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Revista Dr. Plinio 236

Novembro de 2017

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Perspectiva pliniana da História<br />

Gabriel K.<br />

Santa Mônica e Santo Agostinho<br />

Museu Amedeo Lia, La Spezia, Itália<br />

do com a história de Santa Mônica.<br />

À medida que Santo Agostinho<br />

se afastava dela, essa santa mãe ia<br />

se tornando mais ardente, arrebatadora<br />

no suplicar a Deus e no pedir<br />

a seu filho rebelde que se convertesse,<br />

mais irresistível em cada contato<br />

com ele, porque ela aprimorava seus<br />

dotes maternos e recursos para salvar<br />

aquela alma. Agostinho resistia<br />

e ela se julgava derrotada, não compreendendo<br />

que, enquanto ele ia se<br />

infamando, ela ia tirando de dentro<br />

de si recursos e belezas novas, e<br />

dando novas glórias a Deus; e que a<br />

aceitação dela, num ato de conformidade<br />

e resignação a cada derrota,<br />

após cada “não” dele, marcava uma<br />

nova beleza para ela. Enquanto o filho<br />

ia dizendo “não” a Deus Nosso<br />

Senhor, que era, assim, “vencido”<br />

em Agostinho, Ele ia vencendo em<br />

Santa Mônica, a ponto de ela se tornar<br />

tão vencedora que, por assim dizer,<br />

venceu o próprio Deus.<br />

É sabido que algum<br />

tempo antes<br />

de Santo Agostinho<br />

se converter,<br />

ela procurou um<br />

bispo que, vendo-a<br />

chorar pela conversão<br />

do filho, disse:<br />

“Vai-te em paz, mulher,<br />

e continua a<br />

viver assim, que não<br />

é possível que pereça<br />

o filho de tantas<br />

lágrimas.” 1 Algum<br />

tempo depois, Santo<br />

Agostinho começou<br />

seu processo de<br />

conversão. Nota-se<br />

nisso o progresso da<br />

alma dela e as sucessivas<br />

vitórias de<br />

Deus na vencida. Se<br />

considerarmos essa<br />

história como sendo<br />

a de Santo Agostinho,<br />

ele terá sido o<br />

grande vencido. Se,<br />

ao contrário, fizermos dessa história<br />

a de Santa Mônica, oh! glória. Ao cabo<br />

de mais de trinta anos de tribulações<br />

e derrotas, essas lágrimas tiveram<br />

um tal preço que alcançaram de<br />

Deus a conversão do maldito, do inconversível,<br />

o qual, convertido, tornou-se<br />

um luzeiro para a Igreja.<br />

Ela saboreou ainda na Terra a alegria<br />

da conversão do filho, e chegou<br />

a ter com ele aquele famoso colóquio<br />

numa pequena hospedaria na<br />

cidade de Óstia, perto do mar, onde<br />

estavam alojados até um navio partir<br />

para Cartago, onde tinham resolvido<br />

morar. Eles falavam, junto a uma<br />

janela, a respeito das coisas de Deus<br />

e a conversa foi tão alta que tiveram<br />

juntos um êxtase, no qual Santa Mônica<br />

tinha praticamente alcançado<br />

o fim de sua vida; pouco depois, em<br />

Óstia, ela morreu.<br />

Qual é a natureza dessas renúncias?<br />

Ela não teria sido santa se, caso<br />

Deus lhe tivesse perguntado: “Mônica,<br />

aceitas que teu filho ainda prevarique<br />

e continues a rezar por ele,<br />

sem te revoltares?”, ela não tivesse<br />

dito com estas ou outras palavras<br />

ainda mais preciosas: “Estou disposta,<br />

Senhor!”<br />

Quem sabe se na sua agonia isso<br />

não lhe foi perguntado? Era preciso<br />

chegar até lá. Nisso estava a beleza<br />

de Santa Mônica. Se ela ficou santa<br />

foi porque ou disse explicitamente<br />

ou estava disposta a isso, bem entendido,<br />

se recebesse da Providência<br />

as graças excepcionais que os grandes<br />

lances supõem.<br />

Como aconteceu a Jó,<br />

todas as desgraças se<br />

abateram sobre a Igreja<br />

Então compreendemos que se<br />

olharmos a Santa Igreja Católica na<br />

sua essência, ao longo desses tempos,<br />

temos a impressão de que ela é<br />

uma derrotada. Porém, nós podería-<br />

Flávio Lourenço<br />

30<br />

Santo Agostinho - Igreja de São<br />

Jorge, La Coruña, Espanha

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