vivem uma dinâmica própria e inspiradora.<br />

A troca de experiências e a valorização de cases<br />

e players locais se somam aos eventos que já realizamos<br />

ao longo do ano em Brasília e Rio de<br />

Janeiro, confirmando nossa grande vocação de<br />

representar o Brasil continental e multifacetado.<br />

No calendário de 2017, <strong>nov</strong>os mercados devem<br />

receber a presença da ABA por meio de eventos<br />

e parcerias locais.<br />

Outro ponto de destaque desse primeiro ano à<br />

frente da <strong>nov</strong>a diretoria da ABA é o projeto Millennials,<br />

criado para identificar diversos aspectos de<br />

abordagem dessa geração pelo foco do marketing<br />

e comunicação e suas respectivas vertentes de<br />

negócios e comportamento. A iniciativa tem o objetivo<br />

de promover a aproximação entre profissionais<br />

jovens e seniores, intensificando a troca de<br />

conhecimentos, ideias, experiências e, principalmente,<br />

sugestões. Na pauta está a realização de<br />

uma pesquisa com profissionais de comunicação e<br />

sustentabilidade para entender a visão e as expectativas<br />

das empresas associadas em relação aos<br />

jovens profissionais e também mapear a presença<br />

deles nas companhias. Soma-se à esta iniciativa a<br />

aproximação e parceria com a Academia, iniciada<br />

pelo ABAcademy, em parceria com a ESPM.<br />

Há ainda um tema que tem permeado de forma<br />

mais sistemática a agenda da ABA, por questões óbvias,<br />

e que aponta para um aspecto que vai muito<br />

além da atuação institucional, o empoderamento feminino.<br />

O fato de a ABA ter eleito pela primeira vez<br />

uma mulher para sua presidência e de ter já uma<br />

presidente executiva representa não só um símbolo<br />

de que o equilíbrio de gênero é salutar, mas também<br />

um compromisso com a promoção do diálogo e da<br />

diversidade. O conceito é relativamente <strong>nov</strong>o, ganhou<br />

força em 2010, quando a ONU lançou o documento<br />

“Princípios do Empoderamento das Mulheres”, um<br />

conjunto de sete fundamentos que deve pautar o<br />

mundo corporativo, acadêmico e governamental. O<br />

tema é foco de uma das reportagens desta Revista<br />

ABA ao mostrar que o cenário de igualdade ainda<br />

está longe, mas uma série de medidas e atitudes tem<br />

ajudado a reparar essa lacuna histórica.<br />

Não posso deixar de agradecer a todos que<br />

têm me ajudado nesta jornada transformadora:<br />

conselheiros e integrantes da diretoria, parceiros<br />

estratégicos, patrocinadores e apoiadores de nossas<br />

iniciativas, empresas associadas, presidentes<br />

e integrantes dos Comitês e todo o nosso corpo<br />

diretivo, comandado pela incansável presidente<br />

executiva Sandra Martinelli.<br />

Boa leitura!<br />

Juliana Nunes<br />

Presidente da ABA e vice-presidente de assuntos<br />

corporativos, sustentabilidade, RH e compliance<br />

da Brasil Kirin<br />

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SUMÁRIO<br />

Editorial<br />

Giro Rápido<br />

Ent<strong>revista</strong>: Maria Mujica<br />

Posse da <strong>nov</strong>a diretoria<br />

Conexões ABA<br />

Atividades dos Comitês<br />

Eventos<br />

ENA <strong>2016</strong><br />

O <strong>nov</strong>o papel dos CEOs<br />

Questões sobre o ROI de mídia<br />

Branding@ABA<br />

ABA Mídia<br />

O avanço do adblock<br />

Prejuízos com ad fraud<br />

Eventos Regionais<br />

Global Marketer Week <strong>2016</strong><br />

ABAcademy<br />

Advocacy<br />

Reportagem de capa<br />

Empoderamento feminino<br />

Lições das start-ups<br />

Case Study: O Boticário<br />

Paralimpíada<br />

As lições de Cannes <strong>2016</strong><br />

Social<br />

Relações com entidades<br />

Quem faz a ABA<br />

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GIRO RÁPIDO<br />

Aumenta índice de aceitação<br />

da publicidade mobile<br />

possuem um plano de dados também cresceu,<br />

de 60% para 67%. Como esperado, os millennials<br />

têm proximidade maior com seus aparelhos, inclusive<br />

no tempo ocioso. Na média geral, o brasileiro<br />

passa 3 horas e 14 minutos no celular diariamente,<br />

enquanto os mais jovens ficam 4 horas<br />

conectados por seus dispositivos móveis.<br />

Dalton Pastore assume<br />

presidência da ESPM em 2017<br />

Pela primeira vez, uma pesquisa do Instituto<br />

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra<br />

que o acesso à internet por dispositivos móveis<br />

é maior que via desktop. Cerca de 80% dos<br />

lares brasileiros utilizam o celular para navegar.<br />

Com isso, a publicidade mobile tem tudo para<br />

conquistar espaço. De fato, caiu o número de<br />

pessoas que dizem não clicar em nenhuma propaganda<br />

mobile, segundo o MMA Mobile Report<br />

Brasil. No ano passado, 41% dos ent<strong>revista</strong>dos<br />

diziam não clicar em anúncios e hoje só 32%<br />

mantêm essa posição.<br />

O estudo comprova que os tablets vêm perdendo<br />

espaço para os smartphones, que aumentaram<br />

o tamanho da tela. Cerca de 66% preferem<br />

usar seus celulares para navegar – eram apenas<br />

34% em 2015. O número de ent<strong>revista</strong>dos que<br />

A partir do dia 1º de janeiro, a Escola Superior de<br />

Propaganda e Marketing (ESPM) passa a ser liderada<br />

por Dalton Pastore. O atual presidente, José Roberto<br />

Whitaker Penteado, deixa o cargo após sete<br />

anos à frente da instituição. O publicitário fez carreira<br />

em agências e veículos, até abrir seu próprio<br />

negócio, a Carillo Pastore (comprada pelo grupo<br />

Havas em 2007).<br />

O <strong>nov</strong>o líder da ESPM já foi presidente da Asso-<br />

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ciação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap)<br />

e liderou o IV Congresso Brasileiro da Indústria da<br />

Comunicação. Atualmente, exerce essa função no<br />

Fórum Permanente da Indústria da Comunicação<br />

(ForCom), além de ser membro da Comissão de Liberdade<br />

de Expressão da OAB. A mudança na presidência<br />

marca o processo de reposicionamento<br />

da ESPM como uma das principais instituições do<br />

segmento de ensino, aprendizagem e pesquisa em<br />

comunicação, gestão e tecnologia.<br />

YouTube pode ser substituto<br />

para a televisão entre os jovens<br />

Live marketing<br />

movimentou R$ 44 bilhões<br />

O setor de live marketing movimentou R$ 43,9 bilhões<br />

entre julho de 2015 e julho de <strong>2016</strong>, segundo<br />

pesquisa divulgada pela Associação de Marketing<br />

Promocional (Ampro). Ao todo 156 empresas<br />

foram consultadas para passar um panorama das<br />

ações realizadas pelas marcas. Dentre as ações<br />

preferidas pelas companhias estão eventos, feiras<br />

e congressos (77%) seguido de ações promocionais<br />

(62%), marketing de incentivo (56%), ativações<br />

(47%) e trade marketing (38%).<br />

A crise econômica foi um fator determinante<br />

para o resultado, pois em um período de recessão<br />

as ativações tendem a ser maiores. Tanto que<br />

31% das empresas afirmam ter aumentado o uso<br />

de ações de live marketing, 29% mantiveram o nível<br />

de investimento e 40% tiveram que diminuir<br />

este tipo de ativação.<br />

Para 76% dos adolescentes, o YouTube pode ser,<br />

sim, um substituto para a TV aberta e, para 65%,<br />

substituir os canais pagos. É o que revela a segunda<br />

edição da pesquisa Os Novos Influenciadores –<br />

Quem Brilha na Tela dos Jovens Brasileiros, feita pela<br />

Provokers para o Google e o Meio & Mensagem.<br />

Segundo o estudo, Luciano Huck é a personalidade<br />

com o maior índice de influência sobre este<br />

público, seguido pelo youtuber Whindersson Nunes<br />

(que recentemente ultrapassou 13 milhões<br />

de inscritos em seu canal). Leon e Nilce, do Coisa<br />

de Nerd, o apresentador Danilo Gentili, a atriz Taís<br />

Araújo, o youtuber Luba, o ator Lázaro Ramos, a<br />

atriz Tatá Werneck e os youtubers Kéfera e Julio<br />

Coccielo (nesta ordem) integram a lista dos top<br />

10 influenciadores.<br />

Entre as características mais relevantes para<br />

a formação de uma celebridade, a autenticidade<br />

foi o quesito mais importante, apontado por<br />

16% dos jovens. Originalidade (15%), inteligência<br />

(12%) e senso de humor (11%) também pesam.<br />

Esse <strong>nov</strong>o modelo de influenciador proporciona<br />

duas importantes plataformas para as marcas<br />

avaliarem e tr<strong>aba</strong>lharem sua comunicação, uma<br />

vez que estas celebridades da internet possuem<br />

as características mais valorizadas pelo público:<br />

originalidade e autenticidade. Quando o assunto<br />

aparece naturalmente na conversa e está inserido<br />

no contexto do cotidiano do influenciador, a identificação<br />

é quase que imediata.<br />

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Paulo Tonet é o<br />

<strong>nov</strong>o presidente da Abert<br />

Anúncio no Facebook tem recall<br />

maior que na TV aberta entre os jovens<br />

Após quatro anos à frente da Associação Brasileira<br />

de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert),<br />

Daniel Slaviero deixa a presidência da entidade e<br />

será substituído por Paulo Tonet Camargo, que<br />

assumirá o comando no biênio 2017/ 2018. Em<br />

sua gestão, as prioridades serão a flexibilização<br />

permanente da transmissão do programa A Voz<br />

do Brasil; a conclusão do processo de migração<br />

do rádio AM para FM; e a finalização do desligamento<br />

do sinal analógico da TV. A entidade<br />

investirá na valorização da radiodifusão na era<br />

digital. Quem acompanha o executivo na liderança,<br />

ocupando a vice-presidência, é Marise<br />

Westphal Hartke, que já foi presidente do Sindicato<br />

das Empresas de Televisão do Estado de<br />

Santa Catarina (Sert/SC).<br />

A pesquisa Radar Jovem, que conta com auditoria<br />

da agência B2, chega a sua quinta edição comprovando<br />

o que já se dá como certo: digital é o meio<br />

em que os jovens mais são impactados. Foram feitas<br />

2.600 ent<strong>revista</strong>s com jovens de 17 a 30 anos, que<br />

deram sua opinião sobre a publicidade feita por 60<br />

anunciantes.<br />

Apesar de a maior parte dos investimentos publicitários<br />

ter ido para a televisão, 35,2% disseram<br />

que se lembravam das campanhas veiculadas via<br />

Facebook, percentual maior que o da TV (32%). O<br />

YouTube ficou com 14% maior que o da TV por assinatura,<br />

com 10%. Em relação às campanhas mais<br />

lembradas no meio digital, 41% dos jovens compartilharam<br />

ou fizeram comentários com os amigos<br />

sobre o seu conteúdo.<br />

Vale ressaltar que 66% dos respondentes apontam<br />

que as ações mais lembradas foram vistas em<br />

smartphones. No caso dos Millennials (jovens entre<br />

18 e 35 anos), o “horário nobre” de consumo de conteúdo<br />

online se dá no período noturno, entre 23h e<br />

2h. Esse volume é o dobro do verificado no período<br />

entre 12h e 14h, por exemplo. Os dados são da pesquisa<br />

Content Moments, da AOL, que analisou mais<br />

de 55 mil momentos de consumo de conteúdo digital.<br />

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Women to Watch homenageia<br />

mulheres da comunicação<br />

Uma pesquisa de opinião realizada junto a<br />

profissionais de comunicação, seguida de uma<br />

avaliação feita pelo conselho editorial do Meio &<br />

Mensagem, elegeu as mulheres que fizeram a diferença<br />

no mercado durante o ano para homenageá-las<br />

em um encontro que movimentou o setor,<br />

o Women to Watch. As contempladas desta vez<br />

foram Adriana Knackfuss (Coca-Cola Brasil), Aline<br />

Santos (Unilever), Andrea Pinotti Cordeiro (Itaú<br />

Unibanco), Celina Esteves (Africa), Daniela Mignani<br />

(GNT) e Fabia Juliasz (Kantar Ibope Media). O<br />

Women to Watch é uma iniciativa idealizada pelo<br />

Advertising Age e promovida no Brasil pelo M&M,<br />

para reconhecer o talento e a dedicação de mulheres<br />

que se destacam na área de comunicação<br />

e marketing.<br />

Autoatendimento é<br />

tendência para o varejo<br />

Um estudo intitulado High-tech Retail, encabeçado<br />

pela Croma Marketing Solutions, aponta que<br />

o autoatendimento é o caminho para o varejo.<br />

Segundo os dados coletados, 60,4% dos consumidores<br />

estão dispostos a fazer uso deste tipo de<br />

tecnologia em suas compras nos próximos três<br />

anos. Os aplicativos aparecem como os de maior<br />

utilidade (58%), seguidos de <strong>nov</strong>os meios de pagamento<br />

(57%), autoatendimento (56%) e visualização<br />

3D (44%).<br />

A pesquisa também detectou algumas macrotendências,<br />

como “eu, mobile” (integração<br />

dos dois mundos via mobilidade); “varejo selfservice”,<br />

com foco no atendimento; “quem experimenta<br />

compra”, por meio da melhoria da<br />

experiência virtual; “aqui e agora”, aliando utilidade<br />

e entretenimento; além do “plástico”, com<br />

mais opções nos meios de pagamento (de preferência,<br />

i<strong>nov</strong>adores).<br />

Crise afeta hábitos de consumo<br />

Com o cenário econômico de crise, o brasileiro<br />

não tem mantido o bom humor de sempre.<br />

Segundo análise do Kantar Worldpanel, houve<br />

uma mudança de comportamento de consumo<br />

nos últimos anos. Em <strong>2016</strong>, 32% das pessoas<br />

fizeram uma avaliação positiva da situação econômica<br />

do país em relação ao ano anterior. Em<br />

2011, eram 80%. Outro ponto de destaque é o<br />

clima de estresse. Cerca de 46% dos ent<strong>revista</strong>dos<br />

concordam com a frase “eu sofro com o estresse<br />

atualmente”. Como consequência, a busca<br />

pela simplificação das ações cotidianas também<br />

cresce, chegando a 70% dos pesquisados. Com<br />

isso, nos últimos dez anos aproximadamente 15<br />

milhões de casas aderiram a produtos prontos,<br />

como sucos, molhos, pratos congelados e bolos.<br />

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ENTREVISTA<br />

Sem<br />

medo do<br />

desconforto<br />

A argentina Maria Mujica, diretora de marketing e comunicação da Mondelez na América Latina,<br />

formou-se em design gráfico, mas logo se rendeu ao marketing, área pela qual se apaixonou devido<br />

ao seu caráter humano. A executiva tem se dedicado firmemente à i<strong>nov</strong>ação e ao desenvolvimento<br />

de uma cultura digital dentro da corporação. Nesta ent<strong>revista</strong> exclusiva à Revista ABA, ela fala<br />

sobre dois projetos que lidera: a Fly Garage, incubadora de i<strong>nov</strong>ação que surgiu em 2012 em Buenos<br />

Aires e que segue metodologia vinculada à Contagious Insider, de Londres, e o Digital Accelerator,<br />

programa desenvolvido no Brasil em parceria com a Wayra, do Grupo Telefônica, que busca startups,<br />

além de outros parceiros digitais. Inquieta, Maria Mujica aponta que quem atua no marketing<br />

tem de se sentir capaz de enfrentar situações de tentativa e erro. Porque falhas podem acontecer.<br />

No entanto, é fundamental ter a coragem de seguir adiante e arriscar, de <strong>nov</strong>o, ideias ousadas.<br />

Por Lena Castellón<br />

Sua formação é na área de design gráfico. Como<br />

aconteceu a mudança para o marketing? O que<br />

a levou a abraçar essa carreira?<br />

Eu diria que minha formação é muito millennial,<br />

no sentido de que, como experimentei diferentes<br />

atividades, abri <strong>nov</strong>as áreas de interesse que<br />

estudei enquanto me desenvolvia. Tinha certeza<br />

do que queria depois de ter saído do meu primeiro<br />

emprego, mais do que tinha quando comecei<br />

naquele tr<strong>aba</strong>lho. Isso é tão típico! Comecei no<br />

design. Minha primeira experiência de tr<strong>aba</strong>lho<br />

com grandes marcas abriu a caixa de Pandora do<br />

marketing para mim. Eu tinha amado. O marketing<br />

é todo a respeito de buscar direcionar o<br />

comportamento das pessoas para algo por meio<br />

de ideias criativas e bem executadas. É incrível o<br />

quanto você aprende sobre si mesmo durante o<br />

processo de aprender a respeito dos outros.<br />

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Como descreve os principais desafios que vem<br />

enfrentando nos últimos anos como executiva<br />

de marketing de uma região tão complexa<br />

quanto a América Latina?<br />

Como você disse, meu papel para a região envolve<br />

desafios múltiplos e complexos. Um deles<br />

é como ser uma curadora poderosa, a ponto de<br />

saber o que é relevante para a América Latina e o<br />

que é relevante para cada um dos países. É mais<br />

fácil dizer do que fazer, e é preciso tempo e esforço<br />

para encontrar a profundidade necessária para<br />

compreender as diferenças que importam versus<br />

as diferenças que reduzem o potencial de escala.<br />

É complicado.<br />

Mais de uma vez você afirmou que é preciso se<br />

sentir desconfortável. Por que essa disposição<br />

faz a diferença para quem atua no departamento<br />

de marketing de uma grande empresa?<br />

Amo essa questão. Realmente acredito no poder<br />

da transformação por meio do desconforto.<br />

Acho que, para ficar confortável com o desconforto,<br />

você precisa ter a habilidade de lidar com<br />

a ideia de fracasso. Tem de sentir que será capaz<br />

de enfrentar a situação se isso acontecer e ganhar<br />

a coragem necessária para seguir adiante e permitir<br />

que surjam <strong>nov</strong>as ideias ousadas. Acho que<br />

essa postura será cada vez mais importante para<br />

os profissionais de marketing, já que precisamos<br />

ganhar mais e mais a atenção das pessoas em um<br />

contexto de consumo de conteúdo em quatro telas<br />

ao mesmo tempo! Os profissionais de marketing<br />

vão ter de elevar o nível no game e levar toda<br />

sua criatividade para o jogo.<br />

Você ocupa um cargo importante dentro de uma<br />

corporação global. Poucas mulheres desempenham<br />

funções semelhantes no mundo dos negócios.<br />

Como chegar lá e o que fazer para que<br />

outras mulheres atinjam pontos semelhantes?<br />

Eu realmente acredito no poder<br />

da transformação por meio do<br />

desconforto. Acho que, para ficar<br />

confortável com o desconforto,<br />

você precisa ter a habilidade de<br />

lidar com a ideia de fracasso.<br />

Tem de sentir que será capaz<br />

de enfrentar a situação se isso<br />

acontecer e ganhar a coragem<br />

necessária para seguir adiante<br />

e permitir que surjam <strong>nov</strong>as<br />

ideias ousadas<br />

Acredito firmemente no poder da diversidade de<br />

gênero em todos os aspectos da vida. As organizações<br />

líderes devem se certificar de que estão<br />

agindo nesse sentido. Está bem provado que a<br />

diversidade é um grande driver de desempenho.<br />

Cada empresa que deixar de tr<strong>aba</strong>lhar nisso estará<br />

dando uma vantagem aos concorrentes. Este<br />

é um fato para ser visto por aqueles que ainda<br />

duvidam se o esforço para diminuir a lacuna (na<br />

questão sobre igualdade de gênero) vale a pena.<br />

Esse é um tema que deve ser abordado se você<br />

quer ganhar. Se eu tivesse de dar um conselho<br />

com base nas experiências a respeito do que fazer<br />

para crescer, diria: não construa o crescimento<br />

com decisões feitas em cima de gênero. Busque<br />

o crescimento com pessoas que estejam abertas<br />

para a diversidade. Não fique preso em discussões<br />

que são apenas reflexos de paradigmas datados<br />

e estreitos.<br />

Na Mondelez existe algum programa ou política<br />

que estimule a igualdade de gênero?<br />

Sim, temos. Estamos constantemente focando<br />

nele para ter certeza de que está aumentando<br />

a representação feminina nas mais altas hierarquias.<br />

Estou orgulhosa com o progresso. Está claro<br />

para mim que precisamos nos manter concentrados<br />

nisso.<br />

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Acredito firmemente no poder<br />

da diversidade de gênero em<br />

todos os aspectos da vida. As<br />

organizações líderes devem se<br />

certificar de que estão agindo<br />

nesse sentido. Está bem provado<br />

que a diversidade é um grande<br />

driver de desempenho. Cada<br />

empresa que deixar de tr<strong>aba</strong>lhar<br />

nisso estará dando uma<br />

vantagem aos concorrentes<br />

Digital Accelerator: projetos como<br />

esse ajudam a criar um ecossistema<br />

que facilita o tr<strong>aba</strong>lho em equipe<br />

A i<strong>nov</strong>ação é uma tônica em seu tr<strong>aba</strong>lho na<br />

Mondelez. Como vê a i<strong>nov</strong>ação nas empresas de<br />

um modo geral? Como ela deve ser perseguida?<br />

Deve estar atrelada ao marketing?<br />

I<strong>nov</strong>ação é provavelmente a palavra mais usada<br />

no mundo pelas companhias, mas é mais falada<br />

do que praticada! De fato, acho que ela deve estar<br />

fortemente calcada no marketing, porém não<br />

creio que deva estar exclusivamente vinculada à<br />

área. As empresas que são vencedoras tendem a<br />

ter uma cultura de i<strong>nov</strong>ação que perpassa todas<br />

as disciplinas e todos os departamentos e que<br />

promove um ambiente de constante experimentação,<br />

o que é uma medida-chave. Para nós, na<br />

Mondelez, i<strong>nov</strong>ação é um tema estratégico de<br />

liderança. Estamos desenvolvendo projetos específicos,<br />

como o Digital Accelerator, para criar uma<br />

cultura organizacional na qual nossos times possam<br />

aprender fazendo (o programa, que conta<br />

com apoio da Wayra, do Grupo Telefônica, busca<br />

start-ups e parceiros digitais para geração de propostas<br />

pensadas de forma colaborativa de modo<br />

a transformar a companhia e estimular os times<br />

de marketing dentro de uma cultura de criatividade).<br />

Isso gera experiências reais que permitem<br />

que nossos colaboradores adquiram conhecimentos<br />

práticos que poderão ser aplicados em<br />

projetos e, assim, i<strong>nov</strong>ar.<br />

Quais são suas expectativas em relação ao Digital<br />

Accelerator?<br />

Que ele possa acelerar nossa transformação digital.<br />

Que faça com que nossos profissionais de<br />

marketing adquiram altas capacidades para criar<br />

campanhas e serviços pensados no digital. Espero<br />

que possamos desenvolver parcerias sustentáveis<br />

entre a Mondelez e <strong>nov</strong>as start-ups. Estamos investindo<br />

em oito projetos beta este ano e vamos<br />

escalar pelo menos dois para a América Latina na<br />

primeira metade de 2017. São resultados bastante<br />

concretos.<br />

O digital assume um papel cada vez mais vital<br />

dentro das estratégias de marketing? De que<br />

forma os investimentos são direcionados para<br />

isso? Que percentual do budget é destinado<br />

ao digital?<br />

Temos investimentos pesados em digital, já que<br />

estamos bastante focados em conectar a empresa<br />

com os consumidores na forma como eles se<br />

comportam. Hoje a vida acontece no celular. En-<br />

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tão, é totalmente natural que nossas marcas líderes<br />

toquem essas pessoas em suas vidas por meio<br />

do digital. Atualmente, estamos intensificando<br />

nossos investimentos em comunicação digital de<br />

7%, índice que tínhamos, para mais de 30%. Esperamos<br />

manter esse ritmo de crescimento.<br />

E a televisão? Como analisa a importância da TV<br />

– a aberta e a paga – no composto dos investimentos<br />

do marketing?<br />

A TV é uma parte importante dos nossos planos.<br />

Enquanto os consumidores continuarem a gastar<br />

horas diante dela do jeito que gastam, estaremos<br />

lá da maneira mais relevante possível.<br />

Qual o principal objetivo da Fly Garage (incubadora<br />

sediada em Buenos Aires, na qual a<br />

companhia faz experimentações com parceiros<br />

estratégicos)?<br />

A Fly Garage foi nossa primeira incubadora de<br />

i<strong>nov</strong>ação na América Latina. Lá desenvolvemos<br />

uma <strong>nov</strong>a maneira de criar para nossas marcas,<br />

com ideias orientadas para o digital. Abrimos<br />

esse espaço para termos um playground e reinventarmos<br />

o modo como tr<strong>aba</strong>lhamos com nossos<br />

parceiros criativos. Lançamos esse projeto<br />

e o expandimos para a América Latina, criando<br />

para o Brasil, o México e a Colômbia. Para nós,<br />

na Mondelez América Latina, o tr<strong>aba</strong>lho é integrado<br />

com a região, independentemente da localização<br />

geográfica.<br />

Que projetos já surgiram por conta dessa iniciativa?<br />

Do Fly Garage, podemos dizer que geramos semente<br />

para vários programas bem-sucedidos para<br />

Oreo e Sonho de Valsa. São grandes exemplos.<br />

A colaboração, pelo que se vê, tornou-se um<br />

valor importante para a Mondelez. Como selecionar<br />

parceiros nos diferentes países? A que se<br />

deve atentar quando se procura por parceiros?<br />

Estamos dedicando cada vez mais tempo para conhecer<br />

melhor nossos parceiros, para ver o que<br />

eles têm feito na vida real e para termos boas<br />

conversas a respeito do que estamos tentando<br />

aprender no <strong>nov</strong>o contexto em que vivemos. Essas<br />

conversas são fundamentais para identificar o<br />

calibre dos nossos parceiros, mas também para<br />

entender o quanto estamos em harmonia entre<br />

o que precisamos e o que eles estão buscando.<br />

Sempre se necessita de dois para dançar o tango.<br />

Como vê o desempenho das marcas da Mondelez<br />

no Brasil? Investimentos em marketing devem<br />

crescer?<br />

Temos incríveis marcas líderes no Brasil. No nosso<br />

planejamento, teremos i<strong>nov</strong>ação de classe<br />

mundial para promover o desenvolvimento de<br />

categorias, que é o nosso mindset. Nossos investimentos<br />

avançam no sentido de apoiar iniciativas<br />

e projetos nascidos no Brasil e que estão sendo<br />

implementados em outros mercados.<br />

Como é o processo de criação da Fly Garage?<br />

Como as marcas se envolvem nos projetos?<br />

O projeto evoluiu para Fly Fearless, uma iniciativa<br />

global da Mondelez. É um <strong>nov</strong>o modo de tr<strong>aba</strong>lhar<br />

com os parceiros criativos. Buscamos talentos<br />

de diferentes disciplinas e backgrounds para<br />

agitar. Rapidamente idealizamos, cocriamos, fazemos<br />

prototipagem e procuramos gerar ideias<br />

ousadas que possamos escalar com velocidade.<br />

Somos os primeiros no mundo a dar foco a esse<br />

tipo de approach em termos de marcas de atuação<br />

regional. Já temos projetos assim na Ásia, na<br />

Europa, nos Estados Unidos. E na América Latina.<br />

Sem dúvida, estamos nos tornando globais.<br />

Cocriação e prototipagem têm<br />

papel crítico para fazer com que<br />

as ideias cresçam mais fortes.<br />

Elas são impulsionadoras que<br />

podem ajudar a melhorar e<br />

colocar asas em grandes ideias<br />

18


19


ABA EM FOCO<br />

ABA elege pela primeira vez<br />

uma mulher para a presidência<br />

Juliana Nunes discursa<br />

na cerimônia de posse<br />

da <strong>nov</strong>a diretoria<br />

Juliana Nunes, vice-presidente de assuntos corporativos, sustentabilidade, RH<br />

e compliance da Brasil Kirin assumiu comando da entidade em abril. Na pauta<br />

de sua gestão: regionalização, projeto Millennials e igualdade de gêneros<br />

Por Eliane Pereira<br />

Valorizar o marketing como agente transformador<br />

nas empresas e mercado, trazer<br />

para o debate as principais tendências do<br />

que está acontecendo no contexto global,<br />

impulsionar um dos principais pilares, o Advocacy,<br />

agregar ações diferentes na atuação<br />

dos Comitês e continuar o ótimo tr<strong>aba</strong>lho<br />

realizado pela gestão anterior. Essas são algumas<br />

das prioridades de Juliana Nunes, primeira<br />

mulher a ser eleita para a presidência<br />

da Associação Brasileira de Anunciantes desde<br />

a criação da entidade, em 1959.<br />

Vice-presidente de assuntos corporativos,<br />

sustentabilidade, RH e compliance da<br />

Brasil Kirin, Juliana e a <strong>nov</strong>a diretoria tomaram<br />

posse em cerimônia realizada na manhã<br />

do dia 13 de abril, na Escola Superior de Propaganda<br />

e Marketing (ESPM). Ela sucede a<br />

João Campos, presidente da Pepsico Alimentos<br />

Brasil, que passa a atuar como presidente<br />

do Conselho Superior da ABA. O mandato<br />

é válido para o período de <strong>2016</strong> a 2018.<br />

“Começo minha gestão com uma grande<br />

responsabilidade e desafio: melhorar o que<br />

já está excelente. Ou, no mínimo, continuar<br />

o ótimo tr<strong>aba</strong>lho realizado pela gestão anterior.<br />

Por outro lado, tenho a sorte de contar<br />

com uma equipe muito bem estruturada e<br />

eficiente, além dos associados e parceiros<br />

que fazem esta associação ter visibilidade e<br />

resultados tão relevantes”, enfatizou Juliana<br />

em seu discurso de posse. A presidente da<br />

ABA também destacou outros três pontos<br />

importantes de sua agenda: a regionalização<br />

da entidade, o projeto Millennials e a questão<br />

da equidade de gêneros.<br />

Sobre o fato de ser a primeira mulher a<br />

presidir a entidade, ela considera que isso é<br />

a confirmação de uma tendência – no mercado<br />

de marketing e comunicação, essa configuração<br />

já é uma realidade nas empresas<br />

há alguns anos, lembra a executiva. De fato,<br />

o empoderamento feminino é um dos temas<br />

mais atuais em discussão na sociedade, tan-<br />

20


to no meio privado quanto público (leia mais<br />

sobre o assunto na pág. 98). E a ABA é um<br />

exemplo de instituição em que o equilíbrio<br />

se faz cada vez mais presente: hoje são mais<br />

de 15 mulheres no Conselho Superior e na<br />

Diretoria Nacional, além de seis na diretoria<br />

do capítulo Rio, representando no total quase<br />

50% do quadro.<br />

Formada em engenharia de alimentos,<br />

Juliana começou a atuar na ABA em 2006<br />

e participou da criação do primeiro comitê<br />

de relações governamentais da entidade,<br />

do qual foi presidente, e até a eleição para a<br />

presidência era membro da diretoria.<br />

Um olhar para o futuro<br />

Nos últimos dois anos, a ABA passou por<br />

uma série de mudanças, entre elas o <strong>nov</strong>o<br />

caráter dinâmico dos comitês, a criação do<br />

Grupo de Líderes, o fortalecimento do pilar<br />

advocacy, <strong>nov</strong>os canais de comunicação com<br />

associados e uma <strong>nov</strong>a sede administrativa.<br />

Mas o ponto forte foi a valorização do<br />

marketing como agente transformador dentro<br />

das empresas. “Acredito que o conceito<br />

de transformação atingiu todas as áreas de<br />

nossa atuação. Prova disso é a mais recente<br />

iniciativa, ABAcademy, que tem como objetivo<br />

estabelecer parcerias com universidades<br />

para a promoção de atividades nas áreas de<br />

comunicação e marketing. A ESPM/Pós-Graduação<br />

inicia esse projeto, que possibilitará<br />

aos alunos dessas áreas conhecerem melhor<br />

e se inserirem no mercado de tr<strong>aba</strong>lho. (leia<br />

mais sobre o assunto na pág. 86).<br />

Entre os assuntos nos quais a associação<br />

já vem tr<strong>aba</strong>lhando há questões importantes,<br />

envolvendo temas como a publicidade<br />

infantil e as relações entre agências e anunciantes.<br />

Sobre o tr<strong>aba</strong>lho dos comitês (hoje<br />

são <strong>nov</strong>e), a ideia é que eles continuem debatendo<br />

temas prioritários demandados pelos<br />

associados e realizem entregas conclusivas<br />

para essas trocas e conhecimento gerado.<br />

Vale destacar ainda a intensificação da<br />

atuação da entidade em Brasília e no Rio<br />

de Janeiro, através da realização de eventos.<br />

A operação da ABA na capital fluminense<br />

está sob o comando de Eric Albanese,<br />

diretor de comunicação e marca da Oi.<br />

Em Brasília, Graziela Godinho Cavaggione,<br />

assessora da presidência dos Correios, é<br />

a “embaixadora” da Associação. Além da<br />

presidência, a ABA elegeu outros cargos<br />

de liderança que compõem a Diretoria Nacional<br />

e o Conselho Superior (veja lista na<br />

pág. 144). A entidade conta com Sandra<br />

Martinelli na presidência executiva, Márcio<br />

Nery na diretoria financeira e Sandra<br />

Zanetti na diretoria institucional.<br />

Membros da <strong>nov</strong>a diretoria<br />

da ABA, eleitos para o biênio<br />

<strong>2016</strong>/ 212018


22<br />

ABA EM FOCO


23


A força dos Comitês<br />

A ABA organiza e mantém comitês para analisar, debater, propor soluções<br />

e emitir pareceres sobre diversos temas. As reuniões dos grupos são<br />

bimensais e a troca de experiências gera muitos projetos, recomendações<br />

e documentos de melhores práticas, além de possibilitar networking e<br />

benchmark entre os participantes. Nas páginas a seguir, uma visão geral<br />

de todos os comitês nacionais da ABA, cuja gerência está a cargo de Nadja<br />

Sasson. Confira também o que dizem os presidentes de cada um deles sobre<br />

sua importância e os principais temas nos quais tr<strong>aba</strong>lharam em <strong>2016</strong><br />

24


25


26


Branding & Conteúdo<br />

“Com o <strong>nov</strong>o contexto de mudanças rápidas,<br />

os anunciantes têm vivido as mesmas<br />

dores, dúvidas e incertezas. O Comitê de<br />

Branding possibilita esta oportunidade de<br />

troca, de colocar na mesa as dúvidas e aprender<br />

com o outro. Tem sido muito enriquecedora<br />

essa oportunidade”.<br />

Thiago Cesar da Silva, presidente do Comitê de<br />

Branding & Conteúdo e gerente sênior de marketing<br />

institucional, Latam e Atacado do Itaú Unibanco<br />

Temas e entregas <strong>2016</strong><br />

» Branding digital: atualizando o olhar para<br />

o 360° digital e a velha discussão on & off.<br />

Como as marcas estão estruturando essa integração<br />

internamente?<br />

» Marcas publishers: o conteúdo é a <strong>nov</strong>a publicidade?<br />

» Update: tensões sociais e marcas. As conversas<br />

sobre mulheres, gênero e ageism foram<br />

puro modismo?<br />

» Cannes: o que aconteceu de mais impactante?<br />

» Pesquisa, métricas e programática: a matemática<br />

dá espaço para a criação? Quando a<br />

criatividade perde para os dados?<br />

» Construção de marcas para teenagers: conquistar<br />

a atenção de quem não liga a mínima<br />

para propaganda e marcas.<br />

» Branding em tempo de crise. Quando o<br />

dinheiro aperta, como e em que dose equilibrar<br />

estratégias de longo prazo com exigências<br />

de curto prazo?<br />

Missão<br />

» Ampliar o espectro de estudo da marca,<br />

com o aprofundamento de análises,<br />

discussões e recomendações, de forma a<br />

posicionar as marcas como ativos extremamente<br />

importantes para potencializar<br />

resultados e tornar a relação estabelecida<br />

com o consumidor mais efetiva.<br />

» Desenvolver e melhorar a prática de<br />

branding nas empresas, por meio da integração<br />

de suas diversas técnicas de gestão.<br />

» Difundir a cultura e o conhecimento sobre<br />

conteúdo de marca, por meio do compartilhamento<br />

de aprendizados estratégicos<br />

e técnicos. O objetivo é fomentar as<br />

iniciativas dessa área que, nesse momento<br />

de transformação do marketing, tem-se<br />

mostrado grandes aliadas para o almejado<br />

engajamento do consumidor.<br />

» Mergulhar nas visões de planejadores,<br />

criadores, produtores, diretores e autores<br />

de conteúdos publicitários ou não publicitários,<br />

com o objetivo de captar aprendizados<br />

e, a partir daí, gerar materiais que<br />

possam subsidiar as iniciativas das empresas<br />

anunciantes.<br />

Comunicação &<br />

Sustentabilidade<br />

“O Comitê de Comunicação & Sustentabilidade<br />

é de fundamental importância para<br />

que as empresas associadas possam discutir,<br />

aprimorar e implementar boas práticas<br />

nessas áreas. Nosso objetivo é garantir que<br />

tenhamos sempre discussões sobre temas<br />

atuais e de grande relevância. Queremos fortalecer<br />

a agenda de comunicação e sustentabilidade,<br />

tornando a área fundamental para a<br />

construção de reputação e crescimento dos<br />

negócios”.<br />

Cristiane Lopes, presidente do Comitê de Comunicação<br />

& Sustentabilidade e gerente de cidadania<br />

corporativa da Pepsico<br />

27


Missão<br />

» Inspirar, esclarecer, promover e comunicar<br />

conteúdos para que o conhecimento e as<br />

iniciativas em sustentabilidade sejam ferramentas<br />

para as empresas tr<strong>aba</strong>lharem com<br />

marketing para transformar.<br />

» Desenvolver projetos e debater questões<br />

que possam melhorar a eficácia das ferramentas<br />

de comunicação corporativa para a<br />

sustentabilidade. A premissa básica de orientação<br />

das iniciativas é o entendimento de que<br />

a área de comunicação corporativa é estratégica<br />

para que as empresas possam implantar<br />

a transformação através da transversalidade<br />

do tema, fazendo com que sustentabilidade<br />

seja mais do que apenas uma tarefa, e sim<br />

uma maneira de promover resultados.<br />

Temas e entregas <strong>2016</strong><br />

» O papel da comunicação dentro dos prêmios<br />

de responsabilidade social e relatórios<br />

de sustentabilidade.<br />

» Recomendação do comitê dos melhores<br />

prêmios de responsabilidade social existentes<br />

no mercado brasileiro.<br />

» Mapeamento feito junto às associadas de<br />

como o tema dos relatórios de sustentabilidade/<br />

responsabilidade social está sendo tratado<br />

(o uso e benefício, padrões etc.).<br />

» Realização de debate sobre o futuro dos relatórios<br />

sociais.<br />

» Recomendação de como as áreas internas<br />

das associadas devem interagir com a área e<br />

usar o expertise dos profissionais de comunicação<br />

em relação aos prêmios de responsabilidade<br />

social e relatórios de sustentabilidade.<br />

Consumer Experience<br />

“O Comitê de Consumer Experience congrega<br />

gerentes de SAC dos mais diferentes<br />

mercados. As reuniões bimestrais promovem<br />

intensa troca de experiências e reflexões sobre<br />

a excelência em serviços, tendências e<br />

oportunidades em relacionamento com o<br />

mercado. Dentro da visão de marketing para<br />

transformar, proposta pela ABA, é fundamental<br />

este espaço de debates sobre o impacto<br />

que a estratégia das áreas de relacionamento<br />

com consumidores e clientes tem no desenvolvimento<br />

das marcas, dos mercados e da<br />

sociedade como um todo”.<br />

Betânia Gattai, presidente do Comitê de Consumer<br />

Experience e consumer engagement centres<br />

manager Latam & Brazil da Unilever<br />

Missão<br />

» Atuar como agente fortalecedor das relações<br />

consumidor/ marca, promovendo troca<br />

de experiências e debates, desenvolvendo e<br />

disseminando práticas i<strong>nov</strong>adoras, fomentando<br />

políticas de relacionamento com consumidores<br />

que gerem valor de longo prazo<br />

para a sociedade como um todo, contribuindo<br />

assim com a construção de uma <strong>nov</strong>a visão<br />

de marketing para transformar.<br />

Temas e entregas <strong>2016</strong><br />

» Discussão com profissional de Design<br />

Thinking sobre a jornada do consumidor a<br />

partir da sua experiência com as marcas;<br />

como as empresas podem melhorar seus recursos<br />

para i<strong>nov</strong>ar junto com o consumidor;<br />

terceirização etc.<br />

» Estatuto da Pessoa com Deficiência – adequações<br />

de linguagem e atendimento.<br />

» Guia de diretrizes para excelência em serviços<br />

com foco na experiência do consumidor.<br />

» Guia dos principais indicadores para gestão<br />

de consumer experience.<br />

» Parceria com a Fundação Getulio Vargas<br />

(FGV) – Índices de Confiança do Consumidor.<br />

Insights<br />

“O Comitê de Insights tem como objetivo<br />

promover uma mudança na percepção<br />

da área como a única a integrar o comportamento<br />

humano aos movimentos de mercado<br />

para direcionar decisões de negócio.<br />

Neste ano, devemos entregar um programa<br />

que contempla o entendimento dos diferen-<br />

28


tes meios de coletas de dados e aplicações<br />

no negócio; a visão conclusiva do comitê<br />

sobre os diferentes meios de captação de<br />

informações, ferramentas, metodologias, e,<br />

principalmente, identificação de insights; e a<br />

parceria com faculdades para revisão da matéria<br />

de pesquisa de mercado dentro da graduação<br />

de disciplinas como Administração,<br />

Marketing etc., a fim de mudar a percepção<br />

desta área, trazendo mais foco ao negócio<br />

e à aplicação de insights do que puramente<br />

à aprendizagem de metodologias. Tudo isso<br />

fica disponível para todos os associados da<br />

ABA por meio de sessões e reuniões ou dos<br />

conteúdos online”.<br />

Fernanda Uchoa Scozzafave, presidente do<br />

Comitê de Insights e diretora de inteligência de<br />

mercado e insights Latam & Brasil da Avon<br />

de expressão comercial e ao mercado publicitário<br />

em geral. Também é função deste comitê<br />

a elaboração de pareceres e minutas de<br />

contratos para facilitar o relacionamento das<br />

associadas com suas agências e fornecedores,<br />

além de dar suporte jurídico às consultas<br />

feitas pelos demais comitês, sempre respeitando<br />

a legislação do país”.<br />

Vanessa Vilar, presidente do Comitê Jurídico e<br />

gerente jurídica Brasil e Latam da Unilever<br />

Missão<br />

» Integrar e inspirar profissionais da área de<br />

insights para promover seu desenvolvimento,<br />

com o intuito de antecipar necessidades<br />

e contribuir para o crescimento da área e de<br />

seus profissionais.<br />

Temas e entregas <strong>2016</strong><br />

» Promover uma mudança na percepção<br />

da área de insights como a única a integrar<br />

o comportamento humano e movimentos<br />

de mercado para direcionar decisões de<br />

negócio, se apropriando das diversas fontes<br />

de dados e metodologias, como digital<br />

e social listening, análises estatísticas de<br />

bancos de dados até pesquisas com consumidores<br />

e shoppers.<br />

» Entendimento dos diferentes meios de<br />

coletas de dados e aplicações, através de<br />

reuniões com Facebook, Google, Twitter,<br />

In store.<br />

» Visão conclusiva do Comitê sobre os diferentes<br />

meios de captação de informações,<br />

ferramentas, metodologias e, principalmente,<br />

na identificação de insights e aplicação<br />

no negócio.<br />

» Apoio para a realização do ABA Insights.<br />

Jurídico<br />

“O Comitê Jurídico é o mais antigo da<br />

ABA e sua primordial função é a discussão de<br />

questões jurídicas relacionadas à liberdade<br />

Missão<br />

» Discutir e procurar soluções para as iniciativas<br />

que ameaçam o direito de liberdade de<br />

comunicação comercial.<br />

» Elaborar pareceres e contratos para facilitar<br />

o relacionamento das associadas com suas<br />

agências e demais fornecedores que compõem<br />

a cadeia do marketing.<br />

» Dar suporte jurídico às consultas feitas pelos<br />

demais comitês.<br />

Temas e entregas <strong>2016</strong><br />

» Visão conclusiva do comitê sobre o uso de<br />

mídias sociais e pesquisas para levantamentos<br />

de informações, conhecimento do consumidor<br />

e tendências de mercado.<br />

» Novas tendências e legislação no cenário<br />

jurídico que impactam a atuação dos advogados<br />

na área de legal marketing.<br />

» Promoções comerciais.<br />

» Aspectos legais relacionados às Olímpiadas<br />

<strong>2016</strong>.<br />

» Suporte jurídico ao GT de Publicidade<br />

Infantil.<br />

» Atuação jurídica nos projetos de lei que<br />

impliquem restrições à publicidade dirigida a<br />

29


Missão<br />

» Exercer papel de liderança no mercado, dividindo<br />

melhores práticas e conhecimento,<br />

facilitando discussões e tópicos que apoiem<br />

a melhor tomada de decisões sobre mídia.<br />

» Abordagem holística, neutra de canal e voltada<br />

aos temas mais importantes e relevantes<br />

para os associados e o mercado.<br />

crianças e à publicidade em geral.<br />

» Estatuto da Pessoa com Deficiência: coordenação<br />

com a presidência executiva da ABA<br />

e posicionamento da entidade.<br />

» GT Digital: monitoramento das discussões<br />

e impactos legais em proteção de dados, regulamentação<br />

do Marco Civil da Internet e<br />

direito autoral na internet.<br />

» Guideline de como e quando usar cada uma<br />

das ferramentas e metodologias disponíveis.<br />

» Avaliação jurídica da CPI de Crimes Cibernéticos.<br />

» Atualização em temas relevantes: <strong>nov</strong>o<br />

CPC, promoções comerciais, dados pessoais.<br />

Mídia<br />

“A eficiência da mídia sempre foi um dos<br />

temas mais debatidos entre anunciantes,<br />

uma vez que corresponde a um de seus principais<br />

investimentos. Desta forma, promover<br />

a busca por métricas confiáveis, informações<br />

e processos transparentes, além do desenvolvimento<br />

do profissional é, há muitos anos,<br />

o papel do Comitê de Mídia da ABA. No cenário<br />

que vivemos hoje, muito mais complexo e<br />

volátil, a preocupação com a mídia se tornou<br />

ainda maior. Por isso, este ano, estamos tr<strong>aba</strong>lhando<br />

em diversas frentes, incluindo métricas<br />

de vídeo, out of home e os desafios da<br />

mídia digital, promovendo a discussão entre<br />

os associados e contribuindo para a qualificação<br />

e o desenvolvimento do mercado”.<br />

Erica Campbell, presidente do Comitê de Mídia<br />

e diretora de mídia, digital e CRM da L’Oréal<br />

Temas e entregas <strong>2016</strong><br />

» Relação com as agências: <strong>nov</strong>os modelos<br />

de tr<strong>aba</strong>lho, de remuneração e como estabelecer<br />

outros patamares de qualidade.<br />

» Desafios da mídia digital: viewability, target<br />

verification, brand safety, fraude e adblocking<br />

(em parceria com IAB e Comitê Jurídico).<br />

» Métricas: integração de métricas (em parceria<br />

com IAB, ABEP, Comitê de Insights).<br />

» Out of Home: <strong>nov</strong>as tecnologias, métricas<br />

e regulamentação, com players do mercado.<br />

» Capacitação do mercado.<br />

» GT Out of Home conta com Marco Frade,<br />

diretor de mídia da Unilever, como coordenador<br />

e Vanessa Gianotti (Kimberly-Clark), Bárbara<br />

Toscano (LG) e Adriana Morali (Ambev)<br />

como integrantes.<br />

» GT Métricas: Rafael Gonçalez, gerente de<br />

mídia do Itaú Unibanco, é o coordenador<br />

do grupo, que conta com Rodrigo Matheus<br />

(Danone) e Julia Kahn (Nivea) como participantes.<br />

» GT de Relação com Agências tem como coordenador<br />

Thiago Buischi, gerente de mídia<br />

da Nestlé, e integrantes Renata Petrovic (Bradesco)<br />

e Gilson Freitas (Sabesp).<br />

» Projeto #ABAforadaABA: 6 reuniões do<br />

Comitê de Mídia foram realizadas no Twitter,<br />

Grupo RBS, Globosat, Otima, Eletromidia<br />

e Kantar Ibope Media, com a proposta<br />

de aproximar anunciantes dos veículos e do<br />

mercado.<br />

» Apoio ao ABA Midia de São Paulo e Brasília.<br />

Relações Governamentais<br />

“Um importante papel do Comitê de Relações<br />

Governamentais é antecipar as discussões<br />

em andamento no governo. Além disso,<br />

subsidiar a ABA na defesa dos interesses do<br />

setor e informar seus associados dos possíveis<br />

impactos de tais proposições. Com isso,<br />

30


a entidade pode se organizar, dentro da ética<br />

e da transparência, para advogar a favor dos<br />

seus associados”.<br />

Juliana Vansan, presidente do Comitê de Relações<br />

Governamentais e gerente sênior de relações<br />

governamentais da Mondelez do Brasil<br />

Missão do comitê<br />

» Atuar na defesa dos interesses dos associados<br />

perante as funções administrativa,<br />

jurisdicional e legislativa do Estado brasileiro<br />

e, proativamente, na elaboração de políticas<br />

públicas, visando à preservação dos valores<br />

constitucionais da livre manifestação de pensamento,<br />

da criação, da expressão e da informação.<br />

Temas em pauta<br />

» Elaboração de reuniões periódicas com a<br />

diretoria da ABA para melhor sucesso no tr<strong>aba</strong>lho<br />

de advocacy.<br />

» Contratação de uma empresa de assessoria<br />

política em Brasília.<br />

» Advogar em favor da liberdade de expressão<br />

e contra a restrição/ proibição de publicidade.<br />

» Reavaliação da estratégia política da ABA<br />

junto à Secretaria Nacional do Consumidor.<br />

» Estreitar e fortalecer o relacionamento da<br />

ABA com demais entidades de classe.<br />

Entregas em <strong>2016</strong><br />

» Participação nos debates políticos/ regulatórios<br />

que podem influenciar a publicidade<br />

no Brasil.<br />

» Elaboração de um white paper com o posicionamento<br />

da ABA sobre publicidade/ liberdade<br />

de expressão.<br />

» Acompanhamento de projetos de lei sobre<br />

publicidade e publicidade infantil<br />

Sourcing<br />

“O Comitê de Sourcing na ABA reforça o<br />

papel e a importância do procurement de<br />

marketing na cadeia dos anunciantes. Tem o<br />

objetivo de aconselhar, dividir experiências e<br />

disseminar as melhores práticas e processos<br />

na cadeia de marketing, para maior benefício<br />

das empresas participantes e relacionamento<br />

com fornecedores e associações. O grupo<br />

conta com membros de várias organizações,<br />

setores da indústria e serviços, que se reúnem<br />

regularmente para discutir questõeschave<br />

atuais. Conta também com participantes<br />

externos, de fornecedores e associações,<br />

quando a pauta é comum. É responsável<br />

por criar o Guia de Recomendações, que é<br />

compartilhado com todos os associados. Os<br />

participantes trazem uma diversidade de conhecimento<br />

de compras e de marketing e são<br />

reconhecidos como papel-chave nas tomadas<br />

de decisões em suas empresas”.<br />

Claudia Furini, presidente do Comitê de Sourcing<br />

e gerente de operações de marketing e mídia<br />

da JBS<br />

Missão<br />

» Discutir conceitos, definir melhores práticas<br />

e compartilhar informações, otimizando<br />

a competência e a sinergia de compras<br />

e marketing, com visão local, sem perder a<br />

perspectiva global.<br />

» Alinhado com a <strong>nov</strong>a missão da ABA,<br />

“marketing para transformar”, produzir guias<br />

que orientem, de forma efetiva, quais os critérios<br />

que associados e o mercado devam<br />

adotar sobre como comprar melhor para as<br />

diversas disciplinas do marketing, identificando<br />

oportunidades e trazendo i<strong>nov</strong>ações ou<br />

<strong>nov</strong>as formas, sempre atendendo a exigência<br />

31


atual do mercado – a necessidade de otimizar<br />

adequadamente os investimentos feitos<br />

na área de marketing.<br />

Temas e entregas <strong>2016</strong><br />

» Estratégia: realização de palestras curtas<br />

seguidas de debate, sobre temas relevantes<br />

que gerem conhecimento para a área de Procurement.<br />

Participação de anunciante e/ou<br />

fornecedor.<br />

» Disseminação de cases/artigos e práticas<br />

i<strong>nov</strong>adoras da área.<br />

» Conclusão do Guia de Recomendações de<br />

Compra de Eventos<br />

» Frente de discussão: mídia digital - tecnologias<br />

compra e conteúdo digital.<br />

Trade & Shopper Marketing<br />

“O Comitê de Trade & Shopper Marketing<br />

é fundamental para que a estratégia<br />

de marketing se transforme em ação para o<br />

aumento das vendas de qualquer empresa.<br />

Com mais de 70% das decisões de compra<br />

ainda ocorrendo em lojas físicas, segundo<br />

pesquisas, o estudo e entendimento de como<br />

o shopper se comporta no momento da decisão<br />

de compra e quais ferramentas e ações<br />

são necessárias para conquistá-lo em poucos<br />

segundos é fundamental para o negócio. Por<br />

isso, o comitê atua entendendo o ambiente<br />

atual e suas tendências de evolução, discutindo<br />

ações de sucesso, ferramentas de análise<br />

e mensuração de resultados, para que o<br />

mercado cresça de forma sustentável e com<br />

evolução constante. Temos o ideal de contribuir<br />

para que as empresas associadas entendam<br />

e atendam cada vez melhor o público<br />

-alvo, independentemente do segmento em<br />

que atuam”.<br />

Eduardo Castro, presidente do Comitê de<br />

Trade & Shopper Marketing e gerente sênior de<br />

marketing services, trade marketing e serviços ao<br />

mercado da Basf<br />

Missão<br />

» Aprofundar, discutir e compartilhar conhecimento<br />

sobre as melhores estratégias do<br />

marketing na relação da indústria com o varejo<br />

para atender às necessidades das marcas,<br />

produtos, pontos de venda e consumidor.<br />

» Discutir sobre o comportamento atual e<br />

as tendências do shopper, como ele pensa e<br />

age, quais as ferramentas e ações adequadas<br />

para melhorar a experiência da compra e a<br />

estratégia adequada a cada canal e região.<br />

Temas e entregas <strong>2016</strong><br />

» Aprofundamento nas questões apresentadas<br />

na NRF com as tendências do mercado<br />

mundial.<br />

» Proposta de agendamento de visitas técnicas<br />

às empresas associadas da ABA e que<br />

são referência em trade marketing e entendimento<br />

do shopper.<br />

» Reuniões do comitê focadas em análise<br />

de produtividade/ efetividade das ações de<br />

trade marketing e entendimento do shopper<br />

(atual e tendências), com apresentações<br />

de cases de sucesso.<br />

» Discussão sobre quais são os reports e<br />

KPIs que a área de Trade oferece para o<br />

Marketing.<br />

32


33


ABA EM FOCO<br />

GTs do Capítulo Rio de Janeiro<br />

Os Grupos de Tr<strong>aba</strong>lho (GTs) do Capítulo Rio, coordenados por Letícia Zattar,<br />

se debruçaram sobre diversos temas relevantes para o mercado em <strong>2016</strong>.<br />

Eles fazem parte dos comitês nacionais, gerenciados por Nadja Sasson.<br />

Veja um resumo do que foi tratado nas reuniões<br />

Branding & Conteúdo<br />

Coordenador – Marcelo Boschi, coordenador<br />

dos cursos de pós-graduação e<br />

MBA em Gestão e Marketing Empresarial<br />

da ESPM Rio<br />

Subcoordenadora – Alessandra Carreiro,<br />

especialista em marcas na gerência de<br />

comunicação da BR Distribuidora<br />

O grupo começou o ano com uma apresentação<br />

do Comitê Organizador dos Jogos<br />

Rio <strong>2016</strong>, que tratou da política de proteção<br />

às marcas na Olimpíada, abordando<br />

parcerias comercias e orientação para<br />

stakeholders. Outros temas discutidos foram<br />

a conexão das marcas em tempo real<br />

com os usuários no Twitter e qual a melhor<br />

forma de lidar com ações de marketing durante<br />

os Jogos Olímpicos. Os encontros ainda<br />

envolveram uma apresentação sobre a<br />

construção da “marca Rio”, o planejamento<br />

estratégico do marketing territorial ancorado<br />

em uma gestão pública participativa e a<br />

construção de relevância de marca na vida<br />

das pessoas.<br />

Comunicação & Sustentabilidade<br />

Coordenadora – Ana Claudia Esteves, gerente<br />

setorial de planejamento e avaliação da<br />

Petrobras<br />

Novas mídias, experiências e casos práticos<br />

de ações publicitárias com influenciadores<br />

digitais, anônimos e celebridades, este<br />

último com apresentação da Inpress, foram<br />

alguns dos temas abordados pelo grupo. A<br />

agência Quintal fez uma apresentação sobre<br />

possibilidades de abordagem de assuntos específicos,<br />

no lugar de tratar tudo como mídia<br />

de massa. O grupo ainda discutiu o papel da<br />

comunicação nos projetos sobre acessibilidade<br />

nas empresas: adaptações, normas e<br />

orientações gerais.<br />

Consumer Experience<br />

Coordenadora – Teresa Roza, gerente de<br />

relacionamento da Fetranspor<br />

O primeiro encontro de <strong>2016</strong> teve apresentação<br />

da E.life sobre a ferramenta Facebook<br />

Bots, mostrando o que são e para que<br />

34


servem, o passo a passo que a empresa deve<br />

cumprir para ter um bot efetivo no ar, o que<br />

medir e como manter a sua relevância. O grupo<br />

contou também com a participação da Blue<br />

Lab, que falou sobre Atendimento Automático<br />

Avançado – Agentes Virtuais, abordando processos,<br />

resultados e casos práticos. O GT propôs<br />

agendamento de visita técnica a call center,<br />

a ser definido, e organizou discussão sobre<br />

chat eletrônico, mapeando as empresas que já<br />

utilizam a ferramenta, questionando desafios<br />

e resultados. O tema acessibilidade de colaboradores<br />

e clientes com deficiência também<br />

entrou em pauta.<br />

Insights<br />

Coordenadores – Paulo Costa, gerente de<br />

pesquisa e inteligência de mercado da White<br />

Martins, e Adriana Bahia, gerente de marketing<br />

do Bradesco Seguros<br />

O evento ABA Insights Rio, em 10 de março,<br />

deu início a debates de temas como métricas<br />

de marketing digital, coleta de dados e<br />

informações no Twitter, Google, Facebook e<br />

Instagram. Os integrantes fizeram uma reflexão<br />

sobre a movimentação do mercado, com<br />

análises estatísticas e bancos de dados versus<br />

comportamento humano. Foram discutidos,<br />

ainda, casos práticos e resultados de neuromarketing,<br />

além do cenário econômico global<br />

e gestão na crise.<br />

Patrocínios<br />

Coordenadora – Tais Reis, gerente setorial<br />

de relacionamento institucional da Petrobras<br />

O GT apoiou a realização do evento ABA<br />

Marketing Cultural, realizado em junho. Participou,<br />

juntamente com o GT de Branding &<br />

Conteúdo, no encontro com Carla Camurati,<br />

diretora de cultura do Comitê Organizador<br />

Rio <strong>2016</strong>. Durante o ano, também entraram<br />

em pauta os temas marketing cultural e artístico<br />

(com foco em ações e relacionamento<br />

com stakeholders). Foram abordados ainda<br />

conceitos de branding, cultura e conteúdo, e<br />

relacionamento com marketing direto, assim<br />

como ativação da marca com conteúdo, através<br />

de cases de ativação de marca em grandes<br />

eventos. Outro tema tratado foi como alinhar<br />

os interesses das empresas aos interesses da<br />

política pública, com participação de representante<br />

da Secretaria Estadual de Cultura,<br />

que falou sobre modalidades de incentivo e<br />

foi debatido o panorama da Lei Rouanet, resultado<br />

do estudo de Henilton Menezes. O GT<br />

fez uma visita técnica ao Instituto Oi Futuro,<br />

para conhecer suas práticas na condução de<br />

sua política cultural.<br />

Mídia<br />

Coordenadora – Mariana Bieler, gerente<br />

setorial de mídia da Petrobras<br />

O GT de Mídia realizou suas reuniões em<br />

conjunto com os grupos de Branding e Insights,<br />

de acordo com sinergia e transversalidade dos<br />

assuntos. Entre os temas tratados estiveram a<br />

política de proteção às marcas dos Jogos Rio<br />

<strong>2016</strong> e parcerias comercias, a conexão das<br />

marcas em tempo real com os usuários no<br />

Twitter durantes as Olimpíadas, o impacto de<br />

smartphones e mídias digitais sobre o consumidor<br />

em cada etapa da conversão, monitoramento<br />

avançado de redes sociais, aplicativos e<br />

oportunidades de ações publicitárias e quais<br />

os melhores dados para análise e resultados<br />

da gestão de crise.<br />

Trade & Shopper Marketing<br />

Coordenadora – Valeska Gadelha, gerente<br />

de trade marketing da Souza Cruz<br />

Tendências e i<strong>nov</strong>ações tecnológicas nos<br />

processos de comercialização de produtos e<br />

serviços apresentadas na NRF (National Retail<br />

Federation) dos EUA, foi o primeiro tema abordado<br />

nos encontros do GT, que na sequência<br />

falou sobre o planejamento da experiência do<br />

consumidor e como acompanhar as mudanças<br />

na comunicação, liderança de equipe e tendências,<br />

i<strong>nov</strong>ações e experiências do consumidor<br />

nos PDVs. Também foram discutidas<br />

questões ligadas ao canal indireto, como estratégias<br />

de distribuição e ativação de marcas<br />

e distribuição numérica de marcas e categorias<br />

de valor agregado.<br />

35


36<br />

ABA EM FOCO


ENA <strong>2016</strong> analisa<br />

o marketing em mutação<br />

“Fazendo da mudança uma grande aliada de negócios (da esq. p/ a dir):<br />

Juliana Nunes (ABA), Guilherme Ribenboim (Twitter), Julio Zaghini (Google),<br />

Rodrigo Andrade (AlmapBBDO), Aaron Reitkopf (Profero) e Enzo Devoto (Unilever)<br />

Principal encontro da plataforma anual de eventos da ABA, a edição <strong>2016</strong><br />

discutiu do <strong>nov</strong>o papel dos CEOs ao empoderamento feminino, passando<br />

por <strong>nov</strong>os modelos de players de conteúdo e o impacto da revolução digital<br />

nos negócios<br />

Por Eliane Pereira<br />

A ampliação do papel dos CEOs, as lições<br />

de i<strong>nov</strong>ação que se pode tirar da experiência<br />

das start-ups, o crescimento da participação<br />

feminina nos negócios e as transformações<br />

provocadas pela revolução digital<br />

foram algumas das principais tendências<br />

discutidas na edição <strong>2016</strong> do Encontro Nacional<br />

de Anunciantes (ENA). Realizado no<br />

dia 8 de junho, em São Paulo, o evento foi<br />

um convite aos participantes para revisitar<br />

seus conceitos, processos, relações e entregas,<br />

proposta resumida no tema principal,<br />

“Ressignificando o Marketing”.<br />

“Tenho tido a grata surpresa de acompanhar<br />

na ABA as discussões internas dos vários<br />

comitês, os projetos em andamento na<br />

área de advocacy, além dos temas debatidos<br />

pela WFA, e ver o quanto essas provocações<br />

estão nos forçando a evoluir, a ampliar nossos<br />

horizontes e a buscar uma ressignificação<br />

para nossa atividade”, disse Juliana Nunes,<br />

presidente da ABA e vice-presidente<br />

de assuntos corporativos, sustentabilidade,<br />

RH e compliance da Brasil Kirin, na abertura<br />

do encontro, que reuniu profissionais e<br />

lideranças de marketing, além de convidados<br />

internacionais.<br />

Segundo Juliana, o posicionamento da<br />

entidade – “Marketing para Transformar”,<br />

adotado em 2014 – foi mantido porque existe<br />

a convicção de que, ao aportar mais valor<br />

ao marketing, cresce a relevância dos profissionais<br />

e das empresas. “Só por meio da<br />

relevância é que conseguiremos nos manter<br />

competitivos no jogo de influência que permeia<br />

o processo de tomada de decisões e<br />

escolhas daqueles que consomem nossos<br />

produtos e serviços”, completou Juliana.<br />

Os CEOs Juan Carlos Marroquin (Nestlé),<br />

Alberto Carvalho (P&G), Claudia Sender (La-<br />

37


tam), Newton Freire (Diageo), João Campos<br />

(PepsiCo) e André Salles (presidente da Brasil<br />

Kirin), por vídeo, falaram sobre a produtividade<br />

do investimento em comunicação<br />

e marketing dentro das empresas e analisaram<br />

a importância da confiança do público<br />

nos líderes das empresas, os dois temas que<br />

abriram os tr<strong>aba</strong>lhos do congresso.<br />

No mundo todo, e no Brasil mais ainda,<br />

há expectativa quanto à atuação do CEO na<br />

entrega do comportamento empresarial.<br />

Na pesquisa Trust Barometer <strong>2016</strong>, da Edelman,<br />

85% dos ent<strong>revista</strong>dos disseram achar<br />

que os CEOs devem ter visibilidade na discussão<br />

de assuntos de interesse geral, como<br />

desigualdade de renda, políticas públicas e<br />

questões sociais. “O CEO precisa entender<br />

que sua agenda se ampliou, agora ele é<br />

chief engagement officer”, afirmou em sua<br />

apresentação o líder de pesquisa e métricas,<br />

conhecimento e i<strong>nov</strong>ação da Edelman Significa,<br />

Rodolfo Araújo (leia matéria completa<br />

sobre o estudo na página 44).<br />

Outro aspecto importante da tomada de<br />

decisões abordado no painel de abertura foi<br />

a questão do uso de ferramentas de medição<br />

do retorno sobre o investimento em comunicação.<br />

A boa notícia, segundo pesquisa<br />

da Kantar Vermeer Brasil, é que a maioria<br />

(60%) dos executivos de marketing conhecem<br />

a metodologia e cerca de um terço usa<br />

alguma ferramenta de ROI. Porém, só 40%<br />

disseram que o departamento financeiro<br />

de suas empresas tem esse conhecimento,<br />

o que é pouco, na visão do diretor geral da<br />

consultoria, Eduardo Tomiya.<br />

O estudo mostrou ainda que as empresas<br />

não usam o ROI de mídia para direcionar<br />

investimentos em marketing ou mesmo<br />

para dimensionar o orçamento da área em<br />

relação às demais. “Todo esforço que é feito<br />

para determinar o ROI não está sendo utilizado<br />

pelo financeiro. Neste ano de crise,<br />

ninguém usou o ROI para definir investimentos.<br />

Cortou-se budget de comunicação sem<br />

saber qual o retorno sobre investimento das<br />

ações”, lamenta Tomiya (leia mais sobre a<br />

pesquisa na página 48). O estudo foi uma<br />

iniciativa do Grupo de Líderes da ABA, em<br />

parceria com a Kantar Vermeer.<br />

Anders Sjostedt,<br />

fundador 38 da Hyper Island


Inimigo ou aliado?<br />

Numa era de transformações rápidas<br />

e intensas, fazer da mudança um impulso<br />

para os negócios, em vez de um empecilho,<br />

é o único caminho para sobreviver. O tema<br />

é tão importante que foi abordado em dois<br />

blocos do ENA <strong>2016</strong>: na palestra de Anders<br />

Sjostedt, fundador da Hyper Island, e no painel<br />

que reuniu representantes de agências,<br />

anunciantes e veículos.<br />

“As mudanças acontecem rápido, cada vez<br />

mais. É divertido, mas ao mesmo tempo estressante,<br />

porque nenhuma regra de ontem<br />

vale para hoje e você nunca sabe ao certo se<br />

o seu investimento vai funcionar ou não”, reconheceu<br />

Sjostedt. Ele citou como exemplos<br />

a Lego, tradicional fabricante de brinquedos<br />

que se reinventou e virou uma das maiores<br />

do mundo (leia mais sobre esse case na matéria<br />

de capa, à pág. 92) e a BirchBox, um serviço<br />

de assinatura de amostras de produtos<br />

de beleza que distribui 1,3 milhões de caixas<br />

só nos Estados Unidos.<br />

Para o fundador da Hyper Island, as mudanças<br />

devem começar por quem dirige a<br />

empresa. Ele deve dar o exemplo. “O fato é<br />

que ninguém gosta de mudanças, a não ser<br />

que se tenha alguma vantagem”, reconheceu.<br />

O presidente da agência Talent Marcel,<br />

João Livi, lembrou outro ponto importante:<br />

a tolerância ao erro, inerente a qualquer<br />

processo de transformação. “É preciso ter<br />

recursos para experimentar e não esperar<br />

da mudança 100% de sucesso, mas 100% de<br />

aprendizado”, concluiu Livi.<br />

De fato, o mercado publicitário trilha o<br />

caminho da transformação, mas para o diretor<br />

de relacionamento com agências do<br />

Google, Julio Zaghini, está sendo atropelado,<br />

pois as mudanças acontecem com o consumidor<br />

e também se refletem na mídia. O<br />

executivo participou do painel que discutiu<br />

como fazer da transformação um aliado nos<br />

negócios, e que acabou se focando mais nas<br />

mídias sociais.<br />

Frente à afirmação de que as redes sociais<br />

mudaram a comunicação, os profissionais<br />

concordaram que é impossível encontrar<br />

equilíbrio entre o digital e o chamado<br />

tradicional, e que esses dois lados não são<br />

concorrentes, mas complementares. Enzo<br />

Devoto, vice-presidente de marketing de<br />

home care da Unilever, foi categórico: “O<br />

mundo não voltará a mudar tão devagar<br />

como hoje. Se estamos loucos com as mudanças<br />

agora, imagine no futuro”.<br />

Responsável pela inserção de grande<br />

parcela da população no universo digital, a<br />

internet móvel democratiza o acesso à informação.<br />

“A única barreira que encontramos<br />

aqui no Brasil para ampliar a penetração<br />

digital é a educação”, afirmou o convidado<br />

internacional do painel, Aaron Reitkopf, CEO<br />

para as Américas da MullenLowe Profero.<br />

O consumidor é o verdadeiro agente que<br />

muda o mercado, acredita o presidente do<br />

Twitter para a América Latina, Guilherme<br />

Ribenboim. “Os millennials querem vídeos<br />

de cinco segundos, agilidade. Nosso principal<br />

desafio é ajudar a indústria no que<br />

acreditamos que são as tendências”, apontou.<br />

Outro ponto destacado foi a questão<br />

do big data. Para o sócio da AlmapBBDO<br />

Rodrigo Andrade, a quantidade de dados<br />

disponíveis é enorme e torna-se necessário<br />

saber interpretá-los e entender quais<br />

insights tirar deles.<br />

André Garcia, fundador<br />

da Estante Virtual<br />

39


Cota Ouro<br />

40<br />

Cota Prata<br />

Cota Bronze<br />

Cota Apoio Welcome<br />

Turner<br />

Cota Apoio Coffee Break Manhã<br />

Adstream<br />

Latam<br />

Rede Bandeirantes<br />

Cota Apoio Almoço<br />

Facebook/Instagram<br />

Cota Apoio Almoço<br />

Otima<br />

Cota Apoio Coffee Break Tarde<br />

Clear Channel<br />

Google<br />

Santander<br />

Apoio<br />

Granza<br />

In Press | Porter Novelli<br />

MIB Brasil<br />

The Heart Corporation<br />

The Group<br />

Parceiros de Mídia – SP<br />

Adnews<br />

Alpha FM<br />

Carta Capital<br />

GoAd Media<br />

Imprensa Editorial<br />

Kiss FM<br />

Meio & Mensagem<br />

Propmark<br />

Rádio Estadão<br />

Record News<br />

Revista Marketing<br />

Revista Propaganda<br />

Top FM<br />

Novos negócios,<br />

<strong>nov</strong>os personagens<br />

Para mostrar que os grandes podem aprender<br />

com os pequenos, o ENA trouxe dois exemplos<br />

de start-ups que surgiram pequenas, de<br />

uma ideia, e hoje são empresas consolidadas: a<br />

Estante Virtual, e-commerce de livros usados (e<br />

agora <strong>nov</strong>os também) e a eduK, de cursos online<br />

que ensinam atividades geradoras de renda. O<br />

fundador, André Garcia, contou que a Estante<br />

Virtual tem hoje três milhões de livros cadastrados<br />

e vende 15 mil livros por dia. Mas não foi<br />

fácil: ele lembrou que, em dado momento, teve<br />

que fazer grandes alterações no modelo de negócios,<br />

um risco que é preciso correr.<br />

Já Eduardo Lima, sócio da eduK, considera<br />

que sua iniciativa está fazendo uma revolução no<br />

mercado de educação. “Produzimos vídeos com<br />

grandes profissionais, transmitimos aulas ao vivo<br />

e de graça, o que nos rendeu ser um modelo de<br />

i<strong>nov</strong>ação. Gosto de dizer que somos a Netflix da<br />

educação, porque, hoje, qualquer um pode fazer<br />

uma assinatura e assistir aos vídeos do acervo”,<br />

explicou. A eduK tem 3,5 milhões de alunos e oferece<br />

850 cursos, assistidos em mais de 30 países.<br />

As start-ups são exemplos de modelos de<br />

negócio i<strong>nov</strong>adores, mas outra tendência que<br />

vem influenciando a atuação das empresas é a<br />

crescente participação das mulheres, não só nas<br />

áreas operacionais, mas também em postoschave.<br />

No painel sobre o feminino na agenda das<br />

marcas e empresas, Andrea Weichert, sócia da<br />

consultoria EY, apresentou dados que mostram<br />

a importância de se ter mulheres nas lideranças<br />

das empresas e também o quanto a igualdade<br />

de gênero faz diferença na economia: “Para se<br />

ter uma liderança sólida, 30% dos executivos<br />

precisam ser mulheres”, disse Andrea.<br />

Na P&G, há o estímulo de ter mulheres em<br />

lideranças e engajadas em discussões, contou Poliana<br />

Sousa, diretora de marketing, comunicação<br />

e mídia da empresa. “É difícil um homem fazer<br />

uma campanha de absorvente, por exemplo, porque<br />

nunca menstruou. Ter mulheres por perto é<br />

fundamental”, disse ela, que também mostrou cases<br />

de como a P&G investe nas mulheres, que são<br />

seu principal público consumidor (leia mais sobre<br />

o tema em reportagem na página 98).


Stephan Loerke, presidente da WFA<br />

Ainda faremos<br />

publicidade em 2025?<br />

I<strong>nov</strong>ação, regulamentação, transparência,<br />

o desafio digital, a questão das fraudes<br />

e dos bloqueadores de anúncios, além<br />

das expectativas do público com relação<br />

às empresas são todos temas que vão influenciar<br />

o futuro da publicidade, na visão<br />

do presidente da World Federation of<br />

Advertisers (WFA) Stephan Loerke, palestrante<br />

do ENA <strong>2016</strong>.<br />

Falando sobre a questão digital, presente<br />

em quase todas as discussões, Loerke<br />

alertou sobre a dimensão da ad fraud,<br />

lembrando que cerca de 10% dos anúncios<br />

na internet são fraudulentos, movimentando<br />

um montante que fica atrás apenas do<br />

crime organizado. Sobre os adblockers, foi<br />

definitivo: todos devem se preocupar, sim,<br />

pois a evolução do bloqueio de anúncios<br />

no digital cresce exponencialmente, tendo<br />

duplicado do ano passado para cá.<br />

Advogando pela boa imagem das empresas,<br />

o executivo alertou que é preciso<br />

ter cautela com o que os anunciantes prometem<br />

e com o que se comprometem ao<br />

vender ou divulgar um produto, pois nem<br />

sempre as premissas são atingidas e o público<br />

ac<strong>aba</strong> cobrando isso. “Como indústria,<br />

anunciamos promessas, compromissos,<br />

mas nem sempre isso é verdade”, admitiu<br />

Loerke, ao elogiar o tr<strong>aba</strong>lho de entidades<br />

como o Conselho Nacional de Autorregulamentação<br />

Publicitária (Conar) em favor da<br />

credibilidade da propaganda.<br />

Para se manterem ativas e com boa imagem,<br />

as empresas devem sempre i<strong>nov</strong>ar,<br />

afirmou o presidente da WFA. “Precisamos<br />

de respostas, de mais conexão, mais dados<br />

e mais emoção”. Para o futuro, ele vê a necessidade<br />

de muita criatividade e de se tr<strong>aba</strong>lhar<br />

em função de quem se engaja com<br />

a empresa online. “O marketing deverá ser<br />

liderado pelas pessoas e temos que fazer<br />

anúncios que sejam bons o suficiente para<br />

atendê-las. Temos que ter uma relação<br />

mais madura com o consumidor. Acredito<br />

que esse seja o caminho”, finalizou.<br />

41


Um <strong>nov</strong>o jeito de fazer branded content<br />

Buzzfeed e Vice são considerados grandes<br />

cases de empresas de mídia contemporânea<br />

que estão unindo produção de conteúdo<br />

com dados, contemplado marcas sob<br />

uma ótica <strong>nov</strong>a de branded content. Num<br />

dos painéis mais animados do ENA <strong>2016</strong>,<br />

esses dois players mostraram por que estão<br />

fazendo a diferença em produzir conteúdo<br />

engajador e atraindo o investimento dos<br />

anunciantes sem o modelo da interrupção.<br />

Presente em 36 países e com quatro mil<br />

colaboradores, a Vice é hoje a maior media<br />

company do mundo para os jovens, garante<br />

o presidente da operação brasileira, Daniel<br />

Conti. A plataforma, que se define como “a<br />

voz de uma geração”, conta com vários canais<br />

dedicados a diferentes assuntos, como<br />

tecnologia, música, moda, comida, esportes<br />

e notícias. A Vice já nasceu multiplataforma<br />

e sua fórmula é fazer conteúdo com storytelling<br />

imersivo, sempre para contar uma<br />

história. Um bom exemplo foi o caso do repórter<br />

que se infiltrou no Estado Islâmico<br />

para entender como funciona a facção.<br />

“Somos uma mídia sustentável de conteúdo:<br />

não ofertamos espaço, criamos o branded content,<br />

um delivery criativo. Usamos a rede de parceiros,<br />

plano de social media embasado em BI<br />

e ativação de experiência in loco para saber o<br />

que o público quer”, explicou Conti. Para ele,<br />

a Vice mudou o jeito de fazer reportagem,<br />

oferecendo material original e que possibilita<br />

um alto nível de engajamento.<br />

Já o Buzzfeed está presente em dez países<br />

com produção de conteúdo e iniciou suas<br />

operações no Brasil há dez meses. Entre os<br />

grandes sucessos de engajamento da plataforma<br />

está o caso do polêmico vestido que,<br />

para alguns, era azul e preto e, para outros,<br />

branco e dourado – foram 82 milhões<br />

de views em 24 horas. Outro destaque é<br />

o Tasty, canal no YouTube de gastronomia,<br />

criado para descomplicar a culinária<br />

e mostrar que qualquer um pode fazer a<br />

própria comida. Os vídeos, que têm no<br />

máximo 60 segundos, são criados especificamente<br />

para esta plataforma.<br />

A estratégia da empresa é fazer o contrário<br />

da mídia tradicional, que foca no coletivo<br />

para atingir o individual. “Fazemos<br />

conteúdo com o qual cada pessoa se identifica<br />

e então leva para o coletivo. Conteúdo<br />

que interessa a determinados grupos<br />

gera qualidade nas discussões que surgem<br />

sobre o tema. Isso promove alto engajamento<br />

com o público”, afirmou Bruno Belardo,<br />

diretor de estratégia de marca do<br />

Buzzfeed Brasil.<br />

Bruno Belardo, diretor de estratégia de marca do Buzzfeed Brasil<br />

Daniel Conti, presidente do Vice Brasil<br />

42


43


ABA EM FOCO<br />

O <strong>nov</strong>o papel do CEO: chief<br />

engagement officer<br />

Rodolfo Araújo, líder<br />

de pesquisa e métricas,<br />

conhecimento e i<strong>nov</strong>ação<br />

da Edelman Significa<br />

Confiança nas empresas é maior no Brasil, revela pesquisa<br />

Trust Barometer, da Edelman, apresentada no ENA <strong>2016</strong><br />

Por Eliane Pereira<br />

Quando, em abril de <strong>2016</strong>, a Mitsubishi<br />

Motors admitiu ter manipulado resultados de<br />

testes de economia de combustível (para tornar<br />

os níveis de emissão de gases mais favoráveis),<br />

suas ações tiveram queda instantânea<br />

de 15%, com perda de US$ 1,2 bilhão do valor<br />

de mercado da empresa. O mesmo aconteceu<br />

com a Volkswagen, no ano anterior, flagrada<br />

usando um dispositivo para burlar os resultados<br />

de testes de emissão de poluentes em<br />

seus veículos a diesel: perda instantânea de<br />

23% de valor de mercado (US$ 17,6 bilhões).<br />

Os valores dão a dimensão da queda, na<br />

percepção do público, do nível de confiabilidade<br />

dessas companhias. E confiança é um<br />

item fundamental hoje no mundo dos negócios,<br />

pois a atitude do consumidor é orientada<br />

pela credibilidade nas empresas. A boa notícia<br />

é que, no Brasil, elas mantêm a liderança em<br />

termos de confiança da população, segundo<br />

aponta a 16ª edição da pesquisa Trust Barometer,<br />

da Edelman, apresentada na abertura<br />

do Encontro Nacional de Anunciantes<br />

(ENA <strong>2016</strong>).<br />

Realizado em 28 países, o estudo mede o<br />

nível de confiança das sociedades no governo,<br />

nas empresas, em ONGs e na mídia. Comparando-se<br />

o desempenho dessas quatro instituições,<br />

no Brasil as empresas lideram como<br />

as mais confiáveis (com 64 pontos), à frente<br />

das ONGs (62) e da mídia (54). Já a confiança<br />

no governo, de 2015 para <strong>2016</strong>, caiu de 32<br />

para 21 pontos (em uma escala de zero a 100<br />

que pondera a porcentagem obtida por cada<br />

um desses quatro grupos institucionais).<br />

A tendência de as empresas estarem à<br />

frente nesse quesito vem se manifestando já<br />

há alguns anos no mercado nacional. O mo-<br />

44


45


vimento de inclusão social pelo consumo, observado<br />

há pelo menos uma década, fez com<br />

que a relação do público com as marcas se<br />

intensificasse. Hoje, o brasileiro vê as empresas<br />

como o tipo de instituição que reúne mais<br />

recursos para entregar valor à sociedade. São<br />

ainda as entidades que mais se aproximaram<br />

das pessoas, por conta da inclusão de milhões<br />

no mercado consumidor – e as marcas são as<br />

que mais investem em credibilidade. Além<br />

disso, as companhias privadas são vistas pela<br />

população como motores do desenvolvimento<br />

econômico, responsáveis pela geração de<br />

empregos e pela dinamização da economia.<br />

O propósito impacta a confiança de maneira<br />

significativa. As principais razões para<br />

o aumento da confiança nas empresas são<br />

o impulso ao crescimento econômico e a<br />

contribuição delas para um bem maior. De<br />

fato, a proporção dos que concordam que<br />

uma empresa pode tomar atitudes que<br />

aumentem os lucros e, ao mesmo tempo,<br />

contribuem para melhorar as condições<br />

econômicas e sociais na comunidade onde<br />

atua já era alta em 2015 (83%) e cresceu<br />

ainda mais, chegando a 90% em <strong>2016</strong>, segundo<br />

a pesquisa.<br />

CEOs como agentes<br />

de transformação<br />

Além da qualidade de seus produtos e<br />

serviços – que é essencial –, o que qualifica<br />

uma empresa atualmente é o seu comportamento.<br />

E aí entra o papel do líder. No<br />

mundo todo, e no Brasil mais ainda, há uma<br />

grande expectativa no que se refere ao papel<br />

dos CEOs no posicionamento da organização.<br />

“Como no Brasil temos um vácuo de<br />

liderança, sobretudo na política, o CEO ac<strong>aba</strong><br />

se tornando a principal figura do comportamento<br />

empresarial. Além de resultados<br />

financeiros, ele tem que atender às demandas<br />

da sociedade para que seja porta-voz<br />

de causas e se envolva nas questões do seu<br />

setor econômico”, analisa Rodolfo Araújo, líder<br />

de pesquisa e métricas, conhecimento e<br />

i<strong>nov</strong>ação da Edelman Significa.<br />

Não por acaso, a credibilidade dos CEOs<br />

e dos membros da diretoria foi a que mais<br />

aumentou do ano passado para cá, de acordo<br />

com o Trust Barometer (11 e 14 pontos<br />

percentuais, respectivamente). Para os brasileiros,<br />

a palavra dos líderes tem grande<br />

relevância. Eles são considerados os porta-vozes<br />

mais confiáveis para comunicar<br />

investimentos em i<strong>nov</strong>ação, práticas da<br />

empresa e gestão de crises, e ainda na<br />

hora de fornecer informações sobre o lucro<br />

financeiro e o desempenho operacional.<br />

Estão também entre os criadores de conteúdo<br />

com mais credibilidade no meio digital<br />

(mídias sociais, sites de compartilhamento<br />

de conteúdo e mídias online), à frente de<br />

jornalistas e celebridades.<br />

“O CEO precisa entender que sua agenda<br />

se ampliou. Agora ele é chief engagement<br />

officer. Ele vai responder cada vez<br />

mais pelo comportamento das marcas”,<br />

afirma Araújo. No momento, a visão que o<br />

público tem dos líderes empresariais é que<br />

eles estão mais ligados aos aspectos operacionais<br />

do negócio e menos preocupados<br />

com integridade e engajamento. A maioria<br />

(85%) acha que eles devem ter visibilidade<br />

na discussão de temas de interesse geral,<br />

como desigualdade de renda, políticas públicas<br />

e questões sociais.<br />

O desafio, então, é conciliar propósito<br />

e lucro. E confiança é um ativo intangível<br />

de gestão da marca. Quanto mais confiável<br />

a empresa, melhores seus resultados<br />

financeiros. Outro aspecto importante a se<br />

levar em conta é que corporações mais engajadas<br />

são mais bem-sucedidas em reter<br />

seus talentos e fazem com que eles abracem<br />

melhor as estratégias da empresa.<br />

Com o aumento do engajamento interno, a<br />

tendência é os colaboradores entregarem<br />

melhores experiências para o público – e,<br />

quanto melhor ela for, maior a confiança.<br />

46


47


ABA EM FOCO<br />

ROI de mídia ainda é pouco<br />

usado no marketing<br />

Eduardo Tomiya, diretor<br />

geral da Kantar Vermeer<br />

Brasil e América do Sul<br />

Pesquisa da Kantar Vermeer apresentada no ENA <strong>2016</strong> demonstra que, em<br />

60% das empresas, o departamento financeiro desconhece os instrumentos<br />

para medir o retorno sobre investimentos em comunicação<br />

Por Eliane Pereira<br />

No final de março de 2015, a Nestlé estreou<br />

uma <strong>nov</strong>a campanha para o leite Ninho,<br />

assinada pela Publicis Brasil, com o mote “o<br />

que você vai ser quando seu filho crescer?”.<br />

Cerca de 400 mulheres foram ent<strong>revista</strong>das<br />

em todo o Brasil (no comercial para a TV, só<br />

três aparecem). Um ent<strong>revista</strong>dor pergunta à<br />

mãe o que o filho dela quer ser quando crescer.<br />

A mesma pergunta é feita ao filho. A segunda<br />

questão é: o que você vai ser quando<br />

seu filho crescer? Elas têm dificuldade de responder.<br />

Já eles têm todos a mesma resposta:<br />

“Vai ser minha mãe”.<br />

A reação das crianças, é claro, leva as<br />

mães às lágrimas. O resultado final é uma<br />

coleção de depoimentos comoventes, que<br />

repercutiu significativamente nas redes sociais.<br />

Só o vídeo oficial tinha, até o início de<br />

setembro, 284 mil visualizações no YouTube.<br />

Monitorar o desempenho de uma ação nas<br />

mídias sociais já é corriqueiro, mas como medir<br />

o retorno sobre o investimento (ROI, da<br />

sigla em inglês) de algo assim?<br />

O problema é ainda maior: de fato, a<br />

maioria das empresas não mede nem o ROI<br />

de mídia nos meios tradicionais, apesar de<br />

conhecer a metodologia. Pior: nenhuma usa<br />

uma ferramenta de ROI para ajudar a dimensionar<br />

o orçamento de marketing. Mesmo na<br />

hora de decidir sobre a divisão da verba de<br />

48


49


marketing, a maioria só considera o ROI algumas<br />

vezes, não sempre.<br />

Foi isso que mostrou uma pesquisa feita<br />

pela Kantar Vermeer (braço de consultoria<br />

do grupo Kantar) no Brasil, com 28<br />

diretores de marketing de empresas dos<br />

mais variados ramos de atividade. O estudo<br />

foi apresentado na abertura do Encontro<br />

Nacional de Anunciantes (ENA <strong>2016</strong>)<br />

pelo diretor geral da Kantar Vermeer Brasil<br />

e América do Sul, Eduardo Tomiya, como<br />

segunda entrega do Grupo de Líderes da<br />

ABA, integrado por CEOs de empresas associadas.<br />

Os resultados mostram que a questão<br />

não é falta de informação, visto que 60%<br />

dos ent<strong>revista</strong>dos afirmaram conhecer<br />

a metodologia. Mas, mesmo entre estes<br />

que conhecem a ferramenta, metade admite<br />

que não a utiliza, seja por não confiar<br />

nela (29%), pelo custo (24%) ou por outros<br />

motivos (49%). O dado mais preocupante,<br />

no entanto, é que em 60% das empresas<br />

o departamento financeiro desconhece os<br />

instrumentos para medir o ROI de comunicação.<br />

E é aí que as coisas se complicam.<br />

Prova dos <strong>nov</strong>e<br />

“Se é ROI, tem que usar com o financeiro.<br />

Essas ferramentas estão sendo usadas<br />

para tomar decisões dentro do marketing<br />

(como distribuir a verba) e não pelo CEO<br />

ou pelo CFO. Isso é muito sério, pois o esforço<br />

está sendo pouco efetivo na hora de<br />

convencer o financeiro das vantagens da<br />

ferramenta”, analisa Tomiya. Paradoxalmente,<br />

a pesquisa mostra que o CEO e o<br />

CFO reconhecem a importância do tema<br />

e não estão fechados a este tipo de tr<strong>aba</strong>lho,<br />

ao contrário (veja na pág. 52 depoimentos<br />

de presidentes de empresas no<br />

ENA <strong>2016</strong> sobre o assunto).<br />

O maior problema é que, muitas vezes,<br />

eles não são envolvidos ou as empresas<br />

não oferecem treinamento adequado para<br />

o financeiro. Interessante notar ainda que<br />

30% a 40% dos executivos de marketing<br />

que participaram da pesquisa são formados<br />

em engenharia, ou seja, têm familiaridade<br />

com números e cálculos complexos. Ainda<br />

assim, eles não conseguem estabelecer um<br />

diálogo com o financeiro da empresa, observa<br />

o diretor da Kantar Vermeer.<br />

A comprovação disso está no fato de<br />

que 86% das empresas não utiliza as informações<br />

de ROI de mídia para elaborar<br />

o orçamento de comunicação. E em nenhuma<br />

delas o financeiro utilizou o ROI<br />

de comunicação para definir o budget da<br />

área este ano, mesmo com a crise econômica.<br />

É difícil dizer quais são as principais<br />

dificuldades de se implementar o<br />

ROI de comunicação junto ao financeiro,<br />

mas em 12% dos casos alega-se falta de<br />

interesse e em 18%, que nenhuma metodologia<br />

consegue convencer o pessoal<br />

de finanças.<br />

A medição é realmente complexa.<br />

Em geral, as metodologias aferem o<br />

nível de conhecimento, a relevância e<br />

a diferenciação para a marca que a comunicação<br />

alcançou. No caso da ação<br />

da Nestlé com as mães, além de gerar<br />

engajamento nas redes sociais, a campanha<br />

virou notícia, gerando um bom<br />

volume de mídia conquistada.<br />

Segundo Tomiya, existem modelos<br />

matemáticos para medir a efetividade da<br />

comunicação. “O problema não é a matemática,<br />

a questão é como implementar<br />

isso num cenário complexo e traduzir em<br />

dinheiro, para que o financeiro possa entender”,<br />

explica. Há muito por fazer: do<br />

lado dos anunciantes, é preciso entender<br />

com mais profundidade os modelos<br />

e metodologias. Mas empresas que oferecem<br />

este tr<strong>aba</strong>lho precisam tornar estes<br />

modelos didáticos e com condições<br />

comerciais mais favoráveis.<br />

50


51


A visão dos presidentes<br />

CEOs do Grupo de Líderes da ABA destacam seu papel na geração de valor<br />

para as marcas e comentam sobre a importância de mensurar os resultados<br />

Juan Carlos Marroquin,<br />

presidente da Nestlé Brasil<br />

Claudia Sender,<br />

presidente da Latam<br />

Acredito que o mais importante (para o CEO) é<br />

alinhar o pessoal, dar reports a toda a organização<br />

com um esquema de comunicação muito<br />

bem alinhado, muito bem motivado, que permita<br />

alinhar e colocar toda a energia e todas<br />

as forças na missão estratégica que o negócio<br />

precisar. A i<strong>nov</strong>ação, a integridade e a ética são<br />

fatores essenciais. Num país com as dimensões<br />

do Brasil, confirmamos nossa estratégia de criação<br />

de valor compartilhado, que é a criação de<br />

valor através de toda a cadeia de fornecedores.<br />

Isso significa gerar melhores práticas na agricultura,<br />

na nutrição, reformulação de produtos<br />

e meio ambiente para ser um exemplo para a<br />

sociedade e melhorar cada vez mais.<br />

Uma das minhas crenças mais fortes é no poder<br />

transformador de cada um de nós. Para<br />

exercer esse papel de transformar, o líder tem<br />

que ser o grande promotor do engajamento de<br />

todo o time. Cada vez mais, as pessoas buscam<br />

inspiração em líderes colaborativos que têm<br />

uma capacidade muito forte de diálogo, mas,<br />

acima de tudo, de extrair o melhor de cada<br />

um dos seus colaboradores. O líder deve gerar<br />

o compromisso real de toda a equipe em torno<br />

dos propósitos, da vocação e da cultura da<br />

empresa. É fundamental para o CEO conseguir<br />

traduzir com clareza a estratégia da companhia<br />

para o time e, principalmente, engajá-lo em<br />

torno dessa visão. Só é possível construir esse<br />

processo de confiança e consolidar a reputação<br />

de uma marca e de uma companhia a partir de<br />

valores verdadeiros que motivem toda a equipe<br />

em busca dos mesmos objetivos.<br />

52


João Campos,<br />

presidente da PepsiCo Brasil Foods<br />

Newton Freire, presidente da<br />

Diageo para o Brasil, Uruguai e Paraguai<br />

As empresas hoje têm um papel muito mais<br />

amplo do que simplesmente entregar o que<br />

produzem. Seu papel é participar ativamente,<br />

influenciar as comunidades com as quais convivem.<br />

Acho que a nossa preocupação, e a de<br />

qualquer CEO, é como você está impactando<br />

a sociedade em que vive, o meio ambiente. O<br />

consumidor hoje dá muito mais valor à cadeia<br />

como um todo, ele está vendo não só o produto,<br />

mas como esse produto foi feito. Para mim,<br />

esse é um dos critérios mais importantes que<br />

temos atualmente. É como fazemos o nosso<br />

negócio, como tratamos as pessoas e como impactamos<br />

nas comunidades em que estamos<br />

presentes. Não podemos nos isolar do que está<br />

acontecendo à nossa volta. Temos, como empresários<br />

e empresas, a oportunidade e o dever<br />

de trazer um impacto positivo em todas as áreas<br />

em que nos encontramos, desde o começo<br />

da cadeia produtiva até o final.<br />

Estabelecer uma relação de confiança com a sociedade<br />

é fundamental para a sustentabilidade<br />

de qualquer negócio. E a confiança, a credibilidade,<br />

se criam demonstrando propósito, comportamentos<br />

e atitudes em linha com os valores da<br />

empresa. Para isso é fundamental o diálogo da<br />

empresa, por meio de seus líderes, diretamente<br />

com representantes da sociedade, seja a imprensa,<br />

o governo, comunidades, associações, sobre<br />

temas relevantes para todos, incluindo questões<br />

públicas, sociais e ambientais. Acredito que uma<br />

das qualidades mais importantes do CEO seja<br />

liderar pelo exemplo: nossas atitudes, nossos<br />

comportamentos devem ser consistentes com<br />

os valores e o propósito da empresa. Um segundo<br />

ponto importante, principalmente nos dias<br />

de hoje, é que a sociedade espera dos dirigentes<br />

das empresas uma conduta ética e irrepreensível.<br />

Não menos importante, o CEO deve ter<br />

preocupação genuína com o bem-estar e o desenvolvimento<br />

dos funcionários. E também envolvimento<br />

e liderança em questões importantes<br />

para a sociedade, como a preservação do meio<br />

ambiente e a promoção de práticas ou parcerias<br />

que contribuam para o desenvolvimento das comunidades<br />

em que a empresa atua.<br />

53


Alberto Carvalho,<br />

presidente da P&G<br />

André Salles,<br />

presidente da Brasil Kirin<br />

Qualquer investimento feito pela empresa<br />

tem que ter métricas de ROI, qualquer um. Em<br />

marketing não pode ser diferente. Sempre tem<br />

aquela piadinha, que nós sabemos que 50%<br />

do investimento em marketing é desperdiçado,<br />

apenas não sabemos onde e qual é esse<br />

50%. Hoje em dia isso não é mais verdade. Com<br />

as ferramentas de ROI sabemos exatamente<br />

quanto cada um contribui para a empresa.<br />

Isso facilita a tomada de decisões onde investir.<br />

Principalmente, num momento como este, de<br />

crise, no qual a escolha onde você vai investir<br />

tem que ser muito importante. Estamos investindo<br />

em marketing de maneira forte, mas de<br />

maneira mais inteligente do que fazíamos dois<br />

ou três anos atrás, por usar métricas de ROI em<br />

todos os nossos investimentos, sejam eles digitais,<br />

em TV aberta, na loja ou em programa de<br />

experimentação.<br />

Se queremos agregar valor a uma empresa, o investimento<br />

em marca é fundamental, é crítico,<br />

é o que vai assegurar a longevidade da empresa.<br />

E aí fica a questão da apuração do retorno<br />

do investimento em marcas, porque falamos,<br />

em geral, de um investimento e de construção<br />

de longo prazo dessas marcas. Como quantificar<br />

isso, como entender a mudança nos atributos<br />

que vão lá mexer na saúde da marca num<br />

prazo mais longínquo? Com relação ao retorno<br />

de investimento em marketing, precisamos de<br />

metodologias tão embasadas cientificamente<br />

quanto a mensuração de um retorno de investimento<br />

em ativo fixo. Existem formas para se<br />

fazer isso. Precisamos que os profissionais de<br />

marketing entendam isso, tenham um quê de<br />

financeiro para que saibam analisar profundamente<br />

o PNL de uma marca, saibam mensurar<br />

um investimento em trade marketing, numa<br />

ação de curto prazo, numa grande campanha<br />

que vai adicionar valor à marca a longo prazo.<br />

Nesse sentido, a eficiência do investimento em<br />

marketing tem que ser tão perseguida quanto<br />

nos investimentos em ativos como um todo.<br />

54


55


ABA EM FOCO<br />

Branding@ABA debate os<br />

desafios da era digital<br />

Personalização do contato, uso das redes sociais e <strong>nov</strong>as ferramentas<br />

de marketing são as armas para conquistar a atenção e a preferência<br />

do consumidor<br />

Por Eduardo Mustafa<br />

A atuação do branding se tornou fundamental<br />

para a construção do valor de uma<br />

marca e o mundo digital trouxe <strong>nov</strong>as formas<br />

de relacionamento. O Branding na Era da I<strong>nov</strong>ação<br />

foi o tema principal do Branding@ABA,<br />

realizado no dia 31 de agosto, em São Paulo,<br />

com a presença de representantes de grandes<br />

marcas, agências e veículos. O evento<br />

mostrou diversas formas de abordar os pontos<br />

de contato com o público e maneiras de<br />

gerenciar estrategicamente a comunicação,<br />

proporcionando experiência e diferenciação<br />

ao consumidor.<br />

O uso do big data para a personalização do<br />

contato foi um dos temas abordados, em painel<br />

moderado pelo presidente do comitê de<br />

Branding da ABA, Thiago Silva. Para o gerente<br />

de CRM e produtos da Multiplus, Gustavo Luiz<br />

Araújo, uma grande vantagem da empresa é<br />

poder enxergar o ciclo de compra do participante<br />

em todos os parceiros. “Já conseguimos<br />

impactar o cliente que vai resgatar uma<br />

passagem aérea para Miami com informações<br />

sobre hotéis, locadoras de carros, seguro viagem<br />

etc. A Multiplus foca na experiência do<br />

participante, pois queremos que ele tenha<br />

uma boa navegação e consiga boa resposta<br />

ao entrar no site”, explicou Araújo.<br />

Um dos segredos é conseguir decifrar o<br />

tempo ideal para impactar o usuário a partir<br />

das informações comportamentais, de modo<br />

a construir um relacionamento verdadeiro<br />

com os consumidores. “Muitos anunciantes<br />

só querem saber o quanto vão ter de retorno,<br />

mas a resposta é muito maior do que essa. O<br />

mundo digital é onde você consegue todas as<br />

respostas e em tempo real. As empresas precisam<br />

ir para o mundo C2C”, complementou o<br />

executivo da Multiplus.<br />

Já o gerente da Serasa Experian Marketing<br />

Services, Fernando Rosolem, lembrou<br />

que até pouco tempo atrás o responsável por<br />

mídia e o pessoal de CRM nem almoçavam<br />

juntos e hoje não vivem separados. Ele acre-<br />

56


dita que o erro é olhar só para uma dimensão<br />

do comportamento, afinal, existem aspectos<br />

sociodemográficos que dizem muito a respeito<br />

da pessoa.<br />

Hoje existem muitos dados disponíveis e<br />

complementar as informações de forma 360º<br />

é muito importante para aumentar a assertividade.<br />

“O mundo online é o que as pessoas<br />

querem ser e, muitas vezes, não o que elas<br />

realmente são. Por exemplo, muita gente que<br />

curte Harley-Davidson nas redes sociais não<br />

tem uma moto, pois trata-se de uma marca<br />

aspiracional. Nossa preocupação é saber<br />

mais coisas além do check-in e do like”, afirmou<br />

Rosolem.<br />

Araújo orienta as empresas a tr<strong>aba</strong>lharem<br />

comunicação e assertividade em tempo real<br />

com o cliente, tornando isso um diferencial<br />

da marca. “Precisamos direcionar essa conversa<br />

para conseguir apresentar alternativas<br />

relevantes, se não corremos sérios riscos de<br />

perder esse consumidor. Só que isso mistura<br />

todas as áreas da empresa. O mundo online<br />

é bom por isso, a forma como vamos interagir<br />

muda conforme o desejo dele. Temos que<br />

evoluir nesse sentido”, argumentou.<br />

Todo poder ao consumidor<br />

Segundo Luc Osborne, head de mídia para<br />

a América Latina da Dunnhumby (consultoria<br />

especializada em ciência do consumidor),<br />

19% das pessoas acreditam nos posts de marcas<br />

nas mídias sociais e 14% em websites.<br />

Osborne ressaltou que o modelo tradicional<br />

de comunicação das marcas está sendo desafiado<br />

pela massiva distribuição de conteúdo.<br />

“As pessoas ficam receosas quando as marcas<br />

falam com elas, porque já acreditam que é realmente<br />

uma venda – 83% preferem confiar<br />

nas recomendações de amigos e familiares”.<br />

No YouTube, 90% dos 100 primeiros vídeos<br />

são produzidos por usuários. No TripAdvisor, a<br />

Eduardo Tracanella,<br />

superintendente de marketing<br />

institucional do Itaú<br />

cada minuto são postadas 200 avaliações. No<br />

Instagram, 58 milhões de fotos são publicadas<br />

diariamente. Osborne reforça que os compartilhamentos<br />

dos consumidores abriram uma<br />

grande oportunidade para o marketing.<br />

Ele citou os resultados de pesquisa realizada<br />

entre profissionais da área mostrando<br />

que apenas 14% não tinham a intenção de<br />

usar a influência dessas pessoas nas mídias<br />

sociais, ou seja, 86% usarão essas influências<br />

para divulgar sua marca, produtos e serviços.<br />

No Brasil, um estudo apontou que 77% das<br />

decisões de compra dos brasileiros são influenciadas<br />

pelo seu meio social. “Esta é uma<br />

estatística significativa para entender quem<br />

é o consumidor do país”, disse Osborne, que<br />

contou com o consultor Marcos Hiller como<br />

moderador de sua apresentação.<br />

O empoderamento do consumidor e os<br />

desafios de gerir marcas em tempos de profundas<br />

mudanças reuniu os líderes de marketing<br />

da J&J, José Cirilo, e do McDonald´s, João<br />

Branco, com moderação de Igor Puga, da<br />

DM9DDB. A Johnson’s adotou <strong>nov</strong>a estrutura<br />

de marketing há dois anos, para priorizar alguns<br />

produtos dentro das 24 categorias que<br />

compõem o portfólio da empresa.<br />

“Os resultados mostram que estamos no<br />

caminho certo e mais presentes na vida dos<br />

brasileiros. Subimos de 25% para 89% de<br />

57


José Cirilo, da J&J, e<br />

João Branco, do McDonald’s<br />

população atingida de dois anos para cá. Aumentamos<br />

de 69% para 78% a penetração<br />

nos lares brasileiros. E passamos a ser líderes<br />

em 12 categorias em que competimos”, informou<br />

Cirilo.<br />

Uma das mudanças realizadas no departamento<br />

de marketing foi a contratação de profissionais<br />

mais técnicos e com amplo conhecimento<br />

do mercado nacional. “Passamos da<br />

mentalidade de caçador para a de pescador.<br />

Quando lançávamos um produto eu caçava o<br />

consumidor em todos os canais e não deixava<br />

ele escapar da mensagem. Hoje criamos conteúdo<br />

para trazê-lo para dentro dos canais na<br />

primeira fisgada. Depois é preciso <strong>nov</strong>amente<br />

tr<strong>aba</strong>lhar para ele ficar e consumir”, explicou.<br />

Atualmente são 35 milhões de consumidores<br />

que usam os produtos da companhia<br />

todos os dias e o objetivo é chegar aos 100<br />

milhões até 2020. O Brasil é a segunda maior<br />

operação da J&J em consumo no mundo, só<br />

atrás dos Estados Unidos.<br />

“Chegamos à conclusão de que conteúdo<br />

é o melhor jeito de trazer o consumidor.<br />

Hoje, a forma de se conectar mudou, pois ele<br />

é disperso. O consumidor brasileiro tornou-se<br />

multitela. Por isso, precisamos nos adaptar a<br />

essa característica de comunicação, para atingi-lo<br />

com eficiência”, alertou Cirilo.<br />

Novas ferramentas<br />

O diretor de marketing da J&J revelou que<br />

a mídia programática se tornou fundamental<br />

para o negócio. A empresa passou de 2%<br />

de investimento no digital para 20% em dois<br />

anos. “A TV ainda é muito importante e relevante<br />

para nós, pois precisamos da penetração<br />

de 98% da TV nos lares do Brasil. Realmente<br />

acreditamos no potencial do digital”.<br />

João Branco, diretor de marketing do Mc-<br />

Donald´s, reforçou a importância do CRM<br />

para fidelizar e conquistar o consumidor. A<br />

rede de restaurantes é líder em refeições fora<br />

de casa, com share entre 6% e 7%, percentual<br />

que caracteriza um mercado muito pulverizado.<br />

“A forma de comunicar precisa ser<br />

ainda mais precisa, afinal, consigo endereçar<br />

mensagens para pessoas que comem fora de<br />

casa e não no McDonald´s. Por outro lado,<br />

consigo atingir o consumidor que adora Big<br />

Mac. Em tempos de crise fica mais fácil crescer<br />

por frequência, e não por penetração”,<br />

apontou Branco.<br />

Na operação brasileira da empresa o departamento<br />

de marketing conta apenas com<br />

cinco profissionais. A mudança realizada nos<br />

últimos anos foi conceituada na forma de<br />

pensar e de se capacitar para atingir esse consumidor.<br />

“Passamos por um desenvolvimento<br />

profundo de capacitação no digital e de tr<strong>aba</strong>lho<br />

com agências sobre métricas e planos.<br />

A mudança está na forma de pensar”, complementou.<br />

O McDonald´s vende quase mil hamburguers<br />

por minuto no país e o grande desafio<br />

está em aumentar ainda mais as vendas. Ao<br />

final, Branco lançou uma provocação à audiência:<br />

“Se eu tivesse toda a atenção do mundo<br />

do meu consumidor, o que diria para ele?<br />

Alguém sabe a resposta?”, desafiou.<br />

58


Como aproveitar o melhor do<br />

digital para construção de marca<br />

No encerramento do Branding@ABA,<br />

o público pôde acompanhar a sinergia<br />

entre Malu Lopez, diretora de negócios<br />

do Facebook, e Daniela Cachich, ex-vice<br />

-presidente de marketing da Heineken e<br />

atualmente vice-presidente de marketing<br />

da Pepsico. A interação e cumplicidade<br />

entre as duas eram muito claras ao<br />

apresentarem o sucesso do lançamento<br />

da Amstel via mobile e redes sociais. Foi<br />

a primeira vez que uma marca de cerveja<br />

apostou nessa estratégia para entrar no<br />

mercado.<br />

“Fugimos do padrão na promoção de<br />

uma marca de cerveja popular no País. Boa<br />

parte da concorrência objetifica a mulher<br />

para vender esta categoria, principalmente<br />

no segmento de massa. Para nós, o mobile<br />

foi um universo i<strong>nov</strong>ador para explorar o<br />

conteúdo”, disse Daniela sobre o processo<br />

de criação da campanha.<br />

Outro ponto bastante destacado pela dupla<br />

foi a parceria entre cliente, agência e plataforma.<br />

A equipe de criação tr<strong>aba</strong>lhou unida,<br />

para que a campanha pudesse alcançar seu<br />

Malu Lopez, do Facebook, e<br />

Daniela Cachich, ex-Heineken<br />

potencial máximo em todas as áreas. “Deve<br />

haver humildade do lado do anunciante para<br />

entender o que a ferramenta tem para oferecer<br />

e, assim, aproveitá-la da melhor maneira<br />

possível”.<br />

Os grandes desafios do mundo digital estão<br />

nas inúmeras possibilidades de explorar<br />

meios como o Facebook, entre outras plataformas.<br />

“O mobile não é um meio, mas um<br />

comportamento. A tela do celular está mais<br />

próxima do consumidor”, disse Malu, ao ressaltar<br />

que o mundo digital permite interação<br />

com o público. “Isto é um ingrediente primordial<br />

para o sucesso de uma marca”, finalizou.<br />

Conteúdo e integração: como fazer dar certo<br />

Os desafios de unir empresas de culturas<br />

diferentes e fazer a comunicação de maneira<br />

que nem os clientes, nem os colaboradores se<br />

sintam excluídos foi o tema debatido no painel<br />

“Rebranding no setor financeiro”. Contaram<br />

suas experiências e preocupações em relação<br />

ao processo de rebranding de uma instituição<br />

financeira o superintendente de marketing<br />

institucional do Itaú, Eduardo Tracanella; diretora<br />

do Santander Esfera, Paula Nader; e a<br />

executiva da área de i<strong>nov</strong>ação do Bradesco Renata<br />

Petrovic. Daniella Bianchi, da Interbrand,<br />

moderou a discussão.<br />

Em relação às dificuldades de excluir a<br />

marca HSBC após a compra pelo Bradesco, Renata<br />

contou que o cuidado com os clientes é<br />

primordial em todas as etapas. “O maior desafio<br />

está em preservar o relacionamento com<br />

os clientes, sobretudo aqueles que possuem<br />

alta renda. Nosso tr<strong>aba</strong>lho é mostrar que,<br />

além dos serviços já adquiridos no HSBC, eles<br />

encontrarão benefícios na integração com o<br />

Bradesco”.<br />

Já Eduardo Tracanella ressaltou que, apesar<br />

de a logomarca continuar como Itaú, este<br />

já não é como antes da fusão com o Unibanco.<br />

“A grande transformação foi do ponto de vista<br />

de cultura. De um lado tínhamos paulistas<br />

mais racionais; do outro, cariocas com um instinto<br />

mais humano, focado no relacionamento.<br />

O grande desafio foi achar um meio termo.<br />

Quando cuidamos de marcas, precisamos de<br />

59


Cota Ouro<br />

Cota Prata<br />

Cota Bronze<br />

Cota Apoio Welcome<br />

Uol<br />

Cota Apoio Coffee Break Manhã<br />

Heineken<br />

Millward Brown<br />

Cota Apoio Almoço<br />

Facebook/Instagram<br />

Cota Apoio Almoço<br />

Ipsos<br />

Cota Apoio Coffee Break Tarde<br />

Google<br />

Apoio<br />

ESPM<br />

Granza<br />

In Press | Porter Novelli<br />

MIB Brasil<br />

The Heart Corporation<br />

The Group<br />

Parceiros de Mídia – SP<br />

Adnews<br />

Alpha FM<br />

Carta Capital<br />

GoAd Media<br />

Imprensa Editorial<br />

Kiss FM<br />

Meio & Mensagem<br />

Propmark<br />

Rádio Estadão<br />

Record News<br />

Revista Marketing<br />

Revista Propaganda<br />

Top FM<br />

grandes fatos para sermos diferentes. Pensamos<br />

sobre o que elas eram e o que queríamos<br />

que elas fossem”.<br />

O processo de reposicionamento é desgastante<br />

e gera muitas dúvidas sobre as decisões<br />

que devem ser tomadas. Segundo Paula<br />

Nader, relembrando a integração Santander/<br />

Real, a solução para esses impasses é escolher<br />

o caminho de cultura e tomar decisões sem<br />

sofrer. “Se você decidiu, siga em frente. Matou,<br />

morreu, enterra, viva a fase do luto, sofra<br />

pela memória e a vida que segue. O que atrapalha<br />

é a viuvez. O luto tem que ser com respeito,<br />

colaboração. O ponto bom é quando as<br />

pessoas começam a falar em herança. Trocar<br />

o que ‘perdeu’ pelo que ‘ganhou’ ”.<br />

Marcas com conteúdo<br />

O marketing de conteúdo como ferramenta<br />

para construir sua identidade e buscar a<br />

identificação do público reuniu Lucas Mello,<br />

fundador e CEO da LiveAD, Paulo Lima, fundador<br />

e presidente da Trip Editora, e Rodrigo<br />

Flores, diretor de conteúdo do UOL. Com<br />

moderação de Fernando Diniz, da DPZ&T, eles<br />

protagonizaram um debate permeado pela<br />

presença da verdade nas ações das marcas.<br />

“A publicidade desconsiderou esse conceito,<br />

que é super i<strong>nov</strong>ador nos dias de hoje. A<br />

audiência está conectada e apura a verdade”,<br />

destacou Lucas Mello, que apresentou exemplos<br />

de como trazer esses conceitos para o<br />

marketing de conteúdo, entre eles a ação da<br />

Sadia com o chef Jamie Oliver.<br />

Paulo Lima, da Trip, apresentou tr<strong>aba</strong>lho<br />

feito pela Trip para a C&A: um vídeo com uma<br />

ex-colaboradora da companhia que decidiu<br />

abrir mão de seu alto cargo para ocupar um<br />

menor e ter mais tempo para se dedicar a sua<br />

filha. “Hoje a mulher tem que ser magra, bonita,<br />

bem-sucedida e cuidar dos filhos. E isso<br />

não existe, a verdade é bem outra. Foi isso<br />

que mostramos”.<br />

Rodrigo Flores ressaltou a importância de<br />

conectar as pessoas, para que elas se identifiquem<br />

com uma marca, uma causa. “Este é um<br />

desafio de verdade, criar uma conexão com as<br />

pessoas para fazê-las compartilhar”.<br />

60


ABA EM FOCO<br />

Transformação, medição e<br />

superação: os desafios<br />

apresentados pelo ABA Mídia<br />

Orlando Lopes, do Kantar<br />

Ibope Media, e Heródoto<br />

Barbeiro, da Record News<br />

Por Eliane Pereira<br />

61


Julia Lamaison, media<br />

research & insight director<br />

62<br />

da GfK


63


64<br />

Vijay Rao, da AOL


65


ABA EM FOCO<br />

Adblockers, prejuízo para<br />

marcas e publishers<br />

O uso de bloqueadores de publicidade online cresce<br />

exponencialmente no Brasil e no mundo, mas o mercado se<br />

mobiliza para neutralizar ou, ao menos, amenizar os efeitos<br />

dessa prática<br />

Por Eduardo Mustafa<br />

O mundo digital vive um momento conturbado<br />

em se tratando de publicidade online.<br />

De um lado estão os internautas que não<br />

querem ser impactados por anúncios intrusivos.<br />

Do outro, publishers e anunciantes, que<br />

enfrentam uma grande dor de cabeça porque<br />

estão perdendo receita substancial e, frequentemente,<br />

não têm a simpatia de usuários<br />

que ficam irritados com alguns anúncios.<br />

No meio dessa conversa está o advento<br />

dos bloqueadores de anúncios (ou adblockers),<br />

um dos assuntos mais discutidos pelo<br />

mercado nos últimos tempos. O tema permeou<br />

um dos painéis do ABA Mídia <strong>2016</strong>,<br />

realizado em 22 de setembro, em São Paulo.<br />

Os bloqueadores são uma extensão gratuita<br />

para os principais navegadores da web<br />

(Chrome, Firefox, Explorer, Safari, Opera,<br />

Apple Webkit, Maxthon e Yandex). Ao adicionar<br />

o adblocker às extensões do navegador,<br />

a maioria das modalidades de anúncios é<br />

identificada e automaticamente bloqueada<br />

durante o carregamento da página, de<br />

maneira que os anúncios não sejam exibidos<br />

para o usuário, somente o conteúdo.<br />

É possível adicionar ou retirar anúncios da<br />

lista de filtrados (bloqueados), como também<br />

utilizar a configuração de bloqueio<br />

total de propaganda.<br />

Por que a rejeição?<br />

Um estudo realizado pela consultoria Research<br />

Now revelou os motivos pelos quais<br />

os usuários optam por usar bloqueadores de<br />

publicidade online. A principal razão para o<br />

descontentamento são os anúncios intrusivos<br />

e forçados – só no Brasil, 64% dos ent<strong>revista</strong>dos<br />

apontaram esse fator. Além disso,<br />

quando questionados sobre quais formatos<br />

66


são os mais intrusivos, 46% dos usuários com<br />

bloqueadores instalados indicaram o pre-roll.<br />

A pesquisa também deixa clara a aversão<br />

aos anúncios pop-up, com 85% dos ent<strong>revista</strong>dos<br />

aderindo aos bloqueadores para remover<br />

esse tipo de propaganda. No levantamento,<br />

86% afirmaram que reconsiderariam a<br />

opção dos bloqueadores se pudessem fechar<br />

ou ignorar a propaganda.<br />

Para ajudar anunciantes e publishers, o<br />

IVC lançou, no final do ano passado, um serviço<br />

para detectar usuários de sites brasileiros<br />

que usam adblockers. Chamado AdBlock<br />

Detector, o produto foi desenvolvido pelo<br />

próprio IVC, em parceria com a Alliance for<br />

Audited Media (AAM), seu equivalente nos<br />

Estados Unidos. O objetivo é informar os veículos<br />

sobre a interferência na visualização de<br />

campanhas publicitárias em seus sites.<br />

A partir de uma tag própria desenvolvida<br />

pelo IVC, um detector verifica se o browser<br />

do visitante da página bloqueia ou não anúncios.<br />

A tag é um código instalado nas páginas<br />

web para coletar dados sobre todos os acessos.<br />

Esta tecnologia identifica também qual<br />

dispositivo (computador, smartphone ou tablet)<br />

está sendo usado, assim como sistema<br />

operacional, geolocalização e horário.<br />

Como driblar os adblockers<br />

O presidente do IVC, Pedro Silva, alerta<br />

que o nível de adblocking está relacionado<br />

com a tecnologia utilizada e o perfil sociodemográfico<br />

do usuário. “Descobrimos que<br />

tem site com um terço do seu inventário<br />

indisponível. Estamos monitorando o mercado<br />

e vimos uma redução de adblocking a<br />

partir de maio de <strong>2016</strong>. Isso aconteceu por<br />

que vários players detectaram essa tendência<br />

crescente e perceberam que não poderiam<br />

continuar se escondendo do problema.<br />

Vários websites adotaram estratégias para<br />

eliminar o bloqueio e percebemos uma queda<br />

em todo o ecossistema. Isso ainda é uma<br />

tendência, não confirmada em números<br />

concretos. Mas, pelas análises, enxergamos<br />

isso”, acredita Silva.<br />

Pedro Silva, presidente<br />

do Instituto Verificador<br />

de Comunicação<br />

A porcentagem dos usuários de bloqueadores<br />

varia de site para site, dependendo<br />

do alvo. Os que abordam games têm uma<br />

taxa maior de usuários de adblockers do que<br />

outros canais. O estudo conduzido pela PageFair<br />

indica que sites de jogos são os mais<br />

afetados pelos bloqueadores de propaganda,<br />

com 27%. Depois vêm as redes sociais<br />

(19%), sites sobre tecnologia e educação<br />

(17%) e esportes (16%).<br />

No UOL, um dos maiores portais do Brasil,<br />

o maior impacto do bloqueio de anúncios<br />

é na homepage, com 60% de impacto<br />

no inventário, revela o managing director<br />

André Vinicius. Os canais internos representam<br />

cerca de 40% de anúncios bloqueados.<br />

“Nosso posicionamento é de não nos opormos<br />

ao adblock. Não deixamos de oferecer<br />

qualquer tipo de conteúdo para a nossa audiência<br />

porque ela usa bloqueador. Nossa<br />

credibilidade conta muito nessa questão:<br />

4% da audiência UOL utiliza adblocker. Na<br />

internet, são 21%”, argumenta Vinicius.<br />

Entre as iniciativas do UOL para melhorar<br />

a questão de publicidade intrusiva está<br />

a realização constante de pesquisas com a<br />

audiência que utiliza bloqueadores. O objetivo<br />

é entender a relação do internauta com<br />

os anúncios. “Também criamos um manual<br />

para ativar o whitelist e um de boas práticas<br />

para os anunciantes. Essas iniciativas renderam<br />

um crescimento de 73% na adoção do<br />

usuário na whitelist de maio para agosto de<br />

<strong>2016</strong>. A audiência entende a importância do<br />

anúncio e quer contribuir com a sustentabilidade”,<br />

acredita Vinicius.<br />

67


Adblockers x players de mídia digital<br />

A ferramenta mais popular de filtragem de<br />

publicidade online, o AdBlock Plus, anunciou<br />

recentemente a expansão do seu programa<br />

de “anúncios aceitáveis”. O recurso foi criado<br />

para barrar apenas a publicidade mais invasiva<br />

e deixar passar os banners menores, mais<br />

discretos e considerados menos irritantes.<br />

Apesar de controverso, o AdBlock Plus<br />

disponibiliza uma loja que permite que os<br />

players comprem e escolham uma lista de<br />

anúncios aceitáveis que poderão ser exibidos<br />

em sua página. O objetivo é facilitar a mediação<br />

com veículos, anunciantes e redes de<br />

publicidade. Os anunciantes podem simplesmente<br />

entrar na loja, realizar um cadastro,<br />

selecionar os anúncios que poderão exibir e<br />

fazer as alterações no código da página.<br />

O AdBlock Plus reforça que, mesmo assim,<br />

sua plataforma vai continuar barrando o<br />

que for mais abusivo e invasivo. Os banners<br />

oferecidos por meio da plataforma deverão<br />

ter dimensões limitadas, devem ficar em partes<br />

específicas das páginas e não podem rastrear<br />

os usuários do site.<br />

A Forbes, <strong>revista</strong> de negócios e economia,<br />

passou a bloquear usuários que utilizam ferramentas<br />

de adblocking. A Folha de S.Paulo<br />

começou a utilizar a mesma estratégia, mas<br />

em poucos dias surgiu o Anti Adblock Killer.<br />

Os players de mídia não concordam em comprar<br />

das empresas que fornecem os adblockers<br />

e os anti-adblockers, pois isso alimenta<br />

um eterno jogo de gato-rato. Mas o fato é que<br />

não tem volta: para cada bloqueador existirá<br />

um “desbloqueador” ao alcance dos leitores<br />

que se sentem incomodados com banners.<br />

“Quando penso em publicidade online intrusiva,<br />

um dos pontos que sempre me chamou<br />

atenção no passado foi o pop-up. Foi<br />

algo que sofremos como usuários e também<br />

como anunciantes. Era muito utilizado e, realmente,<br />

em alguns casos passava dos limites.<br />

O tempo passou e evoluímos. Na minha opinião,<br />

o mais importante é sempre ter o usuário<br />

no centro da discussão”, analisa Henrique<br />

Belmonte, gerente de mídia da Telefônica<br />

Vivo e vice-presidente do Comitê de Mídia<br />

da ABA.<br />

A liberdade de expressão da audiência, ou<br />

seja, a escolha por usar ou não o bloqueador<br />

de anúncio dentro do portal, é muito respeitada<br />

no UOL, garante o managing diretor<br />

André Vinícius. “A maneira de resolver essa<br />

questão não é restringindo conteúdo para o<br />

usuário. Estamos falando de um problema<br />

global que afeta os principais mercados e não<br />

vejo nenhum outro cenário mundo afora mais<br />

evoluído que o nosso”, aponta.<br />

Para ele, o prejuízo do adblocking, primordialmente,<br />

está no publisher e se reflete em<br />

dois pontos: detrimento futuro ao anunciante<br />

e pressão diária dos anunciantes na busca<br />

por eficiência, melhorias e resultados perante<br />

os publishers. “Encontrar o balanço saudável<br />

do dilema ainda é bem complicado”,<br />

finaliza Vinícius.<br />

68


69


ABA EM FOCO<br />

O mercado bilionário das<br />

fraudes cibernéticas<br />

Por Eduardo Mustafa<br />

Podemos considerar fraude digital algo<br />

que simula o comportamento humano sem<br />

ser detectado. É preciso ficar atento, pois<br />

trata-se de um inimigo invisível, que ataca<br />

marcas de todos os setores. O mercado<br />

norte-americano estima perdas entre US$ 6<br />

bilhões a US$ 8 bilhões por ano, o equivalente<br />

a aproximadamente um terço do mercado<br />

de publicidade digital, de acordo com<br />

o estudo The Bot Baseline, da Association of<br />

National Advertisers.<br />

São bilhões de dólares investidos em publicidade<br />

que nunca tornaram públicas as<br />

mensagens desejadas porque não atingiram<br />

pessoas ou porque elas nem sequer foram<br />

vistas. A fraude digital precisa ser acompanhada<br />

de perto, pois diminui os resultados<br />

dos anunciantes, reduz postos de tr<strong>aba</strong>lho<br />

e limita a capacidade de faturamento dos<br />

veículos.<br />

A fraude robótica é o mais lucrativo crime<br />

cibernético, alerta o consultor de desenvolvimento<br />

de negócios da Tomorr\\\ Américas,<br />

Luiz Kroeff, que participou de painel<br />

sobre o tema no ABA Mídia, realizado em<br />

setembro. “Estamos procurando replicantes.<br />

Este é o tr<strong>aba</strong>lho ao combater o adfraud:<br />

separar o que é um clique sintético e<br />

o que é humano”, disse Kroeff.<br />

Para o consultor, a maioria dos anunciantes<br />

não está lidando de maneira correta<br />

com essa questão, até porque não é um<br />

assunto fácil. “Os autores destas fraudes<br />

são gangues organizadas que se sustentam<br />

da indústria da propaganda. Eles atuam em<br />

todas as mídias digitais – 23% em vídeo,<br />

19% em retargeting, 18% em mobile, 17%<br />

em programática e 11% em display. Os bots<br />

estão ativos em todo o mundo. Para se ter<br />

uma ideia, 30% dos computadores domésticos<br />

nos Estados Unidos estão infetados por<br />

malwares”, lembrou Kroeff.<br />

Como se prevenir<br />

Na companhia aérea Latam, por exemplo,<br />

percebeu-se um volume de visitas bastante<br />

alto no site em relação aos dos concorrentes.<br />

Contudo, o bouncing rate alcançava<br />

mais de 70%. “Vimos que esse tráfego estava<br />

vindo de um de nossos afiliados, sendo<br />

70


que grande parte dessas visitas gerava zero<br />

conversão. Cortamos todos os sites que geraram<br />

zero visitas e, no mês seguinte, elas<br />

caíram 70%. Mas não houve impacto em<br />

conversão ou receita”, conta Renata Safe,<br />

gerente de e-commerce na Latam, durante<br />

um painel sobre o tema organizado pelo Interactive<br />

Advertising Bureau (IAB Brasil).<br />

Já a Unilever busca fazer o investimento<br />

em marca com 100% de retorno. A companhia<br />

optou por acompanhar de perto os<br />

resultados de publicidade digital para evitar<br />

perdas. “Temos meta para checar tudo o<br />

que é entregue e perseguimos esse objetivo<br />

o tempo todo. Em digital, precisamos dos<br />

grandes números, mas nem sempre eles são<br />

mais interessantes. Por exemplo, hoje aceitamos<br />

35% de entrega de não-viewability,<br />

mas pagamos mais pela impressão de qualidade”,<br />

comenta Marco Frade, diretor de mídia<br />

da empresa e membro do Comitê de Mídia<br />

da ABA. Diante de um desafio que custa<br />

bilhões de dólares à indústria global anualmente,<br />

Paris Piedade, diretor de plataforma<br />

tecnológica da TV Globo e presidente do<br />

comitê de combate à fraude do IAB Brasil,<br />

reforça que o combate a essa prática deve<br />

Luiz Kroeff, consultor<br />

de desenvolvimento de<br />

negócios da Tomorro\\\<br />

ser constante. Em três passos, o executivo<br />

recomenda como empresas dos diversos setores<br />

podem elaborar estratégias para uma<br />

compra mais segura.<br />

Em primeiro lugar, exija transparência,<br />

saiba onde a publicidade foi rodada e para<br />

onde foi o dinheiro. Em segundo, deve-se<br />

analisar mais de uma dimensão. “Não olhe<br />

só o custo de conversão ou só o clique.<br />

Quando olhamos mais de uma métrica, é<br />

mais fácil encontrar desvios”, ensina. E, por<br />

fim, siga seu dinheiro. “Saiba para onde está<br />

indo cada centavo, porque o dinheiro investido<br />

em fraude não dá retorno”.<br />

71


Quando a publicidade erra o alvo<br />

Ações fraudulentas não são a única dor<br />

de cabeça para quem tr<strong>aba</strong>lha com publicidade<br />

digital. O tráfego inválido também gera<br />

perdas gigantescas. Segundo a comScore, a<br />

média de impressões dos anúncios que acertaram<br />

o target na América Latina foi de 37%,<br />

sendo que na América do Norte esse número<br />

alcança 43%.<br />

“Grande parte das impressões contabilizadas<br />

pelo lado do ad server são entregues<br />

através de tráfego inválido ou anúncios não<br />

visíveis, distorcendo medições posteriores.<br />

Este problema é específico do setor digital e<br />

gera inconvenientes quando se trata de mostrar<br />

o valor das impressões digitais em relação<br />

a outras mídias”, explica Luciana Burger,<br />

da comScore Brasil.<br />

O Interactive Advertising Bureau (IAB)<br />

avalia que 36% do tráfego online pode ser<br />

inválido – conceito que abrange tanto fraudes<br />

humanas como tecnológicas (robôs). As<br />

compras diretas de publicidade online apresentam<br />

maior visibilidade de tráfego inválido<br />

do que as programáticas, de acordo com a<br />

comScore.<br />

Os sites não premium, ou seja, aqueles<br />

que publicam conteúdo de terceiros, alcançam<br />

cerca de 25% de tráfego inválido. Já os<br />

premium – que sabem de onde vem o conteúdo<br />

e as páginas que fazem parte do seu site<br />

– registram cerca de 5% de tráfego inválido.<br />

David Fischer, vice-presidente mundial de<br />

parcerias de negócios e marketing do Facebook,<br />

informou, em carta aos clientes, que o<br />

sistema que mede a audiência de vídeo deveria<br />

considerar o tempo gasto na visualização<br />

dividido pelo número total de pessoas que<br />

acessaram o conteúdo. Em vez disso, calculou-se<br />

o tempo total gasto dividido somente<br />

pelo número de visualizações. Nos Estados<br />

Unidos, grandes anunciantes e agências cobraram<br />

mais explicações da rede social.<br />

Assim que a falha veio à tona, o Facebook<br />

procurou Erica Campbell, diretora de mídia<br />

da L’Oréal e presidente do Comitê de Mídia<br />

da ABA, para esclarecimentos e a entidade<br />

imediatamente repassou o comunicado a<br />

seus associados. Segundo Erica, uma vez que<br />

o ocorrido não impactou no faturamento das<br />

ações de mídia, e sim em eventuais acordos<br />

de remuneração individuais, não cabe à associação<br />

intervir no caso.<br />

“A falha na métrica de duração média de<br />

visualização de vídeo do Facebook reforça a<br />

importância de anunciantes e agências compreenderem<br />

profundamente o ambiente de<br />

mídia, seja ele digital ou não, além da necessidade<br />

de transparência nos dados e da abertura<br />

para verificação destes por terceiros”,<br />

comenta Erica.<br />

Métricas e o caso Facebook<br />

Às vezes o problema não é gerado nem<br />

por má-fé (caso das fraudes) nem por dispersão,<br />

mas por distorção das métricas. Este<br />

foi um problema que o Facebook precisou<br />

enfrentar recentemente. Em setembro, a<br />

rede social emitiu um comunicado pedindo<br />

desculpas por ter errado nas medições de<br />

audiência dos anúncios em formato de vídeo.<br />

Segundo reportagem do The Wall Street<br />

Journal, a média de tempo gasto em visualizações<br />

de vídeos estava superestimada entre<br />

60% e 80%.<br />

72<br />

Luciana Burger, da comScore


73


ABA EM FOCO<br />

Eventos marcam<br />

presença nacional da ABA<br />

ABA Midia, Brasília<br />

Em <strong>2016</strong>, a ABA estendeu a realização de eventos regionais. Pela<br />

primeira vez, Porto Alegre e Belo Horizonte tiveram edições locais<br />

do ABA Mídia e do ABA Comunicação Digital, respectivamente.<br />

“Estamos ampliando nossa atuação para aproximar ainda mais<br />

os associados dos debates que tratam de temas extremamente<br />

relevantes, tanto local quanto nacionalmente”, afirma a presidente<br />

da ABA, Juliana Nunes. Para 2017, a expectativa é promover mais<br />

iniciativas desse tipo. Confira os destaques dos eventos (com a<br />

logística liderada por Márcia Santos) realizados no Rio de Janeiro,<br />

Brasília e Porto Alegre<br />

10 de março 6 de abril<br />

ABA Insights | Rio de Janeiro<br />

A palestra do economista Sergio Besserman<br />

Vianna, ex-presidente do IBGE e presidente<br />

do Instituto Pereira Passos, sobre o cenário<br />

macroeconômico do Brasil, abriu o evento.<br />

O encontro também tratou de crise, análise<br />

de mercado e tomada de decisão, longevidade,<br />

marcas que fazem a diferença na vida<br />

dos consumidores, futuro das agências, <strong>nov</strong>as<br />

audiências e <strong>nov</strong>os hábitos de consumo<br />

de mídia e celebridades. Participaram das<br />

discussões a diretora comercial da Kantar<br />

World Panel, Christine Pereira; a CEO da<br />

Millward Brown, Valkiria Garré; a CMO da<br />

L’Oréal, Paula Costa; o sócio-diretor de criação<br />

da Pereira&O´Dell, Marcio Callage; e o<br />

diretor geral da GfK Brasil, Flavio Ferrari, entre<br />

outros.<br />

ABA Petrobras de Comunicação<br />

Digital | Rio de Janeiro<br />

Os impactos dos Jogos Rio <strong>2016</strong> foram o<br />

tema de abertura do evento, que teve como<br />

debatedores o CEO da Gael, Gaetano Lops; o<br />

coordenador de estratégia de comunicação<br />

da prefeitura do Rio, Rafael Lisboa; e o diretor<br />

de esportes do Twitter no Brasil, Luan<br />

Knaya. O sócio da Tomorro\\\ de Nova York,<br />

Demian Waldman, apresentou as oportunidades<br />

proporcionadas pela tecnologia. Ainda<br />

foram discutidas soluções para lidar com<br />

as <strong>nov</strong>as demandas digitais e seu impacto<br />

no modelo de negócios das agências, vídeo<br />

como um <strong>nov</strong>o caminho de engajamento, o<br />

desafio de construir marca e perenizar os<br />

aplicativos e os atuais desafios dos profissionais<br />

de marketing.<br />

74


5 de maio 4 de outubro<br />

ABA Mídia | Brasília<br />

O encontro teve início com a palestra do consultor<br />

de learning e insights do Kantar Ibope<br />

Media, Thiago Magalhães, sobre as principais<br />

tendências do mercado para <strong>2016</strong> do ponto<br />

de vista midiático. Também foram discutidos<br />

os desafios para o setor de TV por assinatura,<br />

com apresentação da gerente de pesquisa e<br />

inteligência de mercado da Globosat, Giani<br />

Scarin. O evento contou ainda com debates<br />

sobre comunicação e inteligência preditiva e<br />

mídia programática.<br />

16 de junho<br />

ABA Marketing Cultural | Rio de Janeiro<br />

O terceiro evento carioca da ABA em <strong>2016</strong><br />

reuniu especialistas para discutir critérios<br />

para escolha de projetos culturais, legislação<br />

de incentivo e identidade das marcas no<br />

mundo da cultura. Participaram representantes<br />

do Instituto Cultural Cidade Viva, da BFV<br />

Cultura e Esporte e do Instituto Tomie Ohtake,<br />

entre outros.<br />

ABA Mídia | Porto Alegre<br />

O ABA Mídia na capital gaúcha apresentou<br />

cases de marcas nacionais com estratégias<br />

para o mercado local. Participaram representantes<br />

de Walmart, Fiat e Grupo RBS. Marcas<br />

nascidas no Sul, como Renner e Tramontina,<br />

também relataram suas estratégias e aprendizados<br />

ao se tornarem nacionais.<br />

19 de outubro<br />

ABA Esportes | Rio de Janeiro<br />

Terminada a Olimpíada, foi a hora de avaliar<br />

o desempenho dos patrocinadores na Rio<br />

<strong>2016</strong>. Participaram do debate representantes<br />

de Bradesco, P&G e McDonald’s. A diretora<br />

de marketing e produto dos canais SporTV,<br />

Bianca Maksud, levou informações sobre a<br />

maior transmissão esportiva da TV brasileira.<br />

O evento terminou com apresentação do<br />

head de parcerias em esportes do Twitter,<br />

Luan Knaya, que falou sobre a força do social<br />

na experiência olímpica.<br />

15 de setembro<br />

ABA Comunicação Digital | Brasília<br />

A palestra do diretor de marketing de produtos<br />

do Facebook, Eduardo Villalba, abriu<br />

o evento. No mesmo dia, foram apresentados<br />

os segredos para o planejamento de<br />

uma boa campanha digital, com palestra do<br />

sócio e diretor de <strong>nov</strong>os negócios da Logan,<br />

Marco Scabia. Os participantes também puderam<br />

conhecer melhor o perfil dos usuários<br />

de smartphones no Brasil, apresentado pelo<br />

head de analytics e i<strong>nov</strong>ação da Kantar Insights,<br />

Mauro Fusco.<br />

Fernando Portella, presidente do<br />

Instituto Cultural Cidade Viva, no<br />

ABA Marketing Cultural Rio<br />

75


76


77


ABA EM FOCO<br />

ABA participa do maior encontro<br />

de anunciantes do mundo<br />

Conferência anual da<br />

WFA debateu temas como<br />

adblocking e ad fraud<br />

Pela primeira vez a WFA - Global Marketer Week foi realizada no Sudeste<br />

Asiático, por conta do crescimento acelerado da região<br />

Por Eliane Pereira<br />

As transformações provocadas pela tecnologia,<br />

a questão dos bloqueadores de<br />

anúncios (adblockers) e das fraudes em campanhas<br />

digitais (ad fraud), além de i<strong>nov</strong>ação<br />

nos negócios e nas abordagens ao consumidor<br />

foram alguns dos principais temas discutidos<br />

na última edição da Global Marketer<br />

Week, realizada pela WFA entre os dias 15 e<br />

18 de março, na cidade de Kuala Lumpur, capital<br />

da Malásia.<br />

A presidente executiva da Associação Brasileira<br />

de Anunciantes (ABA), Sandra Martinelli,<br />

que é membro do Conselho Executivo<br />

da WFA, teve participação especial na sessão<br />

National Association Council, que reúne<br />

as associações de todo o mundo. Em sua<br />

apresentação, ela detalhou as estratégias da<br />

entidade em busca de <strong>nov</strong>os caminhos para<br />

expansão, tanto em termos de associados<br />

quanto em engajamento e criação de valor<br />

(leia mais à pág. 84).<br />

Esta foi a primeira vez que a World Federation<br />

of Advertisers (WFA), em conjunto com a<br />

Malaysian Advertising Association (MAA), realizou<br />

seu evento anual no Sudeste Asiático.<br />

A escolha do local é emblemática. Atualmente<br />

a região corresponde a quase 30% do total<br />

global de investimento publicitário, à frente<br />

da Europa (com 27% em 2015).<br />

As estimativas são de que a Ásia-Pacífico<br />

em breve ultrapasse a fatia da América do<br />

Norte (que foi de 31,8% dos investimentos<br />

publicitários globais em 2015), já que mercados<br />

em rápido crescimento, como China,<br />

Indonésia, Vietnam, Tailândia e Malásia, oferecem<br />

grandes oportunidades para marcas<br />

globais, ao mesmo tempo em que o mundo<br />

testemunha o surgimento de grandes marcas<br />

regionais.<br />

A Global Marketer Week acontece numa<br />

cidade diferente a cada ano – em 2017 será<br />

em Toronto, no Canadá –, sempre reunindo<br />

alguns dos mais importantes executivos de<br />

marketing do mundo para compartilhar experiências<br />

e desafios.<br />

Na abertura do evento este ano foram<br />

discutidas questões fundamentais para as<br />

empresas, como ad blocking, o impacto do<br />

marketing nas crianças e o marketing em<br />

setores específicos, como alimentos e cosméticos.<br />

O tema do painel – “Will we still<br />

advertise in 2025? A public affairs challenge”<br />

– refletiu bem a importância desses desafios<br />

agora e no futuro próximo.<br />

78


79


Stephan Loerke, CEO da WFA, abriu a<br />

sessão e Radha Patel, diretora da The Future<br />

Company falou sobre conectividade, um<br />

mundo sem fronteiras e as mulheres como<br />

agentes de transformação.<br />

Digital no centro<br />

As transformações provocadas pela revolução<br />

digital, suas oportunidades e armadilhas<br />

foram discutidas no segundo dia do<br />

evento. Só no caso das fraudes digitais, em<br />

2015 o prejuízo girou entre U$ 10 bilhões e<br />

U$ 50 bilhões, por conta de programas criados<br />

para gerar tráfego falso, entre outras<br />

manobras. As ações fraudulentas estiveram<br />

no top 10 dos crimes internacionais, segundo<br />

o diretor de comunicação de marketing<br />

da WFA, Rob Dreblow. Existe ainda a preocupação,<br />

entre os anunciantes, com a transparência<br />

e visibilidade em relação às negociações<br />

envolvendo mídia programática.<br />

As questões envolvendo o universo online<br />

tiveram grande destaque. “A aceleração<br />

do mundo digital está impactando em nossas<br />

habilidades sociais. Estamos perdendo a<br />

capacidade de julgar as emoções alheias”,<br />

afirmou Jon Wilkins, chairman executivo da<br />

Karmarama. Para ele, um ponto importante<br />

que merece reflexão é o multitasking. “As<br />

pessoas estão tendo que fazer mil coisas ao<br />

mesmo tempo, tudo de maneira repetitiva e<br />

velozmente, sem parar para pensar e analisar.<br />

Isso agrava o estresse mental ”, apontou.<br />

Os princípios do marketing, tr<strong>aba</strong>lho colaborativo<br />

e a questão do ad blocking foram<br />

os temas que dominaram as discussões no<br />

terceiro dia. O presidente da WFA e CMO do<br />

Royal Bank of Scotland, David Wheldon, destacou<br />

duas soluções para o problema dos<br />

bloqueadores de publicidade: a necessidade<br />

de melhorar e padronizar a experiência<br />

do consumidor e de melhorar a qualidade<br />

da publicidade, dando melhor escolha ao<br />

consumidor.<br />

O que muda e o que fica<br />

Wheldon também defendeu que os executivos<br />

e as grandes empresas se concentrem<br />

nos fundamentos do marketing, em<br />

vez de se deixarem levar por modismos. “Se<br />

você acha que a definição de marketing mudou,<br />

está no caminho para ‘matar’ o marketing”,<br />

enfatizou. “Nosso objetivo, como publicitários,<br />

é entender as pessoas. Pessoas<br />

de dentro e de fora de nossas empresas.<br />

Jon Wilkins, chairman<br />

80<br />

executivo da Karmarama<br />

Stephan Loerke, CEO da<br />

World Federation of Advertisers<br />

Maria Mujica, global leader Fly<br />

Fearless da Mondelez Internacional


81


Temos que entender os clientes e possíveis<br />

consumidores. Isso é um princípio que nunca<br />

vai mudar”, afirmou.<br />

Por outro lado, os processos criativos<br />

ac<strong>aba</strong>m fazendo da mudança a sua força<br />

i<strong>nov</strong>adora. Diversas maneiras pelas quais as<br />

empresas podem tr<strong>aba</strong>lhar de forma mais colaborativa,<br />

com parceiros de todo o mundo,<br />

foram mostradas por Maria Mujica, global leader<br />

Fly Fearless da Mondelez Internacional.<br />

Segundo ela, não se trata apenas de criar um<br />

espaço físico descontraído, e sim da liberdade<br />

para explorar e aprender fazendo. “Sim,<br />

fazer mudanças provoca desconforto, mas é<br />

preciso estar confortável com ser desconfortável”,<br />

afirmou (leia ent<strong>revista</strong> na pág.14).<br />

O “Asean Accelerator” foi um dos painéis<br />

de destaque no evento e debateu o potencial<br />

de marketing da região, segundo mercado<br />

que mais cresce na Ásia, depois da China,<br />

com expansão de 300% desde 2001, segundo<br />

Associação de Nações do Sudeste Asiático.<br />

David Wheldon, presidente<br />

da WFA e CMO do RBS<br />

Representantes das associações<br />

de várias partes do mundo<br />

82<br />

no evento anual da WFA


83


Sandra Martinelli, presidente executiva da ABA, fez uma participação especial na sessão National Association Council<br />

ABA mostra seu tr<strong>aba</strong>lho na<br />

Global Marketer Week <strong>2016</strong><br />

Desenvolvimento profissional, advocacy<br />

e conteúdo, as três principais frentes<br />

de ação da Associação Brasileira de Anunciantes,<br />

foram destacadas pela presidente<br />

executiva da entidade, Sandra Martinelli,<br />

em sua palestra no último dia da Global<br />

Marketer Week. Missão central da ABA, o<br />

advocacy concentra-se na defesa da liberdade<br />

de expressão; na representação, defesa<br />

e orientação dos anunciantes; e no diálogo<br />

permanente com seus integrantes e a sociedade.<br />

Para defender essas bandeiras, a ABA<br />

conta com o apoio da WFA.<br />

O tr<strong>aba</strong>lho dos <strong>nov</strong>e comitês mantidos<br />

pela entidade para ajudar no desenvolvimento<br />

profissional dos associados foi detalhado<br />

na apresentação. Eles analisam, debatem,<br />

propõem soluções e emitem pareceres<br />

sobre temas levantados pelos executivos das<br />

empresas associadas e pela diretoria. Entre<br />

2014 e 2015, houve uma reformulação: o<br />

número de comitês foi reduzido de 14 para<br />

<strong>nov</strong>e, eles ganharam <strong>nov</strong>os nomes e foram<br />

realinhados às suas <strong>nov</strong>as missões, objetivos<br />

e agenda. Outra <strong>nov</strong>idade foi a criação<br />

da #ABAforadaABA, iniciativa que passou a<br />

levar as reuniões dos comitês para fora da<br />

sede da entidade. Além destes encontros, a<br />

ABA tem uma programação anual de eventos,<br />

organizados sempre tendo em vista os<br />

principais assuntos em pauta no Brasil e no<br />

mundo.<br />

Destacando a estratégia de comunicação<br />

da ABA com seus diversos públicos, Sandra<br />

apresentou o portal da entidade e a participação<br />

nas mídias sociais, que buscam ampliar<br />

o nível de relacionamento com associados,<br />

parceiros e mercado.<br />

84


85


ABA EM FOCO<br />

ABAcademy aproxima entidade<br />

de <strong>nov</strong>os talentos<br />

Projeto prevê parceria com principais universidades do país para a<br />

promoção da comunicação e marketing. Fiat é parceira de prêmio<br />

promovido em conjunto com a ESPM<br />

A criação do ABAcademy foi uma das<br />

principais realizações da entidade em <strong>2016</strong>.<br />

Idealizado por João Campos, presidente da<br />

Pepsico Brasil, do Conselho Superior da ABA<br />

e ex-presidente da entidade, a iniciativa tem<br />

como objetivo estabelecer parcerias com as<br />

principais universidades e escolas do país<br />

para a promoção conjunta de atividades nas<br />

áreas de comunicação e marketing, além de<br />

incentivar projetos i<strong>nov</strong>adores na área.<br />

Essas parcerias incluem divulgação de<br />

cursos no portal da ABA (com descontos<br />

para associados), elaboração de agenda<br />

com os integrantes dos comitês para apresentação<br />

de cases das suas empresas nas<br />

aulas de pós-graduação e MBA, além da<br />

participação de alunos da pós-graduação e<br />

MBA como ouvintes nas reuniões de comitês<br />

da ABA, entre outros.<br />

A ABAcademy estreou, em uma de suas<br />

frentes, com uma parceria com a graduação<br />

e pós-graduação da Escola Superior de Propaganda<br />

e Marketing (ESPM) que abrange<br />

as unidades de São Paulo. O primeiro fruto<br />

desse tr<strong>aba</strong>lho é o Prêmio ABAcademy –<br />

ESPM 2017, que tem o apoio da Fiat. A iniciativa<br />

possibilitará que alunos da pós-graduação<br />

de São Paulo elaborem projetos de<br />

marketing e comunicação para a empresa a<br />

partir de um briefing.<br />

As soluções serão apresentadas a uma<br />

banca composta por dois professores de<br />

marketing da ESPM e representantes da ABA<br />

e da Fiat. A premiação deve ocorrer no ABA<br />

Summit 2017. “É um privilégio fazer história<br />

ao lado da ABA”, afirmou José Roberto Whitaker<br />

Penteado, presidente da ESPM. “Já estamos<br />

ansiosos pelos próximos passos e para<br />

vermos a participação da ABA e da Fiat efetivamente<br />

em nossa instituição”, declarou.<br />

“Ver o ABAcademy ganhar forma é motivo de<br />

orgulho, pela concretização de um ideal de<br />

transformação e busca de valor para a atividade<br />

de marketing”, afirmou João Campos.<br />

86


Projeto Millennials<br />

O Projeto Millennials também passou a<br />

integrar a ABAcademy. Criado pela atual presidente<br />

para identificar diversos aspectos de<br />

abordagem dessa geração pelo foco do mercado<br />

da publicidade e comunicação e suas<br />

vertentes de negócios e comportamento, a<br />

iniciativa tem o objetivo de facilitar a aproximação<br />

entre profissionais jovens e seniores,<br />

intensificando a troca de conhecimentos,<br />

ideias, experiências e sugestões.<br />

A iniciativa também deve avaliar a publicidade<br />

atual para identificar as tendências<br />

e a linguagem das empresas anunciantes<br />

que buscam atingir esse público. Uma das<br />

etapas do Projeto Millennials, inclusive,<br />

será a realização de pesquisa com profissionais<br />

de comunicação e sustentabilidade<br />

para entender a visão e as expectativas<br />

das empresas associadas em relação aos<br />

jovens profissionais e também mapear a<br />

presença deles nas companhias.<br />

Miami Ad School – ESPM<br />

A proposta é montar um curso ABA com<br />

a marca Miami Ad School “Como avaliar<br />

ideias criativas”.<br />

Auditório com 80 lugares para reuniões<br />

e eventos da ABA, que também contarão<br />

com palestrantes e professores da ESPM.<br />

Young Lions<br />

A competição de jovens profissionais de<br />

publicidade ou comunicação empresarial de<br />

todo mundo tem apoio da ABA, através de<br />

patrocínio que viabilizou a participação do<br />

profissional da Volvo em <strong>2016</strong>.<br />

M-List<br />

O ABAcademy também fechou parceria<br />

com a agência Gume no projeto M-List<br />

– título anual que destaca os executivos de<br />

marketing das maiores empresas do país.<br />

Prêmio Renato Castelo Branco<br />

A ABA, em parceria com a ESPM Social,<br />

está apoiando o Prêmio Renato Castelo<br />

Branco, para a prospecção de parcerias na<br />

Categoria Acadêmica, que tem como participantes<br />

alunos dos cursos de Comunicação<br />

Social de faculdades e universidades em<br />

todo o Brasil. Além de disparos de e-mail<br />

marketing, a ABA contará com Juliana Nunes<br />

e Sandra Martinelli como juradas do prêmio.<br />

João Campos, presidente da PepsiCo Alimentos<br />

e do Conselho Superior da ABA, e José Roberto<br />

Whitaker Penteado, presidente da ESPM<br />

87


ABA EM FOCO<br />

ABA intensifica atuação em temas<br />

relevantes para empresas e sociedade<br />

Advocacy é um dos pilares mais relevantes para a ABA e, por isso, a atuação<br />

da entidade nessa área vem crescendo de modo intenso, especialmente na<br />

defesa da liberdade de expressão, representação, defesa e orientação dos<br />

anunciantes brasileiros e na promoção de diálogo permanente com toda a<br />

sociedade e seus integrantes<br />

As frentes principais de atuação<br />

1 - Publicidade Infantil<br />

A ABA participou da audiência pública<br />

na qual foi discutido o PL 702/11, do deputado<br />

Marcelo Matos (PDT-RJ), que defende<br />

a restrição da veiculação de propaganda sobre<br />

produtos infantis na televisão, em 24 de<br />

maio. O grupo de tr<strong>aba</strong>lho (GT) de Publicidade<br />

Infantil também defendeu o veto à Lei n°<br />

13.582/16, promulgada em 6 de setembro,<br />

na Assembleia Legislativa da Bahia. O texto<br />

proíbe publicidade dirigida a crianças entre<br />

6h e 21h, no rádio e na televisão, publicidade<br />

em escolas públicas e privadas, entre<br />

outras restrições.<br />

No final de setembro, a ABA foi convidada<br />

a ingressar na Câmara Técnica de Publicidade<br />

Infantil do Procon paulistano, onde<br />

foram definidos três pilares de estudo e<br />

discussão: publicidade infantil em mídias<br />

tradicionais, em <strong>nov</strong>as mídias e em escolas.<br />

O GT de Publicidade Infantil conta com suporte<br />

jurídico da drª. Lucia Magalhães, do<br />

escritório Magalhães Dias.<br />

2 - Ancine<br />

Na consulta pública Publicidade Audiovisual<br />

na Internet, que discutiu a Condecine<br />

(Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria<br />

Cinematográfica Nacional), a ABA realizou<br />

consulta e alinhamento com entidades<br />

envolvidas e os comitês Jurídico, de Relações<br />

Governamentais e de Mídia. A entidade se<br />

posicionou contra <strong>nov</strong>as regras que burocratizam<br />

o registro das obras audiovisuais e<br />

contra a Condecine para anúncios divulgados<br />

exclusivamente na internet.<br />

3 - Estatuto da Pessoa com Deficiência<br />

O Estatuto, que entrou em vigor no início<br />

de <strong>2016</strong> (instituído pela Lei nº 13.146/2015),<br />

trouxe uma série de i<strong>nov</strong>ações e regulamentações<br />

visando, entre outros aspectos, aprimorar<br />

a acessibilidade de pessoas com algum<br />

tipo de deficiência à informação. A <strong>nov</strong>idade<br />

afeta a atividade de comunicação, incluindo<br />

publicidade e relacionamento com consumidores,<br />

nos mais diversos meios de veiculação<br />

e interação, como televisão, rádio, mídia impressa,<br />

internet e telefone.<br />

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91


eportagem de capa<br />

Lewis Tse Pui Lung / Shutterstock.com<br />

Em mundo marcado por transformações cada vez mais<br />

aceleradas, é fundamental estar atento aos sinais de que<br />

é hora de mudar. E isso vale da expansão do portfólio ao<br />

modo de gerenciar talentos e negócios. Reinventar é preciso<br />

Por Lena Castellón<br />

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Filósofo pré-socrático, Heráclito de Éfeso (535<br />

a. C. - 475 a.C.) é autor de uma frase que se propaga<br />

ao longo dos séculos: “nada é permanente,<br />

exceto a mudança”. Profundo observador da natureza<br />

e chamado de “pai da dialética”, o pensador é<br />

mencionado frequentemente quando se trata de<br />

inspirar a transformação, sobretudo pessoal. Mas<br />

a frase também poderia ser aplicada ao mundo<br />

dos negócios.<br />

Se promover uma mudança pontual pode<br />

gerar insegurança, o que se dirá da reinvenção,<br />

processo que exige alta dose de coragem? Reinventar-se<br />

é uma decisão complexa. Especialmente<br />

porque não está claro para a maioria das empresas<br />

quando é preciso repensar o portfólio de produtos<br />

e serviços, a gestão, o posicionamento da<br />

marca. Além do “quando”, é comum o questionamento<br />

a respeito do “se”. Ou seja, se a reinvenção<br />

é necessária.<br />

Reinvenção não é panaceia. Ela nasce frequentemente<br />

pela necessidade, quando os fatores estão<br />

jogando contra o negócio. Ou pode acontecer<br />

porque a empresa olhou o mundo, percebeu que<br />

algo estava sendo dito e que era preciso ouvir<br />

esse algo.<br />

O fato é que o mundo se transforma e o público<br />

muda, tal qual as forças da natureza, como<br />

dizia Heráclito. E o ponto importante é que as<br />

mudanças vêm ocorrendo de maneira cada vez<br />

mais rápida, salienta Anders Sjöstedt, fundador da<br />

Hyper Island, escola de origem sueca que promove<br />

programas para que empresas compreendam o<br />

impacto da tecnologia sobre os negócios.<br />

Para Sjöstedt, que participou do ENA <strong>2016</strong>,<br />

em junho (leia mais sobre o evento na pág. 37),<br />

esse caráter mais acelerado das transformações<br />

pode ser divertido, mas também é estressante.<br />

“Nenhuma regra de ontem vale para hoje e você<br />

nunca sabe ao certo se o seu investimento vai funcionar<br />

ou não”. Essa ideia pode soar paralisante<br />

para alguns, mas há momentos em que qualquer<br />

movimento é melhor do que nada. Com a Lego,<br />

esse momento se apresentou de forma drástica<br />

em 2003. O contexto compelia a empresa a dois<br />

caminhos: recuperação ou falência. Sjöstedt cita<br />

o case para mostrar como a reinvenção pode ser<br />

bem-sucedida, mesmo diante de um cenário extremamente<br />

adverso.<br />

Desde o final dos anos 1990, a Lego (fundada<br />

em 1932, na Dinamarca), vinha experimentando<br />

uma sucessão de maus resultados. Com a diversidade<br />

de negócios e uma sequência de más decisões<br />

estratégicas – como expandir a produção<br />

a tal ponto que o Natal de 2002 se tornou um<br />

desastre de vendas, com 40% do estoque parado<br />

nas prateleiras –, a empresa viu seu império ruir<br />

tijolo a tijolo.<br />

A margem de lucro saiu de 15% em 1993 para<br />

28% negativos em 2004. Em 2003, o pior ano da<br />

crise, as vendas caíram 26% e o déficit chegou a<br />

US$ 250 milhões. A companhia estava à beira da<br />

falência e especialistas vaticinavam sua morte,<br />

porque o mundo já não era o mesmo. As crianças<br />

do início do século estavam mais entretidas pelo<br />

universo digital.<br />

Volta às raízes<br />

Foi então que veio a grande mudança. A Lego<br />

resolveu voltar às raízes, à brincadeira – mas de<br />

outro jeito. O <strong>nov</strong>o CEO, Jorgen Vig Knudstorp (o<br />

primeiro a comandar a empresa sem ser membro<br />

da família do fundador, Ole Kirk Christiansen),<br />

analisou os erros da companhia e detectou<br />

que havia a necessidade de fazer ajustes fortes.<br />

“Quando ele assumiu, em 2004, foram cortados<br />

1,9 mil postos de tr<strong>aba</strong>lho, o equivalente a 30% da<br />

mão de obra na época. O total de tipos de peças<br />

produzidas caiu de 13 mil para sete mil. A empresa<br />

também se desfez de unidades de negócios não<br />

lucrativas, como a divisão de games”, conta Vivian<br />

Marques, head de marketing da Lego do Brasil.<br />

Para ajudar no caixa, a família Christiansen injetou<br />

o equivalente a US$ 100 milhões na companhia.<br />

Promovidos os ajustes e com o fluxo reestabelecido,<br />

Knudstorp encampou a fase seguinte:<br />

93


94<br />

descobrir o que era necessário para que a Lego<br />

fosse a corporação moderna que tinha de ser.<br />

Uma de suas apostas foi bancar estudos etnográficos<br />

para saber como as crianças estavam realmente<br />

brincando.<br />

A proposta era, a partir daí, inventar o futuro<br />

da brincadeira. Surgiu então o Lego Ideas, plataforma<br />

na qual os fãs podem apresentar projetos que,<br />

se tiverem o apoio de 10 mil pessoas, serão analisados<br />

pela área que avalia a viabilidade da ideia.<br />

Aprovada, ela vai para a produção e se transforma<br />

num produto Lego vendido ao redor do mundo.<br />

Royalties da venda vão para o criador.<br />

Com isso, os fãs foram empoderados, o sentido<br />

de brincar ampliou-se e a empresa estimulou<br />

a cocriação, um dos conceitos mais em voga no<br />

marketing hoje. Além disso, o Lego Ideas tornou-se<br />

uma plataforma propagadora dos valores da marca.<br />

“Você se cadastra no site e pode oferecer um<br />

produto. Se conseguir 10 mil likes, a Lego produz<br />

sua ideia. É claro que todo mundo faz de tudo para<br />

compartilhar com o maior número de pessoas possível”,<br />

comenta Sjöstedt.<br />

Outras estratégias foram adotadas, entre elas o<br />

aumento do portfólio, campeonatos para estímulo<br />

à criatividade, entrada e reforço da marca junto às<br />

mais diferentes classes sociais, conquista de consumidores<br />

adultos, engajamento digital e o lançamento<br />

do filme Lego, dois anos atrás. A empresa se<br />

reergueu e, em 2014, tornou-se a maior fabricante<br />

de brinquedos do mundo. Mas, já no ano seguinte,<br />

a Mattel retomou o posto.<br />

Fora essa disputa com a fabricante americana,<br />

a Lego já conseguiu um feito que não se imaginaria<br />

nos tempos da quase falência. Hoje é reconhecida<br />

Knudstorp, da Lego:<br />

necessidade de fazer<br />

ajustes fortes<br />

como uma das empresas mais i<strong>nov</strong>adoras do cenário<br />

global. Em 2015, foi eleita a marca mais poderosa<br />

do mundo pelo Brand Finance e está sempre<br />

mapeando tendências. Ela sabe que, cada vez mais<br />

cedo, as crianças têm contato com a tecnologia.<br />

Por isso, conta com a divisão de games e incluiu<br />

apps e plataformas digitais a suas linhas.<br />

Detectar tendências é missão do The Future<br />

Lab, grupo talhado para enxergar o mundo de um<br />

modo não convencional e, assim, promover i<strong>nov</strong>ação<br />

mais radical, sem colocar em risco o negócio<br />

ou os pilares da corporação. “O laboratório é<br />

encarregado de inventar o futuro da brincadeira,<br />

de apontar oportunidades de crescimento e assegurar<br />

que a empresa permaneça à frente de seus<br />

concorrentes”, completa Vivian.<br />

Virada à brasileira<br />

Embora muitas histórias de reinvenção sejam<br />

de multinacionais, também em solo nacional existem<br />

cases para mostrar quando virar o jogo com<br />

sucesso. Um deles é o da Positivo. Em 1972, um<br />

grupo de professores de Curitiba decidiu criar um<br />

curso pré-vestibular. Naquela época não se falava<br />

de empreendedorismo, mas eles desafiaram os<br />

tempos. O modelo proposto era acompanhar os<br />

alunos até as vésperas do vestibular, o que não era<br />

hábito até então.<br />

Ao mesmo tempo surgiu a Posigraf, gráfica criada<br />

para produzir o material didático com a qualidade<br />

e a agilidade exigidas pelo grupo de professores.<br />

Dois anos depois surgiu a escola. Em 1979, com a<br />

consolidação da empresa na área educacional,<br />

nasceu o Sistema Positivo de Ensino, que passou a<br />

atender outros estados. Por conta disso, foi lançada<br />

a Distribuidora Positivo, que virou Editora Positivo.<br />

Em 1988, foi a vez de a companhia oferecer aulas<br />

para o ensino superior.<br />

O que para algumas companhias pode dar muito<br />

errado, para outras pode dar certo. Enquanto a pulverização<br />

de negócios foi prejudicial para a Lego na<br />

virada do século, no caso da Positivo a abertura do<br />

leque para outras áreas foi crucial para que a marca<br />

se tornasse o que é hoje. Da mesma forma que<br />

a editora nasceu por necessidade de fazer material<br />

didático e a gráfica para imprimir, a empresa viu a<br />

oportunidade de fornecer computadores para as<br />

escolas que compravam seus produtos e passou a<br />

fabricá-los na Positivo Informática, a partir de 1989.


95


Assim, daquele cursinho pré-vestibular, a<br />

marca passou a ser uma referência da indústria<br />

nacional, tornando-se a maior fabricante de computadores<br />

do Brasil. A Positivo Informática é uma<br />

das principais fontes de receita do grupo, que<br />

fatura cerca de R$ 2 bilhões ao ano. É verdade<br />

que a venda de computadores vem caindo, mas<br />

o share dos celulares, um campo no qual a empresa<br />

apostou, saiu de 7% em 2014 para 13,4%<br />

no quarto trimestre de 2015 – as vendas aumentaram<br />

127%.<br />

Em 2015, a Positivo Informática teve prejuízo<br />

líquido de R$ 79,9 milhões (em 2014, tinha obtido<br />

lucro de R$ 23,3 milhões). Mas algumas medidas<br />

para enfrentar a situação estão sendo tomadas,<br />

como a transferência da produção de computadores,<br />

tablets e celulares para a <strong>nov</strong>a unidade na<br />

Zona Franca de Manaus.<br />

Os smartphones começaram a ser vendidos<br />

em setembro de 2015 sob a marca Quantum. A<br />

participação saiu de 2,3% para 6,1%. Além de investir<br />

na tecnologia móvel, o grupo está atento ao<br />

conceito de Internet das Coisas e conta com uma<br />

start-up de Curitiba, a Hi Technologies, que tem<br />

foco no segmento de medicina.<br />

Além de incentivar que colaboradores de qualquer<br />

departamento tragam ideias, a Positivo tem<br />

um centro que pesquisa os hábitos do consumidor.<br />

Batizado de Human Labs, esse laboratório faz<br />

perguntas que vão do gosto pessoal de um usuário<br />

dos equipamentos da marca até a eficiência<br />

dos recursos embutidos nos dispositivos.<br />

Reinventando talentos<br />

Reinvenção não se restringe a modificar produtos,<br />

ampliar o portfólio ou atuar em um nicho<br />

diferente. Pode estar na revisão de processos, na<br />

implantação de uma <strong>nov</strong>a gestão ou na maneira<br />

como se administram os talentos. A 3M no Brasil<br />

está investindo, por exemplo, na Universidade<br />

Corporativa, fundada em dezembro de 2012 na<br />

sede, em Sumaré, no interior paulista. Trata-se de<br />

um sistema de educação continuada para aprimoramento<br />

dos funcionários. Com <strong>nov</strong>as habilidades<br />

desenvolvidas, os colaboradores podem ajudar a<br />

manter a companhia competitiva.<br />

Notório exemplo de reinvenção, a 3M surgiu<br />

em 1902, nos Estados Unidos, como companhia<br />

mineradora. Era a Minnesota Mining and Manufacturing<br />

Company (3M), nome que foi <strong>aba</strong>ndonado<br />

em 2002 para confirmação e permanência do<br />

acrônimo que a tornou conhecida globalmente.<br />

Em 1921, a companhia colocou no mercado um<br />

produto que não existia, a lixa d’água. Em 1925, foi<br />

a vez da fita crepe.<br />

Em 1940, criou-se o departamento de <strong>nov</strong>os<br />

produtos. Com isso, a companhia expandiu ainda<br />

mais sua atuação. Surgiram a fita magnética, a<br />

fita isolante, as esponjas de limpeza, o fio dental.<br />

Até que, nos anos 1980, entra em cena o Post-It.<br />

Ele começou a ser desenvolvido em 1968,<br />

quando um cientista da 3M, fazendo pesquisas<br />

com colas de fitas adesivas, descobriu uma que<br />

grudava, mas não se fixava com muita firmeza.<br />

O cientista não sabia o que fazer com a descoberta,<br />

mas compartilhou seu experimento<br />

com outros colaboradores. Em 1974, um colega<br />

sugeriu que o tal adesivo fosse utilizado para<br />

prender mais facilmente seus marcadores de livros.<br />

O bloco de notas com o adesivo para fixar<br />

foi lançado em 1977, sem sucesso. A 3M resolveu<br />

então distribuir amostras gratuitas, que fizeram<br />

sucesso. O projeto retornou para a fábrica e<br />

foi relançado em 1980, como Scotch Press and<br />

Peel. No ano seguinte, ganhou o nome de Post-It<br />

Note. O resto é história.<br />

Post-it: uma das inúmeras<br />

patentes da 3M e símbolo<br />

96<br />

de i<strong>nov</strong>ação


97


EMPODERAMENTO FEMININO<br />

Presença feminina cresce entre as lideranças das<br />

empresas, mas executivas e empreendedoras ainda<br />

enfrentam o desafio da igualdade de remuneração<br />

e de oportunidades no mercado de tr<strong>aba</strong>lho<br />

Por Alessandra Gardezani<br />

98


Grazielle Parenti (Mondelez), Poliana Sousa (P&G), Violeta Noya (Otima) e Andrea<br />

Weichert (EY) participaram do painel sobre empoderamento feminino no ENA <strong>2016</strong><br />

(a partir da esquerda)<br />

Pela primeira vez, a ABA tem uma mulher<br />

na presidência da entidade – Juliana Nunes,<br />

vice-presidente de assuntos corporativos, sustentabilidade,<br />

RH e compliance da Brasil Kirin<br />

– mostrando que a capacidade de liderar uma<br />

entidade não depende de gênero, mas sim de<br />

conhecimento e competência. O movimento<br />

está em sintonia com a tendência global de<br />

“empoderamento feminino”. Mas o que de fato<br />

significa essa expressão? Em julho de 2010, a<br />

Assembleia Geral da Organização das Nações<br />

Unidas (ONU) votou por unanimidade a criação<br />

de um órgão que se encarregasse de acelerar<br />

as iniciativas para alcançar a igualdade de gênero<br />

e fortalecer a autonomia das mulheres.<br />

Assim nasceu a Entidade da ONU para a Igualdade<br />

de Gênero e Empoderamento das Mulheres<br />

– ou ONU Mulheres – que reúne o Fundo<br />

de Desenvolvimento das Nações Unidas para a<br />

Mulher (Unifem), a Divisão para o Avanço das<br />

Mulheres (DAW), o Escritório de Assessoria<br />

Especial em Questões de Gênero e o Instituto<br />

Internacional de Treinamento e Pesquisa para<br />

a Promoção da Mulher.<br />

“Empoderamento feminino é o direito igualitário<br />

de demonstrar seu potencial nas organizações”,<br />

define Andrea Weichert, sócia da consultoria<br />

E&Y. O tema fez parte da programação<br />

do Encontro Nacional de Anunciantes (ENA<br />

<strong>2016</strong>) com o painel “O feminino na agenda das<br />

marcas e empresas: muito além do politicamente<br />

correto”, do qual Andrea foi uma das participantes<br />

(leia mais sobre o ENA na pág. 37).<br />

As mulheres que chegaram à posição de liderança<br />

devem ajudar as próximas a chegar lá<br />

também, defende a presidente da Otima, Violeta<br />

Noya, outra participante do painel. “Minha missão<br />

é inspirar outras mulheres a dizer ‘nós podemos’.<br />

Conseguimos equilibrar as tarefas de cuidar<br />

bem da casa, da família e ser bem-sucedidas<br />

no tr<strong>aba</strong>lho. No Ellevate, incentivamos as mulheres<br />

a se conectarem e no Mulheres do Brasil<br />

temos vários comitês com o objetivo de melhorar<br />

nosso país. As mulheres precisam realmente<br />

se unir, trocar experiências, até para ver que<br />

é normal essa vida maluca que levamos. Todas<br />

nós temos os mesmos desafios com o objetivo<br />

de melhorar nosso país”, explica Violeta, ao citar<br />

dois grupos dos quais participa ativamente e que<br />

visam promover, respectivamente, o networking<br />

feminino e discutir a maior participação das mulheres<br />

na agenda do Brasil.<br />

Mulheres no<br />

mercado de tr<strong>aba</strong>lho<br />

Apesar de todo o progresso feito nos últimos<br />

anos, há um longo caminho a ser percorido em<br />

direção à igualdade de gênero. As mulheres ainda<br />

99


são vistas como incapazes de ocupar posições de<br />

liderança ou, quando conseguem, ganham menos<br />

pelo simples fato de serem pessoas do sexo feminino.<br />

No entanto, o potencial é enorme: calcula-se<br />

que a força de tr<strong>aba</strong>lho feminina no mundo<br />

ainda não aproveitada equivale ao contingente<br />

populacional da China ou da Índia.<br />

Quando uma companhia opta por ter mulheres<br />

no quadro de funcionários, pode notar<br />

algumas diferenças em sua estrutura. Diversas<br />

pesquisas já comprovaram que os níveis de rentabilidade,<br />

retorno sobre investimento e i<strong>nov</strong>ação<br />

aumentam quando há presença feminina no corpo<br />

diretivo. “Assim, mais do que um imperativo<br />

social, isto é um imperativo de negócios. O mundo<br />

não pode prescindir desta gama de talentos”,<br />

afirma Andrea.<br />

Segundo relatório divulgado no Fórum Econômico<br />

Mundial, a seguir nesse ritmo, a igualdade de<br />

gêneros só será alcançada por volta de 2095. Além<br />

disso, a disparidade, em se tratando de participação<br />

econômica e oportunidades para o público feminino<br />

é de 60%. Entre os 142 países presentes no<br />

ranking de igualdade salarial, o Brasil ocupa a 124ª<br />

posição. Das nações americanas, somos a penúltima,<br />

ficando à frente apenas do Chile.<br />

Programas de incentivo<br />

“Claro que existem empresas que se destacaram<br />

nesta jornada. A EY Brasil apresentou um<br />

tremendo progresso nos últimos anos. Nosso<br />

percentual de mulheres nas posições de diretoria<br />

e sociedade, que antes não atingia 10%, hoje já<br />

representa 24%”, conta Andrea.<br />

A EY adota o programa Career Watch, cujo<br />

objetivo é promover as mulheres dentro da organização.<br />

Segundo a executiva, a iniciativa tem<br />

sido bem-sucedida. “É notório que os homens<br />

se autopromovem mais que as mulheres e que<br />

a autocrítica delas é muito superior. Deste fato<br />

advém a necessidade de que um ‘sponsor’ a<br />

promova adequadamente, para ficar no mesmo<br />

patamar de visibilidade que seus pares homens”,<br />

explica Andrea.<br />

A Nestlé é outro exemplo de empresa que<br />

busca valorizar a mão de obra feminina, com a implantação<br />

de um programa de equilíbrio de gêneros.<br />

Uma de suas unidades, localizada na cidade<br />

mineira de Montes Claros, já tr<strong>aba</strong>lha com uma<br />

proporção equilibrada entre homens e mulheres.<br />

O resultado tem sido interessante, uma vez que<br />

algumas mudanças de comportamento foram observadas<br />

– por exemplo, o maior cuidado com os<br />

100


101


equipamentos. “A proporção equilibrada de gêneros<br />

vai muito além do discurso, pois tem uma<br />

forte relação com a cultura que estamos construindo<br />

dentro da empresa”, afirma Juan Carlos<br />

Marroquin, presidente da Nestlé Brasil.<br />

Além disso, a Nestlé conta com o Maternidade<br />

Compartilhada, programa no qual as que já tem<br />

filhos dividem suas experiências com as “mães de<br />

primeira viagem” que estão no período de gestação.<br />

E os homens que serão pais têm direito a<br />

licença de 20 dias para auxiliar nos primeiros cuidados<br />

com o bebê.<br />

Perspectivas<br />

Apesar de todos os problemas, a perspectiva<br />

para o futuro é de que este tema esteja cada vez<br />

mais em pauta e que aumente a conscientização<br />

da importância da presença feminina na liderança.<br />

No final de 2015, a EY Global entrevistou 350<br />

líderes empresariais de 51 países sobre como as<br />

empresas estariam abordando o tema diversidade<br />

de gênero. A proporção de homens e mulheres<br />

que responderam à pesquisa foi de 50%.<br />

O levantamento identificou cinco temas de<br />

desconexão que estão impedindo o crescimento<br />

das mulheres nas organizações, entre eles a falta<br />

de conexão entre discurso e prática e as diferenças<br />

de percepção (veja quadro na pág. 100).<br />

“Existe uma grande falta de convergência de<br />

pensamento entre homens e mulheres sobre<br />

como solucionar a questão. E só poderemos mudar<br />

esta história quando existirem mulheres nos<br />

cargos-chave das organizações que possam pensar<br />

da mesma maneira que as que estão buscando<br />

a mesma evolução”, finaliza Andrea.<br />

Publicidade ainda reforça<br />

estereótipos femininos<br />

102<br />

O meio publicitário ainda é um grande desafio<br />

quando se trata de igualdade de gênero e empoderamento<br />

feminino. São diversos os exemplos<br />

de campanhas que colocam a mulher num patamar<br />

inferior, ou que reiteram velhos estereótipos.<br />

Mas as gerações que estão chegando agora às<br />

agências têm tudo para fazer diferente.<br />

Pesquisa feita pela agência Heads estudou<br />

a representatividade de gêneros na publicidade<br />

brasileira para avaliar o comportamento das<br />

campanhas no período pré-Olimpíada. Foram<br />

monitoradas mais de 8 mil inserções comerciais<br />

e chamadas da TV aberta e paga. Mais de 200<br />

marcas de 50 segmentos de mercado foram<br />

analisadas. Em relação ao Facebook, 889 posts<br />

foram estudados, representando 127 marcas de<br />

33 segmentos diferentes.<br />

O estudo apontou maior incidência de comerciais<br />

que reforçam estereótipos, especialmente os<br />

de papéis, padrões de comportamento e padrões<br />

de beleza. “São três padrões que se repetem<br />

constantemente. Em terceiro lugar fica um padrão<br />

de beleza estabelecido para homens e mu-<br />

lheres. Em segundo, o padrão de comportamento<br />

por gênero. E em primeiro lugar, a limitação, com<br />

os homens ocupando determinados papéis na sociedade,<br />

enquanto as mulheres ficam à margem”,<br />

afirma Carla Alzamora, diretora de planejamento<br />

da Heads e presidente do Grupo de Planejamento<br />

e Atendimento do Paraná.<br />

A análise constatou que 74% das campanhas<br />

veiculadas no período não contribuem com a<br />

equidade de gênero. Apenas 5,13% dos comerciais<br />

empoderam as mulheres e 26% reforçam estereótipos<br />

femininos e masculinos. No Facebook,<br />

este número diminui para 14%.<br />

Aproximadamente R$ 21 milhões foram investidos<br />

em comerciais que reforçam estereótipos<br />

de gênero durante o período monitorado. A pesquisa<br />

mostra ainda que a publicidade é parte do<br />

problema. Para Carla, ela tem a responsabilidade<br />

de ser parte da solução. “Os anunciantes podem<br />

exercer um papel importante nesse processo de<br />

mudança, cobrando histórias diferentes das agências.<br />

Todos ganham com a inclusão e equidade de<br />

gênero e racial”, ressalta.


103


Empreendedorismo<br />

Grandes empresas encontram nas start-ups<br />

a oportunidade de aprender a i<strong>nov</strong>ar<br />

Por Alessandra Gardezani<br />

104


A palavra start-up nunca esteve tão presente<br />

em nosso cotidiano como nos últimos cinco anos.<br />

São vários os exemplos de pequenos grupos de<br />

pessoas que estavam à procura de um <strong>nov</strong>o negócio,<br />

dispostas a arriscar em um modelo que<br />

pudesse ser escalável, em um mercado com uma<br />

única garantia: um mar de incertezas.<br />

Muitas dessas experiências provaram que<br />

é possível obter sucesso nos negócios com um<br />

modelo diferente de empresa. O WhatsApp,<br />

por exemplo, começou no modelo start-up e<br />

atualmente é um dos líderes no mercado de<br />

aplicativos, com mais de 500 milhões de usuários.<br />

O setor como um todo, além das redes sociais,<br />

foi diretamente impactado por este player<br />

que, em 2014, foi vendido para o Facebook<br />

por US$ 16 bilhões.<br />

O Facebook já vinha tentando, de diversas maneiras,<br />

se conectar com o público mais jovem via<br />

mobile e o número de falhas era maior que o de<br />

acertos. O WhatsApp o complementava por ser<br />

dominante nas plataformas mobile, tendência<br />

consolidada.<br />

Isso significa que as grandes empresas podem<br />

aprender com os pequenos? Definitivamente,<br />

sim. O tema foi um dos destaques do Encontro<br />

Nacional de Anunciantes (ENA <strong>2016</strong>),<br />

em painel que contou com a participação de<br />

Eduardo Lima, CEO e co-fundador da eduK (especializada<br />

em cursos online), de André Garcia,<br />

fundador da Estante Virtual (e-commerce<br />

de livros usados), e de Leo Kuba, da Inkuba<br />

(agência digital). Os três experimentaram o<br />

processo de iniciar uma start-up e desenvolvê-la<br />

a ponto de virarem exemplos a serem<br />

seguidos por <strong>nov</strong>os empreendedores.<br />

Segundo Leo Kuba, as start-ups são instrumentos<br />

ideais para criar i<strong>nov</strong>ação e disrupção<br />

em mercados e modelos de negócios por<br />

serem agnósticas aos modelos já existentes.<br />

Atentas a isso, grandes empresas, de todos os<br />

segmentos, estão criando iniciativas de i<strong>nov</strong>ação,<br />

incubando ou acelerando start-ups,<br />

para identificar potenciais empresas que<br />

possam transformar seus negócios de dentro<br />

para fora.<br />

Leo Kuba, da<br />

agência digital Inkuba<br />

“Ouvi recentemente de um cliente da minha<br />

agência: ‘não queremos ser a próxima Kodak,<br />

Nokia ou Blockbuster’, empresas dominantes<br />

que perderam relevância por conta de i<strong>nov</strong>ação<br />

e mudança dos paradigmas em seus mercados”,<br />

afirma Kuba.<br />

Entre as grandes empresas, um exemplo<br />

interessante que se apropria dessa tendência<br />

é o Itaú, com a iniciativa do Cubo. Trata-se de<br />

um case de criação de um centro de i<strong>nov</strong>ação,<br />

abrigando start-ups em esquema de coworking<br />

e trazendo iniciativas de conteúdo em seus<br />

eventos num espaço criado para este fim, independente<br />

da estrutura do banco. “Além de<br />

incentivar o ecossistema de start-ups, estão potencializando<br />

o surgimento de i<strong>nov</strong>ação dentro<br />

de uma iniciativa da empresa”, elogia Kuba.<br />

Além disso, escolas de i<strong>nov</strong>ação como a Hyper<br />

Island estão trazendo a cultura de transformação<br />

digital para as grandes empresas. Sem essa<br />

educação interna, dificilmente haverá terreno<br />

fértil para o surgimento de iniciativas de i<strong>nov</strong>ação,<br />

devido à barreira cultural da organização.<br />

105


Experiência + i<strong>nov</strong>ação<br />

Muitas companhias têm visto as start-ups<br />

não como concorrentes, mas como aliadas que<br />

podem auxiliar em seu desenvolvimento e crescimento.<br />

As gigantes identificaram nas pequenas<br />

a possibilidade de aperfeiçoar as opções de<br />

meios de pagamento no país e uma <strong>nov</strong>a maneira<br />

de i<strong>nov</strong>ação, por exemplo.<br />

Em uma parceria com a MasterCard, as empresas<br />

oferecem às start-ups as ferramentas de<br />

quem já tem experiência de mercado. Por sua<br />

vez, estas oferecem <strong>nov</strong>as tecnologias, de acordo<br />

com as necessidades levantadas por MasterCard<br />

e Itaú. A MasterCard fornece sua interface de programação<br />

de aplicativos em tempo integral para<br />

as iniciantes. Estas, além de ocuparem o espaço,<br />

tr<strong>aba</strong>lham na i<strong>nov</strong>ação e desenvolvimento dos<br />

meios de pagamento com uma espécie de coaching<br />

e mentoria de profissionais.<br />

A Telefónica não quis ficar para trás e, em<br />

2014, optou por investir em i<strong>nov</strong>ação, desenvolvimento,<br />

empreendedorismo e treinamento nas<br />

<strong>nov</strong>as tecnologias e na sociedade digital por meio<br />

do Telefónica Open Future. A principal meta é detectar,<br />

desenvolver e melhorar o empreendimento<br />

tecnológico em todas as suas fases.<br />

Juntamente com o Inatel (Instituto Nacional<br />

de Telecomunicações) e a Ericsson, a Telefónica<br />

Open Future montou um crowdworking em Santa<br />

Rita do Sapucaí (no sul de Minas Gerais), intitulado<br />

Vale da Eletrônica. Além disso, a companhia<br />

CUBO, centro de<br />

i<strong>nov</strong>ação do Itaú<br />

conta com uma academia para a aceleradora<br />

Wayra Brasil, que incorporou <strong>nov</strong>as start-ups nos<br />

âmbitos de soluções tecnológicas para agricultura,<br />

emprego, otimização da cadeia de produção<br />

industrial e comunicação remota.<br />

Cerca de 20 projetos de 63 jovens empreendedores<br />

foram selecionados para participar da primeira<br />

turma de start-ups que irão integrar o Vale<br />

da Eletrônica. Dentre os escolhidos estão os que<br />

atuam em segmentos estratégicos da área de tecnologia<br />

da informação e comunicação, internet<br />

das coisas e soluções que podem ser aplicadas<br />

em empresas de qualquer porte.<br />

A ideia é fazer com que essas start-ups consigam<br />

manter a trajetória no caminho do sucesso<br />

e, futuramente, serem parceiras da Vivo por meio<br />

do fornecimento de produtos e serviços. Os empreendedores<br />

escolhidos ficarão alocados em um<br />

espaço compartilhado, criado especialmente para<br />

eles, além de contar com a estrutura de uma incubadora<br />

e do Laboratório de Criatividade, Ideação e<br />

I<strong>nov</strong>ação do Inatel. Os times terão suporte técnico,<br />

capacitação e a mentoria de profissionais da área,<br />

executivos e parceiros do programa. Eles também<br />

farão contato com possíveis futuros investidores e<br />

aceleradoras, como a Wayra.<br />

Para Leo Kuba, falar sobre o universo de<br />

start-ups, i<strong>nov</strong>ação e o impacto nas grandes<br />

empresas é debater o processo de mudança<br />

generalizado que experimentamos atualmente.<br />

Afinal, todos os segmentos de mercado e a<br />

forma como as pessoas se relacionam e consomem<br />

estão sendo impactados por um mundo<br />

cada vez mais digital e tecnológico.<br />

“Talvez vejamos, em poucos anos, um cenário<br />

muito diferente, no qual a maioria das grandes<br />

organizações que são protagonistas nos dias de<br />

hoje podem se tornar irrelevantes ou extintas por<br />

não terem se adaptado em tempo às mudanças<br />

que vieram. É a teoria da evolução de Darwin se<br />

aplicando ao universo dos negócios. Quem sobrevive<br />

não é o maior e mais forte, mas o que melhor<br />

se adapta às mudanças”, avisa.<br />

106


Google e sua fábrica de <strong>nov</strong>idades<br />

O Google possui sua própria incubadora, a<br />

Farm. Considerada a maior aceleradora da América<br />

Latina, tem um andar inteiro no Campus São<br />

Paulo, espaço do Google onde empreendedores<br />

aprendem, se conectam e criam empresas que<br />

podem i<strong>nov</strong>ar. Em seu portfólio constam mais de<br />

230 start-ups, com um valor agregado que ultrapassa<br />

R$ 3,3 bilhões. Cerca de US$ 100 milhões<br />

em investimentos foram captados via Farm Venture<br />

Capital, responsável pelo acompanhamento<br />

e investimentos nas start-ups. Dentre os cases de<br />

sucesso do programa estão empresas como Easy<br />

Taxi, WorldPackers, Social Miner, Nexer, Net-<br />

Show.me, UpPoints, InforPrice e Beauty Date.<br />

Aos que ainda não montaram uma start-up,<br />

mas têm a veia empreendedora, a Farm incentiva<br />

este desejo por meio de um programa que<br />

dura um dia e abre caminho para definir um pla-<br />

no ágil de negócios. São Paulo é o sexto campus<br />

aberto pelo Google. Os demais estão localizados<br />

em Londres, Tel Aviv, Seul, Madri e Varsóvia.<br />

As start-ups que fazem parte do Programa<br />

de Aceleração da Farm ficam no espaço durante<br />

cinco semanas imersivas e têm a oportunidade<br />

de atender clientes, firmar parcerias e acelerar a<br />

validação do modelo de negócios. Após a imersão,<br />

algumas podem continuar no espaço para<br />

aprimorar seus projetos até o início do próximo<br />

programa.<br />

Todas as start-ups que passam por este processo<br />

continuam com acompanhamento por até<br />

dois anos. Durante este período são auxiliadas<br />

em questões como desempenho, metas e métricas,<br />

além de continuar a ter acesso a uma rede<br />

de mentores, empresas e parceiros, de acordo<br />

com a necessidade.<br />

Sede da Farm, incubadora do<br />

Google, em São Paulo<br />

107


Agilidade para mudar<br />

Uma das principais diferenças de perfil entre<br />

start-ups e grandes empresas é que as primeiras<br />

são, por definição, ágeis e interativas. Assim,<br />

conseguem testar suas hipóteses de produtos,<br />

serviços e modelos de negócios e se adaptam<br />

rapidamente até encontrar, se bem-sucedidas,<br />

seus mercados num mundo em constante transformação.<br />

Por outro lado, as grandes empresas<br />

são máquinas focadas primariamente em manter<br />

a eficiência de seus modelos de negócios. Qualquer<br />

mudança de estratégia leva tempo, em função<br />

dos interesses e de toda a cadeia de tomada<br />

de decisão. E essa lentidão pode ser fatal para a<br />

sobrevivência de muitas delas.<br />

Um bom exemplo é a Estante Virtual. O site<br />

de comércio eletrônico de livros nasceu por conta<br />

de uma experiência pessoal de seu fundador,<br />

André Garcia, que identificou uma necessidade<br />

ainda não suprida pelo mercado. Em 2006,<br />

quando era estudante da Pontifícia Universidade<br />

Católica (PUC), precisava de um livro específico.<br />

Buscando na internet, encontrou apenas seis sebos<br />

virtuais. Foi então que veio a ideia de montar<br />

um portal que reunisse todos em um só lugar.<br />

“Eu não sabia o que era marketplace, não tinha<br />

referência. Acho que uma maneira de i<strong>nov</strong>ar é<br />

não ter muitas referências”, avalia.<br />

O site foi ao ar com apenas 12 sebos e 10 mil<br />

livros. Aos poucos, outros sebos começaram a<br />

se cadastrar. Atualmente, a Estante Virtual conta<br />

com um acervo de mais de 15 milhões de volumes,<br />

três milhões de leitores cadastrados e 15<br />

mil livros vendidos diariamente. Isso significa<br />

que a cada dois segundos, é vendido um exemplar<br />

dos mais de 2,2 mil sebos ou livreiros virtuais<br />

cadastrados.<br />

“Somos considerados o maior acervo de língua<br />

portuguesa no mundo, o terceiro maior<br />

vendedor de livros da internet brasileira e nosso<br />

objetivo é alcançar o primeiro lugar. Estamos em<br />

constante preparação para alcançar essa posi-<br />

ção”, explica Garcia. Mais recentemente, a empresa<br />

começou a oferecer livros <strong>nov</strong>os, em parceria<br />

com as editoras.<br />

Netflix da educação<br />

Já Eduardo Lima, da eduK, afirma estar em um<br />

processo de revolução no mercado de educação<br />

e ensino. “Produzimos vídeos com grandes profissionais,<br />

transmitimos aulas ao vivo e de graça,<br />

o que nos rendeu ser um modelo de i<strong>nov</strong>ação.<br />

Gosto de dizer que somos a Netflix da educação<br />

porque qualquer um pode fazer uma assinatura<br />

e começar a assistir nossos vídeos em qualquer<br />

lugar que tenha conexão com a internet”, explica.<br />

Hoje, a eduK disponibiliza mais de 850 cursos<br />

com o intuito de melhorar as habilidades e<br />

competências do público, que tem a educação à<br />

distância como aliada para seu desenvolvimento<br />

pessoal e profissional. O portal tem 3,5 milhões<br />

de alunos e, segundo Lima, é a maior escola online<br />

da América Latina, com 10 estúdios e 200<br />

horas de conteúdo. “A empresa nasceu com a vocação<br />

de ser global e os cursos são assistidos por<br />

pessoas presentes em mais de 30 países ao redor<br />

do mundo”, ressalta.<br />

Eduardo Lima, do portal<br />

de cursos online eduK<br />

durante o ENA <strong>2016</strong><br />

108


109


CASE STUDY: GRUPO BOTICÁRIO<br />

Com estratégia de venda multicanal<br />

e campanhas publicitárias marcantes,<br />

Grupo Boticário conquista mercado<br />

e se aproxima da vice-liderança<br />

no setor de higiene pessoal,<br />

perfumaria e cosméticos<br />

Por Andrea Martins<br />

110


Além de “muito dinheiro no bolso” e “saúde<br />

pra dar e vender”, que todo brasileiro deseja<br />

na virada do ano-<strong>nov</strong>o, ficar bonito e cheiroso<br />

também poderia estar na canção de Réveillon.<br />

A preocupação com a aparência não é <strong>nov</strong>idade<br />

no país e continua impulsionando negócios bilionários<br />

no setor de higiene pessoal, perfumaria e<br />

cosméticos. A crise econômica retraiu em 8% o<br />

mercado no ano passado (a primeira queda em<br />

23 anos) e rebaixou o Brasil no ranking mundial<br />

de consumo, passando da terceira para a quarta<br />

posição, atrás de Estados Unidos, China e Japão,<br />

respectivamente.<br />

Mas a retração do setor não afetou o desempenho<br />

de um dos maiores players deste mercado:<br />

o Grupo Boticário. A empresa, que nasceu<br />

em 1977 como uma farmácia de manipulação em<br />

Curitiba, transformou-se na maior rede de franquias<br />

do país, considerando todos os segmentos,<br />

com cerca de 4 mil lojas somadas. É também a<br />

maior rede de franquias em perfumaria e cosméticos<br />

do mundo.<br />

O Grupo Boticário faturou R$ 10,1 bilhões no<br />

varejo em 2015, um crescimento de 8,8%. Com<br />

um portfólio de mais de 1.100 produtos, O Boticário<br />

respondeu por 10,9% das vendas do setor no<br />

Brasil em 2015, de acordo com dados da Euromonitor<br />

International, uma das principais empresas<br />

de pesquisa de mercado do mundo. Em 2010, a<br />

companhia tinha 6,9% do mercado. A liderança<br />

no ano passado foi da Unilever, com 12,2%.<br />

“Não temos falado em expectativas para <strong>2016</strong>,<br />

pois o ano se mostra muito difícil de prever. Estaremos<br />

bem se repetirmos o desempenho de<br />

2015. O ano está com muitas variações. O primeiro<br />

trimestre é tradicionalmente mais fraco, mas<br />

períodos subsequentes compensam e já tivemos<br />

algumas datas comemorativas, em que somos<br />

muito fortes. Com isso, está bastante difícil de<br />

prever”, diz Alexandre Bouza, diretor de marketing<br />

e comunicação de O Boticário.<br />

“A companhia vem fazendo a lição de casa<br />

há pelo menos cinco anos. O bom desempenho<br />

não é resultado de uma tática pontual em tempos<br />

de crise. É uma estratégia desenvolvida antes<br />

da crise, que já deixou a empresa em posição de<br />

crescimento”, diz Fabio Mariano, sociólogo e professor<br />

do curso de Ciências Sociais e do Consumo<br />

da ESPM.<br />

Com 4 mil lojas, O Boticário é<br />

a maior rede de franquias em<br />

perfumaria e cosméticos do mundo<br />

Várias frentes<br />

A estratégia foi diversificar os canais de vendas<br />

e lançar outras marcas. Além das franquias,<br />

a venda direta e o e-commerce também passaram<br />

a atender os consumidores nos últimos cinco<br />

anos. Sob o comando de Artur Grynbaum, que assumiu<br />

a presidência em 2008, foi criado o Grupo<br />

Boticário, em 2010, organização com proposta de<br />

atuar em outras unidades de negócios. A companhia<br />

lançou a Eudora, em 2011, segunda marca<br />

do grupo e empresa que já nasceu com estratégia<br />

multicanal, com venda direta, lojas próprias para<br />

experimentação e comercialização de produtos e<br />

comércio eletrônico.<br />

Em agosto de 2012, veio a Quem Disse, Berenice,<br />

de olho na classe C. A terceira unidade de<br />

negócios chegou ao mercado trazendo um <strong>nov</strong>o<br />

olhar para a categoria de maquiagem, questionando<br />

padrões pré-estabelecidos e inspirando as<br />

mulheres a encontrarem seu próprio jeito de ficarem<br />

mais bonitas. Em seguida, foi criada a quarta<br />

unidade de negócios, The Beauty Box, voltada<br />

para um público mais seletivo e que vende produtos<br />

multimarcas nacionais e importados, com a<br />

proposta de atender os desejos de consumidores<br />

cada vez mais exigentes e informados sobre as<br />

<strong>nov</strong>idades globais.<br />

“Temos <strong>nov</strong>idades em nossas lojas e para nossas<br />

revendedoras de venda direta, em média, a<br />

cada 20 dias. No ano passado, foram cerca de 400<br />

lançamentos – uma média que deve se manter<br />

este ano”, afirma Cristiane Irigon, diretora de comunicação.<br />

Novidades como a linha de maquiagem<br />

Make B Africaníssima, para peles morenas<br />

111


Cristiane Irigon, diretora de<br />

comunicação do Grupo Boticário<br />

e negras; ou o perfume masculino Malbec Sport,<br />

que sorteou um veículo esportivo BMW 428i Cabrio<br />

Sport entre os consumidores.<br />

A atuação das quatro unidades de negócios,<br />

paralelamente, impulsionou a participação de<br />

mercado crescente do grupo. Não há canibalização<br />

entre as marcas e canais de venda, mas,<br />

sim, um complemento. “A Eudora possibilitou à<br />

empresa internalizar o conhecimento do modelo<br />

de vendas porta a porta, que foi, posteriormente,<br />

implantado na rede O Boticário. Quem Disse,<br />

Berenice, além de ter posicionamento e portfólio<br />

distintos, abre a possibilidade de crescimento e<br />

expansão para franqueados que já não têm mais<br />

espaço para <strong>nov</strong>as unidades O Boticário. No caso<br />

da The Beauty Box, o segmento é muito pulverizado<br />

no Brasil e é uma oportunidade como canal<br />

para produtos de marcas próprias da empresa”,<br />

comenta Alberto Serrentino, fundador da consultoria<br />

Varese Retail, especializada em varejo.<br />

Boas histórias e práticas<br />

Desde sua fundação, na década de 70, O Boticário<br />

vem colecionando boas histórias nos negócios<br />

e na comunicação. Uma delas envolve o<br />

fundador Miguel Krigsner (bioquímico nascido na<br />

Bolívia, mas estabelecido na capital paranaense<br />

desde os 11 anos) e o empresário Silvio Santos.<br />

Em 1979, o dono do SBT tinha 60 mil frascos de vidro<br />

em forma de ânfora estocados em São Paulo,<br />

mas desistiu de lançar uma marca própria de perfumes.<br />

O fundador de O Boticário, mesmo sem ter<br />

todo dinheiro para comprar os vidrinhos – cerca<br />

de US$ 60 mil – levou todo o estoque e se comprometeu<br />

a devolver, caso não pudesse pagar. De<br />

volta à Curitiba, aprovou com a perfumista uma<br />

fragrância ainda em fase de teste. Nascia ali o Acqua<br />

Fresca, um dos perfumes mais vendidos do<br />

mundo e ícone da marca.<br />

O espírito empreendedor de Krigsner, atual<br />

presidente do Conselho de Administração do Grupo<br />

Boticário, estava apenas começando. O empresário<br />

abriu uma segunda loja, em 1979, no Aeroporto<br />

Internacional Afonso Pena, em São José dos<br />

Pinhais (PR), o que permitiu que pessoas de vários<br />

lugares do Brasil conhecessem seus produtos e se<br />

interessassem em revendê-los pelo país. Em 1980<br />

foi a vez de adotar o sistema de franchising, negócio<br />

ainda pouco conhecido naquela época.<br />

A expansão da marca foi expressiva e, já na metade<br />

dos anos 80, O Boticário contava com 800 lojas<br />

no Brasil. Desde então, não parou de crescer e<br />

tem aberto, em média, 100 lojas por ano, gerando<br />

valor para suas quatro unidades de negócio. Este<br />

ano, o ritmo de <strong>nov</strong>as unidades deve ser menor.<br />

“Esperamos abrir de 35 a 50 lojas, o que é um desempenho<br />

bom para um ano de pouca visibilidade<br />

como <strong>2016</strong>”, afirma Alexandre Bouza.<br />

Muito antes do termo “sustentabilidade” virar<br />

regra nas grandes corporações, a empresa já<br />

investia em projetos de proteção da fauna e flora<br />

brasileira. Em 1990, foi criada a Fundação Boticário<br />

de Proteção à Natureza e duas reservas ambientais<br />

foram adotadas, uma no Cerrado e outra na Mata<br />

Atlântica. Mais de 1.400 iniciativas foram apoiadas,<br />

de 480 instituições. A organização nasceu dois<br />

anos antes da Eco-92, evento realizado no Rio de<br />

Janeiro e que deu início aos grandes debates internacionais<br />

sobre sustentabilidade no planeta.<br />

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A empresa está preparada<br />

para crescer no longo prazo<br />

Alexandre Bouza, diretor de marketing e comunicação do Grupo<br />

Boticário, conta principais momentos da trajetória ascendente do grupo<br />

O Boticário teve participação de mercado muito<br />

expressiva em 2015. A companhia deve ultrapassar<br />

a concorrência já em <strong>2016</strong>?<br />

Fazemos o nosso tr<strong>aba</strong>lho para ser o melhor grupo<br />

de beleza do Brasil. Respeitamos os concorrentes,<br />

pois o nosso mercado é de muita qualidade.<br />

Aqui no Grupo Boticário somos orientados a buscar<br />

o resultado, mas também nos preocupamos<br />

bastante com a forma com a qual ele é alcançado<br />

– com respeito às pessoas e aos parceiros, com<br />

sustentabilidade e ética.<br />

Quais foram as principais estratégias de O Boticário<br />

para conquistar mercado em 2015, um<br />

ano marcado pela primeira retração do setor de<br />

higiene e beleza em 23 anos?<br />

O Grupo Boticário cresceu 8,8% em 2015, mantendo<br />

um desempenho acima da média do setor.<br />

Foi um ano difícil para o mercado, no qual fizemos<br />

um redesenho organizacional que nos deu<br />

mais agilidade nas decisões; procuramos buscar<br />

mais eficiência na nossa operação; estivemos<br />

mais próximos dos nossos franqueados; e oferecemos<br />

ao consumidor as propostas de valor mais<br />

assertivas. Esses fatores, combinados, garantiram<br />

o nosso resultado.<br />

Como a diversificação dos negócios (O Boticário,<br />

Eudora, Quem Disse, Berenice e The Beaty<br />

Box) e de canais de venda ajudaram nos bons<br />

resultados da empresa?<br />

O plano de diversificação dos negócios está em<br />

nossas estratégias desde antes da formação do<br />

Grupo Boticário, em 2010. Já naquela época entendíamos<br />

que havia <strong>nov</strong>as propostas que poderíamos<br />

oferecer ao consumidor de produtos de<br />

beleza e que não cabiam em apenas uma unidade<br />

de negócios. A chegada das <strong>nov</strong>as unidades<br />

exigiu investimentos, é claro, e eles foram feitos<br />

simultaneamente a uma expansão da nossa estrutura<br />

de fábricas e centros de distribuição. Todas<br />

as <strong>nov</strong>as unidades têm apresentado os resultados<br />

esperados. Hoje a empresa está preparada<br />

para crescer no longo prazo.<br />

O consumidor está mudando a forma de consumo<br />

de produtos do segmento de higiene e beleza?<br />

Como O Boticário vem se adaptando às necessidades<br />

e anseios deste <strong>nov</strong>o consumidor?<br />

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Nosso relacionamento com os consumidores<br />

sempre foi muito próximo. Isso é uma premissa<br />

para todos nós. Por meio de pesquisas, estudos<br />

de tendências e desse relacionamento estreito,<br />

conseguimos idealizar <strong>nov</strong>os conceitos e soluções<br />

que atendam efetivamente os anseios do<br />

nosso público. Todo esforço tem como objetivo<br />

estar cada vez mais presente no dia a dia das pessoas,<br />

oferecendo a elas experiências de beleza e<br />

de vivência de marca, algo que vai muito além do<br />

simples fato de oferecer um produto.<br />

Quando o segmento de higiene e beleza brasileiro<br />

deve retomar o posto de terceiro maior<br />

mercado do mundo?<br />

Esta é uma questão que depende de muitos fatores,<br />

como a retomada do crescimento econômico<br />

do país, e também do câmbio, pois os mercados<br />

são comparados pelo desempenho em dólares.<br />

Por toda a conjuntura, é mais um desafio prever<br />

quando isso acontecerá.<br />

Qual a participação do e-commerce nas vendas<br />

da empresa? E no faturamento?<br />

Por se tratar de uma informação estratégica,<br />

não divulgamos as vendas específicas por canais.<br />

Posso te dizer que o e-commerce se consolida<br />

como um canal importante, mas nosso negócio<br />

vem crescendo de maneira significativa também<br />

nos demais – lojas físicas e venda direta. Ou seja,<br />

o crescimento é fruto de uma atuação multicanal<br />

bem-sucedida – que nos permite estar cada<br />

vez mais próximo dos nossos consumidores<br />

em suas mais diversas experiências de compra<br />

– combinada a estratégias de marketing e de<br />

comunicação assertivas, i<strong>nov</strong>adoras e que realmente<br />

encantam.<br />

Comunicação em sintonia<br />

com o consumidor<br />

Comunicação também é assunto sério dentro<br />

da corporação. Um time de peso atua em diversas<br />

frentes. Um pool de agências parceiras desenvolve<br />

as estratégias das marcas mais importantes e<br />

da grife O Boticário como um todo. As agências de<br />

publicidade são AlmapBBDO, Santa Clara e Neogama<br />

(para as marcas Intense e Nativa SPA), além<br />

de três parceiras regionais: Ideia3, OpusMultipla<br />

e Heads. A estratégia digital é comandada pela<br />

W3haus; o Clube Viva O Boticário e todo tr<strong>aba</strong>lho<br />

de CRM estão a cargo da House Cricket; e as relações<br />

públicas, da Burson-Marsteller.<br />

“Estamos sempre muito atentos em ouvir o<br />

que as pessoas têm a nos dizer, quais são suas<br />

demandas e anseios. Da mesma forma, nossa comunicação<br />

é sempre pensada do ponto de vista<br />

do que toca o coração dessas pessoas, do que faz<br />

sentido para elas”, comenta Cristiane Irigon, diretora<br />

de comunicação de O Boticário.<br />

De uma parceria produtiva de 12 anos com a<br />

AlmapBBDO, nasceram <strong>nov</strong>os conceitos e diretri-<br />

zes. “O lançamento do conceito Acredite na Beleza,<br />

oito anos atrás, foi na contramão de todo o discurso<br />

da concorrência que, naquela época, tratava<br />

beleza com receios, minimizando inclusive o efeito<br />

positivo da estética na confiança e na autoestima<br />

das mulheres. Sem dúvida, O Boticário mudou a<br />

dinâmica de comunicação do segmento”, conta<br />

Cintia Gonçalves, sócia e diretora-geral de planejamento<br />

da AlmapBBDO.<br />

A interface da agência com O Boticário é diária<br />

e de muita troca de conteúdo e de ideias. Os times<br />

envolvidos no atendimento da conta têm altíssimo<br />

nível de senioridade e especialização, bem como<br />

suas equipes. Há algum tempo, mas principalmente<br />

desde o ano passado, as campanhas passaram<br />

a retratar ainda mais a realidade das mudanças<br />

sociais. E não passaram despercebidas do público,<br />

mídia e redes sociais. “A empresa passou a investir<br />

em pesquisas de consumo, insights de cunho antropológico<br />

que estudam as pessoas no lado social,<br />

não só o comportamento de compra. É uma<br />

117


tendência para as empresas no século 21”, analisa<br />

Fabio Mariano, da ESPM.<br />

No Dia dos Namorados de 2015, por exemplo,<br />

a marca apostou em um filme emblemático, que<br />

mostrava diversos casais (heterossexuais e homossexuais)<br />

trocando presentes. O filme gerou buzz<br />

nos ambientes on e off-line, ganhou críticos e defensores<br />

e a marca chegou a ser julgada no Conselho<br />

de Autorregulamentação Publicitária (Conar).<br />

“Não queremos levantar bandeiras, mas mostrar<br />

o que está na sociedade, na vida das pessoas. Mas<br />

não se trata de uma mudança de posicionamento,<br />

porque essa sempre foi a nossa preocupação”, comenta<br />

Cristiane Irigon.<br />

Insights humanos<br />

Para a campanha de Natal, a empresa mais<br />

uma vez chamou a atenção ao colocar um casal de<br />

idosos como protagonista do filme. No começo de<br />

<strong>2016</strong>, uma ação de comunicação para mexer com<br />

a autoestima de mulheres recém-separadas voltou<br />

a causar burburinho nas redes sociais, rendeu<br />

críticas e outro processo no Conar. Na sequência,<br />

um filme com a atriz Cléo Pires, em que ela dizia<br />

que a propaganda era mesmo uma encenação,<br />

voltou a ganhar destaque no mundo online.<br />

O processo de criação das campanhas envolve<br />

estudos comportamentais que revisitam e re<strong>nov</strong>am<br />

as estratégias. Para Camilla Massari, vp de<br />

atendimento da AlmapBBDO, as campanhas de O<br />

Boticário têm sempre na sua essência insights humanos<br />

e verdadeiros, além de uma execução de<br />

altíssima qualidade. “O Boticário é um cliente que<br />

busca sempre grandes ideias e, mais do que isso,<br />

tem sempre coragem de fazê-las acontecer”, completa<br />

Camilla.<br />

Novo parceiro<br />

Parte da conta publicitária de O Boticário (as<br />

linhas Nativa Spa e Intense) é atendida pela Neogama.<br />

A parceria foi anunciada em março, após<br />

a agência vencer concorrência feita pelo fabricante.<br />

“O Boticário é uma empresa admirável, com<br />

história, gente e produtos que honram o melhor<br />

do empreendedorismo brasileiro e, por isso, me<br />

identifico pessoalmente com o que eles representam.<br />

Demos o nosso melhor na concorrência<br />

e apresentamos um tr<strong>aba</strong>lho completo – de certa<br />

forma, até um pouco além do pedido. O processo<br />

foi extremamente profissional e respeitoso do<br />

lado deles. Se tivéssemos mais concorrências com<br />

esse alto nível, a indústria da comunicação estaria<br />

melhor”, diz Alexandre Gama, CEO e chief criative<br />

officer da Neogama.<br />

O primeiro filme criado pela agência para Nativa<br />

Spa Ameixa estreou em junho e buscava traduzir<br />

a sensação que o produto transmite às consumidoras,<br />

de acordo com pesquisas. Ao falar sobre<br />

ele, as consumidoras diziam que Nativa Spa Ameixa<br />

tinha um “segredo”, um “mistério”.<br />

“Nativa Spa tr<strong>aba</strong>lha na comunicação da ideia<br />

do ‘um não sei quê’ que certas mulheres têm e<br />

que a consumidora reconhece que existe também<br />

no produto. Traduzimos tudo isso no filme guiado<br />

pelo clássico da MPB ‘O que é que a Baiana Tem’,<br />

de Dorival Caymmi. Quando você consegue dizer<br />

tudo que precisa com uma música, é gol. No Brasil,<br />

música é uma forma poderosa de comunicação”,<br />

conta Gama.<br />

Campanha da AlmapBBDO<br />

para o Natal<br />

Conjunto afinado<br />

Prestes a completar 40 anos em 2017, O Boticário<br />

reforça o papel da comunicação para continuar<br />

avançando no mercado de cosméticos.<br />

Mas outros fatores também contam na hora de<br />

analisar o desempenho positivo. “Nenhum fator<br />

sozinho traz o sucesso. Mesmo a comunicação<br />

tendo a força de ser a voz da marca falando com<br />

as pessoas, ela não é tudo. Vejo uma consistência<br />

de objetivo de negócio, de estratégia de portfólio<br />

de produtos e de conhecimento do consumidor<br />

que faz com que comunicar seja uma decorrência<br />

muito certeira desse conjunto”, analisa Alexandre<br />

Gama.<br />

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Para ele, a breve convivência entre agência e<br />

cliente ainda tem muito a evoluir. “A convivência<br />

tem sido muito boa e produtiva. Como crente na<br />

meritocracia, busco um futuro de sucesso cada<br />

vez maior nessa parceria, baseado nos acertos<br />

que tivermos. Estamos só no começo, mas confio<br />

que vamos estar cada vez mais afinados.<br />

Já para a AlmapBBDO, que atende a empresa<br />

há mais de 12 anos, todo dia é um recomeço<br />

nesta parceria. “Relações longas como essa só se<br />

sustentam e continuam frutificando se ambos os<br />

lados têm valores e crenças comuns. E se todo<br />

o dia, como agência, você encara como o dia de<br />

reconquistar seu cliente, de surpreender e fazer<br />

melhor”, reforça Cintia Gonçalves.<br />

Comercial em que Cléo Pires dizia que<br />

a propaganda era mesmo encenação<br />

ganhou destaque nas redes sociais<br />

Campanha da Neogama<br />

para a linha Nativa Spa<br />

Presença marcante<br />

no meio digital<br />

A W3Haus faz todo o tr<strong>aba</strong>lho digital de O Boticário,<br />

com exceção do e-commerce e do Clube<br />

Viva O Boticário (clube de benefícios gerenciado<br />

pela house Cricket). A agência tr<strong>aba</strong>lha com uma<br />

equipe em Porto Alegre e uma em São Paulo e<br />

cuida de toda estratégia digital anual, assim como<br />

para cada uma das campanhas, sua criação, concepção<br />

e execução. Também administra os canais<br />

proprietários da marca – redes sociais e o portal<br />

Viva Linda.<br />

O contato da empresa com os consumidores é<br />

constante e intenso nas redes sociais. Só o perfil da<br />

marca no Facebook tem mais de 11 milhões de fãs.<br />

Clientes que interferem até no relançamento de<br />

produtos que saíram de linha, como o desodorante<br />

Egeo Choc. A partir do pedido das consumidoras<br />

na redes sociais e canais da marca, as clientes<br />

foram convidadas a participar de um videoclipe,<br />

cantando a música “Gostava tanto de Você”, para<br />

o relançamento do desodorante. O resultado foi<br />

positivo, não só para quem pediu o produto, mas<br />

para todas consumidoras, que interagiam nas redes<br />

agradecendo e comemorando a volta do desodorante.<br />

Atuação intensa no<br />

site e nas redes sociais:<br />

só a página da marca no<br />

Facebook tem mais de<br />

11 milhões de fãs<br />

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Paralimpíada


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QUEM FAZ A ABA


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