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REVISTA MAIS SEBRAE EDIÇÃO DEZEMBRO A FEVEREIRO DE 2017

Confira a edição de Dezembro de 2017 a Fevereiro de 2018 da Revista Mais SEBRAE.

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Dez/<strong>2017</strong><br />

a Fev/2018<br />

Ano 3 | Nº 9<br />

A <strong>REVISTA</strong> DO EMPREEN<strong>DE</strong>DOR GAÚCHO<br />

Através do estímulo<br />

do <strong>SEBRAE</strong>/RS, tema<br />

empreendedorismo está<br />

chegando aos jovens<br />

estudantes do RS. pág. 26<br />

FOMENTO À CULTURA<br />

EMPREEN<strong>DE</strong>DORA<br />

Pequenas empresas apostam<br />

no sistema de franquias como<br />

alternativa de expansão.<br />

pág. 20<br />

Como a reforma<br />

trabalhista pode afetar a<br />

rotina da sua empresa?<br />

pág. 44<br />

1


2


OLHAR<br />

<strong>DE</strong><br />

LONGO<br />

PRAZO<br />

Observando com atenção<br />

as mudanças que<br />

estão acontecendo no<br />

mundo percebe-se que<br />

a ascensão da tecnologia<br />

está, gradativamente,<br />

mudando as relações<br />

de trabalho. Profissões estão deixando de<br />

existir e novas estão surgindo na mesma<br />

rapidez com que os postos de trabalho<br />

formais, com carteira assinada, estão se<br />

tornando mais escassos. Neste contexto,<br />

abrir um negócio é mais que uma tendência,<br />

já é a realidade de milhares de trabalhadores<br />

de todas as idades.<br />

Preparar as novas gerações para um mercado<br />

de trabalho cada vez mais voltado ao<br />

empreendedorismo é a razão pela qual o<br />

<strong>SEBRAE</strong>/RS está trabalhando fortemente<br />

a temática da Educação Empreendedora<br />

no Rio Grande do Sul, assunto de capa da<br />

presente edição da revista Mais <strong>SEBRAE</strong>.<br />

Na reportagem relatamos o exemplo<br />

bem-sucedido do município de Pejuçara,<br />

Noroeste do Estado, onde a cultura empreendedora<br />

já faz parte da rotina de 280<br />

alunos do ensino fundamental da rede<br />

municipal. Um trabalho que nos enche de<br />

orgulho por tocar num tema tão sensível<br />

em todo nosso País, que é a Educação.<br />

Outro elemento que comprova a busca<br />

cada vez maior das novas gerações pelo<br />

empreendedorismo é o recorte estadual<br />

inédito da pesquisa Global Entrepreneurship<br />

Monitor (GEM), que é realizada anualmente<br />

pelo Instituto Brasileiro de Qualidade<br />

e Produtividade (IBQP) com o apoio<br />

do <strong>SEBRAE</strong>. O levantamento mostrou que,<br />

aqui no Rio Grande do Sul, jovens entre<br />

18 a 34 anos já são responsáveis por mais<br />

da metade dos novos negócios criados. O<br />

que move estes empreendedores e como<br />

eles estão fazendo para driblar as adversidades<br />

do mercado estão relatados nas<br />

páginas 32 a 38.<br />

A denominada “reforma trabalhista” também<br />

está em destaque na presente edição<br />

da revista Mais <strong>SEBRAE</strong>. Nas páginas 44 a<br />

49, o advogado e professor de Direito do<br />

Trabalho e Processo do Trabalho Eugênio<br />

Hainzenreder Júnior explica, em uma detalhada<br />

entrevista, como as alterações na<br />

Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)<br />

irão afetar as empresas e as relações entre<br />

gestores e funcionários. Um tema relevante<br />

e atual que precisa do olhar atento de<br />

todos nós, que vivemos a CLT no nosso<br />

dia a dia.<br />

Boa leitura!<br />

Carlos Rivaci Sperotto<br />

Presidente do Conselho Deliberativo<br />

Estadual do <strong>SEBRAE</strong>/RS<br />

3


CONSELHO <strong>DE</strong>LIBERATIVO<br />

Presidente Conselho Deliberativo: Carlos Rivaci Sperotto<br />

• Banco do Estado do Rio Grande do Sul S/A – BANRISUL<br />

Titular: Luiz Gonzaga Veras Mota<br />

Suplente: Irany de Oliveira Sant’Anna Júnior<br />

• Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul – FIERGS<br />

Titular: Gilberto Porcello Petry<br />

Suplente: Marco Aurélio Paradeda<br />

• CAIXA ECONÔMICA FE<strong>DE</strong>RAL<br />

Titular: Ruy Fernando Fajardo Kern<br />

Suplente: Fábio Müller<br />

• Centro das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul – CIERGS<br />

Titular: André Vanoni de Godoy<br />

Suplente: Marlos Davi Schmidt<br />

• Secretaria do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia – S<strong>DE</strong>CT<br />

Titular: Márcio Biolchi<br />

Suplente: Evandro Fontana<br />

• BANCO DO BRASIL S/A<br />

Titular: Edson Bündchen<br />

Suplente: Vanderlei Barbiero<br />

• Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do<br />

Sul – FE<strong>DE</strong>RASUL<br />

Titular: Simone Diefenthaeler Leite<br />

Suplente: Olmiro Cavazzola<br />

• Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul – FARSUL<br />

Titular: Carlos Rivaci Sperotto<br />

Suplente: Fábio Avancini Rodrigues<br />

• Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande<br />

do Sul – FECOMÉRCIO<br />

Titular: Luiz Carlos Bohn<br />

Suplente: Zildo De Marchi<br />

• Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – <strong>SEBRAE</strong><br />

Titular: José Paulo Dornelles Cairoli<br />

Suplente: Pio Cortizo Vidal Filho<br />

• Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI/RS<br />

Titular: Alexandre De Carli<br />

Suplente: Ricardo Coelho Michelon<br />

• Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul – FAPERGS<br />

Titular: Odir Antônio Dellagostin<br />

Suplente: Marco Antonio Baldo<br />

• SENAR - RS - Serviço Nacional de Aprendizagem Rural<br />

Titular: Gilmar Tietböhl Rodrigues<br />

Suplente: Valmir Antônio Susin<br />

• FCDL - Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul<br />

Titular: Vitor Augusto Koch<br />

Suplente: Fernando Luis Palaoro<br />

• BA<strong>DE</strong>SUL Desenvolvimento S/A - Agência de Fomento/RS<br />

Titular: Susana Maria Kakuta<br />

Suplente: Paulo Odone Chaves de Araújo Ribeiro<br />

CONSELHO FISCAL<br />

Titulares<br />

• FE<strong>DE</strong>RASUL: José Benedicto Ledur (Presidente)<br />

• FIERGS: Gilberto Brocco<br />

• FCDL/RS: Jorge Claudimir Prestes Lopes<br />

Suplentes<br />

• FECOMÉRCIO: Ivanir Antonio Gasparin<br />

• Caixa Econômica Federal: Pedro Amar Ribeiro de Lacerda<br />

EXPEDIENTE<br />

É uma publicação do <strong>SEBRAE</strong>/RS<br />

desenvolvida pela Gerência de<br />

Comunicação.<br />

Coordenação e Edição:<br />

Ana Finkler<br />

Reportagem:<br />

Josine Haubert, Karen Vidaleti<br />

e Renata Cerini<br />

Design Gráfico e Editoração:<br />

Gilian Gomes<br />

Foto de Capa:<br />

iStock Fotos<br />

Revisão Ortográfica:<br />

Plural - Revisão Ltda.<br />

Tiragem: 5 mil exemplares.<br />

Aplicativo da revista Mais <strong>SEBRAE</strong><br />

disponível para Android e iOS.<br />

FALE COM A REDAÇÃO:<br />

sebraeimprensa@sebrae-rs.com.br<br />

(51) 3216.5182<br />

Contatos com o <strong>SEBRAE</strong>/RS:<br />

• 0800 570 0800 - atendimento<br />

gratuito de segunda a sexta-feira,<br />

das 8h às 19h.<br />

• www.sebrae-rs.com.br<br />

O visitante pode fazer download<br />

de publicações e no link “Agência<br />

<strong>SEBRAE</strong> de Notícias” ficar sabendo<br />

das novidades da instituição.<br />

• www.sebrae.com.br<br />

<strong>SEBRAE</strong> Nacional<br />

• Espaço Pesquisa <strong>SEBRAE</strong>/RS<br />

O acervo de livros, revistas,<br />

vídeos e dicas de oportunidades<br />

de negócios enfocando gestão<br />

empresarial pode ser consultado<br />

em todas as unidades Regionais do<br />

<strong>SEBRAE</strong>/RS. Encontre a unidade<br />

mais próxima de você na página<br />

Encontre o <strong>SEBRAE</strong> do portal do<br />

<strong>SEBRAE</strong>/RS (sebrae-rs.com.br).<br />

DIRETORIA EXECUTIVA DO <strong>SEBRAE</strong>/RS<br />

Diretor-Superintendente: Derly Cunha Fialho<br />

Diretor Técnico: Ayrton Pinto Ramos<br />

Diretor de Administração e Finanças: Carlos Alberto Schütz<br />

4


SUMÁRIO<br />

AGRONEGÓCIOS<br />

Olivicultura ganha espaço no Rio Grande do Sul.<br />

7<br />

EMPREEN<strong>DE</strong>DORISMO 32<br />

Pesquisa inédita realizada pelo <strong>SEBRAE</strong>/RS<br />

apresenta o perfil do empreendedor gaúcho.<br />

INDÚSTRIA 12<br />

Formatos alternativos de energia proporcionam<br />

economia e oportunidade para os pequenos<br />

negócios.<br />

INDÚSTRIA 16<br />

Aproximação entre a indústria e o comércio da<br />

moda motiva a economia do Estado.<br />

INOVAÇÃO 39<br />

Como pequenas empresas tornam-se parceiras<br />

estratégicas de grandes organizações para o tema<br />

inovação.<br />

ENT<strong>REVISTA</strong> 44<br />

O advogado trabalhista Eugênio Hainzenreder<br />

Júnior explica como a reforma trabalhista pode<br />

afetar a rotina da sua empresa<br />

COMÉRCIO<br />

20<br />

E SERVIÇOS<br />

Sistema de franquias é alternativa de crescimento<br />

para pequenos negócios. PRÊMIOS 50<br />

Pequena empresa gaúcha é destaque nacional no<br />

Prêmio MPE Brasil.<br />

CASOS <strong>DE</strong> SUCESSO 54<br />

Relatos reais de empresários que obtiveram<br />

grandes resultados em seus negócios com o<br />

apoio do <strong>SEBRAE</strong>/RS.<br />

FATOS E FOTOS 56<br />

FOMENTO<br />

À CULTURA<br />

EMPREEN<strong>DE</strong>DORA<br />

Imagens dos principais fatos envolvendo<br />

o <strong>SEBRAE</strong>/RS no período de Setembro a<br />

Novembro de <strong>2017</strong><br />

FRASES EM<br />

<strong>DE</strong>STAQUE<br />

58<br />

Frases dos líderes e empresários que merecem<br />

destaque.<br />

CAPA 26<br />

Educação Empreendedora passa a fazer<br />

parte do dia a dia de estudantes gaúchos.<br />

5


AGRONEGÓCIOS<br />

Força<br />

para<br />

livicultura<br />

gaúcha<br />

Produção local é<br />

favorecida pelas<br />

condições de<br />

solo e clima, e<br />

chama a atenção<br />

pelo alto grau de<br />

qualidade<br />

6


AGRONEGÓCIOS<br />

Um segmento relativamente novo<br />

para o agronegócio do Rio Grande<br />

do Sul colhe frutos que dão<br />

origem a produtos de alta qualidade,<br />

concorrem com marcas internacionais e<br />

conquistam admiradores. Essa é a cara<br />

da olivicultura gaúcha, que, introduzida<br />

em solo local há pouco mais de 10 anos,<br />

encontra enorme potencial de crescimento,<br />

ao mesmo tempo em que enfrenta<br />

o desafio da consolidação.<br />

A busca por produtos como azeite de<br />

oliva tem aumentado significativamente<br />

nos últimos anos, triplicando o consumo<br />

por pessoa ao ano. O País ocupa hoje<br />

a segunda posição entre os maiores importadores<br />

de azeitonas em conserva,<br />

com uma demanda anual na ordem de<br />

100 mil toneladas. Já a importação de<br />

azeites alcança 74 milhões de litros por<br />

ano, enquanto, em <strong>2017</strong>, cerca de 100<br />

mil litros foram produzidos no Brasil.<br />

Nativa da região mediterrânea, a oliveira<br />

é cultivada em diversos países da Europa<br />

e das Américas. Após duas tentativas<br />

de inserir a espécie Olea europaea L. em<br />

território gaúcho, os olivais começam<br />

a provar capacidade de produção. Atualmente,<br />

instituições como Embrapa,<br />

EMATER e <strong>SEBRAE</strong>/RS, além do Ministério<br />

da Agricultura, Pecuária e Abasteci-<br />

mento (MAPA) e Secretaria Estadual da<br />

Agricultura, Pecuária e Irrigação do RS,<br />

trabalham para compreender as características<br />

e potencialidades locais, capacitar<br />

técnicos e pesquisadores e, assim,<br />

apoiar e orientar empreendedores, fortalecendo<br />

a cadeia produtiva.<br />

“Esse é um segmento novo tanto para o<br />

<strong>SEBRAE</strong>, quanto para o Rio Grande do<br />

Sul. Estamos falando de um produto milenar,<br />

que está no Estado apenas há 10<br />

anos. Já foi inserido em dois momentos,<br />

mas, por falta de pesquisa e investimento,<br />

não seguiu. Estamos trabalhando em<br />

“DOS 80 HECTARES PLANTADOS,<br />

NAQUELE ANO (2005) NO RIO<br />

GRAN<strong>DE</strong> DO SUL, CHEGAMOS, 12<br />

ANOS <strong>DE</strong>POIS, A <strong>MAIS</strong> <strong>DE</strong> 2.500<br />

HECTARES, O QUE <strong>DE</strong>MONSTRA<br />

O GRAN<strong>DE</strong> INTERESSE QUE O<br />

SEGMENTO OBTEVE.”<br />

Paulo Lipp João<br />

Coordenador da Câmara<br />

Setorial da Olivicultura da<br />

Secretaria da Agricultura,<br />

Pecuária e Irrigação do Rio<br />

Grande do Sul<br />

7


AGRONEGÓCIOS<br />

conjunto com os órgãos governamentais,<br />

instituições de pesquisa e extensão,<br />

assim como realizando intercâmbio<br />

com técnicos de países que possuem<br />

know-how no setor, com intuito de<br />

reunir informações e fortalecer todos<br />

os elos desta cadeia produtiva, levando<br />

novas ferramentas que ajudem a desenvolver<br />

a cultura”, esclarece o técnico da<br />

Gerência de Agronegócio do <strong>SEBRAE</strong>/RS<br />

Pedro Pascotini.<br />

Desde 2005, a expansão dos olivais no<br />

Estado e no Brasil tem sido geométrica,<br />

aponta o engenheiro agrônomo e coordenador<br />

da Câmara Setorial da Olivicultura<br />

da Secretaria da Agricultura, Pecuária<br />

e Irrigação do Rio Grande do Sul, Paulo<br />

Lipp João. “Dos 80 hectares plantados<br />

naquele ano no Rio Grande do Sul, chegamos,<br />

12 anos depois, a mais de 2.500<br />

hectares, o que demonstra o grande interesse<br />

que o segmento obteve. Estimamos<br />

em cerca de R$ 100 milhões investidos<br />

por produtores no Estado.”<br />

Nesta terceira fase, a retomada da olivicultura<br />

iniciou, especialmente, através<br />

de produtores de municípios como<br />

Caçapava do Sul e Cachoeira do Sul,<br />

alastrando-se para outros municípios da<br />

Metade Sul, região que concentra hoje a<br />

produção de azeitonas do Estado, no entanto,<br />

grande parte do território gaúcho<br />

está enquadrada como recomendada<br />

ou tolerante ao cultivo. A referência para<br />

o cultivo de oliveiras é o Zoneamento<br />

Edafoclimático da Olivicultura para o Rio<br />

Grande do Sul, elaborado pela Embrapa<br />

Clima Temperado.<br />

O técnico da EMATER-ASCAR Edson<br />

Luis Batista Dornelles, explica que a espécie<br />

mostra-se rústica e de fácil adaptação,<br />

preferindo solos com pH neutro<br />

a levemente alcalino (pH 6,0 a 7,0), profundos,<br />

sem compactação e com boa<br />

drenagem. “Os extremos de temperatura<br />

podem prejudicar o pleno desenvolvimento<br />

das plantas, dependendo do momento<br />

no ciclo que é atingido. O cultivo<br />

requer 900mm/ano de chuvas e umidade<br />

relativa entre 60 e 80%”, observa.<br />

8


AGRONEGÓCIOS<br />

ESFORÇO CONJUNTO<br />

Embora exista um considerável volume<br />

de informações para o cultivo, produtores<br />

e técnicos ainda encontram nas<br />

práticas de manejo um grande desafio.<br />

Isso porque elas diferem de acordo com<br />

cada país e região. Dessa forma, conhecimentos<br />

do cultivo em países como Espanha,<br />

Uruguai, Itália e Portugal podem<br />

contribuir com a olivicultura no Estado,<br />

porém, não podem ser seguidos à risca.<br />

Com a intenção de debater e definir recomendações,<br />

a Secretaria Estadual da<br />

Agricultura, Pecuária e Irrigação (SEAPI)<br />

criou, em 2008, o Grupo de Pesquisa e<br />

Extensão em Olivicultura.<br />

Outras ações de destaque foram a criação<br />

e lançamento do Programa Estadual<br />

de Desenvolvimento da Olivicultura<br />

(Pró-Oliva), através da Câmara Setorial<br />

e de seus componentes. A iniciativa traz<br />

como pilares a defesa sanitária, o aumento<br />

de produção e produtividade, a<br />

assistência técnica e a pesquisa. “O prin-<br />

9


AGRONEGÓCIOS<br />

<strong>DE</strong> OLHO NO SETOR<br />

Mais de<br />

40 municípios<br />

do Estado<br />

20 20<br />

Área de<br />

cultivo<br />

superior a<br />

2.500<br />

hectares<br />

20<br />

Perspectiva<br />

de crescimento<br />

de<br />

20% ao ano<br />

“O ASPECTO QUE<br />

MARCA O CONSUMIR<br />

DO AZEITE É O GRAN<strong>DE</strong><br />

DIFERENCIAL NA<br />

QUALIDA<strong>DE</strong>, MUITO<br />

SUPERIOR AOS AZEITES<br />

NORMALMENTE<br />

ENCONTRADOS NO<br />

MERCADO.”<br />

Edson Luis<br />

Batista Dornelles<br />

Técnico EMATER-ASCAR<br />

cipal objetivo é a união de esforços e trabalho<br />

conjunto de diversas instituições<br />

(...), para focar no desenvolvimento sustentável<br />

da olivicultura gaúcha e evitar o<br />

que já houve há mais de meio século,<br />

quando, apesar do fomento, a atividade<br />

não se estabeleceu no Estado”, observa<br />

Lipp.<br />

Durante a edição mais recente da Expointer,<br />

vieram para fortalecer a cadeia<br />

a fundação do Instituto Brasileiro de Olivicultura<br />

(IBRAOLIVA) e a assinatura de<br />

um protocolo de intenções entre governo<br />

do Estado e as entidades realizadoras<br />

do Programa Juntos para Competir,<br />

FARSUL, SENAR-RS e <strong>SEBRAE</strong>/RS. “A olivicultura<br />

no Rio Grande do Sul tem como<br />

uma de suas características ter investidores<br />

de fora do Estado e do setor agropecuário,<br />

que estão testando modelos e<br />

trazendo tecnologia. Por ser uma cultura<br />

nova, estamos atuando com cautela,<br />

aprofundando conhecimentos e acom-<br />

10


AGRONEGÓCIOS<br />

20<br />

20<br />

20<br />

Mais de<br />

17 marcas<br />

comerciais<br />

55 mil<br />

litros de<br />

azeite<br />

produzidos<br />

em <strong>2017</strong><br />

7,4 milhões<br />

de hectares<br />

recomendáveis<br />

para o cultivo<br />

panhando produtores. É importante ter<br />

base científica para orientá-los”, comenta<br />

Pascotini.<br />

QUALIDA<strong>DE</strong> RECONHECIDA<br />

À mesa, uma degustação basta para eliminar<br />

qualquer dúvida que possa existir<br />

quanto ao potencial do azeite elaborado<br />

no Estado, por exemplo. “O aspecto que<br />

marca o consumir do azeite é o grande<br />

diferencial na qualidade, muito superior<br />

aos azeites normalmente encontrados<br />

no mercado. Qualidade reconhecida,<br />

haja vista o grande número de premiações<br />

que os azeites gaúchos vêm obtendo<br />

nos concursos internacionais”, afirma<br />

Dornelles.<br />

Com o litro de azeite vendido ao valor<br />

médio de R$ 80 a R$ 100, o produto pode<br />

ser comparado às melhores marcas internacionais.<br />

O preço se justifica não só<br />

pela escala pequena de produção, como<br />

também pela qualidade do produto, considera<br />

o técnico do <strong>SEBRAE</strong>/RS. “Tamanha<br />

é a demanda do Rio Grande do Sul<br />

e do Brasil que todos os produtores acabam<br />

comercializando toda a produção<br />

antes mesmo da próxima colheita, que<br />

acontece uma vez por ano”, destaca.<br />

Para ampliar a área de produção e manter<br />

a qualidade, segundo o coordenador<br />

da Câmara Setorial, é fundamental seguir<br />

ajustando e aperfeiçoando tecnologias<br />

na condução dos olivais, como manejo<br />

do solo, calagem e adubação, poda e outras<br />

práticas adaptadas às nossas condições<br />

de clima e solos. “A olivicultura aqui<br />

é de clima úmido, ao contrário de regiões<br />

mediterrâneas, o que nos obriga a<br />

desenvolver técnicas base em pesquisas<br />

aplicadas localmente”, completa. Aliado a<br />

isso, ele cita a necessidade de expandir<br />

o conhecimento sobre o azeite extravirgem,<br />

através de cursos de degustação e<br />

educação do consumidor.<br />

11


INDÚSTRIA<br />

Fonte<br />

de negócios<br />

Formatos alternativos<br />

de geração de<br />

energia proporcionam<br />

economia e<br />

oportunidades<br />

de negócios<br />

Enquanto a sustentabilidade cresce<br />

em relevância pelo mundo, ganham<br />

impulso os negócios que trazem<br />

a diferença na sua essência. As oportunidades<br />

incluem as novas formas de geração<br />

distribuída de energia, segmento<br />

que se caracteriza como uma fonte de<br />

energia elétrica conectada diretamente<br />

à rede de distribuição ou situada no próprio<br />

consumidor e que carrega consigo<br />

alto potencial de expansão e negócios.<br />

12


INDÚSTRIA<br />

“A GERAÇÃO DA SUA<br />

PRÓPRIA ENERGIA<br />

ENCAMINHA O<br />

CONSUMIDOR PARA<br />

A LIBERDA<strong>DE</strong> DO<br />

SISTEMA ELÉTRICO<br />

TRADICIONAL, OU SEJA,<br />

O CONSUMIDOR REDUZ<br />

O SEU COMPROMISSO<br />

FINANCEIRO COM UM DOS<br />

MAIORES CUSTOS, QUE É<br />

A ENERGIA ELÉTRICA.”<br />

Fabiano Cislaghi Dallacorte<br />

Coordenador de projetos de Energia<br />

e Metalmecânico do <strong>SEBRAE</strong>/RS<br />

É o caso dos modelos de energia solar<br />

fotovoltaica e eólica, que suprem<br />

necessidades residenciais, comerciais,<br />

industriais e de produtores rurais, ao<br />

mesmo tempo em que preservam os<br />

recursos naturais. Essas soluções vêm<br />

se destacando como formas inteligentes<br />

de se produzir energia, a partir de<br />

fontes renováveis. “A geração da sua<br />

própria energia encaminha o consumidor<br />

para a liberdade do sistema elétrico<br />

tradicional, ou seja, o consumidor reduz<br />

o seu compromisso<br />

financeiro com um dos<br />

maiores custos, que é a<br />

energia elétrica”, explica<br />

o coordenador de projetos<br />

de Energia e Metalmecânico<br />

do <strong>SEBRAE</strong>/RS,<br />

Fabiano Cislaghi Dallacorte.<br />

Atualmente, a geração<br />

distribuída representa 2%<br />

a 3% da energia produzida<br />

no Brasil, com a tendência<br />

de alcançar 40%<br />

em 20 anos, repetindo<br />

um movimento econômico<br />

que já é possível<br />

identificar em países da<br />

Europa. “Para a geração<br />

distribuída, destaca-se no<br />

Rio Grande do Sul a energia<br />

solar fotovoltaica, que corresponde<br />

a 95% das instalações”, revela o especialista.<br />

E mais: entre a geração centralizada –<br />

aquela coordenada por grandes cen-<br />

13


INDÚSTRIA<br />

trais, acima de 5MW – e distribuída, estima-se<br />

que a energia solar fotovoltaica<br />

representará 32% da matriz energética<br />

do País em 2040, com capacidade que<br />

pode superar a geração hídrica.<br />

FOCO E<br />

ORGANIZAÇÃO<br />

O recurso solar fotovoltaico é abundante<br />

em todo o território nacional. Entre 2016<br />

e 2040, o investimento total acumulado<br />

na cadeia de valor da energia fotovoltaica<br />

no País deve registrar R$ 367 bilhões,<br />

uma média de R$ 14,7 bilhões por ano<br />

no período. O cenário de crescimento<br />

acelerado e oportunidades exige que o<br />

pequeno empreendedor se concentre<br />

na qualidade técnica e experiência.<br />

É dedicada a esse ramo que a Bonsai<br />

Energia Solar atua há quatro anos, com<br />

sede em Rio Grande. Entre as soluções<br />

oferecidas pela empresa, estão vendas<br />

de painéis e aquecedores solares, além<br />

da realização de cursos para disseminação<br />

da tecnologia na região. “Temos<br />

a vantagem do tempo curto entre o fechamento<br />

do negócio e o atendimento,<br />

junto da questão da sustentabilidade”,<br />

entende o diretor Igor Cunha.<br />

“COM O TEMPO E A<br />

BAIXA NOS PREÇOS,<br />

HOJE HÁ CASOS <strong>DE</strong><br />

CLIENTES RESI<strong>DE</strong>NCIAIS<br />

EM QUE A TECNOLOGIA<br />

SE PAGA EM TORNO <strong>DE</strong><br />

CINCO ANOS. ISSO FAZ<br />

O MERCADO ANDAR<br />

<strong>MAIS</strong> RÁPIDO.”<br />

Igor Cunha<br />

Diretor<br />

da Bonsai<br />

Energia Solar<br />

A aquisição é capaz de agregar valor a<br />

comércio, residência ou indústria em<br />

que é instalada, mas, como todo investimento,<br />

há a preocupação com a questão<br />

financeira. “Antes, um equipamento<br />

(com vida útil superior a 25 anos) levava<br />

10 anos para se pagar. Com o tempo e a<br />

baixa nos preços, hoje há casos de clientes<br />

residenciais em que a tecnologia<br />

se paga em torno de<br />

cinco anos. Isso faz o mercado<br />

andar mais rápido”, entende.<br />

Há três meses, a Bonsai verificou<br />

a necessidade de se organizar<br />

junto a parceiros para<br />

otimizar processos e buscar<br />

melhores condições com fornecedores.<br />

Assim, deu origem<br />

à Rede Brasil Solar, que reúne<br />

mais seis empresas do setor.<br />

Para Cunha, um desafio a<br />

vencer está em sensibilizar os<br />

clientes quanto a um investimento<br />

deste porte, junto do<br />

fortalecimento do acesso ao<br />

crédito.<br />

14


INDÚSTRIA<br />

SINTONIA COM<br />

O MERCADO<br />

A fonte de geração de energia eólica<br />

atingiu 12 gigawatts (GW) de capacidade<br />

acumulada no Brasil, em 2016. No mesmo<br />

período, o setor investiu US$ 5,4 bilhões.<br />

Atualmente, o Rio Grande do Sul<br />

desponta como um dos polos nacionais<br />

no ramo. O Estado ocupa a quarta posição<br />

no ranking de potência instalada de<br />

geração distribuída.<br />

No município de Eldorado do Sul, as<br />

soluções econômicas e sustentáveis de<br />

energia solar, eólica e iluminação fazem<br />

parte do catálogo de tecnologias<br />

oferecidas pela Energia Direta. Há cinco<br />

anos no mercado e no segundo ano do<br />

programa Energia Mais, do <strong>SEBRAE</strong>/RS,<br />

a empresa comercializa opções como<br />

inversores, placas e turbinas eólicas.<br />

“Viemos há um bom tempo olhando<br />

essa tecnologia e percebemos um crescimento<br />

enorme. Na parte de conhecimento,<br />

tivemos muito avanço. E na prática,<br />

a efetivação dos sistemas também<br />

vem em uma crescente”, considera o<br />

proprietário, José Eurico Dorneles Junior.<br />

O empreendedor, que tem como clientes<br />

especialmente empresas de médio e<br />

pequeno portes, acredita que a melhora<br />

nas linhas de crédito dos bancos está<br />

aquecendo os negócios. “O mercado<br />

está se moldando, se estabelecendo.<br />

Nós sabemos desse potencial de crescimento<br />

e procuramos acompanhar. Se<br />

conseguirmos crescer junto do mercado<br />

nacional, já estaremos em um bom<br />

caminho”, avalia.<br />

15


INDÚSTRIA<br />

Interação entre setores<br />

da moda estimula a economia<br />

no Rio Grande do Sul<br />

INDÚSTRIA<br />

E VAREJO<br />

<strong>MAIS</strong><br />

PRÓXIMOS<br />

16


INDÚSTRIA<br />

Encurtar caminhos, reduzir gastos<br />

e customizar produtos parecem<br />

tarefas complicadas em um<br />

momento de instabilidade financeira<br />

para o Estado. Quando indústria e varejo<br />

de moda do Rio Grande do Sul decidem<br />

trabalhar lado a lado, entretanto, esses<br />

benefícios podem estar mais próximos<br />

do que se pode imaginar. Eles são<br />

consequência de uma parceria que não<br />

só rende vantagens para as empresas,<br />

como reflete positivamente sobre a<br />

economia local, fomentando resultados.<br />

Com foco em calçados femininos e há<br />

12 anos atuando no município de Passo<br />

Fundo, a Parfeito, desde seu início, valoriza<br />

o relacionamento com indústrias<br />

locais, motivada pela reputação do polo<br />

calçadista presente na região do Vale<br />

dos Sinos. “Há alguns pontos de relacionamento,<br />

como o contato direto com<br />

o dono, a reposição rápida, que tornam<br />

ainda mais interessante esse trabalho<br />

com indústrias mais próximas”, diz a proprietária<br />

da loja, Carolina Phhilipsen.<br />

A empresária lembra que o cenário econômico<br />

conduz a um enxugamento de<br />

custos nos mais variados segmentos e,<br />

ao comprar da indústria gaúcha, alcança-se<br />

vantagens, como o não pagamento<br />

de diferencial de ICMS e o menor<br />

gasto logístico. “Tudo isso recai sobre<br />

o custo do produto”, pontua. Ela ainda<br />

conta que mantém parcerias com marcas<br />

de outros estados, mas destaca duas<br />

indústrias gaúchas, Anzetutto e Lorraci,<br />

17


INDÚSTRIA<br />

“O CONTATO DIRETO<br />

COM O DONO E A<br />

REPOSIÇÃO RÁPIDA<br />

TORNAM AINDA<br />

<strong>MAIS</strong> INTERESSANTE<br />

ESSE TRABALHO COM<br />

INDÚSTRIAS <strong>MAIS</strong><br />

PRÓXIMAS.”<br />

Carolina Phhilipsen<br />

Empreendedora<br />

com as quais se relaciona há bastante<br />

tempo e mantém contato direto com os<br />

donos. “A proximidade traz facilidade. Se<br />

for preciso, a gente combina o envio até<br />

de ônibus.”<br />

Percepção semelhante tem Rose Ingrid<br />

Müller, sócia da Melsen, de Porto Alegre.<br />

Com a menor distância, o relacionamento<br />

torna-se mais estreito e permite<br />

compartilhar o feedback da experiência<br />

e dos clientes com o fornecedor. “Como<br />

minha irmã (Paula Cristina) e eu estamos<br />

no atendimento, no fechamento de vendas,<br />

respondemos pelas redes sociais.<br />

Temos uma escuta sensível em relação à<br />

modelagem, textura, ao gosto do cliente.<br />

Nem sempre a tendência internacional<br />

é o que a mulher gaúcha quer”, relata,<br />

ao explicar que os processos tornam-se<br />

mais dinâmicos.<br />

Com 30 anos de mercado, a empresa<br />

teve início quando os pais, Elpidio e Ingrid<br />

Müller, abriram uma confecção. A fábrica<br />

precisou ser fechada, na década de<br />

1990, mas a família manteve a loja multimarcas.<br />

Nos últimos cinco anos, as compras<br />

com fornecedores gaúchos foram<br />

intensificadas e, hoje, incluem indústrias<br />

de cidades como São Marcos, Caxias do<br />

Sul e Farroupilha. “Pesou o imposto de<br />

fronteira e passamos a pensar mais nos<br />

custos e no bom relacionamento. O que<br />

é bom é que sempre há espaço para o<br />

diálogo e, se essa relação for bem aproveitada,<br />

todo mundo ganha, o emprego<br />

fica aqui, o imposto fica aqui...”<br />

INTEGRAÇÃO<br />

Do outro lado da cadeia produtiva, a<br />

fabricante Malise Malhas reconhece o<br />

valor da proximidade com os clientes<br />

do mercado local e busca preservar essas<br />

parcerias, comenta a sócia Gilda de<br />

Ross. “Há 35 anos, trabalhamos em todo<br />

o Estado com nossa marca e também<br />

desenvolvendo produtos com a marca<br />

dos próprios clientes, o que confere uma<br />

atuação ainda maior neste mercado. O<br />

fato de estarmos próximos nos possibilita<br />

melhor integração entre fabricante e<br />

ponto de venda, podendo assim atender<br />

com mais rapidez e facilidade nas entregas”,<br />

frisa.<br />

Em operação desde 1969, a Malise Malhas<br />

surgiu sob o nome de Lise e Cia<br />

18


INDÚSTRIA<br />

Ltda., pelas mãos de Alcides, que<br />

trabalhava como alfaiate, e Ana<br />

Lise, que desenvolvia a atividade de<br />

confecção desde os 14 anos. Das<br />

instalações no andar térreo da residência<br />

do casal e com uma equipe<br />

de 10 funcionários, a empresa cresceu.<br />

Hoje, conta com duas lojas em<br />

Nova Petrópolis, uma em Dois Irmãos<br />

e uma quarta em Canoas, nas<br />

quais dedica-se à confecção de peças<br />

femininas (80%) e masculinas (20%)<br />

e emprega cerca de 130 colaboradores.<br />

Gilda reforça a necessidade de iniciativas<br />

que fomentem a conexão e o relacionamento<br />

entre esses dois agentes. “Esta<br />

aproximação entre o produtor regional e<br />

os canais de distribuição é muito importante<br />

para que possamos valorizar o nosso<br />

entorno e, com isso, fortificar nossa<br />

indústria local”, argumenta.<br />

CONEXÃO <strong>DE</strong> VALOR<br />

Em solo gaúcho, ainda persiste a<br />

cultura de comprar mais de indústrias<br />

de fora, priorizando companhias<br />

de São Paulo, Santa Catarina,<br />

Rio de Janeiro e Minas Gerais, que<br />

encontram boa reputação no segmento<br />

de moda. Relacionamento<br />

antigo, desconhecimento de alternativa<br />

dentro do Estado e preço são<br />

os principais motivos de varejistas<br />

que optam por comprar de fora.<br />

Nesse ponto, é importante evidenciar<br />

que muitos desses produtos<br />

possuem qualidade equivalente e,<br />

por vezes, são encontrados a valores<br />

mais acessíveis.<br />

“A indústria gaúcha precisa apresentar<br />

sua identidade de marca, uma<br />

comunicação que gere afinidade<br />

com o consumidor gaúcho. E não<br />

se trata de uma apologia para que o varejista<br />

só compre do Estado, mas de criar<br />

a conexão e perceber as vantagens para<br />

os dois elos da cadeia produtiva”, defende<br />

o coordenador estadual de Projetos<br />

de Moda do <strong>SEBRAE</strong>/RS, Fabiano Zortea.<br />

Para a presidente do Sindicato das Indústrias<br />

do Vestuário do Rio Grande do Sul<br />

(Sivergs), Doris Spohr, há um movimento<br />

de união entre indústria e comércio de<br />

moda, que representa uma grande vitória.<br />

Isso reflete em iniciativas como a Feira<br />

RS Moda – Varejo & Indústria Conectados,<br />

promovida durante a Feira Brasileira<br />

do Varejo (FBV<strong>2017</strong>). “Estamos no início<br />

de uma jornada para que se conheçam,<br />

porque, de ambos os lados, o Rio Grande<br />

do Sul é um Estado orgulhoso”, sustenta,<br />

ao considerar que tanto a indústria<br />

como o varejo reconhecem seu valor,<br />

mas ainda têm dificuldade de trabalhar<br />

em conjunto.<br />

19


COMÉRCIO E SERVIÇOS<br />

Foco na<br />

20


COMÉRCIO E SERVIÇOS<br />

Pequenas<br />

empresas buscam<br />

alternativas<br />

para ampliar e<br />

fortalecer os<br />

negócios<br />

Em Santa Maria, uma empresa<br />

que surgiu como uma banquinha<br />

de espetinhos transformou-se<br />

em quiosque, em restaurante<br />

e, agora, prepara-se para<br />

replicar o modelo de negócio no<br />

mercado. Pelo Rio Grande do Sul,<br />

uma rede reúne empresários do<br />

varejo de móveis, todos com um<br />

mesmo objetivo. Seja no formato<br />

de franquia, seguido pelo Espetiño,<br />

ou em rede de cooperação, como<br />

é o caso da Casabem, que integra a<br />

Rede Sul de Imóveis, os dois exemplos<br />

têm um alvo em comum: ganhar<br />

escala.<br />

Ambos os formatos são considerados,<br />

relativamente, novos para<br />

os proprietários de micro e pequenos<br />

negócios, avalia o técnico da<br />

Gerência de Indústria, Comércio e<br />

Serviços do <strong>SEBRAE</strong>/RS Túlio Josué<br />

dos Santos. Segundo ele, estudos e<br />

melhorias no ambiente empresarial<br />

de formatos de expansão ainda vêm<br />

21


COMÉRCIO E SERVIÇOS<br />

Empresa Espetiño aposta no ambiente<br />

dedicado à cultura dos Pampas e no sabor<br />

do produto como diferenciais.<br />

sendo realizados, no entanto, é perceptível<br />

que, “cada vez mais, os empresários<br />

entendem que trabalhar de forma coletiva<br />

é um bem necessário, seja para troca<br />

de conhecimento e para estar perto de<br />

quem tem know-how de mercado, seja<br />

para obter melhores preços e marca reconhecida”.<br />

O Rio Grande do Sul concentra 27,8% do<br />

segmento de franquias na região Sul, segundo<br />

dados da Associação Brasileira de<br />

Franchising (ABF). Esse conceito, observa<br />

Santos, pode ser um dos métodos mais<br />

rentáveis para expandir um negócio. “É<br />

a possibilidade de ter o mesmo modelo,<br />

com todas as características adquiridas,<br />

vivas e presentes, em diversas regiões. É<br />

quando as pessoas gostam tanto do que<br />

sua empresa faz que querem ter uma<br />

loja, um modelo ou querem comprar o<br />

produto ou serviço que você vende.”<br />

“ALÉM <strong>DE</strong><br />

FABRICAR PARA<br />

NÓS, SEREMOS<br />

FORNECEDORES<br />

DAS NOSSAS<br />

LOJAS. ISSO DARÁ<br />

SEGURANÇA<br />

PARA O NOSSO<br />

FRANQUEADO,<br />

ALÉM DO<br />

SUPORTE <strong>DE</strong><br />

GESTÃO.”<br />

Maiko Luiz Palharini<br />

Proprietário do Espetiño<br />

22


COMÉRCIO E SERVIÇOS<br />

da área, que nos deram a segurança para<br />

o pontapé inicial, e acertar arestas do<br />

negócio para dizer: criei uma boa base<br />

e agora vou tentar replicar. Abrir uma<br />

nova loja é muito fácil, difícil é fazer com<br />

que ela rode da maneira como a tua loja<br />

roda”, reflete.<br />

DA RUA PARA A FRANQUIA<br />

Foi exatamente assim, quando clientes<br />

passaram a questionar se sua empresa<br />

era uma franquia, que o administrador<br />

Maiko Luiz Palharini, proprietário do Espetiño,<br />

reavivou a ideia de entrar para o<br />

segmento. O negócio surgiu durante a<br />

faculdade, quando ainda vendia espetinhos<br />

na rua. Em 2011, o assunto chegou<br />

a tema do trabalho de conclusão de curso.<br />

Até chegou a realizar um curso de<br />

franchising da ABF, entretanto, o crescimento<br />

do negócio fez a oportunidade<br />

ficar adormecida. O plano de ação ganha<br />

forma agora, através do Programa<br />

Franquias RS, do <strong>SEBRAE</strong>/RS.<br />

O Espetiño passou por processo de avaliação,<br />

com resultado positivo: o negócio<br />

tem potencial para ser multiplicado<br />

através de franquias. “O programa nos<br />

possibilitou conversar com profissionais<br />

O sabor do produto, o modelo de atendimento<br />

e a temática do ambiente, dedicada<br />

à cultura dos Pampas, são diferenciais,<br />

de acordo com o empreendedor.<br />

“São essas três características principais<br />

que nos fazem reconhecidos pelo cliente”,<br />

garante. Trabalhando com um projeto-piloto<br />

no formato, Palharini aguarda<br />

questões legais para oficializar a primeira<br />

loja, que já tem comprador, e organiza a<br />

inauguração de um novo centro de produção.<br />

“Além de fabricar para nós, seremos<br />

fornecedores das nossas lojas. Isso<br />

dará segurança para o nosso franqueado,<br />

além do suporte de gestão”, projeta.<br />

Embora para Palharini a escolha pelo formato<br />

de franquia tenha sido natural, o<br />

técnico do <strong>SEBRAE</strong>/RS lembra que não<br />

existe “receita de bolo” para determinar<br />

se uma empresa está ou não preparada<br />

para isso. Cabe ao empresário decidir<br />

como o processo será organizado e<br />

conduzido, e o <strong>SEBRAE</strong>/RS está disponível<br />

para auxiliar o processo de análise de<br />

franqueabilidade, estruturação e comercialização.<br />

Na dúvida, é importante questionar-se:<br />

“Você está preparado para ser<br />

um franqueador? Sua empresa tem caixa<br />

para bancar os custos dessa formatação?<br />

Você tem pessoal capacitado e adequa-<br />

23


COMÉRCIO E SERVIÇOS<br />

“PERCEBEMOS QUE<br />

SOZINHOS NÃO<br />

TERÍAMOS PO<strong>DE</strong>R.”<br />

Rodrigo Farias<br />

Lojista<br />

do para auxiliá-lo nesse processo? Tem<br />

tempo? Para quando você quer isso? Essas<br />

perguntas, bem respondidas, já poderão<br />

dar um norte ao empresário”.<br />

A FORÇA DA UNIÃO<br />

Um estudo elaborado por Wegner, Callado<br />

e Agnes (2014) analisou os modelos<br />

de empresas individuais, redes de cooperação<br />

e franquias e constatou que as<br />

empresas organizadas sob estes dois últimos<br />

formatos possuem um certo privilégio<br />

de mercado quando comparadas<br />

com as empresas tradicionais. “Assim,<br />

podemos perceber que a forma como<br />

as empresas se posicionam no mercado<br />

define seu desempenho e pode, consequentemente,<br />

aumentar suas chances<br />

de sobrevivência”, declara o técnico do<br />

<strong>SEBRAE</strong>/RS.<br />

Há 10 anos, a Casabem, de Esteio, opera<br />

como rede associativa, formada por empresários<br />

do varejo de móveis, reunidos<br />

sob uma mesma marca. “Começamos a<br />

nos reunir para negociar taxas de instituições<br />

financeiras, e, logo mais, passou a<br />

ganhar corpo a necessidade de ir para o<br />

mercado com uma bandeira mais forte.<br />

Percebemos que sozinhos não teríamos<br />

poder”, afirma o lojista Rodrigo Farias,<br />

um dos fundadores da Rede Casabem.<br />

No último ano, Redlar, Toklar e Casabem<br />

passaram a formar a Rede Sul de Móveis,<br />

somando cerca de 200 lojas no Sul do<br />

País.<br />

Além do ganho em escala, facilidades de<br />

compra e negociação, a rede possibilita<br />

estratégias de marketing compartilhado,<br />

redução de custos e aumento de produtividade,<br />

entre outros benefícios. “A<br />

Casabem vem crescendo e hoje tem 33<br />

lojas e 22 associados. Com o <strong>SEBRAE</strong>,<br />

24


COMÉRCIO E SERVIÇOS<br />

desenvolvemos a profissionalização<br />

da gestão e a padronização<br />

de processos. Nossa meta é ter,<br />

em 2019, todos os associados padronizados<br />

internamente.” O trabalho<br />

reflete na produtividade e<br />

no faturamento, que obteve, em<br />

maio, um incremento de 40%.<br />

Em território gaúcho, são pelo<br />

menos 160 redes de cooperação,<br />

localizadas especialmente na Região<br />

Metropolitana, Serra e Vale<br />

dos Sinos, e atuantes na área de<br />

comércio e serviços. “Acredito<br />

muito nas redes de cooperação,<br />

principalmente dentro do Rio<br />

Grande do Sul. Acho que este é o<br />

caminho para pequenas empresas,<br />

porque quem está sozinho<br />

não consegue mais sobreviver<br />

em um mercado tão competitivo”,<br />

diz o empreendedor.<br />

VANTAGENS<br />

FRANQUIAS<br />

• Marca mais reconhecida no mercado.<br />

• Maior probabilidade de sobrevivência.<br />

• Apoio e troca de conhecimento entre<br />

franqueador e franqueados.<br />

• Ganhos em escala e rateio de custos<br />

entre franqueados.<br />

RE<strong>DE</strong>S<br />

• Maior visibilidade da empresa e da<br />

marca.<br />

• Marketing e campanhas de publicidade<br />

compartilhadas.<br />

• Maior facilidade de acesso a soluções<br />

gerenciais.<br />

• Maior troca de conhecimento com<br />

outros empresários.<br />

• Redução dos custos da empresa, a<br />

partir do rateio entre empresários.<br />

PENSANDO<br />

EM<br />

EXPANDIR?<br />

• Conheça os diversos caminhos,<br />

como e-commerce, fusão, aquisição,<br />

filial e até a própria expansão física.<br />

• Estude os meios, compreenda<br />

vantagens e desvantagens.<br />

O <strong>SEBRAE</strong>/RS<br />

PO<strong>DE</strong> AJUDAR<br />

• Qualquer empresário pode solicitar<br />

assessoria. Traga sua ideia e consulte<br />

os especialistas.<br />

• O <strong>SEBRAE</strong> tem programas<br />

específicos para redes de<br />

cooperação, franquias e<br />

e-commerce.<br />

• Para saber mais, contate<br />

0800 570 0800.<br />

25


CAPA<br />

FOMENTO<br />

À CULTURA<br />

EMPREEN<br />

26


CAPA<br />

Com participação<br />

cada vez maior na<br />

economia nacional, o<br />

empreendedorismo<br />

carrega a capacidade<br />

de desenvolver<br />

pessoas e regiões<br />

<strong>DE</strong>DORA<br />

Em um contexto social de mudanças<br />

significativas em todo o mundo,<br />

o empreendedorismo ganha<br />

cada vez mais relevância na economia:<br />

mais de 32% do PIB gaúcho são oriundos<br />

da micro e pequena empresa; no Brasil,<br />

de 2007 até 2016 foram criadas 9,1 milhões<br />

de novas empresas, um crescimento<br />

de 364%. Em momentos como este, é<br />

importante lembrar: não se trata apenas<br />

de abrir e gerir empresas. Inspirar pessoas,<br />

estimular competências, incentivar o<br />

protagonismo e desenvolver regiões em<br />

aspectos diversos são alguns valores da<br />

educação empreendedora.<br />

27


CAPA<br />

A capacidade transformadora do empreendedorismo<br />

é um dos pontos destacados<br />

pelo diretor-superintendente do<br />

<strong>SEBRAE</strong>/RS, Derly Fialho. “Mantemos a<br />

crença de que são as pessoas com atitude<br />

empreendedora que movem o mundo<br />

em direção ao futuro. Formação, informação,<br />

conhecimento, pesquisa, tecnologia<br />

e descoberta, se ficaram em laboratórios<br />

ou livros, têm valor relativo. Elas passam<br />

a ter importância quando pessoas com<br />

atitude empreendedora se apropriam<br />

disso e transformam em bens e serviços<br />

para melhorar a sociedade”, sustenta.<br />

Na cidade de Pejuçara, no Noroeste do<br />

Estado, há quatro anos, a cultura empreendedora<br />

passou a fazer parte do dia a<br />

dia de crianças e adolescentes da rede<br />

municipal. Em 2014, a administração<br />

local e o <strong>SEBRAE</strong>/RS firmaram parceria,<br />

que, atualmente, envolve cerca de 280<br />

alunos e 20 professores no programa<br />

Jovens Empreendedores Primeiros Passos<br />

(JEPP). Nos anos iniciais do ensino<br />

fundamental (1º ao 5º ano), a capacitação<br />

ocorre simultaneamente às aulas,<br />

enquanto nos anos finais (6º ao 9º ano),<br />

as atividades são extracurriculares, realizadas<br />

em turno inverso.<br />

“Somos um município essencialmente<br />

agrícola, em que 85% do retorno de<br />

ICMS provêm da produção primária.<br />

Queremos plantar a ideia de que, no futuro,<br />

as gerações possam mudar a matriz<br />

produtiva e estamos observando que<br />

também podemos fazer empreendedorismo<br />

na propriedade rural, na agricultura<br />

e na prestação de serviço”, esclarece<br />

o prefeito de Pejuçara, Eduardo Buzzatti.<br />

“NOSSO OBJETIVO, ABRIR A MENTE<br />

DAS CRIANÇAS QUE SÃO NOSSO<br />

FUTURO, TEM SIDO ALCANÇADO”.<br />

Eduardo Buzzatti<br />

Prefeito de Pejuçara<br />

Além de estimular o autoconhecimento<br />

e desenvolver comportamentos empreendedores,<br />

os jovens têm a oportunidade<br />

de trabalhar questões como<br />

cooperativismo, educação financeira<br />

e orçamento familiar. A aproximação<br />

acontece também por meio de viagens<br />

de estudo a empresas e visitas a feiras,<br />

entre outras ações. “Percebemos que os<br />

alunos se interessam, se envolvem bastante<br />

e demonstram muita criatividade.<br />

Nosso objetivo, abrir a mente das crianças<br />

que são nosso futuro, tem sido alcançado”,<br />

avalia.<br />

TRANSVERSALIDA<strong>DE</strong><br />

Ambiente propício para testar ideias e<br />

adaptar projetos, a universidade também<br />

se torna uma aliada na propagação da<br />

educação empreendedora, ao preparar<br />

estudantes para formar e criar a sua<br />

própria empresa. A faculdade IMED, em<br />

Passo Fundo, por exemplo, adotou o<br />

empreendedorismo como um dos valores<br />

da instituição e criou, em 2011, o<br />

Centro de Empreendedorismo, Novos<br />

Negócios e Inovação (CENI), focado em<br />

28


CAPA<br />

inserir a temática no cotidiano de alunos e<br />

professores.<br />

Para o gestor do projeto, professor Alessandro<br />

Becker, a educação empreendedora<br />

deve estar em todos os ambientes,<br />

promovendo a melhoria dos processos,<br />

como uma mola propulsora. “Seguimos<br />

aqui dois caminhos importantes. O primeiro<br />

é o empreendedorismo como forma<br />

de o professor trabalhar com metodologias<br />

ativas, que proporcionam aos alunos<br />

pensarem diferente, ‘fora da caixa’, e trabalhar<br />

a inspiração. O segundo viés é formar<br />

alunos realmente empreendedores,<br />

seja no caminho de abrir um negócio ou<br />

de aplicar o empreendedorismo dentro de<br />

uma empresa”, relata.<br />

Como disciplina transversal, o empreendedorismo<br />

cruza caminhos pelos mais<br />

diferentes cursos, não se restringindo às<br />

formações na área de administração. O<br />

tema está presente desde a engenharia e<br />

sistemas de informação até a odontologia,<br />

já que também constitui oportunidades<br />

de negócios para profissionais desses<br />

segmentos.<br />

“CONSI<strong>DE</strong>RO TRÊS PILARES<br />

PARA O <strong>DE</strong>SENVOLVIMENTO <strong>DE</strong><br />

UMA SOCIEDA<strong>DE</strong>: EDUCAÇÃO,<br />

CULTURA E ESPORTE. <strong>DE</strong>NTRO DA<br />

EDUCAÇÃO, O EMPREEN<strong>DE</strong>DORISMO<br />

É EXTREMAMENTE IMPORTANTE.<br />

NOSSO <strong>DE</strong>SAFIO É <strong>DE</strong>SENVOLVER<br />

O COMPORTAMENTO E A<br />

ATITU<strong>DE</strong> EMPREEN<strong>DE</strong>DORA.”<br />

Alessandro Becker<br />

Professor<br />

29


CAPA<br />

Para dar fôlego a essa missão, o esforço<br />

vai além do ensino de formação do<br />

profissional. A IMED também coloca sua<br />

incubadora à disposição da comunidade<br />

local, sem ser exigido vínculo com a instituição.<br />

“Temos recebido pessoas que<br />

trabalham em empresas, mas querem<br />

empreender, que querem ser a pessoa<br />

que pensa o negócio.<br />

Isso é para a sociedade.”<br />

ATITU<strong>DE</strong><br />

EMPREEN<strong>DE</strong>DORA<br />

“TEMOS QUE<br />

VENCER ALGUNS<br />

PARADIGMAS QUE<br />

NOSSA CULTURA TEM,<br />

COMO O IMPROVISO<br />

E O IMEDIATISMO.<br />

PRECISAMOS<br />

FAZER <strong>DE</strong> FORMA<br />

PLANEJADA,<br />

ESTRUTURADA,<br />

OLHANDO O LONGO<br />

PRAZO.”<br />

Enquanto o mundo se<br />

adapta a um contexto<br />

de ascensão tecnológica<br />

e redução de postos<br />

de trabalho na forma<br />

de carteira assinada,<br />

abrir um negócio surge<br />

como um caminho possível<br />

para cada vez mais<br />

pessoas. Esse é um dos<br />

fatores pelos quais disseminar<br />

e incentivar a<br />

cultura empreendedora<br />

torna-se essencial. “Até o<br />

Ensino Médio, ainda temos<br />

pouco grau de ensino<br />

de empreendedorismo no País. Isso<br />

acontece tanto pelo modelo de educação,<br />

como por questões culturais, mas<br />

o empreendedorismo está por todos os<br />

lados. Um dos seus eixos é a educação<br />

e essa questão é uma das prioridades”,<br />

defende o gerente de Políticas Públicas<br />

do <strong>SEBRAE</strong>/RS, Alessandro Machado.<br />

Derly Fialho<br />

Diretor-superintendente<br />

do <strong>SEBRAE</strong>/RS<br />

Para o gestor, a questão é como uma semente<br />

que precisa ser enriquecida através<br />

de metodologias específicas. “Essa é<br />

uma ferramenta para o desenvolvimento<br />

das regiões. O modelo educacional está<br />

mudando, mas o mercado muda mais<br />

rápido. O que temos que fazer é incentivar<br />

essa transformação, preparando os<br />

jovens para o empreendedorismo por<br />

oportunidade”, observa<br />

Machado. E o diretor-<br />

-superintendente complementa:<br />

“As pessoas<br />

que terão vez no futuro,<br />

tanto no setor público<br />

como no privado, serão<br />

aquelas que têm atitude<br />

empreendedora, que<br />

chegam em uma organização<br />

e, mesmo na<br />

posição de empregado,<br />

dizem: isto aqui precisa<br />

melhorar”.<br />

A questão é semelhante<br />

a um quebra-cabeças,<br />

em que cada<br />

etapa exerce papel<br />

fundamental na composição<br />

final. “Temos<br />

que vencer alguns paradigmas que nossa<br />

cultura tem, como o improviso e o<br />

imediatismo. Precisamos fazer de forma<br />

planejada, estruturada, olhando o longo<br />

prazo. Alguns de nós certamente não terão<br />

tempo para aproveitar isso, mas há<br />

toda uma geração pela qual fazemos<br />

isso”, argumenta Derly Fialho, ao lembrar<br />

que o futuro do trabalho está ameaçado.<br />

“Terão vantagem aqueles que se prepararem.”<br />

30


CAPA<br />

AÇÃO <strong>DE</strong> IMPACTO<br />

Embora nem todos tragam<br />

consigo o perfil empreendedor,<br />

é possível desenvolvê-lo<br />

e isso tem sido estimulado<br />

através de parcerias<br />

do <strong>SEBRAE</strong>/RS com o setor<br />

público e privado. Características<br />

como iniciativa,<br />

persistência, comprometimento,<br />

estabelecimento de<br />

metas, trabalho em equipe,<br />

autoconfiança, entre outras,<br />

são cada vez mais necessárias,<br />

frente à competitividade<br />

do mercado. Confira<br />

alguns resultados obtidos<br />

pelo Programa Nacional de<br />

Educação Empreendedora<br />

e do JEPP, conforme pesquisa<br />

realizada neste ano.<br />

MUDANÇAS PERCEBIDAS<br />

PELOS PROFESSORES ENTRE<br />

OS PARTICIPANTES:<br />

19% maior interesse<br />

18% desenvolvimento do lado empreendedor<br />

8% ficaram mais motivados<br />

melhor interação entre alunos<br />

melhor noção em relação ao dinheiro<br />

6% melhor desempenho/aprendizado<br />

89% dos alunos<br />

reconhecem que a participação na disciplina<br />

Empreendedorismo fez pensar sobre a<br />

possibilidade de empreender em um futuro<br />

próximo.<br />

19% dos professores<br />

conhecem alunos que tenham aberto<br />

ou influenciado os pais a abrir um negócio,<br />

após a participação no programa.<br />

31


EMPREEN<strong>DE</strong>DORISMO<br />

JOVENS E<br />

Profissionais<br />

com perfis de<br />

18 a 34 anos<br />

tornam-se<br />

responsáveis<br />

por erguer<br />

mais da<br />

metade<br />

dos novos<br />

negócios<br />

EMPREEN<strong>DE</strong>DORES<br />

32


EMPREEN<strong>DE</strong>DORISMO<br />

Quem disse que conduzir<br />

o próprio negócio é uma<br />

possibilidade restrita a<br />

profissionais com longas e sólidas<br />

carreiras? Com inquietude característica,<br />

vontade de fazer, capacidade de execução<br />

e sede de conhecimento, jovens de 18<br />

a 34 anos estão tomando a frente no<br />

empreendedorismo e já são responsáveis<br />

por mais da metade dos novos negócios<br />

no Rio Grande do Sul. A constatação é da<br />

pesquisa Global Entrepreneurship Monitor<br />

(GEM), realizada pelo Instituto Brasileiro de<br />

Qualidade e Produtividade (IBQP) e apoiada<br />

pelo <strong>SEBRAE</strong>/RS, que, pela primeira vez,<br />

apresenta dados do cenário regional.<br />

33


EMPREEN<strong>DE</strong>DORISMO<br />

Os números levantados no relatório nos<br />

mostram que, entre os empreendedores<br />

iniciais, os mais jovens, entre 18 e 34<br />

anos, são 53,2% do total. Já no grupo dos<br />

empreendedores estabelecidos, as faixas<br />

mais avançadas predominam: 45 e 64 anos<br />

perfazem 56,7% do total. “Observa-se uma<br />

maior predisposição dos jovens em empreender,<br />

alguns motivados pelas incertezas do<br />

mercado de trabalho e outros pelo desejo<br />

de realizar um sonho e estar à frente do seu<br />

próprio negócio”, avalia a técnica da Gerência<br />

de Gestão Estratégica do <strong>SEBRAE</strong>/RS,<br />

Andreia Cristine Grätsch do Nascimento.<br />

“SEMPRE ME DISSERAM QUE EU<br />

TINHA TALENTO PARA O NEGÓCIO.<br />

COSTUMO DIZER QUE É OUVINDO<br />

AS PESSOAS <strong>MAIS</strong> VELHAS E<br />

EXPERIENTES E CONHECENDO<br />

OS ERROS DO PASSADO QUE<br />

APREN<strong>DE</strong>MOS A APROVEITAR AS<br />

OPORTUNIDA<strong>DE</strong>S DO FUTURO.”<br />

Jonathan Tebaldi<br />

Empreendedor<br />

No Brasil, 8 milhões de pessoas, sejam perfis<br />

jovens e maduros, têm um negócio ou<br />

estão envolvidas na criação de um, enquanto<br />

em território gaúcho são 1,9 milhão de<br />

pessoas, o que representa 4% da população<br />

empreendedora do País. Parte dessa parcela<br />

jovem que impulsiona a abertura de<br />

novas empresas, Jonathan Tebaldi, do município<br />

de Nova Bassano, conta que esteve<br />

na condição de funcionário, com a carteira<br />

de trabalho assinada, apenas uma vez. Hoje,<br />

aos 32 anos, ele conduz as atividades de sua<br />

terceira empresa, a Criativando, voltada à<br />

criação e comercialização de produtos para<br />

decoração, produzidos por um coletivo de<br />

profissionais criativos.<br />

Com o exemplo da mãe - que, de empregada<br />

doméstica, tornou-se dona de farmácia<br />

-, cresceu incentivado a construir o próprio<br />

negócio. O primeiro deles foi uma agência,<br />

34


EMPREEN<strong>DE</strong>DORISMO<br />

“É IMPORTANTE CORRER<br />

ATRÁS, ESTAR ABERTO E TER<br />

CORAGEM <strong>DE</strong> ARRISCAR,<br />

MESMO QUE SEJA DIFÍCIL O<br />

PONTAPÉ INICIAL. TEM QUE<br />

GOSTAR <strong>DE</strong> APREN<strong>DE</strong>R.”<br />

Rodrigo Cunha<br />

Designer e empreendedor<br />

que não resistiu no mercado. Em seguida,<br />

após receber uma oportunidade<br />

para atuar na gerência de marketing de<br />

uma rede de supermercados, viu-se, de<br />

repente, desempregado. Naquele momento,<br />

recorreu ao empreendedorismo<br />

como uma forma de driblar as circunstâncias.<br />

“Vendi um carro, aluguei um<br />

porão, parcelei uma máquina e montei<br />

minha gráfica. Hoje, tenho quatro funcionários<br />

e uma estrutura de 500m²”,<br />

comenta.<br />

E não é que de um negócio criado por<br />

necessidade surgiu outro, orientado pela<br />

oportunidade? Tebaldi descobriu que<br />

o maquinário de que dispõe na gráfica<br />

permite produzir papéis de parede, assim<br />

testou a aceitação do produto e descobriu<br />

um novo nicho. Foi assim que,<br />

em 2016, surgiu a Criativando, empresa<br />

de papéis de parede e produtos de decoração,<br />

que conta com um portal de<br />

marketplace para conectar profissionais<br />

criativos ao público-final. “Sempre me<br />

disseram que eu tinha talento para o<br />

negócio. Costumo dizer que é ouvindo<br />

as pessoas mais velhas e experientes e<br />

conhecendo os erros do passado que<br />

aprendemos a aproveitar as oportunidades<br />

do futuro”, observa.<br />

<strong>DE</strong> OLHO NOS NICHOS<br />

Assim como a motivação por necessidade<br />

deu lugar ao empreender por<br />

oportunidade na trajetória de Tebaldi,<br />

vislumbrar um nicho ganha força como<br />

motivador no surgimento de novas empresas<br />

no cenário brasileiro. Em 2016, a<br />

taxa de empreendedorismo por necessidade<br />

ficou em 8,3%, enquanto aquela<br />

que se refere à oportunidade alcançou<br />

a marca de 11,2%. Já no Rio Grande do<br />

Sul, em igual período, os mesmos índices<br />

registraram 4,1% e 8,2%, respectivamente.<br />

Ainda segundo a pesquisa GEM,<br />

no ecossistema empreendedor gaúcho,<br />

a cada negócio criado por necessidade,<br />

dois são estruturados por oportunidade.<br />

A startup Pulsetec, dedicada ao desenvolvimento<br />

de soluções inovadoras em<br />

tecnologia assistiva e healthcare, enquadra-se<br />

neste último formato. Técnico<br />

35


EMPREEN<strong>DE</strong>DORISMO<br />

NO BRASIL,<br />

8 MILHÕES <strong>DE</strong><br />

PESSOAS, SEJAM<br />

PERFIS JOVENS E<br />

MADUROS, TÊM<br />

UM NEGÓCIO OU<br />

ESTÃO ENVOLVIDAS<br />

NA CRIAÇÃO <strong>DE</strong><br />

UM, ENQUANTO<br />

EM TERRITÓRIO<br />

GAÚCHO SÃO<br />

1,9 MILHÃO <strong>DE</strong><br />

PESSOAS, O QUE<br />

REPRESENTA 4%<br />

DA POPULAÇÃO<br />

EMPREEN<strong>DE</strong>DORA<br />

DO PAÍS.<br />

em eletrônica e bacharel em design de produto,<br />

Rodrigo Cunha, 29 anos, começou ainda<br />

dentro da universidade a unir os dois assuntos<br />

em projetos do curso. Voltando-se à área da<br />

saúde, abordou em seu trabalho de conclusão<br />

do curso a tecnologia assistiva – aquela<br />

que contribui para proporcionar ou ampliar<br />

habilidades funcionais de pessoas com deficiência<br />

e consequentemente promover vida independente<br />

e inclusão – e, ali, descobriu uma<br />

oportunidade. “Percebi que alguns produtos<br />

não resolviam realmente a necessidade das<br />

pessoas”, relata ele. Nascia assim o embrião<br />

da empresa.<br />

A criação de um pequeno dispositivo que<br />

identifica cores em cédulas de dinheiro à luz<br />

ambiente serviu de ponto de partida ao projeto,<br />

cinco anos atrás. Já a formatação da<br />

Pulsetec como startup aconteceu há cerca<br />

de um ano. “Precisei imergir na questão de<br />

como empreender, o que foi uma novidade<br />

para mim, pois não tinha conhecimento da<br />

área de gestão, apenas da parte técnica”, revela<br />

Cunha, ao admitir que não tinha familiaridade<br />

com a temática do empreendedorismo.<br />

O desafio o fez buscar nas pessoas e nos livros<br />

as informações e o conhecimento sobre<br />

gestão e sobre o ecossistema de startups,<br />

necessários a quem pretende desenvolver<br />

um negócio sólido. “Comecei a estudar e ler<br />

bastante, a participar de eventos e concursos<br />

– e ganhei três deles com o projeto. Procurei<br />

dicas e mentorias de pessoas que estão<br />

na área e me concentrei em fazer conexões.<br />

Tem sido um período de novos aprendizados<br />

e esse aprendizado é quase uma faculdade,<br />

onde se aprende não só a metodologia, mas<br />

como de fato é a realidade.”<br />

36


EMPREEN<strong>DE</strong>DORISMO<br />

A BUSCA PELO DIFERENCIAL<br />

Diferentemente do que acontece com<br />

a Criativando e a Pulsetec, a inovação<br />

ainda é um fator pouco encontrado<br />

entre os negócios iniciais e estabelecidos<br />

no cenário gaúcho.<br />

Uma pequena parcela dos<br />

empreendedores iniciais<br />

e estabelecidos (8,0% e<br />

3,7%) do Estado reconhece<br />

seus produtos ou serviços<br />

como algo novo para alguns<br />

ou para todos os seus<br />

clientes. Os percentuais estão<br />

abaixo dos observados<br />

em nível nacional (20,3%<br />

e 21,1%, respectivamente).<br />

Essa constatação, conforme<br />

a pesquisa, pode estar<br />

relacionada tanto às especificidades<br />

dos segmentos<br />

econômicos em que atuam,<br />

como à capacidade<br />

de gestão e planejamento,<br />

escolaridade e capacitação<br />

dos empreendedores.<br />

Também é um aspectos<br />

que contribui para esse cenário<br />

o acesso a informações<br />

tecnológicas, a fontes<br />

de financiamento e a riscos<br />

implícitos nos processos<br />

de inovação de produtos e<br />

serviços.<br />

A experiência da Criativando, por exemplo,<br />

mostra que pequenos ajustes são<br />

capazes de reavivar a experiência com<br />

produtos, sem que estes precisem ser<br />

totalmente reinventados. Esse é o caso<br />

do papel de parede interativo infantil,<br />

produto que acompanha a nova fase da<br />

empresa. Por meio de um aplicativo, o<br />

cliente poderá escolher o modelo do<br />

papel de parede, que conterá histórias<br />

clássicas como Branca de<br />

Neve e os sete anões. Com<br />

a ferramenta instalada no<br />

celular, os pais e as crianças<br />

poderão interagir com<br />

as ilustrações e ler as histórias.<br />

Tebaldi confessa certa<br />

dificuldade na questão tecnológica,<br />

mas diz que tem<br />

aprendido a lidar com ela.<br />

“Não sou programador, sou<br />

empreendedor. Mas, em um<br />

mês, aprendi um pouco sobre<br />

programar e estou indo<br />

em frente”, reconhece.<br />

Com projetos expandidos<br />

também para a área de gestão<br />

hospitalar, o momento<br />

atual para a Pulsetec é de<br />

validação junto ao mercado,<br />

através de MVP (sigla, em inglês,<br />

para mínimo produto<br />

viável), e atração de investimentos.<br />

“Quero validar o<br />

projeto dentro do ambiente<br />

e começar os testes com<br />

pessoas. A busca de investidores<br />

também é constante.<br />

É importante correr atrás,<br />

estar aberto e ter coragem de arriscar,<br />

mesmo que seja difícil o pontapé inicial.<br />

Tem que gostar de aprender”, resume<br />

Cunha.<br />

37


EMPREEN<strong>DE</strong>DORISMO<br />

POR <strong>DE</strong>NTRO DO CENÁRIO<br />

EMPREEN<strong>DE</strong>DOR GAÚCHO<br />

SEGMENTOS QUE CONCENTRAM <strong>MAIS</strong> NEGÓCIOS<br />

1,2%<br />

Setor<br />

extrativo<br />

8,1%<br />

Serviços<br />

orientados<br />

para<br />

negócio<br />

31,3%<br />

Indústria<br />

de<br />

transformação<br />

59,4%<br />

Serviços<br />

orientados<br />

para o<br />

consumidor<br />

FATORES FAVORÁVEIS PARA ABERTURA E<br />

MANUTENÇÃO <strong>DE</strong> NOVOS NEGÓCIOS<br />

4,3% 13,0% 13,0% 21,7%<br />

Infraestrutura<br />

comercial e<br />

profissional<br />

Apoio<br />

financeiro<br />

Contexto<br />

político<br />

e clima<br />

econômico<br />

Normas<br />

culturais<br />

e sociais<br />

30,4% 34,8% 43,5% 43,5%<br />

Pesquisa e<br />

desenvolvimento<br />

Capacidade<br />

e composição<br />

da população<br />

Políticas<br />

governamentais<br />

e<br />

programas<br />

Abertura de<br />

mercado/<br />

barreiras à<br />

entrada<br />

8,7% 13,0%<br />

Infraestrutura<br />

comercial e<br />

profissional<br />

17,4%<br />

Normas<br />

culturais<br />

e sociais<br />

PRINCIPAIS OBSTÁCULOS<br />

Pesquisa e<br />

desenvolvimento<br />

13,0%<br />

Capacidade e<br />

composição<br />

da população<br />

17,4%<br />

Contexto<br />

político e<br />

clima<br />

econômico<br />

30,4% 30,4% 87,0%<br />

Educação e<br />

capacitação<br />

Apoio<br />

financeiro<br />

Políticas<br />

governamentais<br />

e<br />

programas<br />

38<br />

Fonte: Pesquisa GEM


INOVAÇÃO<br />

Na<br />

vanguarda<br />

da<br />

tecnologia<br />

Pequenas empresas tornam-se<br />

parceiras estratégicas na<br />

hora de levar inovação para<br />

grandes organizações<br />

Com estruturas enxutas, mas enorme capacidade de<br />

inovação, as pequenas empresas se tornam, cada vez<br />

mais, importantes aliadas de grandes corporações<br />

nacionais, especialmente, na área de tecnologia.<br />

Com modelos de processos ágeis e flexíveis, as startups<br />

se destacam como parceiras ao oferecer produtos e<br />

soluções que fomentam verdadeiras transformações.<br />

39


INOVAÇÃO<br />

A abertura de canais que aproximam essas<br />

empresas tem sido um esforço do<br />

<strong>SEBRAE</strong>/RS. Um exemplo é o desafio Varejo<br />

Now, realizado neste ano, durante<br />

a Feira Brasileira do Varejo (FBV), juntamente<br />

com o Sindilojas POA e o Tecnosinos.<br />

A iniciativa envolveu startups<br />

no desenvolvimento de soluções para<br />

empresas do varejo. “Temos trabalhado<br />

neste sentido: conectar problemas e necessidades<br />

reais de grandes empresas<br />

com soluções de pequenas”, afirma o<br />

gestor de Projetos da Gerência de Inovação,<br />

Mercados e Serviços Financeiros<br />

Gustavo Moreira.<br />

“TEMOS<br />

TRABALHADO<br />

NESTE SENTIDO:<br />

CONECTAR<br />

PROBLEMAS E<br />

NECESSIDA<strong>DE</strong>S<br />

REAIS <strong>DE</strong><br />

GRAN<strong>DE</strong>S<br />

EMPRESAS COM<br />

SOLUÇÕES <strong>DE</strong><br />

PEQUENAS.”<br />

Gustavo Moreira<br />

Segmentos de mercado, que antes levavam<br />

décadas e até séculos para iden-<br />

Gestor de Projetos<br />

<strong>SEBRAE</strong>/RS<br />

tificar e implementar mudanças significativas,<br />

agora miram nos pequenos<br />

negócios para entender as transformações<br />

e aplicá-las ao seu cotidiano. É o<br />

que corporações como Braskem, Cartoon<br />

Network, Grendene, Natura e Renault/Nissan<br />

têm feito, ao aderir a programas<br />

de Pesquisa e Desenvolvimento<br />

(P&D). “É cada vez mais comum buscar<br />

inteligência fora dos muros da empresa”,<br />

acrescenta Moreira. Isso acontece não<br />

apenas com organizações tradicionais,<br />

mas<br />

40onexões<br />

também de base tecnológica, que<br />

buscam uma forma de tornar seus processos<br />

menos onerosos e mais ágeis.


INOVAÇÃO<br />

PEQUENAS TRANSFORMADORAS<br />

A Tag24, de Porto Alegre, implementa<br />

sistemas RFID (identificação por radiofrequência),<br />

que tem chamado a atenção<br />

de grandes companhias. Um produto<br />

é uma loja de conveniência para condomínios,<br />

com base nessa tecnologia.<br />

Tratam-se de sensores que recebem a<br />

comunicação de máquinas, permitindo<br />

a otimização de processos e recursos.<br />

“Trabalhamos com a gestão e o rastreamento<br />

de processos envolvidos na parte<br />

industrial. As empresas precisam se transformar<br />

para ter o máximo de eficiência<br />

e continuar competitivas no mundo de<br />

hoje e nós podemos ajudar, ao levar essa<br />

expertise de sensores”, justifica o diretor,<br />

Gustavo Bellozi.<br />

Na análise dele, as startups têm muito a<br />

contribuir com organizações de maior<br />

porte, devido à capacidade de personalizar<br />

o atendimento e se moldar à cultura<br />

da empresa. “Se fôssemos uma megaempresa,<br />

teríamos uma cultura própria<br />

e isso provocaria um choque. Se a empresa<br />

internaliza a digitalização, ela tira o<br />

foco do seu pessoal para algo que não<br />

é o fim da empresa. Volta-se para isso e<br />

esquece o que dá dinheiro a ela, o que<br />

coloca em risco o negócio.”<br />

“AS EMPRESAS<br />

PRECISAM SE<br />

TRANSFORMAR<br />

PARA TER O<br />

MÁXIMO <strong>DE</strong><br />

EFICIÊNCIA E<br />

CONTINUAR<br />

COMPETITIVAS<br />

NO MUNDO <strong>DE</strong><br />

HOJE E NÓS<br />

PO<strong>DE</strong>MOS<br />

AJUDAR.”<br />

Gustavo Bellozi<br />

Empreendedor<br />

Para Bellozi, as corporações que estão<br />

à frente no modelo Indústria 4.0 já entendem<br />

a importância dessa integração<br />

e “trazem consigo esse ecossistema de<br />

41


INOVAÇÃO<br />

pequenas empresas que promovem transformações,<br />

enquanto as empresas seguem<br />

o caminho de seus negócios”. Nessa mesma<br />

linha, o CEO da Café com Soluções,<br />

Fabio Vencato, defende que a agilidade e<br />

a flexibilidade têm valor expressivo para os<br />

parceiros. “A visão de fora consegue identificar<br />

e executar coisas que, caso se tivesse<br />

que fazer internamente, seria muito mais<br />

difícil. Às vezes, as coisas não acontecem<br />

porque falta um ‘dono’ para fazer acontecer.”<br />

Com base em enterprise resource planning<br />

(ERP) – em português, sistema de gestão<br />

empresarial –, a startup, incubada pela Unisinos,<br />

desenvolve produtos customizados<br />

para a realidade do cliente. Neste ano, durante<br />

o Camp de Inovação, realizado pelo<br />

<strong>SEBRAE</strong>/RS, durante a Mercopar, propôs à<br />

Nissan/Renault um aplicativo, que permitiria<br />

guardar dados e conhecer melhor o<br />

cliente, algo ainda não praticado pela fabricante<br />

de automóveis. “As empresas estão<br />

começando a perceber que é preciso correr<br />

o risco para testar as ideias e, às vezes,<br />

elas não são tão complexas.”<br />

“AS EMPRESAS<br />

ESTÃO<br />

COMEÇANDO<br />

A PERCEBER<br />

QUE É PRECISO<br />

CORRER O RISCO<br />

PARA TESTAR<br />

AS I<strong>DE</strong>IAS E,<br />

ÀS VEZES, ELAS<br />

NÃO SÃO TÃO<br />

COMPLEXAS.”<br />

Fábio Vencato<br />

Empreendedor<br />

TROCA <strong>DE</strong> NEGÓCIOS<br />

Atuando em um segmento ainda bastante<br />

conservador em seus processos, a Nissan/<br />

Renault quer construir relações para mudar<br />

esse cenário. A montadora tem se envolvido<br />

em iniciativas que fomentem a inova-<br />

42


INOVAÇÃO<br />

ção digital. “A indústria automotiva tem uma<br />

postura um pouco engessada. Estamos nos<br />

aproximando de sistema de inovação e mercado,<br />

através de empresas que utilizam no<br />

seu core business metodologias atuais, que<br />

provocam essas transformações”, explica<br />

o gerente de Inovação da Nissan/Renault,<br />

Pablo Coelho.<br />

A necessidade de mudança de mindset cultural,<br />

avalia ele, tem se tornado cada vez<br />

mais urgente. “Há pouco tempo, poderia<br />

afirmar que conhecia o meu concorrente.<br />

Com essa mudança de mercado, não posso<br />

mais dizer isso. Essa situação aumenta<br />

nossa preocupação em aproximar startups<br />

e mudar a forma como se produz negócios<br />

hoje.” Abrir as portas da organização reflete<br />

em vantagens para ambos os lados. “Ofereço<br />

possibilidade para pequenas empresas<br />

virem até meu ambiente, ela ganha escala e<br />

consigo encaixar esse modelo de processo<br />

inovador ao meu negócio”, pontua.<br />

Para que isso ocorra, reforça Coelho, têm<br />

função fundamental as iniciativas que promovam<br />

a conexão entre pequenas empresas<br />

de tecnologia e grandes organizações.<br />

“Quanto mais instituições tratarem o tema<br />

e assumirem o papel de mediadores, como<br />

o <strong>SEBRAE</strong> faz ao oferecer espaços que fomentem<br />

isso, mais facilidade de encontrar<br />

empresas parceiras as indústrias terão e<br />

mais oportunidades de negócios vamos gerar”,<br />

conclui.<br />

“HÁ POUCO<br />

TEMPO,<br />

PO<strong>DE</strong>RIA<br />

AFIRMAR QUE<br />

CONHECIA<br />

O MEU<br />

CONCORRENTE.<br />

COM ESSA<br />

MUDANÇA <strong>DE</strong><br />

MERCADO, NÃO<br />

POSSO <strong>MAIS</strong><br />

DIZER ISSO.”<br />

Pablo Coelho<br />

Gerente de Inovação<br />

43


ENT<strong>REVISTA</strong><br />

Como a<br />

reforma<br />

trabalhista<br />

pode afetar a<br />

rotina da sua<br />

empresa?<br />

Confira na entrevista com o advogado trabalhista e<br />

professor de Direito do Trabalho e Processo do Trabalho<br />

da PUCRS Eugênio Hainzenreder Júnior<br />

como a reforma trabalhista pode afetar as empresas,<br />

especialmente os pequenos negócios.<br />

44


ENT<strong>REVISTA</strong><br />

Mais <strong>SEBRAE</strong>: Quais os principais<br />

pontos de atenção para os empresários<br />

sobre a reforma trabalhista?<br />

Eugênio Hainzenreder Júnior - A<br />

denominada “reforma trabalhista” trata-se<br />

da Lei 13.467/17, que alterou a<br />

Consolidação das Leis do Trabalho em<br />

diversos pontos, compreendendo<br />

inúmeras questões,<br />

não apenas envolvendo<br />

o contrato de trabalho,<br />

mas também modificações<br />

no âmbito do judiciário trabalhista.<br />

Como exemplos<br />

importantes de mudanças<br />

na relação de emprego,<br />

podem-se citar a normatização<br />

envolvendo o teletrabalho,<br />

a regulação do<br />

contrato de trabalho intermitente,<br />

a possibilidade<br />

de realização do banco de<br />

horas diretamente com o<br />

empregado (já que antes se<br />

exigia a negociação coletiva com o sindicato),<br />

a previsão do regime de trabalho<br />

12x36, a permissão da terceirização em<br />

atividade fim da empresa, entre outros.<br />

No âmbito do processo do trabalho,<br />

exemplificativamente, a lei nova reduz<br />

pela metade o valor do depósito recursal<br />

(que se exige das empresas em caso<br />

de recurso na ação trabalhista) quando o<br />

empregador se tratar de microempresa<br />

ou de empresa de pequeno porte, cria<br />

novos critérios para a justiça gratuita,<br />

bem como prevê a possibilidade de a<br />

“A RELAÇÃO ENTRE<br />

EMPREGADO E<br />

EMPREGADOR<br />

CONTINUA EXATAMENTE<br />

A MESMA, OU SEJA,<br />

AMBAS AS PARTES<br />

PERMANECEM COM<br />

SEUS <strong>DE</strong>VERES<br />

CONTRATUAIS NA<br />

INTEGRALIDA<strong>DE</strong>.”<br />

Justiça do Trabalho homologar acordo<br />

entre empregado e empregador.<br />

Mais <strong>SEBRAE</strong>: O que muda na<br />

relação empresa/funcionários<br />

a partir da entrada em vigor da<br />

nova lei?<br />

Eugênio Hainzenreder Júnior - Embora<br />

muitas informações tenham sido<br />

divulgadas no sentido de<br />

restrição de direitos e de<br />

redução de garantias dos<br />

empregados, em verdade, a<br />

relação entre empregado e<br />

empregador continua exatamente<br />

a mesma, ou seja,<br />

ambas as partes permanecem<br />

com seus deveres<br />

contratuais na integralidade.<br />

Do mesmo modo, as condições<br />

previstas nos contratos<br />

de trabalho dos atuais empregados<br />

deverão, em regra,<br />

permanecer inalteradas.<br />

O que efetivamente muda<br />

na prática são situações relacionadas a<br />

determinados artigos da CLT que sofreram<br />

alteração, ou revogação, como, por<br />

exemplo, é o caso do término das chamadas<br />

horas in itinere (horas de percurso,<br />

que envolvem a situação específica<br />

do empregado que utilizava o transporte<br />

fornecido pela empresa para ir e voltar<br />

ao trabalho quando o local não era servido<br />

por transporte público ou era de<br />

difícil acesso), assim como a revogação<br />

do art. 384 da CLT, que disciplinava um<br />

intervalo especial de 15 minutos para<br />

45


ENT<strong>REVISTA</strong><br />

a mulher antes da prorrogação da jornada.<br />

Em síntese, o empresário deverá<br />

estar atento para as situações que efetivamente<br />

poderão ser alteradas em relação<br />

aos contratos de trabalho que já<br />

estavam em vigor antes do dia 11/11/17,<br />

pois, para o Direito do Trabalho, deve-<br />

-se preservar a condição mais benéfica<br />

prevista nos contratos em andamento,<br />

não sendo possível realizar alterações<br />

contratuais que acarretem prejuízos ao<br />

trabalhador.<br />

Mais <strong>SEBRAE</strong>: Quais são os principais<br />

impactos que a reforma<br />

trabalhista trará para o dia a<br />

dia empresarial de um pequeno<br />

negócio, no que tange a férias,<br />

intervalo, jornada de trabalho e<br />

13º salário?<br />

Eugênio Hainzenreder Júnior - Esta<br />

é uma questão bem importante, pois, diferente<br />

do que se tem por vezes falado<br />

sobre o assunto, a reforma trabalhista<br />

não pode reduzir ou suprimir nenhum<br />

direito consagrado na Constituição Federal.<br />

Portanto, nas alterações que a<br />

nova lei permite, o empregador deverá<br />

ter muito cuidado com o que efetivamente<br />

é permitido pela reforma trabalhista.<br />

Em relação às férias, permanece<br />

o direito exatamente como disciplinado<br />

anteriormente, com a diferença apenas<br />

de que, quando houver concordância<br />

entre as partes, com a nova lei, será permitido<br />

que as férias sejam usufruídas em<br />

até três períodos, sendo que um deles<br />

não poderá ser inferior a 14 dias corridos<br />

e os demais não poderão ser inferiores a<br />

cinco dias corridos, cada um.<br />

No que se refere ao intervalo para descanso<br />

e refeição, deve-se ter muita prudência,<br />

pois a possibilidade de redução<br />

do período mínimo de uma hora, hoje<br />

prevista para aqueles empregados que<br />

trabalham em jornada superior a seis horas,<br />

somente pode ocorrer por meio de<br />

convenção ou acordo coletivo com o<br />

sindicato e, ainda assim, deverá ser respeitado<br />

o limite mínimo de 30 minutos<br />

de intervalo para jornadas superiores a<br />

seis horas.<br />

Sobre a jornada de trabalho, um aspecto<br />

bastante relevante é o fato de a nova lei<br />

permitir a pactuação do banco de horas<br />

diretamente com o empregado quando<br />

a compensação de horas ocorrer no período<br />

máximo de seis meses. Antes da<br />

reforma, somente era válido o banco de<br />

horas quando ajustado com o sindicato.<br />

Sobre a jornada de trabalho, a nova lei<br />

não considera como período de trabalho,<br />

para efeito de pagamento ou de<br />

horas extras, quando o empregado, por<br />

escolha própria, permanecer nas dependências<br />

da empresa para exercer atividades<br />

particulares, como estudo, alimentação,<br />

higiene pessoal e troca de roupa<br />

ou uniforme na hipótese de não haver<br />

obrigatoriedade de realizar a troca na<br />

empresa.<br />

Além disso, foi prevista pela lei nova a figura<br />

do contrato de trabalho intermitente,<br />

que é aquele que alterna períodos de<br />

prestação de serviços e de inatividade.<br />

Nesse caso, o empregador deverá convocar<br />

o empregado para a prestação de<br />

46


ENT<strong>REVISTA</strong><br />

serviços, informando qual será a jornada,<br />

com, pelo menos, três dias corridos de<br />

antecedência, sendo que, uma vez recebida<br />

a convocação, o empregado terá o<br />

prazo de um dia útil para responder ao<br />

chamado, presumindo-se, no silêncio, a<br />

recusa.<br />

Outra novidade da lei nova foi a previsão<br />

do denominado regime<br />

12x36 (que já era previsto<br />

por algumas normas coletivas),<br />

o qual faculta às<br />

partes estabelecerem horário<br />

de trabalho de 12 horas<br />

seguidas por 36 horas<br />

ininterruptas de descanso.<br />

Por fim, quanto ao 13º<br />

salário (gratificação natalina),<br />

como se trata de<br />

garantia constitucional,<br />

este direito não pode ser<br />

reduzido, sendo inclusive<br />

expresso no texto da<br />

nova lei que nem mesmo<br />

a norma coletiva poderá<br />

suprimir ou reduzir o valor<br />

nominal do 13º salário.<br />

Mais <strong>SEBRAE</strong>: Os salários<br />

podem ser reduzidos?<br />

“VEJO A MO<strong>DE</strong>RNIZAÇÃO<br />

DA LEGISLAÇÃO<br />

TRABALHISTA COMO <strong>MAIS</strong><br />

QUE NECESSÁRIA. COMO<br />

ADVOGADO E TAMBÉM<br />

COMO PROFESSOR <strong>DE</strong><br />

DIREITO DO TRABALHO,<br />

ENTENDO QUE É<br />

EVI<strong>DE</strong>NTE QUE O DIREITO<br />

<strong>DE</strong>VE ACOMPANHAR A<br />

REALIDA<strong>DE</strong>, POIS, DO<br />

CONTRÁRIO, A REALIDA<strong>DE</strong><br />

SE VOLTA CONTRA O<br />

PRÓPRIO DIREITO.”<br />

Eugênio Hainzenreder Júnior -<br />

Não, os salários não podem ser reduzidos,<br />

pois essa garantia é disposta na<br />

Constituição Federal, a qual disciplina<br />

que somente poderá haver redução de<br />

salário por meio de negociação coletiva,<br />

ou seja, convenção coletiva ou acordo<br />

coletivo do trabalho, em que há a participação<br />

do sindicato. Portanto, a reforma<br />

trabalhista não altera (e nem poderia<br />

alterar) o princípio da irredutibilidade<br />

salarial previsto na Constituição Federal.<br />

Mais <strong>SEBRAE</strong>: Como fica a rescisão<br />

do contrato de trabalho por<br />

comum acordo?<br />

Eugênio Hainzenreder<br />

Júnior - Esta nova modalidade<br />

de extinção do contrato<br />

de trabalho, também<br />

denominada de distrato, é<br />

bastante interessante, pois<br />

não havia nenhuma previsão<br />

na CLT sobre a possibilidade<br />

de empregado e<br />

empregador encerrarem o<br />

contrato de trabalho por<br />

comum acordo. A inexistência<br />

de previsão legal,<br />

na prática, levava algumas<br />

empresas a fazerem os<br />

chamados “acordos” por<br />

solicitação dos empregados,<br />

que, em verdade, caracterizavam<br />

fraude à lei,<br />

pois os empregados eram<br />

despedidos e depois devolviam os valores<br />

do aviso prévio e da indenização<br />

do FGTS. Com a nova lei, a CLT passa a<br />

contemplar tal modalidade de extinção<br />

do contrato, sendo que, nessa hipótese,<br />

será devida pela metade a indenização<br />

do FGTS (será de 20%) e também haverá<br />

a redução de 50% no valor do aviso<br />

prévio indenizado. As demais verbas rescisórias<br />

serão devidas na integralidade.<br />

47


ENT<strong>REVISTA</strong><br />

Outro ponto importante é que, nesse<br />

modo de rescisão do contrato de trabalho,<br />

o empregado poderá levantar 80%<br />

do valor dos depósitos do FGTS, bem<br />

como terá direito ao seguro-desemprego.<br />

Mais <strong>SEBRAE</strong>: O que acontece com<br />

os contratos temporários?<br />

Eugênio Hainzenreder Júnior - Os<br />

contratos de trabalho temporários são<br />

regulados pela Lei 6.019/74 e não sofreram<br />

alteração com a chamada Lei da<br />

Reforma Trabalhista (Lei 13.467/17) pois<br />

esta modalidade de contrato já havia sido<br />

alterada por outra lei anterior, qual seja, a<br />

Lei 13.429/17. Os pontos de alteração na<br />

Lei 6.019/74 (pela lei anterior à reforma)<br />

foram bem positivos aos empregadores,<br />

pois, por exemplo, permitiu-se a contratação<br />

de trabalhadores temporários por<br />

período superior ao anteriormente disciplinado,<br />

agora sendo de 180 dias, podendo<br />

ser prorrogado por mais 90 dias.<br />

Mais <strong>SEBRAE</strong>: O que acontece com<br />

o trabalho em tempo parcial?<br />

Eugênio Hainzenreder Júnior -<br />

Neste ponto, houve alterações na CLT,<br />

pois se passou a considerar trabalho em<br />

regime de tempo parcial aquele cuja duração<br />

não exceda a 30 horas semanais,<br />

sem a possibilidade de horas suplementares<br />

semanais, ou, ainda, aquele cuja duração<br />

não exceda a 26 horas semanais,<br />

com a possibilidade de acréscimo de até<br />

seis horas suplementares semanais. Antes<br />

da lei nova, a CLT previa como trabalho<br />

em regime de tempo parcial aquele<br />

cuja duração não excedesse 25 horas<br />

semanais. Além disso, não se permitia a<br />

realização de horas extras nessa modalidade<br />

de trabalho, assim como se aplicava<br />

um regime de férias diferenciado.<br />

Com a nova lei, permite-se a realização<br />

de horas suplementares, sendo que as<br />

férias do regime de tempo parcial passaram<br />

a ter as mesmas regras da CLT,<br />

sendo igualmente facultado ao empregado<br />

contratado sob essa modalidade<br />

converter um terço do período de férias<br />

em abono pecuniário.<br />

Mais <strong>SEBRAE</strong>: Empresários que<br />

enfrentam ações na Justiça do<br />

Trabalho devem esperar alguma<br />

mudança nos julgamentos?<br />

Eugênio Hainzenreder Júnior - Imagino<br />

que esses momentos iniciais de vigência<br />

da nova lei envolverá um período<br />

de grande instabilidade, pois há alguns<br />

juízes já se pronunciando no sentido<br />

de que não a aplicarão, sustentando<br />

princípios e supostas inconstitucionalidades<br />

na lei, o que é lamentável, pois<br />

em um Estado Democrático de Direito<br />

cabe ao Judiciário justamente aplicar a<br />

lei, gostando dela ou não. Entendo que<br />

não cabe ao juiz ficar se pronunciando<br />

fora dos autos, inclusive, sustentando<br />

teses para não aplicar a lei, até mesmo<br />

sob pena de quebra do princípio do juiz<br />

imparcial. Caso se entenda, eventualmente,<br />

que há aspectos inconstitucionais<br />

na nova lei, existe caminho jurídico<br />

48


ENT<strong>REVISTA</strong><br />

específico para isso, pois, em uma democracia,<br />

é elementar que o Judiciário<br />

deva respeitar e aplicar a lei devidamente<br />

criada e aprovada pelos demais poderes.<br />

Portanto, embora a nova lei crie<br />

novas regras, deve-se ter muita cautela<br />

ao acompanhar a atuação do Judiciário<br />

em relação à reforma trabalhista.<br />

Mais <strong>SEBRAE</strong>: Na<br />

opinião do senhor, a<br />

modernização trabalhista<br />

pode induzir a<br />

informalidade?<br />

Eugênio Hainzenreder<br />

Júnior - Vejo a modernização<br />

da legislação trabalhista<br />

como mais que<br />

necessária. Como advogado<br />

e também como<br />

professor de Direito do<br />

Trabalho, entendo que<br />

é evidente que o direito<br />

deve acompanhar a realidade,<br />

pois, do contrário,<br />

a realidade se volta contra<br />

o próprio direito. Logo, o direito do trabalho<br />

deve contemplar as novas demandas<br />

e formas de trabalho.<br />

Ademais, é certo que o Direito do Trabalho<br />

desempenha papel fundamental<br />

e que a proteção à parte mais vulnerável<br />

na relação de emprego, que é o<br />

trabalhador, deve continuar existindo.<br />

No entanto, não há mais espaço para<br />

sufocar as empresas e tratar o empregado<br />

como o mesmo trabalhador da<br />

época pós-Revolução Industrial. Hoje<br />

“EM SÍNTESE, PENSO QUE<br />

A MO<strong>DE</strong>RNIZAÇÃO DA CLT<br />

TERÁ EFEITO <strong>DE</strong> REDUZIR<br />

A INFORMALIDA<strong>DE</strong>,<br />

INCENTIVANDO<br />

A CONTRATAÇÃO<br />

<strong>DE</strong> EMPREGADOS,<br />

ASSIM COMO IRÁ<br />

CONTRIBUIR COM A<br />

<strong>DE</strong>SBUROCRATIZAÇÃO EM<br />

DIVERSOS ASPECTOS DA<br />

RELAÇÃO <strong>DE</strong> EMPREGO.”<br />

temos acesso à informação e pessoas<br />

que não podem ser consideradas absolutamente<br />

incapazes de tomar decisões<br />

perante seu empregador. Houve<br />

um discurso muito passional e político-partidário<br />

em relação à reforma,<br />

sendo, inclusive, colocadas diversas<br />

inverdades que a nova lei não disciplina,<br />

por vezes, por pessoas<br />

mal informadas que nem<br />

sequer leram as disposições<br />

da nova lei. Além<br />

disso, outros interesses<br />

políticos me parecem<br />

que foram colocados em<br />

jogo, de forma que a discussão<br />

específica sobre<br />

este ou aquele artigo da<br />

lei que efetivamente poderia<br />

representar alguma<br />

espécie de prejuízo ao<br />

trabalhador acabou sendo<br />

deixada em segundo<br />

plano. Em síntese, penso<br />

que a modernização da<br />

CLT terá efeito de reduzir<br />

a informalidade, incentivando<br />

a contratação de empregados,<br />

assim como irá contribuir com a desburocratização<br />

em diversos aspectos<br />

da relação de emprego. É preciso lembrar<br />

que não há empresa sem trabalhador<br />

e vice-versa, de forma que se deve<br />

buscar a harmonia nessa relação, pois<br />

o emprego é fundamental nas nossas<br />

vidas, e o Direito do Trabalho tem justamente<br />

esta função, de pacificação<br />

social, e não de corrigir uma desigualdade,<br />

gerando outra desigualdade.<br />

49


PRÊMIOS<br />

Inovação<br />

a favor da<br />

Sócia da<br />

Insemine durante<br />

a cerimônia<br />

de entrega do<br />

Prêmio MPE<br />

Brasil, em<br />

Brasília.<br />

Foto: Charles Damasceno<br />

50


PRÊMIOS<br />

Destaque<br />

no Prêmio<br />

MPE Brasil,<br />

a Insemine<br />

surgiu há 10<br />

anos com<br />

a proposta<br />

de fazer a<br />

diferença<br />

na área de<br />

reprodução<br />

humana<br />

Tecnologia, pesquisa e investimento<br />

contínuo são elementos essenciais<br />

na área de reprodução humana, o<br />

que faz o setor ser explorado predominantemente<br />

por grandes centros e investidores.<br />

Há 10 anos, no entanto, quatro profissionais<br />

escolheram desconstruir esse cenário,<br />

colocando no mercado especializado um<br />

pequeno negócio. Nasceu, assim, a Insemine<br />

Centro de Reprodução Humana, que,<br />

neste ano, foi reconhecida pelo MPE Brasil<br />

– Prêmio de Competitividade para Micro e<br />

Pequenas Empresas.<br />

Com sede em Porto Alegre, o empreendimento<br />

foi criado pelos médicos Alberto<br />

Stein, João Sabino, Luciana Guedes da Luz<br />

e pela farmacêutica bioquímica Katia Delgado<br />

dos Santos. Hoje, conta com sete<br />

funcionários, oito médicos e uma equipe<br />

de anestesia terceirizada e já contabiliza<br />

cerca de 20 mil pessoas atendidas e mais<br />

de 4 mil ciclos de fertilização. “Sempre nos<br />

preocupamos e entendemos a reprodução<br />

assistida como atenção ao casal (com todas<br />

as construções que existem hoje na sociedade<br />

moderna). Nós ajudamos as pessoas<br />

a constituírem famílias”, sustenta Katia.<br />

Na trajetória, a Insemine busca esclarecer<br />

que a reprodução assistida passa também<br />

pela orientação e pelo aconselhamento de<br />

reprodução, não se restringindo a técnicas<br />

como a fertilização in vitro. O início foi um<br />

desafio e tanto - know-how eles tinham,<br />

mas não o montante para arcar com o cus-<br />

51


PRÊMIOS<br />

to inicial. Para isso, tiveram o apoio do Proger, uma iniciativa<br />

do Banco do Brasil, que possibilitou a abertura da<br />

operação. “Em uma área de alta tecnologia agregada,<br />

manter investimentos constantes e saúde financeira é<br />

um grande desafio, porque não se pode permanecer<br />

neste segmento sem fazer isso continuamente”, avalia.<br />

“EM UMA ÁREA <strong>DE</strong><br />

ALTA TECNOLOGIA<br />

AGREGADA, MANTER<br />

INVESTIMENTOS<br />

CONSTANTES E SAÚ<strong>DE</strong><br />

FINANCEIRA É UM<br />

GRAN<strong>DE</strong> <strong>DE</strong>SAFIO,<br />

PORQUE NÃO SE<br />

PO<strong>DE</strong> PERMANECER<br />

NESTE SEGMENTO<br />

SEM FAZER ISSO<br />

CONTINUAMENTE.”<br />

Katia Delgado dos Santos<br />

Farmacêutica bioquímica<br />

Pouco a pouco, os resultados vieram, trazendo o reconhecimento<br />

do mercado, a renovação e a consolidação<br />

da empresa. “Hoje, apesar de não sermos pioneiros<br />

na reprodução assistida, podemos dizer que somos<br />

pioneiros na forma de fazer”, acrescenta. Katia se refere<br />

à pesquisa e implementação de novas técnicas, que<br />

possibilitam melhora nos resultados e diminuição de<br />

custos. “Fomos os primeiros a aplicar o manejo ecográfico<br />

para uso racional de medicação e, consequentemente,<br />

conseguimos reduzir o custo dos medicamentos<br />

para os pacientes. Tudo através de evidências<br />

científicas que produzimos e que foram reconhecidas<br />

em publicações internacionais”, explica.<br />

O alto valor dos tratamentos e a dificuldade de acesso<br />

pela população do Rio Grande do Sul e do Brasil inspiraram<br />

ainda, em 2009, a criação do Instituto Willkok,<br />

organização sem fins lucrativos, voltada à população<br />

de baixa renda. Como a reprodução assistida trabalha<br />

com insumos de baixo prazo de validade, os sócios repassam<br />

materiais ao instituto, evitando a perda de utilidade<br />

e proporcionando tratamentos com a mesma<br />

segurança e qualidade recebidas pelos pacientes da<br />

Insemine. “Foi a forma que encontramos de fazer algo<br />

social, a baixo custo, usando uma estrutura instalada,<br />

em um período ocioso”, sintetiza.<br />

OLHAR SOBRE A GESTÃO<br />

A Insemine esteve entre as participantes do programa<br />

Agentes Locais da Inovação (ALI), iniciativa do <strong>SEBRAE</strong><br />

e CNPq, o que Katia considera um divisor de águas.<br />

Com o apoio da consultoria, ajustou os princípios nor-<br />

52


PRÊMIOS<br />

Luciana Guedes da Luz, Alberto Stein, João Sabino e Kátia Delgado dos Santos<br />

são os fundadores da Insemine.<br />

teadores, a marca e fortaleceu a missão.<br />

A experiência, segundo ela, contribuiu<br />

para qualificar o processo de gestão, e<br />

a equipe segue envolvida em capacitações<br />

com foco no atendimento ao cliente<br />

e em processos de trabalho. “Embora<br />

a gente saiba que nos negócios existem<br />

empresas que navegam no oceano azul,<br />

eu resisto a me sentir assim. Manter um<br />

olhar crítico sobre o teu negócio é muito<br />

importante, assim como ter pessoas de<br />

fora auxiliando.”<br />

No dia a dia de operação com profissionais<br />

multidisciplinares, a empresária<br />

compreende como um desafio coordenar<br />

diferentes visões. Para Katia, a conquista<br />

do Prêmio MPE Brasil, na categoria<br />

Serviços de Saúde, veio brindar um<br />

esforço conjunto. “Esse é um reconheci-<br />

mento para toda a equipe de que o trabalho<br />

que realizamos, e que podemos<br />

continuar realizando, está em uma direção<br />

certa e de relevância social. Queremos<br />

lutar para permanecer nesse caminho”,<br />

argumenta.<br />

Na avaliação da gestora, a Insemine segue<br />

firme na crença de fazer da reprodução<br />

assistida uma subespecialidade<br />

da saúde diferente. “Aliamos diariamente<br />

tecnologia, conhecimento e excelência,<br />

com uma proposição de valor funcional<br />

e emocional, respeitando singularidades.<br />

Queremos continuar o processo de qualificação<br />

da gestão e também avançar<br />

na tarefa de desmistificar a reprodução<br />

assistida, focando na educação continuada<br />

e tendo médicos como nossos parceiros”,<br />

finaliza.<br />

53


CASOS <strong>DE</strong> SUCESSO<br />

SIGA O EXEMPLO<br />

STARTUPRS SCALE<br />

Voltado a negócios digitais que<br />

já operaram como empresas e<br />

registram faturamento, o programa<br />

é composto por consultorias, que<br />

envolvem do diagnóstico até as<br />

etapas de comercialização e rodas<br />

de aprendizagem. Ainda oportuniza<br />

o contato direto com potenciais<br />

investidores.<br />

A Rocket.Chat surgiu como um projeto open source<br />

para criar a melhor plataforma de chat para empresas<br />

utilizarem internamente e com seus clientes.<br />

O projeto teve tanto sucesso que, em pouco tempo,<br />

reuniu uma das maiores e mais ativas comunidades<br />

de desenvolvedores do mundo, com mais<br />

de 500 contribuidores. Em menos de dois anos,<br />

recebeu um aporte de US$ 5 milhões, permitindo<br />

contratar mais pessoas para o time. O projeto de<br />

consultoria com o <strong>SEBRAE</strong>/RS nos acompanhou<br />

nesta fase de rápido crescimento, durante a qual<br />

a empresa passou de cinco para 25 funcionários,<br />

distribuídos em sete países, auxiliando a pensar sistematicamente<br />

sobre o negócio, com prioridade<br />

para assuntos como o desenvolvimento do time e<br />

estratégias de marketing e vendas.<br />

Gabriel Engel – Porto Alegre<br />

Rocket.Chat<br />

Duração: 18 meses<br />

O restaurante Don Claudino, localizado em Caxias<br />

do Sul, possui um cardápio feito com alimentos e<br />

temperos específicos da época do ano, cultivados<br />

na própria horta, um diferencial que proporciona<br />

a criação de uma culinária artesanal, em sintonia<br />

com a tendência slow food. Os pratos são produzidos<br />

artesanalmente na cozinha do restaurante,<br />

desde a seleção dos ingredientes ao cuidado e ao<br />

esmero no preparo. O restaurante também possui<br />

cinco salas para eventos, com capacidades diferentes,<br />

que comportam grandes eventos para até<br />

220 pessoas ou as comemorações mais intimistas,<br />

54


CASOS <strong>DE</strong> SUCESSO<br />

PROJETO INDÚSTRIA<br />

DA SAÚ<strong>DE</strong><br />

Oferece a micro e pequenas<br />

indústrias do segmento de<br />

saúde consultorias, mentorias,<br />

rodadas de negócios e acesso<br />

às principais feiras e eventos<br />

de tecnologia do Brasil.<br />

A Toth Lifecare surgiu em 2008, fruto da união de<br />

profissionais com ampla experiência na criação de<br />

equipamentos médicos. Estruturada no Tecnopuc,<br />

parque tecnológico da PUCRS, tem foco na pesquisa<br />

e no desenvolvimento de equipamentos médicos,<br />

sempre com o objetivo de oferecer ao mercado, aos<br />

médicos e – consequentemente – aos pacientes e<br />

consumidores produtos seguros, confiáveis e inovadores.<br />

O apoio do <strong>SEBRAE</strong> no início da trajetória da<br />

Toth Lifecare foi fundamental. Alavancou nossos projetos<br />

e qualificou nossa atuação com consultorias e<br />

orientações que auxiliaram a operacionalizar nossos<br />

processos. Mais recentemente, a inclusão da Toth Lifecare<br />

no Programa da Saúde do <strong>SEBRAE</strong>/RS nos<br />

deu competitividade e presença de mercado, conectando-nos<br />

a grandes players do setor e fomentando<br />

novos negócios.<br />

Eduardo Marckmann - Porto Alegre<br />

Toth Lifecare<br />

para até 20 pessoas. No mercado desde 2005,<br />

enfrentamos muitas batalhas para chegar até o<br />

ponto que estamos hoje e, sem dúvida, o Polo<br />

Gastronômico do <strong>SEBRAE</strong> foi fundamental em<br />

nosso processo de desenvolvimento. A cada<br />

missão técnica, temos uma melhor visão das<br />

tendências do nosso setor, a cada consultoria<br />

nos sentimos mais preparados para enfrentar o<br />

mercado e a cada reunião de grupo, mais motivadas<br />

para seguir adiante.<br />

Gabriele Piccoli - Caxias do Sul<br />

Don Claudino Restaurante<br />

POLO GASTRONÔMICO -<br />

SERRA<br />

Proporciona a micro e pequenas<br />

empresas do segmento de alimentação<br />

capacitações em gestão e<br />

boas práticas, consultorias em áreas<br />

como marketing, finanças e gestão<br />

de pessoas, além de visitas técnicas,<br />

participação em rodadas de<br />

negócios e feiras.<br />

Duração: 12 meses<br />

55


FATOS E FOTOS<br />

Com o conceito ‘do campo à mesa’, o<br />

Salão do Empreendedor atraiu mais de 88<br />

mil visitantes durante os nove dias da 40ª<br />

Expointer, que ocorreu de 26 de agosto a<br />

3 de setembro, em Esteio. O espaço foi<br />

resultado de uma parceria entre FARSUL,<br />

SENAR-RS e <strong>SEBRAE</strong>/RS, através do programa<br />

Juntos para Competir, Senai, Fecomércio/Senac-RS<br />

e Embrapa.<br />

Foto: Eduardo Rocha Foto: Giovani Vieira<br />

O diretor de Administração e Finanças do<br />

<strong>SEBRAE</strong> Nacional, Vinícius Lages (c), conheceu<br />

em detalhes o propósito do Salão do<br />

Empreendedor na Expointer. Durante a visita<br />

ao espaço, ele esteve acompanhado pelos<br />

diretores do <strong>SEBRAE</strong>/RS, Derly Fialho (Superintendente),<br />

Ayrton Pinto Ramos (Técnico)<br />

e Carlos Alberto Schütz (Administração e Finanças).<br />

Foto: Giovani Vieira.<br />

Foto: Itamar Aguiar.<br />

Em outubro, o <strong>SEBRAE</strong>/RS, em parceria com<br />

as Secretarias Estaduais da Fazenda e do Desenvolvimento,<br />

Ciência e Tecnologia, o Conselho<br />

Regional de Contabilidade (CRC-RS) e<br />

o Sescon-RS, promoveu o seminário Crescer<br />

sem Medo em Porto Alegre. O objetivo do<br />

evento foi esclarecer dúvidas sobre as alterações<br />

do Simples Nacional introduzidas pela<br />

Lei Complementar (LC) 155/2016.<br />

A Federasul prestou homenagem ao <strong>SEBRAE</strong><br />

pelos seus 45 anos durante o evento Tá na<br />

Mesa do dia 25 de outubro. Ao receber a placa<br />

comemorativa, o diretor-superintendente<br />

da instituição no Estado, Derly Fialho, parabenizou<br />

todos aqueles que possuem coragem<br />

de apostar tudo para ter o seu negócio.<br />

56


FATOS E FOTOS<br />

Foto: Bernardo Zamperetti<br />

Em parceria com o <strong>SEBRAE</strong>/RS, a Prefeitura<br />

de Capão da Canoa celebrou três iniciativas<br />

com foco no desenvolvimento municipal, no<br />

dia 22 de setembro: lançou a Redesimples,<br />

inaugurou a Sala do Empreendedor e instalou<br />

o escritório regional da Junta Comercial, Industrial<br />

e Serviços do Rio Grande do Sul.<br />

A Mercopar <strong>2017</strong>, realizada de 3 a 6 de outubro,<br />

em Caxias do Sul, comprovou que a<br />

feira é um dos principais eventos geradores<br />

de oportunidades comerciais e de conhecimento<br />

na América Latina. A edição deste ano<br />

teve um incremento de 43% com relação<br />

aos números verificados no ano passado. Na<br />

média, cada um dos expositores realizou 77<br />

contatos na feira, com possibilidades de novos<br />

negócios.<br />

Foto: Itamar Aguiar.<br />

Foto: João Alves<br />

Foto: Eduardo Rocha<br />

O diretor-superintendente do <strong>SEBRAE</strong>/RS, Derly<br />

Fialho, e a presidente da Federação das Associações<br />

Comerciais e de Serviços do Rio Grande<br />

do Sul (Federasul), Simone Leite, entregaram o<br />

Prêmio Líderes e Vencedores na categoria Sucesso<br />

Empresarial entre micro e pequenas empresas<br />

à Granja Lia, que se dedica ao turismo<br />

rural em Porto Alegre. O evento aconteceu no<br />

dia 03 de Outubro, no Teatro Dante Barone, da<br />

Assembleia Legislativa.<br />

Os diretores Técnico e de Administração e Finanças<br />

do <strong>SEBRAE</strong>/RS, Ayrton Pinto Ramos e<br />

Carlos Alberto Schütz, respectivamente, receberam<br />

a homenagem da Federação das Câmaras<br />

de Dirigentes Lojistas (FCDL-RS) pelos 45 anos<br />

da instituição durante a 48ª Convenção Estadual<br />

Lojista, realizada em Outubro, em Gramado.<br />

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FRASES EM <strong>DE</strong>STAQUE<br />

“Acreditamos que é preciso sinergia<br />

entre as cadeias produtivas, desde o<br />

plantio, no campo; a transformação,<br />

na indústria; até a entrega<br />

diferenciada ao consumidor final, no<br />

comércio e serviços.”<br />

CARLOS SPEROTTO, presidente do do<br />

Conselho Deliberativo Estadual do<br />

<strong>SEBRAE</strong>/RS sobre a união de FARSUL,<br />

SENAR-RS e <strong>SEBRAE</strong>/RS, através do programa<br />

Juntos para Competir, Senai-RS,<br />

Fecomércio/Senac-RS e Embrapa para o<br />

Salão do Empreendedor na Expointer <strong>2017</strong>.<br />

“O <strong>SEBRAE</strong>/RS fica muito feliz pela<br />

iniciativa e se coloca a disposição<br />

para o desenvolvimento constante<br />

de toda a região do Litoral Norte.”<br />

<strong>DE</strong>RLY FIALHO, diretor-superintendente do<br />

<strong>SEBRAE</strong>/RS na inauguração da Sala do Empreendedor<br />

de Capão da Canoa.<br />

“Oferecemos uma série de eventos<br />

e palestras que disseminaram<br />

o conhecimento, sobretudo na<br />

área da inovação, tecnologia e<br />

Indústria 4.0, pois as empresas<br />

precisam estar preparadas para<br />

uma nova realidade. E quem tiver<br />

maior capacidade de se adequar,<br />

sairá na frente. Os modelos de<br />

negócios tradicionais precisam ser<br />

revisados.”<br />

“Reconhecemos que ainda temos muito<br />

que avançar, mas cada passo dado tem<br />

que ser reconhecido e divulgado. Todos<br />

precisam estar atualizados e sintonizados<br />

com as melhorias para aproveitarem ao<br />

máximo esses benefícios.”<br />

<strong>DE</strong>RLY FIALHO, diretor-superintendente do<br />

<strong>SEBRAE</strong>/RS durante o Seminário Crescer sem<br />

Medo, que debateu as mudanças do<br />

Simples Nacional.<br />

AYRTON PINTO RAMOS, diretor Técnico do<br />

<strong>SEBRAE</strong>/RS, na abertura da Mercopar <strong>2017</strong>.<br />

“Viamão está aberta a todas as<br />

formas de empreendedorismo.”<br />

MAURÍCIO CARRAVETTA, secretário municipal<br />

de Desenvolvimento Econômico,<br />

Indústria, Comércio e Turismo.<br />

“Somos parceiros na promoção da<br />

missão porque se trata de uma oportunidade<br />

única de absorção de informações<br />

e conhecimento de ponta<br />

que, de fato, podem transformar os<br />

empreendedores.”<br />

ROGER KLAFKE, coordenador da carteira<br />

de alimentos e bebidas no <strong>SEBRAE</strong>/RS,<br />

sobre a missão internacional à Feira Anuga.<br />

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