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REVISTA CUIDADOS PELA VIDA | 17<br />
MARCELO ROZENFELD LEVITES<br />
Clínico-geral e coordenador do<br />
programa de longevidade do<br />
Hospital 9 de Julho.<br />
CRM: 104800<br />
para pessoas com mais de 50 anos voltadas a promover<br />
a saúde física e mental. A programação possui<br />
caminhadas, aulas de dança, leitura, palestras e sessões<br />
de cinema. “Nós sugerimos algumas atividades<br />
como a caminhada, o clube da leitura uma vez por<br />
mês, um grupo de apoio ao cuidador e a arteterapia.<br />
“Acho que o povo<br />
brasileiro precisa<br />
encontrar a vocação<br />
de aproximar um ao<br />
outro, aí vai ter uma<br />
mudança”<br />
Eles encontram uma saída real.”, define o coordenador<br />
do projeto, Marcelo Rozenfeld Levites. Ele também<br />
relata a procura de pessoas com parentes que<br />
sofrem do Mal de Alzheimer. “O clube da memória é a<br />
grande sensação do projeto porque estimula a mente<br />
dos pacientes. Depois vem a caminhada, a leitura e as<br />
palestras como preferências”.<br />
O maior incômodo para Levites ainda é a falta de<br />
acessibilidade nas ruas das cidades, o que dificulta a<br />
prática ao ar livre e limita o deslocamento de transeuntes.<br />
“Precisamos de ruas e acessos facilitados,<br />
hoje o ônibus não tem preparação para o deficiente<br />
e para o idoso. O Brasil ainda não está adaptado a<br />
prestar serviço de qualidade. Acho que o povo brasileiro<br />
precisa encontrar a vocação de aproximar um<br />
ao outro, aí vai ter uma mudança”, constata.<br />
“UNS 30 ANOS<br />
A MAIS ESTÁ<br />
NA MEDIDA<br />
CERTA”<br />
Idade não quer dizer nada para Gina Marochio. Aos<br />
63 anos, a jornalista aposentada é exemplo de quem<br />
pretende chegar a uma idade avançada feliz e vantajosa.<br />
A paulista participa há nove anos do Centro<br />
de Longevidade do Hospital 9 de<br />
Julho e, desde então, participa<br />
de caminhadas, discussões literárias<br />
e festas organizadas pela<br />
equipe. Diante de várias atividades,<br />
Gina identifica que cultivar<br />
amizades é uma das melhores<br />
maneiras para gozar de um envelhecimento<br />
saudável. “Interagir com outras pessoas<br />
foi ótimo pra mim, até temos um grupo no Whatsapp<br />
onde comemoramos aniversário das pessoas<br />
da caminhada. Como em qualquer lugar, existem as<br />
mais animadas e outras mais fechadas, que conseguimos<br />
colocar um sorriso no rosto”.<br />
Com dificuldades para se locomover, Gina conta<br />
com a ajuda da bengala para andar desde que sofreu<br />
com o rompimento do músculo do quadril. Mesmo<br />
assim, sua limitação não a priva das funções diárias.<br />
Vou com alegria andar de ônibus até o Centro<br />
de Longevidade e me sinto bem. Estou ótima e de<br />
bem com a vida. Me acho muito bonita e confiante.<br />
Acr<strong>ed</strong>ita que até me chamaram para ser modelo?<br />
Que petulante eu sou, hein?”, conta, rindo.<br />
Esse bom humor contagia amigos, até os<br />
mais pessimistas. “Acho triste. Já encontrei<br />
algumas pessoas assim e tento<br />
fazê-las mudar de ideia ou a procurar<br />
ajuda profissional. Até tenho conseguido<br />
resultados positivos,<br />
vamos dizer que consigo<br />
abrir 70% dos olhos<br />
de amigos por causa<br />
da minha persistência”.<br />
Casada e com uma filha, ela nutre uma<br />
“Interagir com<br />
outras pessoas foi<br />
ótimo pra mim”<br />
relação bastante afetiva com a família, o<br />
que considera um bom termômetro para<br />
o bem-estar. “Toda família tem problemas,<br />
mesmo algumas rusgas, sei como contornar<br />
para que não me abale.<br />
A família é o nosso ponto<br />
de partida e de chegada.<br />
Precisamos ser tolerantes<br />
para que esse convívio traga<br />
bons fluidos”.<br />
Exemplo de vitalidade,<br />
Gina deseja viver muitos anos com prazer e<br />
saúde. Para ela, as fórmulas estão no nosso dia<br />
a dia e são fáceis de conquistar. “Tudo depende<br />
do nosso estilo, mas é preciso fazer exercícios,<br />
ter bons hábitos de sono e relaxamento,<br />
e alimentar-se bem. Por exemplo,<br />
eu como de três em três horas, mas sem<br />
exagero. Chegar aos 100 anos é possível,<br />
só precisamos começar a preparar desde<br />
já”. Mas será que Gina tem essa pretensão?<br />
“Não, mas uns 30 anos a mais está<br />
na m<strong>ed</strong>ida certa”, deseja ela.