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Revista Curinga Edição 04

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

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tre olhares<br />

precisamos de um médico<br />

ou de um dentista, é só chamar<br />

que eles atendem. Oferecer<br />

livros também é muito<br />

bom. Tem muita gente que<br />

ficava dentro da cela, não<br />

assistia à televisão e não tinha<br />

o que fazer”, diz.<br />

Foi uma<br />

oportunidade de<br />

arejar a mente e<br />

sentir, ainda que<br />

por pouco tempo,<br />

como se estivesse<br />

livre .<br />

Marcos, que já foi preso<br />

três vezes, hoje, vê a si mesmo<br />

como um bom exemplo:<br />

“vou trabalhando, me integrando<br />

à sociedade e as<br />

pessoas vão notando; é uma<br />

oportunidade de me mostrar.<br />

Até quem não tem bom<br />

comportamento aqui vê a<br />

gente e aprende”, afirma.<br />

O detento Miguel Alves*<br />

também participa dos projetos.<br />

Preso há quatro anos e<br />

cinco meses, trabalhou nas<br />

obras que aconteceram fora<br />

do presídio. Junto a outros<br />

presos e sob vistoria dos<br />

agentes carcerários, participou<br />

das reformas do Fórum<br />

de Mariana e do prédio sede<br />

da Guarda Municipal. Segundo<br />

Miguel, a atividade,<br />

que durou cerca de três meses,<br />

não trouxe apenas benefícios<br />

para a remissão de<br />

sua pena,mas foi uma oportunidade<br />

de arejar a mente<br />

e sentir, ainda que por pouco<br />

tempo, como se estivesse<br />

livre novamente. “De vez<br />

em quando, durante as reformas,<br />

a minha filhinha<br />

passava por lá e dava para<br />

eu vê-la de longe”, acrescenta.<br />

Para Miguel, as ações<br />

de ressocialização significam<br />

uma forma de voltar à<br />

sociedade antes mesmo de<br />

sair do presídio e cumprir<br />

toda a pena.“É um modo<br />

de verem que não sou um<br />

monstro ou algo do tipo”,<br />

explica. Miguel, que caracteriza<br />

a si mesmo como um<br />

homem de bem e trabalhador,<br />

conta que aprendeu<br />

muito no tempo que passou<br />

preso e espera voltar para o<br />

emprego, cuidar dos filhos<br />

e seguir adiante de cabeça<br />

erguida. “Se hoje estou preso,<br />

é por uma fatalidade”,<br />

ressalta. Júlio Ribeiro* também<br />

chama de “fatalidade”<br />

o fato que o levou a estar<br />

preso desde 2009 e culpa a<br />

influência das más amizades<br />

pelo erro cometido. O<br />

detento, que tem o sonho<br />

de mudar a própria vida e a<br />

da família, voltou a estudar<br />

dentro do presídio e, no final<br />

do ano passado, prestou<br />

a prova do supletivo para<br />

concluir o sexto ano do ensino<br />

fundamental. “Tenho<br />

a cabeça boa, não sou um<br />

analfabeto. Sou um camarada<br />

ativo, sei dialogar com<br />

todo mundo. Trabalhar aqui<br />

dentro é uma forma de ocupar<br />

a mente”, conta.<br />

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